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122 O sucesso da operação de extinção depende do conhecimento da classificação dos incêndios em mata. A classificação é feita de acordo com a loca- lização dos combustíveis, sendo: a) TURFA: INCÊNDIO SUBTERRÂNEO, quando há queima de combustíveis abaixo do solo, tais como húmus e raízes. Este tipo de incêndio é normalmente de com- bustão lenta e sem chamas, porém de difícil extinção. b) INCÊNDIO RASTEIRO OU DE SUPER- FÍCIE: quando há queima de combustíveis de baixa estatura, tais como: vegetação rasteira, folhas e tron- cos caídos, arbustos, etc; c) INCÊNDIO AÉREO OU DE COPA: quando há queima de combustíveis que estão acima do solo, tais como galhos, folhas, musgos, etc; d) INCÊNDIO TOTAL: quando temos todas as formas de incêndio acima descritas. Métodos de combate à incêndios Para a extinção de incêndios em matas, há dois métodos que podem ser empregados individualmen- te ou em conjunto: 123 a) ATAQUE DIRETO: consiste em combater diretamente as chamas no perímetro do incêndio e quando temos uma situação de altura das chamas não superior a 1,20 m de altura, da seguinte forma: USO DE ABAFADOR: deve ser aplicado so- bre o fogo para extinguí-lo, com movimentos de sobe e desce, sem ultrapassar a linha do corpo. Po- dem ser confeccionados de ramos verdes, tiras de mangueiras; USO DE BOMBA COSTAL: este equipamen- to possui, normalmente, reservatório de 20 litros de água e esguicho, sendo a água recalcada quando o bombeiro aciona manualmente o pistão de curso; USO DE FERRAMENTA AGRÍCOLA: uti- lização de ferramentas comuns utilizadas principal- mente para colocar terra sobre o fogo, tais como pá, enxada, enxadão, etc; USO DE MOTO BOMBAS E VIATURAS: dependendo do acesso e fonte de abastecimento, pode-se utilizar moto bombas e viaturas de incêndio. ATAQUE AÉREO: feito por avião com tan- ques especiais ou helicópteros com bolsa de água. 124 b) ATAQUE INDIRETO: consiste em com- bater o fogo a alguma distância do seu perímetro, devendo ser utilizado quando o fogo é de grande intensidade ou esteja se movendo rapidamente. Ele é desenvolvido da seguinte forma: CONSTRUÇÃO DE ACEIROS: trabalhando de forma a retirar a vegetação (combustível) fazendo uso para isso de ferramentas e equipamentos típicos (facão, forcado, foice, enxada, enxadão, gadanho, rastelo, machado e motosserra), o combatente deve- rá construir um aceiro com duas partes, uma roça- da e que irá oferecer a primeira resistência ao fogo, abaixando a sua altura e intensidade e uma raspada até o solo, que por sua vez conterá o fogo. A largura do aceiro deve ser tal que possa evitar a sua transposição por parte do fogo, levando-se em con- sideração a altura da vegetação e a velocidade do vento. Nunca devemos tentar construir um aceiro em uma área em aclive pois o fogo pré-aquecerá a ve- getação à frente aumentando consideravelmente a sua velocidade de propagação, oferecendo risco aos bombeiros. Neste caso, o melhor ponto para a sua construção será logo após o “cume” (topo). O aceiro próprio para declives (após o topo) é chamado “aceiro trincheira” cuja característica es- sencial é a utilização de enxadões para sulcar a terra, puxando-a para fora, de forma a criar uma espécie 125 de anteparo aos corpos incandescentes que possam vir a rolar. Sempre que construímos um aceiro, devemos considerar uma proporção entre a faixa roçada e a ras- pada, devendo ser a primeira de 4 a 5 vezes a raspada. Lembrar que o aceiro deverá envolver todo o perímetro do fogo e que para conter os flancos e a retaguarda a largura do aceiro poderá ser menor, numa proporção de 4 a 5 vezes o aceiro que conterá a cabeça ou frente desse mesmo fogo Toda a vegetação retirada da área raspada, caso não esteja queimada, deve ser removida em direção à área a preservar, para mais tarde evitar uma grande carga de incêndio pela utilização do fogo de encontro. Os aceiros podem ser classificados em três tipos: Aceiros preventivos: é aquele realizado antes e durante as operações de prevenção de fogo em mato. Por meio de ferramentas ou tratores, raspa- -se uma área da vegetação de forma que fique uma área de isolamento entre as vegetações, evitando a passagem do fogo. As distâncias variam de acordo com a altura da vegetação que se quer separar, nor- malmente, se obedece a proporção de quatro vezes a altura da vegetação; Aceiros emergenciais: é aquele realizado duran- te uma operação de combate a incêndio florestal. 