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1contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 2contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 Sobre o autor O autor é advogado e engenheiro civil, com mais de 47 anos de experiência em atuação na administração pública, parte dos quais dedicados à processos de contratação, como Presidente de comissão de licitações e pregoeiro. Foi, também, coman- dante do Departamento de Engenharia, Diretor-Geral de Tri- bunal Eleitoral, Assessor Especial da Presidência de Tribunal de Justiça e Coordenador de Controle Interno. É autor dos livros OBRAS PÚBLICAS – MANUAL DE PLANEJA- MENTO, LICITAÇÃO E FISCALIZAÇÃO, SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS – UMA FORMA INTELIGENTE DE CONTRATAR e CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, todos da Editora Fórum. É coautor dos livros LICITAÇÕES PÚBLICAS – HOME- NAGEM AO JURISTA JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES, 101 DICAS SOBRE O PREGÃO, LEI DAS EMPRESAS ESTATAIS e TODAS AS RESPOSTAS SOBRE A NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS. Paulo Sérgio de Monteiro Reis https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 3contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 Ótimo, temos uma nova Lei de Licitações, vigente desde 1º de abril de 2021. Sem questionamentos em relação à vigência, mas, com muitas dúvidas em relação à eficácia, com soluções paliativas que mais atrapalham do que ajudam, dúvidas persistem desde a sua publicação. Ora, afirmava-se não ter eficácia por não ter sido implan- tado o Portal Nacional de Contratações Públicas – PNCP; ora, dizia- -se que, além disso, para sua plena aplicação a nova Lei dependia da edição dos regulamentos necessários; ora, afirmava-se que nada disso seria necessário e que a Lei já estaria vigente e eficaz. Agora, o PNCP está no ar, funcionando, ainda que se possa alegar que não esteja com a plenitude de sua projeção. Mas, e sempre existe um mas, há quem alegue que seus sistemas próprios não conseguem “conversar” com o PNCP, servindo isso para, mais uma vez, procurar um “jeitinho brasileiro” para descumprir uma expressa disposição legal. Esse beneplácito não se utiliza, no entanto, em benefício do complexo sistema gerenciado pelo Ministério da Saúde, que, ataca- do por hackers, está demorando a ser plenamente restabelecido e, por isso mesmo, está sob forte ataque da sociedade. Exige-se que volte a funcionar IMEDIATAMENTE. Mas, não se exige que sistemas privados se adequem imediatamente à linguagem utilizada no PNCP, concedendo-se um elástico prazo para que tal fato venha a aconte- cer. Enquanto isso, descumpra-se a Lei... A par de todo esse debate mais formal, vamos refletir: quan- do tiver eficácia plena (agora, para alguns, ou em momento próximo, para outros), a Lei, por si só, resolverá todos os problemas na área de contratações públicas? Efetivamente, se as contratações eram ineficientes e com resultados pouco favoráveis, a culpa era exclusi- vamente da Lei nº 8.666, de 1993, por ser muito antiga e totalmente ineficaz? A realidade parece ser outra e o tempo deve demonstrar ao lado de quem está a razão. Sim, é inegável que a Lei nº 8.666/1993 não mais atendia as necessidades da administração pública. Aliás, a utilização, quando possível, da Lei nº 12.462, de 2011, que instituiu o Regime Diferen- ciado de Contratações Públicas – RDC, já mostrava essa realidade, pois possibilitava confrontar um regime mais novo e mais dinâmico https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 4contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 com outro, bem mais antigo e elaborado para outra realidade. Da mesma forma, era possível observar tal situação quando compara- do o antigo regime com aquele disponibilizado, em 2016, para as estatais, através da Lei nº 13.303. Nem mesmo a adição do pregão, feita no início deste Século, inicialmente através de Medida Provisó- ria e posteriormente através de sua conversão na Lei nº 10.520, de 2002, serviu para modificar essa situação. Até porque, em nossa opi- nião, o pregão acabou sendo muito mais amoldado ao antigo regime do que o tenha revolucionado, desvirtuando-se completamente sua ideia original. Afinal, pregão é apenas uma modalidade licitatória e os grandes problemas não estão no certame em si: passam, com muito mais ênfase, nas fases preparatória e de execução contratual. Aí está a grande questão: o que, de fato, a nova Lei trouxe de inovação em relação a essas duas importantes fases do proces- so? Mais: as inovações são factíveis de serem aplicadas ou se consti- tuirão, tão somente, em mais algumas disposições legais que ficam apenas na norma, sem concretude? Sem qualquer dúvida, a Lei nº 14.133, de 2021, inovou, tanto na fase preparatória como no momento da execução do contrato. Trouxe ao mundo jurídico inovações importantes, que muito podem contribuir para o