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Moeda, Juros e Câmbio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 
 FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 DISCIPLINA: Economia Internacional II PERÍODO: 2022/2 Tópico 3 
 MOEDA, TAXAS DE JUROS E TAXAS DE CÂMBIO 
 1. SOBRE A MOEDA: 
 Como as taxas de câmbio são os preços relativos das moedas nacionais, fatores que afetam a oferta ou demanda 
 de moeda de um país estão entre os determinantes mais poderosos da taxa de câmbio dos países em relação às 
 moedas estrangeiras. 
 Portanto, é natural começar um estudo mais profundo da determinação da taxa de câmbio com uma discussão 
 sobre oferta e demanda de moeda. Desenvolvimentos monetários influenciam a taxa de câmbio ao mudar tanto as 
 taxas de juros quanto as expectativas das pessoas sobre as taxas de câmbio futuras. 
 As expectativas sobre as taxas de câmbio futuras estão intimamente ligadas com as expectativas sobre os preços 
 futuros em dinheiro dos produtos dos países. Essas movimentações de preços, por sua vez, dependem de 
 mudanças na oferta e demanda de moeda. Portanto, ao examinar as influências monetárias na taxa de câmbio, nós 
 olhamos para como os fatores monetários influenciam preços de produção junto com as taxas de juros. 
 1.1. MOEDA COMO UM MEIO DE TROCA: 
 ❖ Função mais importante da moeda é servir como meio de troca, um meio de pagamento geralmente aceito. 
 ❖ É decorrente da acentuada divisão do trabalho que é uma das mais importantes características das economias 
 capitalistas modernas. 
 ❖ O sistema de contratos é necessário para coordenar a produção realizada sob tais condições. 
 1.2. MOEDA COMO UNIDADE DE CONTA: 
 ❖ O sistema de contratos é necessário para coordenar a produção realizada sob tais condições. 
 ❖ Moeda com uma medida de valor amplamente reconhecida. 
 ❖ As taxas de câmbio permitem nos traduzir preços em moedas de diferentes países em termos comparáveis. 
 ❖ É necessária para que contratos sejam firmados entre as partes. 
 1.3. MOEDA COMO RESERVA DE VALOR: 
 ❖ Como a moeda pode ser utilizada para transferir poder de compra do presente para o futuro, ela também é 
 um ativo, ou uma reserva de valor. 
 ❖ Esse atributo é essencial para qualquer meio de troca, porque ninguém estaria disposto a aceitá-lo em 
 pagamento se seu valor em termos de mercadorias e serviços evaporasse imediatamente. 
 ❖ No entanto, a utilidade da moeda como meio de troca transforma a automaticamente no mais líquido dos 
 ativos. 
 ❖ Um ativo é denominado líquido quando pode ser transformado em mercadorias e serviços rapidamente e sem 
 custos altos de transação, como honorários de corretores. Já que a moeda é prontamente aceita como meio 
 de pagamento, ela define o padrão em relação ao qual a liquidez de outros ativos é julgada. 
 ❖ Concede ao agente detentor de moeda a liberdade para adiar gastos e/ou reiniciá-los. 
 1.4. O QUE É DINHEIRO? 
 Moeda e depósitos bancários cujos cheques podem ser escritos certamente qualificam se como dinheiro. Esses 
 são meios de pagamento amplamente aceitos que podem ser transferidos entre proprietários a custo baixo. 
 Famílias e empresas têm posse de moeda e de depósitos como uma forma conveniente de financiar transações de 
 rotina conforme elas surgem. Ativos como bens imóveis não se qualificam como dinheiro porque, diferentemente 
 da moeda e dos depósitos, eles não têm a propriedade essencial da liquidez. 
 Quando falamos da oferta de moeda, referimo nos ao agregado monetário que a Reserva Federal norte americana 
 chama de M1, isto é, a quantia total de moeda e de depósitos mantidos por famílias e empresas. 
 (M1, meios de pagamento amplamente aceitos) 
 A moeda é muito líquida, mas paga pouco ou nenhum retorno. Todos os demais ativos são menos líquidos, mas 
 pagam um retorno mais alto. 
 1.5. COMO A OFERTA DE MOEDA É DETERMINADA? 
 A oferta de moeda de uma economia é controlada pelo seu Banco Central, que regula diretamente a quantia de 
 moeda que existe e também tem controle indireto sobre a quantia de depósitos emitidos por bancos privados. 
 → O Banco Central determina exógenamente a oferta de moda. E dada a demanda por moeda, isso vai 
 determinar uma certa taxa de juros. 
 Os procedimentos pelos quais o Banco Central controla a oferta de moeda são complexos e supomos por agora 
 que o BC simplesmente define o tamanho da oferta de moeda no nível que deseja. 
