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DISSERTAÇÃO 2019 - ANÁLISEDA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM AQUÍFEROS URBANOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DA SUA EVOLUÇÃO TEMPORAL EM PARTE DA CIDADE DE MACEIÓ-AL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC 
PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS 
 
 
 
JOSÉ SILVIO DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM 
AQUÍFEROS URBANOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DA SUA 
EVOLUÇÃO TEMPORAL EM PARTE DA CIDADE DE MACEIÓ-AL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ-AL 
2019 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC 
PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS 
 
 
 
JOSÉ SILVIO DOS SANTOS 
 
 
 
 
ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM 
AQUÍFEROS URBANOS CONSIDERANDO OS EFEITOS DA SUA 
EVOLUÇÃO TEMPORAL EM PARTE DA CIDADE DE MACEIÓ-AL 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro 
Universitário CESMAC, na Modalidade Profissional, 
como requisito para obtenção do Título de Mestre, sob 
a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Barbosa de 
Miranda, e coorientação do Prof. Dr. Thiago José 
Matos Rocha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ-AL 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à memória dos 
meus pais, que com maestria, dotaram-
me de bons valores, os quais me 
norteão perante as sublimes e árduas 
escolhas da vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Ao professor Dr. Paulo Rogério Barbosa de Miranda, pelas orientações que 
ajudaram na elaboração desse trabalho. 
 
Ao professor Dr. Thiago José Matos Rocha, pelas explicações e sugestões 
dadas no decorrer das pesquisas. 
 
Ao professor Pedro Henrique de Omena Toledo, pelas indispensáveis 
orientações e explicações relativas a parte de mapeamento do trabalho. 
 
À Gerência de Controle da Qualidade do Produto – GEQPRO, departamento 
da Companhia de Abastecimento de Alagoas – CASAL, pelas informações pertinentes 
a qualidade da água e a disponibilidade da estrutura laboratorial. 
 
À Gerência de Desenvolvimento Operacional – GEDOP, departamento da 
Companhia de Abastecimento de Alagoas – CASAL, pelas informações técnicas 
relativas aos poços artesianos estudados. 
 
 Ao Instituto Federal de Alagoas – IFAL, instituição da qual sou servidor, pelas 
condições materiais e financeiras indispensáveis a realização dessa pesquisa. 
 
À minha esposa e ao meu querido filho, pelos incentivos e apoio, fundamentais 
ao sucesso desse trabalho. 
 
Aos meus queridos irmãos e irmãs, pela constante motivação dada durante a 
realização desse trabalho. 
 
A todos aqueles, que não foram citados, mas que contribuíram, direta ou 
indiretamente na realização desse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Mapa representativo dos sistemas de aquíferos brasileiros ......................16 
Figura 2 - Aspectos geológicos da área de estudo ................................................. 26 
Figura 3 - Degradação ambiental na área da bacia do Riacho do Reginaldo ......... 28 
Figura 4 - Mapa de uso e ocupação do solo indicando a localização dos poços na 
área urbana de Maceió .............................................................................................. 30 
Figura 5 - Tubulação de água em estado de corrosão ............................................ 34 
Figura 6 - Lançamentos de dejetos no Riacho do Reginaldo .................................. 38 
Figura 7 - Águas poluídas do Riacho Gulandim, afluente do Riacho do Reginaldo..39 
Figura 8 - Variações dos teores de nitrato na área de estudo em 2018 .................. 40 
Figura 9 - Águas poluídas do Riacho do Silva ............................................................42 
Figura 10 - Lançamentos de esgotos domésticos em valas no bairro de Santa Lúcia 
....................................................................................................................................44 
Figura 11 - Lançamentos de dejetos na bacia de detenção do Tabuleiro ............... 45 
Figura 12 - Variações dos teores de amônia na área de estudo em 2018 .............. 48 
Figura 13 - Acúmulo de lixo às margens do Riacho do Silva ................................... 50 
Figura 14 - Córrego perenizado com despejos de esgotos no bairro de Ouro Preto 
................................................................................................................................... 51 
Figura 15 - Esgotos correndo a céu aberto no bairro Dubeaux Leão ....................... 52 
Figura 16 - Variações dos teores de ferro total na área de estudo em 2018 ........... 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Precipitação média mensal (Estação Maceió - 82994) ........................... 29 
Gráfico 2 - Temperatura média mensal (Estação Maceió - 82994) .......................... 29 
Gráfico 3 - Médias dos valores do pH por bacias hidrográficas ............................. 35 
Gráfico 4 - Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região da 
bacia do Riacho do Silva ........................................................................................... 36 
Gráfico 5 - Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região da 
bacia do Riacho do Reginaldo ................................................................................... 36 
Gráfico 6 - Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região da 
bacia do Tabuleiro ..................................................................................................... 37 
Gráfico 7 - Médias dos valores de nitrato por bacias hidrográficas ......................... 39 
Gráfico 8 - Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços localizados na 
região da bacia do Riacho do Silva ........................................................................... 41 
Gráfico 9 - Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços localizados na 
região da bacia do Riacho do Reginaldo ................................................................... 42 
Gráfico 10 - Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços localizados 
na região da bacia do Tabuleiro ................................................................................. 43 
Gráfico 11 - Médias dos valores de amônia por bacias hidrográficas ..................... 47 
Gráfico 12 - Evolução temporal das concentrações de amônia nos poços localizados 
na região da bacia do Riacho do Silva ....................................................................... 49 
Gráfico 13 - Evolução temporal das concentrações de amônia nos poços localizados 
na região da bacia do Riacho do Reginaldo .............................................................. 50 
Gráfico 14 - Evolução temporal das concentrações de amônia nos poços localizados 
na região da bacia do Tabuleiro ................................................................................ 52 
Gráfico 15 - Médias dos valores de ferro total por bacias hidrográficas .................. 54 
Gráfico 16 - Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços 
localizados na região da bacia do Riacho do Silva .................................................. 56 
Gráfico 17 - Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços 
localizados na região da bacia do Riacho do Reginaldo ........................................... 56 
Gráfico 18 - Evolução temporal das concentrações de ferro total nos poços 
localizados na região da bacia do Tabuleiro .............................................................. 57 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Localização dos pontos de coletas e suas respectivas localidades ......... 31 
Tabela 2 - Teores de cloretos, sódio e sólidos totais obtidos em amostras de água 
avaliadas em 2018 .................................................................................................... 32 
Tabela 3 - Valoresde pH obtidos em amostras de água avaliadas em 2018 ........... 33 
Tabela 4 - Teores de nitrato obtidos em amostras de água avaliadas em 2018 ....... 37 
Tabela 5 - Teores de amônia obtidos em amostras de água avaliadas em 2018 ..... 46 
Tabela 6 - Teores de ferro total obtidos em amostras de água avaliadas em 2018... 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ANA - Agência Nacional das Águas 
BH - Bacia hidrográfica 
CPRM – Serviço Geológico do Brasil 
CASAL – Companhia de Abastecimento de Alagoas 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 
Cl – Cloretos 
Fe - Ferro 
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde 
GPS – Sistema de Posicionamento Global 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia 
mg – Miligrama 
MMA – Ministério do Meio Ambiente 
MS – Ministério da Saúde 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
ONU – Organização das Nações Unidas 
OPAS – Organização Pan-americana de Saúde. 
P - Poços 
pH - Potencial Hidrogêniônico 
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos 
PRC – Portaria de Consolidação 
Na – Sódio 
NH3 – Amônia 
NO3 - Nitrato 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O consumo de água subterrânea cresce de forma intensa no Brasil, atualmente grande parte da 
população do país, especialmente a parcela que residem em áreas urbanas, dependem desse recurso. 
Porém, o crescimento urbano desordenado, típico das cidades brasileiras vem produzindo impactos 
significativos nos mananciais que abastecem essas localidades. Desse modo, torna-se fundamental 
um amplo conhecimento acerca do comprometimento da qualidade desse recurso no meio urbano. O 
objetivo desse trabalho foi analisar a qualidade da água utilizada para consumo humano proveniente 
de poços artesianos públicos, localizados em áreas urbanas densamente povoadas da cidade de 
Maceió, no sentido de verificar possíveis fontes de contaminação relacionadas ao mau uso e ocupação 
do solo urbano. Para tanto, realizaram-se análises químicas em amostras de água coletadas entre 
março e julho de 2018, para verificar se os teores de pH, nitrato, amônia, ferro total, cloreto, sódio e 
sólidos totais presente na água estavam de acordo com o padrão de potabilidade estabelecido na 
legislação. A pesquisa se propôs também, a realizar uma análise da evolução temporal da qualidade 
desse recurso, através de dados contidos em amostragens de anos anteriores cedidos pela Companhia 
de Abastecimento de Alagoas (CASAL). Os resultados obtidos em 100% das amostras analisadas para 
os parâmetros cloretos, sódio e sólidos totais foram satisfatórios, ficando todos os valores relativos a 
esses indicadores, em conformidade com o padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente. 
A pesquisa constatou águas em condições de acidez em todas as localidades pesquisadas, com 
valores de pH variando de 3,92 a 5,09. Em 33% das amostras, as concentrações de nitrato, amônia e 
ferro total, ficaram abaixo dos padrões de potabilidade estabelecido pela legislação. A análise da 
evolução temporal comprovou que a deterioração da qualidade da água nos locais onde houve maiores 
alterações desses indicadores, faz parte de um processo de degradação, que já vem se delineando há 
muito. Os resultados permitiram concluir que a expansão desordenada das áreas urbanas da cidade, 
sem os devidos investimentos em obras de esgotamento sanitário, aliada às ações antropogênicas são 
os principais fatores deteriorantes da qualidade da água subterrânea consumida nas regiões 
pesquisadas. 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade da água. Águas subterrâneas. Parâmetros físico- 
químicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Groundwater consumption is growing intensely in Brazil, currently a large part of the country's 
population, especially the portion residing in urban areas, depends on this resource. However, the 
disordered urban growth, typical of Brazilian cities, has been producing significant impacts on the 
springs that supply these localities. Thus, a broad knowledge about the compromise of the quality of 
this resource in the urban environment becomes fundamental. The objective of this work was to analyze 
the quality of water used for human consumption from public artesian wells, located in densely populated 
urban areas of the city of Maceió, in order to verify possible sources of contamination related to misuse 
and occupation of urban soil. For this, chemical analyzes were performed on water samples collected 
between March and July 2018, to verify if the pH, nitrate, ammonia, total iron, chloride, sodium and total 
solids content in the water were in accordance with the standard. potability established in the legislation. 
The research also proposed to perform an analysis of the temporal evolution of the quality of this 
resource, through data contained in samples from previous years provided by the Alagoas Supply 
Company (CASAL). The results obtained in 100% of the analyzed samples for the parameters chlorides, 
sodium and total solids were satisfactory, being all the values related to these indicators, in accordance 
with the potability standard established in the current legislation. The research found waters in acidity 
conditions in all locations surveyed, with pH values ranging from 3.92 to 5.09. In 33% of the samples, 
nitrate, ammonia and total iron concentrations were below the potability standards established by the 
legislation. The analysis of temporal evolution proved that the deterioration of water quality in the places 
where there were major alterations of these indicators is part of a degradation process that has been 
outlining for a long time. The results allowed to conclude that the disordered expansion of the urban 
areas of the city, without the proper investments in sewage works, combined with anthropogenic actions 
are the main deteriorating factors of the quality of groundwater consumed in the surveyed regions. 
 
