Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Espaço pleural está localizado entre os pulmões e a parede torácica e normalmente contém uma camada muito fina de líquido que serve como conexão do sistema. O derrame pleural acontece quando se acumula uma quantidade excessiva de líquido no espaço pleural. O líquido pleural acumula-se quando sua produção é maior que sua absorção. • Aumento da pressão hidrostática, como na insuficiência cardíaca congestiva. • Aumento da permeabilidade vascular, como na pneumonia. • Diminuição da pressão osmótica, como na síndrome nefrótica. • Aumento da pressão negativa intrapleural, como na atelectasia. • Diminuição da drenagem linfática, como na carcinomatose mediastinal. Normalmente, o líquido entra no espaço pleural a partir dos capilares da pleura parietal e é removido pelos vasos linfáticos localizados na pleura parietal. Os líquidos também podem entrar a partir dos espaços intersticiais do pulmão através da pleura visceral ou a partir de pequenos orifícios no diafragma. O líquido pode se acumular quando há uma formação excessiva de líquido (a partir do interstício pulmonar, da pleura parietal ou da cavidade peritoneal) ou quando há uma redução na sua remoção pelos vasos linfáticos. › Alterações das pressões motoras, compreendendo a pressão hidrostática e a pressão coloidosmótica. O aumento da pressão hidrostática dentro dos capilares pleurais (como na ICC) ou a redução na pressão coloidosmótica (como nas hipoproteinemias), com integridade das membranas, resultam em acúmulo de líquidos com baixa taxa proteica, transudatos. › Aumento da permeabilidade das membranas pleurais compreendendo os coeficientes de filtração ou de reflexão (permeabilidade capilar às proteínas), geralmente por processos inflamatórios ou neoplásicos, que permite o acúmulo de líquidos com conteúdo relativamente alto de proteínas, exsudatos. › Passagem de líquido ascítico para o EP por meio de pequenos defeitos diafragmáticos anatômicos, ou levados por vasos linfáticos diafragmáticos, ambos os mecanismos favorecidos pela negatividade pressórica do espaço pleural (padrão transudativo). › Bloqueio da drenagem linfática do espaço pleural por invasão neoplásica de vasos e gânglios linfáticos (LP com padrão de exsudato). O líquido que se acumula pode ser: transudato ou exsudato, purulento, quiloso ou sanguíneo. Exsudato: acumula-se quando os fatores locais que regulam a formação e a absorção do líquido pleural estão alterados, é um líquido com uma densidade específica superior a 1,020 e frequentemente contém células inflamatórias. Diferença entre o transudato é pela medição dos níveis de lactato desidrogenase (LDH - enzima liberada a partir de tecido pleural inflamado ou lesionado) e níveis de proteína no líquido pleural: › A razão entre a proteína no líquido pleural e a proteína sérica é maior que 0,5 › A razão entre os níveis de LDH no líquido pleural e os níveis séricos de LDH é maior que 0,6 › Um valor de LDH no líquido pleural superior a dois terços do limite superior dos níveis séricos normais de LDH. Hidrotóax: transudato seroso (líquido claro), pode ser uni ou bilateral. Causado por insuficiência cardíaca congestiva., insuficiência renal, nefrose, insuficiência hepática e câncer. Forma-se quando os fatores sistêmicos que influenciam a produção e a absorção do líquido pleural estão alterados. DERRAME PLEURAL INLAMATÓRIO • Derrames pleurais exsudativos: causados por pneumonia bacteriana, infecção viral, infarto pulmonar e câncer. Derrame secundário a embolia pulmonar, Pleurite tuberculosa Exsudato pleural purulento (empiema)/Derrames parapneumônicos: geralmente resulta da semeadura bacteriana ou micótica do espaço pleural. Mais comumente, essa semeadura ocorre por disseminação contígua de organismos de uma infecção intrapulmonar, mas, ocasionalmente, ocorre por disseminação linfática ou hematogênica a partir de uma fonte mais distante. É causado por pneumonia bacteriana adjacente, ruptura de um abscesso pulmonar no espaço pleural, invasão de uma infecção subdiafragmática ou infecção associada a traumatismo. Empiema: é caracterizado por pus loculado, verde- amarelado e cremoso, composto por massas de neutrófilos mesclados com outros leucócitos. Embora um empiema possa se acumular em grandes volumes (até 500 a 1.000 mL), em geral o volume é pequeno, e o pus permanece localizado. O empiema pode se resolver, mas o exsudato geralmente se organiza em aderências fibrosas densas, firmes, que frequentemente obliteram o espaço pleural ou envolvem os pulmões; em qualquer um desses casos, a expansibilidade pulmonar pode ser seriamente afetada. **derrame pleural exsudativo: exames no líquido pleural: descrição das características do líquido, nível de glicose, contagem diferencial de células, exames microbiológicos e citologia. DERRAMES PLEURAIS NÃO INFLAMATÓRIOS • Hidrotórax: coleções não inflamatórias de líquido seroso nas cavidades pleurais. O líquido é transparente e tem cor de palha, pode ser uni ou bilateral, dependendo da. A causa mais comum é a insuficiência cardíaca, e por esse motivo ele geralmente está acompanhado por congestão e edema pulmonares. Os transudatos também podem se acumular em outras doenças sistêmicas associadas a edemas generalizados e, portanto, são encontrados na insuficiência renal e na cirrose hepática. • Hemotórax: ruptura de aneurisma aórtico ou trauma vascular ou pode ocorrer no pós-operatório. A maioria dos casos é traumática, embora outras causas sejam rupturas vasculares ou tumores. • Quilotórax: é o acúmulo de um líquido leitoso, geralmente de origem linfática, na cavidade pleural. O quilo é branco-leitoso porque contém gorduras finamente emulsificadas. Causado por trauma ou obstrução do ducto torácico, o que causa secundariamente ruptura dos ductos linfáticos principais. Essa disfunção geralmente é causada por malignidades que obstruem os ductos linfáticos maiores. Geralmente, esses cânceres se originam dentro da cavidade torácica e invadem os linfáticos localmente, mas ocasionalmente cânceres mais distantes metastatizam através dos linfáticos e crescem dentro do linfático direito ou do ducto torácico, produzindo obstruções. É a causa mais comum de derrame pleural no feto e no recém-nascido, resultante de malformação congênita dos ductos torácicos ou dos canais linfáticos. Também pode ocorrer quilotórax como uma complicação de procedimentos cirúrgicos intratorácicos e da utilização de grandes veias para nutrição parenteral total e monitoramento hemodinâmico. O quadro clínico consiste em dor pleurítica, dispneia e tosse. A tosse, que inicialmente é seca, posteriormente, por meio de infecções bacterianas associadas, pode se tornar produtiva. A dor torácica é do tipo pleurítica (dor que piora na inspiração profunda). A dor é, em geral, ventilatório- dependente, bem localizada, em pontada e de moderada intensidade. Como a inervação diafragmática é feita pelo nervo frênico, pode causar dor referida em ombro eregião cervical homolateral. A dispneia está presente sempre que há dor, devido à limitação imposta aos movimentos ventilatórios, ou quando há derrame pleural. Na inspeção, observa-se frequência respiratória aumentada nos derrames volumosos. O padrão respiratório, pelo quadro álgico, pode apresentar incursões respiratórias curtas ou uso de musculatura acessória, quando existe doença prévia comprometendo a função pulmonar. Em geral, a expansibilidade está diminuída, podendo ocorrer abaulamento dos espaços intercostais no lado do derrame, principalmente em derrames volumosos e nas regiões mais inferiores do tórax.. Deslocamento da traqueia contralateral Sinais clássicos foram descritos para caracterizara presença de derrame pleural à inspeção, como o sinal de Lemos Torres, que é o abaulamento expiratório localizado nos últimosespaços intercostais, principalmente à expiração forçada, nos pequenos e médios derrames. O Sinal de Litten é a ausência da visualização da depressão intercostal inspiratória no hemitórax acometido. À palpação, observa-se diminuição na mobilidade respiratória e na elasticidade da caixa torácica. Diminuição do murmúrio vesicular Na percussão do tórax com derrame pleural observa-se um som maciço. Trepopneia: Dispneia em decúbito lateral com o lado que contém o derrame para cima Exames de imagem do tórax para diagnosticar a sua extensão, tentar determinar sua causa, verificar se o derrame é um transudato ou um exsudato. Pode-se utilizar também ultrassom (point-of-care) na avaliação de suspeita de derrame pleural e como guia da toracocentese. A tomografia computadorizada é uma técnica que fornece mais dados e por isso pode ser útil em alguns casos. • RADIOGRAFIA DE TÓRAX: é necessário acúmulo mínimo de 250 a 500 ml de líquido nas radiografias em PA e de 75 a 100 ml na incidência em perfil. Opacidade homogênea nos segmentos inferiores, com formação em parábola ou curva de Damoiseau/sinal do menisco, o que caracteriza líquido livre na cavidade pleural. Raio-x em decúbito lateral ipsilateral ao derrame, com raios horizontais (incidência de Laurell), em que se espera que o líquido mude de conformação com a mudança de decúbito. derrame pleural louculado: líquido pode não estar livre na cavidade pleural. • TORACOCENTESE: exsudato ou transudato. Para isso, é necessário fazer uma toracocentese diagnóstica e correlacionar os achados com os Critérios de Light (os 3). Se um ou mais desses critérios forem preenchidos, o derrame pleural é caracterizado como exsudativo. • ANÁLISE DO LÍQUIDO PLEURAL: Características macroscópicas: Aspecto hialino característico de transudatos; Aspecto amarelo-citrino espumoso característico de exsudatos; Aspecto serossanguinolento ou sanguinolento, presente em neoplasias, trauma ou embolia pulmonar; Aspecto leitoso presente em quilotórax ou empiema; Aspecto purulento com odor fétido presente em empiema; Aspecto de achocolatado presente em abscesso amebiano; Odor de urina presente em urinotórax. Bacterioscopia: Predominância de neutrófilos: indica processo agudo como derrame parapneumônico ou colagenoses; Predominância de linfócitos: indica processo crônico como tuberculose, neoplasia ou colagenoses; Predominância de eosinófilos: indica pós-hemotórax (TEP); Citologia oncótica: sensibilidade de até 90% para células neoplásicas. Diagnóstico diferencial: Espessamento pleural; Colapso e condensação pulmonares; Cúpula diafragmática elevada; Tumores pleurais; Gordura extrapleural; COVID-19 KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. KASPER, Dennis L. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017. NORRIS, Tommie L. Porth. Fisiopatologia. Editora Guanabara Koogan, 10ª Ed. 2021.
Compartilhar