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1contreinamentos.com.br
Considerações sobre a Lei 14.133/2021
https://contreinamentos.com.br/con-brasil/
2contreinamentos.com.br
Considerações sobre a Lei 14.133/2021
Sobre o
autor
O autor é advogado e engenheiro civil, com mais de 47 anos de 
experiência em atuação na administração pública, parte dos 
quais dedicados à processos de contratação, como Presidente 
de comissão de licitações e pregoeiro. Foi, também, coman-
dante do Departamento de Engenharia, Diretor-Geral de Tri-
bunal Eleitoral, Assessor Especial da Presidência de Tribunal 
de Justiça e Coordenador de Controle Interno.
É autor dos livros OBRAS PÚBLICAS – MANUAL DE PLANEJA-
MENTO, LICITAÇÃO E FISCALIZAÇÃO, SISTEMA DE REGISTRO 
DE PREÇOS – UMA FORMA INTELIGENTE DE CONTRATAR e 
CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, todos da Editora 
Fórum. É coautor dos livros LICITAÇÕES PÚBLICAS – HOME-
NAGEM AO JURISTA JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES, 
101 DICAS SOBRE O PREGÃO, LEI DAS EMPRESAS ESTATAIS e 
TODAS AS RESPOSTAS SOBRE A NOVA LEI DE LICITAÇÕES E 
CONTRATOS.
Paulo Sérgio 
de Monteiro Reis
https://contreinamentos.com.br/con-brasil/
3contreinamentos.com.br
Considerações sobre a Lei 14.133/2021
Ótimo, temos uma nova Lei de Licitações, vigente desde 1º 
de abril de 2021. Sem questionamentos em relação à vigência, mas, 
com muitas dúvidas em relação à eficácia, com soluções paliativas 
que mais atrapalham do que ajudam, dúvidas persistem desde a sua 
publicação. Ora, afirmava-se não ter eficácia por não ter sido implan-
tado o Portal Nacional de Contratações Públicas – PNCP; ora, dizia-
-se que, além disso, para sua plena aplicação a nova Lei dependia 
da edição dos regulamentos necessários; ora, afirmava-se que nada 
disso seria necessário e que a Lei já estaria vigente e eficaz. Agora, 
o PNCP está no ar, funcionando, ainda que se possa alegar que não 
esteja com a plenitude de sua projeção. Mas, e sempre existe um 
mas, há quem alegue que seus sistemas próprios não conseguem 
“conversar” com o PNCP, servindo isso para, mais uma vez, procurar 
um “jeitinho brasileiro” para descumprir uma expressa disposição 
legal. Esse beneplácito não se utiliza, no entanto, em benefício do 
complexo sistema gerenciado pelo Ministério da Saúde, que, ataca-
do por hackers, está demorando a ser plenamente restabelecido e, 
por isso mesmo, está sob forte ataque da sociedade. Exige-se que 
volte a funcionar IMEDIATAMENTE. Mas, não se exige que sistemas 
privados se adequem imediatamente à linguagem utilizada no PNCP, 
concedendo-se um elástico prazo para que tal fato venha a aconte-
cer. Enquanto isso, descumpra-se a Lei...
 A par de todo esse debate mais formal, vamos refletir: quan-
do tiver eficácia plena (agora, para alguns, ou em momento próximo, 
para outros), a Lei, por si só, resolverá todos os problemas na área 
de contratações públicas? Efetivamente, se as contratações eram 
ineficientes e com resultados pouco favoráveis, a culpa era exclusi-
vamente da Lei nº 8.666, de 1993, por ser muito antiga e totalmente 
ineficaz? A realidade parece ser outra e o tempo deve demonstrar ao 
lado de quem está a razão.
 Sim, é inegável que a Lei nº 8.666/1993 não mais atendia as 
necessidades da administração pública. Aliás, a utilização, quando 
possível, da Lei nº 12.462, de 2011, que instituiu o Regime Diferen-
ciado de Contratações Públicas – RDC, já mostrava essa realidade, 
pois possibilitava confrontar um regime mais novo e mais dinâmico 
https://contreinamentos.com.br/con-brasil/
4contreinamentos.com.br
Considerações sobre a Lei 14.133/2021
com outro, bem mais antigo e elaborado para outra realidade. Da 
mesma forma, era possível observar tal situação quando compara-
do o antigo regime com aquele disponibilizado, em 2016, para as 
estatais, através da Lei nº 13.303. Nem mesmo a adição do pregão, 
feita no início deste Século, inicialmente através de Medida Provisó-
ria e posteriormente através de sua conversão na Lei nº 10.520, de 
2002, serviu para modificar essa situação. Até porque, em nossa opi-
nião, o pregão acabou sendo muito mais amoldado ao antigo regime 
do que o tenha revolucionado, desvirtuando-se completamente sua 
ideia original. Afinal, pregão é apenas uma modalidade licitatória e 
os grandes problemas não estão no certame em si: passam, com 
muito mais ênfase, nas fases preparatória e de execução contratual.