sucesso do processo de contratação. Algumas de- las como consagração de fatos já bem estudados pela doutrina e definidos por jurisprudência, especialmente dos órgãos de controle. Em outras situações, incorporando ao ordenamento jurídico brasi- leiro posicionamentos mais avançados oriundos de países desenvol- vidos. A ênfase ao planejamento é algo muito relevante e que preci- sa ser destacado. O caput do art. 18 deixa isso bem claro. Inovação? Evidente que não. Planejar é algo que indica a possibilidade de ob- tenção de bons resultados desde o princípio do mundo, desde que os seres humanos começaram a usar a inteligência que os distingue (ou deve distinguir) dos demais animais. A opção é clara: ou se pla- neja ou se parte para uma loteria, deixando que a sorte decida o resultado a ser obtido. Ótimo, então. Mas, o fato do planejamento https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 5contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 estar mencionado na nova Lei como uma característica fundamental do processo de contratação pode nos levar a assegurar que, de ora em diante, o processo na administração pública será planejado? In- felizmente, não. Aliás, já sabíamos da importância do planejamento antes mesmo dele estar expresso na nova norma e nem por isso o utilizávamos da forma mais correta. Dirão os mais otimistas: mas, agora, estando expresso na Lei, a administração irá utilizá-lo, sem dúvida. Não chego a esse mesmo nível de otimismo. Acredito que o problema é muito mais cultural do que legal. A ausência de planeja- mento vem ao encontro do famoso “jeitinho brasileiro”, da tese do “deixe a vida me levar”, sob a falsa alegação de que, “na hora h, tudo se resolve”. Resolve, sim, muitas vezes. Mas, a que custo? Agora, mesmo, desde a publicação da nova Lei, vimos assis- tindo a uma enorme correria, quase que uma prova olímpica, no sentido de realizar contratações diretas, aproveitando os novos e mais elevados limites disponibilizados, aliás, já atualizados no final de ano passado. A preocupação tem sido apenas a de aproveitar os novos limites para realizar uma série de contratações sem a ne- cessidade de um procedimento licitatório. Isso é bom? Sou levado a crer que não. Aliás, convencido estou de que, em muitos casos, o resultado será ruim, com desperdício do cada vez mais escasso e caro recurso público. Afinal, se há ditado infalível é este: a pressa é inimiga da perfeição. Quantas contratações têm sido feitas apressa- damente, neste primeiro momento, para aproveitar os novos limites legais e que, em prazo curto, se revelarão danosas ao interesse pú- blico, ora por serem absolutamente desnecessárias, ora por não ter sido selecionado a proposta mais vantajosa para a administração. A nova Lei consagra a tese da adoção do Plano Anual de Con- tratações, como expressamente mencionado no art. 18. Pergunta- -se: quem, realisticamente, já está usando esse plano, que não foi propriamente uma novidade da Lei? Acredito que poucos. Seria isso tão difícil? Recordemos que a administração pública, através do poder executivo, é obrigada a encaminhar para apreciação e, finalmente,https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 6contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 aprovação do poder legislativo o seu orçamento anual. A Lei Orça- mentária Anual – LOA deve ser, sempre, uma peça fundamental do planejamento. Aliás, a sequência lógica de sua elaboração deveria ser: primeiro, planeja-se o que se pretende realizar no ano seguinte; em segundo lugar, elabora-se a estimativa orçamentária para reali- zação daquilo que foi planejado; em seguida, remete-se essa pers- pectiva para apreciação do legislativo, promulgando-se a Lei após sua aprovação. Pois bem, quem efetivamente PLANEJA como funda- mento para composição da sua estimativa orçamentária anual? Não corro o risco de grande erro se afirmar que ninguém o faz. Elabora-se o orçamento simplesmente com base em um incremento percentual em relação ao orçamento do ano anterior, talvez com uma ou outra exceção, como no caso das obras de maior vulto, que precisam ser planejadas até para constarem do Plano Plurianual, como determina a Constituição Federal. A regra tem sido: pega-se o orçamento do ano vigente, incrementa-se com um percentual razoável e teremos pronta a proposta orçamentária do ano seguinte. Se, nesse momento, alguém indagar da administração o que ela fará efetivamente com aquele orçamento, a resposta objetiva se- ria: depois nós vemos isso. “Deixa a vida me levar”... Gostaria que aqueles que já estão usando a nova Lei para as contratações diretas me respondessem com sinceridade: estão fazendo contratações PLANEJADAS ou estão simplesmente aprovei- tando os novos limites mais largos para utilizarem as disponibilida- des orçamentárias? Ouso crer que esta última hipótese foi muito utilizada, especialmente no final de 2021, para evitar as sobras