KEYWORDS: Water quality. Groundwater. Physicochemical parameters. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..…………………………………………………………………...........14 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ……………….………………………………............16 
2.1 Disponibilidade e importância dos recursos hídricos subterrâneos no Brasil 
....................................................................................................................................16 
2.2 Riscos de contaminação dos aquíferos urbanos ............................................17 
2.3 Fontes potenciais de contaminação de águas subterrâneas ........................18 
2.3.1 Contaminantes industriais .................................................................................18 
2.3.2 Substâncias derivadas do petróleo ....................................................................19 
2.3.3 Utilização intensiva de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura ......................19 
2.3.4 Despejo de esgotos em áreas impróprias .........................................................19 
2.3.5 Disposição inadequada de resíduos sólidos ......................................................20 
2.3.6 Extração de minérios .........................................................................................20 
2.4 Legislação federal aplicada na preservação e controle da qualidade da água 
no Brasil ....................................................................................................................21 
2.4.1 Resolução nº 396, de 3 de abril de 2008, do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente – CONAMA ................................................................................................21 
2.4.2 Portaria de Consolidação nº 5, de 28/09/2017, anexo XX do Ministério da 
Saúde........................................................................................................................ 222.5 Parâmetros indicadores da qualidade da água .............................................. 22 
2.5.1 Potencial hidrogeniônico (pH) .......................................................................... 22 
2.5.2 Sódio ................................................................................................................ 23 
2.5.3 Cloretos ............................................................................................................ 23 
2.5.4 Nitrato ............................................................................................................... 23 
2.5.5 Amônia ............................................................................................................. 24 
2.5.6 Sólidos totais .................................................................................................... 24 
2.5.7 Ferro total ......................................................................................................... 24 
2.6 Participação das águas subterrâneas no abastecimento público de Maceió 
................................................................................................................................... 24 
3 MATERIAL E MÉTODO …………………………………………………………..........26 
3.1 Área de estudo ...................................................................................................26 
3.1.1 Aspectos geológicos e hidrogeológicos .......................................................... 26 
3.1.2 Hidrografia ....................................................................................................... 27 
 
3.1.3 Clima ............................................................................................................... 28 
3.1.4 Uso e ocupação do solo .................................................................................. 29 
3.1.5 Critérios de seleção e localização dos pontos de coletas ............................... 31 
3.1.6 Dados laboratoriais referentes aos parâmetros utilizados na pesquisa .......... 31 
4 RESULTADO E DISCUSSÃO ………………………………………………….......... 32 
4.1 Caracterização hidroquímica referente aos teores de cloretos, sódio e sólidos 
totais em amostragens de água coletadas em 2018 .................................................. 32 
4.2 Caracterização hidroquímica referente aos valores do potencial hidrogêniônico 
(pH) em amostragens de água coletadas em 2018 .................................................. 32 
4.3 Análise da evolução temporal dos valores do pH nas localidades pesquisadas 
................................................................................. ................................................. 35 
4.4 Caracterização hidroquímica referente aos teores de nitrato em amostragens de 
água coletadas em 2018 .......................................................................................... 37 
4.5 Análise da evolução temporal dos teores de nitrato nas localidades pesquisadas 
................................................................................ .................................................. 41 
4.6 Caracterização hidroquímica referente aos teores de amônia em amostragens de 
água coletadas em 2018 .......................................................................................... 46 
4.7 Análise da evolução temporal dos teores de amônia nas localidades pesquisadas 
................................................................................................................................... 48 
4.8 Caracterização hidroquímica referente aos teores de ferro total em amostragens 
de água coletadas em 2018 ...................................................................................... 53 
4.9 Análise da evolução temporal dos teores de ferro total nas localidades 
pesquisadas .............................................................................................................. 55 
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O acesso à água de boa qualidade e em quantidade satisfatória é condição 
essencial para uma vida saudável e digna. Esse recurso natural, ao mesmo tempo 
pode ser um veículo de transmissão de doenças e outros agravos ao homem e pode 
ser requisito de boas condições de saúde, particularmente quando é ofertada com 
quantidade suficiente e qualidade adequada (HELLER; PÁDUA, 2006). 
Apesar da sua importância para a existência e desenvolvimento de todos os 
seres vivos, esse recurso vem passando por um processo de degradação intenso. 
Tornando-se, atualmente, um dos grandes problemas ambientas da humanidade. 
Atualmente estima-se que 3,6 bilhões de pessoas, quase metade da população 
mundial, vivem em áreas que apresentam uma potencial escassez de água por pelo 
menos um mês por ano, e essa população poderá aumentar para algo entre 4,8 
bilhões e 5,7 bilhões até 2050 (ONU, 2018). 
Nesse contexto, os recursos hídricos subterrâneos desempenham importante 
papel como fonte de água doce para os diversos usos. O potencial das águas 
subterrâneas é enorme, sobretudo quando se analisa que, em escala global, 98% das 
reservas de água doce e líquida se encontram em aquíferos (HIRATA et al., 2011). 
No Brasil os recursos hídricos subterrâneos são amplamente utilizados. Estima-
se que a disponibilidade de água subterrânea no país seja em torno de 14.650 m³/s. 
Sua distribuição pelo território nacional não é uniforme, e a produtividade dos 
aquíferos é variável, ocorrendo regiões de escassez e outras com relativa abundância. 
Dentre os municípios brasileiros, 58% utilizam mananciais de águas superficiais de 
forma preponderante para o seu abastecimento, enquanto 42% têm, nos mananciais 
subterrâneos, suas principais fontes (ANA, 2017). 
No meio urbano das cidades brasileiras, onde a água subterrânea é fonte 
importante no abastecimento público, já ocorrem problemas relativos ao rebaixamento 
acentuado dos níveis e à qualidade das águas, devido às crescentes pressões 
populacionais e uso e ocupação do solo desordenada (MMA, 2018). Desse modo, 
torna-se evidente que o desenvolvimento urbano a medida que aumenta envolve duas 
atividades conflitantes, aumento da demanda de água com qualidade e a degradação 
dos mananciais urbanos por contaminação dos resíduos urbanos e industriais 
(TUCCI, 1997). 
15 
 
Em Maceió, as águas subterrâneas contribuem de forma significativa para o 
abastecimento público da cidade. De acordo com a Companhia de Abastecimento de 
Alagoas (CASAL), 68% da demanda hídrica do município é suprida por esse recurso. 
Cabe destacar, que a cidade vem passando por um intenso e desordenado processo 
de urbanização. Estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), apontam que a densidade da área urbana da cidade é cerca de 98,21% (IBGE, 
2018). A tendência desse processo, caracterizado pelo mau uso e ocupação do solo 
urbano, é gerar impactos negativos sobre os mananciais de água superficiais e 
subterrâneos, especialmente em áreas carentes de infraestrutura em esgotamento 
sanitário. Desta forma, faz-se necessário o constante monitoramento e controle da 
qualidade da água, afim de preservar esses importantes recursos. 
O objetivo desse trabalho foi analisar a qualidade da água utilizada para 
consumo humano proveniente de poços artesianos públicos, localizados em áreas 
urbanas densamente povoadas da cidade de Maceió, no sentido de verificar possíveis 
fontes de contaminação relacionadas ao mau uso e ocupação do solo urbano. Para 
tanto, realizaram-se análises químicas acerca dos teores de pH, cloretos, sódio, 
nitrato, amônia, ferro total e sólidos totais presente na água potável. A pesquisa se 
propôs também, realizar uma análiseda evolução temporal da qualidade desse 
recurso, através de dados contidos em amostragens de anos anteriores cedidos pela 
Companhia de Abastecimento de Alagoas (CASAL). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRIA 
2.1 Disponibilidade e importância dos recursos hídricos subterrâneos no Brasil 
As águas subterrâneas representam 29,9% de toda água doce do planeta, 
correspondendo a um volume de 10.530.000km3. No Brasil, As condições climáticas 
e geológicas permitiram a formação de sistemas aquíferos, alguns deles de extensão 
regional, com potencial para suprir água em quantidade e qualidade necessárias às 
mais diversas atividades (ZOBY, 2008). De forma geral, os aquíferos do país 
apresentam excelente a boa qualidade natural de suas águas em quase todo o 
território. A química natural é controlada, basicamente, pelas rochas e sedimentos que 
conformam o aquífero e pelo clima na área de recarga (HIRATA et al., 2011). 
Estima-se que a disponibilidade desse recurso, depositado em aquíferos 
brasileiros (Figura 1) corresponde a uma vazão de 14.650 m³/s. A maior parte desse 
volume destina-se ao abastecimento público de diversos núcleos urbanos (ANA, 
2018). 
 
