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ESTIMATIVA PRELIMINAR DA POLUIÇÃO DIFUSA GERADA EM 
UMA ÁREA DE ESTUDO LOCALIZADA NA BACIA DO RIO 
IGUAÇU-SARAPUÍ 
 
Mariana Ximenes de Magalhães 
Morganna Werneck Capodeferro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Setembro de 2016 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de 
Engenharia Ambiental da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Engenheiro. 
 
 
Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff 
 
 
 
ESTIMATIVA PRELIMINAR DA POLUIÇÃO DIFUSA GERADA EM 
UMA ÁREA DE ESTUDO LOCALIZADA NA BACIA DO RIO 
IGUAÇU-SARAPUÍ 
 
 
Mariana Ximenes de Magalhães 
Morganna Werneck Capodeferro 
 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE 
ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NEESSÁRIOS 
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO AMBIENTAL. 
 
 
 
Examinado por: 
 
 
 
 
Prof. Jorge Henrique Alves Prodanoff, D.Sc. 
. 
Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph.D. 
 
Prof. Paulo Renato Diniz Junqueira Barbosa, Ph.D. 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL 
SETEMBRO DE 2016
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Magalhães, Mariana Ximenes de 
Capodeferro, Morganna Werneck 
 Título: Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada 
em uma Área de Estudo Localizada na Bacia do Rio Iguaçu-
Sarapuí/ Mariana Ximenes de Magalhães/Morganna Werneck 
Capodeferro – Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA 
POLITÉCNICA, 2016. 
 XIII , 84 p.: il.; 51; 29,7 cm. 
 Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff 
 Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso 
de Engenharia Ambiental, 2016. 
 Referências Bibliográficas: p. 75-77. 
 1.Poluição Difusa Urbana. 2. Modelos de Regressão 
Múltipla. 3. Bacia do rio Iguaçu-Sarapuí. I. Prodanoff, Jorge. II. 
UFRJ, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Ambiental. III. 
Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada em uma Área 
de Estudo Localizada na Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí 
 
 
iv 
AGRADECIMENTOS 
Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Viviane e Dercival, por 
todo carinho e apoio ao longo da minha graduação. Obrigada pela força e coragem 
que me transmitiram para que eu pudesse concluir mais esta etapa. E acima de tudo 
por todos os valores e ensinamentos. 
Agradeço aos professores da Engenharia Ambiental por todos os 
conhecimentos passados e por nutrirem o meu desejo de ingressar futuramente no 
curso de Mestrado. Em especial, meu muito obrigada ao nosso orientador, professor 
Prodanoff, pela confiança depositada e por todo suporte ao longo da execução do 
trabalho. 
À minha parceira, Mariana Ximenes, por todos os anos de estudo juntas, todos 
os trabalhos e por aceitar enfrentar ao meu lado mais este desafio: a elaboração do 
Projeto Final. Nosso esforço conjunto e nossa sintonia tornaram a graduação muito 
mais leve e proveitosa. 
Ao IVIG, onde sou estagiária e onde pude acompanhar o desenvolvimento de 
projetos de pesquisa. Especialmente à equipe de tecnologias na qual trabalho, que me 
proporcionou grandes aprendizados e contribuiu profundamente para a minha 
formação pessoal e profissional. 
Por fim, a todos os meus amigos, sem vocês seria impossível. Obrigada pelas 
risadas, pelos momentos de descontração e principalmente pelo incentivo. 
 Morganna 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
AGRADECIMENTOS 
A meus pais, Carlos e Ana, pelo amor, carinho e incentivo. Agradeço por 
proporcionarem suporte total para que eu pudesse atingir meus objetivos. Vocês são 
meus exemplos de dignidade e disposição. Ao meu irmão Rafael e toda à família. 
Essa conquista é nossa. 
Ao meu querido R. Lucas, amigo e companheiro, meu estímulo e amparo. 
Obrigada por ser tão tolerante e compreensivo, leal e dedicado. Nossa história está 
apenas começando. 
Às amigas que Santo Agostinho me enviou, Marina S., Maria Eduarda, Maria 
Beatriz, Marina G., Nasle e, é claro, Morganna Werneck. Obrigada, Morganna, por 
todo companheirismo e troca de conhecimentos. Nosso projeto final é apenas mais 
uma prova do êxito da nossa parceria nesses anos de UFRJ. 
Aos amigos e professores da Engenharia Ambiental e, particularmente, ao 
nosso orientador, professor Prodanoff, que gentilmente agraciou-nos com seu tempo, 
sabedoria e dedicação. Sou grata pela assistência e confiança. 
 Mariana 
 
vi 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte 
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. 
 
Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada em uma Área de Estudo Localizada 
na Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí 
 
Mariana Ximenes de Magalhães 
Morganna Werneck Capodeferro 
 
Setembro/2016 
 
Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff 
 
Curso: Engenharia Ambiental 
 
Em meios urbanos, a poluição difusa contribui significativamente para a alteração da 
qualidade dos corpos hídricos. As águas pluviais carreiam consigo poluentes – sólidos, 
nutrientes e poluentes inorgânicos – distribuídos de forma esparsa sobre a superfície 
urbanizada. Dentre as origens das cargas difusas pode-se citar: a deposição 
atmosférica; o desgaste dos pavimentos; o acúmulo de resíduos nas ruas; a erosão e 
os derramamentos químicos de efluentes oleosos vindos de veículos e oficinas 
mecânicas, por exemplo. Diferentemente da poluição pontual, a difusa é de mais difícil 
quantificação, uma vez que depende de diversos fatores como as formas de uso e 
ocupação do solo e a intensidade das precipitações. Dessa forma, a concentração dos 
poluentes nos escoamentos varia entre bacias hidrográficas e a cada evento chuvoso. 
Este trabalho tem como objetivo realizar uma estimativa preliminar do volume de 
escoamento superficial e das cargas de poluentes associados a ele. Para essa 
quantificação foram utilizados modelos regressivos múltiplos com base em 
características físicas, de uso do solo e climáticas da região estudada. Foi selecionada 
para análise uma área urbana, com dimensões que caracterizam uma pequena bacia 
hidrográfica, localizada no município de Nova Iguaçu. A área escolhida pertence à 
bacia do rio Iguaçu-Sarapuí, região altamente modificada e degradada pela ocupação 
antrópica. 
 
Palavras-chave: Poluição Difusa Urbana, Modelos de regressão múltipla de Driver e 
Tasker, Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí. 
vii 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of 
the requirements for the degree of Engineer. 
 
Preliminary Estimate of Diffuse Pollution Generated in a Studied Area Located in 
Iguaçu-Sarapuí Basin 
 
Mariana Ximenes de Magalhães 
Morganna Werneck Capodeferro 
 
September/2016 
 
Advisor: Jorge Henrique Alves Prodanoff 
 
Course: Environmental Engineering 
 
In urban areas, storm-runoff is a substantial source of water pollution as they transport 
pollutants – solid, nutrients and inorganic pollutants - sparsely distributed on the urban 
surface. The sources of diffuse loads can be: atmospheric deposition; pavement wear; 
accumulation of trash on streets; erosion and chemical spills of oily waste from vehicles 
and mechanical workshops, for example. Unlike point source pollution, the diffuse 
pollution is more difficult to quantify, as it depends on several factors like the forms of 
land use and occupation and intensity of rainfall. Thus, storm-runoff concentration of 
pollutants varies between watersheds and at each rain event. 
This study aims to conduct a preliminary estimate of runoff volume and its pollutant 
loads. This quantification was based on multiple regressive models and physical, land 
use and climatic characteristics of the studied region. An urban area located in Nova 
Iguaçu, which dimensions characterize a small watershed,was selected. The chosen 
area belongs to the Iguaçu-Sarapuí basin, a highly degraded and modified area by 
human occupation. 
 
Keywords: Urban Diffuse Pollution, Multiple Regression Models by Driver and Tasker, 
The Iguaçu-Sarapuí basin. 
 
viii 
ÍNDICE 
1 Introdução ........................................................................................................... 1 
1.1 Objetivos ........................................................................................................ 3 
2 Conceitos e Noções Básicas.............................................................................. 4 
2.1 Água na Natureza ........................................................................................... 4 
2.2 Parâmetros de Qualidade das Águas ............................................................. 5 
2.2.1 Cor e Turbidez ......................................................................................... 6 
2.2.2 Nitrogênio ................................................................................................ 6 
2.2.3 Fósforo .................................................................................................... 7 
2.2.4 Matéria Orgânica ..................................................................................... 8 
2.2.5 Micropoluentes Inorgânicos ..................................................................... 8 
2.3 Impactos da Urbanização sobre uma Bacia Hidrográfica ................................ 9 
2.4 Poluição Difusa de Origem Pluvial ................................................................ 12 
2.5 Fontes Potenciais de Poluentes Carreados Pelos Escoamentos Superficiais 
em Meio Urbano ..................................................................................................... 14 
2.5.1 Deposição Atmosférica .......................................................................... 14 
2.5.2 Acumulação de Poluentes nas Superfícies Urbanas .............................. 15 
2.5.3 Derramamentos Químicos ..................................................................... 17 
2.5.4 Erosão ................................................................................................... 18 
2.6 Impactos Causados pelas Cargas Difusas Sobre a Qualidade do Corpo 
Hídrico .................................................................................................................... 19 
2.7 O Controle da Poluição Difusa ...................................................................... 21 
2.7.1 Controle à Montante e à Jusante ........................................................... 22 
2.7.2 Técnicas Estruturais e Não Estruturais .................................................. 22 
2.7.3 Infraestrutura Verde Urbana .................................................................. 23 
2.7.3.1 Sistemas de Biorretenção ............................................................... 24 
2.7.3.2 Lagoas Pluviais .............................................................................. 27 
2.7.3.3 Lagoas Secas ou de Detenção ....................................................... 29 
2.7.3.4 Pavimentos Porosos ou Permeáveis .............................................. 31 
2.7.3.5 Telhado Verde ................................................................................ 32 
3 Caracterização da Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí ............................................. 34 
3.1 Física ............................................................................................................ 34 
3.2 Demográfica e Social dos Municípios ........................................................... 49 
4 Método da Regressão Múltipla de DRIVER e TASKER para Avaliação 
Quantitativa da Poluição Difusa .............................................................................. 52 
5 Estudo de Caso ................................................................................................. 58 
5.1 Identificação da Área de Estudo ................................................................... 58 
ix 
5.2 Variáveis Explicativas ................................................................................... 59 
5.2.1 Físicas e de Uso do Solo ....................................................................... 59 
5.2.2 Climáticas .............................................................................................. 61 
5.3 Resultados e Discussões .............................................................................. 66 
5.4 Propostas ..................................................................................................... 68 
6 Considerações Finais ....................................................................................... 73 
7 Referências Bibliográficas ............................................................................... 75 
ANEXO I ..................................................................................................................... 78 
ANEXO II .................................................................................................................... 83 
 