orça- mentárias. Planejamento segue rigorosamente a Lei de Murphy: se pla- nejarmos bem, os processos têm tudo para dar certo; mas, se pla- nejarmos mal ou sequer planejarmos, tudo dará errado. E aí, nova- mente, vamos colocar a culpa na Lei, que é sempre mais fácil do que reconhecer nossos próprios erros. Quando a nova Lei dispõe que a fase preparatória é caracterizada pelo planejamento, não o faz à toa. O faz levando em consideração que o Brasil precisa tirar da Consti- https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 7contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 tuição e colocar em prática o princípio da eficiência. Mas, vejam como é disse: já ouvi quem dissesse que o plane- jamento só é necessário quando a administração vai realizar uma licitação, sendo, assim, despiciendo em processos de contratação direta. E o fazem com base na redação do caput do art. 18, que dis- põe expressamente: “A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento ...”. Quando interessa, usa-se a in- terpretação literal; quando não interessa, ela é considerada a pior forma de interpretação. Planejar a contratação direta talvez seja ain- da mais importante, na medida em que aí está o maior volume de recursos empregados pela administração pública Aliás, esse é mais um aspecto que precisa ser detidamente analisado. Ao tratar das contratações diretas, a nova Lei traz duas hipóteses fundamentais: a licitação DISPENSÁVEL e a licitação INEXI- GÍVEL. Situações absolutamente distintas, na medida em que, no pri- meiro caso, a não realização de um certame licitatório formal é uma discricionariedade concedida à administração. O pressuposto, nas hipóteses previstas no art. 75, é a de que o melhor resultado será alcançado com a não realização da licitação. Mas, em determinada situação, esse pressuposto pode não se revelar verdadeiro, o que tornará obrigatória a realização do certame. Um bom exemplo disso é o caso do fracionamento da despesa, situação em que, apesar do baixo valor estimado, a administração estará obrigada a licitar. Já no caso da inexigibilidade, não há falar em possibilidade de realização de uma licitação. Esta se tornará inexigível pela impos- sibilidade fática de colocar propostas em confronto, de estabelecer uma efetiva disputa. Vale lembrar que os 5 incisos do art. 74 repre- sentam, tão somente, situações exemplificativas de inviabilidade de competição e, consequentemente, de inexigibilidade de licitação. Qualquer outra situação real deve ser enquadrada nas disposições da cabeça do artigo, que contém a regra genérica. Curiosamente, já ouvi de alguém, em um dos cursos que tenho ministrado pelo país, que trabalhava em um órgão tão sério que realizavam licitação mes- mo quando ela era inexigível. Fui obrigado a dizer ao interlocutor https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 8contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 que, mais do que sérios, eles eram mágicos: conseguiam fazer licita- ção mesmo quando ela era impossível de ser realizada ... Pois bem, se estamos diante de uma situação de contratação direta, podemos afastar a incidências dos princípios, vários dos quais expressamente mencionados no art. 5º da nova norma? Recorde- mos a lição de Carlos Ari Sundfeld: “contrariar princípio é colocar em risco todo o ordenamento jurídico”. Afinal, como afirmou o citado Mestre, o princípio determina o sentido e o alcance da norma. Sem considerá-lo, portanto, estaremos em um barco em mar aberto, com uma enorme variedade de possibilidades de caminhos, situação em que acertar o melhor será algo tão difícil quanto ser contemplado como único vencedor de um prêmio especial da Mega-Sena. Acre- ditar nisso é o mesmo que acreditar que Pedro Álvares Cabral saiu de Portugal com destino às Índias e veio para no Brasil, por absoluto acaso, por obra do Divino Espírito Santo. Nessa situação, não podemos esquecer que um dos princí- pios explicitados na novel Lei é o do interesse público. E, quando trata da contratação direta por licitação dispensável, o art. 75, § 3º, é bem explícito: § 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão preferencialmente precedidas de divulga- ção de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse da Administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta mais vantajosa. Perceberam o comando legal? Ao contrário do que muitos pregam, a nova Lei dispõe, e o faz expressamente, sobre a necessi- dade da administração obter PROPOSTAS ADICIONAIS DE EVENTU- AIS INTERESSADOS. O recado é claro: não basta obter uma propos- ta, considerá-la boa e partir para a contratação. Não! É necessária a obtenção de PROPOSTAS, no plural. Afinal, em sendo uma contra- https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 9contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 tação direta, pode-se criticar a Lei que menciona a necessidade de obtenção de propostas (no plural, repetimos)? Entendemos