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Aula 72 – Medicina Legal (Ivan) Asfixia → É uma palavra do grego que quer dizer “sem pulso”. Porém, quer dizer sufocação, privação do ar. → Geralmente é resultante da supressão da respiração. → Redução do teor de oxigênio (hipóxia) e aumento de gás carbônico (hipercapnia) no sangue arterial, concomitantemente. SINAIS GERAIS → Cianose de face. → Espuma na boca e nariz – estase pulmonar causa um transudato de plasma que acaba produzindo cogumelo de espuma na boca. → Projeção da língua - principalmente nas asfixias por constricção no pescoço. → Livores – manchas arroxeadas nos cadáveres que morrem por asfixia, aparecem de forma precoce. → Equimoses viscerais – manchas vísceras (Paupaulf). → Congestões viscerais. TIPOS DE ASFIXIA → Direta. → Indireta → Constrição no pescoço → Modificação no meio ambiente → OBS: tudo que acontece no asfixiado acontece de forma mais rápido (flacidez etc.) ASFIXIA DIRETA → A obstrução à entrada de ar encontra-se nas vias aéreas superiores ou seus orifícios externos: o Oclusão direta das narinas e da boca: ▪ Uso da mão, de objetos moles. ▪ Avaliar a face buscando polpas digitais. o Oclusão dos orifícios da faringe e laringe: ▪ Introdução na boca de tampões de pano, dedos. ▪ Broncoaspiração – pode ser pelo leite da mãe ou alimentos (como miolo de pão) – causa acidental é mais comum. ▪ Mais comum de forma acidental. → Pode ser acidental (pode cair de cara na areia e morrer por asfixia de obstrução de orifícios externos) e por suicídio. ASFIXIA INDIRETA → Não tem nada que impeça a passagem do ar pelas vias aéreas superiores até chegar aos pulmões. → Compressão do tórax: o Impedimento do tórax em realizar os movimentos respiratórios por força externa (peso muito grande no tórax). o É típico a cor violácea intensa na face, pescoço e parte superior do tórax – chamada de máscara equimótica de Morestin. → Um exemplo é a morte por crucificação. → A causa mais frequente é acidente – ex.: carro fica em cima do indivíduo. → Pode também ser encontradas fraturas em arcos costais e contusões no tórax – impede a movimentação da musculatura intercostal e a respiração é apenas pelo diafragma, o que causa asfixia rápida. Um exemplo é a morte por crucificação. ASFIXIA POR CONSTRICÇÕES CERVICAIS → Enforcamento: é a constrição do pescoço por laço, cuja extremidade fixa encontra-se em um ponto superior, a força atuante é o peso do corpo. Quando não morrem, as vítimas podem apresentar disfonia ou disfagia, convulsões, perturbações psíquicas. o Se a força que está apertando o pescoço for diferente da gravidade, é chamado de estrangulamento. o O enforcamento não mata rápido, a pessoa agoniza. → Tipos: o Complexo X Incompleto: no completo, o corpo está todo suspenso e não há nenhuma parte em contato com o chão. O incompleto ocorre quando há contato de alguma parte do corpo com o chão. o Típico X Atípico: o que define a tipicidade do enforcamento é a posição do laço da forca. Se estiver na região posterior é típico, já se estiver na região anterior ou lateral é atípico. ▪ Se o corpo for suspenso, o laço fica oblíquo ascendente e incompleto (na porção onde tem o nó da forca fica sem marca) é típico. ▪ Se o nó estiver na nuca, ele é típico. Se ele estiver do lado ou na frente, ele é atípico. ENFORCAMENTO → Sinais encontrados: o Face cianótica ou clara. o Pequenas equimoses na face (hipertensão venosa facial). o Projeção da língua – ocorre porque há fratura do hioide. o Rigidez cadavérica é precoce – todos que morrem por asfixia é precoce. o Livores cadavéricos depositados na região inferior do abdômen e membros inferiores. o A profundidade do sulco (marca da corda) varia de acordo com a largura da corda. → Exame do pescoço: o Linha argentina – é a parte profunda do sulco, marca que fica no pescoço do laço da forca. o Equimose em partes moles – nas vísceras. o Roturas musculares – dependendo do tamanho da forca pode lesar a musculatura, como o esternocleidomastoide. o Lesões carotidianas; Sinais de Amussat; Sinal de Friedberg (lesão na carótida e nas jugulares) o Lesões de osso hioide. o Lesões de cartilagem da laringe. o Lesões de coluna cervical. → Pode ser causado por suicídio, assassinato ou até mesmo acidental. ESTRANGULAMENTO → É a constrição do pescoço por um laço, cuja força atuante é diferente do peso do corpo. → Pode ser suicídio ou acidente, mas a causa jurídica mais comum é homicídio. → Sinais: 1. Face tumefeita e violácea. 