 
 
x 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Distribuição da água na Terra e distribuição da água doce no mundo. ......... 4 
Figura 2. Alterações hidrológicas devido à urbanização ............................................. 10 
Figura 3. Relação entre área impermeável e o coeficiente de runoff .......................... 10 
Figura 4. Desenvolvimento urbano e cheias urbanas ................................................. 11 
Figura 5. Efeitos da urbanização ................................................................................ 12 
Figura 6. Emissão de gases na REDUC .................................................................... 15 
Figura 7. Principais processos responsáveis pelo acúmulo de poluentes nas ruas. ... 15 
Figura 8. Acúmulo de lixo em Duque de Caxias. ........................................................ 16 
Figura 9. Acúmulo de resíduo oleoso vindo de uma oficina mecânica na rua Terezinha 
Pinto, em Nova Iguaçu. ............................................................................................... 18 
Figura 10. Rua após chuva intensa em Duque de Caxias em fevereiro de 2016. ....... 19 
Figura 11. Escala de tempo para ocorrência dos problemas causados pelo 
lançamento da drenagem urbana ............................................................................... 20 
Figura 12. Jardins de chuva ....................................................................................... 25 
Figura 13. Canteiros pluviais ...................................................................................... 26 
Figura 14. Biovaletas ................................................................................................. 27 
Figura 15. Lagoas pluviais em: a) Wilsonville, Oregon (EUA ) b) Seattle, Washington 
(EUA) .......................................................................................................................... 28 
Figura 16. Bacias de detenção ................................................................................... 30 
Figura 17. a) Pavimento intertravado poroso e b) pisograma ou concregrama........... 31 
Figura 18. Telhados verdes em: a) Recife e b) São Paulo ......................................... 33 
Figura 19. Bacia hidrográfica do rio Iguaçu-Sarapuí................................................... 36 
Figura 20. Distribuição das formas de uso e ocupação do solo na bacia do rio Iguaçu-
Sarapuí ....................................................................................................................... 38 
Figura 21. Pontos selecionados para análise de imagens .......................................... 40 
Figura 22. Ponto 1: Rua Iolanda, Nova Iguaçu ........................................................... 41 
Figura 23. Ponto 2: Rua Otávio Moreira de Melo, Nova Iguaçu ..................................42 
Figura 24. Ponto 10: Rua Lages Brandão, Belford Roxo ............................................ 42 
Figura 25. Ponto 11: Rua Natividade, Nilópolis .......................................................... 43 
Figura 26. Ponto 13: Estrada Aníbal da Mota, Belford Roxo ...................................... 44 
Figura 27. Ponto 14: Rua Benjamin Pinto Dias, Belford Roxo .................................... 44 
Figura 28. Polígono representativo da área urbana de média-alta densidade para 
estimativa da porcentagem de impermeabilização do solo no município de Nova 
Iguaçu ......................................................................................................................... 45 
xi 
Figura 29. Polígono representativo da área urbana de baixa densidade para estimativa 
da porcentagem de impermeabilização do solo no município de Duque de Caxias. ... 46 
Figura 30. Área impermeável (%) X densidade populacional (pessoas/ha). A curva 
tracejada reflete a atualização da relação para a cidade de Porto Alegre. .................. 48 
Figura 31. Área de estudo delimitada ......................................................................... 59 
Figura 32. Demarcação das áreas consideradas permeáveis para estimativa da 
porcentagem de impermeabilização do solo na região de estudo ............................... 60 
Figura 33. Deposição úmida de nitrogênio em kg/ha.ano ........................................... 63 
Figura 34. Gráfico das normais climatológicas da cidade do Rio de Janeiro. ............. 64 
Figura 35. Solução proposta para área de estudo ...................................................... 68 
Figura 36. Representação esquemática da proposta ................................................. 70 
Figura 37. Representação esquemática do fluxo do escoamento .............................. 71 
Figura 38. Áreas potenciais para construção de bacias de detenção ......................... 72 
Figura 39. Ponto 3: Rua Leonel Gouvêia, Nova Iguaçu .............................................. 78 
Figura 40. Ponto 4: Rua Jacutinga, Nova Iguaçu ....................................................... 78 
Figura 41. Ponto 5: Rua Ernesto Regattieri, Nova Iguaçu .......................................... 79 
Figura 42. Ponto 6: Avenida Monte Líbano, Nova Iguaçu .......................................... 79 
Figura 43. Ponto 7: Rua Danilo, Belford Roxo ............................................................ 80 
Figura 44. Ponto 8: Avenida Joaquim da Costa Lima, Belford Roxo .......................... 80 
Figura 45. Ponto 9: Rua Padre Viêira, São João de Meriti ......................................... 81 
Figura 46. Ponto 12: Av. Francisco Faleiro de Freitas Lima, Duque de Caxias .......... 81 
Figura 47. Ponto 15: Rua Antônio Rodrigues Oliveira, Mesquita ................................ 82 
Figura 48. Ponto 16: Rua Nair, São João de Meriti .................................................... 82 
Figura 49. Rua Lider, Nova Iguaçu ............................................................................. 83 
Figura 50. Rua Gonçalves Dias, Nova Iguaçu ............................................................ 83 
Figura 51. Rua Santa Luzia, Nova Iguaçu .................................................................. 84 
 
 
 
 
 
 
xii 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1. Representatividade das classes de uso do solo da bacia do rio Iguaçu-
Sarapuí ....................................................................................................................... 39 
Tabela 2. Pontos selecionados para análise de imagens ........................................... 41 
Tabela 3. Dados demográficos dos municípios que ocupam a bacia do rio Iguaçu-
Sarapuí ....................................................................................................................... 49 
Tabela 4. Índices de atendimento aos serviços de abastecimento de água e 
esgotamento sanitário. ................................................................................................ 49 
Tabela 5. Taxas de cobertura do serviço de coleta domiciliar em relação à população 
urbana ........................................................................................................................ 51 
Tabela 6. Variáveis explicativas utilizadas nos modelos de regressão linear para 
estimativa da carga de poluentes nos escoamentos urbanos ..................................... 53 
Tabela 7. Coeficientes de regressão e fatores de conversão de unidades a serem 
aplicados nos modelos de regressão para volume e carga de poluentes.................... 55 
Tabela 8. Dados de entrada relativos à área de estudo. ............................................. 65 
Tabela 9. Faixa de valores das variáveis explicativas (em unidades inglesas) ........... 65 
Tabela 10. Dados de resposta relativos à área de estudo. ......................................... 67 
 
