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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO JULIANA JACOB FERREIRA INCORPORANDO EMISSÕES DE CARBONO NO PLANEJAMENTO DE REDES LOGÍSTICAS RIO DE JANEIRO 2012 Juliana Jacob Ferreira INCORPORANDO EMISSÕES DE CARBONO NO PLANEJAMENTO DE REDES LOGÍSTICAS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Peter Fernandes Wanke, D.Sc. Rio de Janeiro 2012 Ferreira, Juliana Jacob. Incorporando emissões de carbono no planejamento de redes logísticas / Juliana Jacob Ferreira – Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. 154 f.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2012. Orientador: Peter Fernandes Wanke. 1. Localização de Instalações. 2. Logística. 3. Administração. – Teses. I. Wanke, Peter Fernandes (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de COPPEAD de Administração. III. Título. Juliana Jacob Ferreira INCORPORANDO EMISSÕES DE CARBONO NO PLANEJAMENTO DE REDES LOGÍSTICAS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Aprovada em 17 de Setembro de 2012. __________________________________________________________ Prof. Peter Fernandes Wanke, D.Sc. – Orientador (COPPEAD/UFRJ) __________________________________________________________ Prof. Otávio Henrique dos Santos Figueiredo, D.Sc. (COPPEAD/UFRJ) __________________________________________________________ Prof. Rafael Garcia Barbastefano, D.Sc. (CEFET/RJ) Ao Senhor da minha vida, Jesus Cristo, digno de toda honra e de ser louvado. “Porque dEle, por meio dEle e para Ele são todas as coisas” (Romanos 11:36). À minha mãe, Elizabeth Jacob Ferreira, pelo amor incondicional, pelos cuidados sem medida e pelo estímulo constante. Mãe, apenas nesta página consta o seu nome, mas esteja certa de que a sua presença emana de todas elas. Ao meu pai, Marcos Jacob Ferreira, por ter investido na minha educação, proporcionando-me a oportunidade de trilhar caminhos maiores que os seus. À minha irmã, Vanessa Elisa Jacob Ferreira, por ter sido sempre fonte de inspiração e exemplo para mim. Obrigada pelo carinho e pela cumplicidade de uma vida toda. Ao meu noivo, Attílio Zanin Neto, pelo amor, pelo companheirismo e por ter sido o meu grande apoio ao longo deste projeto. Sem a sua presença, isto hoje não seria real. Amo você! Aos meus familiares e amigos: em especial, à minha tia Ássima Maria Ferreira, pelo apoio nas horas difíceis e pelos sábios conselhos nos momentos oportunos; às minhas amigas Carolina Brognaro Poni Drummond de Alvarenga, Clara de Figueiredo Pessoa, Fernanda Mourão Dutra e Mariana Mourão Lavorato da Rocha, por estarem ao meu lado em todos os momentos e compreenderem a minha ausência durante a elaboração deste trabalho; à minha amiga e colega de Mestrado, Maria Fernanda Aureliano Nepomuceno, por ter sido a melhor companhia que eu poderia ter encontrado no Rio de Janeiro; e à minha amiga e companheira de oração, Gisele Kuhlmann Rodrigues, pelo suporte espiritual e emocional. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, professor Peter Fernandes Wanke, pela orientação indispensável à realização deste trabalho. Aos professores Otávio Henrique dos Santos Figueiredo e Rafael Garcia Barbastefano, pela participação na banca examinadora e pela apreciação desta dissertação. À ArcelorMittal, nas pessoas dos senhores Luiz Otávio Pessoa G. Moreira e Paulo Henrique de Souza, por acreditar no meu projeto e me dar todo o suporte necessário ao longo de sua execução. Ao amigo e colega de profissão, Marcellus Vinagre da Silva, por ter contribuído de uma maneira muito especial para o meu desenvolvimento, compartilhando comigo o seu amplo conhecimento na área de Logística e servindo como referencial nos campos acadêmico e profissional. Ao Igor Silveira Queiroz pelo apoio na elaboração deste trabalho e à Luciana Vaz por se dispor a me ajudar com o modelo matemático, mesmo sem me conhecer. Aos amigos e colegas da turma de Mestrado 2010, em especial aos queridos companheiros da área de Operações, Tecnologia e Logística – Aline Stange, Beatris Huber, Felipe Alves, Frederico Hanna, José Robles, Juliana Pires, Mariana Itajahy e Murillo Lima – por compartilharem comigo as suas experiências e tornarem a caminhada mais leve. “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Teixeira de Andrade RESUMO Discussões sobre sustentabilidade ocupam um espaço cada vez maior nas agendas de governantes e executivos em todo o mundo. Estudos revelam que as organizações estão percebendo estratégias de redução de emissão de gases de efeito estufa e políticas de sustentabilidade como um fator crítico para o crescimento de seus negócios. Grande parte das oportunidades decorrentes do combate às emissões de carbono repousa sobre a cadeia de suprimentos, o que fará com que a sua gestão sustentável ganhe muito mais atenção no futuro. Tradicionalmente, modelos de otimização para o desenho de redes de distribuição analisam os trade-offs entre custos logísticos e nível de serviço requerido pelos clientes. Com a forte ênfase na redução da pegada de carbono, a integração de tal consideração na fase de concepção das cadeias de suprimentos fornecerá às empresas mais visibilidade sobre como gerenciar cadeias eficientes e verdes. Neste trabalho, foi desenvolvido um modelo de programação matemática não-linear para o planejamento de redes logísticas sustentáveis. Consideraram-se, além dos custos logísticos tradicionais, os custos das emissões de carbono decorrentes das atividades de transporte ao longo da cadeia de suprimentos. Análises de sensibilidade foram conduzidas via simulação para os modais rodoviário e ferroviário, como forma de avaliar a influência de diferentes meios de transporte sobre a configuração da rede de estudada, especialmente no que tange ao custo total das emissões e ao nível de estoques a ser mantido na cadeia. Os resultados demonstraram que a incorporação do custo de emissão de carbono não foi suficiente para tornar o modal ferroviário – menos poluente, porém de desempenho inferior – mais atrativo que o rodoviário em termos dos custos totais. A utilização da rodovia levou à minimização dos custos da rede na quase totalidade dos cenários simulados, sendo favorecida por elevados custos de manutenção de estoques associados a baixos pesos do produto e baixos custos de emissão de carbono. Palavras-chave: cadeia de suprimentos verde, emissão de carbono, planejamento de redes, localização de instalações, programação não-linear. ABSTRACT Discussions about sustainability have occupied an increasingly space on the governments and executives’ agenda worldwide. Researches demonstrate that organizations are realising strategies to reduce greenhouse gas emission and sustainability initiatives as a critical factor for the growth of their business.Much of the opportunity to address carbon emissions rests on the supply chain, which will increase the attention on its sustainable management in the future. Traditionally, optimization models for supply chain network design analyze the trade- offs between logistics costs and service requirements. With the strong emphasis in reducing carbon footprint, the integration of such consideration into the supply chain network design phase will provide to companies much more visibility on how to manage efficient and green supply chains. In this study, a nonlinear mathematical programming model for sustainable supply chain network design was developed. Beyond the traditional logistics costs, this model considered the carbon emissions costs due to transportation activities along the supply chain. Sensitivity analyses were performed via simulation for road and rail modes, as a way to explore the influence of different transportation modes on the studied network configuration, especially in terms of total emissions costs and level of inventory to be maintained in the supply chain. The results indicated that the inclusion of the carbon emission cost was not sufficient to make the rail mode – less pollutant, but with lower performance – more attractive than the road mode in terms of total costs. The utilization of road transportation led to minimum network costs in almost all of the simulated scenarios, being favored by high holding costs associated with low product weights and low carbon emission costs. Keywords: green supply chain, carbon emission, network design, facilities location, nonlinear programming. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Impacto do carbono sobre cenários de ressuprimento. Adaptado de Butner, Geuder e Hittner (2008). ....................................................................................................................... 14 Figura 2 – Participação nas emissões por atividade logística. Adaptado de World Economic Forum (2008). ........................................................................................................................... 18 Figura 3 – Emissões de CO2 equivalente por fonte – Brasil, 2006. Adaptado de MCT (2006). .................................................................................................................................................. 18 Figura 4 – Eficiência de emissão por modal de transporte. Adaptado de World Economic Forum (2008). ........................................................................................................................... 