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TREINAMENTO DESPORTIVO PARA APTIDADE E QUALIDADE DO SONO NOS ATLETAS (2)

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treinamento desportivo e a qualidade de 
sono de atletas profissionais 
www.efdeportes.com 
1 / 1 
Introdução 
 Para que possamos abordar de uma maneira mais didática o tema 
proposto, optamos por dividir a fundamentação teórica em dois tópicos: 
treinamento desportivo; e sono e exercício. 
 
Treinamento desportivo 
 Segundo Granell1, o treinamento desportivo é um dos principais elementos 
do qual podemos analisar e entender o avanço e o desenvolvimento do 
esporte moderno. A melhora de marcas e a quebra de recordes atualmente 
obtidas por diversos atletas são conseqüência direta da aplicação de 
sofisticados sistemas e programas de treinamento, os quais tem sido 
implementados e aperfeiçoados graças às contribuições das chamadas 
ciências aplicadas ao esporte, como: a fisiologia, a psicologia, a nutrição, a 
biomecânica, a medicina esportiva, a aprendizagem motora, entre outras. 
Com a divisão e a especialização dessas ciências, as grandes equipes 
esportivas têm contado cada vez mais com pessoal para desempenhar 
funções específicas como: técnico, preparador físico, psicólogo, assistente, 
nutricionista, fisioterapeuta, médico, entre outras, onde o principal objetivo é a 
maestria esportiva. Mas para que esses atletas atinjam um alto rendimento 
atlético, eles necessitam de um desenvolvimento físico multilateral como base 
para o treinamento e o condicionamento físico geral. 
 A proposta é elevar os níveis de força, resistência, velocidade, flexibilidade 
e coordenação, buscando um desenvolvimento corporal harmonioso. 
Pensando nesse desenvolvimento, precisamos considerar que o corpo 
humano é composto por órgãos e sistemas que se encontram e se inter-
relacionam. Portanto a elevação das funções vitais como o sistema cardíaco, 
respiratório e endócrino, são fundamentais para o sucesso esportivo2,3. 
 Cabe lembrar que cada esporte conta com características específicas, 
portanto um maior desenvolvimento de determinada função ou sistema é um 
requisito importante para um aumento no rendimento esportivo futuro. E para 
que o atleta consiga alcançar este alto nível, ele deve começar ainda muito 
cedo sua vida esportiva, geralmente ainda criança, onde através de um 
planejamento a longo prazo; e o cumprimento adequado das etapas de 
desenvolvimento físico e treinamento, o atleta vai construindo sua carreira. 
Por outro lado, conforme a evolução e a especialização dos atletas vai 
ocorrendo, maiores são as cargas de treinamento, e as solicitações físicas e 
psicológicas impostas a eles4. 
 Por isso é fundamental a sistematização e o adequado planejamento dos 
métodos de treinamento; que devem ser sempre monitorados por avaliações 
da condição de saúde e performance destes atletas, já que durante a 
temporada o atleta pode experimentar diversas situações. A incidência de 
lesões, doenças, o uso de substâncias proibidas, e as exposições ou não 
destes atletas na mídia também têm contribuído para uma maior variação de 
suas respostas fisiológicas e psicológicas durante os treinamentos e 
competições, podendo influenciar diretamente a qualidade de sono destes 
indivíduos5. 
 Por outro lado, métodos e testes cada vez mais sofisticados estão à 
disposição das grandes equipes esportivas, testes como: consumo máximo de 
oxigênio; análises bioquímicas; testes isocinéticos; entre outros. Porém, 
muitos destes testes são de difícil aplicação e acesso, devido ao seu alto 
custo, o que acaba restringindo-os apenas a equipes maiores. Situação esta 
que tem levado alguns cientistas a buscar métodos de mais fácil aplicação e 
de valor mais acessível, a fim de controlar o estado de saúde e o rendimento 
destes atletas6. 
 Falando um pouco sobre a modalidade estudada, para Bompa7, o 
basquetebol é um esporte que combina velocidade, força e resistência física, 
fazendo desse esporte, uma modalidade de alta exigência física e psicológica. 