 
 Figura 1 – Mapa representativo dos Sistemas de aquíferos brasileiros. 
 Fonte: ANA, 2005. 
 
17 
 
De acordo com o Relatório da Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil -
2017, publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA). 
 
Os mananciais subterrâneos podem ser considerados reservas 
estratégicas e representam, muitas vezes, alternativas importantes em 
situações críticas. O uso desses mananciais vem crescendo ao longo 
dos últimos anos no país devido, dentre outros fatores, às recentes 
crises hídricas, as quais afetam mais intensamente os mananciais 
superficiais (ANA, 2017). 
 
 
 A boa qualidade e abundância das águas depositadas em aquíferos brasileiros, 
faz com que esse recurso seja bastante utilizado nas diversas regiões do Brasil. A sua 
contribuição para o abastecimento público é relevante, de modo que os principais 
núcleos urbanos dependem parcialmente das reservas de águas subterrâneas. De 
acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), 42% das cidades brasileiras, onde 
residem 39 milhões de habitantes, são abastecidas de forma preponderante por águas 
provenientes de aquíferos. Nesse contexto, as águas subterrâneas são: 
Fundamentais para o desenvolvimento humano. No Brasil, elas 
desempenham importante papel no abastecimento público e privado, 
suprindo as mais variadas necessidades de água em diversas cidades 
e comunidades, bem como em sistemas autônomos residenciais, 
indústrias, serviços, irrigação agrícola e lazer. Menos reconhecido, mas 
igualmente importante, é seu papel ecológico, fundamental para 
manutenção da flora, fauna e fins estéticos ou paisagísticos em corpos 
d’água superficiais, pois a perenização da maior parte dos rios, lagos 
e pântanos é feita pela descarga de aquíferos, através dos fluxos de 
base (HIRATA et al., 2011). 
 
 
2.2 Riscos de contaminação dos aquíferos urbanos 
As áreas urbanas, principalmente aquelas que se desenvolveram sem um 
adequado planejamento urbano, abrange uma gama maior de fatores que podem 
gerar impactos negativos na qualidade da água subterrânea. Segundo Toledo (2016), 
apesar de muitas cidades depender desse recurso de forma imprescindível para o 
abastecimento humano, os aquíferos localizados em áreas urbanas convivem com o 
constante risco de contaminação em virtude dos diversos tipos de poluentes 
originados da heterogeneidade das atividades que ocorrem na superfície do solo. Isso 
acontece porque, o desenvolvimento urbano a medida que aumenta envolve duas 
atividades conflitantes, aumento da demanda de água com qualidade e a degradação 
dos mananciais urbanos por contaminação dos resíduos urbanos e industriais 
(TUCCI, 1997). 
18 
 
Diante desse contexto, os aquíferos urbanos são mais suscetíveis à poluição 
devido a maior presença de fontes contaminantes nas áreas urbanas. Dessa forma, o 
crescimento desordenado da urbanização e das atividades econômicas nos grandes 
centros urbanos está intrinsecamente ligado ao crescimento industrial e, portanto, ao 
crescimento da produção e emissão de resíduos sólidos, de esgotos domésticos e de 
poluentes industriais diversos que são fontes potencias de poluição da água 
subterrânea (SÁ FILHO, 2004). 
A degradação dos aquíferos que abastecem áreas urbanas, também pode estar 
relacionada à impermeabilização do solo urbano, esse processo decorrente do 
aumento das áreas construídas nos grandes centros urbanos, é um fator que impacta 
negativamente os recursos hídricos subterrâneos. Nessas áreas, como a água não 
consegue infiltrar no solo, acaba escoando pela superfície, adquirindo velocidade nas 
áreas de declive acentuado, em direção às partes baixas do relevo. Os resultados 
desse processo são bastante conhecidos: redução do volume de água na recarga dos 
aquíferos, erosão dos solos, enchentes e assoreamento dos cursos de água (MMA, 
2007). 
 
2.3 Fontes potenciais de contaminação de águas subterrâneas 
2.3.1 Contaminantes industriais 
 A transformação de matérias-primas em produtos exige grande consumo de 
água. Os resíduos industriais resultantes desse processo, quando não tratados ou 
descartados inadequadamente, podem contaminar os depósitos de água superficiais 
e subterrâneos. Em seu artigo 13, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) 
define “resíduos industriais” como aqueles gerados nos processos produtivos e 
instalações industriais. Entre os resíduos industriais, inclui-se também grande 
quantidade de material perigoso, que necessita de tratamento especial devido ao seu 
alto potencial de impacto ambiental e à saúde (MMA, 2011). 
 De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA) dentre as indústrias mais 
poluentes destacam-se: as alimentares, as metalúrgicas, as petroquímicas, as 
nucleares, as mineiras, as farmacêuticas, as eletroquímicas e as de fabricação de 
pesticidas e inseticidas (ANA, 2014). 
 
 
 
19 
 
2.3.2 Substâncias derivadas do petróleo 
A contaminação por compostos de hidrocarbonetos acontece por intermédio de 
acidentes ou vazamentos dessas substâncias durante o seu processo produtivo, 
transporte e comercialização. Devido à maior presença de postos de combustíveis, 
os aquíferos localizados em áreas urbanas são mais suscetíveis a essa forma de 
contaminação. Segundo Zoby; Oliveira (2005) a principal forma de contaminação do 
subsolo por esses derivados é representada pelo vazamento de tanques de 
armazenamento de combustíveis. Para os citados autores, os vazamentos estão 
relacionados a problemas de instalação e principalmente, à corrosão de tanques. 
No Brasil, a Resolução do CONAMA nº 273, de 29 de novembro de 2000, 
estabelece as diretrizes para o licenciamento ambiental de postos de combustíveis e 
serviços e dispõe sobre a prevenção e controle da poluição. Em seu art. 5º, a lei exige 
entre outras obrigações, como condição de se obter o licenciamento ambiental desses 
estabelecimentos, informações relativas à caracterização hidrogeológica da área com 
definição do sentido de fluxo das águas subterrâneas, identificação das áreas de 
recarga, localização de poços de captação destinados ao abastecimento público ou 
privado registrados nos órgãos competentes em um raio de 100 m, considerando as 
possíveis interferências das atividades com corpos d’água superficiais e subterrâneos. 
 
2.3.3 Utilização intensiva de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura 
 O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, segundo 
o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (AGROFIT) do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento, em 2014 foi registrada a maior quantidade de agrotóxicos 
comercializados no Brasil. Entre 2007 e 2014, esse quantitativo passou de cerca de 
623.353.689 quilos para 1.552.998.056quilos, um aumento equivalente a 149,14% 
(MS, 2018). Muitas vezes esses produtos são aplicados sem nenhuma orientação 
técnica, resultando em riscos para as pessoas e o meio ambiente. Nesse contexto, o 
excesso de nitrogênio acrescentado às culturas agrícolas via fertilização também pode 
ser fonte de contaminação de água superficial e subterrânea, resultado da perda de 
nitrato por lixiviação em solos (PARRON et al., 2011). 
 
2.3.4 Despejo de esgotos em áreas impróprias 
O despejo de esgotos não tratados no meio ambiente pode afetar a qualidade 
das águas subterrâneas por meio da infiltração no solo de substâncias contaminantes. 
20 
 
No Brasil, os aquíferos que abastecem boa parte da população encontram-se em 
condição de extrema vunerabilidade, pois, apenas 43% da população possui esgoto 
coletado e tratado e 12% utilizam-se de fossa séptica (solução individual), ou seja, 
55% possuem tratamento considerado adequado; 18% têm seu esgoto coletado e não 
tratado, o que pode ser considerado como um atendimento precário; e 27% não 
possuem coleta nem tratamento, isto é, sem atendimento por serviço de coleta 
sanitário. Vale destacar que, do total de água utilizada no abastecimento das cidades 
brasileiras (488,3 m³/s) a maior parte retorna ao meio ambiente na forma de esgotos 
(390,6 m³/s) (ANA, 2017). 
 
