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ESTIMATIVA PRELIMINAR DA POLUIÇÃO DIFUSA GERADA EM UMA ÁREA DE ESTUDO LOCALIZADA NA BACIA DO RIO IGUAÇU-SARAPUÍ Mariana Ximenes de Magalhães Morganna Werneck Capodeferro Rio de Janeiro Setembro de 2016 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff ESTIMATIVA PRELIMINAR DA POLUIÇÃO DIFUSA GERADA EM UMA ÁREA DE ESTUDO LOCALIZADA NA BACIA DO RIO IGUAÇU-SARAPUÍ Mariana Ximenes de Magalhães Morganna Werneck Capodeferro PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NEESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO AMBIENTAL. Examinado por: Prof. Jorge Henrique Alves Prodanoff, D.Sc. . Prof. José Paulo Soares de Azevedo, Ph.D. Prof. Paulo Renato Diniz Junqueira Barbosa, Ph.D. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 2016 iii Magalhães, Mariana Ximenes de Capodeferro, Morganna Werneck Título: Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada em uma Área de Estudo Localizada na Bacia do Rio Iguaçu- Sarapuí/ Mariana Ximenes de Magalhães/Morganna Werneck Capodeferro – Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2016. XIII , 84 p.: il.; 51; 29,7 cm. Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Ambiental, 2016. Referências Bibliográficas: p. 75-77. 1.Poluição Difusa Urbana. 2. Modelos de Regressão Múltipla. 3. Bacia do rio Iguaçu-Sarapuí. I. Prodanoff, Jorge. II. UFRJ, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Ambiental. III. Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada em uma Área de Estudo Localizada na Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí iv AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais, Viviane e Dercival, por todo carinho e apoio ao longo da minha graduação. Obrigada pela força e coragem que me transmitiram para que eu pudesse concluir mais esta etapa. E acima de tudo por todos os valores e ensinamentos. Agradeço aos professores da Engenharia Ambiental por todos os conhecimentos passados e por nutrirem o meu desejo de ingressar futuramente no curso de Mestrado. Em especial, meu muito obrigada ao nosso orientador, professor Prodanoff, pela confiança depositada e por todo suporte ao longo da execução do trabalho. À minha parceira, Mariana Ximenes, por todos os anos de estudo juntas, todos os trabalhos e por aceitar enfrentar ao meu lado mais este desafio: a elaboração do Projeto Final. Nosso esforço conjunto e nossa sintonia tornaram a graduação muito mais leve e proveitosa. Ao IVIG, onde sou estagiária e onde pude acompanhar o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Especialmente à equipe de tecnologias na qual trabalho, que me proporcionou grandes aprendizados e contribuiu profundamente para a minha formação pessoal e profissional. Por fim, a todos os meus amigos, sem vocês seria impossível. Obrigada pelas risadas, pelos momentos de descontração e principalmente pelo incentivo. Morganna v AGRADECIMENTOS A meus pais, Carlos e Ana, pelo amor, carinho e incentivo. Agradeço por proporcionarem suporte total para que eu pudesse atingir meus objetivos. Vocês são meus exemplos de dignidade e disposição. Ao meu irmão Rafael e toda à família. Essa conquista é nossa. Ao meu querido R. Lucas, amigo e companheiro, meu estímulo e amparo. Obrigada por ser tão tolerante e compreensivo, leal e dedicado. Nossa história está apenas começando. Às amigas que Santo Agostinho me enviou, Marina S., Maria Eduarda, Maria Beatriz, Marina G., Nasle e, é claro, Morganna Werneck. Obrigada, Morganna, por todo companheirismo e troca de conhecimentos. Nosso projeto final é apenas mais uma prova do êxito da nossa parceria nesses anos de UFRJ. Aos amigos e professores da Engenharia Ambiental e, particularmente, ao nosso orientador, professor Prodanoff, que gentilmente agraciou-nos com seu tempo, sabedoria e dedicação. Sou grata pela assistência e confiança. Mariana vi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. Estimativa Preliminar da Poluição Difusa Gerada em uma Área de Estudo Localizada na Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí Mariana Ximenes de Magalhães Morganna Werneck Capodeferro Setembro/2016 Orientador: Jorge Henrique Alves Prodanoff Curso: Engenharia Ambiental Em meios urbanos, a poluição difusa contribui significativamente para a alteração da qualidade dos corpos hídricos. As águas pluviais carreiam consigo poluentes – sólidos, nutrientes e poluentes inorgânicos – distribuídos de forma esparsa sobre a superfície urbanizada. Dentre as origens das cargas difusas pode-se citar: a deposição atmosférica; o desgaste dos pavimentos; o acúmulo de resíduos nas ruas; a erosão e os derramamentos químicos de efluentes oleosos vindos de veículos e oficinas mecânicas, por exemplo. Diferentemente da poluição pontual, a difusa é de mais difícil quantificação, uma vez que depende de diversos fatores como as formas de uso e ocupação do solo e a intensidade das precipitações. Dessa forma, a concentração dos poluentes nos escoamentos varia entre bacias hidrográficas e a cada evento chuvoso. Este trabalho tem como objetivo realizar uma estimativa preliminar do volume de escoamento superficial e das cargas de poluentes associados a ele. Para essa quantificação foram utilizados modelos regressivos múltiplos com base em características físicas, de uso do solo e climáticas da região estudada. Foi selecionada para análise uma área urbana, com dimensões que caracterizam uma pequena bacia hidrográfica, localizada no município de Nova Iguaçu. A área escolhida pertence à bacia do rio Iguaçu-Sarapuí, região altamente modificada e degradada pela ocupação antrópica. Palavras-chave: Poluição Difusa Urbana, Modelos de regressão múltipla de Driver e Tasker, Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí. vii Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. Preliminary Estimate of Diffuse Pollution Generated in a Studied Area Located in Iguaçu-Sarapuí Basin Mariana Ximenes de Magalhães Morganna Werneck Capodeferro September/2016 Advisor: Jorge Henrique Alves Prodanoff Course: Environmental Engineering In urban areas, storm-runoff is a substantial source of water pollution as they transport pollutants – solid, nutrients and inorganic pollutants - sparsely distributed on the urban surface. The sources of diffuse loads can be: atmospheric deposition; pavement wear; accumulation of trash on streets; erosion and chemical spills of oily waste from vehicles and mechanical workshops, for example. Unlike point source pollution, the diffuse pollution is more difficult to quantify, as it depends on several factors like the forms of land use and occupation and intensity of rainfall. Thus, storm-runoff concentration of pollutants varies between watersheds and at each rain event. This study aims to conduct a preliminary estimate of runoff volume and its pollutant loads. This quantification was based on multiple regressive models and physical, land use and climatic characteristics of the studied region. An urban area located in Nova Iguaçu, which dimensions characterize a small watershed,was selected. The chosen area belongs to the Iguaçu-Sarapuí basin, a highly degraded and modified area by human occupation. Keywords: Urban Diffuse Pollution, Multiple Regression Models by Driver and Tasker, The Iguaçu-Sarapuí basin. viii ÍNDICE 1 Introdução ........................................................................................................... 1 1.1 Objetivos ........................................................................................................ 3 2 Conceitos e Noções Básicas.............................................................................. 4 2.1 Água na Natureza ........................................................................................... 4 2.2 Parâmetros de Qualidade das Águas ............................................................. 5 2.2.1 Cor e Turbidez ......................................................................................... 6 2.2.2 Nitrogênio ................................................................................................ 6 2.2.3 Fósforo .................................................................................................... 7 2.2.4 Matéria Orgânica ..................................................................................... 8 2.2.5 Micropoluentes Inorgânicos ..................................................................... 8 2.3 Impactos da Urbanização sobre uma Bacia Hidrográfica ................................ 9 2.4 Poluição Difusa de Origem Pluvial ................................................................ 12 2.5 Fontes Potenciais de Poluentes Carreados Pelos Escoamentos Superficiais em Meio Urbano ..................................................................................................... 14 2.5.1 Deposição Atmosférica .......................................................................... 14 2.5.2 Acumulação de Poluentes nas Superfícies Urbanas .............................. 15 2.5.3 Derramamentos Químicos ..................................................................... 17 2.5.4 Erosão ................................................................................................... 18 2.6 Impactos Causados pelas Cargas Difusas Sobre a Qualidade do Corpo Hídrico .................................................................................................................... 19 2.7 O Controle da Poluição Difusa ...................................................................... 