Algumas capacidades físicas importantes para atletas dessa modalidade são: 
alta potência anaeróbia, alta capacidade aeróbia, boa coordenação motora, 
perfil biométrico específico, resistir à fadiga e a altos graus de estresse, ser 
dotado de uma boa inteligência tática e espírito cooperativo. 
 
Sono e exercício 
 Atualmente os distúrbios do sono estão entre os distúrbios clínicos com 
maior impacto de saúde em nossa sociedade, causando sérios prejuízos 
econômicos para suas populações8. 
 Segundo Mello9, o sono é considerado como restaurador e o exercício está 
relacionado com diversas alterações no padrão de sono, mas existem várias 
facetas sobre a influência do exercício em relação ao sono, como a 
intensidade e a duração do exercício, o intervalo entre o fim da realização do 
exercício e o início do sono, entre outros, nos quais ainda carecem de 
maiores estudos. 
 Heinzelmann e Bagley10 talvez sejam os pioneiros a estudar as alterações 
proporcionadas por um programa de atividade física na qualidade de sono. 
Em seus estudos eles submeteram alguns indivíduos a três sessões 
semanais de exercício de uma hora, durante 18 meses. Ao final do estudo os 
participantes relataram menor necessidade de sono, assim como um sono 
mais relaxado e restaurador, demonstrando a influência da atividade física no 
sono destas pessoas. 
 Vuori at all.11 realizaram um levantamento epidemiológico em que foram 
entrevistadas 1600 pessoas, com idade variando entre 36 e 50 anos, com o 
objetivo de investigar a influência da atividade física no sono. Neste estudo os 
autores também relataram que fatores sociais, psicológicos, condições do 
local em que dormem, o estilo de vida e as condições de vida do indivíduo 
influenciam diretamente na qualidade de sono e no desempenho físico. Um 
outro importante achado é que os exercícios: moderado e vigoroso, podem 
melhorar a qualidade de sono, mas os exercícios vigorosos devem ser 
evitados tarde da noite. 
 Segundo Tynjala12, uma percepção ruim de qualidade de sono está 
associada com uma baixa descrição de saúde; baixa capacidade física; e 
inúmeros sintomas psicossomáticos. Dificuldades para dormir e uma 
qualidade de sono ruim podem também ser sinais de fatores de estresse, e 
um estilo de vida inadequado. Para este mesmo autor, a percepção de 
qualidade de sono é descrita em muitos estudos como dificuldade em cair no 
sono; dificuldade em manter o sono; acordar muito cedo pela manhã; quanto 
revigorada a pessoa sente depois do sono; e a própria visão da pessoa sobre 
sua qualidade de sono. Há também evidências de que qualidade de sono ruim 
está associada, entre outras coisas, com problemas em relacionamentos 
sociais, dificuldade em lidar com problemas, distúrbios de sono e estados 
psicológicos como: depressão, ansiedade, tensão e medo. O hábito de fumar; 
ingerir bebidas alcoólicas; e bebidas contendo café ou cafeína 
freqüentemente, podem diminuir a qualidade de sono; por outro lado, a prática 
de atividade física tem demonstrado gerar efeitos positivos na qualidade de 
sono, e a inatividade física efeitos negativos. Hábitos de sono como: 
irregularidades no horário de dormir; dormir tarde; curtos períodos de sono; 
grandes diferenças entre os horários de ir para a cama durante a semana e o 
fim de semana; e longos cochilos durante o dia tem sido associados com uma 
má qualidade de sono. 
 Mas segundo Mello13, embora muitos estudos demonstrem importantes 
benefícios do exercício físico para as funções cognitivas; os transtornos de 
humor; e sono, ainda há uma carência de pesquisas nesta área de estudos, já 
que a influência de fatores como a intensidade, a duração e o tipo de 
exercício, ou ainda, a combinação de diferentes tipos de exercício, como o 
aeróbio ao de força, a flexibilidade e a velocidade sobre os aspectos 
psicobiológicos, necessitam ainda de uma melhor avaliação. 
 Buckworth & Dishman14, dizem que cerca de 30% da população adulta nos 
EUA, e de 20 a 40% da população mundialsão acometidos por problemas 
relacionados ao sono, deteriorando assim a qualidade de vida, e diminuindo a 
produtividade no trabalho, entre outras coisas. 
