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SEMIOLOGIA DA GRAVIDEZ: DIAGNÓSTICO, DURAÇÃO, SINAIS E SINTOMAS ACOLHIMENTO Se expressa na relação entre o profissional de saúde e o usuário. Permite a expressão da gestante de suas preocupações, angústias, crenças. Considerar e orientar o acompanhante. Garantir a privacidade e a confidencialidade das informações. É o componente 1 da Rede Cegonha: acolhimento e classificação de risco, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal. DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ >> Objetivos: Início precoce do pré-natal Melhoria dos resultados maternos e perinatais >> Diagnóstico clínico Anamneses Inspeção Palpação Toque vaginal (não é realizado em todos os casos, por ser tão invasivo) Ausculta >> Diagnóstico laboratorial TIG (urinário) Β-HCG plasmático >> Diagnóstico ultrassonográfico Transdutor abdominal Transdutor transvaginal O diagnóstico da gravidez pode ser efetuado em 90% das pacientes por intermédio dos sinais clínicos, sintomas e do exame físico em gestações mais avançadas. Diagnóstico Clínico >> Sinais de presunção: por parte da paciente, ela presume que está grávida. A começar pela ausência da menstruação ou algum desconforto ou sensibilidade. Sinais de Presunção (inespecíficos): são subjetivos. São sinais menos prováveis de uma gravidez, pois podem ser provocados por outros motivos que não uma gestação. Eles são sentidos e relatados pela mulher. 1. Amenorreia (4 semanas): sinal mais precoce. 2. Fadiga (12 semanas): pode estar relacionado à progesterona. 3. Náuseas e vômitos (4 a 12 semanas): aumento do HCG, redução da motilidade gástrica e alterações metabólicas. 4. Aumento da sensibilidade mamária: mamas congestas e doloridas (5 semanas) devido a alterações hormonais, aumento do tecido glandular e dos ductos secretores; aréola primária mais pigmentada e com tubérculos de Montgomery (8 semanas), produção de colostro e aumento da rede venosa de Haller (16 semanas – vasos azulados nos seios), aréola secundária mais pigmentada e com limites imprecisos no sinal de Hunter (20 semanas). 5. Linha nigra: hormonal 6. Polaciúria (6 a 12 semanas): o útero em crescimento comprime a bexiga. 7. Hiperpigmentação da pele (16 semanas): altos níveis de hormônios que estimulam o estrogênio e os melanócitos. >> Sinais de probabilidade: por parte do profissional de saúde. Sinais de probabilidade (específicos): são objetivos. São sinais muito sugestivos de gravidez, podem ser detectados no exame físico realizado por um profissional. 1. Aumento do volume e crescimento uterino (6 semanas): intrapélvico. 6s-tangerina, 10s-laranja, 12s-palpável acima da sínfise púbica. 2. Alteração da consistência uterina (8 semanas): sem feto - firme, grávido - consistência cística, elástico, pastoso (principalmente no istmo) - sinal de Hegar. Sinal de Goodell – amolecimento do colo do útero, que quando não gravídico é duro, como a ponta do nariz. 3. Alteração da forma uterina (8 semanas): crescimento assimétrico do útero, mais evidente na zona de implantação. Abaulamento e amolecimento, sulco separando as duas pregas - sinal de Piskacek. 4. Aumento do batimento da artéria uterina: sinal de Osiander. 5. Alteração da mucosa do vestíbulo e meato uretral - sinal de Jacquemier, escurecimento da vulva - sinal de Chadwick. 6. Amolecimento e tonalidade da mucosa vaginal - sinal de Kluge. 7. Contrações de Braxton Hicks: devido ao crescimento uterino. 8. Região globosa no Fundo de Saco de Douglas - sinal de Nobile Budin. >> Sinais de certeza: por parte do profissional de saúde Sinais de certeza (definitivos): são positivos e exclusivos para gravidez. 1. Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF) (12 semanas): depois da 12ª semana utiliza-se o sonar Doppler. A partir da 20ª semana utiliza-se o estetoscópio de Pinard. 