Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 1 🧠 Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório Especialidade Neurologia Assunto Neurovascular Date Materials https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/20/abordagem-do- paciente-com-ataque-isquemico-transitorio/ Reviewed Tipo Revisão Entre 7,5 a 14% dos pacientes com AIT evoluem com AVCi em 3 meses → em metade dos casos, o novo evento ocorre nas primeiras 48h após o AIT. Definição de AIT Atual: déficit neurológico agudo transitório causado por isquemia focal encefálica, medular ou retiniana, sem evidência de infarto (AHA/ASA 2009). Ou seja, ausência de áreas de infarto na neuroimagem é obrigatória. Não existe mais um tempo fixo (era 24h) para determinar a transitoriedade do déficit, bastando que ele seja completamente revertido → isso porque a duração dos sintomas não é capaz de predizer se há infarto ou não. A nova definição estimula a realização de neuroimagem para diagnóstico de AIT e AVCi. Diagnóstico @June 27, 2022 https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/20/abordagem-do-paciente-com-ataque-isquemico-transitorio/ Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 2 TC de crânio, pela rapidez e acessibilidade, normalmente é o primeiro exame na suspeita, mas a capacidade da TC habitual de detectar novas áreas de infarto que causam os sintomas transitórios é muito baixa (61% em 6 horas)→ não existem recomendação sobre repetir TC em pacientes com suspeita de AIT/AVCi inicial normal → é razoável considerar solicitar uma nova TC em 24 a 72 horas para avaliar áreas de infarto (momento em que a sensibilidade para detecção de áreas de infarto seria maior), porém, esta conduta não deve atrasar o manejo de um possível AIT/AVCi em termos de tratamento/prevenção. O exame de escolha é a RM de crânio, devendo ser feita com sequencia de difusão, tendo alta sensibilidade e especificidade nas primeiras 24h. Área isquêmica desenvolve edema tecidual, reduzindo a movimentação de água na região, gerando um hipersinal (áreas brancas) na difusão → se a área da lesão tem um hipersinal na difusão e um hipossinal no mapa ADC, diz-se que a lesão restringe a difusão, devendo ser um infarto novo → outras possíveis causas seriam tumores hipercelulares e abscessos. Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 3 Etiologias São as mesmas de um AVCi. Cardioembólico Aterotrombótico de Grandes Vasos: por embolização a partir das placas quanto por baixo fluxo pro estenose significativa. Isquemia Lacunar ou de Pequenos Vasos: principalmente por obstrução aterotrombótica dos vasos penetrantes. Outras menos frequentes são: dissecção, síndrome de vasoconstrição cerebral reversível, vasculite, estados de hipercoagulabilidade, embolias paradoxais, Moyamoya, etc. Quadros embólicos têm sintomas com duração mais prolongada (até horas) e manifestação neurológicas diversas, a depender do local de alocação do trombo. Casos de baixo fluxo por estenoses tendem a durar menos (minutos) e com um menos padrão relacionado a área de redução de fluxo. Estratificação de Risco Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 4 Após o diagnóstico, deve-se estratificar o risco de novos eventos com o escore ABCD2 → pontuação varia de 0-7, sendo que as mais altas representam maior risco de AVCi em 7 dias. Esse escore não é mais usado para definir necessidade de internação → usado para embasar necessidade de tratamento com terapia antiplaquetária dupla. Internação Todos devem ser avaliados e tratados em menos de 48h → hospitalar ou ambulatorial Sociedades recomendam internar pacientes se: (1) DCV associada que necessite de tratamento (HAS não controlada, aterosclerose de vasos cervicais com estenose > 70% e FA); (2) infarto agudo em RM de crânio ou histórico de AVCi prévio; (3) múltiplas áreas de isquemia prévia em RM de crânio; (4) impossibilidade de manejo ambulatorial em 48h. Exames Após Diagnóstico Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 5 Segundo a Diretriz de AVC/AIT da AHA/ASA de 2021, deve-se solicitar: Imagem Vascular Não-Invasiva de Crânio e Cervical: investigar doença aterosclerótica intra e extracraniana. AngioTC, angioRM ou USG Doppler de vasos cervicais e transcranianos são os de escolha para avaliar estenoses significativas. ECG: investigar FA em pacientes com AIT. Se disponível, realizar Holter durante internação para maior acurácia diagnóstica. Ecocardiograma: investigar doença cardíaca estrutural e valvopatias associadas. Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 6 Perfil Lipídico e HB Glicada: estratificar risco cardiovascular e auxiliar na otimização de meta terapêutica. Prevenção de Novos Eventos Primeiro, avaliar se existe etiologia cardioembólica evidente (FA ou flutter atrial com clínica e imagem compatíveis ou história de AIT/AVCi cardioembólico) → nesses casos, anticoagulação está indicada, independentemente se arritmia for paroxística, persistente ou permanente → sem necessidade de terapia antiplaquetária. Se etiologia aterotrombótica ou lacunar, a base do manejo é terapia antiplaquetária e controle do risco cardiovascular (HAS, dislipidemia, síndrome metabólica, etc). Estudo EXPRESS: redução de risco de AVCi em 90 dias quando o tratamento foi iniciado em < 24h → redução de risco sustentada em acompanhamento de 10 anos → benefício em iniciar medidas preventivas o quanto antes. Uso de AAS precocemente no AIT já é bem estabelecido → se paciente com ABCD2 maior ou igual a 4, podem se beneficiar de DAPT - associação AAS e clopidogrel. Estudos CHANCE e POINT: benefício da DAPT na prevenção de AVCi em 90 dias, sendo a maior redução de risco nos primeiros 21 dias após o AIT. ABCD2 < 4: monoterapia com AAS 300mg de ataque seguido de 75- 100mg/dia. ABCD2 ≥ 4: DAPT por 21 dias. Ataque com clopidogrel 300mg e AAS 300mg, seguido de manutenção com clopidogrel 75mg/dia e ASS 75- 100mg/dia. Após, manter apenas AAS. Se paciente apresentar após 7 dias do evento isquêmico, não há benefício de realizar DAPT, mesmo se alto risco. Dislipidemia: tratamento com estatina de alta potência (atorvastatina 40- 80mg/dia). A meta de LDL é < 50-70 mg/dL em controle ambulatorial. Aterosclerose de Grandes Vasos: endarterectomia de carótida é recomendada se estenose 70-99% e AIT compatível com lado da estenose → maior benefício se realizado em até 14 dias do evento → se risco cirúrgico alto ou estenose < 70%, a indicação deve ser individualizada. Tratamento com ASS, DAPT e controle do RCV seguem os mesmo. Abordagem do Paciente com Ataque Isquêmico Transitório 7 Estenose de Grandes Vasos Intracranianos: não está recomendado terapia com angioplastia ou stent no tratamento inicial. Se estenose 50- 99%, tratar com AAS 325mg/dia. Se estenoses 70-99%, a DAPT pode ser considerada por até 90 dias após evento. Lacunares/Aterosclerose de Pequenos Vasos: tratamento deve seguir as recomendações de terapia antiplaquetária e controle de risco cardiovascular gerais.
Compartilhar