21 2.7.1 Controle à Montante e à Jusante ........................................................... 22 2.7.2 Técnicas Estruturais e Não Estruturais .................................................. 22 2.7.3 Infraestrutura Verde Urbana .................................................................. 23 2.7.3.1 Sistemas de Biorretenção ............................................................... 24 2.7.3.2 Lagoas Pluviais .............................................................................. 27 2.7.3.3 Lagoas Secas ou de Detenção ....................................................... 29 2.7.3.4 Pavimentos Porosos ou Permeáveis .............................................. 31 2.7.3.5 Telhado Verde ................................................................................ 32 3 Caracterização da Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí ............................................. 34 3.1 Física ............................................................................................................ 34 3.2 Demográfica e Social dos Municípios ........................................................... 49 4 Método da Regressão Múltipla de DRIVER e TASKER para Avaliação Quantitativa da Poluição Difusa .............................................................................. 52 5 Estudo de Caso ................................................................................................. 58 5.1 Identificação da Área de Estudo ................................................................... 58 ix 5.2 Variáveis Explicativas ................................................................................... 59 5.2.1 Físicas e de Uso do Solo ....................................................................... 59 5.2.2 Climáticas .............................................................................................. 61 5.3 Resultados e Discussões .............................................................................. 66 5.4 Propostas ..................................................................................................... 68 6 Considerações Finais ....................................................................................... 73 7 Referências Bibliográficas ............................................................................... 75 ANEXO I ..................................................................................................................... 78 ANEXO II .................................................................................................................... 83 x LISTA DE FIGURAS Figura 1. Distribuição da água na Terra e distribuição da água doce no mundo. ......... 4 Figura 2. Alterações hidrológicas devido à urbanização ............................................. 10 Figura 3. Relação entre área impermeável e o coeficiente de runoff .......................... 10 Figura 4. Desenvolvimento urbano e cheias urbanas ................................................. 11 Figura 5. Efeitos da urbanização ................................................................................ 12 Figura 6. Emissão de gases na REDUC .................................................................... 15 Figura 7. Principais processos responsáveis pelo acúmulo de poluentes nas ruas. ... 15 Figura 8. Acúmulo de lixo em Duque de Caxias. ........................................................ 16 Figura 9. Acúmulo de resíduo oleoso vindo de uma oficina mecânica na rua Terezinha Pinto, em Nova Iguaçu. ............................................................................................... 18 Figura 10. Rua após chuva intensa em Duque de Caxias em fevereiro de 2016. ....... 19 Figura 11. Escala de tempo para ocorrência dos problemas causados pelo lançamento da drenagem urbana ............................................................................... 20 Figura 12. Jardins de chuva ....................................................................................... 25 Figura 13. Canteiros pluviais ...................................................................................... 26 Figura 14. Biovaletas ................................................................................................. 27 Figura 15. Lagoas pluviais em: a) Wilsonville, Oregon (EUA ) b) Seattle, Washington (EUA) .......................................................................................................................... 28 Figura 16. Bacias de detenção ................................................................................... 30 Figura 17. a) Pavimento intertravado poroso e b) pisograma ou concregrama........... 31 Figura 18. Telhados verdes em: a) Recife e b) São Paulo ......................................... 33 Figura 19. Bacia hidrográfica do rio Iguaçu-Sarapuí................................................... 36 Figura 20. Distribuição das formas de uso e ocupação do solo na bacia do rio Iguaçu- Sarapuí ....................................................................................................................... 38 Figura 21. Pontos selecionados para análise de imagens .......................................... 40 Figura 22. Ponto 1: Rua Iolanda, Nova Iguaçu ........................................................... 41 Figura 23. Ponto 2: Rua Otávio Moreira de Melo, Nova Iguaçu ..................................42 Figura 24. Ponto 10: Rua Lages Brandão, Belford Roxo ............................................ 42 Figura 25. Ponto 11: Rua Natividade, Nilópolis .......................................................... 43 Figura 26. Ponto 13: Estrada Aníbal da Mota, Belford Roxo ...................................... 44 Figura 27. Ponto 14: Rua Benjamin Pinto Dias, Belford Roxo .................................... 44 Figura 28. Polígono representativo da área urbana de média-alta densidade para estimativa da porcentagem de impermeabilização do solo no município de Nova Iguaçu ......................................................................................................................... 45 xi Figura 29. Polígono representativo da área urbana de baixa densidade para estimativa da porcentagem de impermeabilização do solo no município de Duque de Caxias. ... 46 Figura 30. Área impermeável (%) X densidade populacional (pessoas/ha). A curva tracejada reflete a atualização da relação para a cidade de Porto Alegre. .................. 48 Figura 31. Área de estudo delimitada ......................................................................... 59 Figura 32. Demarcação das áreas consideradas permeáveis para estimativa da porcentagem de impermeabilização do solo na região de estudo ............................... 60 Figura 33. Deposição úmida de nitrogênio em kg/ha.ano ........................................... 63 Figura 34. Gráfico das normais climatológicas da cidade do Rio de Janeiro. ............. 64 Figura 35. Solução proposta para área de estudo ...................................................... 68 Figura 36. Representação esquemática da proposta ................................................. 70 Figura 37. Representação esquemática do fluxo do escoamento .............................. 71 Figura 38. Áreas potenciais para construção de bacias de detenção ......................... 72 Figura 39. Ponto 3: Rua Leonel Gouvêia, Nova Iguaçu .............................................. 78 Figura 40. Ponto 4: Rua Jacutinga, Nova Iguaçu ....................................................... 78 Figura 41. Ponto 5: Rua Ernesto Regattieri, Nova Iguaçu .......................................... 79 Figura 42. Ponto 6: Avenida Monte Líbano, Nova Iguaçu .......................................... 79 Figura 43. Ponto 7: Rua Danilo, Belford Roxo ............................................................ 80 Figura 44. Ponto 8: Avenida Joaquim da Costa Lima, Belford Roxo .......................... 80 Figura 45. Ponto 9: Rua Padre Viêira, São João de Meriti ......................................... 81 Figura 46. Ponto 12: Av. Francisco Faleiro de Freitas Lima, Duque de Caxias .......... 81 Figura 47. Ponto 15: Rua Antônio Rodrigues Oliveira, Mesquita ................................ 82 Figura 48. Ponto 16: Rua Nair, São João de Meriti .................................................... 82 Figura 49. Rua Lider, Nova Iguaçu ............................................................................. 83 Figura 50. Rua Gonçalves Dias, Nova Iguaçu ............................................................ 83 Figura 51. Rua Santa Luzia, Nova Iguaçu .................................................................. 84 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Representatividade das classes de uso do solo da bacia do rio Iguaçu- Sarapuí ....................................................................................................................... 39 Tabela 2. Pontos selecionados para análise de imagens ........................................... 41 Tabela 3. Dados demográficos dos municípios que ocupam a bacia do rio Iguaçu- Sarapuí ....................................................................................................................... 49 Tabela 4. Índices de atendimento aos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. ................................................................................................ 49 Tabela 5. Taxas de cobertura do serviço de coleta domiciliar em relação à população urbana ........................................................................................................................ 