126 Neste tipo de aceiro, as distâncias de separação vão variar de acordo com o maquinário ou ferra- mentas disponíveis, buscando sempre a proporção de 4:1, conforme o aceiro preventivo; Aceiros de segurança: é aquele realizado após a ocorrência de uma queimada, evitando a reignição. Os aceiros podem ser construídos por intermé- dio de: º tratores - a maneira mais prática e rápida para construção de aceiros, é por meio do emprego de tratores providos de lâminas para terraplanagem ou mesmo com grades ou discos para tombamento de terra; º ferramentas manuais - é um processo mais demorado, porém é o que mais ocorre tendo em vista que nem sempre se tem trator disponível. O trabalho dessa forma pode desenvolver-se por dois processos: 1) por área - ou seja, verificada a área total a ser aceirada, a mesma é dividida pelo pessoal disponível e cada homem fica encarregado de limpar sua área até ficar isenta de combustível; 2) progressivamente - após definição da área do aceiro, todos os homens, em fila indiana, vão cami- nhando e com suas ferramentas construindo o aceiro. 127 O primeiro homem vai com uma foice, cortando a vegetação mais alta (arbustos) e os seguintes vão com as enxadas limpando o solo e alargando o aceiro em medida adequada, o último homem vem com um ras- telo e acaba de limpar deixando a terra nua. º tombamento de árvores - no caso de flores- tas, com árvores altas, é necessário dispor de uma equipe de tombamento, com moto serra, para possi- bilitar a retirada das árvores que porventura restem na área aceirada. Noções práticas para construção de um aceiro: É importante, na construção do aceiro, que a largura seja suficiente para conter o fogo, mas não mais larga que o necessário, pois se pode gastar mão de obra e tempo que faltará para cercar o fogo em toda sua extensão. Deve-se tomar muito cuidado com a vegetação mais alta, pois pode ocorrer de ser feito um aceiro bem limpo no solo e o fogo passar com facilidade na parte mais alta. Normalmente, é necessário que o aceiro seja mais largo, diante do fogo, ou seja, o sentido do ven- to, sendo menor nos flancos e menor ainda na reta- guarda, onde a propagação será contra o vento. É importante que o aceiro fique bem limpo, ou seja, a terra não deve conter vegetação, nem qual- 128 quer outro material combustível. Caso exista material queimado na área do acei- ro, o mesmo deve ser jogado para a área de onde vem o fogo ou área queimada. O material intacto deve ser jogado para a área a ser protegida, para que se diminua o volume de combustível, nas proximidades do aceiro. É importante para a rapidez da construção de aceiros que se utilizem o aceiro natural, como rios, lagos, estradas, ou mesmo formações rochosas que bloqueiam naturalmente o avanço do fogo. USO DO FOGO: esta técnica, sempre que possível deve ser evitada pois se mal executada po- derá causar mais danos e ainda cercar outros com- batentes, propiciando-lhes risco de vida. Apenas o líder do grupo de combate deverá optar e manusear o fogo, sendo que poderemos empregar o fogo nas seguintes situações: FOGO DE ENCONTRO: consiste em atear fogo a partir de um aceiro natural ou construído, contra o vento e em direção à frente principal; FOGO DE ELIMINAÇÃO OU ALARGA- MENTO DE ACEIRO: uma técnica mais segura e indicada é a utilização do fogo a partir de um aceiro raspado (natural ou construído) manuseando-se um 129 “pinga-fogo” de forma a se atear fogo e logo em seguida apagá-lo com abafadores e bomba-costal ,aumentando-se a largura desse aceiro raspado (cria- ção de áreas queimadas); USO DE RETARDANTES: produtos à base de óxido de ferro e especialmente produzidos para atuar na extinção dos incêndios florestais, poderão ser lançados por via aérea de forma a cercar o fogo; CONSTRUÇÃO DE LINHA FRIA: fazendo uso de água através de moto-bomba, viaturas ou ae- ronaves, lançar água de forma a criar-se um obstácu- lo úmido à frente do fogo e se possível envolvendo o seu perímetro. Fonte: Manual de Combate a Incêndios Flores- tais; 1ª edição 2006; volume 04 c) RESCALDO: após a extinção do incêndio, o grupo deverá percorrer todo o perímetro da zona queimada, cortando uma pequena faixa da parte que não queimou e lançando-a para dentro da zona quei- mada a fim de evitar que pequenos incêndios sub- terrâneos provoquem uma reignição. Nesta fase os incêndios em grandes