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1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 Anatomia do Sistema Digestório Considerações gerais As vísceras abdominais constituem a maior parte do sistema digestório: ❖ Parte terminal do esôfago; ❖ Estômago, ❖ Intestino delgado; ❖ Intestino grosso; ❖ Baço; ❖ Pâncreas; ❖ Fígado; ❖ Vesícula biliar; ❖ Rins; ❖ Glândulas suprarrenais. Como a cavidade abdominal está voltada para a cavidade torácica, recebem proteção da parte inferior da caixa torácica. Também é observado que o ligamento falciforme normalmente se fica ao longo de uma linha contínua da parede anterior do abdome até o umbigo, dividindo o fígado superficialmente em lobos direito e esquerdo. É importante lembrar que a digestão ocorre principalmente no estômago e duodeno, entretanto, a absorção de substâncias químicas ocorre principalmente no intestino delgado – o qual é um tubo espiralada com 5 a 6 m de comprimento, formado pelo duodeno, jejuno e íleo. ESÔFAGO O esôfago é um tubo muscular (aproximadamente 25 cm de comprimento) com um diâmetro médio de 2 cm, que conduz alimento da faringe para o estômago, seguindo a curva da coluna vertebral ao descer através do pescoço e do mediastino e terminando ao entrar no estômago pelo óstio cárdico do estômago, à esquerda da linha mediana, no nível da 7ª cartilagem costal esquerda e da vértebra T11. Essa estrutura do sistema digestório tem 3 constrições - onde estruturas adjacentes deixam impressões -, as quais são possíveis visualizar por meio da fluoroscopia após ingestão de bário: ❖ Constrição cervical (esfíncter superior do esôfago): em seu início na junção faringoesofágica, a aproximadamente 15 cm dos dentes incisivos; causada pela parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da faringe; ❖ Constrição broncoaórtica (torácica): uma constrição combinada, no local onde ocorre primeiro o cruzamento do arco da aorta, a 22,5 cm dos dentes incisivos, e depois o cruzamento pelo brônquio principal esquerdo, a 27,5 cm dos dentes incisivos; a primeira constrição é observada em vistas anteroposteriores, a segunda em vistas laterais; ❖ Constrição diafragmática: no local onde atravessa o hiato esofágico do diafragma, a aproximadamente 40 cm dos dentes incisivos. CAI NA PROVA!!! É importante salientar que o esôfago tem: ❖ Lâminas musculares circulares internas; ❖ Lâminas musculares longitudinais externas. 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 Em seu terço superior, a lâmina externa consiste em músculo estriado voluntário; o terço inferior é formado por músculo liso, e o terço médio tem os dois tipos de músculo. O alimento atravessa o esôfago rapidamente em razão da ação peristáltica de sua musculatura, auxiliado pela gravidade, mas não depende dela (é possível engolir de cabeça para baixo). o Onde o esôfago está fixado? O esôfago está fixado às margens do hiato esofágico no diafragma pelo ligamento frenicoesofágico, uma extensão da fáscia diafragmática inferior. Esse ligamento permite o movimento independente do diafragma e do esôfago durante a respiração e a deglutição. o O esôfago é coberto por quais peritônios? Em sua face anterior da parte abdominal, o esôfago é coberto pelo peritônio da cavidade peritoneal, contínuo com aquele que reveste a face anterior do estômago. Em sua face posterior da parte abdominal, é coberto por peritônio da bolsa omental, contínuo com aquele que reveste a face posterior do estômago. o Qual a relação do esôfago com o estômago? A margem direita do esôfago é contínua com a curvatura menor do estômago. Porém, sua margem esquerda é separada do fundo gástrico pela incisura cárdica existente entre o esôfago e o fundo gástrico. o Onde se localiza a junção esofagogástrica? A junção esofagogástrica situa-se à esquerda da vértebra T11 no plano horizontal que atravessa a extremidade do processo xifoide. o Como os cirurgiões e os endoscopistas diferenciam o esôfago do estômago? Pela linha Z, uma linha irregular em que há mudança abrupta da túnica mucosa esofágica para a túnica mucosa gástrica. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO ESÔFAGO A irrigação arterial da parte abdominal do esôfago é feita pela: ❖ Artéria gástrica esquerda, um ramo do tronco celíaco; ❖ Artéria frênica inferior esquerda. DRENAGEM VENOSA DO ESÔFAGO A drenagem venosa das veias submucosas da parte abdominal do esôfago se faz para o sistema venoso porta, através da veia gástrica esquerda, e para o sistema venoso sistêmico, pelas veias esofágicas que entram na veia ázigo. Em resumo, temos 2 drenagens venosas: ❖ Sistema venoso porta: através da veia gástrica esquerda; ❖ Sistema venoso sistêmico: através das veias esofágicas que entram na veia ázigo. CAI NA PROVA!!! 