que não. Afinal, em seguida a norma legal determina, como um dever para a Administração, a seleção daquela que lhe for MAIS VANTAJOSA. Mais uma vez, o recado é claro: só podemos afirmar que uma determina- da proposta é a MAIS VANTAJOSA, se existirem outras, consideradas MENOS VANTAJOSAS. Isso implica na necessidade de comparação entre ofertas. E, para que a comparação seja feita, é indispensável que sejam obtidas propostas (no plural), e não uma única oferta. Mas, dirão os mais apressados, isso não vai desvirtuar o pro- cesso de CONTRATAÇÃO DIRETA? Isso não transformará a licitação dispensável em uma licitação formal? A resposta é negativa. Exige a Lei a comparação de propostas, para possibilitar a seleção da mais vantajosa. E o faz corretamente, na medida em que essa é a me- lhor forma de atendimento ao princípio da supremacia do interesse público. Agir de forma diversa seria contrariar um princípio muito importante, o que nos remeteria à já citada lição de Carlos Ari Sund- feld. A diferença fundamental entre os dois processos, da licitação e da contratação direta,é que, para este último, não exige a Lei a obe- diência ao RITO DA LICITAÇÃO. Os prazos são mais reduzidos, não necessitamos de um edital (mas, precisamos, sim, de um termo de referência), não existem as sessões formais etc. No entanto, o princí- pio da seleção da proposta mais vantajosa não pode ser deixado de lado, em nenhuma hipótese. Além disso, a nova Lei exige, em seu art. 72, condições bási- cas para o processo de contratação direta, a serem atendidas con- forme o caso. Não basta, portanto, olhar um novo limite, mais elásti- co, fechar os olhos e partir por esse caminho, pois as consequências podem ser danosas. E, infelizmente, muitos parecem estar enten- dendo assim. Por isso, estamos vendo um quantitativo enorme de processos de contratação direta com fundamento na nova Lei. Inda- go: estariam esses processos cumprindo rigorosamente os ditames legais? Ou, simplesmente, estão aproveitando os novos limites de licitação dispensável? https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 10contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 Afinal, uma análise um pouco mais cuidadosa das disposições legais nos leva ao art. 72, que impõe, em um processo de contrata- ção direta, um documento de formalização de demanda, estudo téc- nico preliminar, análise de risco, termo de referência ou projeto bá- sico, conforme o caso. Todos esses passos estão sendo cumpridos? Sem uma comprovação fática, somos levados à dúvida. E, se não estiverem, estamos conseguindo selecionar a proposta mais vanta- josa para a administração? Aqui a resposta é fatalmente negativa. Os órgãos de controle poderão responder com mais precisão. Em relação à fase licitatória, temos pensado bastante, mas, não conseguimos alcançar o objetivo pretendido pela nova Lei ao estabelecer a existência de duas modalidades licitatórias, o pregão e a concorrência, a serem aplicadas em situações distintas, mas, que apresentam rigorosamente o mesmo rito. Ótimo: o pregão só pode ser aplicado para contratação de bens e serviços comuns, nestes in- cluídos os de engenharia, quando o critério de julgamento for o de menor preço ou do maior desconto. Assim, se estamos diante de um bem ou serviço especial ou de uma obra, ou, alternativamente, se pretendermos utilizar como critério de julgamento a melhor técnica, a técnica e preço, ou o maior retorno econômico, seremos obrigados a utilizar a concorrência. Perfeita a segregação dos objetos e dos critérios de julgamento. Mas, para que serve tudo isso se o rito do procedimento será rigorosamente o mesmo, quer se use o pregão, quer se use a concorrência? Aliás, quero ver como se comportarão os órgãos de controle quando estiverem diante de uma situação em que, inadvertidamente, a Administração tiver utilizado, por exemplo, o pregão como modalidade licitatória para contratação de uma obra, com critério de julgamento menor preço. Terão a coragem de deter- minar a anulação do processo por expressa ilegalidade, consideran- do que a Lei expressamente veda essa modalidade para contratação de obras? A rigor, a resposta deveria ser positiva, na medida em que se trata de ilegalidade fática. Mas, anular significará a necessidade da realização de um novo procedimento, desta vez adotando a mo- dalidade indicada legalmente, a concorrência. Só que, nesse caso, teríamos, rigorosamente, uma simples repetição do procedimento licitatório anteriormente realizado e anulado, pois o rito da concor- https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 11contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 rência é igual ao do pregão. E, agora? Corremos para onde, devem perguntar os dignos representantes dos órgãos de controle. “Se cor- rer o bicho pega, se ficar o bicho come...” Essa dualidade de modalidades não encontra a menor jus- tificativa. Claramente, os