 Aí está a grande questão: o que, de fato, a nova Lei trouxe 
de inovação em relação a essas duas importantes fases do proces-
so? Mais: as inovações são factíveis de serem aplicadas ou se consti-
tuirão, tão somente, em mais algumas disposições legais que ficam 
apenas na norma, sem concretude?
 Sem qualquer dúvida, a Lei nº 14.133, de 2021, inovou, tanto 
na fase preparatória como no momento da execução do contrato. 
Trouxe ao mundo jurídico inovações importantes, que muito podem 
contribuir para o sucesso do processo de contratação. Algumas de-
las como consagração de fatos já bem estudados pela doutrina e 
definidos por jurisprudência, especialmente dos órgãos de controle. 
Em outras situações, incorporando ao ordenamento jurídico brasi-
leiro posicionamentos mais avançados oriundos de países desenvol-
vidos.
 A ênfase ao planejamento é algo muito relevante e que preci-
sa ser destacado. O caput do art. 18 deixa isso bem claro. Inovação? 
Evidente que não. Planejar é algo que indica a possibilidade de ob-
tenção de bons resultados desde o princípio do mundo, desde que 
os seres humanos começaram a usar a inteligência que os distingue 
(ou deve distinguir) dos demais animais. A opção é clara: ou se pla-
neja ou se parte para uma loteria, deixando que a sorte decida o 
resultado a ser obtido. Ótimo, então. Mas, o fato do planejamento 
https://contreinamentos.com.br/con-brasil/
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
estar mencionado na nova Lei como uma característica fundamental 
do processo de contratação pode nos levar a assegurar que, de ora 
em diante, o processo na administração pública será planejado? In-
felizmente, não. Aliás, já sabíamos da importância do planejamento 
antes mesmo dele estar expresso na nova norma e nem por isso o 
utilizávamos da forma mais correta. Dirão os mais otimistas: mas, 
agora, estando expresso na Lei, a administração irá utilizá-lo, sem 
dúvida. Não chego a esse mesmo nível de otimismo. Acredito que o 
problema é muito mais cultural do que legal. A ausência de planeja-
mento vem ao encontro do famoso “jeitinho brasileiro”, da tese do 
“deixe a vida me levar”, sob a falsa alegação de que, “na hora h, tudo 
se resolve”. Resolve, sim, muitas vezes. Mas, a que custo?
 Agora, mesmo, desde a publicação da nova Lei, vimos assis-
tindo a uma enorme correria, quase que uma prova olímpica, no 
sentido de realizar contratações diretas, aproveitando os novos e 
mais elevados limites disponibilizados, aliás, já atualizados no final 
de ano passado. A preocupação tem sido apenas a de aproveitar 
os novos limites para realizar uma série de contratações sem a ne-
cessidade de um procedimento licitatório. Isso é bom? Sou levado 
a crer que não. Aliás, convencido estou de que, em muitos casos, 
o resultado será ruim, com desperdício do cada vez mais escasso e 
caro recurso público. Afinal, se há ditado infalível é este: a pressa é 
inimiga da perfeição. Quantas contratações têm sido feitas apressa-
damente, neste primeiro momento, para aproveitar os novos limites 
legais e que, em prazo curto, se revelarão danosas ao interesse pú-
blico, ora por serem absolutamente desnecessárias, ora por não ter 
sido selecionado a proposta mais vantajosa para a administração.
 A nova Lei consagra a tese da adoção do Plano Anual de Con-
tratações, como expressamente mencionado no art. 18. Pergunta-
-se: quem, realisticamente, já está usando esse plano, que não foi 
propriamente uma novidade da Lei? Acredito que poucos. Seria isso 
tão difícil?
 Recordemos que a administração pública, através do poder 
executivo, é obrigada a encaminhar para apreciação e, finalmente,https://contreinamentos.com.br/con-brasil/
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
aprovação do poder legislativo o seu orçamento anual. A Lei Orça-
mentária Anual – LOA deve ser, sempre, uma peça fundamental do 
planejamento. Aliás, a sequência lógica de sua elaboração deveria 
ser: primeiro, planeja-se o que se pretende realizar no ano seguinte; 
em segundo lugar, elabora-se a estimativa orçamentária para reali-
zação daquilo que foi planejado; em seguida, remete-se essa pers-
pectiva para apreciação do legislativo, promulgando-se a Lei após 
sua aprovação. Pois bem, quem efetivamente PLANEJA como funda-
mento para composição da sua estimativa orçamentária anual? Não 
corro o risco de grande erro se afirmar que ninguém o faz. Elabora-se 
o orçamento simplesmente com base em um incremento percentual 
em relação ao orçamento do ano anterior, talvez com uma ou outra 
exceção, como no caso das obras de maior vulto, que precisam ser 
planejadas até para constarem do Plano Plurianual, como determina 
a Constituição Federal. A regra tem sido: pega-se o orçamento do 
ano vigente, incrementa-se com um percentual razoável e teremos 
pronta a proposta orçamentária do ano seguinte.