 
xiii 
LISTA DE NOMENCLATURA 
BCF – Fator de correção 
BMPs – Best Managment Practices 
CD - Cádmio recuperável total 
CU - Cobre recuperável total 
DA – Área de Drenagem 
DBO – Demanda bioquímica de oxigênio 
DP – Densidade populacional 
DQO – Demanda química de oxigênio 
DRN – Duração do evento 
EPA – US Environmental Protectional Agency 
ESD – Escoamento superficial direto 
ft³ – pés cúbicos 
GAW – Global Atmosphere Watch 
HPA’s – Hidrocarbonetos policíclios aromáticos 
𝐻𝑃𝑂4
2− – Hidrogenofosfato 
𝐻2𝑃𝑂4
−–Di-hidrogenofosfato 
𝐻3 𝑃𝑂4 – Ácido fosfórico 
IA – Área impermeável 
INT – Intensidade máxima da precipitação de 24 hs com tempo de retorno de 2 anos 
lbs – libras 
LUC – Uso do solo comercial 
LUI – Uso do solo industrial 
LUN – Uso do solo não urbano 
LUR – Uso do solo residencial 
MAR – Precipitação média anual 
MJT – Temperatura média mínima do mês de janeiro 
MNL –Carga média anual de Nitrogênio na precipitação 
N2 –Nitrogênio molecular 
NH3 – Amônia forma livre 
𝑁𝐻4
+ – Amônia ionizada 
𝑁𝑂2
− –Nitrito 
𝑁𝑂3
− – Nitrato 
NT – Nitrogênio total 
NKT – Nitrogênio Kjeldahl total 
O2 – Oxigênio 
PB – Chumbo recuperável total 
PCB’s –Bifenilas policloradas 
PD – Fósforo dissolvido 
PDBG – Programa de despoluição da Baía de Guanabara 
𝑃𝑂4
3− – Fosfato 
PT – Fósforo Total 
R² – Coeficiente de determinação múltipla 
REDUC – Refinaria de Duque de Caxias 
RUN – Volume de Runoff 
SAG – PC – Scientific Analysis Group for Precipitation Chemistry 
SD – Sólidos dissolvidos 
SR – Sensoriamento remoto 
SS –Sólidos em suspensão 
TRN – Total precipitado por evento 
UC – Unidade de conservação 
WMO – World Meteorological Organization 
ZN –Zinco recuperável total 
1 
1 Introdução 
O desenvolvimento industrial e o vertiginoso crescimento populacional 
intensificaram a exploração dos recursos naturais e o processo de degradação 
ambiental. Atualmente, as populações dos grandes centros urbanos enfrentam 
problemas não apenas relacionados à oferta reduzida de água, mas, sobretudo à 
escassez qualitativa da água. A concentração populacional resulta na maior produção 
de resíduos que associada à ineficiência dos serviços de saneamento básico contribui 
para o aumento da poluição ambiental. Paralelamente, o crescimento desordenado 
das cidades é também responsável pela deterioração da qualidade das águas, na 
medida em que a expansão da cobertura impermeável acarreta no aumento e 
aceleração dos escoamentos superficiais que carreiam consigo poluentes, 
depositados nos cursos d’água. 
De modo geral, os agentes poluidores podem atingir o corpo d’água de forma 
pontual ou difusa. As fontes pontuais são oriundas de ações localizadas e 
caracterizam-se por uma descarga concentrada em um ponto, como o lançamento de 
esgotos domésticos ou industriais. Já a poluição difusa alcança o corpo d’água de 
forma distribuída ao longo da sua extensão, como a drenagem pluvial urbana e o 
aporte de agrotóxicos e fertilizantes utilizados em culturas agrícolas. Em áreas 
urbanas,as águas pluviais constituem fontes de poluição significativas quanto maior a 
deficiência da coleta de esgotos e da limpeza pública, enquanto nas áreas rurais a 
poluição difusa é devida à drenagem de solos agrícolas, portanto associada a 
sedimentos, nutrientes e defensivos agrícolas. 
A universalização dos serviços de saneamento básico ainda é um desafio para 
o Brasil. Índices revelam que, em 2010, 35% da população contava com soluções 
inadequadas1 para o afastamento de seus esgotos, enquanto que do percentual 
atendido por redes coletoras apenas metade recebia algum tipo de tratamento 
(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2014). Tal cenário associado ao fato de que as fontes 
pontuais são mais facilmente identificadas e controladas pode vir a justificar a maior 
atenção que tem sido dada ao controle dessa forma de poluição. Apesar de 
importantes modificadores da qualidade das águas, as fontes de poluição difusa têm 
sido sistematicamente esquecidas e relegadas a segundo plano. 
A poluição por cargas difusas pode ter início com o arraste dos poluentes 
atmosféricos pela chuva que ao atingir a superfície escoa e transporta consigo os 
poluentes dispostos sobre o solo até o lançamento final no corpo receptor. Esse 
 
1
 Categoria em que estão incluídos os domicílios sem banheiro ou sanitário e o lançamento de 
esgoto em fossas rudimentares, corpos d’água ou outro escoadouro. 
2 
processo, portanto, tem origem no ciclo hidrológico e é um fenômeno aleatório como o 
evento responsável pela sua ocorrência (PRODANOFF, 2005). Ainda, a poluição 
difusa é de difícil quantificação, uma vez que depende de diversos fatores, como a 
intensidade e duração das precipitações; o tipo de solo; a topografia do terreno e os 
usos do solo. 
Como forma de contornar as dificuldades que permeiam a quantificação da 
poluição difusa, foram desenvolvidos nos Estados Unidos, métodos empíricos para 
estimar a magnitude das cargas de poluentes carreados nos escoamentos superficiais 
em bacias hidrográficas urbanizadas. Diante da ausência de dados de medição direta, 
tais métodos podem ser utilizados com o propósito de realizar estimativas e dar 
suporte ao planejamento de ações de controle da poluição difusa. Este trabalho tem 
como objetivo quantificar o volume e a carga de poluentes nos escoamentos 
superficiais gerados em uma área de estudo no município de Nova Iguaçu, através da 
utilização de modelos regressivos. Vale destacar que os resultados do presente 
trabalho constituem apenas uma análise preliminar, uma vez que são utilizados 
coeficientes regressivos desenvolvidos para bacias urbanizadas americanas, dada a 
ausência de um modelo regional aplicável. 
O estudo concentrou-se em uma área pertencente à bacia do rio Iguaçu-
Sarapuí, que está localizada na porção oeste da rede hidrográfica da Baía de 
Guanabara e que constitui uma área crítica em relação à degradação ambiental. A 
área de drenagem da bacia abrange totalmente os municípios de Belford Roxo e 
Mesquita e parte dos municípios do Rio de Janeiro; Nilópolis; São João de Meriti; Nova 
Iguaçu e Duque de Caxias, todos integrantes da Região Metropolitana do Rio de 
Janeiro. 
O histórico de degradação da área de drenagem da bacia pode ser atribuído à 
alta concentração industrial e, sobretudo à refinaria de petróleo de Duque de Caxias 
(REDUC), localizada na margem esquerda do rio Iguaçu e que atualmente ocupa 
grande parte da área de ocorrência natural do primitivo manguezal. Destaca-se que 
muitas das indústrias da região foram consideradas prioritárias para o Programa de 
Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG2) devido ao desenvolvimento de atividades 
potencialmente poluidoras. Junto à foz, está localizado o antigo lixão de Gramacho, 
que recebia os resíduos de cinco municípios da Baixada Fluminense até o 
encerramento de sua operação em 2012, e que atualmente constitui um grande 
 
2
 O PDBG foi concebido no início da década de 90, para elevar as condições sanitárias e 
ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com impacto positivo na qualidade de 
vida da população local, tendo como via de consequência a despoluição da Baía de Guanabara 
e áreas adjacentes. 
 
3 
passivo ambiental. Adicionalmente, grande parte da população residente não é 
atendida adequadamente pelos serviços de saneamento, principalmente de esgotos e 
de coleta de resíduos. 
No presente trabalho será realizada uma contextualização acerca da poluição 
difusa de origem pluvial, desde a origem dos poluentes carreados até as formas mais 
comuns de controle (Capítulo 2). Após a caracterização física e demográfica da bacia 
do rio Iguaçu-Sarapuí, destaque especial será dado para as formas de uso e ocupação 
do solo e para a impermeabilização da superfície, fatores essenciais para análise dos 
escoamentos produzidos em uma dada área (Capítulo 3). A partir da utilização de 
modelos regressivos (Capítulo 4) segue uma avaliação quantitativa da poluição difusa 
produzida na região estudada e a proposição de medida de controle (Capítulo 5). E, 
por fim, as considerações finais do estudo encontram-se no Capítulo 6. 
1.1 Objetivos 
O objetivo geral do presente trabalho é realizar estimativas preliminares do 
volume e das cargas de poluentes carreados nos escoamentos superficiais gerados 
em uma determinada área no município de Nova Iguaçu, localizado na bacia do rio 
Iguaçu-Sarapuí. Tal quantificação é feita através da utilização de modelos de 
regressão múltipla desenvolvidos por DRIVER e TASKER (1990) com base em 
características físicas, de uso do solo e climáticas. 
Dentre os objetivos específicos destacam-se: 
 Abordar as águas pluviais como fonte de introdução de agentes poluentes nos 
corpos d’água; 
 Estimar o volume de escoamento superficial gerado por um evento de 
precipitação efetiva de meia polegada; 
 Estimar as cargas de DQO; sólidos suspensos; nitrogênio total; NKT; fósforo 
total e dissolvido; cobre recuperável total; chumbo recuperável total e zinco 
recuperável total presentes no escoamento; 
 Propor solução local para o controle da poluição difusa; e 
 Discutir a importância da implantação de sistemas de monitoramento das 
águas pluviais e do desenvolvimento de modelos regionais. 
 
4 
2 Conceitos e Noções Básicas 
2.1 Água na Natureza 
Estima-se que o volume total de água existente no planeta seja de 1.386.000 
m³ distribuídos conforme apresentado na Figura 1. 
 