troncos deverão ser apagados com água ou terra / areia, mesmo que estes estejam dentro da zona queimada a fim de se evitar que o 130 vento carregue consigo fragmentos incandescentes. O grupo não deverá se retirar imediatamente após a extinção ou mesmo o rescaldo, devendo-se aguardar um certo tempo a fim de se detectar possí- veis reignições. A extinção de incêndio em mata é um serviço perigoso e exaustivo e requer do bombeiro uma te- nacidade acima do normal. Toda operação de combate à incêndio de gran- des proporções deve ter um Posto de Comando onde haja condições de co- municação, atendimento em primeiros socorros e viaturas para deslocamentos rápidos, planejamento e controle da operação. O incêndio em mata tem um comportamento genérico. Devido a temperatura e a umidade do ar, ele tem menos intensidade na madrugada e maior intensidade entre 10:00 e 18:00 horas; portanto, seria lógico intensificar o combate durante a madrugada, porém temos que levar em conta a pouca visibilida- de neste horário, o que afeta diretamente a segurança dos bombeiros, assim sendo não é viável combater fogo em mata a noite. 131 Em casos de pequenas intervenções, poder-se- -á optar uma equipe de apenas 02 (dois) bombeiros treinados e com o material adequado, fazendo uso de uma viatura tipo VO e equipados com sistema de rádio-comunicação. Nos casos de necessidade de apoio ou em grandes intervenções, dever-se-á op- tar pela formação de GCIFs (Grupos de Combate a Incêndios Florestais), preferencialmente treinados e equipados para tal. O trabalho de extinção em matas é exaustivo e o período em serviço não deve exceder 12 horas seguidas sendo que o descanso não deve ser menor que 8 horas. Todo o incêndio florestal, ao atingir determi- nadas dimensões, tende a oferecer perigo aos que combatem. Assim, algumas regras básicas de segu- rança devem ser obedecidas, sob pena de se colocar em risco a vida dos combatentes. Precauções gerais a) Ao chegar no local do incêndio, deve-se pri- meiramente estabelecer rotas de fuga para escapar em caso de necessidade; b) Deve ser previsto um local seguro para des- canso e alimentação, longe do fogo; c) Não se deve trabalhar mais do que 12 horas seguidas e o descanso não deve ser menor do que 8 horas seguidas; 132 d) Se houver linhas elétricas na área do incên- dio, a energia deverá ser desligada. É perigoso dirigir jatos de água em direção a linhas energizadas; e) Pisar sobre solo seguro e não correr ladei- ra abaixo; f) Tomar cuidado com materiais que possam rolar para baixo, ferindo os combatentes; g) Ao passar próximo de árvores queimadas ou debilitadas pelo fogo, em aclive, fazê-lo por cima e com atenção; h) Ao ser cercado pelo fogo, não fugir ladeira acima, quando o sentido do fogo for aclive; use sua rota de fuga com segurança, procurando uma área limpa ou queimada segura; i) Ao fazer uma linha de aceiro, não a faça de cima para baixo quando o fogo estiver subindo o morro rapidamente. O lugar correto é aquele ime- diatamente após o pico do morro, no início da des- cida, do lado oposto; j) Aproveite a diminuição da intensidade do fogo para aumentar a intensidade do combate; k) Aproveite as barreiras naturais (estradas, córregos, linhas férreas, caminhos de terra batida, etc.) para utilizá-la como aceiro, evitando perda de tempo e desgaste físico; l) Mantenha sua ferramenta afiada e em perfei- to estado de conservação; m) Evite usar roupas e sapatos apertados, pois 133 poderão lhe causar ferimentos e desconforto; n) Enterre ou apóie troncos que possam rolar morro abaixo; o) Seja rápido ao iniciar o combate; p) Mantenha-se vigilante contra árvores que possam cair, animais peçonhentos, pedras que pos- sam rolar, etc.; q) Ao utilizar ferramentas de corte em vegeta- ção, tome cuidado com lascas nos olhos; r) Moto-serra deve ser transportada com o sa- bre voltado para trás e com o motor desligado e tra- va acionada; s) Não se encoste ou sente na frente ou atrás de um trator ou outro veículo de combate, mesmo parado; t) Cuidado ao se colocar na frente ou atrás de um trator ou veículo em movimento; u) Não se deve utilizar o trator para transporte de pessoas. Situação em que o perigo aumenta Procure estar atento as situações em que o peri- go aumenta, são algumas dessas condições: a) Quando está sendo construído um aceiro em ladeira com o fogo subindo; b) Quando o fogo desce por um declive e rolam 134 