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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 3 – mod XIII Gravidez e pré-natal Diagnóstico Na Gravidez - Toda mulher com história de atraso menstrual por mais de 15 dias deve ser orientada a realizar o teste imunológico de gravidez, um método sensível e confiável pois alguns testes urinários têm altas taxas de falso negativo, podendo atrasar início do pré-natal. - Beta-HCG pode ser detectado no sangue da mulher entre 8 a 11 dias após a concepção. Os níveis aumentam rapidamente até atingir um pico entre 60 e 90 dias de gravidez. - Níveis maiores que 5mUI/ml são considerados negativos e acima de 25mUI/ml são considerados positivos - Níveis acima de 1.000UI/L asseguram presença de gestação em 95% dos casos. Quando é inferior, há probabilidade e não uma certeza. - HCG é um hormônio gonadotrófico, uma glicoproteína que previne involução do corpo lúteo, o principal sítio de produção da progesterona por 6-7 semanas. - Sua produção cresce exponencialmente após o início da gestação, dobrando a cada 72h no estágio inicial de prenhez. Por isso, é um marcador de atividade trofoblásticas. - Pico de HCG entre 8-10 semanas ou 12-14 semanas (divergência de literatura) - A molécula HCG é dividida em subunidade alfa (comum a hormônios FSH, LH, TSH) e subunidade beta (específica da gonadotrofina coriônica). - Sua dosagem pode ser obtida por testes biológico, imunológicos (produção de anticorpos contra HCG), radioimunológicos e ELISA. - Alguns fatores podem alterar os resultados: Falso +: uso de psicotrópicos, ACO, hipertireoidismo, fatores reumatoides, neoplasias produtoras de HCG. Falso -: urina de baixa densidade, duas duas primeiras semanas de atraso menstrual e no segundo trimestre. Diagnóstico Ultrassonográfico: ecografia obstétrica via transabdominal ou transvaginal - Se atraso menstrual for superior a 12 semanas, o diagnóstico de gravidez poderá ser feito pelo exame clínico e não precisa de TIG. Faz-se através de sinais clínicos, sintomas e do exame físico em gestações mais avançadas. Idade gestacional - 11 a 42% das idades gestacionais estimadas pela DUM são incorretas, pode-se oferecer à gestante a USG, que determina a idade gestacional e auxilia na detecção precoce de gestações múltiplas e de malformações fetais. - Idade: tempo entre o primeiro dia da última menstruação e a data da consulta atual. - Pode ser medida também pela altura uterina, quando DUM incerta ou por ecografia obstétrica. Altura uterina/aumento do volume uterino 8ª semana: útero o dobro do normal. Na 10ª, 3x o tamanho normal 12ª semana: ocupa toda a pelve, sendo palpável na sínfise púbica 16ª semana: no meio entre a sínfise púbica e cicatriz umbilical 20ª semana: útero atinge cicatriz umbilical 40ª semana: atinge o apêndice xifóide Data provável do parto - Feita pela regra de Nagele - Soma 7d ao dia da DUM e subtrai 3 meses da DUM (mês depois de março) ou acrescenta 9 (se antes de março) Sintomas de presunção da gravidez Náuseas e vômitos no 1º trimestre, pirose (azia) Aumento do volume e sensibilidade nas mamas Aumento da frequência urinária: acontece no começo por compressão vesical, depois diminui pelo crescimento do útero em direção a cavidade abdominal. No fim, aumenta pela compressão da bexiga. Percepção de movimentos fetais pela pcte Mudanças no apetite (desejos alimentares) Falta de ar e dificuldade para respirar: aumento do volume do útero por compressão pulmonar e por consequência da ansiedade da gestante. Lombalgia, cefaleia, sangramento nas gengivas Câimbras, tontura, fadiga, salivação excessiva Distensão abdominal e constipação: aumento da progesterona que reduz motilidade intestinal Sinais de presunção de gravidez Atraso menstrual (10-14 dias) EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 Mastalgia, pigmentação das aréolas, tubérculos de Montgomery, aparecimento de colostro e rede venosa visível Alterações na vulva e na vagina (coloração violácea) Alterações no muco cervical (mais muco e sem cristalização e padrão arboriforme) Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmentação) Sinais de probabilidade