3 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 DRENAGEM LINFÁTICA DO ESÔFAGO A drenagem linfática da parte abdominal do esôfago se faz para os linfonodos gástricos esquerdos; os vasos linfáticos eferentes desses linfonodos drenam principalmente para os linfonodos celíacos. INERVAÇÃO DO ESÔFAGO O esôfago é inervado pelo plexo esofágico, formado pelos: ❖ Troncos vagais (que se tornam os ramos gástricos anteriores e posterior); ❖ Troncos simpáticos torácicos por meio dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maiores e plexos periarteriais ao redor das artérias gástrica esquerda e frênica inferior. ESTÔMAGO O estômago é a parte expandida do sistema digestório entre o esôfago e o intestino delgado. o Qual a função do estômago? A função do estômago é o acúmulo do alimento ingerido, que ele prepara química e mecanicamente para a digestão e passagem para o duodeno. Dessa forma, o estômago mistura os alimentos e atua como reservatório, portanto, sua principal função é a digestão enzimática. POSIÇÃO, PARTES E ANATOMIA DE SUPERFÍCIE DO ESTÔMAGO O tamanho, o formato e a posição do estômago podem variar bastante em pessoas com diferentes tipos corporais (biotipos) e podem mudar até no mesmo indivíduo, de acordo com os movimentos do diafragma durante a respiração, o conteúdo (vazio ou após uma grande refeição) e a posição da pessoa. O estômago tem partes: ❖ Cárdia: a parte que circunda o óstio cárdico, a abertura superior do estômago; ❖ Fundo gástrico: a parte superior dilatada que está relacionada com a cúpula esquerda do diafragma, limitada inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico. O fundo gástrico pode ser dilatado por gás, líquido, alimento ou pela combinação destes; ❖ Corpo gástrico: a parte principal do estômago, entre o fundo gástrico e o antro pilórico; ❖ Parte pilórica: a região afunilada de saída do estômago; sua parte mais larga, o antro pilórico, leva ao canal pilórico, sua parte mais estreita. O piloro é a região esfincteriana distal da parte pilórica. É um espessamento acentuado da camada circular de músculo liso que controla a saída do conteúdo gástrico através do óstio pilórico (abertura inferior do estômago) para o duodeno. Há esvaziamento intermitente do estômago quando a pressão intragástrica supera a resistência do piloro. Normalmente, o piloro encontra-se em estado de contração tônica, de modo que o óstio pilórico é reduzido, exceto quando dá passagem ao quimo (massa semilíquida). A intervalos irregulares, a peristalse gástrica faz o quimo atravessar o canal e o óstio pilórico até o intestino delgado, onde continuam a mistura, a digestão e a absorção. O estômago também tem 2 curvaturas: ❖ Curvatura menor: é margem direita côncava mais curta do estômago. A incisura angular, parte inferior da curvatura, indica a junção do corpo gástrico com a parte pilórica do estômago; ❖ Curvatura maior: é a margem convexa mais longa do estômago. 4 Universidade Federal de Mato Grossodo Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 INTERIOR DO ESTÔMAGO O estômago é coberto, interiormente, por uma camada de muco contínua que protege sua superfície contra o ácido gástrico secretado pelas glândulas gástricas. Quando contraída, a túnica mucosa gástrica forma estrias longitudinais denominadas pregas gástricas, mais acentuadas em direção à parte pilórica e ao longo da curvatura maior. o O que acontece com as pregas longitudinais durante a deglutição? Durante a deglutição, forma-se um sulco ou um canal gástrico temporário entre as pregas longitudinais ao longo da curvatura menor, que pode ser visto por radiografia e endoscopia. O canal gástrico se deve à firme inserção da túnica mucosa gástrica à túnica muscular, que não tem uma camada oblíqua nesse local. A saliva e pequenas quantidades de alimento mastigado e outros líquidos drenam ao longo do canal gástrico para o canal pilórico quando o estômago está quase vazio. As pregas gástricas diminuem e desaparecem quando o estômago está distendido. OBS: o canal gástrico não é uma estrutura, é uma região! RELAÇÕES DO ESTÔMAGO O estômago é coberto por peritônio, exceto nos locais em que há vasos sanguíneos ao longo de suas curvaturas e em uma pequena área posterior ao óstio cárdico. As duas lâminas do omento menor estendem-se ao redor do estômago e separam-se de sua curvatura maior como o omento maior. Anteriormente, o estômago relaciona-se com o diafragma, o lobo hepático esquerdo e a parede anterior do abdome. Posteriormente, o estômago relaciona-se com a bolsa omental e o pâncreas; a face posterior do estômago forma a maior parte da parede anterior da bolsa omental. O colo transverso tem relação inferior e lateral com o estômago e segue ao longo da curvatura maior do estômago até a flexura esquerda do colo. O leito do estômago, sobre o qual se apoia o estômago quando a pessoa está em decúbito dorsal, é formado pelas estruturas que formam a parede posterior da bolsa omental. Da região superior para a inferior, o leito do estômago é formado pela cúpula esquerda do diafragma, baço, rim e glândula suprarrenal esquerdos, artéria esplênica, pâncreas e mesocolo transverso. Em resumo, o estômago se relaciona com as estruturas voltadas mais para esquerda, como a cúpula esquerda do diafragma, baço, glândula suprarrenal esquerda, rim esquerdo, colo do pâncreas e com os vasos esplênicos esquerdos. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO ESTÔMAGO A abundante irrigação arterial do estômago tem origem no tronco celíaco e em seus ramos A maior parte do sangue provém de anastomoses formadas ao longo da curvatura menor pela: ❖ Artéria gástrica direita; 5 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 ❖ Artéria gástrica esquerda. E ao longo da curvatura maior pela: ❖ Artéria gastromental direita; ❖ Artéria gastromental esquerda. O fundo gástrico e a parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores. DRENAGEM VENOSA DO ESTÔMAGO As veias gástricas acompanham as artérias em relação à posição e ao trajeto. As veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta. As veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior (VMS) para formar a veia porta. A veia gastromental direita drena para a VMS. Uma veia pré-pilórica ascende sobre o piloro até a veia gástrica direita. Como essa veia é facilmente visível em pessoas vivas, os cirurgiões a utilizam para identificação do piloro. DRENAGEM LINFÁTICA DO ESTÔMAGO Os vasos linfáticos gástricos acompanham as artérias ao longo das curvaturas maior e menor do estômago. Eles drenam linfa de suas faces anterior e posterior em direção às suas curvaturas, onde estão localizados os linfonodos gástricos e gastromentais. Os vasos eferentes desses linfonodos acompanham as grandes artérias até os linfonodos celíacos. ❖ A linfa dos dois terços superiores do estômago drena ao longo dos vasos gástricos direito e esquerdo para os linfonodos gástricos; a linfa do fundo gástrico e da parte superior do corpo gástrico também drena ao longo das artérias gástricas curtas e dos vasos gastromentais esquerdos para os linfonodos pancreaticoesplênicos; ❖ A linfa dos dois terços direitos do terço inferior do estômago drena ao longo dos vasos gastromentais direitos até os linfonodos pilóricos; ❖ A linfa do terço esquerdo da curvatura maior drena para os linfonodos pancreaticoduodenais, que estão situados ao longo dos vasos gástricos curtos e esplênicos. INERVAÇÃO DO ESTÔMAGO INERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA A inervação parassimpática do estômago provém dos troncos vagais anterior e posterior e de seus ramos, que entram no abdome através do hiato esofágico. ❖ Tronco vagal anterior: derivado principalmente do nervo vago (NC X) esquerdo, geralmente entra no abdome como um ramo isolado situado 6 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 na face anterior do esôfago. Segue em direção à curvatura menor do estômago, onde emite ramos hepáticos e duodenais, que se separam do estômago no ligamento hepatoduodenal. O restante do tronco vagal anterior continua ao longo da curvatura menor, dando origem aos ramos gástricos anteriores. ❖ Tronco vagal posterior: maior, derivado principalmente do nervo vago direito, entra no abdome na face posterior do esôfago e segue em direção à curvatura menor do estômago. O tronco vagal posterior envia ramos para as faces anterior e posterior do estômago. Emite um ramo celíaco, que segue para o plexo celíaco, e depois continua ao longo da curvatura menor, dando origem aos ramos gástricos posteriores. INERVAÇÃO SIMPÁTICA A inervação simpática do estômago, proveniente dos segmentos T6 a T9 da medula espinal, segue para o plexo celíaco por intermédio do nervo esplâncnico maior e é distribuída pelos plexos ao redor das artérias gástricas e gastromentais. INTESTINO DELGADO O intestino delgado, estendendo-se do piloro até a junção ileocecal – onde o íleo une-se ao ceco -, é formado por: ❖ Duodeno; ❖ Jejuno; ❖ Íleo. o Qual a função do intestino delgado? Servir como local de absorção de nutrientes dos alimentos ingeridos. DUODENO É a primeira e mais curta (25 cm) parte do intestino delgado, porém, também é a mais larga e a mais fixa. O duodeno segue um trajeto em formato de C ao redor da cabeça do pâncreas. Começa no piloro no lado direito e termina na flexura (junção) duodenojejunal no lado esquerdo, a qual ocorre aproximadamente no nível da vértebra L2. O duodeno é ainda dividido em 4 partes: ❖ Parte superior: ascende a partir do piloro e é superposta pelo fígado e pela vesícula biliar. O peritônio cobre sua face anterior, mas não há peritônio posteriormente, com exceção da ampola. A parte proximal tem o ligamento hepatoduodenal (parte do omento menor) fixado superiormente e o omento maior fixado inferiormente; ❖ Parte descendente: segue inferiormente, curvando-se ao redor da cabeça do pâncreas. Os ductos colédoco e pancreático principal entram em sua parede posteromedial. Esses ductos geralmente se unem para formar a ampola hepatopancreática, que se abre em uma eminência, chamada papila maior do duodeno, localizada