 Para o American Sleep Disorders Association15, o exercício leve e 
moderado pode ser considerado uma intervenção não-farmacológica para a 
melhoria do sono, porém poucos profissionais da área de saúde têm 
recomendado e prescrito o exercício físico com este intuito, talvez por não 
conhecer a importância da prática de atividades físicas para a aquisição de 
um sono de maior qualidade. Vale lembrar que esta mesma associação 
concluiu que os exercícios vigorosos podem prejudicar o sono. 
 Após um interessante levantamento epidemiológico realizado na cidade de 
São Paulo, Mello17 demonstrou que entre 27,1 e 28,9% de pessoas 
fisicamente ativas e 72,9 e 71,1% entre os sedentários se queixavam de 
insônia e sonolência excessiva, respectivamente, o que demonstra 
claramente a influência da atividade física na qualidade do sono. 
 Mello13 (p. 204), baseado em importantes estudos diz que: "...a melhoria do 
padrão de sono conseguida pelo exercício físico apoia-se inicialmente em três 
hipóteses: a primeira hipótese, conhecida como termorregulatória, afirma que 
o aumento da temperatura corporal, como conseqüência do exercício físico, 
facilitaria o disparo do início do sono, graças à ativação dos mecanismos de 
dissipação do calor e de indução do sono, processos estes controlados pelo 
hipotálamo; a segunda hipótese, conhecida como conservação de energia, 
descreve que o aumento do gasto energético promovido pelo exercício 
durante a vigília aumentaria a necessidade de sono a fim de alcançar um 
balanço energético positivo, restabelecendo uma condição adequada para um 
novo ciclo de vigília; e a terceira hipótese, restauradora ou compensatória, da 
mesma forma que a anterior, relata que a alta atividade catabólica durante a 
vigília reduz as reservas energéticas, aumentando a necessidade de sono, e 
favorecendo a atividade anabólica..." 
 É importante salientar que a intensidade e o volume de exercícios são 
extremamente importantes, já que quando a sobrecarga é aumentada até um 
nível ideal, existe uma melhor resposta na qualidade do sono, mas quando a 
sobrecarga imposta pelo exercício é muito alta, como aquelas experimentadas 
por atletas de alto nível; o estresse físico e psicológico pode fazer com que a 
qualidade do sono seja diminuída13,17-19. 
 Segundo Martins20, o comportamento do sono pode trazer informações 
bastante úteis na preparação do desportista, já que como conseqüências da 
alteração do padrão de sono podem ocorrer reduções da eficiência do 
processamento cognitivo; do tempo de reação e responsividade atencional; 
além de déficit de memória; aumento da irritabilidade; alterações metabólicas, 
endócrinas e quadros hipertensivos, que podem comprometer o rendimento 
físico e a saúde destes indivíduos. 
 Para Weinberg & Gould21 a insônia que aflige aproximadamente um terço 
da população adulta, está associada com: aumento da mortalidade; com 
transtornos psiquiátricos e com a diminuição da produtividade e do 
desempenho. Por isso o exercício físico tem recebido maior atenção 
ultimamente, por ser considerado um tratamento alternativo na melhora da 
qualidade de sono, já que ele causa fadiga física e tem efeitos calmantes 
fisiológicos e psicológicos bem estabelecidos, por isso a noção de que o 
exercício estimula o sono pode ser lógica. 
 Atualmente existem alguns métodos diagnósticos utilizados para investigar 
o sono: os questionários de sono; a polissonografia; a actigrafia; e o teste 
múltiplo de latência do sono, sendo que os questionários de sono são, na sua 
maioria internacionais e poucos são validados para a língua portuguesa, o 
que pode levar a erros de interpretação, já que aspectos culturais podem 
influenciar a especificidade e a sensibilidade destes métodos, mas, se 
validados para a população em questão, podem predizer e estimar a 
severidade dos distúrbios do sono22. 
 Segundo Zanetti & Machado18, vários estudos têm demonstrado a relação 
entre o exercício físico e uma boa qualidade de sono, porém muitos desses 
métodos têm utilizado apenas medidas objetivas como a actigrafia e a 
polissonografia, que são considerados testes caros e de difícil acesso, e 
também ignoram a percepção da qualidade de sono do próprio indivíduo, 
medida esta que deve ser tão considerada quanto as medidas objetivas12. 