legisladores procuraram se basear, para elaboração do texto da nova Lei, nas disposições da legislação do RDC, que também serviu de base para a elaboração da Lei das Esta- tais, a Lei nº 13.303/2016. Pois bem, uma das novidades do RDC, boa novidade, foi exatamente acabar com as modalidades licitatórias, permanecendo uma única, que pode ser realizada de vários modos. Veio a nova Lei e... manteve as duas modalidades. Saudável, sem qualquer dúvida, a extinção do convite e da tomada de preços. Seria um absurdo mantê-las. Mas, manter pregão e concorrência como modalidades distintas, para utilização em situações distintas, é ape- nas a consagração da regra infelizmente famosa no Brasil: se eu pos- so complicar, para que devo simplificar? Quando falamos de licitações para contratação de obras de engenharia, vemos claramente a falta de sistematização da Lei, es- pecialmente na fase final de sua tramitação legislativa. Em determi- nado momento dessa tramitação, o Projeto de Lei fazia distinção entre obra comum e obra especial, assim como fazia distinção en- tre serviço comum de engenharia e serviço especial de engenharia. Mas, na reta final, resolveu-se acabar com a primeira distinção: fica- riam apenas as obras de engenharia, sem qualquer tipo de distin- ção. Esqueceram-se, no entanto, de ajustar o texto, que se tornou contraditório. Exemplifiquemos: o art. 55 traz os prazos mínimos a serem obedecidos entre a divulgação do edital de licitação e a apre- sentação das propostas. Assim dispõe: Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir da data de divulgação do edital de licitação, são de: I - para aquisição de bens: https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 12contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamen- to de menor preço ou de maior desconto; b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste inciso; II - no caso de serviços e obras: a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julga- mento de menor preço ou de maior desconto, no caso de ser- viços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia; b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenha- ria; c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada; d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso; III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance, 15 (quinze) dias úteis; IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis. Observem a alínea “b” do inciso II: ali fala-se em “obras e ser- viços especiais de engenharia”, estabelecendo-se o prazo mínimo de divulgação em 25 dias úteis. Mas, o inciso anterior, dispõe sobre “obras e serviços comuns de engenharia”, estabelecendo um prazo mínimo de 10 dias úteis. Ora, na Lei não existem obras comuns e nem obras especiais; existem, apenas, obras de engenharia. Então, no caso de licitação de obras, qual o prazo mínimo de divulgação do https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 13contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 edital a ser adotado: pode-se adotar o prazo de 10 dias úteis, consi- derando que o outro prazo, maior, seria para obras especiais, que acabam por não existir? Ou, deveríamos obrigatoriamente adotar o prazo maior, mesmo que se trate de uma obra de menor porte? Que a administração pública resolva, sujeitando-se a questionamentos dos órgãos de controle. Querem uma sugestão: analisem cada caso concretamente e estabeleçam um prazo mínimo compatível com a realidade da obra que se estará licitando, nunca inferior, claro, a 10 dias úteis. E, justifique-se, formalmente, nos autos do processo, a decisão que se tomou. Ainda na fase licitatória, temos uma outra questão queestá fomentando debates, com algumas interpretações a meu ver abso- lutamente equivocadas. Claramente, a Lei nº 14.133/2021 procurou seguir os ditames da Lei nº 12.462/2011, que instituiu o RDC, na questão referente à apresentação dos documentos de habilitação e à fase recursal. Da Lei do RDC, destacamos: Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realizadas em con- formidade com esta Lei, aplicar-se-á, no que couber, o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, ob- servado o seguinte: (...) II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas pelo licitante vencedor, exceto no caso de inversão de fases; (...) Redação muito clara: apenas o licitante vencedor será obriga- do a APRESENTAR perante a administração que está promovendo o certame os seus documentos de habilitação, conforme relação cons- tante obrigatoriamente do edital. Não se exige, portanto, a apresen- tação desses documentos juntamente com a proposta, como se faz na Lei nº 8.666/1993 e no pregão atual. A única exceção, expressa na própria legislação, está no caso de inversão de fases, quando, ex- https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 14contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 cepcionalmente, a administração resolver