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Modificações fisiológicas do organismo materno

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Suellen Atanazio, MED P4
Modificações fisiológicas do �ganismo materno
Habilidades clínicas
No advento da gravidez, o organismo
feminino sofrerá diversas adaptações; são as
modificações fisiológicas.
Essas transformações vão produzir alguns
sinais e sintomas, e por vezes ficará difícil a distinção
entre o normal e o patológico.
Tais modificações acontecem de forma
sistêmica e no aparelho reprodutor feminino
especificamente.
SISTEMA CARDIOVASCULAR
● Diminuição da resistência vascular e
da pressão sanguínea.
● Aumento da frequência cardíaca
○ Eleva a partir da quarta semana de
gestação
● Aumento do volume sanguíneo
○ O volume sanguíneo se eleva na sexta
semana.
● Aumento do volume plasmático
● Aumento do débito cardíaco
○ Débito cardíaco de gestantes normais
2x maior por volta de 32 semanas;
○ O débito cardíaco inicia essa elevação
por volta da 10ª a 12ª semana de
gravidez
○ DC diminui quando em posição
supina por causa da compressão da
veia cava.
● Diminuição da resistência vascular
periférica
● Diminuição da pressão sanguínea
● Hipertrofia do coração;
● Desdobramento da 1º bulha;
● Diafragma se eleva e altera a localização do
coração sutilmente;
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
● Maior volume sanguíneo
○ O que gera uma anemia fisiológica;
○ E uma necessidade de reposição de
ferro;
● Maior número de leucócitos
● Aumento das hemácias
● Menor hemoglobina
● Redução no n° de plaquetas
● Maior fatores de coagulação
○ Hipercoagulabilidade
○ propensão a tromboembolismo
SISTEMA RESPIRATÓRIO
● Maior volume pulmonar
○ Maior diâmetro da caixa torácica
○ Maior circunferência torácica
● Menor volume residual
○ Não é compensada pelas alterações
anatômicas
● Maior volume corrente
○ Aumenta e provoca, hiperventilação,
sem aumentar a frequência
respiratória
● Alcalose respiratória compensada
● Diafragma é empurrado para cima
APARELHO DIGESTIVO
● Náuseas e Vômitos
○ Aumento do hCG e dos estrogênios
no 1°T
● Gengivite gravídica
○ Edema e sangramento por ação
hormonal
● Pirose, Obstipação, Hemorróidas;
● Deslocamento do intestino para abdomen
superior
● Maior tempo de esvaziamento gástrico.
● Colestase intra-hepática
● Maior fluxo hepático
● Estase biliar
● Hiperplasia do pâncreas
APARELHO URINÁRIO
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● As modificações no aparelho urinário são
oriundas de alterações mecânicas,
fisiológicas e anatômicas.
● Tanto os rins quanto os ureteres e a bexiga
sofrem compressão pelo útero gravídico.
● Deslocamento da bexiga para cima;
● Dilatação dos ureteres;
● Convém alertar da maior propensão a
infecções urinárias.
● A glicosúria deve-se ao aumento da oferta de
glicose em nível renal, que ultrapassa a
capacidade de absorção.
● O aumento da taxa de filtração glomerular
(TFG);
● Hidronefrose.
SISTEMA ENDÓCRINO
● Adenoipófise
○ Hipertrofia e hiperplasia
○ Aumento da prolactina
○ Produção de GH no 1°, Substituído
pela placenta
○ TSH diminui pela interferência do
B-HCG
● Neuroipófise
○ Ocitocina aumenta no trabalho de
parto e depois após sucção no pós
parto
○ ADH diminui a osmolaridade
sanguínea
● Tireoide
○ Aumento do volume da glândula
○ Redução do iodo e de sua função
○ Aumento da globulina transportadora
● Paratireóide
○ Paratormônio cai um pouco no 1°T e
vai subindo para manter a regulação
do íon cálcio no sos
○ Calcitonina aumenta pela produção
placentária, tireoideana e mamária
SISTEMA METABÓLICO
● Glicose
○ O consumo fetal é contínuo e por
difusão, com aumento da resistencia
insulina
○ Compensa as alterações do dia
(hipoglicemia de jejum e
hiperglicemia pós prandial)
● Lipídios
○ Anabolismo no 1º e 2º tri, para
reserva energética
○ Catabolismo no 3º tri, para formação
de estruturas
● Proteínas
○ Maior concentração de AA fetais do
que maternos
○ Proteínas reduzidas, principalmente
albumina
● Eletrólitos
○ Retenção de Sódio materno, mas pode
ter Cálcio e Magnésio séricos
diminuídos
○ Absorção intestinal de Cálcio
aumenta para o feto
○ Ferro precisa ser suplementado
● Vitaminas
○ Hipovitaminose geral (exceto E e K)
○ Precisa de reforço dietético
SISTEMA ESQUELÉTICO
● A embebição gravídica acomete todas as
articulações.