 𝑀 𝑆 = 𝑀𝑜𝑒𝑑𝑎 + 𝐷𝑒𝑝 ó 𝑠𝑖𝑡𝑜𝑠 à 𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 
 O BANCO CENTRAL CONTROLA A OFERTA MONETÁRIA : 
 ❖ Regulando diretamente o montante de moeda existente; 
 ❖ Controlando indiretamente o montante de depósitos à vista emitidos por bancos privados. 
 2. A DEMANDA POR DINHEIRO POR INDIVÍDUOS: 
 Os determinantes da demanda por dinheiro individual podem ser obtidos da teoria da demanda de ativos. 
 Os indivíduos baseiam sua demanda por ativos em três características: 
 (i) O retorno esperado que o ativo oferece em comparação com os retornos oferecidos por outros ativos. 
 (ii) O grau de risco do retorno esperado do ativo. 
 (iii) A liquidez do ativo . 
 2.1. Retorno Esperado: 
 ❖ A taxa de juros meda o custo da oportunidade de reter o dinheiro em vez de investi-lo em títulos que rendem 
 juros. 
 ❖ Um aumento na taxa de juros eleva o custo de reter moeda e faz com que a demanda por moeda caia. 
 2.2. Risco: 
 ❖ Reter moeda é arriscado. Um aumento inesperado nos preços dos bens e serviços pode reduzir o valor de sua 
 moeda em termos das mercadorias consumidas. 
 ❖ As mudanças no risco de reter moeda não precisam fazer com que os indivíduos reduzem sua demanda por 
 moeda. Qualquer mudança no risco da moeda gera uma mudança igual no risco dos títulos. 
 2.3. Liquidez: 
 ❖ A principal vantagem de reter moeda é sua liquidez, que é máxima. 
 ❖ Famílias e firmas retêm moeda porque é a maneira mais fácil de financiar suas compras cotidianas. 
 ❖ Um aumento no valor médio das transações de uma família ou firma faz com que sua demanda por moeda se 
 eleve. 
 3. DEMANDA AGREGADA POR MOEDA: Demanda total de todas as famílias e empresas da 
 economia por moeda. 
 A demanda agregada por moeda é simplesmente a soma de todas as demandas individuais por moeda da 
 economia. Três principais fatores determinam a demanda agregada por moeda real : 
 (i) A TAXA DE JUROS: Um aumento na taxa de juros faz com que cada indivíduo na economia reduza sua 
 demanda por dinheiro. Portanto, com todo o resto igual, a DEMANDA AGREGADA POR MOEDA CAI 
 quando a taxa de juros aumenta. 
 (ii) O NÍVEL DO PREÇO: Se o nível de preço aumenta, as famílias e empresas individuais DEVEM GASTAR 
 MAIS DINHEIRO do que antes para comprar sua cesta semanal usual de mercadorias e serviços. Portanto, para 
 manter o mesmo nível de liquidez de antes do aumento no nível do preço, eles precisarão ter mais dinheiro. 
 (iii) RENDA NACIONAL REAL: Quando a renda nacional real (PNB) aumenta, mais mercadorias e serviços 
 são vendidos na economia. Esse aumento no valor real das transações AUMENTA A DEMANDA POR 
 MOEDA dado o nível do preço. 
 A Demanda Agregada por Moeda pode ser expressa em: 
 𝑀 𝑑 = 𝑃 × 𝐿 ( 𝑅 , 𝑌 )
 P é o nível de preço 
 Y é a renda nacional real 
 R é a taxa de juros 
 L(R, Y) é a demanda agregada real por moeda → L(R, Y) cai quando R aumenta & aumenta quando Y aumenta. 
 A Demanda Agregada REAL por Moeda pode ser expressa em: 
 = 
 𝑀 𝑑 
 𝑃 𝐿 ( 𝑅 , 𝑌 )
 A demanda agregada por liquidez nãoé a demanda por certa quantidade de unidades da moeda, mas por certa 
 quantidade de poder real de compra em forma líquida. 
 4. TAXA DE JUROS DE EQUILÍBRIO : A INTERAÇÃO ENTRE A OFERTA E 
 A DEMANDA DE MOEDA: 
 O mercado financeiro está em equilíbrio quando a oferta de moeda definida pelo Banco Central é igual à demanda 
 agregada por moeda. Veremos como a taxa de juros é determinada pelo equilíbrio do mercado financeiro, dados 
 o nível de preço e a produção, que supomos temporariamente não serem afetados pelas mudanças monetárias. 
 4.1. EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO: 
 𝑀 𝑆 = 𝑀 𝑑 
 A condição de equilíbrio no mercado monetário pode ser expressa em termos de demanda agregada por moeda 
 real: 
 = 
 𝑀 𝑆 
 𝑃 𝐿 ( 𝑅 , 𝑌 )
 Dado o nível de preços P e o nível de produção Y, a taxa de juros de equilíbrio é aquela na qual a demanda 
 agregada real por moeda é igual à oferta real de moeda. 