Figura 1. Distribuição da água na Terra e distribuição da água doce no mundo. 
Fonte: VIEIRA, COSTA, BARRÊTO (2006) 
A água de fácil acesso encontrada nos rios, lagos e represas representa uma 
parcela ínfima do total de água doce do planeta, o que ressalta a grande importância 
de se preservarem os recursos hídricos na Terra, e de se evitar a contaminação da 
pequena fração disponível (VON SPERLING, 2005). 
Os recursos hídricos superficiais no Brasil representam 50% do total dos 
recursos da América do Sul e 11% dos recursos mundiais, totalizando 168.870 m³/s 
(CUTOLO, 2009). No entanto, a distribuição desses recursos não é uniforme 
geograficamente, a exemplo das limitações de disponibilidades no Nordeste e dos 
excessos de água na Amazônia. 
Os mecanismos de transferência da água de um meio para outro na Terra 
constituem o denominado ciclo hidrológico. A água é considerada, portanto, um 
recurso natural renovável por meio do ciclo hidrológico. 
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da 
Terra. Após atingir a superfície, a água tem dois caminhos por onde seguir: escoar na 
superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo 
deslocamento da água sobre o terreno, formando córregos, lagos e rios e 
5 
eventualmente atingindo o mar. A infiltração, por sua vez, corresponde à água que 
atinge o solo, formando os lençóisd’água. O escoamento subterrâneo é responsável 
pela recarga dos corpos d’água superficiais, especialmente nos períodos secos. 
A transferência da água para o meio atmosférico se dá através de dois 
principais mecanismos, conjuntamente denominados de evapotranspiração, a saber: a 
evaporação e a transpiração. A evaporação consiste na transferência da água 
superficial do estado líquido para o gasoso e depende da temperatura e da umidade 
relativa do ar. Já a transpiração compreende a perda de água na forma de vapor 
através das folhas. 
2.2 Parâmetros de Qualidade das Águas 
A Lei 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e 
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 
Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por : 
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades 
que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d)afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente 
e)lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
A poluição das águas pode ainda ser definida de forma mais prática e genérica 
como a adição de substâncias ou de formas de energia que, direta ou indiretamente, 
alterem a natureza do corpo d’água de uma maneira tal que prejudique os legítimos 
usos que dele são feitos (VON SPERLING, 2005). 
O grau de poluição das águas é definido a partir das impurezas contidas nelas. 
Os diversos componentes presentes na água e que podem vir a alterar seu grau de 
pureza são retratados em termos das suas características físicas, químicas e 
biológicas. As características físicas estão associadas ao tamanho dos sólidos 
presentes na água que podem ser classificados em suspensos, coloidais e dissolvidos. 
Já as características químicas dividem as partículas sólidas em inorgânicas e 
orgânicas, assim os sólidos voláteis representam uma estimativa da fração orgânica, 
enquanto os sólidos fixos ou inertes constituem a parcela inorgânica ou mineral. Os 
6 
seres presentes na água podem ser vivos ou mortos, sendo os seres vivos 
pertencentes aos reinos animal, vegetal e protista. 
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros 
que traduzem as suas principais características. Dessa forma os parâmetros de 
qualidade da água podem ser divididos em físicos, químicos e biológicos. Os principais 
parâmetros físicos de qualidade das águas são: cor; turbidez; sabor e odor e 
temperatura. Já os químicos são: pH (acidez e alcalinidade);dureza; ferro e manganês; 
cloretos; nitrogênio; fósforo; oxigênio dissolvido; matéria orgânica e micropoluentes 
orgânicos e inorgânicos. Finalmente, a qualidade biológica da água está intimamente 
ligada à possibilidade de transmissão de doenças, ou seja, à presença de organismos 
patogênicos. A determinação da potencialidade de uma água transmitir doenças pode 
ser efetuada de forma indireta através dos organismos indicadores de contaminação 
fecal pertencentes, principalmente, ao grupo dos coliformes. 
A seguir serão analisados os parâmetros de qualidade da água relevantes para 
o presente trabalho, a saber: turbidez; cor; nitrogênio; fósforo; matéria orgânica e 
micropoluentes inorgânicos. 
2.2.1 Cor e Turbidez 
A coloração da água está relacionada à concentração de sólidos dissolvidos. 
Os despejos de esgotos domésticos e os resíduos industriais de tinturarias, de 
tecelagem e da produção de papel, que podem apresentar ou não toxicidade, são as 
principais fontes antropogênicas de sólidos dissolvidos. 
A turbidez confere uma aparência turva à água pela presença de sólidos em 
suspensão (SS) e pode reduzir a penetração da luz e prejudicar a atividade 
fotossintética ao longo da coluna d’água. Dentre as fontes antropogênicas de SS 
destacam-se os despejos domésticos e industriais e os processos erosivos. 
2.2.2 Nitrogênio 
No meio aquático, o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes formas: 
nitrogênio molecular (𝑁2) que pode escapar para a atmosfera; nitrogênio orgânico 
(dissolvido e em suspensão); amônia (na forma livre - 𝑁𝐻3 ou ionizada - 𝑁𝐻4
+); nitrito 
(𝑁𝑂2
−) e nitrato (𝑁𝑂3
−) (VON SPERLING, 2005). O nitrogênio nas formas orgânica e 
amoniacal é conhecido como nitrogênio Kjeldahl total (NKT). 
Geralmente o nitrogênio é introduzido no corpo hídrico sob a forma orgânica, 
ou seja, complexado ao carbono. Após esse ser degradado o nitrogênio é liberado e 
convertido à forma amoniacal. Esse processo é seguido pela nitrificação parcial, que 
7 
consiste na oxidação do nitrogênio amoniacal a nitrito por bactérias autotróficas, as 
Nitrossomas. Outro gênero de bactérias, Nitrobacter, é responsável pela oxidação do 
nitrito a nitrato, resultando na nitrificação total. Em ambiente anóxico, ou seja, na 
ausência de oxigênio, as bactérias heterotróficas presentes no meio utilizam o nitrato 
em seu processo respiratório convertendo-o a nitrogênio molecular, processo 
conhecido como desnitrificação. 
As origens antropogênicas de nitrogênio podem ser atribuídas aos despejos 
domésticos e industriais; à deposição atmosférica decorrente da emissão de 
compostos de nitrogênio por veículos e chaminés; ao excremento de animais e aos 
fertilizantes empregados na agricultura. No meio urbano são utilizadas altas doses de 
fertilizantes, principalmente no inverno, a fim de exaltar a coloração verde dos jardins e 
gramados. 
Uma definição mais aprofundada acerca da presença de nitrogênio no meio 
aquático se faz necessária, pois ele é um elemento indispensável para o crescimento 
de algas. Sendo assim, a presença de tal nutriente em elevadas concentrações em 
ambientes aquáticos, principalmente lênticos como é o caso da Baía de Guanabara, 
pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos, originando um 
processo denominado eutrofização. 
Adicionalmente, o nitrogênio nos processos bioquímicos de conversão de 
amônia a nitrito e deste a nitrato, forma do nutriente que as algas assimilam para seu 
crescimento, implica no consumo de oxigênio dissolvido no meio. Quando esse 
processo ocorre a taxas aceleradas há uma diminuição acentuada de oxigênio no 
meio, o que pode afetar a vida aquática. Por fim, o nitrogênio na forma de amônia livre 
é extremamente tóxico aos peixes. 
2.2.3 Fósforo 
O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato, 
polifosfato (moléculas mais complexas com dois ou mais átomos de fósforo) e fósforo 
orgânico, quando complexado à matéria orgânica. O fósforo sob a forma de ortofosfato 
encontra-se disponível para o metabolismo biológico sem necessidade de conversões 
a formas mais simples, ou seja, é a forma do nutriente reativa que pode ser assimilada 
pelas algas. Os ortofosfatos podem se apresentar na água como: 𝑃𝑂4
3−·; 𝐻𝑃𝑂4
2−; 
𝐻2 𝑃𝑂4
− e 𝐻3 𝑃𝑂4 (VON SPERLING, 2005). 
As origens antropogênicas de fósforo podem ser atribuídas aos despejos 
domésticos e industriais; ao excremento de animais; aos fertilizantes empregados na 
8 
agricultura; aos aditivos para óleo de motor de veículos e, sobretudo aos detergentes 
utilizados para limpeza. 
A análise da quantidade de fósforo que é introduzido no corpo hídrico é de 
fundamental importância, pois este é um elemento não só indispensável como também 
limitante para o crescimento de algas. Assim como mencionado para o nitrogênio, a 
alta concentração de fósforo no corpo d’água ocasiona um aumento acentuado da 
biomassa pelo crescimento das algas, num processo denominado eutrofização. Esse 
processo manifesta-se pela diminuição dos teores de oxigênio dissolvido na água; por 
condições anóxicas junto ao fundo do corpo d’água; episódios de mortandade de 
peixes e alterações estéticas. 
2.2.4 Matéria Orgânica 
As origens antropogênicas da matériaorgânica são atribuídas aos despejos 
domésticos e industriais. A quantificação da matéria orgânica é realizada de forma 
indireta a partir de dois parâmetros, a saber: DQO e DBO. A DQO ou demanda 
química de oxigênio é expressa em mg de 𝑂2 por litro de amostra analisada e indica o 
consumo de oxigênio ocorrido em função da oxidação química da matéria orgânica 
presente na amostra através de um forte oxidante (usualmente o dicromato de 
potássio em meio ácido). Já a DBO ou demanda bioquímica de oxigênio também é 
expressa em mg de 𝑂2 por litro de amostra analisada e indica a quantidade de 
oxigênio requerida para estabilizar a matéria orgânica através de processos 
bioquímicos, ou seja, revela a fração biodegradável da matéria orgânica. 
A matéria orgânica presente nos corpos d’água é de primordial importância, 
pois é responsável pelo consumo do oxigênio dissolvido na água pelos 
microrganismos decompositores. Logo, o teor de matéria orgânica é um indicativo do 
potencial de consumo do oxigênio dissolvido e a DBO e DQO são parâmetros 
fundamentais para a caracterização do grau de poluição de um corpo d’água. 
2.2.5 Micropoluentes Inorgânicos 
Os micropoluentes inorgânicos são caracterizados como os metais (arsênio, 
cádmio, cromo, chumbo entre outros); cianetos; flúor e outros compostos. Eles são 
originados em atividades antropogênicas como a mineração, garimpo e agricultura e 
podem alcançar os corpos hídricos através dos despejos industriais. 
A presença de micropoluentes inorgânicos é nociva aos ecossistemas 
aquáticos e prejudica o uso dos corpos d’água receptores para abastecimento 
humano, irrigação e recreação. A análise desse parâmetro químico é justificada, uma 
9 
vez que, grande parte desses poluentes é tóxica, com destaque para os metais 
solúveis em água. Vários desses metais se concentram na cadeia alimentar, 
resultando em um grande risco para os organismos situados em níveis tróficos 
superiores. 
Os metais que aparecem com maior frequência e que são quantificados como 
constituintes dos escoamentos superficiais no presente trabalho são: cromo; chumbo; 
cádmio e zinco. Eles estão presentes nas tintas, materiais galvanizados e tubulações 
metálicas, porém são mais recorrentemente associados à circulação de veículos 
automotores. 
Após a apresentação dos parâmetros de qualidade da água mais relevantes e 
detendo-se o presente trabalho na análise dos escoamentos superficiais em 
ambientes urbanos são descritas, a seguir, as principais alterações causadas pela 
urbanização sobre a oferta e qualidade dos recursos hídricos. 
2.3 Impactos da Urbanização sobre uma Bacia Hidrográfica 
A urbanização acelerada vem sendo acompanhada da redução da 
disponibilidade de recursos hídricos e da deterioração da qualidade dos mesmos. Os 
impactos ambientais resultantes do uso e ocupação do solo acarretam também na 
degradação da qualidade de vida da população, trazendo diversos tipos de problemas 
a serem enfrentados, tais como: dificuldades para captação de água com qualidade 
adequada para o abastecimento; aumento dos custos com tratamento de água e 
esgoto; escassez de água para seus diversos usos e doenças de veiculação hídrica. 
O desenvolvimento das cidades, através da substituição da cobertura vegetal 
por superfícies impermeáveis, alterou o balanço hídrico das áreas urbanizadas ao 
reduzir drasticamente a interceptação e a infiltração. A superfície urbana não retém 
água como a vegetação, o que reduz a evapotranspiração, ao mesmo tempo em que 
bloqueia a infiltração de água no solo, diminuindo os níveis dos lençóis freáticos e 
consequentemente a recarga dos rios em períodos de estiagem (Figura 2). Dessa 
forma, o que deixa de infiltrar permanece na superfície, aumentando o volume e a 
velocidade do escoamento superficial. De fato, SCHUELER (1987) verificou que o 
aumento do coeficiente volumétrico de runoff3 é proporcional à área impermeável, 
conforme apresentado na Figura 3. 
 