materiais em ignição, esses materiais podem ocasionar focos de incêndio abaixo ou atrás dos combatentes; c) Quando começar a ventar ou o vento ficar mais forte, ou ainda mudar sua direção; d) Quando o tempo fica mais quente e seco; e) Quando se trabalha em terreno com vegeta- ção muito densa e há grande quantidade de combus- tíveis entre a linha do aceiro e a frente do fogo; f) Quando se está distante da área queimada e o terreno e a densidade da vegetação dificultam o deslocamento e movimento dos combatentes; g) Quando se está em local desconhecido para os combatentes, ou não observado e reconhecido durante o dia; h) Quando o incêndio produz freqüentes fo- cos secundários; i) Quando não se sabe o local da cabeça do fogo e não há comunicação com os observadores; j) Quando se está isolado e sem contato com os demais; e 135 k) Quando se está esgotado, cansado, sonolen- to e próximo a linha do fogo. Primeiros Socorros no Incêndio Florestal Basicamente em todas as situações deve-se ado- tar o protocolo de atendimento de resgate, no entan- to, devido à sua peculiaridade dos locais distantes, seguem algumas recomendações básicas para aten- dimento de urgência no local onde está ocorrendo à atividade de combate a incêndio florestal. - Acidentes mais comuns em incêndios florestais: 1) queimaduras; 2) quedas (buracos, troncos, barrancos, lagos); 3) queda de galhos sobre o combatente; 4) picadas de animais peçonhentos; 5) isolamento do combatente em meio ao fogo. - Lesões mais comuns em incêndios florestais: 1) queimaduras; 2) desidratação; 136 3) escoriações; 4) fraturas (crânio e membros); 5) picadas e mordidas de animais; 6) intoxicação por gases; 7) asfixia; 8) irritação dos olhos; 9) parada cardiorrespiratória. Condutas de urgência num incêndio florestal para casos de: Intoxicação por monóxido de carbono: - retirar a vítima do local tóxico, levando-a para um local mais arejado; - afrouxar as roupas; - ministrar oxigênio a 100%, se possível; - respiração artificial se necessário; - transportar imediatamente ao hospital. 137 Picadas por animais peçonhentos: - identificar e capturar o animal que causou a lesão; - manter a vítima em repouso absoluto; - remover anéis, pulseiras, braceletes etc, devi- do ao possível inchaço; - lavar o local da picada; - proteger o local da lesão com gaze seca e esparadrapo; - transportar a vítima para o hospital que te- nha soro específico; - deixar o local da picada em nível mais baixo que a linha do coração; - se ocorrer parada cardiorespiratória, iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar;- não garrotear ou fazer torniquete na tentati- va de retardar o efeito do veneno; - não furar em volta da picada, nem espremer 138 ou sugar a ferida. Indicadores do sentido de deslocamento do fogo I. indicadores nos talos de gramíneas - à medida que o fogo se aproxima de um talo de gramínea ele aquece e começa a carbonizar esse lado primeiro, o qual é reduzido em tamanho e força. O efeito é quase o mesmo que um corte baixo em uma árvore. Con- seqüentemente o talo da gramínea tomba para o lado mais fraco. À medida que o fogo avança em um de- terminado padrão de vegetação, os talos caídos indi- cam o sentido de onde o fogo veio. Entretanto, como acontece com todos os indicadores, você deve obter o sentido correto a partir de diferentes fontes, pois determinados fatores, tais como vento ou o tempo, podem afetar o sentido para onde os talos dobram; II. indicadores de combustíveis protetores - um incêndio de queima vagarosa, em baixa temperatu- ra, queima somente a vegetação no lado em que ela estiver virada para o fogo. Geralmente os combustí- veis que são protegidos não mostram qualquer sinal de terem sido queimado. Devido a esse fato, uma enorme área que queima vagarosamente apresenta uma coloração mais clara devido às cinzas e uma combustão mais completa quando avistada longe do ponto de sua origem e mais escura quando se ob- serva próxima à sua origem. A parte da planta ou 139 madeira atingida pelo fogo apresenta uma queima mais completa no sentido da aproximação do fogo, resultando numa mancha esbranquiçada e carboni- zada, enquanto o outro lado estará protegido e, con- seqüentemente, mostrará menos sinais de queimada; III. indicadores de queima em forma de cava - normalmente ocorrem no sentido do vento, tan- to no tronco quanto nos gramíneos. Este é o lado exposto ao vento mais forte