 Se, nesse momento, alguém indagar da administração o que 
ela fará efetivamente com aquele orçamento, a resposta objetiva se-
ria: depois nós vemos isso. “Deixa a vida me levar”...
 Gostaria que aqueles que já estão usando a nova Lei para 
as contratações diretas me respondessem com sinceridade: estão 
fazendo contratações PLANEJADAS ou estão simplesmente aprovei-
tando os novos limites mais largos para utilizarem as disponibilida-
des orçamentárias? Ouso crer que esta última hipótese foi muito 
utilizada, especialmente no final de 2021, para evitar as sobras orça-
mentárias.
 Planejamento segue rigorosamente a Lei de Murphy: se pla-
nejarmos bem, os processos têm tudo para dar certo; mas, se pla-
nejarmos mal ou sequer planejarmos, tudo dará errado. E aí, nova-
mente, vamos colocar a culpa na Lei, que é sempre mais fácil do que 
reconhecer nossos próprios erros. Quando a nova Lei dispõe que a 
fase preparatória é caracterizada pelo planejamento, não o faz à toa. 
O faz levando em consideração que o Brasil precisa tirar da Consti-
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
tuição e colocar em prática o princípio da eficiência.
 Mas, vejam como é disse: já ouvi quem dissesse que o plane-
jamento só é necessário quando a administração vai realizar uma 
licitação, sendo, assim, despiciendo em processos de contratação 
direta. E o fazem com base na redação do caput do art. 18, que dis-
põe expressamente: “A fase preparatória do processo licitatório é 
caracterizada pelo planejamento ...”. Quando interessa, usa-se a in-
terpretação literal; quando não interessa, ela é considerada a pior 
forma de interpretação. Planejar a contratação direta talvez seja ain-
da mais importante, na medida em que aí está o maior volume de 
recursos empregados pela administração pública
 Aliás, esse é mais um aspecto que precisa ser detidamente 
analisado. Ao tratar das contratações diretas, a nova Lei traz duas 
hipóteses fundamentais: a licitação DISPENSÁVEL e a licitação INEXI-
GÍVEL. Situações absolutamente distintas, na medida em que, no pri-
meiro caso, a não realização de um certame licitatório formal é uma 
discricionariedade concedida à administração. O pressuposto, nas 
hipóteses previstas no art. 75, é a de que o melhor resultado será 
alcançado com a não realização da licitação. Mas, em determinada 
situação, esse pressuposto pode não se revelar verdadeiro, o que 
tornará obrigatória a realização do certame. Um bom exemplo disso 
é o caso do fracionamento da despesa, situação em que, apesar do 
baixo valor estimado, a administração estará obrigada a licitar.
 Já no caso da inexigibilidade, não há falar em possibilidade 
de realização de uma licitação. Esta se tornará inexigível pela impos-
sibilidade fática de colocar propostas em confronto, de estabelecer 
uma efetiva disputa. Vale lembrar que os 5 incisos do art. 74 repre-
sentam, tão somente, situações exemplificativas de inviabilidade de 
competição e, consequentemente, de inexigibilidade de licitação. 
Qualquer outra situação real deve ser enquadrada nas disposições 
da cabeça do artigo, que contém a regra genérica. Curiosamente, já 
ouvi de alguém, em um dos cursos que tenho ministrado pelo país, 
que trabalhava em um órgão tão sério que realizavam licitação mes-
mo quando ela era inexigível. Fui obrigado a dizer ao interlocutor 
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
que, mais do que sérios, eles eram mágicos: conseguiam fazer licita-
ção mesmo quando ela era impossível de ser realizada ...
 Pois bem, se estamos diante de uma situação de contratação 
direta, podemos afastar a incidências dos princípios, vários dos quais 
expressamente mencionados no art. 5º da nova norma? Recorde-
mos a lição de Carlos Ari Sundfeld: “contrariar princípio é colocar em 
risco todo o ordenamento jurídico”. Afinal, como afirmou o citado 
Mestre, o princípio determina o sentido e o alcance da norma. Sem 
considerá-lo, portanto, estaremos em um barco em mar aberto, com 
uma enorme variedade de possibilidades de caminhos, situação em 
que acertar o melhor será algo tão difícil quanto ser contemplado 
como único vencedor de um prêmio especial da Mega-Sena. Acre-
ditar nisso é o mesmo que acreditar que Pedro Álvares Cabral saiu 
de Portugal com destino às Índias e veio para no Brasil, por absoluto 
acaso, por obra do Divino Espírito Santo.