 
3
 Coeficiente de runoff é definido como a razão entre o volume de água escoado 
superficialmente e o volume de água precipitado 
10 
 
Figura 2. Alterações hidrológicas devido à urbanização 
Fonte: TUCCI, PORTO, BARROS (1995) 
 
Figura 3. Relação entre área impermeável e o coeficiente de runoff 
Fonte: TOMAZ (2006) 
11 
O aumento do volume de água escoado associado às ocupações marginais 
são fatores de grande influência no incremento de inundações no meio urbano (Figura 
4). Isso porque o equilíbrio natural existente nos cursos d’água para extravasamento 
das cheias é rompido pela construção de avenidas, loteamentos ou assentamentos 
informais nas áreas de várzeas de córregos e rios. 
 
Figura 4. Desenvolvimento urbano e cheias urbanas 
Fonte: SMDU (2012) 
A retificação de meandros naturais dos rios e a expansão de áreas 
impermeáveis, decorrentes do processo de urbanização, contribuem para o aumento 
da velocidade do escoamento superficial. Taxas aceleradas de escoamento superficial 
potencializam a capacidade da água de remover partículas do solo e poluentes 
associados a ele, transportando-os e depositando-os mais a jusante. Na Figura 5 
encontram-se sintetizados os efeitos da urbanização no aumento das inundações e da 
poluição das águas. 
12 
 
Figura 5. Efeitos da urbanização 
Fonte: SMDU (2012) 
Dessa forma, entende-se que o impacto devido à urbanização se dá nos cursos 
d’água onde são lançadas as águas pluviais e a jusante, quando tais águas são 
encaminhadas para outros rios. 
2.4 Poluição Difusa de Origem Pluvial 
Existem duas formas pelas quais a carga poluidora atinge o corpo hídrico: 
pontual e difusa. A primeira é decorrente de ações pontuais e localizadas, como uma 
cidade que lança seu efluente num corpo d’água através de uma única tubulação. 
A segunda, denominada poluição difusa, alcança os rios, lagoas, baías, etc., 
distribuída ao longo das margens, não se concentrando em um único local como é o 
caso da poluição pontual. TOMAZ (2006) exemplifica a poluição difusa como aquela 
13 
proveniente das chuvas sobre uma cidade, que molham os telhados, os jardins, as 
ruas, etc, levando consigo poluentes urbanos para os cursos d’água. 
 Pode-se caracterizar a poluição difusa a partir das seguintes condições (TOMAZ, 
2006): 
 O lançamento da carga poluidora ocorre em intervalos intermitentes e está 
associada, em sua maioria, à precipitação; 
 Os poluentes são transportados a partir de extensas áreas; 
 A origem desse tipo de poluição é de difícil identificação o que impossibilita o 
seu monitoramento; 
 O controle da poluição deve incluir ações sobre a área geradora da carga, e 
não somente o controle do efluente quando lançado; e 
 A carga poluidora varia de acordo com intensidade e duração do evento 
meteorológico, o tamanho da área da bacia e outros fatores que dificultam o 
estabelecimento da correlação vazão x carga poluidora. 
A característica mais marcante da poluição de origem difusa talvez possa ser 
atribuída à grande variabilidade da concentração de poluentes presentes quando do 
lançamento da drenagem urbana nos corpos d’água. As concentrações variam em 
ordens de magnitude entre bacias hidrográficas, entre diferentes eventos de 
precipitação e, também, ao longo de um mesmo evento (PORTO, 1995). A poluição 
por cargas difusas é, portanto, um fenômeno aleatório como o evento hidrológico 
responsável pela sua ocorrência, justificando assim as incertezas existentes acerca da 
poluição gerada pelos escoamentos superficiais e os desafios enfrentados para o seu 
controle (PRODANOFF, 2005). 
A poluição por cargas difusas pode ser dividida basicamente em duas 
categorias: urbana e rural. Na área rural, as fontes são, em sua maioria, as atividades 
agrícolas, ou seja, a aplicação de agroquímicos como pesticidas, fertilizantes, entre 
outras substâncias empregadas nas lavouras e plantações. Jána área urbana ela tem 
origem no escoamento superficial que carrega poluentes depositados de forma 
esparsa sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica. A poluição difusa é, 
portanto, um dos maiores problemas enfrentados no meio ambiente urbano, causando 
impactos extensivos sobre a qualidade das águas e constituindo um fator 
extremamente impactante para seus diferentes usos na cidade. Assim, o presente 
trabalho se deterá na análise dos escoamentos superficias em meio urbano. 
Os principais poluentes carreados pela drenagem urbana são sedimentos; 
matéria orgânica; bactérias; metais; hidrocarbonetos provenientes do petróleo; tóxicos, 
como os pesticidas e poluentes do ar (ELLIS, 1986). A carga poluidora depende do 
14 
tipo e do uso do solo; de características hidrológicas e topográficas; cobertura vegetal; 
estação do ano; eficiência na limpeza das ruas, entre outros fatores (SILVA, 2003). 
É fundamental conhecer qualitativamente as prováveis fontes desses poluentes 
a fim de avaliar o seu potencial poluidor, os dispositivos de controle que podem ser 
utilizados para desviá-los antes que atinjam o corpo receptor, bem como concentrar 
esforços nas áreas problemáticas. 
2.5 Fontes Potenciais de Poluentes Carreados Pelos Escoamentos 
Superficiais em Meio Urbano 
Destacam-se como principais fontes de cargas difusas em meio urbano: a 
deposição atmosférica; a acumulação de poluentes nas ruas, pela disposição 
inadequada de lixo, pelo desgaste da pavimentação entre outros; derramamentos 
químicos e, finalmente, a erosão. 
2.5.1 Deposição Atmosférica 
Os poluentes do ar depositam-se sobre telhados, ruas e demais superfícies da 
área urbana, resultando na chamada deposição seca. A chuva "lava" essas superfícies 
e, assim, tais poluentes são transportados até os corpos d'água. Os poluentes podem 
então ser carreados pelo escoamento superficial, após sua deposição seca, ou podem 
ser trazidos pela própria chuva, processo denominado de deposição úmida. Nesse 
caso, gases e partículas presentes na atmosfera dissolvem-se ou são arrastados pela 
água da chuva e trazidos ao solo. 
As principais fontes de poluição do ar podem ser atribuídas à indústria, dita 
fonte fixa e aos veículos, as fontes móveis. Enquanto os veículos são responsáveis 
principalmente pela emissão de óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e 
hidrocarbonetos voláteis, as indústrias liberam principalmente material particulado e 
óxidos de enxofre. Talvez, o problema mais importante associado à poluição 
atmosférica, no que se refere às cargas difusas, seja a chamada chuva ácida, isto é, a 
diminuição do pH da água da chuva. Em locais com concentrações elevadas de 
dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, esses se combinam com o vapor d’água e 
formam os ácidos sulfúrico e nítrico, que reduzem o pH da chuva que irá se depositar 
nas superfícies. A chuva ácida altera o ecossistema aquático, diminuindo, por 
exemplo, a população de peixes, além de prejudicar a vegetação. 
A figura a seguir mostra a emissão de gases na RECUC. 
15 
 
Figura 6. Emissão de gases na REDUC 
Fonte: Disponível em: <http://www.oserrano.com.br/view.asp?tipo=Local&id=33053>. Acesso 
em: 05/11/2015. 
2.5.2 Acumulação de Poluentes nas Superfícies Urbanas 
 A representação esquemática do processo de acumulação de poluentes nas 
ruas pode ser visualizada na Figura 7. Entre os principais poluentes estão incluídos: 
resíduos do desgaste da pavimentação; vazamentos e resíduos deixados por veículos; 
restos de vegetação; partículas de solo como areia e argila; dejetos de animais e lixo 
(NOVOTNY e CHESTERS, 1981). Esses materiais acumulam-se junto às guias e 
sarjetas constituindo fontes de poluentes que irão compor os escoamentos superficiais 
urbanos. 
 