posteromedialmente na parte descendente do duodeno. A parte descendente do duodeno é totalmente retroperitoneal. A face anterior de seus terços proximal e distal é coberta por peritônio; entretanto, o peritônio é refletido de seu terço médio para formar o mesentério duplo do colo transverso, o mesocolo transverso; ❖ Parte inferior ou horizontal: segue transversalmente para a esquerda, passando sobre a VCI, a aorta e a vértebra L III. 7 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS FernandaNishi – MED26 Superiormente a ela está a cabeça do pâncreas e seu processo uncinado. A face anterior da parte inferior é coberta por peritônio, exceto na parte em que é cruzada pelos vasos mesentéricos superiores e pela raiz do mesentério. Posteriormente, é separada da coluna vertebral pelo músculo psoas maior direito, VCI, aorta e vasos testiculares ou ováricos direitos; ❖ Parte ascendente: segue superiormente e ao longo do lado esquerdo da aorta para alcançar a margem inferior do corpo do pâncreas. Aí, ela se curva anteriormente para se unir ao jejuno na flexura duodenojejunal, sustentada pela inserção do músculo suspensor do duodeno (ligamento de Treitz). Esse músculo é formado por uma alça de músculo esquelético do diafragma e uma faixa fibromuscular de músculo liso da terceira e quarta partes do duodeno. A contração desse músculo alarga o ângulo da flexura duodenojejunal, facilitando o movimento do conteúdo intestinal. O músculo suspensor do duodeno passa posteriormente ao pâncreas e à veia esplênica e anteriormente à veia renal esquerda. CAI NA PROVA!!! LIGAMENTO DE TREITZ. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO DUODENO As artérias do duodeno originam-se do tronco celíaco e da artéria mesentérica superior. O tronco celíaco, por intermédio da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal superior, supre a parte do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco na parte descendente do duodeno. A artéria mesentérica superior, por meio de seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco. As artérias pancreaticoduodenais situam-se na curvatura entre o duodeno e a cabeça do pâncreas e irrigam as duas estruturas. A anastomose das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior ocorre entre a entrada do ducto colédoco e a junção das partes descendente e inferior do duodeno. Aqui ocorre uma importante transição na irrigação do sistema digestório: ❖ Na parte proximal, estendendo-se oralmente (em direção à boca) até inclusive a parte abdominal do esôfago, o sistema digestório é irrigado pelo tronco celíaco; ❖ Na região distal, estendendo-se aboralmente (afastando-se da boca) até a flexura esquerda do colo, o sangue provém da AMS. A base dessa transição na irrigação sanguínea é embriológica; esse é o local da junção do intestino anterior com o intestino médio. DRENAGEM VENOSA DO DUODENO As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam para a veia porta, algumas diretamente e outras indiretamente, pelas: ❖ Veia mesentérica superior; ❖ Veia esplênica. DRENAGEM LINFÁTICA DO DUODENO Os vasos linfáticos do duodeno acompanham as artérias. Os vasos linfáticos anteriores drenam para: ❖ Linfonodos pancreaticoduodenais: localizados ao longo das artérias pancreaticoduodenais superior e inferior; ❖ Linfonodos pilóricos: situados ao longo da artéria gastroduodenal. Os vasos linfáticos posteriores seguem posteriormente à cabeça do pâncreas e drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. 8 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos duodenais drenam para os linfonodos celíacos. INERVAÇÃO DO DUODENO Os nervos do duodeno derivam do nervo vago e dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maior e menor por meio dos plexos celíaco e mesentérico superior. Os nervos seguem para o duodeno via plexos periarteriais que se estendem até as artérias pancreaticoduodenais JEJUNO E ÍLEO A segunda parte do intestino delgado, o jejuno, começa na flexura duodenojejunal, onde o sistema digestório volta a ser intraperitoneal. A terceira parte do intestino delgado, o íleo, termina na junção ileocecal, a união da parte terminal do íleo e o ceco. O mesentério é uma prega de peritônio em forma de leque que fixa o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome. A origem ou raiz do mesentério (com aproximadamente 15 cm de comprimento) tem direção oblíqua, inferior e para a direita. Estende-se da flexura duodenojejunal no lado esquerdo da vértebra L II até a junção ileocólica e a articulação sacroilíaca direita. O comprimento médio do mesentério, desde a raiz até a margem do intestino, é de 20 cm. A raiz do mesentério cruza (sucessivamente) as partes ascendente e horizontal do duodeno, parte abdominal da aorta, VCI, ureter direito, músculo psoas maior direito e vasos testiculares ou ováricos direitos. Entre as duas camadas do mesentério estão os vasos mesentéricos superiores, linfonodos, uma quantidade variável de gordura e nervos autônomos. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO JEJUNO E ÍLEO A artéria mesentérica superior (AMS) irriga o jejuno e o íleo via artérias jejunais e ileais. A AMS geralmente origina-se da parte abdominal da aorta no nível da vértebra L I, cerca de 1 cm inferior ao tronco celíaco, e segue entre as camadas do mesentério, enviando 15 a 18 ramos para o jejuno e o íleo. As artérias se unem para formar alças ou arcos, chamados arcos arteriais, que dão origem a artérias retas, denominadas vasos retos. DRENAGEM VENOSA DO JEJUNO E ÍLEO A veia mesentérica superior drena o jejuno e o íleo. Situa- se anteriormente e à direita da AMS na raiz do mesentério. A VMS termina posteriormente ao colo do pâncreas, onde se une à veia esplênica para formar a veia porta. DRENAGEM LINFÁTICA DO JEJUNO E ÍLEO Os vasos linfáticos especializados nas vilosidades intestinais (pequenas projeções da túnica mucosa) que absorvem gordura são denominados lactíferos. Eles drenam seu líquido leitoso para os plexos linfáticos nas paredes do jejuno e do íleo. Por sua vez, os vasos lactíferos drenam para os vasos linfáticos entre as camadas do mesentério. No mesentério, a linfa atravessa sequencialmente três grupos de linfonodos: ❖ Linfonodos justaintestinais: localizados perto da parede intestinal; ❖ Linfonodos mesentéricos: dispersos entre os arcos arteriais; ❖ Linfonodos centrais superiores: localizados ao longo da parte proximal da AMS. Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos mesentéricos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos linfáticos da parte terminal do íleo seguem o ramo ileal da artéria ileocólica até os linfonodos ileocólicos. INERVAÇÃO DO JEJUNO E ÍLEO 9 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 A AMS e seus ramos são circundados por um plexo nervoso periarterial por meio do qual os nervos são conduzidos até as partes do intestino irrigadas por essa artéria. As fibras simpáticas nos nervos para o jejuno e o íleo originam-se nos segmentos T8 a T10 da medula espinal e chegam ao plexo mesentérico superior por intermédio dos troncos simpáticos e nervos esplâncnicos (maior, menor e imo) torácicos abdominopélvicos. As fibras simpáticas pré-ganglionares fazem sinapse nos corpos celulares dos neurônios simpáticos pós- ganglionares nos gânglios celíaco e mesentérico superior (pré-vertebral). A estimulação simpática reduz a atividade peristáltica e secretora do intestino e causa vasoconstrição, reduzindo ou interrompendo a atividade gastrintestinal e disponibilizando sangue (e energia) para a reação de luta ou fuga. A interrupção da estimulação simpática possibilita vasodilatação, restaurando o fluxo sanguíneo para o intestino. As fibras parassimpáticas nos nervos para o jejuno e para o íleo provêm dos troncos vagais posteriores. As fibras parassimpáticas pré-ganglionares fazem sinapse com os neurônios parassimpáticos pós-ganglionares nos plexos mioentérico e submucoso na parede intestinal. A estimulação parassimpática aumenta a atividade peristáltica e secretora do intestino, restaurando a atividade digestiva após uma reação simpática. O intestino delgado também tem fibras sensitivas (aferentes viscerais) intrínsecas e extrínsecas.O intestino é insensível à maioria dos estímulos dolorosos, inclusive incisão e queimadura; entretanto, é sensível à distensão que é percebida como cólica (dor abdominal espasmódica). A dor visceral proveniente do intestino delgado pode ser referida para dermátomos inervados por fibras aferentes somáticas que são compartilhadas pelos mesmos gânglios sensitivos e segmentos da medula espinal. INTESTINO GROSSO O intestino grosso é o local de absorção da água dos resíduos indigeríveis do quimo líquido, convertendo-o em fezes semissólidas, que são temporariamente armazenadas e acumuladas até que haja defecação. O intestino grosso é formado pelo: ❖ Ceco; ❖ Apêndice vermiforme; ❖ Partes ascendente, transversa, descendente e sigmoide do colo; ❖ Reto e canal anal. o O que diferencia o intestino grosso do intestino delgado? ❖ Apêndices omentais do colo; ❖ Tênias do colo: são três faixas longitudinais distintas: 1. tênia mesocólica, à qual se fixam os mesocolos transverso e sigmoide; 2. tênia omental, à qual se fixam os apêndices omentais; 3. tênia livre, à qual não estão fixados mesocolos nem apêndices omentais; ❖ Saculações: ❖ Calibre (diâmetro interno) muito maior. o O que são tênias do colo? São faixas espessas de músculo liso que representam a maior parte da camada longitudinal que começam na base do apêndice vermiforme como a camada longitudinal espessa do apêndice vermiforme que se divide para formar 3 faixas. Como sua contração tônica encurta a parte da parede associada, o colo adquire uma aparência sacular ou “de bolsas” entre as pregas semilunares, formando as saculações. CECO E APÊNDICE VERMIFORME O ceco é a primeira parte do intestino grosso; é contínuo com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal cega, que mede aproximadamente 7,5 cm de comprimento e largura. o Onde o ceco se situa? 