Amolecimento da cérvice uterina, com aumento do seu volume Aumento do volume abdominal Paredes vaginais aumentadas, aumento da vascularização (pode haver pulsação da artéria vaginal) Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do 8º ou 9º dia após fertilização Sinais de certeza Presença de batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir das 12 semanas Percepção de movimentos fetais (18-20 semanas) USG: saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com 4-5 semanas de gestação e a atividade cardíaca é a primeira manifestação do embrião com 6 semanas de gestação. Consulta Pré-Natal - Passos para o pré-natal de qualidade na atenção básica: 1. Iniciar pré-natal da APS até 12ª semana de gestação 2. Garantir recursos necessários à atenção pré- natal 3. Acesso das gestantes aos exames realizados 4. Promover escuta da gestante e seus acompanhantes, com todos os aspectos 5. Transporte público para atendimento, quando necessário 6. Pré-natal do parceiro 7. Estimular e informar sobre benefícios do parto fisiológico 8. Acesso a unidade de referência, caso necessário 9. Mulheres devem conhecer e exercer seus direitos - Consultas deverão ser mensais até 28ª semana, quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanas no término. - Gravidez sem fatores de risco, segundo MS, pelo menos 6 consultas: uma no primeiro, duas no segundo e três no terceiro trimestre, não devendo ultrapassar 8 semanas de intervalo entre elas. Anamnese + exame físico COMPLETOS Exames complementares: - Se necessário, citopatológico do colo de útero, exame de secreção vaginal, parasitológico de fezes. - Se gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou história de anemia crônica, solicitar eletroforese de Hb. - Prescrever suplementação de sulfato ferroso (40mg de ferro elementar/dia) e ácido fólico (5mg/dia ou 400?) para profilaxia de anemia. - Em toda consulta, se atentar as queixas da gestante, fazer IMC para ver o ganho de peso, verificar PA. - Incentivar consumo de cereais na forma mais natural (integral) por oferecer mais fibra e auxiliar a regularizar o funcionamento intestinal. PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES - Ferro e folato: 40mg/dia de ferro elementar, mantida até 3 meses pós-parto. - Ácido fólico: protege contra defeitos abertos do tubo neural. Deve ser usado pelo menos 2 meses antes e 2 primeiros meses da gestação. - Vit B6: pode ajudar no esmalte dentário, mas não há evidências para indica-lo como suplemento. - Cálcio: para mulheres em risco de desenvolver HAS na gestação e nas que tem baixa ingesta. - Zinco: sem efeitos comprovados. - Proteínas: parece melhorar crescimento fetal e reduzir riscos de morte fetal e neonatal. Evidencias insuficientes para apontar outras vantagens. - Vit A: acontece na região nordeste e nos municípios de Minas Gerais, pois são consideradas áreas endêmicas da falta de vit A. a mãe no pós-parto recebe uma “super-dose”, garantindo reposição desses níveis no corpo dela e do bebê. VACINAS 1. Vacina dupla do tipo adulto (difteria e tétano) 2. Vacina contra influenza 3. Vacina contra hepatite B: após 1º trimestre Hemograma Tipagem sanguínea Fator Rh, se -, Coombs Glicemia em jejum Exame de urina e urocultura Teste rápido sífilis, VDRL Teste rápido anti-HIV Anti-HIV Toxoplasmose IgG e IgM HBsAg EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 4. Vacina contra raiva, caso ñ puder evitar situação de possível exposição 5. Vacina contra febre amarela: não deve, apenas se for/estiver em local de risco EXERCÍCIOFÍSICO - Recomenda-se 30 minutos, de 5-7d por semana. - Previne ganho excessivo de peso, além de reduzir riscos de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e partos cesarianas. Diabetes mellitus gestacional – artigo Uptodate - A gravidez é acompanhada por resistência à insulina, por secreção de hormônios diabetogênico. Essas alterações garantem ao feto um suprimento de nutrientes. - DM se desenvolve em gestantes cuja função pancreática é insuficiente para superar a resistência à insulina. - Há um aumento do risco de pré-eclâmpsia, RN grande para a idade, parto cesáreo e suas