Figura 7. Principais processos responsáveis pelo acúmulo de poluentes nas ruas. 
Fonte: NOVOTNY e CHESTERS (1981) 
http://www.oserrano.com.br/view.asp?tipo=Local&id=33053
16 
 É usual que pedaços de asfalto, partículas de cimento e de qualquer outro 
material utilizado na pavimentação das ruas soltem-se, devido ao desgaste e sejam 
carreados pela chuva. Contribuem para um maior desgaste as condições 
meteorológicas e o estado de conservação do pavimento. 
Já os veículos contribuem com o derrame de combustível; óleo lubrificante; 
fluído de freio; líquido refrigerante; partículas oriundas do desgaste de freios e pneus; 
ferrugem; partículas de tinta e componentes quebradas que se soltam e se depositam 
no pavimento. Apesar da quantidade pouco significativa de materiais que são 
depositados pelos veículos, eles merecem especial atenção por apresentarem 
potencial poluidor considerável. Vale destacar que esses poluentes são em geral 
compostos por metais, ou seja, são tóxicos, logo potencialmente prejudiciais à vida 
aquática. 
O lixo depositado nas ruas dos centros urbanos tem composição heterogênea 
e variável podendo ser composto por: embalagens; matéria orgânica como cascas de 
fruta; dejetos de animais; folhas secas; grama cortada e lixos deixados por descuido 
na coleta. A quantidade de lixo deixada nas ruas depende da densidade de ocupação 
da área, do movimento de pedestres e de veículos e, principalmente, da educação da 
população (Figura 8). 
 
Figura 8. Acúmulo de lixo em Duque de Caxias. 
Fonte: Disponível em:< http://1.bp.blogspot.com/-
uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jp
g,>. Acesso em: 30/05/2016. 
Ademais, a vegetação constituída por folhas; grama; galhos e outros tipos de 
plantas que caem ou são depositados pode ser carreada pelas águas da chuva. Ainda 
sujeira e partículas do solo, como areia e argila contribuem para compor os 
escoamentos superficiais em meio urbano. 
http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg
17 
 Os vazamentos causados pelas redes de esgotos deficientes constituem uma 
fonte de poluentes significativa em função de sua carga orgânica. Esses vazamentos e 
contaminações indesejadas estão intimamente associados a doenças de veiculação 
hídrica. 
2.5.3 Derramamentos Químicos 
As substâncias tóxicas mais frequentes como componentes da poluição difusa 
urbana são: metais pesados, pesticidas organoclorados e bifenilas policloradas 
(PCB's) (MARSALEK, 1986). Esses poluentes tóxicos são originados de 
derramamentos químicos, como os resíduos oleosos de postos de gasolina ou de 
despejos nas sarjetas de produtos como tintas; solventes; óleo lubrificante e veneno. 
Os PCB’s, apesar de terem seu comércio, importação e produção proibidos 
desde os anos 80, ainda estão presentes no ambiente devido à sua alta persistência e 
podem ser carreados pelas águas da chuva. 
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s) são substâncias a base de 
petróleo que podem ser cancerígenas e tóxicas e estão frequentemente presentes nas 
águas pluviais. Já os pesticidas organoclorados, utilizados no controle de insetos e 
pragas, são empregados em menores quantidades no meio urbano, usualmente em 
jardins e parques. Apesar disso são altamente tóxicos, persistentes e acumulam-se na 
cadeia alimentar, sendo, portanto uma fonte de poluição que merece atenção. 
Na figura a seguir é possível visualizar o acúmulo de um efluente oleoso e 
supostamente tóxico vindo de uma oficina mecânica. O mal estado de conservação do 
pavimento favorece o empoçamento desse resíduo que será carreado pelos 
escoamentos superficiais. 
18 
 
Figura 9. Acúmulo de resíduo oleoso vindo de uma oficina mecânica na rua Terezinha Pinto, 
em Nova Iguaçu. 
Fonte: GOOGLE (2016). 
 
2.5.4 Erosão 
Conforme descrito no item 2.3, a urbanização acarreta em taxas aceleradas de 
erosão, em funçãodo aumento do volume e principalmente da velocidade dos 
escoamentos superficiais. Esse processo é intensificado nos locais onde se instalam 
novos empreendimentos, em abertura de novas avenidas, novos loteamentos etc. A 
erosão depende das características do solo; do clima; da topografia e outros. Maiores 
taxas de erosão significam maiores arrastes e, portanto, maiores quantidades de 
sedimentos que serão introduzidos nos cursos d’água. Na Figura 10 é apresentada 
uma rua localizada em Duque de Caxias logo após um evento de chuva intensa. A 
turbidez da água indica a alta carga de SS carreada pelos escoamentos. 
19 
 
Figura 10. Rua após chuva intensa em Duque de Caxias em fevereiro de 2016. 
Fonte: Disponível em: <httpoglobo.globo.comriochuvas-causam-estragos-na-baixada-
fluminense-na-regiao-serrana-3552508>. Acesso em: 01/08/2016. 
O sedimento trazido pelo escoamento superficial urbano tende a se depositar 
no fundo do leito do corpo d’água receptor, acarretando em problemas diversos, 
dentre eles: a diminuição da capacidade de escoamento através da alteração das 
características hidráulicas do meio, a deterioração do seu aspecto estético pelo 
aumento da turbidez da água e a alteração da população dos organismos que vivem 
junto ao fundo, uma vez que o depósito de sedimentos pode afetar locais de 
reprodução e fonte de alimento dessas espécies. Adicionalmente, muitos poluentes 
têm forte afinidade com os SS, dessa forma, metais; poluentes orgânicos; nutrientes e 
organismos patogênicos podem estar adsorvidos aos sólidos introduzidos no corpo 
hídrico. 
2.6 Impactos Causados pelas Cargas Difusas Sobre a Qualidade 
do Corpo Hídrico 
Os impactos causados pelo lançamento dos escoamentos superficiais nos 
corpos d’água incluem: alterações estéticas, no pH e temperatura do meio; demanda 
por oxigênio decorrente do aporte de matéria orgânica e nutrientes; introdução de 
sólidos em suspensão e dissolvidos, organismos patogênicos, metais e compostos 
orgânicos, sejam naturais ou sintéticos. Esses impactos podem interagir em diversos 
graus de formas antagônicas, aditivas ou por sinergia, afetando a vida aquática 
(PRODANOFF, 2005). 
20 
É importante destacar que a magnitude do impacto causado pelo lançamento 
da drenagem urbana depende de fatores como o estado do corpo d’água antes do 
lançamento; sua capacidade assimilativa e, ainda, da quantidade e distribuição das 
chuvas; uso do solo na bacia; tipo e quantidade de poluente arrastado. De forma geral, 
a introdução de cargas difusas gera modificações que produzem impactos negativos 
diversos, com consequências a curto e a longo prazo sobre o ecossistema aquático. 
Os vários impactos e seus respectivos prazos de atuação podem ser visualizados na 
Figura 11. 
 
Figura 11. Escala de tempo para ocorrência dos problemas causados pelo lançamento da 
drenagem urbana 
 Fonte: HVITVED-JACOBSEN (1986) 
A introdução de SS carreados pelos escoamentos superficiais no corpo 
receptor pode ser considerado um impacto de curto prazo na medida em que provoca 
alterações nas condições hidrodinâmicas do meio e na biota devido a mudanças dos 
habitats. Esse impacto, no entanto, pode ainda causar reflexos em longo prazo em 
função da capacidade das partículas sólidas de adsorverem outros poluentes e 
sedimentarem no fundo dos leitos, conforme descrito no item anterior. 
Um impacto relevante para a saúde da população que se utiliza das águas do 
corpo receptor para múltiplos fins é a contaminação por organismos patogênicos. A 
presença de Escherichia Coli 4nas águas de drenagem urbanas pode ocorrer devido 
ao vazamento de fossas sépticas e redes de esgoto deficientes ou aos dejetos de 
animais acumulados na superfície. Embora a contaminação indicada pela presença de 
 