10 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 Situa-se na fossa ilíaca do quadrante inferior direito do abdome. O ceco é quase totalmente revestido por peritônio e pode ser levantado livremente. Entretanto, não possui mesentério. o Se pode ser levantado livremente, isso quer dizer que é totalmente livre? Não! O ceco pode ser deslocado da fossa ilíaca, mas costuma estar ligado à parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais de peritônio. O óstio ileal projeta-se no ceco entre os lábios ileocólico e ileocecal (superior e inferior), pregas que se encontram lateralmente e formam a crista denominada frênulo do óstio ileal. Acreditava-se que quando o ceco fosse distendido ou quando se contraísse, ocorreria contração ativa do frênulo, que fecharia a válvula para evitar refluxo do ceco para o íleo. No entanto, a observação direta por endoscopia em pessoas vivas não confirma essa descrição. O músculo circular é mal desenvolvido ao redor do óstio; portanto, é improvável que a válvula tenha alguma ação esfincteriana que controle a passagem do conteúdo intestinal do íleo para o ceco. O óstio, porém, geralmente é fechado por contração tônica, apresentando-se como uma papila ileal no lado cecal. A papila provavelmente atua como uma válvula unidirecional relativamente passiva, que impede o refluxo do ceco para o íleo quando houver contrações para impulsionar o conteúdo para o colo ascendente e colo transverso. O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego (6 a 10 cm de comprimento) que contém massas de tecido linfoide. o Onde o apêndice vermiforme se origina? Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal. O apêndice vermiforme tem um mesentério triangular curto, o mesoapêndice, originado da face posterior do mesentério da parte terminal do íleo. O mesoapêndice fixa-se ao ceco e à parte proximal do apêndice vermiforme. A posição do apêndice vermiforme é variável, mas geralmente é retrocecal. CAI NA PROVA!!! MESOAPÊNDICE. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO CECO A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica, o ramo terminal da AMS. o Quem irriga o apêndice vermiforme? A artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica. AMS > artéria ileocólica > artéria apendicular. DRENAGEM VENOSA DO CECO A drenagem venosa do ceco e do apêndice vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia ileocólica. DRENAGEM LINFÁTICA DO CECO A drenagem linfática do ceco e do apêndice vermiforme segue até os linfonodos no mesoapêndice e até os linfonodos ileocólicos situados ao longo da artéria ileocólica. Os vasos linfáticos eferentes seguem até os linfonodos mesentéricos superiores. INERVAÇÃO DO CECO A inervação do ceco e do apêndice vermiforme provém dos nervos simpáticos e parassimpáticos do plexo mesentérico superior. As fibras nervosas simpáticas originam-se na parte torácica inferior da medula espinal. As fibras nervosas parassimpáticas provêm dos nervos vagos. 11 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 As fibras nervosas aferentes do apêndice vermiforme acompanham os nervos simpáticos até o segmento T10 da medula espinal. COLO O colo é dividido em partes, de modo que circunda o intestino delgado: ❖ Ascendente; ❖ Transversa; ❖ Descendente; ❖ Sigmoide. COLO ASCENDENTE O colo ascendente é a segunda parte do intestino grosso. Segue para cima na margem direita da cavidade abdominal, do ceco até o lobo hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática). Essa flexura situa-se profundamente às costelas IX e X e é superposta pela parte inferior do fígado. o O colo ascendente é coberto por peritônio? Sim, mas não totalmente. O colo ascendente é coberto por peritônio anteriormente e nas suas laterais. Entretanto, também apresenta mesentério, o qual somente é presente em 25% das pessoas. O colo ascendente é separado da parede anterolateral do abdome pelo omento maior. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO COLO ASCENDENTE E DA FLEXURA HEPÁTICA A irrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita do colo provém de ramos da AMS, as artérias ileocólica e cólica direita. Essas artérias anastomosam-se entre si e com o ramo direito da artéria cólica média, o primeiro de uma série de arcos anastomóticos que é continuado pelas artérias cólica esquerda e sigmóidea para formar um canal arterial contínuo, o arco justacólico (artéria ou arco marginal do colo). Essa artéria é paralela ao colo e acompanha todo seu comprimento perto de sua margem mesentérica. DRENAGEM VENOSA DO COLO ASCENDENTE A drenagem venosa do colo ascendente segue por meio de tributárias da VMS: ❖ Veia cólica direita; ❖ Veia ileocólica. DRENAGEM LINFÁTICA DO COLO ASCENDENTE A drenagem linfática segue primeiro até: 1. Linfonodos epicólicos e paracólicos, perto dos linfonodos cólicos direitos intermediários e ileocólicos; 2. Linfonodos mesentéricos superiores. INERVAÇÃO DO COLO ASCENDENTE A inervação do colo ascendente é derivada do plexo mesentérico superior. COLO TRANSVERSO É a terceira parte do intestino grosso, a mais longa e mais móvel. Atravessa o abdome da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde se curva para baixo e dá origem ao colo descendente. o Qual a diferença entre a flexura direita do colo para a flexura esquerda do colo? A flexura esquerda do colo (flexura esplênica) geralmente é superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo. o Onde se situa o colo transverso? 