 ❖ No ponto 1, a linha de demanda agregada real por moeda é igual à oferta real de moeda, à taxa de juros de 
 equilíbrio . 𝑅 
 1 
 ❖ A oferta real de moeda é vertical em , porque é definida pelo Banco Central e P é tomado como 
 𝑀 𝑆 
 𝑃 𝑀 
 𝑆 
 dado. Oferta de moeda independe da taxa de juros. 
 ❖ No ponto 2, existe um excesso de oferta de moeda. Dada a taxa de juros , os indivíduos tentarão reduzir 𝑅 
 2 
 sua liquidez utilizando parte do dinheiro para comprar ativos que pagam juros. 
 ❖ No nível , nem todos conseguirão reduzir seu nível de liquidez. A tendência é que os emprestadores 𝑅 
 2 
 ofereçam juros menores, exercendo uma pressão descendente na taxa de juros até . 𝑅 
 1 
 ❖ No ponto 3, existe um excesso de demanda por moeda. Dada a taxa de juros , os indivíduos tentarão 𝑅 
 3 
 aumentar sua liquidez vendendo títulos para aumentar sua detenção de dinheiro. 
 ❖ No nível , nem todos conseguirão vender seus títulos. A tendência é que juros maiores sejam oferecidos, 𝑅 
 3 
 exercendo uma pressão ascendente na taxa de juros até . 𝑅 
 1 
 ❖ EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO: 
 ➔ O mercado sempre se move em direção a uma taxa de juros na qual a oferta real de moeda é igual à 
 demanda agregada real por moeda. 
 ➔ Se existe inicialmente uma oferta de moeda excessiva, a taxa de juros cai. 
 ➔ Se existe inicialmente uma demanda de moeda excessiva, a taxa de juros aumenta. 
 4.2. O QUE ACONTECE COM A TAXA DE JUROS SE O BANCO CENTRAL AUMENTA A 
 OFERTA DE MOEDA? 
 ❖ Após sofrer um aumento pelo BC, existe um excesso de oferta real de moeda na taxa de juros de 𝑀 𝑆 
 equilíbrio . 𝑅 
 1 
 ❖ Os indivíduos tentarão reduzir seu nível de liquidez, comprando ativos que pagam juros. 
 ❖ A economia como um todo não pode reduzir sua posse de moeda, então as taxas de juros são pressionadas 
 para baixo até . 𝑅 
 2 
 4.3. O QUE ACONTECE COM A TAXA DE JUROS SE O PRODUTO REAL AUMENTA? 
 ❖ Um aumento na renda real desloca a curva de demanda agregada real por moeda para direita. 
 ❖ Na taxa de juros , existe um excesso de demanda por moeda. 𝑅 
 1 
 ❖ A taxa de juros é pressionada para cima até que se atinja o novo ponto de equilíbrio, . 𝑅 
 2 
 ❖ DADO O NÍVEL DE PREÇO E A OFERTA DE MOEDA: 
 ➔ Um aumento na renda real aumenta a taxa de juros. 
 ➔ Uma queda na renda real diminui a taxa de juros. 
 Agora que sabemos como as mudanças na oferta de moeda de um país afetam a taxa de juros em ativos não 
 monetários expressos em tal moeda, podemos ver como as mudanças monetárias afetam a taxa de câmbio. 
 Descobriremos que um aumento na oferta de moeda de um país faz com que ela sofra depreciação no 
 mercado cambial estrangeiro, enquanto uma redução na oferta de moeda faz com que ela seja 
 valorizada. 
 Análise de Curto Prazo Análise de Longo Prazo 
 Tomar o nível de preço como dado, 
 assim como a produção real. 
 Permite o ajuste completo do nível do preço (o que pode levar mais 
 tempo) e o emprego completo de todos os fatores de produção. 
 Mosta como a oferta de moeda influencia as expectativas da taxa de 
 juros, que também continuamos a tomar como dada. 
 5. RELAÇÃO ENTRE MOEDA, TAXA DE JUROS E TAXA DE CÂMBIO: 
 5.1. Oferta de Moeda e Taxa de Câmbio no Curto Prazo: 
 ❖ O mercado monetário brasileiro determina a taxa de juros do real, que por sua vez afeta a taxa de câmbio 
 que mantém a paridade de juros. 
 ❖ Ao mesmo tempo, o mercado monetário dos EUA determina a taxa de juros do dólar, que por sua vez afeta 
 a taxa de câmbio que mantém a paridade de juros. 
 ❖ A taxa de juros doméstica não depende da taxa de câmbio. 
 ❖ A curva da Paridade de Juros mostra que dada uma taxa de câmbio esperada futura, e dada uma taxa de 
 juros estrangeira, quanto menor a taxa de câmbio no mercado à vista, maior o retorno em moeda doméstica 
 da aplicação em moeda estrangeira.

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