e, portanto, espera-se que queime profundamente, enquanto o outro lado permanece mais frio e protegido pelos restos do lado queimado. Esse efeito ocorre até mesmo em gramíneas e pode ser examinada de perto se friccio- nando a costa do punho. Esse movimento, quando feito no sentido contrário à sensação será de algo áspero, você deverá fazer esse movimento em todas as direções até encontrar o sentido que proporcione a sensação mais aveludada e a mais áspera; IV. padrão de carbonização - um incêndio quei- mando morro acima ou com o vento a favor, cria um tipo específico de carbonização. O carvão inclinará num ângulo maior do que o declive do solo. Isso é um padrão normal nas árvores e permanecerá por muitos anos após o incêndio. Isso é causado por um vácuo no lado de trás da árvore que atrai as chamas em uma contracorrente 140 naquele lado. As chamas são, portanto, puxadas para cima da árvore por um movimento de calor. Uma "cara de gato" ou o acúmulo de combustível na su- bida ou no sentido do vento terá um pequeno efeito no tipo de carvão; V. "forma de jacaré" - é uma forma de carbo- nização e normalmente são encontradas em objetos tais como cercas de estacas, quadros, estruturas, pla- cas de sinalização etc. Pode ser grande ou pequena, assim como lustrosa ou opaca. A expressão "escalas largas e lustrosas" significa que a queima resultou de um fogo quente e rápido, enquanto que a expressão "escalas pequenas e opacas" significa que a queima resultou de fogo lento e não muito quente. A pro- fundidade da carbonização é um bom indicador de trajetória do fogo; VI. "congelamento" dos galhos das árvores - quando as folhas e pequenos galhos recebem muito calor, tendem a ficar macio e facilmente se curvam no sentido da corrente do vento. Quando o incên- dio é debelado e eles se resfriam, geralmente ficam apontados no mesmo sentido; VII. manchas - rochas e outros objetos não in- flamáveis que estejam expostos ao fogo ficam man- chados pelos combustíveis vaporizáveis e minúscu- 141 las partículas carregadas pelo fogo. Os objetos tais como latas de cerveja, pedaços de fragmentos de metal, torrões de terra suja e vegetação que não foi atingida pelo fogo apresentam manchas de queima; VIII. fuligem - será depositada no lado das cer- cas no sentido da origem do incêndio e pode ser no- tada pela fricção das mãos na superfície das cercas. Em objetos maiores, quando conferido uma cerca de arame coberta pela fuligem, verifique os arames localizados na parte mais baixa da cerca, uma vez que eles mostrarão mais evidência de fuligem do que os arames localizados na parte mais alta da cerca. Determinação da origem do incêndio Na determinação da origem do incêndio flores- tal, vários fatores devem ser levados em considera- ção. Para tanto, inicialmente colher as informações das pessoas que residem na área ou daquelas que por ventura viram o início do incêndio. Caso o incêndio tenha sido descoberto logo no início, demarcar a área com precisão. Essa descober- ta imediata e a demarcação correta darão uma vanta- gem na determinação da causa do incêndio. Entretanto, caso o incêndio já esteja em gran- des proporções, quando da chegada do primeiro grupo de combate, a dificuldade será aumentada para determinar o ponto exato da origem do incên- 142 dio. Mesmo em grandes áreas existe uma maneira científica de identificar o ponto exato de origem do incêndio. Conhecimento sobre comportamento do fogo é uma necessidade para a determinação do ponto de origem. Os incêndios começam pequenos. Eles existem em condições latentes. Movem-se len- tamente, alastram-se, terminam e deixam marcas. O comportamento deles é controlado pelas condições climáticas, combustíveis e topografia. À medida que o fogo propaga-se por uma determinada área, os carvões deixados terão padrões característicos que indicarão o sentido que o fogo passou. Os diversos padrões de carvão, quando colocados juntos, levarão à origem do incêndio. Determinação da causa do incêndio Quando estamos falando sobre os indicadores no sentido de chegarmos a origem do incêndio, a causa da ignição pode estar aparente. Se o incêndio foi acidental, a causa da ignição pode estar ainda no local, mas, se o incêndio foi intencional, a fonte de ignição pode ter sido removida ou destruída pelo fogo. Em qualquer dessas hipóteses, deve-se vascu- lhar a área do foco inicial, visando encontrar a fonte de ignição que identifique a causa do incêndio. Essa procura deve continuar até se ter certeza de que a fonte de ignição foi removida ou destruída. 