 O sistema de percepções subjetivas têm sido utilizados por treinadores e 
cientistas do esporte de todo o mundo, através da aplicação de testes, 
questionários e diários de treinamento, a fim de controlar as respostas 
individuais de treinamento destes atletas, e diminuir sintomas relacionados ao 
sobre-treinamento23,24. 
 Alguns estudos12,25 nesta área também têm demonstrado haver uma alta 
correlação, entre a percepção subjetiva de qualidade de sono e as 
características fisiológicas do sono, através de comparações destas 
percepções com exames de polissonografia demonstrando que esses testes 
podem ser de grande utilidade no controle e predição da qualidade de sono. 
 
Metodologia 
 No início de janeiro de 2002, após uma reunião envolvendo toda a 
comissão técnica da equipe (técnico; assistentes; preparador físico; diretores; 
entre outros), foram traçadas as metas e o planejamento para a equipe no 
primeiro semestre, onde as sessões de treinamento foram divididas da 
seguinte maneira: 
• Os atletas foram submetidos a duas sessões diárias de treinamento, de 
segunda à sexta-feira, sendo uma no período da manhã, com início às 
10:00h e término às 12:00h, e outra sessão no período da tarde, das 
18:00h às 20:00h; 
• As sessões do período da manhã foram destinadas ao treinamento físico, 
envolvendo sessões de treinamento de força (em média 2 a 3 dias por 
semana); treinamento da capacidade aeróbia (1 a 2 dias por semana); 
capacidade anaeróbia (2 dias por semana); agilidade, e outras (2 a 3 
dias por semana), onde algumas capacidades físicas eram 
combinadas e treinadas no mesmo dia. Esta sessão era de 
responsabilidade do preparador físico da equipe; 
• No período da tarde os atletas treinavam habilidades específicas da 
modalidade; situações de jogo e eram conduzidos os treinamentos 
coletivos pelo técnico responsável. 
 O início das sessões de treinamento ocorreu no dia 14 de janeiro de 2002, 
mas somente no dia 15 de janeiro os atletas foram orientados como deveriam 
responder os questionários. 
 O questionário foi preenchido durante 16 dias no mês de janeiro; 28 dias no 
mês de fevereiro; 31 dias no mês de março; 30 dias no mês de abril e 31 dias 
no mês de maio, totalizando um período de 136 dias, onde 75 dias fizeram 
parte do período preparatório da equipe, e 61 dias fizeram parte do período 
competitivo. 
 Participaram da pesquisa uma amostra de 9 atletas da equipe Rio 
Pardo/Maga da cidade de São José do Rio Pardo - SP, com idades entre 19 e 
26 anos, participantes do II Torneio Novo Milênio de Basquetebol Adulto 
Masculino durante os meses de janeiro a maio de 2002, mas somente 5 
atletas, com idades entre 21 e 26 anos, tiveram seus questionários utilizados, 
já que 4 atletas não preencheram corretamente o instrumento durante todo o 
período investigado. 
 Cada atleta foi orientado a responder diariamente um questionário fechado 
proposto por Yusuf Omar26. Estes questionários funcionavam também como 
um diário de treinamento, já que neste instrumento havia outras variáveis 
como: horas de sono; sensação de fadiga; vontade de treinar; apetite; dores 
musculares; prontidão competitiva; peso; e freqüência cardíaca basal. 
 Para este trabalho abordaremos apenas a qualidade do sono, não por 
considerarmos as outras variáveis menos importantes, mas por 
considerarmos o sono uma medida extremamente sensível, podendo ser 
influenciada diretamente porquestões de ordem fisiológica, psicológica e 
social. 
 Durante uma reunião os atletas foram orientados como deveriam preencher 
o questionário, onde cada item foi detalhado minuciosamente, sendo que o 
item referente à qualidade do sono deveria ser respondido diariamente no 
período da manhã, e a resposta deveria ser dada através da percepção da 
qualidade de sono da noite anterior. 