12 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 Situa-se anteriormente à parte inferior do rim esquerdo e fixa-se ao diafragma através do ligamento frenocólico. O colo transverso apresenta ainda um mesentério, o mesocolo transverso, e frequentemente descem até o nível das cristas ilíacas. o Onde o mesentério do colo transversose fixa? O mesentério adere à parede posterior da bolsa omental ou se funde com ela. A raiz do mesocolo transverso situa- se ao longo da margem inferior do pâncreas e é contínua com o peritônio parietal posteriormente. OBS: em pessoas magras e altas, o colo transverso pode estender-se até a pelve. IRRIGAÇÃO ARTEIRAL DO COLO TRANSVERSO A irrigação arterial do colo transverso provém principalmente da artéria cólica média, um ramo da AMS. Entretanto, o colo transverso também pode receber sangue arterial das artérias cólicas direita e esquerda por meio de anastomoses, parte da série de arcos anastomóticos que coletivamente formam o arco justacólico (artéria ou arco marginal do colo). DRENAGEM VENOSA DO COLO TRANSVERSO É feita pela VMS. DRENAGEM LINFÁTICA DO COLO TRANSVERSO A drenagem linfática do colo transverso se dá para os linfonodos cólicos médios, que, por sua vez, drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. INERVAÇÃO DO COLO TRANSVERSO A inervação do colo transverso provém do plexo mesentérico superior via plexos periarteriais das artérias cólicas direita e média. COLO DESCENDENTE O colo descendente ocupa posição secundariamente retroperitoneal entre a flexura esquerda do colo e a fossa ilíaca esquerda, onde é contínua com o colo sigmoide. o O colo descendente é todo coberto por peritônio? Não! O peritônio cobre o colo anterior e lateralmente e o liga à parede posterior do abdome. O colo descendente tem mesentério curto em aproximadamente 33% das pessoas. Entretanto, em geral, ele não é longo o suficiente para causar vólvulo (torção) do colo. COLO SIGMOIDE Une o colo descendente ao reto. O colo sigmoide estende-se da fossa ilíaca até a terceira vértebra sacral (S3), onde se une ao reto. O fim das tênias do colo, a aproximadamente 15 cm do ânus, indica a junção retossigmoide. O colo sigmoide geralmente tem mesentério longo – o mesocolo sigmoide – e, portanto, tem grande liberdade de movimento, principalmente sua parte média. A raiz do mesocolo sigmoide tem inserção em formato de V invertido, que se estende primeiro medial e superiormente ao longo dos vasos ilíacos externos e, depois, medial e inferiormente a partir da bifurcação dos vasos ilíacos comuns até a face anterior do sacro. Os apêndices omentais do colo sigmoide são longos; eles desaparecem quando o mesocolo sigmoide termina. As tênias do colo também desaparecem quando o músculo longitudinal na parede do colo se alarga para formar uma camada completa no reto. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO COLO TRANSVERSO E DO COLO SIGMOIDE A irrigação arterial do colo descendente e do colo sigmoide provém das artérias cólica esquerda e sigmóideas, ramos da AMI. Durante a ressecção cirúrgica do colo a visualização da anastomose da artéria mesentérica superior e da AMI é importante para garantir irrigação sanguínea contínua. As artérias sigmóideas descem obliquamente para a esquerda, onde se dividem em: ❖ Ramos ascendentes; ❖ Ramos descendentes. 13 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 O ramo superior da artéria sigmóidea superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria cólica esquerda, assim formando uma parte da artéria marginal. DRENAGEM VENOSA DO COLO TRANSVERSO E DO COLO SIGMOIDE A drenagem venosa do colo descendente e do colo sigmoide é feita pela VMI, geralmente fluindo para a veia esplênica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o fígado. CAI NA PROVA!!! DRENAGEM LINFÁTICA DO COLO TRANSVERSO E DO COLO SIGMOIDE A drenagem linfática do colo descendente e do colo sigmoide é conduzida por vasos que seguem até os linfonodos epicólicos e paracólicos e depois através dos linfonodos cólicos intermediários ao longo da artéria cólica esquerda. A linfa desses linfonodos segue para os linfonodos mesentéricos inferiores situados ao redor da AMI. Entretanto, a linfa proveniente da flexura esquerda do colo também pode drenar