4
 E. Coli é o organismo predominante no grupo de coliformes termotolerantes e utilizado como 
indicador de contaminação fecal por estar presente exclusivamente no trato digestório do 
homem e animais. 
21 
organismos de origem fecal seja um impacto de curto prazo, visto que a morte dessas 
bactérias ocorre de forma relativamente rápida quando livres na água, sabe-se que 
elas são adsorvidas no sedimento e podem vir a constituir o lodo de fundo, onde 
encontram um ambiente propício para sua sobrevivência: proteção contra os raios 
solares e alto teor de nutrientes. 
A depleção da concentração de oxigênio no meio aquático ameaça a 
sobrevivência de peixes e organismos aquáticos sensíveis e pode ser considerado um 
impacto de curto prazo, uma vez que, resulta da degradação da matéria orgânica e da 
oxidação de compostos presentes nos volumes escoados. Ainda, no ponto de 
lançamento de efluentes ocorre a ressuspensão de sedimentos, que são retirados das 
camadas anóxicas mais profundas e expostos à biodegradação e à oxidação, 
reduzindo ainda mais a concentração de oxigênio dissolvido no meio. Já o afluxo de 
nutrientes ao corpo receptor desencadeia um processo denominado eutrofização, 
anteriormente apresentado (Item 2.2.3). É, portanto um impacto de longo prazo, tanto 
no que se refere ao tempo necessário para que comece a afetar o ecossistema, como 
no tempo necessário para sua correção. 
O impacto causado pela introdução de substâncias tóxicas no meio aquático é 
de curto prazo quando avaliado pelos índices de mortalidade de seres aquáticos 
provocada após seu lançamento. Vários poluentes tóxicos sofrem a chamada 
bioacumulação, ou ampliação biológica, fenômeno que leva ao aumento da 
concentração da substância tóxica no tecido dos organismos nos níveis mais elevados 
da cadeia alimentar. A ingestão desses organismos pelo homem pode causar graves 
danos à saúde. Ainda, muitos deles acumulam-se no sedimento, o que pode tornar a 
sua permanência no ecossistema bastante longa, constituindo-se em um impacto de 
longo prazo. 
2.7 O Controle da Poluição Difusa 
As BMPs (Best Management Practices) podem ser traduzidas como melhores 
técnicas ou práticas de gerenciamento, ou ainda, medidas ótimas para o 
gerenciamento de cargas difusas. Essas técnicas têm por objetivo melhorar a 
qualidade das águas; reduzir a frequência de inundações; aumentar a participação da 
sociedade no monitoramento das bacias hidrográficas; integrar a paisagem urbana ao 
meio ambiente, dentre outros. 
Os mecanismos de remoção dos poluentes das BMPs são basicamente: a 
sedimentação de poluentes, a infiltração de nutrientes solúveis no solo e a 
estabilização química e biológica das substâncias coloidais presentes nas águas 
22 
pluviais (TOMAZ, 2006). Existem diversas possibilidades de classificação das técnicas 
de controle da poluição difusa: quanto à forma de intervenção as BMPs classificam-se 
em estruturais ou não estruturais e quanto à localização na bacia o controle pode ser 
feito à montante ou à jusante. 
2.7.1 Controle à Montante e à Jusante 
Os sistemas de controle implantados próximos às fontes de geração do 
deflúvio são classificados como sistemas de controle à montante ou no lote e baseiam-
se nas funções de armazenamento e de infiltração. O controle por armazenamento 
tem como objetivo deter as águas pluviais e reduzir as vazões de pico de forma a 
controlar as cheias urbanas. Dentre essas técnicas destacam-se: armazenamento no 
telhado (telhados verdes), armazenamentos nos jardins e estacionamentos de 
veículos e armazenamento em reservatórios enterrados (TOMAZ, 2006). 
O controle por infiltração visa interferir no ciclo hidrológico da região, mitigando 
parcialmente os impactos decorrentes da urbanização. Dentre essas técnicas 
destacam-se: aplainamento do terreno para aumentar a infiltração no solo; 
bombeamento da água de drenagem dos prédios para caixas contendo pedras que 
promovam a infiltração; construção de pequenas lagoas (com 100 mm de 
profundidade) próximas aos edifícios para melhorar a infiltração das águas que 
escoam dos telhados; trincheirasde infiltração; vala gramada; micro drenagem com 
tubos perfurados; faixa filtro gramada; jardins pluviais e captação de água da chuva 
(TOMAZ, 2006). 
Diferentemente, o controle à jusante tem como objetivo melhorar a qualidade 
das águas pluviais antes que elas atinjam os cursos d’água. As técnicas de controle à 
jusante são: bacias de detenção molhadas; Wetlands (alagadiços); reservatórios de 
detenção e bacia de infiltração (TOMAZ, 2006). 
2.7.2 Técnicas Estruturais e Não Estruturais 
As principais BMPs podem ser subdividas em cinco grupos básicos dentre as 
práticas estruturais e não estruturais. As medidas estruturais estão relacionadas à 
construção de dispositivos que ofereçam armazenamento temporário e tratamento das 
águas pluviais e estão subdivididas em três grupos: 
 Infiltração 
As práticas de infiltração objetivam captar e armazenar temporariamente o 
volume para melhoria da qualidade das águas pluviais e permitir que o mesmo se 
23 
infiltre no solo por um certo período. As técnicas de infiltração atendem à recarga de 
águas subterrâneas, à redução da vazão de pico de enchente e em alguns casos ao 
controle da erosão. São as trincheiras de infiltração e bacias de infiltração. 
 Filtração 
As práticas de filtração são destinadas a capturar e armazenar o volume de 
água de chuva que segue por um filtro de areia, orgânico ou similar para melhoria da 
sua qualidade. As águas pluviais filtradas podem infiltrar no solo ou ser totalmente 
encaminhadas para o sistema de drenagem urbana. Caso a prática de filtração 
possibilite a infiltração através do solo, ela pode garantir também o volume de recarga 
do aquífero. São os filtros de areia com todas as suas variações e a bioretenção. 
 Detenção 
De modo geral, as lagoas de detenção podem resultar na melhoria da 
qualidade das águas pluviais e atender ao controle da erosão e à redução da vazão de 
pico de uma determinada enchente. São as lagoas de detenção alagadas, os 
alagadiços artificiais (Wetlands) e os separadores de óleos e graxas. 
As técnicas não estruturais são aquelas que visam reduzir os níveis de 
poluição das águas pluviais, não por meio de obras, mas pela introdução de normas, 
regulamentos e programas. Elas estão subdividas em dois grupos: 
 Planejamento e uso do solo 
São práticas como a regulação do uso do solo que deve incluir a garantia de 
espaços livres e a redução da área impermeável; a regulamentação para áreas em 
construção; a criação e manutenção de áreas verdes, entre outras. 
 Pós-desenvolvimento 
São práticas como a varrição das ruas; o controle e detecção de vazamentos 
em redes de esgoto; a coleta e disposição final de lixo e a educação da população de 
modo a prevenir o uso e descarte inadequado de produtos poluentes. 
As medidas não estruturais estão cada vez mais sendo usadas para a melhoria 
da qualidade das águas pluviais, em muitos casos, elas são usadas em combinação 
com as medidas estruturais. 
2.7.3 Infraestrutura Verde Urbana 
A infraestrutura verde tem sido vista como alternativa ao manejo das águas 
pluviais nos centros urbanos. Ela tem como finalidade preservar o ciclo hidrológico 
24 
natural, profundamente alterado pela impermeabilização das superfícies, convertendo 
áreas que causam impactos ecológicos em elementos que mimetizam os processos 
naturais. A incorporação das tipologias de infraestrutura verde à escala local tem por 
objetivo manter ou recuperar, mesmo que parcialmente, a funcionalidade da 
paisagem, através da mitigação das interferências antrópicas e da promoção e 
manutenção dos fluxos bióticos e abióticos (HERZOG, 2009). 
Os projetos de infraestrutura verde têm como principais objetivos reduzir o 
volume dos escoamentos superficiais e a frequência das inundações, através da maior 
infiltração da água; controlar a poluição difusa, promovendo a filtração e limpeza da 
água; garantir o abastecimento dos aquíferos; reduzir as ilhas de calor e finalmente 
valorizar esteticamente os centros urbanos, o que contribui para o aumento de 
qualidade de vida dos seus moradores. 
A seguir são apresentadas diversas tipologias de projeto de infraestrutura 
verde urbana que podem ser incorporadas aos espaços já existentes e às práticas de 
controle da poluição difusa. 
2.7.3.1 Sistemas de Biorretenção 
Os sistemas de biorretenção devem ser implantados em cotas mais baixas do 
terreno, para onde converge o escoamento superficial, e ser constituídos por plantas 
de diferentes espécies e tamanhos. Essas estruturas recebem o escoamento da água 
que infiltra gradualmente no solo, garantindo a retenção da água enquanto a atividade 
biológica de plantas e microrganismos promove a remoção dos poluentes das águas. 
Dessa forma, os sistemas de biorretenção reduzem parte do volume do escoamento 
superficial e consequentemente o tamanho e custo do sistema de drenagem de 
jusante; promovem a remoção de sedimentos finos, metais, nutrientes e bactérias, 
melhorando a qualidade das águas; além de contribuírem para aumentar a beleza 
paisagística do local. Dentre os sistemas de biorretenção destacam-se: 
 Jardins de chuvas 
Os jardins de chuva são colocados junto do meio-fio, para receber o 
escoamento superficial que carrega os poluentes do leito carroçável. São 
indicados para áreas altamente impermeáveis, como pátios e estacionamentos; 
ruas largas com baixo tráfego de veículos; ruas próximas a locais em que se 
deseja diminuir a velocidade dos veículos ou ainda podem ser construídos dentro 
do próprio lote. (Figura 12) 
 
25 
 
 
Figura 12. Jardins de chuva 
Fonte: Disponível em: < http://atverdebrasil.com.br/wp-
content/uploads/portland-aguas1.jpg>. Acesso em: 06/07/2016. 
 
 Canteiros pluviais 
São jardins de chuvas de pequenas dimensões, ou seja, são mais 
compactados para utilização em espaços urbanos densamente construídos. Eles 
são geralmente instalados ao redor das edificações contendo canalização que 
verte água escoada diretamente dos telhados. (Figura 13) 
http://atverdebrasil.com.br/wp-content/uploads/portland-aguas1.jpg
http://atverdebrasil.com.br/wp-content/uploads/portland-aguas1.jpg
26 
 
 
Figura 13. Canteiros pluviais 
Fonte: Disponível em: <http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial-
2/>. Acesso em: 06/07/2016 
 
 Biovaletas 
As biovaletas são depressões lineares preenchidas com vegetação, solo e 
demais elementos filtrantes. A água infiltrada é coletada por tubos perfurados 
localizados no subsolo e encaminhada para tratamentos complementares ou 
devolvida às redes de drenagem locais. Elas são, geralmente, usadas para tratar 
os escoamentos de ruas e de estacionamentos. (Figura 14) 
 
 
 
http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial-2/
http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial-2/
27 
 
 
Figura 14. Biovaletas 
Fontes: Disponível em: < http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-biovaleta/> e 
< http://www.criaarquitetura.com.br/blog/biovaletas-bioswale/>. Acesso em: 06/07/2016. 
 