143 Categorias de causas de incêndio O resultado final da causa determinante do in- cêndio é a localização da causa do incêndio em uma das nove categorias gerais acordadas abaixo em con- formidade com as agências e organizações de pre- venção aos incêndios. São elas: 1) relâmpago: auto-explicativas; 2) fogueira de acampamento: um incêndio flores- tal resultante de um foco iniciado por cozimento, aque- cimento ou produzido por luz ou calor moderado; 3) fumantes: incêndios causados pelos fuman- tes, através de fósforo, isqueiros, tabaco ou outro material de fumo (excluir as crianças que brincam com fogo); 4) queimada para limpeza: a propagação de um incêndio proveniente da limpeza do solo, galhos corta- dos, entulhos, pastagens, toras, estradas de terra, servi- ço de corte de madeira ou outras queimadas prescritas; 5) incendiário: um incêndio causado proposi- talmente por alguém para queimar ou exterminar a vegetação ou propriamente que não pertença a ele e sem o consentimento do proprietário ou procu- rador. Excluem-se os incêndios causados por negli- 144 gências quando da queima para limpeza; 6) uso de equipamentos: incêndios causados por equipamentos mecânicos, além daquelas opera- ções de ferrovias; 7) estrada de ferro: incêndios causados por todas as operações das estradas de ferro, incluindo queimadas em estradas/atalhos de terra e pontas de cigarro jogadas pelos empregados; 8) crianças: incêndios causados por crianças menores de 12 anos de idade; 9) diversos: incêndios que não podem ser correta- mente classificadosem nenhuma das causas anteriores. Eliminação das causas de incêndio florestal Uma vez definida a área de origem do incêndio, a causa dele pode estar aparente. Mesmo que a fonte de ignição não esteja aparente, é possível eliminar o que não o causou; Através do processo de eliminação das categorias de causas de incêndio, pode-se concentrar melhor na busca da fonte de ignição. 145 1) Defina Incêndio Florestal. 2) Quanto a natureza, qual são as causas mais prováveis de incêndios florestais. 3) Quais tipos de vegetação que temos no Brasil? 4) Cite cinco medidas para se evitar as causas de Incêndios Florestais. 5) De acordo com a classificação da localização de incêndio, o que significa Incêndio Subterrâneo ? Bibliografia . 147 Decreto Estadual nº 56.819/2011 (Seguran- ça Contra Incêndio nas Edificações e Áreas de Risco). Instruções Técnicas do Corpo de Bombei- ros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. NBR – 5.628 – Componentes construtivas estruturais – Determinação da resistência ao fogo. NBR – 9.077 – Saídas de emergência em edifício NBR – 9.441 – Execução de sistema de de- tecção e alarme de incêndio. NBR – 9.442 – Materiais construtivos – de- terminação de índice de propagação superficial de chama pelo método do painel radiante. NBR – 10.897 – Proteção Contra incêndio por chuveiro automático NBR – 10.898 – Sistema de iluminação de emergência. 148 NBR – 11.742 – Porta corta-fogo para saída de emergência – especificação. NBR – 11.786 – Barra antipânico – requisitos. NBR – 11.861- Mangueira de incêndio e métodos de ensaio. NBR – 12.693 – Sistema de proteção por extintores de incêndio. NBR – 12.962 – Inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio. NBR – 13.435 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico NBR – 13.523 – Central Predial de gás li- quefeito de petróleo. NBR – 13.714 – Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. NBR – 13.932 – Instalações internas de GLP – projeto e execução. NBR – 14.323 – Dimensionamento de es- truturas de aço de edifícios em situação de in- 149 cêndio – procedimento. NBR – 14.432 – Exigências de resistência ao fogo de elementos de edificações – procedimento. NBR – 15200 – Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio - procedimento SEGURANÇA PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO AUTOR: Ten Coronel Res PM Edil Dau- bian Ferreira Editora Centrais Impressoras Brasileiras Ltda. MANUAL DE FUNDAMENTOS DE BOMBEIROS AUTOR: Polícia Militar do Estado de São Paulo / Corpo de Bombeiros Editora Abril S/A MANUAL DE PREVENÇÃO E COM- BATE DE INCÊNDIO (3ª Edição) AUTOR: Coronel Res PM Orlando Secco Editora Bernardino Ramazzini
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