19 Figura 5 – Gestão sustentável da cadeia de suprimentos. Adaptado de Carter e Rogers (2008). .................................................................................................................................................. 23 Figura 6 – Representação esquemática da rede considerada. ................................................... 68 Figura 7 – Framework analítico para avaliação do impacto do modal de transporte sobre os componentes de custo da rede de distribuição. ...................................................................... 103 Figura 8 – Espectro de opções de transporte de acordo com as características dos produtos e da operação. ............................................................................................................................ 104 Figura 9 – Linha de tempo evolutiva da gestão da cadeia de suprimentos verde. Adaptado de Srivastava (2007). ................................................................................................................... 153 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Oportunidades de descarbonização na cadeia de suprimentos. Adaptado de World Economic Forum (2008)...........................................................................................................20 Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde...........25 Quadro 3 – Resumo dos principais modelos de localização de instalações..............................65 Quadro 4 – Parâmetros utilizados nas análises de sensibilidade. Adaptado de Wanke (2009) Wanke e Saliby (2009)..............................................................................................................76 Quadro 5 – Distâncias aproximadas entre a fábrica e os armazéns. Adaptado de Montebeller (2009)........................................................................................................................................76 Quadro 6 – Distâncias aproximadas entre os armazéns e os mercados. Adaptado de Montebeller (2009)...................................................................................................................77 Quadro 7 – Custos unitários de transporte mínimos entre os armazéns e os mercados para o modal rodoviário. Adaptado de Montebeller (2009)................................................................77 Quadro 8 – Custos unitários de transporte máximos entre os armazéns e os mercados para o modal rodoviário. Adaptado de Montebeller (2009)................................................................77 Quadro 9 – Peso do produto estimado para seis setores da economia brasileira......................79 Quadro 10 – Parâmetros utilizados nas análises de sensibilidade............................................80 Quadro 11 – Custos unitários de transporte mínimos entre os armazéns e os mercados para o modal ferroviário.......................................................................................................................80 Quadro 12 – Custos unitários de transporte máximos entre os armazéns e os mercados para o modal ferroviário.......................................................................................................................81 Quadro 13 – Classificação das políticas de alocação de estoques. Adaptado de Montebeller (2009)........................................................................................................................................81 Quadro 14 – Alocação ótima das demandas médias dos mercados aos armazéns abertos na rede para o Cenário 00001 – Modal Rodoviário.......................................................................85 Quadro 15 – Níveis ótimos de estoque de ciclo e de segurança para o Cenário 00001 – Modal Rodoviário.................................................................................................................................85 Quadro 16 – Alocação ótima das demandas médias dos mercados aos armazéns abertos na rede para o Cenário 00001 – Modal Ferroviário.......................................................................85 Quadro 17 – Níveis ótimos de estoque de ciclo e de segurança para o Cenário 00001 – Modal Ferroviário.................................................................................................................................86 Quadro 18 – Frequência de ocorrência das políticas de alocação de estoques – Modal Rodoviário.................................................................................................................................86 Quadro 19 – Frequência de ocorrência das políticas de alocação de estoques – Modal Ferroviário.................................................................................................................................87 Quadro 20 – Resumo das estatísticas descritivas para os componentes de custo da rede pesquisada – Modelo Rodoviário..............................................................................................89 Quadro 21 – Resumo das estatísticas descritivas para os componentes de custo da rede pesquisada – Modelo Ferroviário..............................................................................................89 Quadro 22 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos da política de centralização total.....................................................................................................................91Quadro 23 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos da política mista..........................................................................................................................................93 Quadro 24 – Caracterização dos modais de transporte em termos dos parâmetros de entrada do modelo de otimização..........................................................................................................98 Quadro 25 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos do custo total....99 Quadro 26 - Componentes de custo da rede pesquisada em termos do custo total para os grupos de peso.........................................................................................................................101 Quadro 27 – Caracterização dos modais de transporte em termos dos parâmetros de entrada do modelo de otimização........................................................................................................102 Quadro 28 – Parâmetros coletados de artigos selecionados...................................................142 Quadro 29 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos da política de centralização total...................................................................................................................143 Quadro 30 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos da política mista........................................................................................................................................147 Quadro 31 – Testes não-paramétricos para os resultados ótimos em termos do custo total...151 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 16 1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................................... 16 1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................................... 20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 22 2.1 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE .................................................... 22 2.2 MODELOS DE LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES .................................................. 30 2.2.1 Modelos de Localização de Instalações que Incorporam Variáveis Ambientais ..... 30 2.2.2 Modelos de Localização de Instalações que Incorporam Efeitos de Centralização de Estoques ................................................................................................................................... 42 3 MODELO PROPOSTO ...................................................................................................... 68 4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 74 4.1 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO ................................................................................. 74 4.2 ANÁLISES DE SENSIBILIDADE ................................................................................... 75 4.3 APRESENTAÇÃO E TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS RESULTADOS .............. 81 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 84 5.1 DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................................. 84 5.2 TESTES DE KRUSKAL-WALLIS E MEDIANA ............................................................ 90 5.2.1 Análise das Políticas de Alocação de Estoques ........................................................... 90 5.2.2 Análise do Custo Total .................................................................................................. 98 5.3 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ....................................................................................... 102 6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 105 6.1 LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................. 107 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 109 APÊNDICES ......................................................................................................................... 116 APÊNDICE A – CÓDIGO PARA OTIMIZAÇÃO E SIMULAÇÃO ESCRITO NA LINGUAGEM DO SOFTWARE AIMMS 3.10. .................................................................... 