2.7.3.2 Lagoas Pluviais 
As lagoas pluviais funcionam como bacias de retenção de água de escoamento 
e são capazes de reter grandes volumes de água. Essas estruturas mantêm sempre 
uma quantidade mínima de água retida entre eventos de precipitação, caracterizando-
se como um ambiente alagado artificial. Os alagados construídos são dimensionados 
de acordo com o volume da contribuição de água captada, assim, em áreas altamente 
urbanizadas eles podem ser parte integrante da paisagem urbana, já nas escalas 
regionais, eles podem ocupar áreas relativamente grandes fornecendo habitat 
significativo para a vida silvestre. As lagoas pluviais aliviam os sistemas de drenagem 
http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-biovaleta/
http://www.criaarquitetura.com.br/blog/biovaletas-bioswale/
28 
de águas pluviais; reduzem a carga poluidora dos escoamentos;possibilitam a 
infiltração e recarga de aquíferos e ainda podem ser adaptadas como alternativa de 
recreação e lazer, valorizando o entorno. (Figura 15) 
 
 
Figura 15. Lagoas pluviais em: a) Wilsonville, Oregon (EUA ) b) 
Seattle, Washington (EUA) 
Fonte: Disponível em: <http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-
estrutura-verde-lagoa-pluvial/>. Acesso em:06/07/2016. 
 
 
a) 
b) 
http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-lagoa-pluvial/
http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-lagoa-pluvial/
29 
2.7.3.3 Lagoas Secas ou de Detenção 
As lagoas de detenção ou piscinões são constituídas por depressões 
vegetadas que durante as chuvas recebem as águas pluviais, possibilitando a 
infiltração e recarga de aquíferos e retardando a entrada das águas no sistema de 
drenagem. Elas podem ser projetadas ao longo de vias, rios, em parques lineares e 
fazer parte de projetos de paisagismo públicos e privados de loteamentos e 
condomínios. Em tempos secos, elas podem ser usadas para lazer, recreação e 
atividades diversas. Deve-se atentar ao fato de que, caso a bacia tenha como principal 
objetivo o controle da poluição, ela deve ser de detenção prolongada, uma vez que 
tempos de detenção maiores são desejáveis para que ocorra a sedimentação dos 
poluentes, diferentemente daquelas projetadas unicamente para o controle de cheias. 
(Figura 16) 
 
30 
 
 
Figura 16. Bacias de detenção 
Fontes: Disponível em:< http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142-
1.aspx > e 
<http://143.107.108.83/sigrh/basecon/macrodrenagem/meninos/Arquivos_Men/Cap4_Men_Frame.html>. 
Acesso em: 06/07/2016. 
 
 
http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142-1.aspx
http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142-1.aspx
http://143.107.108.83/sigrh/basecon/macrodrenagem/meninos/Arquivos_Men/Cap4_Men_Frame.html
31 
2.7.3.4 Pavimentos Porosos ou Permeáveis 
Os pavimentos porosos ou permeáveis constituem uma solução para reduzir a 
impermeabilidade das superfícies urbanas, uma vez que, permitem a infiltração das 
águas pluviais. Seu principal benefício é a redução do escoamento superficial e 
indiretamente da carga poluidora nos escoamentos em função da filtração garantida 
pelo solo. Dentre as opções de materiais pode-se citar: asfalto poroso; concreto 
permeável; blocos intertravados; brita e pedriscos. (Figura 17) 
 
 
Figura 17. a) Pavimento intertravado poroso e b) pisograma ou 
concregrama 
Fonte: SDMU (2012) 
 
a) 
b) 
32 
2.7.3.5 Telhado Verde 
Esta tipologia consiste no recobrimento das coberturas com vegetação, de 
forma a reproduzir uma área natural de infiltração alterada pela edificação. As águas 
pluviais podem ser coletadas nos tetos verdes, direcionadas a um tratamento 
preliminar e posteriormente utilizadas ou armazenadas para usos futuros, tais como: 
lavagem de carros; calçadas; irrigação de plantas ou ainda direcionadas para os 
canteiros pluviais. A implantação de telhados verdes pode reduzir os efeitos das ilhas 
de calor e a temperatura interna das edificações, contribuindo para a eficiência 
energética dessas. (Figura 18) 
 
33 
 
 
 
 
Figura 18. Telhados verdes em: a) Recife e b) São Paulo 
Fontes: Disponível em: < https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da-
sustentabilidade-telhados-verdes/> e ¸< 
https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes-
modernos-na-cidade-de-sao-paulo/>. Acesso em: 06/09/2016. 
 
a) 
b) 
https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da-sustentabilidade-telhados-verdes/
https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da-sustentabilidade-telhados-verdes/
https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes-modernos-na-cidade-de-sao-paulo/
https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes-modernos-na-cidade-de-sao-paulo/
34 
3 Caracterização da Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí 
3.1 Física 
A bacia do rio Iguaçu-Sarapuí apresenta uma área de drenagem de 726 km², 
dos quais 168 km² constituem a sub-bacia do Sarapuí. Limita-se, ao norte com a bacia 
do Paraíba do Sul, ao sul com a bacia dos rios Pavuna/Meriti, a leste com a bacia dos 
rios Saracuruna e Inhomirim/Estrela e a oeste com a bacia do rio Guandu e outros 
afluentes da baía de Sepetiba (SERLA, 1996). 
O rio Iguaçu tem suas nascentes na Serra do Tinguá, a uma altitude 
aproximada de 100 m, desenvolve seu curso com uma extensão total de cerca de 43 
km e deságua na Baía de Guanabara. Seus principais afluentes são os rios: Tinguá, 
Pati e Capivari pela margem esquerda e Botas e Sarapuí pela margem direita. O rio 
Sarapuí tem cerca de 36 km de extensão e sua nascente localiza-se a uma altitude 
aproximada de 900 m na Serra de Bangu. Ele passou a pertencer à bacia do rio 
Iguaçu no início do século XX, por ocasião das primeiras grandes obras de 
saneamento na Baixada Fluminense, quando seus cursos médios foram retificados e 
sua foz desviada para o curso inferior do rio Iguaçu. 
A bacia localiza-se na região denominada Baixada Fluminense, limitada ao 
norte pela Serra do Mar e ao sul pelos Maciços Rochosos Costeiros. O clima da bacia 
é quente e úmido com estação chuvosa no verão e temperatura média anual em torno 
dos 22°C. Os rios descem da Serra do Mar em regime torrencial, apresentando, 
portanto, forte poder erosivo e ao alcançar a planície perdem velocidade e devido ao 
baixo gradiente do terreno, extravasam de seus leitos formando imensas áreas 
alagadas (pântanos e brejos). 
Situa-se na região de domínio da Mata Atlântica, que originalmente se estendia 
desde as cabeceiras dos rios Iguaçu e Sarapuí até os manguezais nas regiões sob 
influência das marés da Baía de Guanabara. Atualmente, apenas as serras, em suas 
partes mais altas, ainda apresentam resquícios dos ambientes primitivos, com 
florestas altas e densas, ainda que perturbadas em alguns pontos. Apesar da 
devastação das matas regionais, alguns remanescentes silvestres hoje constituem 
Unidades de Conservação (UC) como a Reserva Biológica de Tinguá; a Área de 
Proteção Ambiental do Gericinó-Mendanha; a Área de Proteção Ambiental do Iguaçú-
Tinguá entre outras. Nas planícies, colinas e meias encostas das serras, existem 
esparsas áreas de vegetação secundária (capoeiras e capoeirinhas) e várzeas nas 
planícies temporariamente encharcadas. 
35 
Os manguezais, ecossistema drasticamente reduzido na região pelos cortes 
para lenha e sucessivos aterros para ocupação, encontram-se confinados a um 
pequeno trecho do estuário do rio Iguaçu. Sabe-se que a REDUC, localizada à 
margem esquerda e próxima à foz do rio Iguaçu, ocupou grande parte da área de 
ocorrência do primitivo manguezal. A destruição dos manguezais impactou 
diretamente a atividade pesqueira da região da Baía de Guanabara, devido à 
importância ecológica de tal ecossistema como berçário natural de diversas espécies 
marinhas. 
As matas e florestas são indispensáveis ao equilíbrio e a regularidade dos 
sistemas fluviais da baía, e para a manutenção do nível hidrostático adequado dos 
lençóis freáticos da região, que abastecem os rios em períodos de estiagem. 
Adicionalmente, a retirada da vegetação agrava as dificuldades de drenagem já 
existentes na bacia do rio Iguaçu, uma vez que, que a cobertura vegetal é o mais 
eficiente fator de contenção da erosão. 
A bacia do rio Iguaçu-Sarapuí abriga integralmente os municípios de Belford 
Roxo e Mesquita e parte dos municípios de Nilópolis (54%), São João de Meriti (66%), 
Nova Iguaçu (52%), Duque de Caxias (59%) e do Rio de Janeiro (2,6%) 5, abrangendo 
os bairros de Bangu, Padre Miguel e Senador Câmara, conforme pode ser visualizado 
na figura abaixo. 
 
 
5
 Porcentagens calculadas a partir da razão entre a área na bacia e a área total do município, 
adaptado do Projeto Iguaçu (1996). 
36 
 
Figura 19.

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