fazer a fase de habilitação como antecedente da fase de propostas. A redação da Lei nº 14.133/2021 veio no mesmo sentido: Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão observadas as seguintes disposições: (...) II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas pelo licitante vencedor, exceto quando a fase de habili- tação anteceder a de julgamento; A regra é a mesma e absolutamente lógica: não há motivação razoável para exigirmos que todos os licitantes apresentem seus do- cumentos de habilitação junto com a proposta, se vamos examinar única e exclusivamente os documentos daquele que for o vencedor na disputa entre propostas. Significa dizer que o procedimento a ser seguido é o seguinte: encerrada a fase de propostas, inclusive com a negociação, temos um licitante vencedor. Aí, exigiremos dele e exclusivamente dele que apresente os documentos para habilitação, fazendo-o no prazo es- tabelecido no edital. Apresentados os documentos no prazo fixado, serão os mesmos analisados, procedendo-se à proclamação do re- sultado do julgamento da habilitação. Vemos, assim, que temos 2 momentos de proclamação de resultado: o primeiro, é o resultado do julgamento das propostas; o segundo, o resultado do julgamento da habilitação, que ocorre em momento posterior. Proclamado um resultado, os interessados poderão interpor recurso, fazendo-o imediatamente, dispõe a Lei em seu art. 165, do qual extraímos: Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação desta Lei cabem: https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 15contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de: (...) b) julgamento das propostas; c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante; (...) § 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto nas alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste artigo, serão ob- servadas as seguintes disposições: I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamen- te, sob pena de preclusão, e o prazo para apresentação das razões recursais previsto no inciso I do caput deste artigo será iniciado na data de intimação ou de lavratura da ata de habili- tação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da inversão de fases prevista no § 1º do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento; II - a apreciação dar-se-á em fase única. (...) § 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mes- mo do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de divulgação da interposição do recurso. Assim, proclamado o resultado do julgamento das propostas, os interessados poderão interpor recurso, desde que se manifestem IMEDIATAMENTE, isto é, na sessão pública, sob pena de preclusão. Aqueles que se manifestarem nesse sentido, terão o prazo de 3 dias úteis para apresentarem o recurso formal, concedendo-se o mesmo prazo para apresentação das contrarrazões. Esse recurso, no entan- to, não será apreciado nesse momento, pois o inciso II do § 1º do art. 165 dispõe que os recursos serão apreciados em fase única. Sig- nifica dizer que o recurso contra o julgamento das propostas ficará https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 16contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 retido nos autos, prosseguindo-se o certame com a apresentação, pelo licitante vencedor, dos documentos exigidos para habilitação. Estes serão analisados, proclamando-se o resultado do julgamento, abrindo-se, novamente, oportunidade para interposição de recurso, com manifestação imediata e prazo de 3 dias úteis, inclusive contrar- razões. Aí, então, juntam-se os recursos interpostos, tanto na fase de propostas (que estavam retidos) como na fase de habilitação, sendo os mesmos apreciados em fase única, proclamando-se o resultado do julgamento. Uma grande novidade na fase licitatória, que está sendo in- terpretada de forma equivocada por alguns doutrinadores que des- conhecem o procedimento já adotado no RDC. Alguns se baseiam nas disposições do art. 64 para interpretarem diferentemente: Art. 64. Após a entrega dos documentos para habilitação, não será permitida a substituição ou a apresentação de novos do- cumentos, salvo em sede de diligência, para: I - complementação de informações acerca dos documentos já apresentados pelos licitantes e desde que necessária para apurar fatos existentes à época da abertura do certame; II - atualização de documentos cuja validade tenha expirado após a data de recebimento das propostas. Alegam que o inciso II dispõe que a diligência pode ser utili- zada para atualização de documentos cuja validade tenha expirado após a data de recebimento das propostas, o que indicaria que esses documentos teriam sido entregues juntamente com as propostas. Cuidado com a interpretação: a data de validade dos documentos é a mesma da apresentação da proposta. Ou seja, não é a data de efetiva entrega dos documentos. O licitante deve demonstrar que estava em