morbidades. Exame: teste de tolerância à glicose (oral). Pcte bebe solução de glicose e depois coleta o sangue. Pode ser feito direto ou então com jejum antes. - Feito entre 24 e 28 semanas de gravidez, podendo ser feto antes se suspeita ou fatores de risco. Hemoglobina glicada (HbA1C): pode rastrear diabetes não diagnosticada anteriormente. Artigo UptoDate: diabetes mellitus gestacional: rastreamento, diagnóstico e prevenção Modificações fisiológicas na gestação - A adaptação é normal para que ocorra uma gravidez normal, mesmo que muitas vezes essas modificações possam provocar algum desconforto para a gestante. - Algumas alterações podem ser minimizadas com medidas posturais simples, no comportamento ou estilo de vida, uso de medicações ou profissional que oriente a gestante. - A maioria das alterações fisiológicas na gestação é resolvida quase toda após o final da gravidez, sem trazer prejuízo para a mulher. Aparelho genital e mamas ÚTERO - Começam no 1º trimestre mas acontece durante toda a gestação. - No final da gravidez, ele pode ser sua capacidade volumétrica aumentada 500-1000x e a presença do feto e anexos responde pelo desenvolvimento do útero. - No início da gravidez, a parede do útero fica mais espessa, sofre afinamento, chegando a 1,5cm (após 37 semanas). - O aumento uterino não é simétrico, mais pronunciado na região fúndica do órgão e onde há desenvolvimento placentário. No começo, o útero é intrapélvico e piriforme. Na 12ª semana, ganha cavidade abdominal e é palpado acima da sínfise púbica. Entre 18 e 20 semanas, o útero fica globoso, assumindo forma ovóide após 20ª semana, sendo palpado próximo à cicatriz umbilical. Na gravidez a termo, útero tangenciando o apêndice xifoide. Esse aumento promove uma discreta rotação do órgão para a direita. COLO UTERINO - Há uma ectopia fisiológica, com hiperplasia e hipertrofia das glândulas cervicais que alteram o colo com uma eversão do epitélio colunar que fica friável e sangrante ao menor traumatismo. - O muco cervical torna-se mais espesso e viscoso e não se cristaliza quando desidratado. - O aumento dos níveis de progesterona determina a diminuição das concentrações de sódio nas secreções cervicais levando o muco ao padrão arboriforme. - O canal cervical é obstruído por tampão mucoso, expelido nos dias que antecedem o parto em decorrência do afinamento e do encurtamento observados no colo. TUBAS - Há aumento da vascularização e hipertrofia das camadas musculares da tuba. - Sua localização é alterada pelo crescimento do útero, que se desloca em direção à cavidade abdominal. - Há diminuição da motilidade por ação da progesterona. OVÁRIOS - A maturação de folículos novo cessa e o corpo lúteo mantém-se funcionante por estímulo do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG), produzido pelo sincíciotrofoblasto e responde pela grande produção de progesterona observada nas primeiras 6 ou 7 semanas de gravidez, ajudando na manutenção da gestação até o completo funcionamento placentário. VAGINA - Aumenta seu comprimento e largura. As fibras do colágeno ficam separadas, afrouxando tecido conjuntivo. Modificações na musculatura do períneo e assoalho pélvico. - Secreção vaginal pode estar aumentada pelo aumento da vascularização e a maior atividade glandular e assume aspecto leitoso por conter grande quantidade de células epiteliais descamadas. - O ph vaginal é mais ácido em decorrência da ação dos lactobacilos sobre o glicogênio acumulado na parede da vagina. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - Com a evolução da gravidez, observam-se células da camada intermediária e os núcleos desprovidos de citoplasma. VULVA - Coloração violácea. Os grandes e pequenos lábios e o meato uretral se hipertrofiam. - As ninfas tornam-se túrgidas e proeminentes. O tegumento perineal adquire intensa pigmentação. MAMAS - A partir das 5 ou 6 semanas, as mamas aumentam de volume e tornam-se dolorosas e túrgidas, causando mastalgia. - Hiperplasia dos elementos glandulares com proliferação dos canais galactóforos e ramificações dos ductos mamários. - Há surgimento de veias logo abaixo da pele (Haller) e