116 APÊNDICE B – PARÂMETROS COLETADOS DE ARTIGOS SELECIONADOS. ........ 142 APÊNDICE C – RESULTADOS COMPLETOS DOS TESTES NÃO-PARAMÉTRICOS PARA OS RESULTADOS ÓTIMOS EM TERMOS DA POLÍTICA DE CENTRALIZAÇÃO TOTAL................................................................................................. 143 APÊNDICE D – RESULTADOS COMPLETOS DOS TESTES NÃO-PARAMÉTRICOS PARA OS RESULTADOS ÓTIMOS EM TERMOS DA POLÍTICA MISTA. ................... 147 APÊNDICE E – RESULTADOS COMPLETOS DOS TESTES NÃO-PARAMÉTRICOS PARA OS RESULTADOS ÓTIMOS EM TERMOS DO CUSTO TOTAL. ........................ 151 ANEXOS ............................................................................................................................... 153 ANEXO A – LINHA DE TEMPO EVOLUTIVA DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE. ..................................................................................................... 153 13 1 INTRODUÇÃO Mudanças climáticas e problemas ambientais decorrentes do aquecimento global têm estado no centro das discussões sobre os grandes temas e dilemas da atualidade. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC)1, emissões de gases de efeito estufa (GEE), particularmente de dióxido de carbono (CO2), são o principal fator gerador do aquecimento global. À medida que as condições do meio ambiente se alteram, crescem os mandatos regulatórios e as exigências ambientais (Protocolo de Quioto 2 , responsabilidade social, agências governamentais) para reduzir as emissões de GEE em todo o mundo (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008; PAKSOY, ÖZCEYLAN e WEBER, 2011). Além disso, nações desenvolvidas têm estipulado metas independentes que consideram cortes significativos em suas emissões – a Política Energética da União Europeia, por exemplo, estima uma redução de 20% até 2020 – e há uma convergência crescente no debate sobre um preço universal para o carbono (WORLD ECONOMIC FORUM, 2008). Nesse contexto, o interesse pela preservação ambiental emerge como um propósito real das organizações (FERRETTI et al., 2007), fazendo com que uma atenção especial seja dada ao desenvolvimento de estratégias ambientais (PAKSOY, ÖZCEYLAN e WEBER, 2011). Se há alguns anos o único objetivo dos negócios era maximizar o lucro ou melhorar o serviço ao cliente (SHAPIRO, 2001), agora a temática ambiental desempenha um papel central nas políticas de gestão estratégica e operacional (FERRETTI et al., 2007). A escolha recai apenas sobre aproveitar o desafio das alterações climáticas como uma oportunidade para reestruturar as atividades da empresa ou adiar essa decisão. As organizações que atuarem neste momento poderão obter vantagens que, talvez, sejam negadas àquelas que aguardarem pelas regulamentações, entre as quais estão a conquista de uma fatia do crescente mercado de consumidores éticos, a atração ea retenção dos melhores talentos e o crescimento global mais sustentável (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). 1 Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/>. Acesso em: 02 jul. 2011. 2 “O Protocolo de Quioto é um acordo internacional patrocinado pela ONU (Organização das Nações Unidas), firmado em 1997 por 59 países, na cidade de Quioto, no Japão. O protocolo inscreve-se no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, tendo por objetivo reduzir as emissões de GEEs em nações industrializadas – por meio de metas que correspondem, em média, à redução de 5,2% sobre o montante emitido pelo país em 1990 – e estabelecer um modelo de desenvolvimento limpo para os países emergentes” (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP). Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/ambiente/perguntas/clima.aspx#8>. Acesso em: 02 jul. 2011. 14 Grande parte das oportunidades decorrentes do combate às emissões de carbono repousa sobre a cadeia de suprimentos, exigindo uma transformação fundamental nas práticas de supply chain (BEAMON, 1999) e estimulando as empresas a buscar novas abordagens para o gerenciamento eficaz de suas emissões – da compra de matérias-primas e da produção à distribuição e ao descarte dos produtos (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). Conceitos como sustentabilidade na cadeia de suprimentos (DYLLICK e HOCKERTS, 2002; KOPLIN et al., 2007), triple bottom line (ELKINGTON, 1997), gestão ambiental (HANDFIELD et al., 2005) e gestão da cadeia de suprimentos verde (green supply chain management – GrSCM) (BOWEN et al., 2001; SARKIS, 2003; VACHON e KLASSEN, 2006; SRIVASTAVA, 2007) têm despertado, assim, um interesse crescente na academia e no mundo corporativo (ANDERSEN e SKJOETT-LARSEN, 2009). Srivastara (2007) define a gestão da cadeia de suprimentos verde como a integração do conceito de meio ambiente à gestão da cadeia de suprimentos. Esse processo inicia-se com o reconhecimento das dimensões ambientais, como emissões de carbono e demanda por energia e outros recursos naturais (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008), e estende-se desde o design de produtos, da seleção de materiais e dos processos de produção até a entrega do produto final aos consumidores e a gestão do produto após sua vida útil (SRIVASTAVA, 2007). Particularmente, a redução de carbono acrescenta outro fator ao desafio de se atingir o equilíbrio adequado entre as políticas de transportes, processos e estoques na cadeia de suprimentos (Figura 1). O sucesso, nesse caso, requer que os executivos e os gestores da cadeia de suprimentos otimizem produtos, processos, informações e fluxos de caixa sob novos trade-offs: custos, serviço, qualidade e emissões de carbono (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). Figura 1 – Impacto do carbono sobre cenários de ressuprimento. Adaptado de Butner, Geuder e Hittner (2008). Cenário 1 Frequência de ressuprimento alta Cenário 2 Frequência de ressuprimento baixa Tamanho do ressuprimento Custo de estoque Transporte Custo Carbono Armazenagem Carbono Aumento custo/carbono Tamanho ressuprimento Redução custo/carbono 15 Revisões nas estratégias de otimização da rede logística se fazem, então, necessárias, de forma a considerar a variável adicional de carbono e o seu impacto sobre decisões relativas à localização de instalações e às operações de distribuição e transporte, incluindo as escolhas quanto aos tipos de modais e as políticas de alocação de estoques. A cadeia de suprimentos, no entanto, não será alterada radicalmente, mas a economia sob a qual as práticas tradicionais se apoiam mudará e otimizar a cadeia de suprimentos se tornará uma atividade ainda mais complexa (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). De toda maneira, com a forte ênfase na redução da pegada de carbono3, a integração dessas considerações na fase de desenho das cadeias de suprimentos fornecerá às empresas mais visibilidade sobre como gerenciar cadeias eficientes, eficazes e verdes (CHAABANE et al., 2008). 1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO 1.1.1 Objetivo Geral O objetivo geral do presente estudo é desenvolver um modelo de programação matemática para o desenho de redes logísticas verdes, considerando, juntamente com os custos logísticos tradicionais, os custos das emissões de carbono decorrentes das atividades de transporte ao longo da cadeia de suprimentos. Para tanto, o trabalho será baseado nas formulações propostas por Chaabane et al. (2008) e Montebeller (2009), relativas, respectivamente, à mensuração do impacto ambiental através das emissões de CO2 e ao efeito de consolidação dos estoques. Uma vez que o impacto total das funções de distribuição sobre o meio ambiente correlaciona- se às variáveis distância e modal de transporte, será analisada, ainda, a influência de diferentes modais não apenas sobre as emissões de carbono, como também sobre a quantidade total de estoque presente na rede de distribuição. Deseja-se, com esse modelo, contribuir para a compreensão do trade-off existente entre as decisões que impactam o meio ambiente ao se planejar as operações de supply chain e os custos associados a essa cadeia de suprimentos. A ideia central é permitir um melhor entendimento gerencial sobre como a taxação das emissões de carbono pode afetar a decisão 3 A pegada de carbono é a quantidade total de gases de efeito estufa produzida para apoiar, direta e indiretamente, as atividades humanas, sendo normalmente expressa em toneladas equivalentes de dióxido de carbono (TIME FOR CHANGE, 2011). Disponível em: <http://timeforchange.org/what-is-a-carbon-footprint- definition?page=1>. Acesso em: 30 jul. 2011. 16 de localizar uma ou mais instalações em uma rede de distribuição, além de discutir importantes questões relacionadas à adoção de diferentes modais de transporte. 1.1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos desta pesquisa podem ser traduzidos em oito questões fundamentais: a. Quantos armazéns devem ser abertos na rede de distribuição? b. Onde localizar os armazéns? c. Em qual proporção cada mercado deve ser alocado a um determinado armazém? d. Quais são os níveis ótimos de estoque de ciclo e de segurança a serem mantidos em cada instalação? e. Quais são as frequências de ocorrência de cada uma das políticas de alocação de estoques? f. Para cada política de alocação de estoques, como se caracterizam os modais de transporte em função dos parâmetros utilizados nas análises de sensibilidade? g. Qual a influência das variáveis ambientais na otimização da malha logística? h. Qual o impacto dos modais de transporte no custo total da rede, bem como em seus principais componentes? A fim de alcançar esses objetivos, a abordagem essencial da análise constituir-se-á na geração e na otimização de diferentes cenários aleatórios, com o posterior tratamento estatístico dos resultados. 