condições de participar do certame na data estabelecida. Não significa que os documentos serão entregues junto com a pro- posta; significa que os documentos devem ter validade na data de https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 17contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 entrega das propostas. Exemplifiquemos: 1) Data de entrega das propostas: 11 de maio de 2022 2) Data de entrega dos documentos de habilitação, exclusivamen- te pelo licitante vencedor: quando solicitado, no prazo estabe- lecido no edital. Vamos supor, apenas para exercitamos, que os documentos de habilitação serão entregues em 17 de maio. Embora entregues em 17 de maio, os documentos devem apresentar validade na data de início da licitação, ou seja, 11 de maio, sob pena de inabilitação. Aí, se algum documento tinha vali- dade até 13 de maio, deve-se converter o julgamento em diligência, para que o licitante apresente novo documento válido. Na fase de execução contratual, tivemos avanços dignos de destaque. A manutenção dos contratos por escopo mesmo após ultrapassado o período de vigência, é algo que se impunha. O se- guro com cláusula de retomada em obras públicas, igualmente. A obrigatoriedade do reajustamento mesmo em contratos com prazo de duração inferior a 12 meses, idem. A determinação do marco ini- cial para a contagem da anualidade, também. Enfim, várias foram as “novidades”, muitas das quais já pregadas abertamente pela doutri- na, mas, agora, expressamente dispostas na norma, com força de Lei, portanto. Detalhemos alguma coisa. Os contratos por escopo sempre constituíram uma dor de cabeça para a administração. Enquanto na vida privada a tese queprevalecia era no sentido de que esses contratos só estariam encer- rados com a execução completa do seu objeto, na administração pública, pela vedação expressa aos contratos com prazo indetermi- nado (salvo raras exceções), a tese era de que, esgotado o prazo de vigência, os mesmos estariam encerrados, sem possibilidade de continuidade da execução. Tal fato acabava por criar problemas no âmbito público, de vez que, em havendo qualquer tipo de descuido que permitisse o atingimento do prazo de duração sem a conclu- são do objeto, teríamos a indesejável situação de encerramento da https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 18contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 avença, que obrigaria a administração contratante a providenciar, por qualquer outro meio legal, a execução do remanescente. Agora, a Lei nº 14.133/2021 trouxe, expressamente, a solução para a situação. Assim dispõe o art. 111: Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo pre- definido, o prazo de vigência será automaticamente prorroga- do quando seu objeto não for concluído no período firmado no contrato. Óbvio que isso, de um lado, não tira a obrigação da adminis- tração, através da gestão dos seus contratos, fazer o possível para que tal situação não venha a ocorrer. É excepcional e como tal deve ser encarada. De outra banda, a prorrogação automática do prazo de vigência não implica em, de forma igualmente automática, pror- rogação do prazo de execução. Ou seja, se o esgotamento da vigên- cia foi por culpa do contratado, ele continuará sujeito à aplicação de sanções, como, aliás, prevê o parágrafo único do citado art. 111, que traz, ainda, a possibilidade da administração contratante adotar outra providência: Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado: I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas; II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para a conti- nuidade da execução contratual. Outra situação digna de relevo está presente nas garantias que podem ser exigidas na fase de execução contratual, conforme disposições do Capítulo II, do Título III, da nova Lei. Em princípio, tudo parece caminhar no mesmo sentido das disposições da Lei nº 8.666/1993, com um percentual máximo de 5% e a possibilidade de https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 19contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 escolha, pelo contratado, da modalidade da garantia. Algumas inte- ressantes diferenças, no entanto, podem ser encontradas na nova norma. A uma, a possibilidade de majoração do percentual máximo de 5% para até 10% não fica mais adstrita às contratações de grande vulto, podendo ser aplicada, consoante disposição do art. 98, para contratações de qualquer valor, mediante uma análise da complexi- dade técnica e dos riscos envolvidos naquela avença. A duas, em se tratando de contrato de longo prazo, envolven- do serviços ou fornecimentos contínuos, o percentual da garantia incidirá, sempre, sobre o valor anual do ajuste, ainda que o prazo de contrato seja superior a um ano. A três, no caso de obras e serviços de engenharia de gran- de vulto, a administração poderá estabelecer a exigência de que a garantia seja prestada através da