aumento da pigmentação dos mamilos. - No 2º trimestre da gestação, a progesterona, estrogênios e a prolactina provocam a expansão dos alvéolos a partir da árvore ductal. - Há a hipersegmentação da auréola primária, aparecimento da auréola secundária (sinal Hunter) e hipertrofia das glândulas sebáceas periareolares. - Após os primeiros meses de gestação, pode-se observar a formação do colostro. Com o crescimento exagerado da mama, surgem as estrias gravídicas, provavelmente uma consequência do estiramento das fibras de colágeno e hiperdistensão da pele. Componentes hematológicos VOLUME PLASMÁTICO - Cresce de 40-50% no 2º trimestre, atingindo valores máximos em torno de 30-34 semanas. - Aumento decorre da ação da aldosterona e outros hormônios, levando a hipervolemia e diminuição da viscosidade sanguínea. - É uma resposta às demandas do útero e compensa a queda do retorno venoso por compressão da VCI. HEMÁCIAS - Aumenta 20-30%, refletindo aumento da demanda oxigênio materno-fetal. Aumenta EPO (reticulocitose após 20 semanas). - Aumenta volume plasmático, mas não muito a massa, por isso, hematócrito cai. (Anemia fisiológica da gestação) - Aumento das necessidades de ferro durante gestação e se não repor, há anemia. Suplementação 30-60mg por dia no 2º e 3º trimestre da gestação e lactação. - Volume globular, Ht e Hb retornam aos níveis normais em +- 6 semanas após o parto. LEUCÓCITOS - Leucocitose 2º e 3º trimestre. Após 38 semanas, leuc decresce. - Após 2º trimestre, aumenta suscetibilidade a processos infecciosos e uma supressão da imunidade humoral e celular. - Respostas cutâneas e anticorpos estão diminuídas, bem como processos celulares de inflamação. PLAQUETAS: inalterada COAGULAÇÃO - Aumento de fatores como 7, 8, 9 e FVW, fibrinogênio e pró-coagulantes. - Atividade fibrinolítica baixa, voltando 24h após sair placenta. - Tempo de coagulação, antitrombina, fator 5 e prot C não alteram. - Essas modificações ajudam a combater risco de hemorragia na dequitação da placenta. Porém, produz vulnerabilidade à coagulação intravascular, podendo ir de tromboembolia até hemorragia. Fatores hemodinâmicos - Diafragma eleva e desloca coração para esquerda e para cima e o ápice é movido lateralmente. DÉBITO CARDÍACO - Diminuição da PA e RVP, cresce volume sanguíneo, peso e metabolismo. Após 10 ou 12 semanas, DC aumenta, com máximo em 20-24 semanas, ficando constante até o fim. - No fim, DC é maior com pcte em decúbito lateral E, pois em supina, o útero de maior tamanho comprime VCI e dificulta retorno venoso. PA PA = DC x RVP Pressão venosa: aumenta devido a dificuldade do retorno venoso pela compressão das Vv pélvica e VCI. - Por isso, há edema de MMII, varicosidades vulvares e hemorroidas, iniciando no 2º trimestre e frequente na gestação avançada. Hipotensão supina: em posição supina dificulta retorno venoso, reduz DC e provoca queda da PAS. Sistema gastrintestinal Boca: gengivite gravídica (edema e sangramento) é consequência dasaturação gestacional por estrogênio, progesterona e hCG. ESTÔMAGO E ESÔFAGO - Crescimento uterino desloca o estômago, elevando seu fundo e provocando uma leve dextrorrotação. Aumento da progesterona e diminuição da Motilina são fatores bioquímicos que retardam o esvaziamento gástrico. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Isso + redução do tônus esfíncter esofagiano inferior e diminuição das ondas peristálticas do esôfago facilitam o surgimento de pirose e refluxo gastroesofágico. Pode haver hiperêmese gravídica, que se não tratada pode levar a morbidade. INTESTINO DELGADO E GROSSO - Progesterona provoca hipotonia na musculatura lisa e junto com a compressão das estruturas abdominais, retarda o trânsito intestinal. - Pode haver ressecamento de fezes e constipação (último trimestre). Hemorroida pode surgir decorrente da constipação. - Relações anatômicas dos intestinos se alteram pela ocupação da cavidade abdominal pelo útero. FÍGADO: normal? VESÍCULA BILIAR - Esvaziamento lento por hipotonia muscular (progesterona), provocando estase biliar, favorecendo formação de cálculos de colesterol. PÂNCREAS - Pode sofrer hiperplasia das