1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO “Com um dano econômico estimado de cerca de US$85 para cada tonelada de dióxido de carbono, limitar as emissões de gases de efeito estufa e colocar um preço sobre elas será inevitável” (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008, p. 1). Reduzir a pegada de carbono se tornará uma obrigação e as empresas devem esperar ser cobradas por suas emissões, o que forçará mudanças na gestão de suas cadeias de suprimentos (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). Estudos revelam que as organizações estão percebendo estratégias de redução de emissão de gases de efeito estufa e políticas de sustentabilidade como questões primordiais na condução 17 de seus negócios. Um levantamento realizado pelo IBM Institute Business Value Global Corporate Social Responsibility, em 2008, mostra que um terço das empresas tem sido obrigado por seus parceiros de negócios a adotar ou adquirir novospadrões de gestão de carbono (BUTNER, GEUDER e HITTNER, 2008). Por sua vez, o relatório “Supply Chain Network Design: Architecting a Green Future”4, conduzido pelo grupo Aberdeen junto a 300 empresas em todo o mundo, indica que os temas responsabilidade social corporativa (corporate social responsibility – CSR) e gestão sustentável da cadeia de suprimentos (sustainable supply chain management – SSCM) estão no topo da “agenda verde”. Os resultados evidenciam, ainda, que metade dessas empresas planeja redesenhar suas cadeias de suprimentos e que 80% delas já estão sujeitas às novas regulamentações ambientais (NARI, JHANA e ROBERT, 2008 apud RAMUDHIN, CHAABANE e PAQUET, 2010). Do lado da demanda, cresce também a preocupação com o meio ambiente. Uma pesquisa5 conduzida junto a consumidores de todo o mundo revela que 85% deles estão “extremamente” ou “um tanto” preocupados com a mudança climática, enquanto 81% esperam que suas vidas sejam diretamente impactadas por esse fenômeno (WORLD ECONOMIC FORUM, 2008). Como parte de uma estratégia global de gestão da cadeia de suprimentos verde, a quantidade de emissões de carbono resultante das atividades de transporte em uma rede de distribuição é um problema a ser tratado pelos gestores de supply chain (REED et al., 2010). Globalmente, estima-se que o setor de logística e transporte tenha uma pegada de carbono de cerca de 2.800 mega-toneladas. O transporte rodoviário representa, em termos absolutos, a maior parte desse total, com aproximadamente 57% de participação, seguido pelo transporte marítimo com 17% (WORLD ECONOMIC FORUM, 2008). 4 NARI, V.; JHANA, S.; ROBERT, S. Supply chain network design: architecting a green future. Aberdeen Group, Boston, 2008. 5 Accenture end consumer survey on climate change, 2007. 18 Figura 2 – Participação nas emissões por atividade logística. Adaptado de World Economic Forum (2008). No Brasil, o setor de transporte é responsável por 9% das emissões de CO2 (MCT, 2006). Desse total, o modal rodoviário representa 90,2% (MME, 2002), refletindo as profundas assimetrias da matriz de transporte brasileira, que sempre priorizou uma logística baseada no transporte por caminhões, “relegando a planos de menor expressão modais como o ferroviário e o aquaviário (incluindo o de cabotagem), que deveriam ter grande importância na distribuição de mercadorias e bens em um país com as dimensões do Brasil” (MMA, 2011, p. 17). Figura 3 – Emissões de CO2 equivalente por fonte – Brasil, 2006. Adaptado de MCT (2006). 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 Logística e Atividade de Transporte Frete Rodoviário Frete Marítimo Frete Aéreo Frete Ferroviário Contruções Logísticas To ta l d e E m is sõ e s d e M o b ili d ad e : ~ 2 .5 0 0 m e ga -t o n e la d as C O 2 e Em is sõ e s G EE ( m e ga -t o n e la d as C O 2 e p o r an o ) 76 9 7 4 2 2 Desmatamento e queimadas Transporte Industrial Outros setores Energia Processo industrial 19 É importante ressaltar, contudo, que isso não significa que o modal rodoviário seja o menos eficiente. Em termos de intensidade de emissões por tonelada-quilômetro, o modal aéreo é consideravelmente o mais intenso em carbono, como mostra a Figura 4 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2008). Figura 4 – Eficiência de emissão por modal de transporte. Adaptado de World Economic Forum (2008). No médio prazo, o setor de logística e transporte apresenta oportunidades comercialmente viáveis para reduzir cerca de 1.400 mega-toneladas de CO2. Aproximadamente 60% desse potencial de redução de carbono corresponde às emissões do próprio setor. O restante é relativo à cadeia de suprimentos como um todo e pode ser obtido a partir de mudanças nas configurações de logística e transporte, entre as quais se destaca a otimização das redes – vide Quadro 1 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2008). 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 Aéreo - Curta Distância Aéreo - Longa Distância Rodoviário - Capacidade Leve Rodoviário - Todos Rodoviário - Longa Distância Ferroviário Marítimo - Curta Distância Marítimo - Longa Distância Fatores de Emissão em CO2e kg / tonelada-km M o d a l d e T ra n sp o rt e 20 Quadro 1 – Oportunidades de descarbonização na cadeia de suprimentos. Adaptado de World Economic Forum (2008). 1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO O conteúdo desta dissertação está organizado em seis capítulos. O capítulo 1 introduz o tema estudado e apresenta a sua relevância, bem como os objetivos da pesquisa. Tendências e oportunidades para a gestão sustentável da cadeia de suprimentos são discutidas, alicerçando os principais motivadores para a condução deste trabalho. O capítulo 2 apresenta o referencial teórico no qual se baseia o trabalho. Primeiramente, são abordados o conceito de gestão da cadeia de suprimentos verde e a evolução dos temas socioambientais no contexto da cadeia de suprimentos. Em seguida, modelos e formulações de localização de instalações são apresentados, englobando a inclusão de variáveis ambientais e o tratamento dos estoques na rede de distribuição. O capítulo 3 compreende o modelo de programação matemática proposto no estudo. A configuração da rede logística considerada é detalhada e as premissas assumidas na estruturação da modelagem são discutidas. São expostos, ainda, os parâmetros, as variáveis, a função objetivo e a restrição adotados na formulação do problema. A metodologia utilizada na condução da pesquisa, por sua vez, é apresentada no capítulo 4. A implementação do modelo de localização de instalações é descrita, seguida pela especificação dos dados e dos procedimentos utilizados nas análises de sensibilidade. Oportunidades de Descarbonização na Cadeia de Suprimentos Diminuição Potencial Mt CO2e Índice de Avaliação de Viabilidade Tecnologias Limpas de Veículos 175 Alto Desaceleração da Cadeia de Suprimentos 171 Alto Agricultura de Baixo Carbono 178 Médio Redes Otimizadas 124 Alto Construções Eficientes em Energia 93 Alto Iniciativas de Design de Embalagens 132 Alto Manufatura de Baixo Carbono 152 Médio Treinamento e Comunicação 117 Médio Trocas de Modais 115 Médio Logística Reversa / Reciclagem 84 Médio Nearshoring 5 Médio Aumento da Entrega em Domicílio 17 Médio Redução do Congestionamento 26 Baixo 21 O capítulo 5 analisa e discute os resultados encontrados, respondendo, assim, as perguntas que orientam este estudo. São abordadas, ainda, as implicações gerenciais decorrentes da aplicação do modelo proposto. Por fim, as conclusões do trabalho são apresentadas no capítulo 6, assim como as suas limitações e as sugestões para pesquisas futuras. 22 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS VERDE A gestão da cadeia de suprimentos contempla a integração de todas as atividades associadas à transformação e ao fluxo de bens e serviços, envolvendo desde as empresas fornecedoras de matérias-primas até os usuários finais, bem como os respectivos fluxos de informação (BALLOU, 2006). De forma mais abrangente, o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP)6 define que A gestão da cadeia de suprimentos engloba o planejamento e a gestão de todas as atividades envolvidas na administração de contratos com fornecedores, na transformação e no gerenciamento logístico. Inclui também a coordenação e a colaboração com os parceiros de canal, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e clientes. Em essência, a gestão da cadeia de suprimentos integra a gestão da oferta e da demanda dentro e entre empresas. Tradicionalmente, a gestão da cadeia de suprimentos foca medidas de desempenho econômico e nível de serviço para avaliar a eficácia e a eficiência de uma rede logística (BEAMON, 1999). Discussões sobre sustentabilidade,porém, são suportadas pela noção básica de que a performance de uma cadeia não deve considerar somente os lucros, mas também o impacto causado sobre os sistemas ecológicos e sociais (GLADWIN, KENNELLY e KRAUSE, 1995; STARIK e RANDS, 1995; JENNINGS e ZANDBERGEN, 1995). Nesse contexto, a gestão sustentável da cadeia de suprimentos surge como um conceito que amplia a visão tradicional ao incorporar as dimensões social e ambiental à avaliação de desempenho. Tal conceituação de desempenho é comumente conhecida como triple bottom line (KLEINDORFER, SINGHAL e VAN WASSENHOVE, 2005). O conceito de triple bottom line, desenvolvido por Elkington (1998, 2004), é uma abordagem teórica de avaliação de desempenho que considera, simultaneamente, objetivos econômicos, sociais e ambientais. Essa nova perspectiva sugere que existem atividades nas quais as organizações podem envolver-se que não só afetam positivamente o meio ambiente e a sociedade, como também resultam em benefícios econômicos de longo prazo e em vantagem competitiva para as empresas (CARTER e ROGERS, 2008). 