 No questionário esta variável era composta de cinco intensidades, onde 
o sono profundo foi definido como um sono considerado de grande 
qualidade, capaz de produzir uma excelente sensação de relaxamento e 
restauração; o sono normal foi definido como um sono de boa qualidade; 
o sono sem relaxamento foi definido como um sono de qualidade ruim, onde 
não havia uma boa sensação de relaxamento; o sono ruim, com pausas foi 
definido como um sono com ausência total de relaxamento, com episódios 
freqüentes de despertar noturno; e o sono pouquíssimo estado de 
sonolência que foi definido como ausência quase total de sono. Todos os 
questionários eram devolvidos ao final de cada mês. 
 O objetivo deste trabalho é o conhecimento da qualidade de sono da 
população estudada, para que possamos planejar e facilitar uma intervenção 
eficaz na busca por uma maior qualidade do sono, saúde e rendimento destes 
atletas. 
 
Resultados 
 Durante toda a temporada foram coletados 680 relatos (5 atletas) 
referentes à qualidade de sono, sendo 375 relatos no período preparatório; 
que teve uma duração aproximada de 75 dias, e 305 relatos durante o período 
competitivo; que teve uma duração de 61 dias. 
 Durante toda a temporada os atletas relataram apresentar 43.68% (297 
relatos) de sono profundo; 40.74% (277 relatos) de sono 
normal; 10.88% (74 relatos) de sono sem relaxamento; 4.26% (29 relatos) 
de sono ruim, com pausas; e 0.44% (3 relatos) de pouquíssimo estado de 
sonolência. 
 Quando verificamos apenas o período preparatório; que teve duração 
aproximada de 75 dias, os atletas relataram 46.67% (175 relatos) de sono 
profundo; 40.53% (152 relatos) de sono normal; 7.47% (28 relatos) de sono 
sem relaxamento; 5.33% (20 relatos) de sono ruim, com pausas; e 0.00% (0 
relatos) de pouquíssimo estado de sonolência. 
 Durante o período competitivo; que teve duração aproximada de 61 dias, os 
atletas relataram 40.00% (122 relatos) de sono profundo; 40.98% (125 
relatos) de sono normal; 15.08% (46 relatos) de sono sem relaxamento; 
2.95% (9 relatos) de sono ruim, com pausas; e 0.99% (3 relatos) de 
pouquíssimo estado de sonolência. 
 Os resultados demonstram uma importante variação na qualidade de sono 
do período preparatório para o competitivo, sendo que houve uma diminuição 
de 14.20% na qualidade de sono profundo do período preparatório para o 
competitivo, um aumento de 1.10% no sono normal; um aumento 
de 102.00% no sono sem relaxamento; um aumento de 44.60% no sono ruim, 
com pausas; e também 3 relatos de pouquíssimo estado de sonolência no 
período competitivo, situação esta que não ocorreu no período preparatório. 
 
Discussão 
 O interesse pela interferência dos exercícios físicos na qualidade de sono 
não é um assunto novo, como já citado anteriormente, mas a grande maioria 
das pesquisas tem envolvido apenas indivíduos que praticam atividade física 
moderada; deixando uma grande lacuna no conhecimento das respostas de 
qualidade de sono de atletas profissionais. 
 Por isso talvez essa pesquisa seja a que mais tempo acompanhou (136 
dias ininterruptos) as percepções de qualidade de sono de atletas 
profissionais, indivíduos que geralmente são submetidos a exigências físicas 
e psicológicas acima dos níveis de tolerância, tendo muitas vezes que lidar 
com a dor; a fadiga; as lesões; as pressões de técnicos, torcida, 
patrocinadores, entre outros. 
 Como abordado anteriormente, diversos fatores podem interferir na 
qualidade de sono, fatores como o uso de substâncias alcoólicas; cafeína; 
entre outras. Por isso gostaríamos de salientar que o nosso objetivo não foi 
verificar qual aspecto mais contribui para a melhoria ou deterioração da 
qualidade de sono destes indivíduos, já que em nenhum momento foi utilizado 
outro instrumento que verificasse a influência destes fatores na qualidade de 
sono, mas sim acompanhar as respostas de qualidade de sono apresentadas 
durante toda a temporada. 