modalidade seguro-garantia, com cláusula de retomada, retirando, assim, do contratado o direito de escolher a modalidade que prefere. Mais: nesse caso, o percentual da garantia poderá atingir até 30% do valor inicial do contrato. Vale lembrar que obras e serviços de engenharia de grande vulto são aqueles nos quais o valor inicial do contrato supera R$-200 milhões. Mas, não é só nos contratos de obras e serviços de engenha- ria de grande vulto que a administração poderá exigir a modalidade seguro-garantia. Como vemos nas disposições do art. 102, indepen- dentemente do valor, em sendo o objeto uma obra ou um serviço de engenharia, a administração poderá estabelecer a obrigatoriedade da utilização do seguro-garantia, com cláusula de retomada. Isso sig- nifica que, a seguradora passa a ter obrigações mais amplas nesses contratos, que envolvem: 1 – firmar o contrato, inclusive seus aditivos, como intervenien- te anuente; II – na hipótese de extinção do contrato, a seguradora terá o di- reito de optar entre executar diretamente o remanescente ou https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 20contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 subcontratar essa execução, ficando diretamente responsável perante a administração pela conclusão do objeto. No primei- ro caso, o empenho referente ao remanescente será emitido em nome da própria seguradora; no segundo caso, em nome do seu subcontratado. Em qualquer hipótese, o mais importante é que a administra- ção terá o objeto do contrato concluído. Ou, alternativamente, rece- berá a integralidade da importância segurada indicada na apólice, o que lhe dará oportunidade de contratar a execução do remanescen- te. Esperamos que, com isso, deixem de existir ou se restrinjam a números desprezíveis as obras públicas inconclusas em nosso país. O terceiro ponto que destacamos é o apoio que a equipe de fiscalização terá, por parte do órgão de assessoramento jurídico e do controle interno. Tal condição, expressa no art. 117, § 3º, deve servir para incutir, na administração pública, a ideia de que o resultado do contrato não é uma tarefa cometida exclusivamente aos encarrega- dos da fiscalização da execução. Não? É uma tarefa que interessa a todos, na medida em que o seu objeto é importante para o órgão, e não apenas para alguns de seus componentes. Aliás, é importante, fundamentalmente, para atender o interesse público primário, que é quem paga a conta e pode/deve exigir boas execuções. Para concluir, voltemos à análise genérica da nova Lei. Ela é boa? Inegável que traz avanços consideráveis, quando comparada com a Lei nº 8.666, de 1993. Afinal, são quase 30 anos de diferença entre as datas de promulgação, período em que o mundo, o Brasil e os processos de contratação da administração pública sofreram muitas mudanças, a maioria delas em sentido positivo. Mas, inegável, também, que poderia ser bem melhor. Afinal, esperamos quase 30 anos por um novo estatuto, tempo suficiente para que o assunto fosse bem analisado e bem disposto na nova norma. Dificuldades na aplicação da nova Lei virão, em número ele- vado. Inteligente, aliás, foi o período de 2 anos para sua vigência obrigatória, exatamente para que a Administração Pública possa se https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ 21contreinamentos.com.br Considerações sobre a Lei 14.133/2021 preparar adequadamente para bem aplicá-la. Essa preparação não virá, por certo, simplesmente assistindo lives, algumas das quais muito boas no sentido de esclarecer dúvidas e alertar para deter- minados pontos. Outras, nem tanto. Muito menos, virá com cursi- nhos de R$ 1,99, hoje disponibilizados em número aberrantemente excessivo. É preciso que os servidores públicos sejam devidamente preparados, qualificados, para a utilização da nova Lei. Sob pena de, em curto prazo, estarmos lamentando sua vigência, sentido falta da 8.666 e pleiteando uma nova norma. É uma oportunidade única para a administração fazer boas contratações. Vimos, pela experiência, que substituir uma Lei é uma tarefa complicada, que não pode ser imaginada para execução em curto prazo. A perspectiva, assim, é que a Lei nº 14.133, de 2021, per- maneça vigente por muito tempo. Então, vamos utilizá-la da melhor forma, aproveitando as oportunidades, algumas excelentes, que ela trouxe para a administração. Não esperemos, no entanto, que a boa utilização caia do céu. Em lugar de correr atrás, vamos correr à fren- te, qualificando os servidores em treinamentos que efetivamente se- jam de bom nível. Entendamos, enfim: a lei será boa na medida em que sua aplicação trouxer resultadospositivos para a administração pública. https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ Confira agenda completa de Cursos e Eventos: www.contreinamentos.com.br https://contreinamentos.com.br/con-brasil/ https://contreinamentos.com.br
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