para os linfonodos mesentéricos superiores. INVERVAÇÃO DO COLO TRANSVERSO E DO COLO SIGMOIDE Oralmente (em direção à boca ou proximal) à flexura esquerda do colo, as fibras simpáticas e parassimpáticas seguem juntas a partir do plexo aórtico abdominal através dos plexos periarteriais para chegarem à parte abdominal do trato alimentar. Entretanto, aboralmente (em sentido oposto à boca ou distal) à flexura, seguem vias distintas. INERVAÇÃO SIMPÁTICA A inervação simpática dos colos descendente e sigmoide provém da parte lombar do tronco simpático via nervos esplâncnicos lombares (abdominopélvicos), do plexo mesentérico superior e dos plexos periarteriais que acompanham a artéria mesentérica inferior e seus ramos. INERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA A inervação parassimpática provém dos nervos esplâncnicos pélvicos através do plexo e nervos hipogástricos (pélvicos) inferiores, que ascendem retroperitonealmente a partir do plexo, independentemente da irrigação arterial para essa parte do sistema digestório. Oralmente à parte média do colo sigmoide, fibras aferentes viscerais que conduzem a sensação de dor seguem retrogradamente com fibras simpáticas para os gânglios sensitivos dos nervos espinais toracolombares, enquanto aquelas que conduzem informações reflexas seguem com as fibras parassimpáticas para os gânglios sensitivos vagais. Aboralmente à parte média do colo sigmoide, todas as fibras aferentes viscerais acompanham as fibras parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos dos nervos espinais S2–S4. RETO E CANAL ANAL O reto é a parte terminal fixa (basicamente retroperitoneal e subperitoneal) do intestino grosso. É contínuo com o colo sigmoide no nível da vértebra S III. A junção ocorre na extremidade inferior do mesentério do colo sigmoide. O reto é contínuo inferiormente com o canal anal. Se o reto é observado lateralmente, possui 2 flexuras: 14 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 ❖ Flexura sacral do reto: curva do sacro e do cóccix; ❖ Flexura anorretal do canal anal. Se o reto é observado anteriormente, possui 3 flexuras: ❖ Flexura lateral superior: lado esquerdo; ❖ Flexura lateral inferior: lado esquerdo; ❖ Flexura lateral intermediária: lado direito. Em resumo, em vista lateral, o reto tem 2 flexuras à esquerda e 1 flexura à direita. As flexuras laterais são formadas em relação a três invaginações internas (pregas transversas do reto): duas à esquerda e uma à direita. As pregas situam-se sobre partes espessas da lâmina muscular circular da parede retal. A parte terminal dilatada do reto, situada diretamente superior ao diafragma da pelve (músculo levantador do ânus) e corpo anococcígeo, e sustentada por eles, é a ampola do reto. A ampola do reto recebe e retém a massa fecal que se acumula até que seja expelida durante a defecação. A capacidade de relaxamento da ampola do reto para acomodar a chegada inicial e subsequente de material fecal é outro elemento essencial para manter a continência fecal. o O peritônio cobre todo o reto? Não! O peritônio cobre as faces anterior e lateral do terço superior do reto, apenas a face anterior do terço médio e não cobre o terço inferior, que é subperitoneal. IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO RETO A artéria retal superior, a continuação da artéria mesentérica inferior abdominal, irriga a parte proximal do reto. As artérias retais médias direita e esquerda, que normalmente originam-se das divisões anteriores das artérias ilíacas internas na pelve, irrigam as partes média e inferior do reto. As artérias retais inferiores, originadas das artérias pudendas internas no períneo, irrigam a junção anorretal e o canal anal. Anastomoses entre as artérias retais superior e inferior podem garantir a circulação colateral em potencial, mas as anastomoses com as artérias retais médiassão esparsas. DRENAGEM VENOSA DO RETO O sangue do reto drena pelas: ❖ Veias retais superiores: drena para o sistema venoso porta; ❖ Veias retais médias: drenam para o sistema sistêmico; ❖ Veias retais inferiores: drenam para o sistema sistêmico. INERVAÇÃO DO RETO A inervação do reto provém dos sistemas simpático e parassimpático. A inervação simpática provém da medula espinal lombar, conduzida pelos nervos esplâncnicos lombares e dos 15 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS Fernanda Nishi – MED26 plexos hipogástrico/pélvico e pelo plexo periarterial das artérias mesentérica inferior e retal superior. A inervação parassimpática provém do nível S2–S4 da medula espinal, seguindo pelos nervos esplâncnicos pélvicos e dos plexos hipogástricos inferiores esquerdo e direito até o plexo retal (pélvico). Como o reto situa-se inferior (distal) à linha de dor pélvica, todas as fibras aferentes viscerais seguem as fibras parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos de nervos espinais S2–S4.
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