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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira Instituto de Humanidades Licenciatura Plena em História Aluno (a): Carla Pontes Disciplina: Gêneros, Famílias e Sexualidades Prof.ª: Graziele Dainese 1 - Discuta as diferentes perspectivas teóricas construídas para pensar o conceito de gênero, destacando o modo como abordam a questão das influências biológicas e culturais na definição das condições masculinas e femininas. R: O gênero geralmente é colocado como algo delimitado a ideias de masculino ou feminino. Nos últimos anos é perceptível que tal conceito tem certa relação com as construções sociais que fazem o indivíduo ser masculino, feminino ou de um outro ‘’tipo” que não necessariamente se faz preciso uma denominação. Essas construções quando baseadas no sexo, o feminino e masculino são colocados enquanto características biológicas a mulher e o homem, teriam parâmetros que a partir deles iriam ser definidas suas funções, como exemplo as da mulher são de conhecimento geral ser mãe e tantos outros atributos que a coloquem dentro da casa e o homem basicamente seria o chefe desse espaço. Na obra “Gênero: A história de um conceito” de 2009 da pesquisadora e antropóloga Adriana Piscitelli mostra que o conceito de gênero tomou para si esse aspecto cultural a partir de que “(...) as autoras feministas utilizaram o termo gênero para referir-se ao caráter cultural das distinções entre homens e mulheres, entre ideias sobre feminilidade e masculinidade. ” (PISCITELLI, 2009:119). Tal ideia quando colocada enquanto algo que viria do feminismo, esboçaria um ‘reforço’ a uma colocação do artigo “Laços familiares/ Ligações conceituais: Notas africanas sobre Epistemologias Feministas” de 2000 da filosofa feminista africana Oyèronké Oyèwúmi onde ha uma afirmação que isso se tornou uma “ (...) característica da convenção dos estudos em usar o termo gênero como sinônimo de mulher. ” (OYÈWÚMI, 2000:03). Não é algo a ser feito apesar de toda a história que as bases feministas tem com o conceito, pois os homens também têm sua parcela de participação. Hoje as ideias sobre feminilidade e masculinidade fogem do âmbito biológico e, consequentemente, de características físicas, a mulher não mais pode ser localizada somente como dona de casa e mãe e o homem como chefe da família podendo muitas mulheres exercerem esse papel atualmente devido a fatores como abandono parental por exemplo, algo que infelizmente tornou-se comum no Brasil devido aos inúmeros lares onde a figura de um pai é desconhecida. 2 - Discuta como as teorias feministas influenciaram o debate sobre família. Destaque a problematização da ideia de “família nuclear” e dos pontos de vista que naturalizam essa instituição. R: O feminismo enquanto um movimento que luta pelos direitos da mulher que comumente perante um longo caminho ao qual chamamos história nunca passou de um personagem coadjuvante perante a figura do homem, teria se tornado uma grande ameaça perante a hegemonia masculina. Acredito que a partir do momento que a mulher passa a não mais simplesmente aceitar o que lhe é imposto, sai de sua zona de conforto ela acaba se tornando uma ameaça ao padrão seja de mulher e consequentemente de família sendo ela dona de casa, esposa e mãe. No artigo “Laços familiares/ Ligações conceituais: Notas africanas sobre Epistemologias Feministas” de 2000 da filosofa feminista africana Oyèronké Oyèwúmi é colocada uma frase bem interessante e que emoldura muito bem a oposição família e feminismo em que a autora coloca que “(...) o feminismo é anti-familiar. ” (OYÈWÚMI, 2000:02), ou seja, a mulher exigir seus direitos e exercer sua liberdade não estando ligada a casa seria algo perigoso para a constituição do “familiar”. Quando a temática família foi colocada em sala de aula a grande maioria de nós pensou nas famílias compostas por pai, mãe e filhos e nas homoafetivas, entretanto como sabemos agora o conceito de família vai muito além disso demonstrando ter aspectos ainda mais interessantes e que valem o estudo. Sendo assim, a respeito das inúmeras concepções a respeito de família que estão no artigo de Oyèronké Oyèwúmi, vale destacar um modelo essencialmente ocidental de família que acabou exercendo influência na grande maioria dos países. Tal modelo é denominado “ (...) família nuclear Euro-Americana que é privilegiada, às custas de outras formas de família. ” (OYÈWÚMI, 2000:01). Este padrão ainda hoje é o político e socialmente aceito com louvor por aqueles que estão no poder exatamente por transparecer a definição e por consequência a subordinação da mulher dentro da instituição familiar. Por ser algo que faz parte de um “senso comum” acaba por ser mais difícil de se desconstruir pois em tal posição produzem eco e tornam-se verdades absolutas a partir dessa reprodução, felizmente os movimentos sociais tiveram um grande progresso quanto a descoberta, por parte das pessoas, de sua própria existência e sua busca de romper com padrões e o feminismo com toda certeza pode ser utilizado como exemplo. Referências Bibliográficas: OYÈWÙMÍ, Oyèronké. Laços familiares/ligações conceituais: notas africanas sobre epistemologias feministas. Translated by Aline Matos da Rocha. Signs, v. 25, n. 4, p. 1093-1098, 2000. PISCITELLI, Adriana. Gênero em perspectiva. cadernos pagu, n. 11, p. 141-155, 1998.
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