51 Tabela 6. Variáveis explicativas utilizadas nos modelos de regressão linear para estimativa da carga de poluentes nos escoamentos urbanos ..................................... 53 Tabela 7. Coeficientes de regressão e fatores de conversão de unidades a serem aplicados nos modelos de regressão para volume e carga de poluentes.................... 55 Tabela 8. Dados de entrada relativos à área de estudo. ............................................. 65 Tabela 9. Faixa de valores das variáveis explicativas (em unidades inglesas) ........... 65 Tabela 10. Dados de resposta relativos à área de estudo. ......................................... 67 xiii LISTA DE NOMENCLATURA BCF – Fator de correção BMPs – Best Managment Practices CD - Cádmio recuperável total CU - Cobre recuperável total DA – Área de Drenagem DBO – Demanda bioquímica de oxigênio DP – Densidade populacional DQO – Demanda química de oxigênio DRN – Duração do evento EPA – US Environmental Protectional Agency ESD – Escoamento superficial direto ft³ – pés cúbicos GAW – Global Atmosphere Watch HPA’s – Hidrocarbonetos policíclios aromáticos 𝐻𝑃𝑂4 2− – Hidrogenofosfato 𝐻2𝑃𝑂4 −–Di-hidrogenofosfato 𝐻3 𝑃𝑂4 – Ácido fosfórico IA – Área impermeável INT – Intensidade máxima da precipitação de 24 hs com tempo de retorno de 2 anos lbs – libras LUC – Uso do solo comercial LUI – Uso do solo industrial LUN – Uso do solo não urbano LUR – Uso do solo residencial MAR – Precipitação média anual MJT – Temperatura média mínima do mês de janeiro MNL –Carga média anual de Nitrogênio na precipitação N2 –Nitrogênio molecular NH3 – Amônia forma livre 𝑁𝐻4 + – Amônia ionizada 𝑁𝑂2 − –Nitrito 𝑁𝑂3 − – Nitrato NT – Nitrogênio total NKT – Nitrogênio Kjeldahl total O2 – Oxigênio PB – Chumbo recuperável total PCB’s –Bifenilas policloradas PD – Fósforo dissolvido PDBG – Programa de despoluição da Baía de Guanabara 𝑃𝑂4 3− – Fosfato PT – Fósforo Total R² – Coeficiente de determinação múltipla REDUC – Refinaria de Duque de Caxias RUN – Volume de Runoff SAG – PC – Scientific Analysis Group for Precipitation Chemistry SD – Sólidos dissolvidos SR – Sensoriamento remoto SS –Sólidos em suspensão TRN – Total precipitado por evento UC – Unidade de conservação WMO – World Meteorological Organization ZN –Zinco recuperável total 1 1 Introdução O desenvolvimento industrial e o vertiginoso crescimento populacional intensificaram a exploração dos recursos naturais e o processo de degradação ambiental. Atualmente, as populações dos grandes centros urbanos enfrentam problemas não apenas relacionados à oferta reduzida de água, mas, sobretudo à escassez qualitativa da água. A concentração populacional resulta na maior produção de resíduos que associada à ineficiência dos serviços de saneamento básico contribui para o aumento da poluição ambiental. Paralelamente, o crescimento desordenado das cidades é também responsável pela deterioração da qualidade das águas, na medida em que a expansão da cobertura impermeável acarreta no aumento e aceleração dos escoamentos superficiais que carreiam consigo poluentes, depositados nos cursos d’água. De modo geral, os agentes poluidores podem atingir o corpo d’água de forma pontual ou difusa. As fontes pontuais são oriundas de ações localizadas e caracterizam-se por uma descarga concentrada em um ponto, como o lançamento de esgotos domésticos ou industriais. Já a poluição difusa alcança o corpo d’água de forma distribuída ao longo da sua extensão, como a drenagem pluvial urbana e o aporte de agrotóxicos e fertilizantes utilizados em culturas agrícolas. Em áreas urbanas,as águas pluviais constituem fontes de poluição significativas quanto maior a deficiência da coleta de esgotos e da limpeza pública, enquanto nas áreas rurais a poluição difusa é devida à drenagem de solos agrícolas, portanto associada a sedimentos, nutrientes e defensivos agrícolas. A universalização dos serviços de saneamento básico ainda é um desafio para o Brasil. Índices revelam que, em 2010, 35% da população contava com soluções inadequadas1 para o afastamento de seus esgotos, enquanto que do percentual atendido por redes coletoras apenas metade recebia algum tipo de tratamento (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2014). Tal cenário associado ao fato de que as fontes pontuais são mais facilmente identificadas e controladas pode vir a justificar a maior atenção que tem sido dada ao controle dessa forma de poluição. Apesar de importantes modificadores da qualidade das águas, as fontes de poluição difusa têm sido sistematicamente esquecidas e relegadas a segundo plano. A poluição por cargas difusas pode ter início com o arraste dos poluentes atmosféricos pela chuva que ao atingir a superfície escoa e transporta consigo os poluentes dispostos sobre o solo até o lançamento final no corpo receptor. Esse 1 Categoria em que estão incluídos os domicílios sem banheiro ou sanitário e o lançamento de esgoto em fossas rudimentares, corpos d’água ou outro escoadouro. 2 processo, portanto, tem origem no ciclo hidrológico e é um fenômeno aleatório como o evento responsável pela sua ocorrência (PRODANOFF, 2005). Ainda, a poluição difusa é de difícil quantificação, uma vez que depende de diversos fatores, como a intensidade e duração das precipitações; o tipo de solo; a topografia do terreno e os usos do solo. Como forma de contornar as dificuldades que permeiam a quantificação da poluição difusa, foram desenvolvidos nos Estados Unidos, métodos empíricos para estimar a magnitude das cargas de poluentes carreados nos escoamentos superficiais em bacias hidrográficas urbanizadas. Diante da ausência de dados de medição direta, tais métodos podem ser utilizados com o propósito de realizar estimativas e dar suporte ao planejamento de ações de controle da poluição difusa. Este trabalho tem como objetivo quantificar o volume e a carga de poluentes nos escoamentos superficiais gerados em uma área de estudo no município de Nova Iguaçu, através da utilização de modelos regressivos. Vale destacar que os resultados do presente trabalho constituem apenas uma análise preliminar, uma vez que são utilizados coeficientes regressivos desenvolvidos para bacias urbanizadas americanas, dada a ausência de um modelo regional aplicável. O estudo concentrou-se em uma área pertencente à bacia do rio Iguaçu- Sarapuí, que está localizada na porção oeste da rede hidrográfica da Baía de Guanabara e que constitui uma área crítica em relação à degradação ambiental. A área de drenagem da bacia abrange totalmente os municípios de Belford Roxo e Mesquita e parte dos municípios do Rio de Janeiro; Nilópolis; São João de Meriti; Nova Iguaçu e Duque de Caxias, todos integrantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O histórico de degradação da área de drenagem da bacia pode ser atribuído à alta concentração industrial e, sobretudo à refinaria de petróleo de Duque de Caxias (REDUC), localizada na margem esquerda do rio Iguaçu e que atualmente ocupa grande parte da área de ocorrência natural do primitivo manguezal. Destaca-se que muitas das indústrias da região foram consideradas prioritárias para o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG2) devido ao desenvolvimento de atividades potencialmente poluidoras. Junto à foz, está localizado o antigo lixão de Gramacho, que recebia os resíduos de cinco municípios da Baixada Fluminense até o encerramento de sua operação em 2012, e que atualmente constitui um grande 2 O PDBG foi concebido no início da década de 90, para elevar as condições sanitárias e ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com impacto positivo na qualidade de vida da população local, tendo como via de consequência a despoluição da Baía de Guanabara e áreas adjacentes. 3 passivo ambiental. Adicionalmente, grande parte da população residente não é atendida adequadamente pelos serviços de saneamento, principalmente de esgotos e de coleta de resíduos. No presente trabalho será realizada uma contextualização acerca da poluição difusa de origem pluvial, desde a origem dos poluentes carreados até as formas mais comuns de controle (Capítulo 2). Após a caracterização física e demográfica da bacia do rio Iguaçu-Sarapuí, destaque especial será dado para as formas de uso e ocupação do solo e para a impermeabilização da superfície, fatores essenciais para análise dos escoamentos produzidos em uma dada área (Capítulo 3). A partir da utilização de modelos regressivos (Capítulo 4) segue uma avaliação quantitativa da poluição difusa produzida na região estudada e a proposição de medida de controle (Capítulo 5). E, por fim, as considerações finais do estudo encontram-se no Capítulo 6. 1.1 Objetivos O objetivo geral do presente trabalho é realizar estimativas preliminares do volume e das cargas de poluentes carreados nos escoamentos superficiais gerados em uma determinada área no município de Nova Iguaçu, localizado na bacia do rio Iguaçu-Sarapuí. Tal quantificação é feita através da utilização de modelos de regressão múltipla desenvolvidos por DRIVER e TASKER (1990) com base em características físicas, de uso do solo e climáticas. Dentre os objetivos específicos destacam-se: Abordar as águas pluviais como fonte de introdução de agentes poluentes nos corpos d’água; Estimar o volume de escoamento superficial gerado por um evento de precipitação efetiva de meia polegada; Estimar as cargas de DQO; sólidos suspensos; nitrogênio total; NKT; fósforo total e dissolvido; cobre recuperável total; chumbo recuperável total e zinco recuperável total presentes no escoamento; Propor solução local para o controle da poluição difusa; e Discutir a importância da implantação de sistemas de monitoramento das águas pluviais e do desenvolvimento de modelos regionais. 