 Nessa situação, não podemos esquecer que um dos princí-
pios explicitados na novel Lei é o do interesse público. E, quando 
trata da contratação direta por licitação dispensável, o art. 75, § 3º, é 
bem explícito:
§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput 
deste artigo serão preferencialmente precedidas de divulga-
ção de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 
3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e 
com a manifestação de interesse da Administração em obter 
propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser 
selecionada a proposta mais vantajosa. 
 Perceberam o comando legal? Ao contrário do que muitos 
pregam, a nova Lei dispõe, e o faz expressamente, sobre a necessi-
dade da administração obter PROPOSTAS ADICIONAIS DE EVENTU-
AIS INTERESSADOS. O recado é claro: não basta obter uma propos-
ta, considerá-la boa e partir para a contratação. Não! É necessária a 
obtenção de PROPOSTAS, no plural. Afinal, em sendo uma contra-
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
tação direta, pode-se criticar a Lei que menciona a necessidade de 
obtenção de propostas (no plural, repetimos)? Entendemos que não. 
Afinal, em seguida a norma legal determina, como um dever para a 
Administração, a seleção daquela que lhe for MAIS VANTAJOSA. Mais 
uma vez, o recado é claro: só podemos afirmar que uma determina-
da proposta é a MAIS VANTAJOSA, se existirem outras, consideradas 
MENOS VANTAJOSAS. Isso implica na necessidade de comparação 
entre ofertas. E, para que a comparação seja feita, é indispensável 
que sejam obtidas propostas (no plural), e não uma única oferta.
 Mas, dirão os mais apressados, isso não vai desvirtuar o pro-
cesso de CONTRATAÇÃO DIRETA? Isso não transformará a licitação 
dispensável em uma licitação formal? A resposta é negativa. Exige a 
Lei a comparação de propostas, para possibilitar a seleção da mais 
vantajosa. E o faz corretamente, na medida em que essa é a me-
lhor forma de atendimento ao princípio da supremacia do interesse 
público. Agir de forma diversa seria contrariar um princípio muito 
importante, o que nos remeteria à já citada lição de Carlos Ari Sund-
feld. A diferença fundamental entre os dois processos, da licitação e 
da contratação direta,é que, para este último, não exige a Lei a obe-
diência ao RITO DA LICITAÇÃO. Os prazos são mais reduzidos, não 
necessitamos de um edital (mas, precisamos, sim, de um termo de 
referência), não existem as sessões formais etc. No entanto, o princí-
pio da seleção da proposta mais vantajosa não pode ser deixado de 
lado, em nenhuma hipótese.
 Além disso, a nova Lei exige, em seu art. 72, condições bási-
cas para o processo de contratação direta, a serem atendidas con-
forme o caso. Não basta, portanto, olhar um novo limite, mais elásti-
co, fechar os olhos e partir por esse caminho, pois as consequências 
podem ser danosas. E, infelizmente, muitos parecem estar enten-
dendo assim. Por isso, estamos vendo um quantitativo enorme de 
processos de contratação direta com fundamento na nova Lei. Inda-
go: estariam esses processos cumprindo rigorosamente os ditames 
legais? Ou, simplesmente, estão aproveitando os novos limites de 
licitação dispensável?
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
 Afinal, uma análise um pouco mais cuidadosa das disposições 
legais nos leva ao art. 72, que impõe, em um processo de contrata-
ção direta, um documento de formalização de demanda, estudo téc-
nico preliminar, análise de risco, termo de referência ou projeto bá-
sico, conforme o caso. Todos esses passos estão sendo cumpridos? 
Sem uma comprovação fática, somos levados à dúvida. E, se não 
estiverem, estamos conseguindo selecionar a proposta mais vanta-
josa para a administração? Aqui a resposta é fatalmente negativa. Os 
órgãos de controle poderão responder com mais precisão.