2. Percepção dos movimentos fetais ativos (18 semanas). 3. Rechaço intrauterino - sinal de Puzos. O examinador toca o colo do útero, sentindo o choque do feto quando impulsionado. Depois de impulsionado, o feto volta a ocupar sua posição na cavidade uterina. 4. Visualização do feto por ultrassonografia transversal (5 semanas). No 1º trimestre confirma-se o diagnóstico, a idade gestacional e detecta patologias obstétricas. No 2º trimestre visualiza estruturas do feto, investiga o sexo, diagnostica mal-formações e averigua a implantação placentária. No 3º trimestre acompanha o desenvolvimento fetal, determina a posição do feto e avalia o volume de líquido amniótico. Diagnóstico Bioquímico É o recurso mais precoce de detecção de gravidez, podendo inclusive prevenir gravidez ectópica. FPG - Fator precoce de gestação: proteína imunossupressora presente no organismo materno na primeira semana de desenvolvimento fetal. É produzido pelo ovário de 24 a 48h após a fertilização. Depois de implantado, o blastocisto passa a secretá-lo. HCG - Gonadotrofina coriônica humana: secretado pelo trofoblasto 1semana após a fertilização (8 a 11 dias após a concepção). Pode ser detectado no soro materno a partir do oitavo dia da fertilização e na urina TIG concentrada quando atraso menstrual de 14 dias (26 dias após a concepção). Aumenta até a 8ª semana. Pico entre 60 e 90 dias. Depois do diagnóstico confirmado, o enfermeiro deve garantir a assistência integral, agendar o pré-natal e cadastrar a gestante no SISPRENATAL (promoção, prevenção e assistência a gestantes e recém-nascidos). Dessa forma, busca-se reduzir a morbimortalidade materna, perinatal e neonatal, garantir a assistência pré-natal, no parto e no puerpério, avaliar as ações desenvolvidas. Diagnóstico Ultrassonográfico Ideal: 11 e 13s6d para determinar mais precisamente o tempo de gestação (IG). Mas com 4 semanas já se identifica o saco gestacional. BCF: a partir de 6 semanas. Após 11 e 13s6d, IG pelo diâmetro biparietal. No 1º semestre, usar a DUM se a diferença for de até 7 dias. Quanto mais precoce o diagnóstico da gravidez, maior a proximidade da IG correta. Translucência Nucal: 11 e 14s (<2,5mm = normal). US Morfológico: 18 e 22s. Doppler das artérias da placenta: 24s. Importante para prevenção da eclampsia. Não há benefícios da US de rotina em gestações de baixo risco após 24s. CONCEITO E DURAÇÃO Trabalhamos com o conceito de 40s (+ ou – 10 dias). DPP: data estimada para o parto ocorrer >> Cálculo da IG e da DPP DUM conhecida Número de dias entre a DUM e consulta / 7 Gestograma DUM desconhecida com período do mês conhecido Início do mês: 05/mês Meio do mês: 15/mês Final do mês: 25/mês DUM desconhecida com período do mês desconhecido US Início dos movimentos fetais: 16ª a 20ª semana Medida da altura uterina (AU) a partir da 12ª semana (sínfise púbica) Dados da gestação atual: 280 dias = 40 semanas completas. Para saber quando o bebê vai nascer, acrescenta-se à DUM 7 dias + 9 meses. Para saber a IG, verifica-se a DUM e calcula-se quantos dias se passaram até a consulta. Esse número será dividido por 7 para saber o número de semanas. *Aumento do volume uterino: Até 6 semanas: sem alteração 8s: 2x normal 10s: 3x normal 12s: palpável na sínfise púbica 16s: metade entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical 18 a 34s: AU = IG (a AU ajuda a determinar se o crescimento fetal está proporcional a sua IG) *Doppler: identificação do pulso fetal desde 10 a 12 semanas MODIFICAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO Durante a gravidez, o organismo da mulher deve se adaptar ao bebê em desenvolvimento. Essas adaptações anatômicas e bioquímicas ocorrem como uma reação orgânica ao feto, às cargas hormonais e à ação mecânica desencadeada pelo útero gravídico. Essas modificações são normais no estado gravídico e, além de promover o desenvolvimentofetal