4 2 Conceitos e Noções Básicas 2.1 Água na Natureza Estima-se que o volume total de água existente no planeta seja de 1.386.000 m³ distribuídos conforme apresentado na Figura 1. Figura 1. Distribuição da água na Terra e distribuição da água doce no mundo. Fonte: VIEIRA, COSTA, BARRÊTO (2006) A água de fácil acesso encontrada nos rios, lagos e represas representa uma parcela ínfima do total de água doce do planeta, o que ressalta a grande importância de se preservarem os recursos hídricos na Terra, e de se evitar a contaminação da pequena fração disponível (VON SPERLING, 2005). Os recursos hídricos superficiais no Brasil representam 50% do total dos recursos da América do Sul e 11% dos recursos mundiais, totalizando 168.870 m³/s (CUTOLO, 2009). No entanto, a distribuição desses recursos não é uniforme geograficamente, a exemplo das limitações de disponibilidades no Nordeste e dos excessos de água na Amazônia. Os mecanismos de transferência da água de um meio para outro na Terra constituem o denominado ciclo hidrológico. A água é considerada, portanto, um recurso natural renovável por meio do ciclo hidrológico. A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra. Após atingir a superfície, a água tem dois caminhos por onde seguir: escoar na superfície ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo deslocamento da água sobre o terreno, formando córregos, lagos e rios e 5 eventualmente atingindo o mar. A infiltração, por sua vez, corresponde à água que atinge o solo, formando os lençóisd’água. O escoamento subterrâneo é responsável pela recarga dos corpos d’água superficiais, especialmente nos períodos secos. A transferência da água para o meio atmosférico se dá através de dois principais mecanismos, conjuntamente denominados de evapotranspiração, a saber: a evaporação e a transpiração. A evaporação consiste na transferência da água superficial do estado líquido para o gasoso e depende da temperatura e da umidade relativa do ar. Já a transpiração compreende a perda de água na forma de vapor através das folhas. 2.2 Parâmetros de Qualidade das Águas A Lei 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por : III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d)afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e)lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. A poluição das águas pode ainda ser definida de forma mais prática e genérica como a adição de substâncias ou de formas de energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’água de uma maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos (VON SPERLING, 2005). O grau de poluição das águas é definido a partir das impurezas contidas nelas. Os diversos componentes presentes na água e que podem vir a alterar seu grau de pureza são retratados em termos das suas características físicas, químicas e biológicas. As características físicas estão associadas ao tamanho dos sólidos presentes na água que podem ser classificados em suspensos, coloidais e dissolvidos. Já as características químicas dividem as partículas sólidas em inorgânicas e orgânicas, assim os sólidos voláteis representam uma estimativa da fração orgânica, enquanto os sólidos fixos ou inertes constituem a parcela inorgânica ou mineral. Os 6 seres presentes na água podem ser vivos ou mortos, sendo os seres vivos pertencentes aos reinos animal, vegetal e protista. A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros que traduzem as suas principais características. Dessa forma os parâmetros de qualidade da água podem ser divididos em físicos, químicos e biológicos. Os principais parâmetros físicos de qualidade das águas são: cor; turbidez; sabor e odor e temperatura. Já os químicos são: pH (acidez e alcalinidade);dureza; ferro e manganês; cloretos; nitrogênio; fósforo; oxigênio dissolvido; matéria orgânica e micropoluentes orgânicos e inorgânicos. Finalmente, a qualidade biológica da água está intimamente ligada à possibilidade de transmissão de doenças, ou seja, à presença de organismos patogênicos. A determinação da potencialidade de uma água transmitir doenças pode ser efetuada de forma indireta através dos organismos indicadores de contaminação fecal pertencentes, principalmente, ao grupo dos coliformes. A seguir serão analisados os parâmetros de qualidade da água relevantes para o presente trabalho, a saber: turbidez; cor; nitrogênio; fósforo; matéria orgânica e micropoluentes inorgânicos. 2.2.1 Cor e Turbidez A coloração da água está relacionada à concentração de sólidos dissolvidos. Os despejos de esgotos domésticos e os resíduos industriais de tinturarias, de tecelagem e da produção de papel, que podem apresentar ou não toxicidade, são as principais fontes antropogênicas de sólidos dissolvidos. A turbidez confere uma aparência turva à água pela presença de sólidos em suspensão (SS) e pode reduzir a penetração da luz e prejudicar a atividade fotossintética ao longo da coluna d’água. Dentre as fontes antropogênicas de SS destacam-se os despejos domésticos e industriais e os processos erosivos. 2.2.2 Nitrogênio No meio aquático, o nitrogênio pode ser encontrado nas seguintes formas: nitrogênio molecular (𝑁2) que pode escapar para a atmosfera; nitrogênio orgânico (dissolvido e em suspensão); amônia (na forma livre - 𝑁𝐻3 ou ionizada - 𝑁𝐻4 +); nitrito (𝑁𝑂2 −) e nitrato (𝑁𝑂3 −) (VON SPERLING, 2005). O nitrogênio nas formas orgânica e amoniacal é conhecido como nitrogênio Kjeldahl total (NKT). Geralmente o nitrogênio é introduzido no corpo hídrico sob a forma orgânica, ou seja, complexado ao carbono. Após esse ser degradado o nitrogênio é liberado e convertido à forma amoniacal. Esse processo é seguido pela nitrificação parcial, que 7 consiste na oxidação do nitrogênio amoniacal a nitrito por bactérias autotróficas, as Nitrossomas. Outro gênero de bactérias, Nitrobacter, é responsável pela oxidação do nitrito a nitrato, resultando na nitrificação total. Em ambiente anóxico, ou seja, na ausência de oxigênio, as bactérias heterotróficas presentes no meio utilizam o nitrato em seu processo respiratório convertendo-o a nitrogênio molecular, processo conhecido como desnitrificação. As origens antropogênicas de nitrogênio podem ser atribuídas aos despejos domésticos e industriais; à deposição atmosférica decorrente da emissão de compostos de nitrogênio por veículos e chaminés; ao excremento de animais e aos fertilizantes empregados na agricultura. No meio urbano são utilizadas altas doses de fertilizantes, principalmente no inverno, a fim de exaltar a coloração verde dos jardins e gramados. Uma definição mais aprofundada acerca da presença de nitrogênio no meio aquático se faz necessária, pois ele é um elemento indispensável para o crescimento de algas. Sendo assim, a presença de tal nutriente em elevadas concentrações em ambientes aquáticos, principalmente lênticos como é o caso da Baía de Guanabara, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos, originando um processo denominado eutrofização. Adicionalmente, o nitrogênio nos processos bioquímicos de conversão de amônia a nitrito e deste a nitrato, forma do nutriente que as algas assimilam para seu crescimento, implica no consumo de oxigênio dissolvido no meio. Quando esse processo ocorre a taxas aceleradas há uma diminuição acentuada de oxigênio no meio, o que pode afetar a vida aquática. Por fim, o nitrogênio na forma de amônia livre é extremamente tóxico aos peixes. 2.2.3 Fósforo O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato, polifosfato (moléculas mais complexas com dois ou mais átomos de fósforo) e fósforo orgânico, quando complexado à matéria orgânica. O fósforo sob a forma de ortofosfato encontra-se disponível para o metabolismo biológico sem necessidade de conversões a formas mais simples, ou seja, é a forma do nutriente reativa que pode ser assimilada pelas algas. Os ortofosfatos podem se apresentar na água como: 𝑃𝑂4 3−·; 𝐻𝑃𝑂4 2−; 𝐻2 𝑃𝑂4 − e 𝐻3 𝑃𝑂4 (VON SPERLING, 2005). As origens antropogênicas de fósforo podem ser atribuídas aos despejos domésticos e industriais; ao excremento de animais; aos fertilizantes empregados na 8 agricultura; aos aditivos para óleo de motor de veículos e, sobretudo aos detergentes utilizados para limpeza. A análise da quantidade de fósforo que é introduzido no corpo hídrico é de fundamental importância, pois este é um elemento não só indispensável como também limitante para o crescimento de algas. Assim como mencionado para o nitrogênio, a alta concentração de fósforo no corpo d’água ocasiona um aumento acentuado da biomassa pelo crescimento das algas, num processo denominado eutrofização. Esse processo manifesta-se pela diminuição dos teores de oxigênio dissolvido na água; por condições anóxicas junto ao fundo do corpo d’água; episódios de mortandade de peixes e alterações estéticas. 