 
Conclusões 
 Ao analisarmos a variação na qualidade de sono do período preparatório 
para o competitivo, encontramos uma grande queda no nível de qualidade do 
sono no período competitivo, o que demonstra claramente que os atletas não 
conseguiram lidar efetivamente com a chegada de tal período. O que nos faz 
acreditar que a carga psíquica exigida destes atletas durante o período 
competitivo possa influenciar negativamente suas qualidades de sono. Tal 
conclusão deve-se ao fato de que as cargas de treinamento foram diminuídas 
durante o período competitivo, para que se buscasse uma maior performance 
durante os jogos. 
 Outros fatores de ordem psicológica como: problemas intergrupais; 
problemas pessoais; monotonia durante as sessões de treinamento; e o 
desgaste natural gerado pelo decorrer da temporada; entre outros, também 
podem ter influenciado diretamente na queda da qualidade de sono do 
período preparatório para o período competitivo. Cabe lembrar que a equipe 
não teve nenhuma derrota durante a temporada analisada; sagrando-se assim 
a grande campeã do torneio descrito anteriormente, por isso, os atletas não 
tiveram que lidar com o peso psicológico que as derrotas podem trazer, bem 
como a pressão de patrocinadores, torcida, comissão técnica, entre outros. 
 Para que as condições negativas acima encontradas possam ser 
minimizadas, sugerimos ainda que os atletas busquem locais de pouco 
barulhos, instalações apropriadas, aconchegantes e de baixa luminosidade, 
diminuindo a presença de fatores externos que prejudiquem a tranqüilidade 
dessa tão importante necessidade humana, o sono. Um outro fator que deve 
ser destacado é a necessidade de uma intervenção psicológica a fim de 
atenuar efeitos estressores como: tensões geradas por altas cargas de 
treinamento, problemas pessoais, entre outros que possam influenciar 
negativamente a qualidade de sono destes atletas. 
 Mas a inclusão de um programa de intervenção psicológica na 
programação de treinamento tem sido na maioria das vezes negligenciada 
pela maioria das equipes, que apenas utiliza este recurso quando tem tempo 
disponível, como é o caso do início da temporada, ou quando surgem 
problemas dentro da equipe, antes de competições mais importantes. Os mais 
modernos meios de periodização do treinamento têm incluído a periodização 
psicológica em seus sistemas, mas geralmente estes sistemas não são 
corrigidos ou adequados às respostas psicológicas que estes atletas vão 
apresentando durante a temporada27. 
 ZANETTI e MACHADO5 ao investigar as respostas de qualidade de sono 
de atletas de basquetebol profissionais e juvenis durante uma temporada, 
constataram que as diferenças encontradas na qualidade do sono destes 
atletas variaram de 0,1 a 2,1%. Portanto podemos concluir que a qualidade de 
sono destas duas populações parece se comportar de maneira similar. Por 
isso é fundamental que as preocupações referentes à melhoria da qualidade 
do sono de atletas profissionais sejam as mesmas com atletas de categorias 
de base. 
 Os profissionais responsáveis pela elaboração das sessões de treinamento 
deverão dar uma maior atenção às respostas de qualidade de sono que os 
atletas vão apresentando durante a temporada, podendo com isso diminuir os 
problemas físicos e psicológicos gerados pelas altas cargas de treinamento 
na qual são submetidos estes atletas, e conseqüentemente aumentar seus 
rendimentos, já que por se tratar de um treinamento de alto rendimento, onde 
são aplicadas altas cargas de treinamentoem busca de uma maior 
performance, os atletas podem sofrer condições de estresse físico e 
psicológico, acima dos níveis recomendáveis, impedindo que os mesmos 
desfrutem de uma boa noite de sono. 
 A alta qualidade de sono obtida por praticantes de atividade física 
moderada parece não se aplicar a atletas juvenis e profissionais, como já 
citado anteriormente pelo American Sleep Disorders Association15; Mello13; 
Zanetti e Machado5, por isso é importante que novos estudos venham 
identificar quais fatores mais contribuem para esta situação, já que é difícil 
atribuir esta baixa qualidade de sono apenas às altas cargas de treinamento, 
já que diversos fatores podem interferir no sono destes indivíduos. 
 Segundo Balaguer28, as pessoas recebem informações de seus estados 
fisiológicos, e estados de desconforto como uma noite mal dormida, podem 
indicar ineficácia física e diminuir a percepção de auto-eficácia, que também 
tem sido apontado como um forte determinante no sucesso esportivo em 
inúmeras modalidades. 
 
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