2.3.5 Disposição inadequada de resíduos sólidos 
 Os depósitos de lixo contaminam os aquíferos pela lixiviação dos períodos 
chuvosos. A localização desses depósitos deve ser cuidadosa, evitando-se áreas de 
recarga, e seu efluente controlado (TUCCI, 1997). Esse problema está relacionado 
com a produção de gases e chorumes gerados pela decomposição da matéria 
orgânica presente nos lixões. O chorume é um líquido negro formado por compostos 
orgânicos e inorgânicos, apresenta altas concentrações de matéria orgânica e metais 
pesados. A infiltração do chorume contamina o solo e pode atingir a água subterrânea 
(ZOBY, 2005). 
A maior parte do volume de lixo produzido nas cidades brasileiras não passa 
por tratamento adequado, e ainda são descartados em áreas impróprias. Dados do 
Plano Nacional de Resíduos Sólidos revelam que em 2008 havia 74 mil toneladas por 
dia de resíduos e rejeitos sendo dispostos em aterros controlados e lixões, nessas 
áreas, 71% dos municípios brasileiros depositavam seus resíduos e rejeitos. De 
acordo com a pesquisa, foram identificados 2.906 lixões no Brasil, distribuídos em 
2.810 municípios (MMA, 2011). 
 
2.3.6 Extração de minérios 
A mineração é a indústria extrativa de maior consumo de água no Brasil, 
concentrando-se basicamente nos estados de Minas Gerais e Pará. Juntos, esses 
estados respondem por mais de 85% da demanda de minérios do país (ANA, 2017). 
Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) revelam que em 2017 a retirada total de 
água por esse setor foi de 32,9m³/s, desse volume 9,6m³/s foram consumidos e 
23,3m³/s retornaram ao meio ambiente. 
21 
 
A extração de minérios provoca grandes impactos sobre os recursos hídricos 
subterrâneos. Essa atividade causa grandes modificações no ciclo hidrológico local, 
reduzindo a vulnerabilidade dos aquíferos pela retirada da zona não saturada e das 
camadas protetoras do solo (HIRATA et al., 2011). Vale destacar, que os rejeitos 
oriundos dessa atividade, contém substâncias contaminantes que podem poluir os rios 
e afetar a qualidade das águas subterrâneas por meio da infiltração nos solos. 
No Brasil, entre1996-2005 a produção total de rejeitos gerados na mineração 
foi de 2.179 milhões de toneladas. Os minérios que mais contribuíram para a geração 
de rejeitos no período foram o ferro (35,08%), o ouro (13,82%), o titânio (12,55%) e o 
fosfato (11,33%). Em conjunto, estas substâncias contribuíram com pouco mais de 
70% da massa de rejeitos produzidos no decênio (MMA, 2011). 
 
2.4 Legislação federal aplicada na preservação e controle da qualidade da água 
no Brasil 
2.4.1 Resolução nº 396, de 3 de abril de 2008, do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA) 
Essa Resolução dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o 
enquadramento, prevenção e controle da poluição das águas subterrâneas. A lei 
estabelece também, limites para substâncias com maior probabilidade de ocorrência 
em águas subterrâneas, de acordo com os usos preponderantes da água. 
 A resolução define como usos preponderantes, os principais usos das águas 
subterrâneas que incluem, consumo humano, dessedentação de animais, irrigação e 
recreação (CONAMA, 2008). 
 O Art. 3º dessa resolução, classifica as águas subterrâneas nas seguintes 
classes: 
I - Classe Especial: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção 
desses destinadas à preservação de ecossistemas em unidades de 
conservação de proteção integral e as que contribuam diretamente para os 
trechos de corpos de água superficial enquadrados como classe especial; 
II - Classe 1: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, 
sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que não exigem 
tratamento para quaisquer usos preponderantes devido às suas características 
hidrogeoquímicas naturais; 
III - Classe 2: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, 
sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que podem exigir 
tratamento adequado, dependendo do uso preponderante, devido às suas 
características hidrogeoquímicas naturais; 
22 
 
IV - Classe 3: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, 
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, para as quais não é 
necessário o tratamento em função dessas alterações, mas que podem exigir 
tratamento adequado, dependendo do uso preponderante, devido às suas 
características hidrogeoquímicas naturais; 
V - Classe 4: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, 
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente 
possam ser utilizadas, sem tratamento, para o uso preponderante menos 
restritivo; 
VI - Classe 5: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses, 
que possam estar com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, 
destinadas a atividades que não têm requisitos de qualidade para uso. 
 
 
2.4.2 Portaria de Consolidação nº 5, anexo XX, de 28/09/2017 do Ministério da 
Saúde 
Essa portaria dispõe sobre o controle e vigilância da qualidade da água para o 
consumo humano e seu padrão de potabilidade. No Art. 3º a portaria estabelece que 
toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de 
sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de 
controle e vigilância da qualidade da água (BRASIL, 2017). 
No art. 5º a lei define água para o consumo humano aquela em condições de 
potabilidade, destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene 
pessoal, independente da sua origem. Nesse mesmo artigo, a lei evidencia que o 
controle da qualidade da água para o consumo humano é um conjunto de atividades 
exercidas regularmente pelo responsável do sistema ou por solução alternativa 
coletiva de abastecimento de água, destinado a verificar se a água fornecida à 
população é potável, de forma a assegurar a manutenção desta condição (BRASIL, 
2017). 
 
2.5 Parâmetros indicadores da qualidade da água 
2.5.1 Potencial hidrogeniônico (pH) 
O potencial hidrogeniônico representa a concentração de íons hidrogênio, em 
escala antilogarítma, dando uma indicação sobre a condição de acidez, neutralidade 
ou alcalinidade da água (VON SPERLING, 2005). O pH mede o nível de acidez ou 
alcalinidade presente em substâncias aquosas. O valor do pH varia de 0 a 14, valores 
abaixo de 7 a água é considerada ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é 
considerada neutra (FUNASA, 2013). A portaria do Ministério da Saúde estabelece 
23 
 
que o valor do pH na água destinada ao consumo humano, deverá ser mantido nafaixa de 6,0 a 9,5 (BRASIL, 2017). 
 
2.5.2 Sódio 
Segundo Parron et al. (2011), a variabilidade das concentrações de sódio nos 
corpos hídricos depende das condições geológicas do local e das descargas de 
efluentes. Para que a água apresente um adequado padrão de potabilidade, as 
concentrações de sódio não deverá ultrapassar a 200 mg/L Na+ (BRASIL, 2017). Para 
evitar danos à saúde provocados pelo consumo excessivo dessa substância, a 
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), órgão vinculado a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), recomenda para a faixa etária adulta, o limite máximo de 2 
g/dia de sódio (OPAS, 2019). 
 
2.5.3 Cloretos 
Segundo Von Sperling (2005), os sólidos dissolvidos de cloretos pode ser 
resultante de fatores naturais ou antropogênicos, como dissolução de minerais 
contidos em rochas, intrusão de águas salinas, águas utilizadas em sistemas de 
irrigação, e a despejos domésticos e industriais. De acordo com a Fundação Nacional 
de Saúde (FUNASA), elevadas concentrações de cloretos podem restringir o uso da 
água em razão do sabor e pelo efeito laxativo que podem provocar (FUNASA, 2003). 
O limite máximo permitido, dessa substância na água potável, estabelecido na 
legislação é de 250 mg/L (BRASIL, 2017). 
 
2.5.4 Nitrato 
O nitrato é a substância contaminante individual de maior presença nos 
aquíferos brasileiros. Nas áreas urbanizadas, é reflexo da falta de sistemas de 
esgotamento sanitário que, no país, atinge pouco mais de 50% da população e, em 
áreas com tais redes de esgoto, da falta de manutenção (HIRATA et al., 2011). Na 
natureza, o nitrato pode ser encontrado na forma de proteínas e outros compostos 
orgânicos, a origem antropogênica, dessa substancia, estar associada, 
principalmente, ao lançamento em corpos d’água de despejos domésticos, industriais, 
dejetos oriundos de criatórios de animais, e ao uso de fertilizantes (FUNASA, 2014). 
Essa substância, geralmente ocorre em quantidades reduzidas em águas superficiais, 
24 
 
mas pode atingir concentrações elevadas em algumas águas subterrâneas (PARRON 
et al., 2011). 
 
2.5.5 Amônia 
Segundo Von Sperling (2005), concentrações de nitrogênio na forma orgânica 
ou de amônia, indica foco de poluição recente. De acordo com Alaburda; Nishihara 
(1998), a ocorrência de concentrações elevadas de amônia pode ser resultante de 
fontes de poluição próximas ao local de captação de água, e estão relacionadas a 
precariedade das condições higiênico-sanitárias. O valor máximo permitido dessa 
substância na água potável, estabelecido na legislação vigente do Ministério da 
Saúde, corresponde a 1,5 mg/L NH3 (BRASIL, 2017). 
 
2.5.6 Sólidos totais 
Segundo Parron et al. (2011), sólidos totais dissolvidos, corresponde a soma 
de todos os constituintes químicos dissolvidos na água. A determinação dos sólidos 
totais dissolvidos, é de grande relevância para o conhecimento da qualidade estética 
da água potável e como agregado da presença de produtos químicos contaminantes. 
A entrada de sólidos na água pode ocorrer de forma natural (processos erosivos, 
organismos e detritos orgânicos) ou antropogênica (lançamento de lixo e esgotos) 
(MS, 2006). O valor máximo permitido de sólidos totais na água potável, estabelecido 
na legislação do Ministério da Saúde é de 1000 mg/L (BRASIL, 2017). 
 
2.5.7 Ferro total 
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), concentrações de 
ferro normalmente encontradas em águas naturais, não apresenta transtornos à 
saúde. Porém, pode provocar problemas de ordem estética, como manchas em 
roupas, vasos sanitários ou limitar determinados usos industriais da água (FUNASA, 
2014). O valor máximo permitido de ferro na água potável, estabelecido na legislação 
vigente do Ministério da Saúde, corresponde a 0,3 mg/L Fe (BRASIL, 2017). 
 