2.2.4 Matéria Orgânica As origens antropogênicas da matériaorgânica são atribuídas aos despejos domésticos e industriais. A quantificação da matéria orgânica é realizada de forma indireta a partir de dois parâmetros, a saber: DQO e DBO. A DQO ou demanda química de oxigênio é expressa em mg de 𝑂2 por litro de amostra analisada e indica o consumo de oxigênio ocorrido em função da oxidação química da matéria orgânica presente na amostra através de um forte oxidante (usualmente o dicromato de potássio em meio ácido). Já a DBO ou demanda bioquímica de oxigênio também é expressa em mg de 𝑂2 por litro de amostra analisada e indica a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar a matéria orgânica através de processos bioquímicos, ou seja, revela a fração biodegradável da matéria orgânica. A matéria orgânica presente nos corpos d’água é de primordial importância, pois é responsável pelo consumo do oxigênio dissolvido na água pelos microrganismos decompositores. Logo, o teor de matéria orgânica é um indicativo do potencial de consumo do oxigênio dissolvido e a DBO e DQO são parâmetros fundamentais para a caracterização do grau de poluição de um corpo d’água. 2.2.5 Micropoluentes Inorgânicos Os micropoluentes inorgânicos são caracterizados como os metais (arsênio, cádmio, cromo, chumbo entre outros); cianetos; flúor e outros compostos. Eles são originados em atividades antropogênicas como a mineração, garimpo e agricultura e podem alcançar os corpos hídricos através dos despejos industriais. A presença de micropoluentes inorgânicos é nociva aos ecossistemas aquáticos e prejudica o uso dos corpos d’água receptores para abastecimento humano, irrigação e recreação. A análise desse parâmetro químico é justificada, uma 9 vez que, grande parte desses poluentes é tóxica, com destaque para os metais solúveis em água. Vários desses metais se concentram na cadeia alimentar, resultando em um grande risco para os organismos situados em níveis tróficos superiores. Os metais que aparecem com maior frequência e que são quantificados como constituintes dos escoamentos superficiais no presente trabalho são: cromo; chumbo; cádmio e zinco. Eles estão presentes nas tintas, materiais galvanizados e tubulações metálicas, porém são mais recorrentemente associados à circulação de veículos automotores. Após a apresentação dos parâmetros de qualidade da água mais relevantes e detendo-se o presente trabalho na análise dos escoamentos superficiais em ambientes urbanos são descritas, a seguir, as principais alterações causadas pela urbanização sobre a oferta e qualidade dos recursos hídricos. 2.3 Impactos da Urbanização sobre uma Bacia Hidrográfica A urbanização acelerada vem sendo acompanhada da redução da disponibilidade de recursos hídricos e da deterioração da qualidade dos mesmos. Os impactos ambientais resultantes do uso e ocupação do solo acarretam também na degradação da qualidade de vida da população, trazendo diversos tipos de problemas a serem enfrentados, tais como: dificuldades para captação de água com qualidade adequada para o abastecimento; aumento dos custos com tratamento de água e esgoto; escassez de água para seus diversos usos e doenças de veiculação hídrica. O desenvolvimento das cidades, através da substituição da cobertura vegetal por superfícies impermeáveis, alterou o balanço hídrico das áreas urbanizadas ao reduzir drasticamente a interceptação e a infiltração. A superfície urbana não retém água como a vegetação, o que reduz a evapotranspiração, ao mesmo tempo em que bloqueia a infiltração de água no solo, diminuindo os níveis dos lençóis freáticos e consequentemente a recarga dos rios em períodos de estiagem (Figura 2). Dessa forma, o que deixa de infiltrar permanece na superfície, aumentando o volume e a velocidade do escoamento superficial. De fato, SCHUELER (1987) verificou que o aumento do coeficiente volumétrico de runoff3 é proporcional à área impermeável, conforme apresentado na Figura 3. 3 Coeficiente de runoff é definido como a razão entre o volume de água escoado superficialmente e o volume de água precipitado 10 Figura 2. Alterações hidrológicas devido à urbanização Fonte: TUCCI, PORTO, BARROS (1995) Figura 3. Relação entre área impermeável e o coeficiente de runoff Fonte: TOMAZ (2006) 11 O aumento do volume de água escoado associado às ocupações marginais são fatores de grande influência no incremento de inundações no meio urbano (Figura 4). Isso porque o equilíbrio natural existente nos cursos d’água para extravasamento das cheias é rompido pela construção de avenidas, loteamentos ou assentamentos informais nas áreas de várzeas de córregos e rios. Figura 4. Desenvolvimento urbano e cheias urbanas Fonte: SMDU (2012) A retificação de meandros naturais dos rios e a expansão de áreas impermeáveis, decorrentes do processo de urbanização, contribuem para o aumento da velocidade do escoamento superficial. Taxas aceleradas de escoamento superficial potencializam a capacidade da água de remover partículas do solo e poluentes associados a ele, transportando-os e depositando-os mais a jusante. Na Figura 5 encontram-se sintetizados os efeitos da urbanização no aumento das inundações e da poluição das águas. 12 Figura 5. Efeitos da urbanização Fonte: SMDU (2012) Dessa forma, entende-se que o impacto devido à urbanização se dá nos cursos d’água onde são lançadas as águas pluviais e a jusante, quando tais águas são encaminhadas para outros rios. 2.4 Poluição Difusa de Origem Pluvial Existem duas formas pelas quais a carga poluidora atinge o corpo hídrico: pontual e difusa. A primeira é decorrente de ações pontuais e localizadas, como uma cidade que lança seu efluente num corpo d’água através de uma única tubulação. A segunda, denominada poluição difusa, alcança os rios, lagoas, baías, etc., distribuída ao longo das margens, não se concentrando em um único local como é o caso da poluição pontual. TOMAZ (2006) exemplifica a poluição difusa como aquela 13 proveniente das chuvas sobre uma cidade, que molham os telhados, os jardins, as ruas, etc, levando consigo poluentes urbanos para os cursos d’água. Pode-se caracterizar a poluição difusa a partir das seguintes condições (TOMAZ, 2006): O lançamento da carga poluidora ocorre em intervalos intermitentes e está associada, em sua maioria, à precipitação; Os poluentes são transportados a partir de extensas áreas; A origem desse tipo de poluição é de difícil identificação o que impossibilita o seu monitoramento; O controle da poluição deve incluir ações sobre a área geradora da carga, e não somente o controle do efluente quando lançado; e A carga poluidora varia de acordo com intensidade e duração do evento meteorológico, o tamanho da área da bacia e outros fatores que dificultam o estabelecimento da correlação vazão x carga poluidora. A característica mais marcante da poluição de origem difusa talvez possa ser atribuída à grande variabilidade da concentração de poluentes presentes quando do lançamento da drenagem urbana nos corpos d’água. As concentrações variam em ordens de magnitude entre bacias hidrográficas, entre diferentes eventos de precipitação e, também, ao longo de um mesmo evento (PORTO, 1995). A poluição por cargas difusas é, portanto, um fenômeno aleatório como o evento hidrológico responsável pela sua ocorrência, justificando assim as incertezas existentes acerca da poluição gerada pelos escoamentos superficiais e os desafios enfrentados para o seu controle (PRODANOFF, 2005). A poluição por cargas difusas pode ser dividida basicamente em duas categorias: urbana e rural. Na área rural, as fontes são, em sua maioria, as atividades agrícolas, ou seja, a aplicação de agroquímicos como pesticidas, fertilizantes, entre outras substâncias empregadas nas lavouras e plantações. Jána área urbana ela tem origem no escoamento superficial que carrega poluentes depositados de forma esparsa sobre a área de contribuição da bacia hidrográfica. A poluição difusa é, portanto, um dos maiores problemas enfrentados no meio ambiente urbano, causando impactos extensivos sobre a qualidade das águas e constituindo um fator extremamente impactante para seus diferentes usos na cidade. Assim, o presente trabalho se deterá na análise dos escoamentos superficias em meio urbano. Os principais poluentes carreados pela drenagem urbana são sedimentos; matéria orgânica; bactérias; metais; hidrocarbonetos provenientes do petróleo; tóxicos, como os pesticidas e poluentes do ar (ELLIS, 1986). A carga poluidora depende do 14 tipo e do uso do solo; de características hidrológicas e topográficas; cobertura vegetal; estação do ano; eficiência na limpeza das ruas, entre outros fatores (SILVA, 2003). É fundamental conhecer qualitativamente as prováveis fontes desses poluentes a fim de avaliar o seu potencial poluidor, os dispositivos de controle que podem ser utilizados para desviá-los antes que atinjam o corpo receptor, bem como concentrar esforços nas áreas problemáticas. 2.5 Fontes Potenciais de Poluentes Carreados Pelos Escoamentos Superficiais em Meio Urbano Destacam-se como principais fontes de cargas difusas em meio urbano: a deposição atmosférica; a acumulação de poluentes nas ruas, pela disposição inadequada de lixo, pelo desgaste da pavimentação entre outros; derramamentos químicos e, finalmente, a erosão. 