 Em relação à fase licitatória, temos pensado bastante, mas, 
não conseguimos alcançar o objetivo pretendido pela nova Lei ao 
estabelecer a existência de duas modalidades licitatórias, o pregão e 
a concorrência, a serem aplicadas em situações distintas, mas, que 
apresentam rigorosamente o mesmo rito. Ótimo: o pregão só pode 
ser aplicado para contratação de bens e serviços comuns, nestes in-
cluídos os de engenharia, quando o critério de julgamento for o de 
menor preço ou do maior desconto. Assim, se estamos diante de um 
bem ou serviço especial ou de uma obra, ou, alternativamente, se 
pretendermos utilizar como critério de julgamento a melhor técnica, 
a técnica e preço, ou o maior retorno econômico, seremos obrigados 
a utilizar a concorrência. Perfeita a segregação dos objetos e dos 
critérios de julgamento. Mas, para que serve tudo isso se o rito do 
procedimento será rigorosamente o mesmo, quer se use o pregão, 
quer se use a concorrência? Aliás, quero ver como se comportarão 
os órgãos de controle quando estiverem diante de uma situação em 
que, inadvertidamente, a Administração tiver utilizado, por exemplo, 
o pregão como modalidade licitatória para contratação de uma obra, 
com critério de julgamento menor preço. Terão a coragem de deter-
minar a anulação do processo por expressa ilegalidade, consideran-
do que a Lei expressamente veda essa modalidade para contratação 
de obras? A rigor, a resposta deveria ser positiva, na medida em que 
se trata de ilegalidade fática. Mas, anular significará a necessidade 
da realização de um novo procedimento, desta vez adotando a mo-
dalidade indicada legalmente, a concorrência. Só que, nesse caso, 
teríamos, rigorosamente, uma simples repetição do procedimento 
licitatório anteriormente realizado e anulado, pois o rito da concor-
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
rência é igual ao do pregão. E, agora? Corremos para onde, devem 
perguntar os dignos representantes dos órgãos de controle. “Se cor-
rer o bicho pega, se ficar o bicho come...”
 Essa dualidade de modalidades não encontra a menor jus-
tificativa. Claramente, os legisladores procuraram se basear, para 
elaboração do texto da nova Lei, nas disposições da legislação do 
RDC, que também serviu de base para a elaboração da Lei das Esta-
tais, a Lei nº 13.303/2016. Pois bem, uma das novidades do RDC, boa 
novidade, foi exatamente acabar com as modalidades licitatórias, 
permanecendo uma única, que pode ser realizada de vários modos. 
Veio a nova Lei e... manteve as duas modalidades. Saudável, sem 
qualquer dúvida, a extinção do convite e da tomada de preços. Seria 
um absurdo mantê-las. Mas, manter pregão e concorrência como 
modalidades distintas, para utilização em situações distintas, é ape-
nas a consagração da regra infelizmente famosa no Brasil: se eu pos-
so complicar, para que devo simplificar?
 Quando falamos de licitações para contratação de obras de 
engenharia, vemos claramente a falta de sistematização da Lei, es-
pecialmente na fase final de sua tramitação legislativa. Em determi-
nado momento dessa tramitação, o Projeto de Lei fazia distinção 
entre obra comum e obra especial, assim como fazia distinção en-
tre serviço comum de engenharia e serviço especial de engenharia. 
Mas, na reta final, resolveu-se acabar com a primeira distinção: fica-
riam apenas as obras de engenharia, sem qualquer tipo de distin-
ção. Esqueceram-se, no entanto, de ajustar o texto, que se tornou 
contraditório. Exemplifiquemos: o art. 55 traz os prazos mínimos a 
serem obedecidos entre a divulgação do edital de licitação e a apre-
sentação das propostas. Assim dispõe:
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas 
e lances, contados a partir da data de divulgação do edital de 
licitação, são de:
I - para aquisição de bens:
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamen-
to de menor preço ou de maior desconto;
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela 
alínea “a” deste inciso;
II - no caso de serviços e obras:
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julga-
mento de menor preço ou de maior desconto, no caso de ser-
viços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de 
julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de 
serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenha-
ria;
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de 
contratação integrada;
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução 
for o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não 
abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso;
III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
maior lance, 15 (quinze) dias úteis;
IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 
(trinta e cinco) dias úteis.
 Observem a alínea “b” do inciso II: ali fala-se em “obras e ser-
viços especiais de engenharia”, estabelecendo-se o prazo mínimo 
de divulgação em 25 dias úteis. Mas, o inciso anterior, dispõe sobre 
“obras e serviços comuns de engenharia”, estabelecendo um prazo 
mínimo de 10 dias úteis. Ora, na Lei não existem obras comuns e 
nem obras especiais; existem, apenas, obras de engenharia. Então, 
no caso de licitação de obras, qual o prazo mínimo de divulgação do 
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
edital a ser adotado: pode-se adotar o prazo de 10 dias úteis, consi-
derando que o outro prazo, maior, seria para obras especiais, que 
acabam por não existir? Ou, deveríamos obrigatoriamente adotar o 
prazo maior, mesmo que se trate de uma obra de menor porte? Que 
a administração pública resolva, sujeitando-se a questionamentos 
dos órgãos de controle. Querem uma sugestão: analisem cada caso 
concretamente e estabeleçam um prazo mínimo compatível com a 
realidade da obra que se estará licitando, nunca inferior, claro, a 10 
dias úteis. E, justifique-se, formalmente, nos autos do processo, a 
decisão que se tomou.
 Ainda na fase licitatória, temos uma outra questão queestá 
fomentando debates, com algumas interpretações a meu ver abso-
lutamente equivocadas. Claramente, a Lei nº 14.133/2021 procurou 
seguir os ditames da Lei nº 12.462/2011, que instituiu o RDC, na 
questão referente à apresentação dos documentos de habilitação e 
à fase recursal.