2.6 Participação das águas subterrâneas no abastecimento público de Maceió 
 Atualmente o abastecimento da cidade de Maceió é suprido por fontes de água 
superficiais e subterrâneas. Segundo a Companhia de Abastecimento de Alagoas 
(CASAL), as águas superficiais representam 32% da demanda, tendo como fonte de 
25 
 
captação os rios Catolé/Aviação e Pratagy. O restante da demanda, ou seja 68%, é 
complementado por captação de águas subterrâneas, realizada por meio de 200 
poços artesianos profundos distribuídos pelos diversos bairros da capital. 
 De acordo com a Companhia o intenso aproveitamento dos recursos hídricos 
subterrâneos no Município de Maceió, justifica-se pela qualidade das águas 
subterrâneas e seu relativo baixo custo de explotação. Para a empresa a exploração 
desse recurso se tornou a melhor solução técnico-econômica, para atender tanto ao 
abastecimento humano, como também aos diversos usos industriais (CASAL, 2009). 
Diante desse contexto, vale salientar que exploração dos recursos hídricos 
subterrâneos deve ser feito de forma racional e obedecendo aos princípios da 
sustentabilidade ambiental, uma vez que, a renovação (recarga) das águas retiradas 
dos aquíferos nem sempre ocorre na mesma velocidade da extração, o que poderá 
provocar a superexplotação ou sua exaustão. Nesse sentido, a exploração das águas 
subterrâneas exige um monitoramento constante dos volumes extraídos (MMA, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
3.1 Área de estudo 
3.1.1 Aspectos geológicos e hidrogeológicos 
A geologia da área de estudo é representada por sedimentos da Formação 
Barreiras (Figura 2), essa unidade litoestratigráfica encontra-se em toda extensão da 
faixa costeira do território alagoano capeando tanto as rochas do embasamento 
cristalino, quanto as formações sedimentares da bacia Sergipe-Alagoas (CPRM, 
2017). 
 
 Figura 2 - Aspectos geológicos da área de estudo. 
 Fonte: Autor. 
Os sistemas de aquíferos da Formação Barreiras, podem ser considerados 
livres ou confinados. De acordo com a Agencia Nacional de Águas (ANA) comumente, 
27 
 
o Barreiras ocorre como aquífero livre, entretanto, devido à presença de níveis 
pelíticos ou argilosos, localmente há condições de confinamento (ANA, 2007). 
As análises dos dados relativos ao mapeamento hidrogeológico do Brasil ao 
milionésimo, publicado em 2014 pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), apontam 
que a composição litológica das camadas dessa formação, é constituída por arenitos, 
conglomerados e argilas. O referido estudo classifica o potencial de vasão dos 
aquíferos localizados nessa porção da Formação Barreiras como moderado, servindo 
amplamente para o fornecimento de água para abastecimentos locais em pequenas 
comunidades e irrigação em áreas restritas (CPRM, 2014). 
 
3.1.2 Hidrografia 
A hidrografia da área de estudo é formada por um conjunto de rios e riachos 
que compõem as áreas drenadas pelas bacias hidrográficas do Riacho do Reginaldo, 
do Riacho do Silva, e da bacia endorreica do Tabuleiro. 
Essas importantes bacias hidrográficas encontram-se inseridas totalmente na 
área urbana e nos limites territoriais da cidade de Maceió. O nível de degradação 
ambiental (Figura 3) verificado atualmente, nas regiões dessas bacias é preocupante. 
Tal fato deve-se, principalmente ao crescimento urbano desordenado, caracterizado 
pelo mau uso e ocupação do solo urbano. A seguir algumas características levantadas 
por estudos realizados nas áreas dessas bacias hidrográficas. 
A bacia hidrográfica do Riacho do Silva, com área total de 10,13 km² e 6 km de 
extensão, encontra-se localizada totalmente na zona urbana de Maceió (SILVA; 
FERNANDEZ, 2015). De acordo com Silva (2011), na região da bacia do Riacho do 
Silva os principais problemas ambientais decorrentes das atividades antrópicas são: 
extração de areia no leito do Riacho do Silva, disposição inadequada de resíduos 
sólidos ao longo da bacia, despejo de esgoto diretamente no curso d’água e o 
desmatamento. 
A bacia hidrográfica do Riacho Reginaldoapresenta sérios problemas 
ambientais e de infraestrutura, a sua cabeceira está situada no bairro de Santa Lúcia 
e sua foz na praia da Avenida, próximo ao porto da cidade. O Riacho Reginaldo 
(chamado na sua foz de salgadinho) drena uma área de aproximadamente 26,5 km², 
cortando a cidade no sentido Norte-Sul (NEVES, 2007). Na parte baixa dessa bacia o 
curso d’água principal é perene, embora sua vazão durante o período de estiagem 
seja praticamente resultante do despejo de esgotos domésticos, realizadas por 
28 
 
ligações irregulares com a rede pluvial ou lançamentos diretos de esgotos sobre a 
calha do riacho Reginaldo e de seus afluentes (HOLZ, 2010). 
A bacia endorreica do Tabuleiro está localizada na região norte da área urbana 
do município de Maceió, ocupando uma área de 49,8 km². Essa bacia é do tipo 
fechada e sem exutório, sendo a retenção do escoamento superficial mantido nas 
áreas mais baixas (ALMEIDA et al., 2015). 
 
 
Figura 3 – Degradação ambiental na área da bacia do Riacho do Reginaldo. 
 Fonte: Autor, 2018. 
 
3.1.3 Clima 
O clima tropical quente e úmido que rege a dinâmica natural da região, é 
caracterizado pelos elevados índices de umidade, pluviometria e temperatura em 
grande parte dos meses do ano. Para caracterizar o clima da área de estudo, foram 
aplicados os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) coletados da 
Estação Maceió (82994). Os dados são referentes às Normais Climatológicas do 
Brasil para o período de 1981-2010. 
No gráfico 1, é possível observar que no intervalo de tempo considerado, os 
maiores volumes de chuvas acumuladas precipitaram-se nos meses de abril a agosto, 
dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que a média de 
precipitação acumulada nesses meses correspondeu a 1.325mm. Os dados revelam 
que nos meses de setembro a março foram registrados os menores volumes 
pluviométricos, com destaque para os meses de outubro a dezembro, considerados 
os mais secos do ano. Conjuntamente esses meses obtiveram uma precipitação total 
acumulada de apenas 149mm (INMET, 2018). 
29 
 
 
 Gráfico 1 – Precipitação média mensal (Estação Maceió - 82994). 
 Fonte: Adaptado do INMET, 2018. 
 
O gráfico 2 mostra as variações das temperaturas médias mensais, nele é 
possível observar que a temperatura média mensal permanece elevada o ano todo, 
com médias oscilando entre 23,5° e 26,5°. O período mais quente do ano situa-se 
entre os meses de novembro a março com temperaturas médias mensais oscilando 
entre 25,6° e 26,5°. O período com histórico de temperaturas médias mensais mais 
baixas correspondeu aos meses de julho e agosto, ambos com médias térmicas de 
23,5° (INMET, 2018). 
 
 
 Gráfico 2 – Temperatura média mensal (Estação Maceió - 82994). 
 Fonte: Adaptado do INMET, 2018. 
 
3.1.4 Uso e ocupação do solo 
Observa-se no mapa de uso e ocupação do solo (Figura 4) que todos os poços 
artesianos onde foram coletadas as amostragens de água, encontram-se localizados 
30 
 
na área urbana e dentro dos limites territoriais do município de Maceió. Observações 
in loco realizadas na área de estudo, constatou a predominância de áreas 
impermeabilizadas em consequência da intensa pavimentação da malha urbana, e de 
áreas ocupadas por estabelecimentos comerciais e conjuntos habitacionais. 
A cobertura vegetal encontra-se bastante degradada, restando apenas 
resquícios da cobertura original representados por duas importantes unidades de 
conservação: O Parque Municipal de Maceió, com uma área de 82,44 ha; e a reserva 
administrada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA), representando uma área de 52,70 ha. Nessas duas unidades 
de conservação, predomina a formação florestal ombrófila, típica dos tabuleiros 
costeiros. 
 
Figura 4 – Mapa de uso e ocupação do solo indicando a localização dos poços na 
área urbana de Maceió. 
Fonte: Autor. 
31 
 
3.1.5 Critérios de seleção e localização dos pontos de coletas 
As amostras utilizadas na avaliação da qualidade da água, foram coletadas de 
poços administrados pela Companhia de Abastecimento de Alagoas (CASAL). Para o 
desenvolvimento das pesquisas foram escolhidos 12 pontos de coletas, situados em 
diferentes bairros, todos inseridos na área urbana da cidade de Maceió. A localização 
desses pontos de coletas (Tabela 1) em coordenadas geográficas foi realizada por 
meio de GPS (Sistema de Posicionamento Global). 
Para obter melhores resultados, na escolha dos pontos de coletas foram 
consideradas as características dos poços e da área de estudo. Dessa forma, foi dada 
preferência a: (a) Localidades que estão inseridas na área urbana de Maceió, (b) 
Localidades que são abastecidas, exclusivamente, por águas subterrâneas, (c) Poços 
com histórico de análises abrangente. 
 
Tabela 1 – Localização dos pontos de coletas e suas respectivas localidades. 
 
Fonte: Autor, 2018. 
* Dados da CASAL. 
 
