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LEISHMANIOSE VISCERAL AULA 5.2 – PARASITOLOGIA DEFINIÇÃO Leishmaniose visceral Assim como a Leishmaniose Tegumentar, a doença de caráter zoonótico que acomete diversas espécies de mamíferos silvestres e domésticos e o homem Popularmente conhecida como calazar ou febre Dum-Dum Causada por protistas parasitos de 3 espécies do gênero Leishmania Transmitida por insetos vetores da espécie Lutzomyia longipalpis (mosquito-palha ou birigui) HISTÓRICO Séc XIX 1885: Primeira observação dos parasitos em indivíduos doentes Séc XX 1903: O agente etiológico da doença foi definido 1903: O agente etiológico foi descrito como Leishmania donovani 1908: O parasito foi encontrado em cães e este considerado reservatório 1931: Demonstrada a transmissão por Lutzomyia 1934: Registros dos primeiros casos no Brasil 1936: Descrição da espécie de parasito encontrada no Brasil (Leishmania chagasi) 1937: Registro de Lutzomyia longipalpis como transmissor de Leishmania chagasi AGENTE ETIOLÓGICO A doença é causada pela infecção por parasitos de 3 espécies de Leishmania Leishmania (Leishmania) donovani Leishmania (Leishmania) infantum Leishmania (Leishmania) chagasi (Brasil) AGENTE ETIOLÓGICO Ciclo biológico apresenta muitas características similares às outras espécies de Leishmania Ciclo heteroxeno com hospedeiro mamífero e hospedeiro inseto Presença de formas amastigotas (vertebrados), promastigotas e paramastigotas (invertebrados) Formas amastigotas parasitas intracelulares de macrófagos Formas promastigotas e paramastigotas parasitas de trato digestivo de insetos Transmissão pela picada do mosquito infectado (vertebrados) e ingestão de macrófagos parasitados (invertebrados) AGENTE ETIOLÓGICO O tropismo dos parasitos é diferente entre o agente das leishmanioses tegumentar e visceral Após a infecção inicial os parasitos migram para macrófagos em órgãos linfoides: medula óssea, baço, fígado e linfonodos Em fases posteriores podem envolver rins, intestino, pulmões e pele A migração pode ocorrer por via hematogênica e/ou linfática PATOGENIA A inoculação das formas infectantes ocorre pela picada do mosquito A picada causa uma reação inflamatória que estimula a migração de macrófagos para o local, iniciando a infecção Os parasitos migram rapidamente para os linfonodos, sendo o local da picada quase imperceptível Dos linfonodos, os parasitos migram por via hematogênica e/ou linfática para as vísceras Os parasitos induzem uma infiltração de macrófagos não-parasitados Nas vísceras ocorre geralmente hiperplasia e hipertrofia do Sistema Mononuclear Fagocitário (gerando aumento dos órgãos) Poucos parasitos são encontrados na circulação periférica PATOGENIA Alterações esplênicas (no baço) A esplenomegalia (aumento do volume) é muito frequente Ocorre por hiperplasia e hipertrofia do SMF no órgão Alterações hepáticas (no fígado) A hepatomegalia é um sintoma característico do calazar Ocorre por hiperplasia e hipertrofia das células de Kupffer Infiltrado difuso de células intraparenquimal PATOGENIA Alterações na medula óssea Hiperplasia do tecido hematopoiético (densamente parasitado) Desregulação da hematopoese: dimunuição da produção celular Consequências: anemia e leucopenia Manifestações febris Fase inicial: febre alta intermitente (primeiros dias) Fase crônica: febre irregular PATOGENIA Alterações nos linfonodos Aumento dos linfonodos (presença de macrófagos parasitados) Causa elevação nos níveis de IgG e IgM Alterações do aparelho digestivo Proliferação de células do SMF no jejuno e íleo Causa edema e alongamento das vilosidades Alterações renais e pulmonares Presença de elementos imunes circulantes causam processos inflamatórios Formas amastigotas são raras EVOLUÇÃO DA DOENÇA Fase aguda Fase crônica FASES DA DOENÇA Indivíduos resistentes Apresentam sintomas pouco específicos Febre baixa recorrente Tosse seca Diarréia Prostração Apresentam cura ou mantém o parasito ao longo da vida Podem se tornar suscetíveis por desequilíbrio nutricional ou imunológico FASES DA DOENÇA Fase aguda Corresponde ao período inicial da doença (após incubação) Dura menos que dois meses Sintomas típicos da doença Febre alta Palidez das mucosas Hepatomegalia (mais leve) Esplenomegalia (mais leve) FASES DA DOENÇA Fase crônica Periodo no qual surgem os sintomas clássicos (calazar clássico) Principais sintomas: Hepatoesplenomegalia (gera aumento do abdome) Emagrecimento progressivo (devido a anemia) Perturbações digestivas Presença de infecções oportunísticas (pneumonia, tuberculose, otites, ...) FASES DA DOENÇA Fase crônica (especialmente infantes) DISTRIBUIÇÃO Mundial Regiões tropicais e subtropicais de Ásia, África e América Endêmica em 62 países 90% dos casos concentrados na Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil Brasil Encontrada em todos os estados (maior incidência na região nordeste) Típica de zonas rurais, mas tem avançado para áreas urbanas Ocorre em 3 tipos de ciclos epidemiológicos no Brasil: Silvestre Doméstico periurbano Completamente urbano DISTRIBUIÇÃO EPIDEMIOLOGIA Vetor A doença se estabelece na presença de dois fatores: vetor e hospedeiros suscetíveis Lutzomyia longipalpis tem ampla distribuição geográfica e habita ambientes silvestres, rurais e urbanos Se alimenta de diversas espécies de aves e mamíferos, sendo homem e cães os alvos preferenciais O repasto ocorre principalmente a noite, dentro ou fora das casas Reservatórios Cães (doméstico) e raposas (silvestre) são os principais Gambás e ratos já foram registrados portando o parasito EPIDEMIOLOGIA Homem A doença é mais frequente em crianças menores de 10 anos A desnutrição é um fator de risco forte Considerada uma infecção oportunística de imunossuprimidos (HIV/transplantados) Incidência e nº de casos no Brasil DIAGNÓSTICO Clínico Apenas quando sinais e sintomas são evidentes Histórico de residência em área endêmica Laboratorial Pesquisa em esfregaços corados Inoculação em meio de cultura ou cobaias Exames presença de DNA do parasito Imunológico Decteção de IgG e IgM específicas Reações contra antígenos do parasito PROFILAXIA Baseia-se em três pilares: Diagnóstico e tratamento dos doentes Identificação e eliminação dos cães infectados Controle de vetores (geralmente inviável) Fatores associados a serem considerados: Combate à desnutrição Identificação de pessoas assintomáticas portadoras Cuidados com portadores de HIV Conscientização da população sobre a importância da eliminação dos cães Imunização de cães e uso de coleiras repelentes TRATAMENTO Tratamento específico Fármacos a base de antimônio Glucantime Pentostam Imunorreguladores associados à antimoniais Interferon + antimoniais Tratamento inespecífico (atenuação dos sintomas) Antipiréticos Controle de infecções oportunísticas Controle da anemia e desnutrição
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