2. Língua entre os dentes. 3. Espuma branca ou sanguinolenta na boca e narinas. 4. Pontilhado hemorrágico em conjuntivas (petéquias de Tardieu). 5. Sulco geralmente horizontal e completo. ESGANADURA → É a constrição do pescoço executada diretamente pela mão. → Sinais: 1. Equimoses no pescoço – principalmente com marcas das polpas digitais. 2. Escoriações (estigmas ungueais) – marcas das unhas. 3. Petéquias em face. 4. Exoftalmia. 5. Fratura de osso hioide. → Necessariamente causa jurídica, uma vez que não conseguimos nos matar apertando o próprio pescoço. Assim, quando o laudo médico legal fala disso, o legista está dizendo que foi homicídio. → Não pode ser suicídio ou acidente. ASFIXIA POR MODIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE → Confinamento: ambiente sem adequada renovação de ar (ambiente fechado). Achados inespecíficos e relacionados aos sinais gerais de asfixia (geralmente os achados serão na história clínica). o Quando não troca ar. o Diferente de quando o local está fechado e com carro ligado, o que ocorre é intoxicação por monóxido de carbono e não por confinamento. → Soterramento: penetração de corpos sólidos pulverizados nas vias respiratórias. A pele apresenta as características do meio e frequentemente apresentam mutilações e escoriações. o Quando troca ar por terra, lama, areia etc. o Mesmo que prenda a respiração quando soterrado -> a hipóxia vai gerar ou uma crise convulsiva ou desmaio, quando isso ocorre, o sistema nervoso ativa o centro respiratório, de forma involuntária. AFOGAMENTO → Asfixia por penetração de grande quantidade de líquido nos pulmões através das vias respiratórias. → Quando troca ar por água. → Formas: o Completo (verdadeiro ou real). o Branco (de Parrot) – é um dos diagnósticos mais difíceis de medicina legal, ocorre quando o indivíduo na iminência de se afogar, morre. Não tem a presença de água nos pulmões. Geralmente é associado a uma patologia neurológica. A pessoa faz parada cardiorrespiratória sem engolir uma gota de água. Não encontra alterações no cadáver. Detalhe: o corpo não afunda, uma vez que não tem água no pulmão e sim, ar. → Fases: 1. Luta – quando a pessoa toma consciência que está se afogando. A pessoa tenta nadar para fugir. 2. Apneia voluntária: hipercapnia, aspiração de líquidos com estimulação de laringe e espasmo; perda da consciência e convulsões pela hipercapnia, o que causa ativação do sistema nervoso autônomo e respiração involuntária, o que enche os pulmões de água (broncoaspiração) e faz o indivíduo afundar. 3. Aspiração: invasão dos líquidos nos alvéolos; ▪ Doce: hipotônica em relação ao plasma. Água sai do pulmão e vai em direção à corrente sanguínea. Produz hemólise maciça, podendo ocorrer fibrilação e morte em 3 min. ▪ Salgada: hipertônica em relação ao plasma. Hemoconcentração. O plasma faz transudato para dentro do pulmão, que fica mais enxarcado. Ao tirar água do pulmão, é apenas necessário hidratar esse paciente. → É mais fácil tratar um afogamento no mar do que na piscina por conta da osmolaridade das águas. → Alterações do afogado: o Enrugamento da pele; o Cogumelo de espuma – branco ou sanguinolento; o Lesões por ataque de fauna do meio – mordida de animais; o Lesões por arrastodo corpo – escoriações; o Lesões pela manobra de resgaste – vale destacar que a pele está enrugada e friável, assim, no momento do resgate pode produzir lesão; o Presença de areia e outros detritos na árvore respiratória; o Presença de líquido no estômago. Obs.: se achar um cadáver e quer descobrir se foi afogado, pode-se fazer o DNA da medula óssea, tendo como achados DNA de outras espécies como fitoplancton.
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