células beta das ilhotas de Langerhans, em resposta ao bloqueio da insulina por estrogênio e HPL. Isso aumenta insulina plasmática libre e facilita as necessidades fetais de carboidratos. Sistema urinário RINS: aumento de volume dos rins por hipertrofia. Há aumento da vascularização e diminuição da resistência vascular, com crescimento do fluxo e da TFG, que pode levar a aparecimento de glicosúria, proteinúria, hipercalcinúria, perda de nutrientes, diminuição na ureia, diminui [ ] de creatinina. Se hematúria, investigar. URETERES: relaxa musculatura lisa pela progesterona que causa hipotonia. Essa, junto com compressão ou obstrução do crescimento uterino e congestão do plexo venoso do ovário, pode levar a hidronefrose e dilatação dos ureteres. BEXIGA: altera sua posição, sendo rechaçada para frente em direção à cavidade abdominal. Isso provoca polaciúria na gestante. Sua mucosa está espessada e com aspecto tortuoso. Metabolismo Ganho ponderal: atribuído ao útero e seu conteúdo, crescimento das mamas, volume sanguíneo e líquido extravascular, alterações metabólicas e deposição de proteínas e gorduras nos tecidos maternos para formar as reservas. Metabolismo hídrico: retenção de água com a queda da osmolaridade. Edema de MMII por aumento da pressão venosa. Metabolismo proteico: aumento da demanda por causa do feto. Metabolismo dos carboidratos: metabolismo de glicose alterado pelo aumento de estrogênio e progesterona que estimulam secreção de insulina e melhoram uso de glicose. - Na 2ª metade da gestação, hormônios contrainsulinares crescem, aumentam ácido graxo livre e poupam glicose. Há supressão de resposta ao glucagon e redução do consumo periférico, levando ao estado diabetogênico da grávida. Metabolismo lipídico: colesterol pode crescer 50% e TGR pode triplicar. LDL com níveis maiores na 36ª semana de gestação, pela progesterona e estradiol sobre o fígado. Metabolismo eletrolítico Sódio: retenção de sódio leva ao crescimento do feto, aumento do liquido amniótico e expansão do LEC. O aumento da TFG, ação da progesterona na vasodilatação podem aumentar excreção de sódio. Cálcio e magnésio: diminuem durante a gravidez. Sua absorção intestinal dobra pela necessidade fetal de cálcio. Excreção também aumenta, eliminando excesso de cálcio sérico. Ferro: aumento da necessidade pelo feto e pela mãe. Iodo: diminuídos por aumento da demanda fetal. Para absorver mais, a tireoide da grávida depura 2x o volume sanguíneo habitual para manter captação normal adequada. Metabolismo das vitaminas: diminuição de todas as vitaminas, exigindo reforço. - Carência de vitamina A pode causar defeitos na embriogênese. Deficiência de ácido fólico pode levar a distúrbios no crescimento fetal e produzir malformações no fechamento do tubo neural. Equilíbrio acidobásico: alcalose respiratória por hiperventilação. Rim aumenta excreção de bicarbonato, provoca queda de ph, aumenta afinidade da Hb materna pelo oxigênio (efeito Bohr). Sistema respiratório - Progesterona age na VAS, aumenta secreção, podendo levar a congestão nasal. Estimula centros respiratórios cerebrais. - Dispneia pode ocorrer pela resposta inadequada da musculatura da expansão pulmonar. Sistema endócrino Hipófise: aumenta 2-3x o tamanho. Níveis de LH, FSH e GH estão baixos, prolactina aumenta chegando ao máximo no momento do parto. - Prolactina vai diminuindo em pulso que é o estímulo de sucção mamilar ocorrido na amamentação. Esta na gestação vai aumentar n° de receptores de estrogênio e prolactina, aumentar células glandulares, incentivar produção de outras substâncias. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 Tireoide: aumento enquanto a [ ] de iodo diminui. Aumento da [ ] de estrogênio reduz hormônios livres da tireoide e estimula eixo HHT. - TSH reduzida no 1º trimestre, pois o hcg estimula liberação de T3 e T4. Paratireoide: calcitonina aumenta provavelmente pela produção placentária, tireoideana e mamária deste. Suprarrenais Cortisol: não aumenta produção, diminui depuração. ACTH aumenta com progresso da gestação. Aldosterona: depois de 16 semanas, aumenta, estimulada pela redução da RVP e PA. Desoxicorticosterona: aumenta, vindo da conversão da progesterona de lugares como rim, pelve e vaso sanguíneo. Sistema articular Postura e marcha - Com o peso adicional da gravidez, há uma desestabilização do equilíbrio materno ao colocar o centro de gravidade para frente. Por isso, para corrigir o eixo corporal, a gestante irá assumir uma atitude involuntária de lordose lombar, posicionando o tórax para trás. - Além disso, a gestante amplia a sua base de sustentação, afastando um pé do outro. Isso promove mudanças em sua marcha: andar oscilante com passos curtos e lentos, base de sustentação alargada e maior ângulo dos pés. Marcha típica chamada: Anserina. - Essas alterações promovem espasmos musculares intervertebrais e diminui os espaços entre as vértebras, gerando compressões radiculares e lombalgia. Sistema articular - A gravidez provoca relaxamento dos ligamentos do sistema articular, acometendo todas as articulações do organismo materno. - Nota-se maior mobilidade das articulações sacroilíacas e do pube. - Disjunção fisiológica da sínfise retorna ao normal após 3-5 meses do parto. - Estrogênio aumento a vascularização e hidratação do tecido conectivo dos ligamentos articulares. - Progesterona e relaxina diminuem o tônus da musculatura responsável pela estabilização dessas articulações. Pele e cabelo Acne e queda de cabelo: hipersecreção de glândulas sebáceas decorrentes da progesterona deixam a pele oleosa, facilitando queda capilar e acne. Alterações pigmentares: aumento de estrogênio e progesterona leva a hipertrofia do lobo intermediário hipófise. Alteração aumenta de acordo com a exposição ao sol. Local mais escuto pode ter pigmentação mais escura. Linha nigra: pigmentação preto-acastanhado na linha média do abdome que resulta da ação sobre os melanócito estimulados. Cloasma: mancha acastanhada na face. Alterações atróficas ESTRIAS GRAVÍDICAS - Alterações atróficas por estiramento de fibras colágenas, com diminuição da hidratação e estiramento da pele. - Incidem em abdome, glúteos, mamas e coxas. - Na gestação são avermelhadas e após o parto são brancacentas. Em multíparas, há linhas de tonalidade prata, vindas de cicatrizes de gestações anteriores. ALTERAÇÕES VASCULARES - Consequência da vasodilatação imposta pelo perfil hormonal da gestação. ARANHAS VASCULARES ou Teleangiectasia ou Angioma - Surgem em toda superfície palmar como uma vermelhidãodifusa, na região tenar e hipotênar. - São encontradas em até 70% das gestantes, independentemente da etnia. Na maioria, desaparece após gravidez. ERITEMA PALMAR - Vasos pequenos que se ramificam de um corpo central. Aparecem como pequenas elevações vermelhas na pele, principalmente na face, pescoço, parte superior do tórax e braços. - Surge em 60% das mulheres brancas e em 10% das afro-americanas durante a gravidez. Desaparece na maioria depois da gravidez. VARIZES - Atonia dos vasos e aumento da pressão intravascular pelo aumento da circulação de retorno fazem surgir varizes em MMII e região perineal. Sentidos VISÃO - Acuidade visual pode estar comprometida por edema ou opacificação da córnea durante gestação. - Pressão ocular pode estar diminuída por aumento de reabsorção do humor aquoso. OLFATO - Epistaxe é uma queixa frequente de grávida e decorre do aumento da vascularização e espessamento da mucosa nasal ou ação dos estrogênios e da progesterona. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 - A rinite vasomotora com obstrução nasal, acompanhada de hiposmia ou anosmia é também um acontecimento comum. AUDIÇÃO - Algumas tem zumbidos e vertigens por alterações circulatórias. - Outras tem diminuição da acuidade visual, principalmente para tons altos, decorrente de hiperemia na tuba uterina. TATO - Parestesia das extremidades são comuns, com alterações vasomotoras e deficiências metabólicas. PALADAR - Perversão (alimentos ou substancias exóticas), mudanças qualitativas dos hábitos alimentares e baixa sensibilidade gustativa não são incomuns. - Gestantes preferem degustar alimentos de sabor marcante, mais doces, salgados, ácidos ou amargos.
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