6 Council of Supply Chain Management Professionals. Disponível em: <cscmp.org>. Acesso em: 29 jun. 2011. 23 Carter e Rogers (2008) desenvolvem um framework conceitual de elementos-chave da cadeia de suprimentos sustentável, que inclui o triple bottom line (Figura 5). Baseados nesse modelo e em uma ampla revisão de literatura sobre sustentabilidade, os autores introduzem uma nova teoria para o gerenciamento da cadeia de suprimentos sob a perspectiva sustentável, definida da seguinte forma: Gestão da cadeia de suprimentos sustentável é a integração estratégica, transparente e o alcance de metas sociais, ambientais e econômicas de uma organização na coordenação sistêmica dos principais processos de negócios interorganizacionais para melhorar o desempenho econômico de longo prazo da empresa e de suas cadeias de suprimentos (CARTER e ROGERS, 2008, p. 368). Figura 5 – Gestão sustentável da cadeia de suprimentos. Adaptado de Carter e Rogers (2008). Seuring e Müler (2008), por sua vez, apresentam uma extensa revisão de literatura sobre a gestão sustentável da cadeia de suprimentos para o período de 1994 a 2007. Após a análise de 191 artigos cujos focos recaem em, pelo menos, duas dimensões da sustentabilidade, os autores identificam como principais motivadores para a condução dos estudos o enfoque no desempenho econômico ou no desejo de desenvolver um produto sustentável. Seuring e Müler (2008) destacam também a evidência de que a pesquisa está bastante voltada para os aspectos ambientais, enquanto a abordagem social e a integração entre as três dimensões da sustentabilidade são assuntos ainda pouco explorados. De acordo com Srivastava (2007), a importância da gestão ambiental no âmbito da cadeia de suprimentos se deve à deterioração do meio ambiente, principalmente em relação à escassez Desempenho Econômico Sociedade Ambiente Natural Bom? MelhorMelhor O Melhor • Sustentabilidade como parte de uma estratégia integrada • Visão de longo prazo • Produtividade (fazer mais com menos) Estratégia • Planejamento de contingência • Rupturas no fornecimento • Visibilidade nas cadeias de fornecimento • Risco de manchete no noticiário • Agilidade Gerenciamento de Risco • Gerenciamento das partes interessadas • Operação dos fornecedores • Processos RFP/RFQ • Relatórios financeiros (SOX) • Prazos para os consumidores Transparência • Profundamente enraizada • Cidadania organizacional • Valores e ética • Cultura da qualidade Cultura Organizacional 24 de recursos naturais, à saturação dos aterros sanitários e ao aumento dos níveis de poluição. Contudo, não somente a preocupação ambiental, mas também as pressões externas aos negócios por parte dos governos e dos consumidores e a regulamentação crescente, além da expectativa de alta lucratividade e geração de bons negócios, têm levado muitas organizações a atentar para a necessidade de adequar os processos de suas cadeias de suprimentos (KLEINDORFER, SINGHAL e VAN WASSENHOVE, 2005; LINTON, KLASSEN e JAYARAMAN, 2007; SRIVASTAVA, 2007; MARKLEY e DAVIS, 2007; ANDERSEN e SKJOETT-LARSEN, 2009). Adicionalmente, o paradigma da gestão ambiental como fator de incremento de custos tem sido alterado para a gestão ambiental como potencial fonte de vantagem competitiva (VAN HOEK, 1999), em decorrência do aumento da produtividade, da economia de recursos e da eliminação de desperdícios advindos dos investimentos em iniciativas ambientais na cadeia de suprimentos (PORTER e VAN DER LINDE, 1995). Incorporando o componente ambiental ao gerenciamento da cadeia de suprimentos, Srivastava (2007, p. 54-55) conceitua a gestão da cadeia de suprimentos verde como “a integração do pensamento ambiental na gestão da cadeia de suprimentos, incluindo design de produtos, terceirização e seleção de materiais, processos de fabricação, entrega do produto final aos consumidores, bem como gestão do produto ao término de sua vida útil”. O escopo da gestão da cadeia de suprimentos verde abrange desde estratégias reativas de monitoramento do meio ambiente até abordagens mais pró-ativas implementadas por meio de diversas práticas operacionais: redução, reutilização, retrabalho, recuperação, reciclagem, remanufatura e logística reversa (SRIVASTAVA, 2007). A adoção dessas práticas pode estender-se à cadeia de valor, envolvendo tanto os fornecedores, por meio da avaliação de seus desempenhos ambiental (HANDFIELD et al., 2002), como os compradores, através de ações para orientá-los na redução de seus impactos ambientais (HANDFIELD, SROUFE e WALTON, 2004). Com o objetivo de apresentar uma visão abrangente e integrada sobre o conceito de gestão da cadeia de suprimentos verde, Srivastava (2007) faz uma revisão contemplando 227 trabalhos, a partir da qual o autor propõe uma classificação para a literatura existente. São definidas três categorias baseadas no contexto do problema estudado: importância da gestão da cadeia de suprimentos verde, design verde, que inclui o design ambientalmente consciente 25 (environmentally conscious design – ECD) e a análise do ciclo de vida (life-cycle assessment – LCA) do produto, e operações verdes, composta por manufatura e remanufatura verde, logística reversa e network design e gestão de resíduos. O Anexo A apresenta uma linha de tempo evolutiva considerando os principais artigos publicados na área até 2005. Baseada na classificação de Srivastava (2007), uma análise das publicações referentes às várias atividades da gestão da cadeia de suprimentos verde foi realizada, com o objetivo de mostrar a evolução do tema nos últimos anos. O Quadro 2 resume a abordagem principal adotada em cada uma das referências, bem como a metodologia empregada na condução dos estudos. Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde. Autor(es) Contexto da GrSCM Metodologia Abordagem Principal Dotoli et al. (2005) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira XX Propõem uma abordagem multinível para o projeto de redes logísticas que provê diferentes estruturas de rede, através das quais é possível melhorar a flexibilidade, a agilidade e o desempenho ambiental (emissões de carbono) da cadeia de suprimentos no processo de design . XX Hugo e Pistikopoulos (2005) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Apresentam um modelo matemático para a inclusão explícita de princípios da análise de ciclo de vida (LCA) ao problema clássico de desenho e planejamento de redes logísticas. XX Listes e Dekker (2005) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Apresentam uma abordagem de programação estocástica pela qual um modelo de localização determinístico para o projetode redes de recuperação de produtos pode ser extendido de forma a considerar explicitamente incertezas. XX Nagurney e Toyasaki (2005) Gestão de resíduos Algoritmo computacional XX Desenvolvem um framework integrado para a modelagem de redes de logística reversa de resíduos eletrônicos, incluindo gestão de resíduos e reciclagem. XX Rao e Holt (2005) Importância da GrSCM Estatística descritiva e Regressão XX Identificam potenciais ligações entre a gestão da cadeia de suprimentos verde - como uma iniciativa para a melhoria ambiental - o desempenho econômico e a competitividade junto a uma amostra de empresas da Ásia. XX Ravi, Ravi e Tiwari (2005) Logística Reversa e Network Design Analytical network process (ANP) XX Empregam analytical network process (ANP) e balanced scorecard na análise de alternativas de logística reversa para computadores ao final de suas vidas úteis. XX Sheu, Chou e Hu (2005) Logística Reversa e Network Design Programação linear XX Apresentam um modelo de programação linear multi-objetivo para otimização de uma cadeia de suprimentos verde integrada, incorporando atividades de logística reversa para produtos usados. XX Jayaraman (2006) Logística Reversa e Network Design Programação linear XX Apresenta um modelo de programação matemática linear para o planejamento e o controle agregados da produção em cadeias de suprimentos de circuito fechado com recuperação e reutilização de produtos. XX 26 Continuação Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde. Autor(es) Contexto da GrSCM Metodologia Abordagem Principal Min, Ko e Ko (2006) Logística Reversa e Network Design Programação não- linear inteira mista XX Propõem um modelo de programação não-linear inteira-mista e um algoritmo genético para o problema de consolidação de produtos retornados em uma cadeia de suprimentos de circuito fechado. XX Nagurney, Liu e Woolley (2006) Logística Reversa e Network Design Método de Euler XX Propõem um framework para a determinação das tarifas ótimas de carbono aplicadas às plantas de energia elétrica no contexto da cadeia de suprimentos elétrica. XX Srivastava e Srivastava (2006) Logística Reversa e Network Design Modelagem descritiva e Programação linear inteira mista XX Desenvolvem um framework integrado que cobre um domínio amplo de atividades, estendendo-se desde a estimativa de retornos em diferentes localizações, em diferentes períodos de tempo, passando pela coleta e disposição real até o estágio modular. XX Tsoulfas e Pappis (2006) Logística Reversa e Network Design Estudo de caso Identificam sistematicamente princípios ambientais para o desenho e a operação de cadeais de suprimentos. Vachon e Klassen (2006) Importância da GrSCM Regressão XXXX Examinam antecedentes (tanto ao nível da planta como da cadeia de suprimentos) de práticas de cadeia de suprimentos verdes. A integração da cadeia de suprimentos - tanto logística (nível tático) como tecnologicamente (nível estratégico) - é um fator potencialmente importante de práticas verdes. XX Lu, Wu e Kuo (2007) Manufatura/ Remanufatura Verde Analytical hierarchy process (AHP) XX Apresentam um método de tomada de decisão multi-objetivo para a gestão da cadeia de suprimentos verde, com o intuito de auxiliar os gestores na medição e na avaliação do desempenho dos fornecedores. XX Matos e Hall (2007) Design Verde Estudo de caso XX Discutem os problemas referentes à integração das questões de desenvolvimento sustentável no âmbito da cadeia de suprimentos, especificamente a aplicabilidade da análise do ciclo de vida (LCA). XX Rusinko (2007) Manufatura/ Remanufatura Verde Estatística descritiva XX Apresenta um estudo exploratório das relações entre práticas específicas de manufatura ambientalmente sustentáveis e resultados competitivos na indústria de carpete comercial dos EUA. XX Barker e Zabinsky (2008) Logística Reversa e Network Design Estudo de caso XX Propõem um framework conceitual baseado em diferentes estudos de caso para a incorporação da logística reversa no desenho da cadeia de suprimentos. XX Beamon (2008) Importância da GrSCM Revisão de literatura XX Descreve os desafios e as oportunidades enfrentados pela cadeia de suprimentos do futuro, destacando a sustentabilidade e os efeitos sobre o desenho, a gestão e a integração da cadeia de suprimentos. XX Chaabane et al. (2008) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Propõem um modelo de programação matemática para o desenho de redes logísticas ambientalmente conscientes cujo impacto ecológico é medido através do custo das emissões de carbono decorrentes das atividades de transporte na cadeia de suprimentos. XX Frota Neto et al. (2008) Logística Reversa e Network Design Programação multi-objetivo XX Desenvolvem um programa multi-objetivo para o desenho e a avaliação de redes logísticas sustentáveis, em que o custo e o impacto ambiental são considerados. XX 27 Continuação Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde. Autor(es) Contexto da GrSCM Metodologia Abordagem Principal Lee e Dong (2008) Logística Reversa e Network Design Heurística XX Discutem o projeto de rede logística para a recuperação de produtos de informática através do desenvolvimento de um modelo de programação determinística que gerencia sistematicamente fluxos logísticos, inclusive reversos. Dada a complexidade do problema, uma abordagem heurística é desenvolvida. XX Min e Ko (2008) Logística Reversa e Network Design Programação inteira mista XX Abordam o problema de determinar o número e a localização das instalações de reparação, nas quais produtos retornados pelos varejistas ou consumidores são inspecionados, reparados e recodicionados para redistribuição. XX Sheu (2008) Logística Reversa e Network Design Programação linear XX Formula um modelo de programação linear multi-objetivo para otimizar as operações de geração de energia nuclear e os fluxos de logística reversa dos resíduos produzidos. XX Srivastava (2008) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista Desenvolve um modelo de localização-alocação de instalações para uma rede de baixo custo de logística reversa eficiente. A rede de logística reversa proposta consiste em centros de coleta e dois tipos de instalações de reparo ,criadas por fabricantes de equipamentos originais (OEM) ou consórcios, para algumas categorias de devolução de produtos sob várias restrições estratégicas, operacionais e de serviço no contexto indiano. Subramanian, Talbot e Gupta (2008) Manufatura/ Remanufatura Verde Programação não- linear XX Introduzem um modelo de programação matemática não-linear que incorpora considerações do planejamento tradicional de operações (capacidade, produção e estoque) juntamente com questões ambientais que variam conforme o ciclo de vida do produto (design , produção e fim de vida útil). XX Zhu, Sarkis e Lai (2008) Logística Reversa e Network Design Estatística descritiva/ANOV A XX Examinam os níveis de adoção de práticas de gestão da cadeia de suprimentos verde na China e determina se indústrias diferem nessas práticas com ênfase em suas implicações específicas para a gestão da cadeia de suprimentos de circuito fechado. XX Bojarski et al. (2009) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Exploram a otimização do planejamento e do desenho de cadeias de suprimentos considerando questões econômicas e ambientais. O modelo compreende decisões estratégicas quanto à localização de instalações, à seleção da tecnologia de processamento e ao planejamento da produção e da distribuição,ao mesmo tempo em que incorpora aspectos ambientais através da abordagem de ciclo de vida (LCA). XX Carraro (2009) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Analisa a influência da emissão de carbono na estratégia de localização de fábricas e centros de distribuição, bem como o impacto de determinados benefícios fiscais nos critérios de decisão. XX Guide Jr. e Wassenhove (2009) Logística Reversa e Network Design Revisão de literatura XX Apresentam uma visão geral sobre cadeias de suprimentos de circuito fechado a partir da perspectiva de negócios, concentrando-se na recuperação do valor rentável de produtos devolvidos. XX 28 Continuação Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde. Autor(es) Contexto da GrSCM Metodologia Abordagem Principal Guillén-Gosálbez e Grossmann (2009) Logística Reversa e Network Design Programação não- linear inteira mista XX Abordam o projeto de cadeias de suprimento sustentáveis na indústria química na presença de incertezas no ciclo de vida dos estoques associadas à operação da rede. XX Holt e Ghobadian (2009) Importância da GrSCM Estatística descritiva XX Examinam a extensão e a natureza do esverdeamento da cadeia de suprimentos no setor industrial do Reino Unido, bem como os fatores que influenciam a amplitude e a profundidade dessa atividade. XX Mutha e Pokharel (2009) Logística Reversa e Network Design Programação linear Propõem um modelo matemático para o projeto de redes de logística reversa. Assume-se que os produtos devolvidos devem ser consolidados em um armazém antes de serem enviados para centros de reprocessamento. Peças desmontadas são enviadas para remanufatura ou mercados secundários. Reciclagem e descarte desses módulos também são considerados no modelo. Pietrapertosa et al. (2009) Design Verde Análise de cenários XX Apresentam a aplicação integrada das metodologias LCA (life cycle assessment ), externE e comprehensive analysis a um estudo de caso local, com o objetivo de melhor caracterizar os impactos ambientais do sistema energético, com especial referência às atividades de extração. XX Subramanian, Gupta e Talbot (2009) Design Verde Programação não- linear XX Propõem um modelo no qual as decisões de design de produto são integradas ao processo de coordenação da cadeia de suprimentos sob a lei de Responsabilidade Estendida do Produtos (ERP), que incide sobre o desempenho ambiental do ciclo de vida dos produtos. XX Yang, Wang e Li (2009) Logística Reversa e Network Design Algoritmo computacional XX Desenvolvem um modelo de uma rede geral de cadeia de suprimentos de circuito fechado, que inclui fornecedores de matérias-primas, produtores, varejistas, consumidores e centros de reparação. XX Chung e Wee (2010) Design Verde Análise de sensibilidade XX Investigam o impacto do design verde de produto, do fator de deterioração e do investimento em aplicações de tecnologia da informação nos processos de negócios considerando remanufatura. XX Guillén-Gosálbez e Grossmann (2010) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Propõem o projeto e o planejamento ótimos de cadeias de suprimentos sustentáveis na presença de incertezas no modelo de deterioração usado para avaliar seus desempenhos ambiental. XX Hu e Hsu (2010) Importância da GrSCM Estatística descritiva Explora os fatores críticos para a implementação da prática de gestão da cadeia de suprimentos verde nas indústrias elétrica e eletrônica de Taiwan em relação às diretivas da União Européia. Kannan, Sasikumar e Devika (2010) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Desenvolve um modelo de cadeia de suprimentos de circuito fechado para retornos de produtos, sendo as decisões tomadas em termos de aquisição de materiais, produção, distribuição, reciclagem e descarte. XX Mollenkopf et al. (2010) Importância da GrSCM Revisão de literatura XX Examinam a relação entre estratégias de cadeias de suprimentos verdes, enxutas e globais, com ênfase na implementação atual dessas três iniciativas. XX 29 Continuação Quadro 2 – Resumo dos estudos sobre o tema gestão da