Da Lei do RDC, destacamos:
Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realizadas em con-
formidade com esta Lei, aplicar-se-á, no que couber, o disposto 
nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ob-
servado o seguinte: 
(...)
II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação 
apenas pelo licitante vencedor, exceto no caso de inversão de 
fases; 
(...)
 Redação muito clara: apenas o licitante vencedor será obriga-
do a APRESENTAR perante a administração que está promovendo o 
certame os seus documentos de habilitação, conforme relação cons-
tante obrigatoriamente do edital. Não se exige, portanto, a apresen-
tação desses documentos juntamente com a proposta, como se faz 
na Lei nº 8.666/1993 e no pregão atual. A única exceção, expressa 
na própria legislação, está no caso de inversão de fases, quando, ex-
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
cepcionalmente, a administração resolver fazer a fase de habilitação 
como antecedente da fase de propostas.
A redação da Lei nº 14.133/2021 veio no mesmo sentido:
Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão observadas 
as seguintes disposições:
(...)
II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação 
apenas pelo licitante vencedor, exceto quando a fase de habili-
tação anteceder a de julgamento;
 A regra é a mesma e absolutamente lógica: não há motivação 
razoável para exigirmos que todos os licitantes apresentem seus do-
cumentos de habilitação junto com a proposta, se vamos examinar 
única e exclusivamente os documentos daquele que for o vencedor 
na disputa entre propostas.
 Significa dizer que o procedimento a ser seguido é o seguinte: 
encerrada a fase de propostas, inclusive com a negociação, temos 
um licitante vencedor. Aí, exigiremos dele e exclusivamente dele que 
apresente os documentos para habilitação, fazendo-o no prazo es-
tabelecido no edital. Apresentados os documentos no prazo fixado, 
serão os mesmos analisados, procedendo-se à proclamação do re-
sultado do julgamento da habilitação.
 Vemos, assim, que temos 2 momentos de proclamação de 
resultado: o primeiro, é o resultado do julgamento das propostas; o 
segundo, o resultado do julgamento da habilitação, que ocorre em 
momento posterior.
 Proclamado um resultado, os interessados poderão interpor 
recurso, fazendo-o imediatamente, dispõe a Lei em seu art. 165, do 
qual extraímos:
Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação 
desta Lei cabem:
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de 
intimação ou de lavratura da ata, em face de:
(...)
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
(...)
§ 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto 
nas alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste artigo, serão ob-
servadas as seguintes disposições:
I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamen-
te, sob pena de preclusão, e o prazo para apresentação das 
razões recursais previsto no inciso I do caput deste artigo será 
iniciado na data de intimação ou de lavratura da ata de habili-
tação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da inversão de 
fases prevista no § 1º do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento;
II - a apreciação dar-se-á em fase única.
(...)
§ 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mes-
mo do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de 
divulgação da interposição do recurso.
 Assim, proclamado o resultado do julgamento das propostas, 
os interessados poderão interpor recurso, desde que se manifestem 
IMEDIATAMENTE, isto é, na sessão pública, sob pena de preclusão. 
Aqueles que se manifestarem nesse sentido, terão o prazo de 3 dias 
úteis para apresentarem o recurso formal, concedendo-se o mesmo 
prazo para apresentação das contrarrazões. Esse recurso, no entan-
to, não será apreciado nesse momento, pois o inciso II do § 1º do 
art. 165 dispõe que os recursos serão apreciados em fase única. Sig-
nifica dizer que o recurso contra o julgamento das propostas ficará 
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retido nos autos, prosseguindo-se o certame com a apresentação, 
pelo licitante vencedor, dos documentos exigidos para habilitação. 
Estes serão analisados, proclamando-se o resultado do julgamento, 
abrindo-se, novamente, oportunidade para interposição de recurso, 
com manifestação imediata e prazo de 3 dias úteis, inclusive contrar-
razões.
 Aí, então, juntam-se os recursos interpostos, tanto na fase de 
propostas (que estavam retidos) como na fase de habilitação, sendo 
os mesmos apreciados em fase única, proclamando-se o resultado 
do julgamento.
 Uma grande novidade na fase licitatória, que está sendo in-
terpretada de forma equivocada por alguns doutrinadores que des-
conhecem o procedimento já adotado no RDC. Alguns se baseiam 
nas disposições do art. 64 para interpretarem diferentemente:
Art. 64. Após a entrega dos documentos para habilitação, não 
será permitida a substituição ou a apresentação de novos do-
cumentos, salvo em sede de diligência, para:
I - complementação de informações acerca dos documentos 
já apresentados pelos licitantes e desde que necessária para 
apurar fatos existentes à época da abertura do certame;
II - atualização de documentos cuja validade tenha expirado 
após a data de recebimento das propostas.