○ Maior elasticidade, principalmente na
bacia e afastamento da sínfise púbica
auxiliando no parto
● Modificação da postura e da deambulação.
○ A marcha anserina da gestante
decorre da necessidade de mudança
de centro da gravidade para manter o
equilíbrio.
○ Ela projeta o ventre para frente, afasta
a base de sustentação dos membros
inferiores e os ombros se inclinam
para trás.
○ Compressão e parestesia no n. ulnar e
n. mediano
SISTEMA NERVOSO
● A queixa mais frequente é a sonolência.
○ A etiologia desse sintoma está
associada aos altos níveis de
progesterona, potente depressor do
sistema nervoso central, e à
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hiperventilação, pela produção da
alcalose respiratória.
● Pode surgir fadiga relacionada a distúrbios do
sono, principalmente no final da gravidez,
facilitando o desenvolvimento de hiperêmese
gravídica, enxaqueca e quadros psíquicos
(blues, depressão).
● Apresentam também certa dificuldade na
concentração e na memória, talvez decorrente
das alterações vasculares da artéria cerebral
média e da posterior.
● Esses sintomas tendem a piorar com o evoluir
da gravidez.
● Visão
○ Reduzida por edema ou opacificação
da córnea
● Olfato
○ Vascularização da mucosa nasal e
rinite vasomotora
● Audição
○ Zumbidos e vertigens por alterações
circulatórias
● Tato
○ Parestesias nas extremidades
● Paladar
○ Alterações no apetite, perversões
alimentares (desejos exóticos) e
mudanças nos hábitos alimentares
PELE
● As alterações cutâneas observadas na
gestação são decorrentes dos níveis elevados
de progesterona e da produção placentária de
estrógenos.
● Ocorre ainda maior dissipação materna de
calor pela pele devido à vasodilatação
periférica.
● As modificações mais encontradas estão
relacionadas a pigmentação, vascularização e
atrofia;
● Melasma (Cloasma), Linha nigra,
hiperpigmentação aréolas e dobras;
● Estrias gravídicas, recentes são violáceas e
nacaradas quando antigas;
● Telangiectasias, eritema palmar, maior
secreção sebácea e sudorese.
SISTEMA GENITAL FEMININO
● Útero
○ Alterações na forma, consistência e
vascularização, hipertrofia e aumento
gradual (1cm/semana)
● Colo Uterino:
○ Amolecido (regra de Goodell).
○ Eversão da mucosa endocervical
(mácula rubra).
● Ovário:
○ Corpo lúteo gravídico mantém a
progesterona elevada até 12 semanas
e formação da placenta
● Vagina:
○ Pigmentação violácea (Sinal de
kluge)
○ Aumento no comprimento e
elasticidade
○ Maior atividade glandular e produção
de secreção
● Vulva:
○ Pigmentação violácea (Sinal de
jacquemier)
○ Hipertrofia dos lábios.
● Mamas:
○ Aumento da temperatura mamária
○ Hipervascularização da rede venosa
(rede de Haller),
○ Mastalgia e hipersensibilidade
○ Mamilos de cor acastanhada e limites
imprecisos
○ Aréola secundária: Sinal de Hunter
○ Hipertrofia das gl. sebáceas:
Tubérculos de Montgomery
Sinais Clínicos de Gravidez
● A gravidez deve ser suspeitada sempre que
uma mulher em idade reprodutiva apresentar
atraso menstrual, principalmente quando
maior que uma semana
○ Suspeita aumenta se os ciclo são
regulares e as relações sexuais são
sem uso ou com uso incosistente de
contracepção
○ Porém nenhum método é 100% então
deve-se suspeitar de todas as
mulheres
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● Didaticamente, os achados na gravidez podem
ser divididos em sinais de presunção,
probabilidade e certeza.
Sinais e sintomas de presunção
● Sintomas:
○ Náuseas e vômitos;
○ Polaciúria e nicturia;
○ Atraso menstrual até 14 dias;
○ Aumento da sensibilidade álgica
mamária;
○ Mudança do apetite (desejos
alimentares)
○ Fadiga
○ Tontura
○ Sialorréia
○ Lombalgia.