2.5.1 Deposição Atmosférica Os poluentes do ar depositam-se sobre telhados, ruas e demais superfícies da área urbana, resultando na chamada deposição seca. A chuva "lava" essas superfícies e, assim, tais poluentes são transportados até os corpos d'água. Os poluentes podem então ser carreados pelo escoamento superficial, após sua deposição seca, ou podem ser trazidos pela própria chuva, processo denominado de deposição úmida. Nesse caso, gases e partículas presentes na atmosfera dissolvem-se ou são arrastados pela água da chuva e trazidos ao solo. As principais fontes de poluição do ar podem ser atribuídas à indústria, dita fonte fixa e aos veículos, as fontes móveis. Enquanto os veículos são responsáveis principalmente pela emissão de óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos voláteis, as indústrias liberam principalmente material particulado e óxidos de enxofre. Talvez, o problema mais importante associado à poluição atmosférica, no que se refere às cargas difusas, seja a chamada chuva ácida, isto é, a diminuição do pH da água da chuva. Em locais com concentrações elevadas de dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, esses se combinam com o vapor d’água e formam os ácidos sulfúrico e nítrico, que reduzem o pH da chuva que irá se depositar nas superfícies. A chuva ácida altera o ecossistema aquático, diminuindo, por exemplo, a população de peixes, além de prejudicar a vegetação. A figura a seguir mostra a emissão de gases na RECUC. 15 Figura 6. Emissão de gases na REDUC Fonte: Disponível em: <http://www.oserrano.com.br/view.asp?tipo=Local&id=33053>. Acesso em: 05/11/2015. 2.5.2 Acumulação de Poluentes nas Superfícies Urbanas A representação esquemática do processo de acumulação de poluentes nas ruas pode ser visualizada na Figura 7. Entre os principais poluentes estão incluídos: resíduos do desgaste da pavimentação; vazamentos e resíduos deixados por veículos; restos de vegetação; partículas de solo como areia e argila; dejetos de animais e lixo (NOVOTNY e CHESTERS, 1981). Esses materiais acumulam-se junto às guias e sarjetas constituindo fontes de poluentes que irão compor os escoamentos superficiais urbanos. Figura 7. Principais processos responsáveis pelo acúmulo de poluentes nas ruas. Fonte: NOVOTNY e CHESTERS (1981) http://www.oserrano.com.br/view.asp?tipo=Local&id=33053 16 É usual que pedaços de asfalto, partículas de cimento e de qualquer outro material utilizado na pavimentação das ruas soltem-se, devido ao desgaste e sejam carreados pela chuva. Contribuem para um maior desgaste as condições meteorológicas e o estado de conservação do pavimento. Já os veículos contribuem com o derrame de combustível; óleo lubrificante; fluído de freio; líquido refrigerante; partículas oriundas do desgaste de freios e pneus; ferrugem; partículas de tinta e componentes quebradas que se soltam e se depositam no pavimento. Apesar da quantidade pouco significativa de materiais que são depositados pelos veículos, eles merecem especial atenção por apresentarem potencial poluidor considerável. Vale destacar que esses poluentes são em geral compostos por metais, ou seja, são tóxicos, logo potencialmente prejudiciais à vida aquática. O lixo depositado nas ruas dos centros urbanos tem composição heterogênea e variável podendo ser composto por: embalagens; matéria orgânica como cascas de fruta; dejetos de animais; folhas secas; grama cortada e lixos deixados por descuido na coleta. A quantidade de lixo deixada nas ruas depende da densidade de ocupação da área, do movimento de pedestres e de veículos e, principalmente, da educação da população (Figura 8). Figura 8. Acúmulo de lixo em Duque de Caxias. Fonte: Disponível em:< http://1.bp.blogspot.com/- uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jp g,>. Acesso em: 30/05/2016. Ademais, a vegetação constituída por folhas; grama; galhos e outros tipos de plantas que caem ou são depositados pode ser carreada pelas águas da chuva. Ainda sujeira e partículas do solo, como areia e argila contribuem para compor os escoamentos superficiais em meio urbano. http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg http://1.bp.blogspot.com/-uJAxCpFVjms/UK6kivoOI9I/AAAAAAAAAq4/1wuBWYbXHig/s1600/Lixo+no+largo+do+ganso.jpg 17 Os vazamentos causados pelas redes de esgotos deficientes constituem uma fonte de poluentes significativa em função de sua carga orgânica. Esses vazamentos e contaminações indesejadas estão intimamente associados a doenças de veiculação hídrica. 2.5.3 Derramamentos Químicos As substâncias tóxicas mais frequentes como componentes da poluição difusa urbana são: metais pesados, pesticidas organoclorados e bifenilas policloradas (PCB's) (MARSALEK, 1986). Esses poluentes tóxicos são originados de derramamentos químicos, como os resíduos oleosos de postos de gasolina ou de despejos nas sarjetas de produtos como tintas; solventes; óleo lubrificante e veneno. Os PCB’s, apesar de terem seu comércio, importação e produção proibidos desde os anos 80, ainda estão presentes no ambiente devido à sua alta persistência e podem ser carreados pelas águas da chuva. Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA’s) são substâncias a base de petróleo que podem ser cancerígenas e tóxicas e estão frequentemente presentes nas águas pluviais. Já os pesticidas organoclorados, utilizados no controle de insetos e pragas, são empregados em menores quantidades no meio urbano, usualmente em jardins e parques. Apesar disso são altamente tóxicos, persistentes e acumulam-se na cadeia alimentar, sendo, portanto uma fonte de poluição que merece atenção. Na figura a seguir é possível visualizar o acúmulo de um efluente oleoso e supostamente tóxico vindo de uma oficina mecânica. O mal estado de conservação do pavimento favorece o empoçamento desse resíduo que será carreado pelos escoamentos superficiais. 18 Figura 9. Acúmulo de resíduo oleoso vindo de uma oficina mecânica na rua Terezinha Pinto, em Nova Iguaçu. Fonte: GOOGLE (2016). 2.5.4 Erosão Conforme descrito no item 2.3, a urbanização acarreta em taxas aceleradas de erosão, em funçãodo aumento do volume e principalmente da velocidade dos escoamentos superficiais. Esse processo é intensificado nos locais onde se instalam novos empreendimentos, em abertura de novas avenidas, novos loteamentos etc. A erosão depende das características do solo; do clima; da topografia e outros. Maiores taxas de erosão significam maiores arrastes e, portanto, maiores quantidades de sedimentos que serão introduzidos nos cursos d’água. Na Figura 10 é apresentada uma rua localizada em Duque de Caxias logo após um evento de chuva intensa. A turbidez da água indica a alta carga de SS carreada pelos escoamentos. 19 Figura 10. Rua após chuva intensa em Duque de Caxias em fevereiro de 2016. Fonte: Disponível em: <httpoglobo.globo.comriochuvas-causam-estragos-na-baixada- fluminense-na-regiao-serrana-3552508>. Acesso em: 01/08/2016. O sedimento trazido pelo escoamento superficial urbano tende a se depositar no fundo do leito do corpo d’água receptor, acarretando em problemas diversos, dentre eles: a diminuição da capacidade de escoamento através da alteração das características hidráulicas do meio, a deterioração do seu aspecto estético pelo aumento da turbidez da água e a alteração da população dos organismos que vivem junto ao fundo, uma vez que o depósito de sedimentos pode afetar locais de reprodução e fonte de alimento dessas espécies. Adicionalmente, muitos poluentes têm forte afinidade com os SS, dessa forma, metais; poluentes orgânicos; nutrientes e organismos patogênicos podem estar adsorvidos aos sólidos introduzidos no corpo hídrico. 2.6 Impactos Causados pelas Cargas Difusas Sobre a Qualidade do Corpo Hídrico Os impactos causados pelo lançamento dos escoamentos superficiais nos corpos d’água incluem: alterações estéticas, no pH e temperatura do meio; demanda por oxigênio decorrente do aporte de matéria orgânica e nutrientes; introdução de sólidos em suspensão e dissolvidos, organismos patogênicos, metais e compostos orgânicos, sejam naturais ou sintéticos. Esses impactos podem interagir em diversos graus de formas antagônicas, aditivas ou por sinergia, afetando a vida aquática (PRODANOFF, 2005). 20 É importante destacar que a magnitude do impacto causado pelo lançamento da drenagem urbana depende de fatores como o estado do corpo d’água antes do lançamento; sua capacidade assimilativa e, ainda, da quantidade e distribuição das chuvas; uso do solo na bacia; tipo e quantidade de poluente arrastado. De forma geral, a introdução de cargas difusas gera modificações que produzem impactos negativos diversos, com consequências a curto e a longo prazo sobre o ecossistema aquático. Os vários impactos e seus respectivos prazos de atuação podem ser visualizados na Figura 11. Figura 11. Escala de tempo para ocorrência dos problemas causados pelo lançamento da drenagem urbana Fonte: HVITVED-JACOBSEN (1986) A introdução de SS carreados pelos escoamentos superficiais no corpo receptor pode ser considerado um impacto de curto prazo na medida em que provoca alterações nas condições hidrodinâmicas do meio e na biota devido a mudanças dos habitats. Esse impacto, no entanto, pode ainda causar reflexos em longo prazo em função da capacidade das partículas sólidas de adsorverem outros poluentes e sedimentarem no fundo dos leitos, conforme descrito no item anterior. Um impacto relevante para a saúde da população que se utiliza das águas do corpo receptor para múltiplos fins é a contaminação por organismos patogênicos. A presença de Escherichia Coli 4nas águas de drenagem urbanas pode ocorrer devido ao vazamento de fossas sépticas e redes de esgoto deficientes ou aos dejetos de animais acumulados na superfície. Embora a contaminação indicada pela presença de 4 E. Coli é o organismo predominante no grupo de coliformes termotolerantes e utilizado como indicador de contaminação fecal por estar presente exclusivamente no trato digestório do homem e animais. 