3.1.6 Dados laboratoriais referentes aos parâmetros utilizados na pesquisa 
As avaliações químicas para determinação dos valores de pH, coretos, sódio, 
sólidos totais, nitrato, amônia e ferro total, foram realizadas no laboratório de análises 
físico-química e bacteriológico da Companhia de Abastecimento de Alagoas (CASAL). 
As metodologias de análises utilizadas no laboratório para determinar os teores 
desses indicadores foram: pH (método potenciômetro digital), cloretos (método 
titulométrico), sódio (método do fotômetro de chama), ferro total, nitrato e amônia 
(método espectrofotômetro digital). 
LATITUDE LONGITUDE
P1 Bebedouro 9°37'31"S 35°44'43"W 145
P2 Vila Saem 9°37'28"S 35°44'47"W 133
P3 Chã da Jaqueira 9°36'49"S 35°44'45"W 150
P4 Monte Alegre 9°36'34"S 35°44'49"W 192
P5 Farol 9°38'59"S 35°44'05"W 150
P6 Feitosa 9°37'39"S 35°43'24"W 156
P7 São Jorge 9°37'18"S 35°43'00"W 120
P8 Ouro Preto 9°36'39"S 35°43'48"W 156
P9 Santa Lúcia 9°34'15"S 35°45'09"W 81
P10 Dubeaux Leão 9°34'02"S 35°45'03"W 105
P11 Salvador Lira 9°33'47"S 35°44'50"W 109
P12 Tabuleiro 9°34'16"S 35°46'22"W 115
POÇOS LOCALIDADES
COORDENADAS GEOGRÁFICAS PROFUNDIDADE * 
(m)
32 
 
Os dados utilizados na pesquisa fazem parte do laudo de qualidade da água 
emitido semestralmente pela empresa, os quais foram cedidos, após prévia 
autorização, para elaboração desse trabalho. De acordo com a companhia, todos os 
procedimentos de análises laboratoriais atendem às exigências da Portaria de 
Consolidação nº 5, anexo XX de 28/09/2017 do Ministério da Saúde. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1 Caracterização hidroquímica referente aos teores de cloretos, sódio e 
sólidos totais em amostragens de água coletadas em 2018. 
Os resultados obtidos em 100% das amostras analisadas para os parâmetros 
cloretos, sódio e sólidos totais foram satisfatórios (Tabela 2), ficando todos os valores 
relativos a esses indicadores, em conformidade com o padrão de potabilidade 
estabelecido na legislação vigente do Ministério da Saúde. 
 
Tabela 2 – Teores de cloretos, sódio e sólidos totais obtidos em amostras de água 
avaliadas em 2018. 
 
 Fonte: CASAL. 
 * Valor máximo permitido para consumo humano expresso na PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX – MS. 
 
As concentrações máximas encontradas nas amostras de água analisadas 
para os indicadores cloretos (91 mg/L Cl-), sódio (58 mg/L Na+) e sólidos totais (242 
mg/L), corresponderam respectivamente, a 36,4%, 29% e 24,2% do valor máximo 
permitido na legislação vigente. Esses valores percentuais demonstram que a 
qualidade da água potável consumida nessa região, levando-se em consideração os 
teores desses parâmetros, encontra-se dentro do padrão de potabilidade exigido na 
legislação. 
 
4.2 Caracterização hidroquímica referente aos valores do potencial 
hidrogêniônico (pH) em amostragens de água coletadas em 2018. 
O potencial hidrogêniônico (pH) é frequentemente utilizadonos processos de 
avaliação da qualidade da água, o termo pH representa a concentração de íons 
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12
Cloretos 
(Cl-)
Sódio
(Na+)
112 146 242 164 118Sólidos Totais 1000 mg/L 146 206 98 94 134 130 188
200 mg/L 27 40 14 16 20 24 27 26 31 58 33 12
PARÂMETRO VMP *
PONTOS DE COLETAS DE AMOSTRAS
250 mg/L 56 66 26 27 44 37 42 44 36 91 51 30
33 
 
hidrogênio em uma solução. Na água, esse fator é de excepcional importância, 
principalmente nos processos de tratamento. O valor do pH varia de 0 a 14. Abaixo 
de 7 a água é considerada ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é neutra 
(FUNASA, 2013). A legislação vigente do Ministério da Saúde recomenda que no 
sistema de distribuição o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5. Os resultados 
das análises realizadas no total de amostras coletadas nas distintas localidades, 
revelaram águas em condições de acidez com valores de pH variando de 3,92 a 5,09 
(Tabela 3). 
 
Tabela 3 – Valores de pH obtidos em amostras de água avaliadas em 2018. 
 
Fonte: CASAL. 
* Valor máximo permitido para consumo humano expresso na PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX – MS. 
 
Dados da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), relativos ao controle da 
qualidade da água, atestam que pH entre (4,5 e 8,2), indica água em condições de 
acidez carbônica; pH menor que (4,5), indica condições de acidez por ácidos minerais 
fortes, geralmente resultantes de despejos industriais. Águas com acidez minerais são 
desagradáveis ao paladar, sendo desaconselhadas para o abastecimento doméstico 
(FUNASA, 2014). 
Dessa forma, tomando como referência os dados citados e levando-se em 
consideração os resultados do presente estudo, em 83,3% das amostras analisadas, 
os valores do pH ficaram abaixo de (4,5), indicando que a água consumida nas 
localidades pesquisadas encontra-se em condições de acidez por ácidos minerais 
fortes. Em apenas 16,7% das amostras os valores ficaram acima desse limite, 
indicando nesse caso, água em estado de acidez carbônica. 
Observações realizadas na área de estudo, constataram estado de corrosão 
em grande parte das tubulações de água (Figura 5). De acordo com a Fundação 
Nacional de Saúde (FUNASA) em águas de abastecimento, baixos valores de pH 
podem contribuir para a corrosividade e agressividade dessas estruturas, enquanto 
que valores elevados aumentam a possibilidade de incrustações (FUNASA, 2014). 
 
 
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12
Potencial 
hidrogeniônico 
(Ph)
Entre 6,0 a 9,5 4,26 4,64 3,92 4,25 5,09 4,10 4,18 4,14 4,21 4,20 4,25 4,52
PARÂMETRO VMP *
PONTOS DE COLETAS DE AMOSTRAS
34 
 
 
 
 Figura 5 – Tubulação de água em estado de corrosão. 
 Fonte: Autor, 2019. 
 
Maia et al. (2015) ao realizarem um experimento sobre a influência do pH na 
corrosão do ferro, comprovou que a taxa de corrosão em materiais ferrosos eleva-se 
em soluções cada vez mais ácidas, principalmente quando os valores de pHs tornam-
se menores que 4. 
A magnitude das condições de acidez encontrada nas águas da área de estudo, 
demonstra a presença de fatores deteriorantes atuando de forma constante em um 
longo período de tempo. Segundo Von Sperling (2005), o pH pode ser resultante de 
fatores naturais ou antropogênicos, como dissolução de rochas, absorção de gases 
da atmosfera, oxidação da matéria orgânica, processo de fotossíntese e a despejos 
domésticos e industriais. 
No gráfico 3 é possível observar que em média, os valores que comprovam 
águas em condições de acidez mais elevadas, foram obtidos em amostras coletadas 
na região da bacia do Riacho do Silva (4,27), seguidos das bacias do Tabuleiro (4,29) 
e Reginaldo (4,37). 
 
 
35 
 
 
 
 Gráfico 3 – Médias dos valores do pH por bacias hidrográficas, 2018. 
 Fonte: Autor. 
 
4.3 Análise da evolução temporal dos valores do pH nas localidades 
pesquisadas 
 
Os gráficos a seguir representam a evolução temporal dos valores do pH, neles 
é possível observar que as regiões pesquisadas possuem em comum um histórico de 
análises bastante insatisfatório. 
A análise da evolução temporal desses valores, ao longo dos anos 
considerados nos gráficos, constatou que as elevadas condições de acidez verificadas 
na água potável, em todas as localidades pesquisadas, não se restringem apenas ao 
presente, mas é uma tendência que vem se delineando há muito tempo, revelando 
um quadro de degradação constante e duradouro. 
O nível de acidez encontrado em amostras coletadas de poços situados nas 
bacias dos Riachos do Silva e do Reginaldo (Gráficos 4 e 5), pode estar relacionado 
ao descarte de resíduos domésticos e rejeitos oriundos dos diversos estabelecimentos 
comerciais da região. 
Como essas áreas são desprovidas de rede coletora de esgoto, grande parte 
desses poluentes são descartados de forma inadequada, favorecendo a 
contaminação dos recursos hídricos, tanto superficiais, como subterrâneos. 
 
 
 
 
4,15 4,2 4,25 4,3 4,35 4,4 4,45
BH do R. do Silva
BH do Reginaldo
BH do Tabuleiro
pH (VALOR)
pH
36 
 
 
Gráfico 4 – Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região da 
bacia do Riacho do Silva. 
Fonte: Autor. 
 
 
 
Gráfico 5 – Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região 
da bacia do Riacho do Reginaldo. 
Fonte: Autor. 
 
Os dados contidos no gráfico 6 revelam que a bacia do Tabuleiro detém um 
histórico mais preocupante em relação aos valores do pH. Nessa bacia, além de 
imperar as mesmas fontes potenciais de contaminação sofridas pelas bacias dos 
Riachos do Silva e do Reginaldo, também existe o impacto dos poluentes industriais, 
pois, essa região abriga diversas indústrias que compõem o Distrito Industrial 
Governador Luiz Cavalcante. Como foi dito anteriormente, alterações nesse indicador 
podem ser provocadas também por despejos de origem industrial. 
 
37 
 
 
Gráfico 6 – Evolução temporal dos valores do pH nos poços localizados na região 
da bacia do Tabuleiro. 
Fonte: Autor. 
 