cadeia de suprimentos verde. O Quadro acima revela que metodologias baseadas em modelagem matemática têm sido as mais comumente usadas, através do emprego de diversas ferramentas e técnicas na formulação dos problemas pesquisados, tais como programação linear, programação linear inteira mista e programação não-linear. Pela revisão elaborada também é possível perceber que a literatura tem sido amplamente desenvolvida no que tange à integração entre logística reversa e gestão de resíduos. No entanto, exemplos de estudos contemplando a incorporação dos custos das emissões de carbono na cadeia de suprimentos são limitados, embora a precificação do carbono seja Autor(es) Contexto da GrSCM Metodologia Abordagem Principal Ramudhin, Chaabane e Paquet (2010) Logística Reversa e Network Design Programação linear inteira mista XX Propõem um modelo de planejamento estratégico sensível ao mercado de carbono para o desenho de cadeias de suprimentos sustentáveis. XX Sundarakani et al. (2010) Logística Reversa e Network Design Solução analítica XX Examinam a pegada de carbono nas cadeias de suprimentos, contribuindo para o conhecimento e a prática da gestão da cadeia de suprimentos verde. Os resultados mostram que as emissões de carbono entre estágios de uma cadeia de suprimentos podem representar uma ameaça significativa, requerendo, por isso, uma atenção especial na fase de desenho das cadeias. XX Wang, Lai e Shi (2010) Logística Reversa e Network Design Programação linear Propõem um modelo de otimização multi-objetivo que captura o trade-off entre o custo total e a influência ambiental. Azevedo, Carvalho e Machado (2011) Importância da GrSCM Estudo de caso XX Investigam a relação entre práticas de gestão da cadeia de suprimentos verde e desempenho da cadeia de suprimentos no contexto da indústria automobilística. XX Koh, Gunasekaran e Tseng (2011) Importância da GrSCM Revisão de literatura e Estudo de caso XX Desenvolvem um modelo conceitual descrevendo os antecedentes para uma inserção bem sucedida de diretivas ambientais - Waste Electrical and Electronic Equipment (WEEE) e Restriction of the use of certain Hazardous Substances (RoHS) - em uma cadeia de suprimentos verde. XX Paksoy, Bektas e Özceylan (2011) Logística Reversa e Network Design Programação linear XX Investigam uma série de medidas de desempenho operacionais e ambientais, em especial aquelas relacionadas às operações de transporte, no contexto de uma cadeia de suprimentos de circuito fechado. XX Wee et al. (2011) Logística Reversa e Network Design Solução analítica e Análise de sensibilidade XX Propõem um modelo que considera estratégia de estoque gerenciada pelo fornecedor e conduz uma análise de custo e benefício de ciclo de vida para produtos eletrônicos verdes. Os resultados mostram que preço de venda, taxa de deterioração, custo de manutenção de estoque, taxa de retorno do produto e qualidade de remanufaturamento têm um efeito significativo no modelo. XX 30 considerada pelos economistas como a solução mais efetiva para a redução substancial dessas emissões (RAMUDHIN, CHAABANE e PAQUET, 2010). Evidentemente, a introdução de mecanismos baseados no mercado de carbono confere maior complexidade à gestão da cadeia de suprimentos, impondo custos e restrições adicionais a essa atividade (RAMUDHIN, CHAABANE e PAQUET, 2010). Mesmo assim, uma metodologia integrada capaz de medir pegadas de carbono e identificar diferentes cenários de análise, possibilitando, simultaneamente,a minimização de custos e a consideração de estratégias de negócio ambientalmente responsáveis, faz-se necessária (CHAABANE et al., 2008). Tradicionalmente considerações estratégicas como essa são feitas na etapa de planejamento das redes logísticas (CHAABANE et al., 2008). Portanto, uma gestão eficiente da cadeia de suprimentos verde deve começar pela inclusão da consciência ambiental na etapa de desenho da rede, o que faz com que esse seja o tema abordado neste estudo. A seção 2.2 dedica-se à discussão sobre modelos de localização de instalações, com especial atenção às variáveis ambientais no tópico 2.2.1. 2.2 MODELOS DE LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES 2.2.1 Modelos de Localização de Instalações que Incorporam Variáveis Ambientais Em seu trabalho, Chaabane et al. (2008) propõem um modelo de programação matemática para o desenho de redes logísticas ambientalmente conscientes cujo impacto ecológico é medido através do custo das emissões de carbono decorrentes das atividades de transporte na cadeia de suprimentos. Por considerar esses custos juntamente com os custos logísticos tradicionais, o problema é formulado como um programa de otimização de objetivo único. A técnica de programação linear inteira mista é empregada para lidar com diferentes decisões estratégicas, incluindo a seleção de fornecedores e subcontratados, a alocação de produtos, a utilização de capacidade e a atribuição de links de transporte necessários para satisfazer a demanda do mercado. A formulação matemática considera os custos fixos e variáveis da cadeia de suprimentos. Os custos fixos são compostos pelos custos de abertura e manutenção das instalações e pelos custos de alocação das matérias-primas aos fornecedores e dos produtos manufaturados aos 31 subcontratados. Já a parcela de custos variáveis é dada em função dos custos de fornecimento de matérias-primas e produtos manufaturados, do custo de ressuprimento, do custo de transporte e do custo de emissão de gases de efeito estufa. A seguinte notação é utilizada: P = conjunto de todos os produtos, R ⊂ P = conjunto de matérias-primas, M ⊂ P = conjunto de produtos manufaturados, C ⊂ M = conjunto de produtos acabados, N = conjuntos de todos os nós, D ⊂ N = conjunto de mercados consumidores, S ⊂ N = conjunto de todos os subcontratados, Sp ⊂ S = conjunto de subcontratados do produto p ∈ M, V ⊂ N = conjunto de fornecedores de matérias-primas, Vr ⊂ V = conjunto de fornecedores da matéria-prima r ∈ R, Suc(p) = conjunto de sucessores imediatos do produto p ∈ P / C na estrutura de produtos7, S(Suc(p)) = função que retorna todos os subcontratados para o conjunto de sucessores imediatos do produto p ∈ P / C, Mi = conjunto de produtos que pode ser manufaturado pelo subcontratado i ∈ S, Ri = conjunto de matérias-primas que pode ser fornecido pelo fornecedor i ∈ V, K = conjunto de todos os modais de transporte k ∈ K, λi = custo fixo associado ao uso da instalação i ∈ S ∪ V, aip = custo de start-up associado à alocação do produto p ∈ M ∪ R à instalação i ∈ Sp ∪ Vp, cip = custo unitário do produto p ∈ M ∪ R na instalação i ∈ Sp ∪ Vp, t kijp = custo unitário de transporte do produto p ∈ P do nó i ∈ Vp ∪ Sp ao nó j ∈ S(Suc(p)) ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, lkij = custo unitário de ressuprimento entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, δ = custo por tonelada de emissão de gases de efeito estufa, α k = fator de emissão de gases de efeito estufa por unidade de peso e por unidade de distância devido à utilização do modal de transporte k ∈ K, 7 Do inglês, Bill of Material (BOM). 32 gpp’ = quantidade de produtos p ∈ P / C necessários para fabricar uma unidade do produto p’ ∈ Suc(p), mp = número máximo de instalações que podem ser abertas para o produto p ∈ M ∪ R, bip = capacidade do nó i ∈ Sp ∪ Vp para o produto p ∈ M ∪ R, teip = tempo de processamento do produto p ∈ M no nó i ∈ Sp, dpd = quantidade de produto p ∈ C demandada pelo mercado consumidor d ∈ D, ρi = limite inferior (em %) da capacidade agregada a ser usada se o subcontratado ou o fornecedor i ∈ S ∪ V é escolhido, Ti = tempo total disponível na linha de montagem do subcontratado i ∈ S, τij = número máximo de modais de transporte que pode ser utilizado entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D, κ k = capacidade volumétrica do modal de transporte k ∈ K, ψ k = capacidade de peso do modal de transporte k ∈ K, πp = peso do produto p ∈ P, δp = volume do produto p ∈ P, d(i,j) = distância entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D. As variáveis de decisão são tais que: F kijp = quantidade de unidades do produto p ∈ P enviadas do nó i ∈ Vp ∪ Sp ao nó j ∈ S(Suc(p)) ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, Xip = quantidade de unidades do produto p ∈ M ∪ R manufaturada ou fornecida pelo nó i ∈ Sp ∪ Vp, U kij = número de ressuprimentos entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, Yip = 1 se o produto p ∈ M ∪ R é alocado ao nó i ∈ Vp ∪ Sp, 0 caso contrário, Ai = 1 se o nó i ∈ V ∪ S é aberto e opera para, pelo menos, um produto, 0 caso contrário, Z kij = 1 se o modal de transporte k ∈ K é usado entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D, 0 caso contrário. A função objetivo a ser minimizada é dada pela expressão (2.1): 33 Minimizar Z = (2.1) ,),( ))(())(( k ijp RMp VSi DpSucSj Kk p k RMp VSi DpSucSj Kk k ijp k ijp k ij VSi DSj Kk k ij RMp VSi ipipip RMp VSi ip SVi ii FjidFt UlXcYaA pppp pppp ∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑∑ ∑∑ ∪∈ ∪∈ ∪∈ ∈∪∈ ∪∈ ∪∈ ∈ ∪∈ ∪∈ ∈∪∈ ∪∈∪∈ ∪∈∪∈ + ++++ παδ λ sujeito à ,∑ ∪∈ ∪∈∀≤ pp VSi pip MRpmY ,,0 ppipipip VSiMRpYbX ∪∈∀∪∈∀≤− ,0∑ ∈ ∈∀≤− iMp iiipip SiATteX ,0∑ ∈ ∈∀≥− iMp iiiipip SiATteX ρ ,0∑ ∑ ∈ ∈ ∈∀≥ − i iRp i Rp ipiip ViAbX ρ ,,0 ))(( ∑ ∑ ∪∈ ∈ ∪∈∀∈∀≥− DpSucSj Kk pp k ijpip SViPpFX )),((,0 )(' '' pSucSiRMpXgF pp SVj pSucp ippp Kk k ijp∑ ∑∑ ∪∈ ∈∈ ∈∀∪∈∀=− ,,0 iiiip RMpVSiAY ∪∈∀∪∈∀≤− ,, DdCpdF pd Si Kk k idp p ∈∀∈∀=∑∑ ∈ ∈ ,, DSjSViZ ij Kk k ij ∪∈∀∪∈∀≤∑ ∈ τ (2.2) (2.3) (2.4) (2.5) (2.6) (2.7) (2.8) (2.9) (2.10) (2.11) 34 ,,,0 KkDSjSViUF ii MRp k ij kk ijpp ∈∀∪∈∀∪∈∀≤−∑ ∪∈ κδ ,,,0 KkDSjSViUF ii MRp k ij kk ijpp ∈∀∪∈∀∪∈∀≤−∑ ∪∈ ψπ ,,,0 KkDSjSViMZU kij k ij ∈∀∪∈∀∪∈∀≤− ,,, KkDSjSViUZ kij k ij ∈∀∪∈∀∪∈∀≤ ,,))((,,0 KkDpSucSjSViMRpF pp k ijp ∈∀∪∈∀∪∈∀∪∈∀≥ ,),(0 ppip SMVRipX ×∪×∈∀≥ ,),(}1,0{ ppip SMVRipY ×∪×∈∀∈ ,}1,0{ VSiAi ∪∈∀∈ ,,,}1,0{ KkDSjVSiZ kij ∈∀∪∈∀∪∈∀∈ .,))((,,inteiro KkDpSucSjSViPpU pp k ij ∈∀∪∈∀∪∈∀∈∀ A restrição (2.2) assegura que, para cada matéria-prima e produto manufaturado, o número de instalações operacionais não excede o número máximo disponível de fornecedores e subcontratados. A restrição (2.3) garante que a capacidade da instalação para um determinado produto ou matéria-prima não é violada, enquanto a restrição (2.4) não permite que o tempo de processamento utilizado na fabricação de um produto ultrapasse o tempo total disponível na sua linha de montagem. As quantidades mínimas das capacidades totais de uma empresa subcontratada e de um fornecedor que devem ser ocupadas para justificar o estabelecimento de um contrato são consideradas, respectivamente, nas restrições (2.5) e (2.6). O balanço de massa do sistema é assegurado pelas restrições (2.7) e (2.8). Uma instalação é aberta se houver ao menos um produto alocado a ela, conforme a restrição (2.9). A restrição (2.10) garante que toda a demanda é atendida. O número máximo de modais de transporte que pode (2.12) (2.13) (2.14) (2.15) (2.16) (2.17) (2.18) (2.19) (2.20) (2.21) 35 ser utilizado entre dois elos é dado pela restrição (2.11), ao passo em que as restrições(2.12) e (2.13) asseguram que a capacidade volumétrica e a capacidade de carga de cada modal são respeitadas. O número de transferências entre dois nós da cadeia para um dado modal de transporte não é nulo apenas se esse modal for efetivamente usado, o que conduz à restrição (2.14). Da mesma forma, a utilização de um modal está condicionada à ocorrência de transferências, conforme a restrição (2.15). As demais restrições garantem a integralidade das variáveis de decisão. De acordo com o Chaabane et al. (2008), essa nova formulação provê aos gestores um sistema quantitativo de apoio à tomada de decisão que facilita o entendimento dos trade-offs existentes entre o custo logístico total e a redução da pegada de carbono. Na prática, o modelo proposto ajuda a quantificar o custo adicional decorrente da adoção de uma iniciativa verde. Através de um exemplo ilustrativo, os autores demonstram que o custo total cresce exponencialmente com a redução das emissões de carbono. Sob uma perspectiva gerencial, portanto, esse resultado sugere que empresas que estejam considerando diminuir o impacto ambiental das cadeias de suprimentos nas quais estão inseridas devem buscar novas alternativas, a fim de absorver os custos adicionais (CHAABANE et al., 2008). Ramudhin, Chaabane e Paquet (2010) abordam o problema do design de uma cadeia de suprimentos sustentável sob o sistema de comércio de emissões (Emission Trading System). Além das decisões logísticas tradicionais de seleção de fornecedores, subcontratação, alocação de produtos às diversas instalações, utilização de capacidade e configuração de transportes, o modelo proposto incorpora decisões de make or buy. Caso a meta de redução das emissões de dióxido de carbono não seja alcançada, a empresa pode escolher entre promover reduções de emissões ao longo de sua cadeia de suprimentos ou comprar créditos de carbono excedentes de outras instituições. São consideradas as emissões de carbono nas instalações da rede decorrentes dos processos de produção e nas atividades de transportes. A metodologia empregada avalia, primeiramente, o custo estimado para a implantação das diferentes iniciativas estratégicas de redução de emissões e, então, compara-o com o preço de mercado dessas emissões. A programação linear inteira mista é utilizada na formulação matemática, cujo objetivo é minimizar o custo logístico total e o custo do impacto ambiental medido pelas emissões de carbono. O modelo multi-objetivo utiliza a seguinte notação: 36 P = conjunto de todos os produtos, R ⊂ P = conjunto de matérias-primas, M ⊂ P = conjunto de produtos manufaturados, C ⊂ M = conjunto de produtos acabados, N = conjuntos de todos os nós, D ⊂ N = conjunto de mercados consumidores, h ⊂ H = conjunto de todos os centros de distribuição, S ⊂ N = conjunto de todos os subcontratados, Sp ⊂ S = conjunto de subcontratados do produto p ∈ M, V ⊂ N = conjunto de fornecedores de matérias-primas, Vr ⊂ V = conjunto de fornecedores da matéria-prima r ∈ R, Suc(p) = conjunto de sucessores imediatos do produto p ∈ P / C na estrutura de produtos, s pSP = conjunto de todos os subcontratados para o conjunto de sucessores imediatos do produto p ∈ P / C, Mi = conjunto de produtos que pode ser manufaturado pelo subcontratado i ∈ S, Ri = conjunto de matérias-primas que pode ser fornecido pelo fornecedor i ∈ V, K = conjunto de todos os modais de transporte k ∈ K. As variáveis de decisão são dadas por: F kijp = quantidade de unidades do produto p ∈ P enviadas do nó i ∈ Vp ∪ Sp ∪ H ao nó j ∈ s pSP ∪ H ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, Xip = quantidade de unidades do produto p ∈ M ∪ R manufaturada ou fornecida pelo nó i ∈ Sp ∪ Vp, U kij = número de ressuprimentos entre os nós i ∈ V ∪ S ∪ H e j ∈ S ∪ H ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, Yip = 1 se o produto p ∈ M ∪ R é alocado ao nó i ∈ Vp ∪ Sp, 0 caso contrário, Ih = 1 se o centro de distribuição h ∈ H é operacional, 0 caso contrário, Ai = 1 se o nó i ∈ V ∪ S é aberto e opera para, pelo menos, um produto, 0 caso contrário, 37 Z kij = 1 se o modal de transporte k ∈ K é usado entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D, 0 caso contrário. O conjunto de parâmetros usado na formulação do modelo matemático é definido como segue: λi = custo fixo anual associado ao uso da instalação i ∈ S ∪ V, vk = custo fixo anual para operação de um centro de distribuição h ∈ H, aip = custo de start-up associado à alocação do produto p ∈ M ∪ R à instalação i ∈ Sp ∪ Vp, cip = custo unitário do produto p ∈ M ∪ R na instalação i ∈ Sp ∪ Vp, t kijp = custo unitário de transporte do produto p ∈ P do nó i ∈ Vp ∪ Sp ao nó j ∈ spSP ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, lkij = custo unitário de ressuprimento entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D usando o modal de transporte k ∈ K, ϕ = custo por tonelada de emissão de gases de efeito estufa, α k = fator de emissão de gases de efeito estufa por unidade de peso e por unidade de distância devido à utilização do modal de transporte k ∈ K, i pβ = fator de emissão de gases de efeito estufa por quantidade produzida do produto p ∈ M relativo ao processo industrial, LEmissão = limite de emissão fixado por regulação governamental, gpp’ = quantidade de produtos p ∈ P / C necessários para fabricar uma unidade do produto p’ ∈ Suc(p), mp = número máximo de instalações que podem ser abertas para o produto p ∈ M ∪ R, bip = capacidade do nó i ∈ Sp ∪ Vp para o produto p ∈ M ∪ R, teip = tempo de processamento do produto p ∈ M no nó i ∈ Sp, dpd = quantidade de produto p ∈ C demandada pelo mercado consumidor d ∈ D, ρi = limite inferior (em %) da capacidade agregada a ser usada se o subcontratado ou o fornecedor i ∈ S ∪ V é escolhido, Ti = tempo total disponível na linha de montagem do subcontratado i ∈ S, τij = número máximo de modais de transporte que pode ser utilizado entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D, v = número máximo de centros de distribuição, 38 κ k = capacidade volumétrica do modal de transporte k ∈ K, ψ k = capacidade de peso do modal de transporte k ∈ K, πp = peso do produto p ∈ P, δp = volume do produto p ∈ P, dij = distância entre os nós i ∈ V ∪ S e j ∈ S ∪ D. A função objetivo que minimiza o custo logístico total é calculada como a soma dos custos fixos, dos custos variáveis e dos custos de emissão: ,1 ECVCFCF ++= ,h Hh i RMp VSi ipipi SVi i IvYaAFC pp ∑∑ ∑∑ ∈∪∈ ∪∈∪∈ ++= λ ,kijp RMp HVSi DHSPj Kk k ijp HVSi DHSj Kk k ij k iip RMp VSi ip Ft UlXcVC pp s p pp ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑ ∑ ∪∈ ∪∪∈ ∪∪∈ ∈ ∪∪∈ ∪∪∈ ∈∪∈ ∪∈ ++= , − + = ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∪∈ ∪∪∈ ∪∪∈ ∈ ∈ ∈ Emissão RMp HVSi DHSPj Kk Mp Si ipp i p k ijpijp k LXFd EC pp s p p πβπαϕ onde: FC é composto pelo custo fixo de utilização das instalações (fornecedores e subcontratados) e pelo custo fixo de alocação dos produtos às instalações, VC é composto pelo custo de suprimento de matérias-primas e de fabricação de produtos manufaturados, pelo custo de expedição (relacionado ao número de carregamentos) e pelo custo de transporte, EC é o custo de emissão de carbono. A segunda função objetivo avalia a cadeia de suprimentos sob a perspectiva puramente ambiental e é dada em função de toneladas de carbono equivalente (tCO2e): (2.22) (2.23) (2.24) (2.25) 39 ,2 ip Mp Si p i p k ijpijp RMp HVSi DHSPj Kk k XFdF ppp s p ∑ ∑∑ ∑ ∑ ∑ ∈ ∈∪∈ ∪∪∈ ∪∪∈ ∈ += πβπα sendo que a primeira parcela representa a quantidade de carbono emitida nas atividades de transporte e a segunda parcela representa as emissões das atividades de manufatura. O modelo está sujeito às seguintes restrições: ,MRpmY p VSi ip pp ∪∈∀≤∑ ∪∈ ,,0 ppipipip VSiMRpYbX ∪∈∀∪∈∀≤− ,0 SiATteX iiip Mp ip i ∈∀≤−∑ ∈ ,0 SiATteX iiiip
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