● Sinal
○ Distensão abdominal e constipação
○ Dispneia
○ Congestão nasal
○ Cãibras
● Cloasma gravídico ou máscara gravídica:
manchas provocadas pelo aumento da
produção de melanina circundando parte da
testa, ao redor do nariz, bochecha e lábio
superior;
● Linha nigra: pigmentaçãoda linha alba;
● Sinal de Halban: aumento da lanugem nos
limites do couro cabeludo
● Tubérculos de Montgomery: glândulas
sebáceas hipertrofiadas nas aréolas;
● Rede de Haller: aumento da vascularização
venosa na mama;
● Sinal de Hunter (caçador):
hiperpigmentação da aréola primária e
aparecimento da aréola secundária com
limites imprecisos.
Sinais de probabilidade:
● Atraso menstrual maior que 14 dias;
● Alterações do muco cervical: torna-se
viscoso, mais espesso e não se cristaliza;
○ Cristais na microscopia em formato
de folha de samambaia
● Aumento do volume uterino 1cm por semana
após quatro semanas de gestação;
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● Sinal de Goodell: Amolecimento do colo
uterino percebido pelo toque (semelhante à
consistência labial) a partir de seis semanas de
gestação;
● Sinal de Hegar: amolecimento do istmo
uterino (durante o toque bimanual, a sensação
é semelhante à separação do corpo da
cérvice);
● Sinal de Piskacek: assimetria uterina à
palpação;
● Sinal de Nobile-Budin: percepção pelo toque
do preenchimento do fundo de saco pelo útero
gravídico (útero se torna globoso);
● Sinal de Osiander: percepção do pulso da
artéria vaginal ao toque vaginal;
● Sinal de Jacquemier/Chadwick: coloração
violácea do meato urinário e da vulva,
○ entre 8 e 12 semanas;
● Sinal de Kluge: coloração violácea da
vagina, entre 8 e 12 semanas;
Sinais de certeza:
● Ausculta dos batimentos cardiofetais
○ Estetoscópio de Pinard (a partir de 20
semanas)
○ Sonar (a partir de 10 a 12 semanas);
● Percepção de partes e movimentos fetais pelo
examinador:
○ Por meio da palpação abdominal, é
possível perceber movimentos do feto
a partir de 18 a 20 semanas;
● Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino)
○ Durante o exame bimanual, um
discreto impulso no útero, por meio
do fundo de saco anterior, deslocará o
feto no líquido amniótico para longe
do dedo do examinador.
○ A tendência do retorno do feto faz
com que ele seja novamente palpável.
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Diagnóstico laboratorial de gestação
● Detecção da fração β da gonadotrofina
coriônica humana (β-hCG, do inglês human
chorionic gonadotropin) urinária ou sérica.
○ Testes urinários são menos sensíveis
do que os séricos.
● A hCG é uma glicoproteína composta por
duas subunidades:
● A β-hCG é produzida pelo trofoblasto e
aparece na circulação materna pouco após a
implantação trofoblástica, tornando-se
detectável no plasma ou na urina em 8 a 9
dias após a ovulação.
● Níveis plasmáticos menores do que 5
mUI/mL são considerados negativos, e
maiores do que 25 mUI/mL são considerados
positivos.
● Muitas vezes, as pacientes procuram o médico
após terem realizado um teste de gravidez em
casa, vendido em farmácias.
● Apesar de informações de fabricantes
divulgarem precisão de até 99% desse exame,
alguns estudos têm demonstrado sensibilidade
de apenas 75% ou menos quando utilizados
em situações reais, pelas próprias pacientes.
Diagnóstico ultrassonográfico de gestação
● É possível visualizar o saco gestacional por
meio da ultrassonografia transvaginal.
○ Entre 4,5 e 5 semanas de gestação;
○ 3 a 4 semanas após a ovulação;
○ Quando atinge tamanho de 2 a 4 mm
no seu diâmetro médio;
● O saco vitelino é a primeira estrutura a ser
visualizada no saco gestacional e aparece
entre cinco e seis semanas e permanece até
aproximadamente 10 semanas
○ A atividade cardíaca pode ser
detectada pela primeira vez em 5,5 a
6 semanas.
○ É sabido que, em 5% a 10% das
gestações normais, não se consegue
identificar atividade cardíaca em
embriões de até 4 mm.
● Medições biométricas (por exemplo, tamanho
do saco gestacional, comprimento
cabeça-nádega, diâmetro biparietal,
comprimento do fêmur) são utilizadas para
estimar a idade gestacional (i.e., duração da
gravidez) e a data de parto.
○ O comprimento cabeça-nádega é o
principal referencial para avaliar a
idade da gravidez no primeiro
trimestre.

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