21 organismos de origem fecal seja um impacto de curto prazo, visto que a morte dessas bactérias ocorre de forma relativamente rápida quando livres na água, sabe-se que elas são adsorvidas no sedimento e podem vir a constituir o lodo de fundo, onde encontram um ambiente propício para sua sobrevivência: proteção contra os raios solares e alto teor de nutrientes. A depleção da concentração de oxigênio no meio aquático ameaça a sobrevivência de peixes e organismos aquáticos sensíveis e pode ser considerado um impacto de curto prazo, uma vez que, resulta da degradação da matéria orgânica e da oxidação de compostos presentes nos volumes escoados. Ainda, no ponto de lançamento de efluentes ocorre a ressuspensão de sedimentos, que são retirados das camadas anóxicas mais profundas e expostos à biodegradação e à oxidação, reduzindo ainda mais a concentração de oxigênio dissolvido no meio. Já o afluxo de nutrientes ao corpo receptor desencadeia um processo denominado eutrofização, anteriormente apresentado (Item 2.2.3). É, portanto um impacto de longo prazo, tanto no que se refere ao tempo necessário para que comece a afetar o ecossistema, como no tempo necessário para sua correção. O impacto causado pela introdução de substâncias tóxicas no meio aquático é de curto prazo quando avaliado pelos índices de mortalidade de seres aquáticos provocada após seu lançamento. Vários poluentes tóxicos sofrem a chamada bioacumulação, ou ampliação biológica, fenômeno que leva ao aumento da concentração da substância tóxica no tecido dos organismos nos níveis mais elevados da cadeia alimentar. A ingestão desses organismos pelo homem pode causar graves danos à saúde. Ainda, muitos deles acumulam-se no sedimento, o que pode tornar a sua permanência no ecossistema bastante longa, constituindo-se em um impacto de longo prazo. 2.7 O Controle da Poluição Difusa As BMPs (Best Management Practices) podem ser traduzidas como melhores técnicas ou práticas de gerenciamento, ou ainda, medidas ótimas para o gerenciamento de cargas difusas. Essas técnicas têm por objetivo melhorar a qualidade das águas; reduzir a frequência de inundações; aumentar a participação da sociedade no monitoramento das bacias hidrográficas; integrar a paisagem urbana ao meio ambiente, dentre outros. Os mecanismos de remoção dos poluentes das BMPs são basicamente: a sedimentação de poluentes, a infiltração de nutrientes solúveis no solo e a estabilização química e biológica das substâncias coloidais presentes nas águas 22 pluviais (TOMAZ, 2006). Existem diversas possibilidades de classificação das técnicas de controle da poluição difusa: quanto à forma de intervenção as BMPs classificam-se em estruturais ou não estruturais e quanto à localização na bacia o controle pode ser feito à montante ou à jusante. 2.7.1 Controle à Montante e à Jusante Os sistemas de controle implantados próximos às fontes de geração do deflúvio são classificados como sistemas de controle à montante ou no lote e baseiam- se nas funções de armazenamento e de infiltração. O controle por armazenamento tem como objetivo deter as águas pluviais e reduzir as vazões de pico de forma a controlar as cheias urbanas. Dentre essas técnicas destacam-se: armazenamento no telhado (telhados verdes), armazenamentos nos jardins e estacionamentos de veículos e armazenamento em reservatórios enterrados (TOMAZ, 2006). O controle por infiltração visa interferir no ciclo hidrológico da região, mitigando parcialmente os impactos decorrentes da urbanização. Dentre essas técnicas destacam-se: aplainamento do terreno para aumentar a infiltração no solo; bombeamento da água de drenagem dos prédios para caixas contendo pedras que promovam a infiltração; construção de pequenas lagoas (com 100 mm de profundidade) próximas aos edifícios para melhorar a infiltração das águas que escoam dos telhados; trincheirasde infiltração; vala gramada; micro drenagem com tubos perfurados; faixa filtro gramada; jardins pluviais e captação de água da chuva (TOMAZ, 2006). Diferentemente, o controle à jusante tem como objetivo melhorar a qualidade das águas pluviais antes que elas atinjam os cursos d’água. As técnicas de controle à jusante são: bacias de detenção molhadas; Wetlands (alagadiços); reservatórios de detenção e bacia de infiltração (TOMAZ, 2006). 2.7.2 Técnicas Estruturais e Não Estruturais As principais BMPs podem ser subdividas em cinco grupos básicos dentre as práticas estruturais e não estruturais. As medidas estruturais estão relacionadas à construção de dispositivos que ofereçam armazenamento temporário e tratamento das águas pluviais e estão subdivididas em três grupos: Infiltração As práticas de infiltração objetivam captar e armazenar temporariamente o volume para melhoria da qualidade das águas pluviais e permitir que o mesmo se 23 infiltre no solo por um certo período. As técnicas de infiltração atendem à recarga de águas subterrâneas, à redução da vazão de pico de enchente e em alguns casos ao controle da erosão. São as trincheiras de infiltração e bacias de infiltração. Filtração As práticas de filtração são destinadas a capturar e armazenar o volume de água de chuva que segue por um filtro de areia, orgânico ou similar para melhoria da sua qualidade. As águas pluviais filtradas podem infiltrar no solo ou ser totalmente encaminhadas para o sistema de drenagem urbana. Caso a prática de filtração possibilite a infiltração através do solo, ela pode garantir também o volume de recarga do aquífero. São os filtros de areia com todas as suas variações e a bioretenção. Detenção De modo geral, as lagoas de detenção podem resultar na melhoria da qualidade das águas pluviais e atender ao controle da erosão e à redução da vazão de pico de uma determinada enchente. São as lagoas de detenção alagadas, os alagadiços artificiais (Wetlands) e os separadores de óleos e graxas. As técnicas não estruturais são aquelas que visam reduzir os níveis de poluição das águas pluviais, não por meio de obras, mas pela introdução de normas, regulamentos e programas. Elas estão subdividas em dois grupos: Planejamento e uso do solo São práticas como a regulação do uso do solo que deve incluir a garantia de espaços livres e a redução da área impermeável; a regulamentação para áreas em construção; a criação e manutenção de áreas verdes, entre outras. Pós-desenvolvimento São práticas como a varrição das ruas; o controle e detecção de vazamentos em redes de esgoto; a coleta e disposição final de lixo e a educação da população de modo a prevenir o uso e descarte inadequado de produtos poluentes. As medidas não estruturais estão cada vez mais sendo usadas para a melhoria da qualidade das águas pluviais, em muitos casos, elas são usadas em combinação com as medidas estruturais. 2.7.3 Infraestrutura Verde Urbana A infraestrutura verde tem sido vista como alternativa ao manejo das águas pluviais nos centros urbanos. Ela tem como finalidade preservar o ciclo hidrológico 24 natural, profundamente alterado pela impermeabilização das superfícies, convertendo áreas que causam impactos ecológicos em elementos que mimetizam os processos naturais. A incorporação das tipologias de infraestrutura verde à escala local tem por objetivo manter ou recuperar, mesmo que parcialmente, a funcionalidade da paisagem, através da mitigação das interferências antrópicas e da promoção e manutenção dos fluxos bióticos e abióticos (HERZOG, 2009). Os projetos de infraestrutura verde têm como principais objetivos reduzir o volume dos escoamentos superficiais e a frequência das inundações, através da maior infiltração da água; controlar a poluição difusa, promovendo a filtração e limpeza da água; garantir o abastecimento dos aquíferos; reduzir as ilhas de calor e finalmente valorizar esteticamente os centros urbanos, o que contribui para o aumento de qualidade de vida dos seus moradores. A seguir são apresentadas diversas tipologias de projeto de infraestrutura verde urbana que podem ser incorporadas aos espaços já existentes e às práticas de controle da poluição difusa. 2.7.3.1 Sistemas de Biorretenção Os sistemas de biorretenção devem ser implantados em cotas mais baixas do terreno, para onde converge o escoamento superficial, e ser constituídos por plantas de diferentes espécies e tamanhos. Essas estruturas recebem o escoamento da água que infiltra gradualmente no solo, garantindo a retenção da água enquanto a atividade biológica de plantas e microrganismos promove a remoção dos poluentes das águas. Dessa forma, os sistemas de biorretenção reduzem parte do volume do escoamento superficial e consequentemente o tamanho e custo do sistema de drenagem de jusante; promovem a remoção de sedimentos finos, metais, nutrientes e bactérias, melhorando a qualidade das águas; além de contribuírem para aumentar a beleza paisagística do local. Dentre os sistemas de biorretenção destacam-se: Jardins de chuvas Os jardins de chuva são colocados junto do meio-fio, para receber o escoamento superficial que carrega os poluentes do leito carroçável. São indicados para áreas altamente impermeáveis, como pátios e estacionamentos; ruas largas com baixo tráfego de veículos; ruas próximas a locais em que se deseja diminuir a velocidade dos veículos ou ainda podem ser construídos dentro do próprio lote. (Figura 12) 25 Figura 12. Jardins de chuva Fonte: Disponível em: < http://atverdebrasil.com.br/wp- content/uploads/portland-aguas1.jpg>. Acesso em: 06/07/2016. Canteiros pluviais São jardins de chuvas de pequenas dimensões, ou seja, são mais compactados para utilização em espaços urbanos densamente construídos. Eles são geralmente instalados ao redor das edificações contendo canalização que verte água escoada diretamente dos telhados. (Figura 13) http://atverdebrasil.com.br/wp-content/uploads/portland-aguas1.jpg http://atverdebrasil.com.br/wp-content/uploads/portland-aguas1.jpg 26 Figura 13. Canteiros pluviais Fonte: Disponível em: <http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial- 2/>. Acesso em: 06/07/2016 Biovaletas As biovaletas são depressões lineares preenchidas com vegetação, solo e demais elementos filtrantes. A água infiltrada é coletada por tubos perfurados localizados no subsolo e encaminhada para tratamentos complementares ou devolvida às redes de drenagem locais. Elas são, geralmente, usadas para tratar os escoamentos de ruas e de estacionamentos. (Figura 14) http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial-2/ http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-canteiro-pluvial-2/ 27 Figura 14. Biovaletas Fontes: Disponível em: < http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-biovaleta/> e < http://www.criaarquitetura.com.br/blog/biovaletas-bioswale/>. Acesso em: 06/07/2016. 