 Alegam que o inciso II dispõe que a diligência pode ser utili-
zada para atualização de documentos cuja validade tenha expirado 
após a data de recebimento das propostas, o que indicaria que esses 
documentos teriam sido entregues juntamente com as propostas. 
Cuidado com a interpretação: a data de validade dos documentos 
é a mesma da apresentação da proposta. Ou seja, não é a data de 
efetiva entrega dos documentos. O licitante deve demonstrar que 
estava em condições de participar do certame na data estabelecida. 
Não significa que os documentos serão entregues junto com a pro-
posta; significa que os documentos devem ter validade na data de 
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entrega das propostas. Exemplifiquemos:
1) Data de entrega das propostas: 11 de maio de 2022
2) Data de entrega dos documentos de habilitação, exclusivamen-
te pelo licitante vencedor: quando solicitado, no prazo estabe-
lecido no edital. Vamos supor, apenas para exercitamos, que 
os documentos de habilitação serão entregues em 17 de maio.
Embora entregues em 17 de maio, os documentos devem 
apresentar validade na data de início da licitação, ou seja, 11 de 
maio, sob pena de inabilitação. Aí, se algum documento tinha vali-
dade até 13 de maio, deve-se converter o julgamento em diligência, 
para que o licitante apresente novo documento válido.
Na fase de execução contratual, tivemos avanços dignos de 
destaque. A manutenção dos contratos por escopo mesmo após 
ultrapassado o período de vigência, é algo que se impunha. O se-
guro com cláusula de retomada em obras públicas, igualmente. A 
obrigatoriedade do reajustamento mesmo em contratos com prazo 
de duração inferior a 12 meses, idem. A determinação do marco ini-
cial para a contagem da anualidade, também. Enfim, várias foram as 
“novidades”, muitas das quais já pregadas abertamente pela doutri-
na, mas, agora, expressamente dispostas na norma, com força de 
Lei, portanto. Detalhemos alguma coisa.
 Os contratos por escopo sempre constituíram uma dor de 
cabeça para a administração. Enquanto na vida privada a tese queprevalecia era no sentido de que esses contratos só estariam encer-
rados com a execução completa do seu objeto, na administração 
pública, pela vedação expressa aos contratos com prazo indetermi-
nado (salvo raras exceções), a tese era de que, esgotado o prazo 
de vigência, os mesmos estariam encerrados, sem possibilidade de 
continuidade da execução. Tal fato acabava por criar problemas no 
âmbito público, de vez que, em havendo qualquer tipo de descuido 
que permitisse o atingimento do prazo de duração sem a conclu-
são do objeto, teríamos a indesejável situação de encerramento da 
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avença, que obrigaria a administração contratante a providenciar, 
por qualquer outro meio legal, a execução do remanescente.
 Agora, a Lei nº 14.133/2021 trouxe, expressamente, a solução 
para a situação. Assim dispõe o art. 111:
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo pre-
definido, o prazo de vigência será automaticamente prorroga-
do quando seu objeto não for concluído no período firmado 
no contrato.
 Óbvio que isso, de um lado, não tira a obrigação da adminis-
tração, através da gestão dos seus contratos, fazer o possível para 
que tal situação não venha a ocorrer. É excepcional e como tal deve 
ser encarada. De outra banda, a prorrogação automática do prazo 
de vigência não implica em, de forma igualmente automática, pror-
rogação do prazo de execução. Ou seja, se o esgotamento da vigên-
cia foi por culpa do contratado, ele continuará sujeito à aplicação 
de sanções, como, aliás, prevê o parágrafo único do citado art. 111, 
que traz, ainda, a possibilidade da administração contratante adotar 
outra providência:
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do 
contratado:
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as 
respectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, 
nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para a conti-
nuidade da execução contratual.
 Outra situação digna de relevo está presente nas garantias 
que podem ser exigidas na fase de execução contratual, conforme 
disposições do Capítulo II, do Título III, da nova Lei. Em princípio, 
tudo parece caminhar no mesmo sentido das disposições da Lei nº 
8.666/1993, com um percentual máximo de 5% e a possibilidade de 
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
escolha, pelo contratado, da modalidade da garantia. Algumas inte-
ressantes diferenças, no entanto, podem ser encontradas na nova 
norma.
 A uma, a possibilidade de majoração do percentual máximo 
de 5% para até 10% não fica mais adstrita às contratações de grande 
vulto, podendo ser aplicada, consoante disposição do art. 98, para 
contratações de qualquer valor, mediante uma análise da complexi-
dade técnica e dos riscos envolvidos naquela avença.
 A duas, em se tratando de contrato de longo prazo, envolven-
do serviços ou fornecimentos contínuos, o percentual da garantia 
incidirá, sempre, sobre o valor anual do ajuste, ainda que o prazo de 
contrato seja superior a um ano.