 
4.4 Caracterização hidroquímica referente aos teores de nitrato em amostragens 
de água coletadas em 2018. 
Em 33% das amostras de água analisadas foi encontrado nitrato acima do valor 
máximo estabelecido na vigente legislação do Ministério da Saúde (10 mg/L NO3). 
Porém, em duas amostras correspondentes aos pontos P2 (9,47 mg/L NO3) e P6 (9,49 
mg/L NO3) (Tabela 4), os valores ficaram muito próximos desse limite, podendo assim, 
elevar em curto espaço de tempo o índice de contaminação dessa substância. 
 
Tabela 4 – Teores de nitrato obtidos em amostras de água avaliadas em 2018. 
 
Fonte: CASAL. 
* Valor máximo permitido para consumo humano expresso na PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX – MS. 
 
O percentual de amostras com teores de nitrato em desacordo com o padrão 
de potabilidade definido na legislação, revela-se preocupante, pois o excesso dessa 
substância na água potável pode ser muito prejudicial à saúde humana. De acordo 
com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a ingestão de altas concentrações 
dessa substância está associado à doença da metahemoglobinemia, que dificulta o 
transporte de oxigênio na corrente sanguínea de bebês. Em adultos, a atividade 
metabólica interna impede a conversão do nitrato em nitrito, que é o agente 
responsável por esta enfermidade (FUNASA, 2014). 
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12
Nitrato 
(NO3)
PARÂMETRO VMP *
PONTOS DE COLETAS DE AMOSTRAS
10 mg/L 5,11 9,47 4,52 7,29 2,50 9,49 11,90 7,05 16,50 12,10 11,50 6,97
38 
 
Elevados teores de nitrato estão relacionados à falta de esgotamento sanitário 
em áreas urbanas. Nas áreas rurais deve-se à aplicação de fertilizantes enriquecidos 
por compostos de nitrogênio. A presença desse indicador em grandes concentrações 
é indicativo de contaminação antiga, e por apresentar alta mobilidade em águas 
subterrâneas, podem contaminar extensas áreas (ANA, 2017).Segundo Hirata et al. (2011), entre as substâncias inorgânicas prejudiciais à 
saúde que podem ser encontradas na água, o nitrato é individualmente, a de maior 
presença nos aquíferos brasileiros. Nas áreas urbanizadas sua ocorrência é reflexo 
da ausência de sistemas de esgotamento sanitário, ou no caso de existência, da falta 
de manutenção. 
As elevadas concentrações de nitrato presente em algumas localidades da área 
de estudo, podem estar associadas a contaminação do aquífero por dejetos humanos. 
A região que abriga essas localidades não possui rede coletora de esgoto, desse 
modo, grande parte dos dejetos são lançados em valas e córregos (Figura 6 e 7) que 
cortam a região a céu aberto. Verificou-se que é bastante comum a utilização de 
sumidouros e de fossas sépticas pelos moradores dessas localidades. Na cidade de 
Maceió, a cobertura da rede de esgoto é muito pequena, de acordo com a Companhia 
de Abastecimento de Alagoas (CASAL), atualmente esse serviço atende apenas a 
30% da população. 
 
 
 Figura 6 – Lançamentos de dejetos no Riacho do Reginaldo. 
 Fonte: Autor, 2018. 
39 
 
 
Figura 7 – Águas poluídas do Riacho Gulandim, afluente do Riacho do 
Reginaldo. 
Fonte: Autor, 2018. 
 
Pesquisa realizada por Toledo (2016) sobre a modelagem da pluma de 
contaminação do nitrato em aquífero localizados na Região Metropolitana de Maceió, 
constatou que a contribuição dos tanques sépticos e sumidouros sejam responsáveis 
pela evolução na concentração de nitrato das águas subterrâneas, tendo em vista que 
87,5% dos poços que apresentaram concentração de nitrato acima de 10 mg/L se 
encontram em regiões onde o sistema de esgotamento sanitário é nulo ou quase 
inexistente e predominantemente urbana. 
No gráfico 7 é possível observar que em média, os valores que comprovam 
concentrações mais elevadas de nitrato, foram obtidos em amostras coletadas na 
região da bacia do Tabuleiro (11,77 mg/L NO3), seguidos das bacias do Reginaldo 
(7,74 mg/L NO3) e do Riacho do Silva (6,60 mg/L NO3). 
 
 
Gráfico 7 – Médias dos valores de nitrato por bacias hidrográficas, 2018. 
 Fonte: Autor. 
0 2 4 6 8 10 12 14
BH do R. do Silva
BH do Reginaldo
BH do Tabuleiro
NO3 (mg/L)
Nitrato
40 
 
O mapa da figura 8 mostra as variações dos teores de nitrato na área de estudo 
em 2018. Os dados revelam que a maior incidência de contaminação por essa 
substância, encontra-se na região da bacia do Tabuleiro. Nessa bacia, o percentual 
de amostras com teores de nitrato acima do permitido alcançou 75%. 
Na região da bacia do Riacho do Reginaldo esse índice foi de 25% e na área 
da bacia do Riacho do Silva os teores dessa substância ficaram dentro dos padrões 
estabelecidos na legislação (10 mg/L NO3). Porém, em duas amostras os valores 
ficaram próximos desse limite (9,47 mg/L NO3) e (9,49 mg/L NO3). 
 
 
 Figura 8 – Variações dos teores de nitrato na área de estudo em 2018. 
 Fonte: Autor. 
 
 
 
41 
 
4.5 Análise da evolução temporal dos teores de nitrato nas localidades 
pesquisadas 
A sequência de gráficos a seguir mostra como os teores de nitrato evoluiu ao 
longo dos anos nas localidades pesquisadas. Observa-se no gráfico 8 que na área da 
bacia do Riacho do Silva os pontos P1, P3 e P4 localizados respectivamente nos 
bairros de Bebedouro, Chã da Jaqueira e Monte Alegre, vem apresentando 
concentrações de nitrato dentro dos padrões aceitáveis para o consumo humano. 
No ponto P2, localizado no bairro de Vila Saem, nota-se que no período de 
2014 a 2018, as concentrações dessa substância, em amostras de água coletadas 
nessa localidade se mantiveram em patamares elevados, atingindo nível alarmante 
em 2018, cerca de 94% do valor máximo permitido na legislação. No levantamento 
das potenciais fontes de contaminação foi constatado que os elevados teores de 
nitrato nessa localidade, podem estar relacionados a falta de esgotamento sanitário e 
a proximidade dos poços das águas poluídas do Riacho do Silva (Figura 9). 
Silva (2011) ao avaliar amostras de água coletadas em pontos distintos da 
bacia do Riacho do Silva, no período de outubro de 2010 a julho de 2011, verificou 
variações significativas nas concentrações de nitrato. O citado autor destaca, que o 
nitrato por ser muito solúvel em água, pode através do processo de lixiviação e 
infiltração no solo, estar contaminando os aquíferos dessa região. 
 
 
Gráfico 8 – Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços localizados 
na região da bacia do Riacho do Silva. 
Fonte: Autor. 
42 
 
 
 Figura 9 – Águas poluídas do Riacho do Silva. 
 Fonte: Autor, 2019. 
 
O gráfico 9, descreve a evolução temporal dos teores de nitrato em localidades 
situadas na área de abrangência da bacia do Reginaldo. De acordo com o gráfico, 
nessa bacia, a evolução das concentrações dessa substância, foram superiores 
aquelas registradas na região da bacia do riacho do Silva. No ponto P5, situado no 
bairro do Farol, os dados revelam que as concentrações de nitrato presente na água 
consumida nessa localidade, vem evoluindo de forma satisfatória. 
 
 
Gráfico 9 – Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços localizados 
na região da bacia do Riacho do Reginaldo. 
Fonte: Autor. 
 
No ponto P6, observa-se que em vários anos as concentrações de nitrato 
ficaram próximas do limite estabelecido na legislação. Abordagens em campo, 
constatou que a região é completamente desprovida de rede coletora de esgoto. 
43 
 
Devido a isso, existem diversas fossas sépticas construídas pelos moradores no 
entorno do poço, sendo a mais próxima distante apenas 10m. Vale salientar que nessa 
localidade os esgotos das residências são despejados em um córrego, que passa no 
vale da Grota do Estrondo, distante 300m do poço. 
Na área circunvizinha do ponto de coleta, é bastante comum o descarte e 
acúmulo de lixo pelos próprios moradores. Também foi verificado a proximidade de 
vários estabelecimentos comerciais da fonte de captação de águas subterrâneas, 
sendo os mais próximos um posto de combustível que oferece serviços de lava-jatos 
(distante 150m do poço) e diversas oficinas mecânicas automotivas (a mais próxima 
distante cerca de 250m do poço). 
No ponto P7, localizado no bairro Sítio São Jorge, em várias amostras de anos 
anteriores, os teores dessa substância ficaram acima do permitido. A deterioração da 
qualidade da água dessa localidade tem como origem a falta de esgotamento sanitário 
na região. Nessa área, também existem diversas fossas sépticas no entorno do poço, 
sendo a mais próxima distante cerca de 10m. Constatou-se nesse lugar, próximo da 
fonte de captação de água, um lava-jato, um posto de combustível e uma oficina 
mecânica automotiva, distantes respectivamente, 48m, 90m e 100m. 
 No gráfico 10, observa-se que a evolução das concentrações de nitrato na área 
da bacia do Tabuleiro, destaca-se em relação as bacias dos Riachos do Silva e do 
Reginaldo. Nota-se que apenas no ponto P12 localizado no bairro do Tabuleiro, o 
padrão de potabilidade da água vem evoluindo satisfatoriamente, de acordo com os 
valores estabelecidos na legislação. 
 