2.7.3.2 Lagoas Pluviais As lagoas pluviais funcionam como bacias de retenção de água de escoamento e são capazes de reter grandes volumes de água. Essas estruturas mantêm sempre uma quantidade mínima de água retida entre eventos de precipitação, caracterizando- se como um ambiente alagado artificial. Os alagados construídos são dimensionados de acordo com o volume da contribuição de água captada, assim, em áreas altamente urbanizadas eles podem ser parte integrante da paisagem urbana, já nas escalas regionais, eles podem ocupar áreas relativamente grandes fornecendo habitat significativo para a vida silvestre. As lagoas pluviais aliviam os sistemas de drenagem http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-biovaleta/ http://www.criaarquitetura.com.br/blog/biovaletas-bioswale/ 28 de águas pluviais; reduzem a carga poluidora dos escoamentos;possibilitam a infiltração e recarga de aquíferos e ainda podem ser adaptadas como alternativa de recreação e lazer, valorizando o entorno. (Figura 15) Figura 15. Lagoas pluviais em: a) Wilsonville, Oregon (EUA ) b) Seattle, Washington (EUA) Fonte: Disponível em: <http://reformafacil.com.br/ecologia/infra- estrutura-verde-lagoa-pluvial/>. Acesso em:06/07/2016. a) b) http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-lagoa-pluvial/ http://reformafacil.com.br/ecologia/infra-estrutura-verde-lagoa-pluvial/ 29 2.7.3.3 Lagoas Secas ou de Detenção As lagoas de detenção ou piscinões são constituídas por depressões vegetadas que durante as chuvas recebem as águas pluviais, possibilitando a infiltração e recarga de aquíferos e retardando a entrada das águas no sistema de drenagem. Elas podem ser projetadas ao longo de vias, rios, em parques lineares e fazer parte de projetos de paisagismo públicos e privados de loteamentos e condomínios. Em tempos secos, elas podem ser usadas para lazer, recreação e atividades diversas. Deve-se atentar ao fato de que, caso a bacia tenha como principal objetivo o controle da poluição, ela deve ser de detenção prolongada, uma vez que tempos de detenção maiores são desejáveis para que ocorra a sedimentação dos poluentes, diferentemente daquelas projetadas unicamente para o controle de cheias. (Figura 16) 30 Figura 16. Bacias de detenção Fontes: Disponível em:< http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142- 1.aspx > e <http://143.107.108.83/sigrh/basecon/macrodrenagem/meninos/Arquivos_Men/Cap4_Men_Frame.html>. Acesso em: 06/07/2016. http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142-1.aspx http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/4/artigo220142-1.aspx http://143.107.108.83/sigrh/basecon/macrodrenagem/meninos/Arquivos_Men/Cap4_Men_Frame.html 31 2.7.3.4 Pavimentos Porosos ou Permeáveis Os pavimentos porosos ou permeáveis constituem uma solução para reduzir a impermeabilidade das superfícies urbanas, uma vez que, permitem a infiltração das águas pluviais. Seu principal benefício é a redução do escoamento superficial e indiretamente da carga poluidora nos escoamentos em função da filtração garantida pelo solo. Dentre as opções de materiais pode-se citar: asfalto poroso; concreto permeável; blocos intertravados; brita e pedriscos. (Figura 17) Figura 17. a) Pavimento intertravado poroso e b) pisograma ou concregrama Fonte: SDMU (2012) a) b) 32 2.7.3.5 Telhado Verde Esta tipologia consiste no recobrimento das coberturas com vegetação, de forma a reproduzir uma área natural de infiltração alterada pela edificação. As águas pluviais podem ser coletadas nos tetos verdes, direcionadas a um tratamento preliminar e posteriormente utilizadas ou armazenadas para usos futuros, tais como: lavagem de carros; calçadas; irrigação de plantas ou ainda direcionadas para os canteiros pluviais. A implantação de telhados verdes pode reduzir os efeitos das ilhas de calor e a temperatura interna das edificações, contribuindo para a eficiência energética dessas. (Figura 18) 33 Figura 18. Telhados verdes em: a) Recife e b) São Paulo Fontes: Disponível em: < https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da- sustentabilidade-telhados-verdes/> e ¸< https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes- modernos-na-cidade-de-sao-paulo/>. Acesso em: 06/09/2016. a) b) https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da-sustentabilidade-telhados-verdes/ https://ntcbrasil.com.br/blog/novidade-em-prol-da-sustentabilidade-telhados-verdes/ https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes-modernos-na-cidade-de-sao-paulo/ https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2015/06/01/5-telhados-verdes-modernos-na-cidade-de-sao-paulo/ 34 3 Caracterização da Bacia do Rio Iguaçu-Sarapuí 3.1 Física A bacia do rio Iguaçu-Sarapuí apresenta uma área de drenagem de 726 km², dos quais 168 km² constituem a sub-bacia do Sarapuí. Limita-se, ao norte com a bacia do Paraíba do Sul, ao sul com a bacia dos rios Pavuna/Meriti, a leste com a bacia dos rios Saracuruna e Inhomirim/Estrela e a oeste com a bacia do rio Guandu e outros afluentes da baía de Sepetiba (SERLA, 1996). O rio Iguaçu tem suas nascentes na Serra do Tinguá, a uma altitude aproximada de 100 m, desenvolve seu curso com uma extensão total de cerca de 43 km e deságua na Baía de Guanabara. Seus principais afluentes são os rios: Tinguá, Pati e Capivari pela margem esquerda e Botas e Sarapuí pela margem direita. O rio Sarapuí tem cerca de 36 km de extensão e sua nascente localiza-se a uma altitude aproximada de 900 m na Serra de Bangu. Ele passou a pertencer à bacia do rio Iguaçu no início do século XX, por ocasião das primeiras grandes obras de saneamento na Baixada Fluminense, quando seus cursos médios foram retificados e sua foz desviada para o curso inferior do rio Iguaçu. A bacia localiza-se na região denominada Baixada Fluminense, limitada ao norte pela Serra do Mar e ao sul pelos Maciços Rochosos Costeiros. O clima da bacia é quente e úmido com estação chuvosa no verão e temperatura média anual em torno dos 22°C. Os rios descem da Serra do Mar em regime torrencial, apresentando, portanto, forte poder erosivo e ao alcançar a planície perdem velocidade e devido ao baixo gradiente do terreno, extravasam de seus leitos formando imensas áreas alagadas (pântanos e brejos). Situa-se na região de domínio da Mata Atlântica, que originalmente se estendia desde as cabeceiras dos rios Iguaçu e Sarapuí até os manguezais nas regiões sob influência das marés da Baía de Guanabara. Atualmente, apenas as serras, em suas partes mais altas, ainda apresentam resquícios dos ambientes primitivos, com florestas altas e densas, ainda que perturbadas em alguns pontos. Apesar da devastação das matas regionais, alguns remanescentes silvestres hoje constituem Unidades de Conservação (UC) como a Reserva Biológica de Tinguá; a Área de Proteção Ambiental do Gericinó-Mendanha; a Área de Proteção Ambiental do Iguaçú- Tinguá entre outras. Nas planícies, colinas e meias encostas das serras, existem esparsas áreas de vegetação secundária (capoeiras e capoeirinhas) e várzeas nas planícies temporariamente encharcadas. 35 Os manguezais, ecossistema drasticamente reduzido na região pelos cortes para lenha e sucessivos aterros para ocupação, encontram-se confinados a um pequeno trecho do estuário do rio Iguaçu. Sabe-se que a REDUC, localizada à margem esquerda e próxima à foz do rio Iguaçu, ocupou grande parte da área de ocorrência do primitivo manguezal. A destruição dos manguezais impactou diretamente a atividade pesqueira da região da Baía de Guanabara, devido à importância ecológica de tal ecossistema como berçário natural de diversas espécies marinhas. As matas e florestas são indispensáveis ao equilíbrio e a regularidade dos sistemas fluviais da baía, e para a manutenção do nível hidrostático adequado dos lençóis freáticos da região, que abastecem os rios em períodos de estiagem. Adicionalmente, a retirada da vegetação agrava as dificuldades de drenagem já existentes na bacia do rio Iguaçu, uma vez que, que a cobertura vegetal é o mais eficiente fator de contenção da erosão. A bacia do rio Iguaçu-Sarapuí abriga integralmente os municípios de Belford Roxo e Mesquita e parte dos municípios de Nilópolis (54%), São João de Meriti (66%), Nova Iguaçu (52%), Duque de Caxias (59%) e do Rio de Janeiro (2,6%) 5, abrangendo os bairros de Bangu, Padre Miguel e Senador Câmara, conforme pode ser visualizado na figura abaixo. 5 Porcentagens calculadas a partir da razão entre a área na bacia e a área total do município, adaptado do Projeto Iguaçu (1996). 36 Figura 19.
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