 A três, no caso de obras e serviços de engenharia de gran-
de vulto, a administração poderá estabelecer a exigência de que a 
garantia seja prestada através da modalidade seguro-garantia, com 
cláusula de retomada, retirando, assim, do contratado o direito de 
escolher a modalidade que prefere. Mais: nesse caso, o percentual 
da garantia poderá atingir até 30% do valor inicial do contrato. Vale 
lembrar que obras e serviços de engenharia de grande vulto são 
aqueles nos quais o valor inicial do contrato supera R$-200 milhões.
 Mas, não é só nos contratos de obras e serviços de engenha-
ria de grande vulto que a administração poderá exigir a modalidade 
seguro-garantia. Como vemos nas disposições do art. 102, indepen-
dentemente do valor, em sendo o objeto uma obra ou um serviço de 
engenharia, a administração poderá estabelecer a obrigatoriedade 
da utilização do seguro-garantia, com cláusula de retomada. Isso sig-
nifica que, a seguradora passa a ter obrigações mais amplas nesses 
contratos, que envolvem:
1 – firmar o contrato, inclusive seus aditivos, como intervenien-
te anuente;
II – na hipótese de extinção do contrato, a seguradora terá o di-
reito de optar entre executar diretamente o remanescente ou 
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
subcontratar essa execução, ficando diretamente responsável 
perante a administração pela conclusão do objeto. No primei-
ro caso, o empenho referente ao remanescente será emitido 
em nome da própria seguradora; no segundo caso, em nome 
do seu subcontratado.
 Em qualquer hipótese, o mais importante é que a administra-
ção terá o objeto do contrato concluído. Ou, alternativamente, rece-
berá a integralidade da importância segurada indicada na apólice, o 
que lhe dará oportunidade de contratar a execução do remanescen-
te. Esperamos que, com isso, deixem de existir ou se restrinjam a 
números desprezíveis as obras públicas inconclusas em nosso país.
 O terceiro ponto que destacamos é o apoio que a equipe de 
fiscalização terá, por parte do órgão de assessoramento jurídico e do 
controle interno. Tal condição, expressa no art. 117, § 3º, deve servir 
para incutir, na administração pública, a ideia de que o resultado do 
contrato não é uma tarefa cometida exclusivamente aos encarrega-
dos da fiscalização da execução. Não? É uma tarefa que interessa a 
todos, na medida em que o seu objeto é importante para o órgão, e 
não apenas para alguns de seus componentes. Aliás, é importante, 
fundamentalmente, para atender o interesse público primário, que 
é quem paga a conta e pode/deve exigir boas execuções.
 Para concluir, voltemos à análise genérica da nova Lei. Ela é 
boa? Inegável que traz avanços consideráveis, quando comparada 
com a Lei nº 8.666, de 1993. Afinal, são quase 30 anos de diferença 
entre as datas de promulgação, período em que o mundo, o Brasil 
e os processos de contratação da administração pública sofreram 
muitas mudanças, a maioria delas em sentido positivo.
Mas, inegável, também, que poderia ser bem melhor. Afinal, 
esperamos quase 30 anos por um novo estatuto, tempo suficiente 
para que o assunto fosse bem analisado e bem disposto na nova 
norma. Dificuldades na aplicação da nova Lei virão, em número ele-
vado. Inteligente, aliás, foi o período de 2 anos para sua vigência 
obrigatória, exatamente para que a Administração Pública possa se 
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Considerações sobre a Lei 14.133/2021
preparar adequadamente para bem aplicá-la. Essa preparação não 
virá, por certo, simplesmente assistindo lives, algumas das quais 
muito boas no sentido de esclarecer dúvidas e alertar para deter-
minados pontos. Outras, nem tanto. Muito menos, virá com cursi-
nhos de R$ 1,99, hoje disponibilizados em número aberrantemente 
excessivo. É preciso que os servidores públicos sejam devidamente 
preparados, qualificados, para a utilização da nova Lei. Sob pena de, 
em curto prazo, estarmos lamentando sua vigência, sentido falta da 
8.666 e pleiteando uma nova norma.
É uma oportunidade única para a administração fazer boas 
contratações. Vimos, pela experiência, que substituir uma Lei é uma 
tarefa complicada, que não pode ser imaginada para execução em 
curto prazo. A perspectiva, assim, é que a Lei nº 14.133, de 2021, per-
maneça vigente por muito tempo. Então, vamos utilizá-la da melhor 
forma, aproveitando as oportunidades, algumas excelentes, que ela 
trouxe para a administração. Não esperemos, no entanto, que a boa 
utilização caia do céu. Em lugar de correr atrás, vamos correr à fren-
te, qualificando os servidores em treinamentos que efetivamente se-
jam de bom nível. Entendamos, enfim: a lei será boa na medida em 
que sua aplicação trouxer resultadospositivos para a administração 
pública.
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