 
Gráfico 10 – Evolução temporal das concentrações de nitrato nos poços 
localizados na região da bacia do Tabuleiro. 
Fonte: Autor. 
44 
 
 
Nos pontos P9, P10 e P11, localizados respectivamente nos bairros de Santa 
Lúcia, Dubeaux Leão e Salvador Lira, a análise da evolução dos teores de nitrato, 
comprovou que os habitantes dessas localidades há muito tempo vem consumindo 
água com elevados teores dessa substância, e fora do padrão de aceitação para o 
consumo humano estabelecido pela legislação do Ministério da Saúde (10 mg/L NO3). 
Nesses locais, a falta de esgotamento sanitário faz com que os moradores se utilizem 
de fossas sépticas e despejem grande parte dos esgotos domésticosem valas e ruas 
dos bairros (Figura 10). 
 
 
Figura 10 – Lançamentos de esgotos domésticos em valas no bairro de Santa Lúcia. 
Fonte: Autor, 2019. 
 
Os elevados teores de nitrato encontrados em amostras coletadas na área da 
bacia do Tabuleiro, podem também estar relacionados com a proximidade dos poços 
das águas poluídas da bacia de detenção (Figura 11) situada no bairro de Salvador 
Lira. As bacias de detenção do Tabuleiro foram construídas para acumular as águas 
resultantes das abundantes chuvas que precipitam nessa região, especialmente na 
estação chuvosa, reduzindo os impactos provocados pelas constantes inundações. 
 
45 
 
 
 
 
 Figura 11 – Lançamentos de dejetos na bacia de detenção do Tabuleiro. 
 Fonte: Autor, 2019. 
 
 Devido ao intenso crescimento populacional verificado na região a partir da 
década de 1980, e sem o necessário investimento na rede de esgotamento sanitário, 
essas estruturas que compõem o projeto de Macrodrenagem do Tabuleiro do Martins, 
passaram a receber também grandes volumes de poluentes. 
Nessas bacias de detenção são lançadas as águas das chuvas sujeitas à 
poluição, bem como, são despejadas diretamente as águas residuárias de indústrias 
e esgotos de unidades habitacionais circunvizinhas, desprovidas de saneamento (SÁ 
FILHO, 2010). O citado autor ao pesquisar as características limnológicas do sistema 
que compõe a Macrodrenagem da bacia do Tabuleiro do Martins, constatou ao avaliar 
a qualidade da água da lagoa de detenção do bairro de Salvador Lira, entre outros 
resultados, elevadas concentrações de coliformes termotolerantes e fósforo total. 
A infiltração desses contaminantes no solo pode estar contaminando o aquífero 
da região, o que justificaria as elevadas concentrações de nitrato presente na água 
potável. A análise da evolução temporal dos teores dessa substância, demonstrou de 
forma evidente, que essa contaminação vem ocorrendo de forma contínua e 
duradoura. 
 
46 
 
 
 
4.6 Caracterização hidroquímica referente aos teores de amônia em 
amostragens de água coletadas em 2018. 
Em 33% das amostras de água analisadas as concentrações de amônia 
ultrapassaram o valor máximo estabelecido na legislação do Ministério da Saúde, que 
corresponde a 1,5 mg/L NH3. Em duas amostras relativas aos pontos P1 (1,20 mg/L 
NH3) e P8 (1,45 mg/L NH3), os valores desse parâmetro ficaram muito próximos do 
limite permitido. (Tabela 5). 
 
 Tabela 5 – Teores de amônia obtidos em amostras de água avaliadas em 2018. 
 
Fonte: CASAL. 
* Valor máximo permitido para consumo humano expresso na PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX – MS. 
 
As elevadas concentrações de amônia encontradas na área de estudo podem 
estar relacionadas aos seguintes fatores: descarte e acúmulo de lixo nas proximidades 
das fontes de captação de águas subterrâneas e ausência de esgotamento sanitário 
na região. Esses fatores favorecem grande parte da população local a viver de forma 
insalubre e em precárias condições de higiene sanitárias. 
Nas proximidades das fontes de captação de água subterrânea, verificou-se 
grande acúmulo de lixo descartados pelos próprios moradores da região. Vale 
salientar que, apesar da manutenção efetuada pela Companhia de Abastecimento de 
Alagoas (CASAL), foram encontrados poços sem proteção adequada, com problemas 
de vazamentos e de corrosão. 
Alaburda; Nishihara (1998) relatam que o nitrogênio amoniacal é um dos 
primeiros passos da decomposição da matéria orgânica e sua presença indica 
contaminação recente e pode estar relacionada a construção precária dos poços e 
falta de proteção do aquífero. 
 
 
 
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12
Amônia 
(NH3)
PARÂMETRO VMP *
PONTOS DE COLETAS DE AMOSTRAS
1,5 mg/L 1,20 1,94 0,14 0,10 0,12 0,11 0,12 1,45 2,68 2,78 0,72 5,40
47 
 
 
 
No gráfico 11 é possível observar que em média, os valores que comprovam 
concentrações mais elevadas de amônia, foram obtidos em amostras coletadas na 
região da bacia do Tabuleiro (2,90 mg/L NH3), seguidos das bacias do Riacho do Silva 
(0,85 mg/L NH3) e do Reginaldo (0,45 mg/L NH3). 
 
 
Gráfico 11 – Médias dos valores de amônia por bacias hidrográficas, 2018. 
 Fonte: Autor. 
 
O mapa da figura 12 mostra as variações dos teores de amônia na área de 
estudo em 2018. Os dados comprovam que a maior incidência de contaminação por 
essa substância encontra-se na região da bacia do Tabuleiro. Nessa bacia, o 
percentual de amostras com teores de amônia acima do permitido alcançou 75%. 
Na região da bacia do Riacho do Silva esse índice foi de 25%. Na área da bacia 
do Riacho do Reginaldo os teores desse indicador ficaram dentro dos padrões 
estabelecidos na legislação, porém, numa amostra as concentrações ficaram muito 
próximas do valor máximo permitido, que corresponde a 1,45 mg/L NH3. 
 
 
 
 
 
 
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
BH do R. do Silva
BH do Reginaldo
BH do Tabuleiro
NH3 (mg/L)
Amônia
48 
 
 
 
 Figura 12 – Variações dos teores de amônia na área de estudo em 2018. 
 Fonte: Autor. 
 
4.7 Análise da evolução temporal dos teores de amônia nas localidades 
pesquisadas 
A evolução temporal dos teores de amônia na área da bacia do Riacho do Silva, 
verificada nos pontos de coletas indicados no gráfico 12, apresenta valores bastante 
diferenciados. 
 Observa-se que nos pontos P3(Chã da Jaqueira) e P4(Monte Alegre) as 
concentrações de amônia ao longo dos anos considerados no gráfico, encontram-se 
dentro do padrão de potabilidade estabelecido na legislação (1,5 mg/L NH3). 
 
49 
 
 
Gráfico 12 – Evolução temporal das concentrações de amônia nos poços 
localizados na região da bacia do Riacho do Silva. 
Fonte: Autor. 
 
 Na localidade do ponto P2(Vila Saem), observa-se que houve um crescimento 
significativo das concentrações dessa substância entre os anos de 2014 a 2018. Ao 
comparar o resultado da análise realizada em 2018 (1,94 mg/L NH3) com o valor obtido 
em 2014 (0,07 mg/L NH3) nesse ponto, percebe-se que no período a concentração de 
amônia aumentou cerca de 28 vezes. 
No ponto P1, localizado no bairro de Bebedouro, também houve uma forte 
variação desse indicador entre os anos de 2016 a 2018. Nesse ponto, apesar dos 
teores de amônia estar em conformidade com o padrão de potabilidade exigido na 
legislação do Ministério da Saúde (1,5 mg/L NH3), os valores ficaram muito próximos 
do limite máximo permitido em lei. As elevadas concentrações desse indicador nessas 
localidades, pode estar relacionada a proximidade dos poços das águas do Riacho do 
Silva, as quais encontram-se bastante poluídas. 
Outro problema que pode estar provocando a deterioração da qualidade da 
água, é a falta de esgotamento sanitário na região. Desse modo, devido a essa 
carência é comum o uso de fossas sépticas pelos moradores dessas localidades, 
sendo grande parte dos esgotos domésticos despejados diretamente em córregos, 
valas e riachos da região. Foi constatado também, a existência de criatórios de 
animais e acúmulo de lixo (Figura 13) próximos das fontes de captação de água 
subterrânea. Essas potenciais fontes de contaminação, como foi dito anteriormente, 
têm provocado também, a elevação dos teores de nitrato na água consumida nessa 
região. 
50 
 
 
 Figura 13 – Acúmulo de lixo às margens do Riacho do Silva. 
 Fonte: Autor, 2019. 
 
O gráfico 13 mostra a evolução dos teores de amônia na área de abrangência 
da bacia do Reginaldo. Observa-se que nas localidades onde estão situados os 
pontos P5(Farol), P6(Feitosa) e P7(São Jorge) a evolução das concentrações dessa 
substância, ao longo do período considerado, manteve-se dentro do padrão de 
potabilidade exigido na legislação. 
 
 
Gráfico 13 – Evolução temporal das concentrações de amônia nos poços 
localizados na região da bacia do Riacho do Reginaldo. 
Fonte: Autor. 
 
No ponto

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