adequado, protegem o funcionamento fisiológico da mulher, deixando seu organismo em equilíbrio. Embora seja um fenômeno normal, pode haver incômodos e até problemas. O papel do enfermeiro é orientar a mulher e o parceiro sobre o desenvolvimento fetal, sobre as mudanças fisiológicas normais da gravidez, tranquilizar a gestante e promover a escuta e assistência humanizada. SISTEMA GENITAL >> Útero Tamanho 20x maior do que antes da gravidez Hipertrofia e hiperplasia (ação do estrogênio e progesterona) De forma piriforme a globosa/ovoide Dextroverso e anteversoflexão (responsável pela polaciúria). O fígado é empurrado para cima, o estômago é comprimido assim como a bexiga Vasos sanguíneos alongam-se, tornam-se mais calibrosos, dilatam-se e formam-se novas ramificações Contratilidade aumentada: espontâneas, irregulares e indolores – Braxton Hicks Na 20ª semana, o fundo do útero encontra-se no nível do umbigo Conforme a gestação avança, 80 a 90% do fluxo sanguíneo uterino vão para a placenta e o restante é distribuído entre endométrio e miométrio Muda a consistência, o volume, peso, forma, posição e coloração. Aumenta a sensibilidade a estímulos nervosos e hormonais. Impede a interrupção prematura da gravidez e pode, na hora do parto, transformar sua capacidade de retenção em um motor expulsivo. O útero produz prostaglandina e prolactina, amolece no local de implantação do embrião, aumenta de tamanho durante o desenvolvimento do concepto e tem a capacidade de involuir ao seu tamanho original poucas semanas após o parto. A parede do útero se torna mais fina ao longo da gestação devido ao estiramento das fibras musculares. No 1º trimestre, o crescimento uterino é estimulado por estrogênio e progesterona. Aumenta a vascularização, os vasos se dilatam, ocorre desenvolvimento do endométrio. No 2º semestre, o útero se torna esférico e globular, progredindo para uma forma ovoide devido ao alongamento das fibras depois de uma hipertrofia. Isso influencia no tipo e grau de aumento de volume abdominal. Varia de acordo com a altura, peso, multiparidade e postura da mãe. Aproximadamente na 12ª semana (início do 2º trimestre), o útero extrapola os limites pélvicos e atinge o abdome. Com o crescimento mês a mês, ele ocupa a porção anterior da cavidade abdominal e se desloca levemente para a direita pelas estruturas abdominais (cólon retosigmoide, principalmente). O aumento do volume uterino comprime a bexiga, favorecendo a polaciúria. Aumenta o fluxo uteroplacentário visando favorecer as demandas de oxigênio e nutrientes do feto. Este aumento de fluxo e linfa causa a congestão pélvica e edema, provocando o amolecimento do útero, cérvix e istmo (sinal de Hegar). O colo do útero também sofre amolecimento e cianose (sinal de Godell), além de possuir glândulas que secretam um muco que obstrui o canal cervical, formando um tampão. Após a 20ª semana, iniciam-se contrações uterinas indolores, irregulares que vão se tornando mais definidas após a 28ª semana. Os ovários cessam a ovulação no período de gravidez. Mas o corpo lúteo que se formou antes da nidação se mantém nas primeiras 10 semanas, produzindo progesterona, até que se forme a placenta (10-12 semanas) que exercerá essa função. Ocorre a JEC (junção escamo-colunar) que é a união do epitélio cilíndrico simples endocervical e o epitélio escamoso ectocervical. A presença do feto provoca rebote que pode ser sentido entre a 14ª e a 18ª semana. >> Colo do útero Entre a 6ª e 8ª semana, o colo começa a amolecer (sinal de Goodell) devido à vasocongestão Torna-se macio, encurtado e elástico. O canal torna-se tamponado com muco sob influência da progesterona (tampão mucoso) Eversão das glândulas endocervicais colunares em processo de proliferação O aumento da vascularização do colo do útero provoca o sinal de Kluge (coloração de rosada a vermelho ou violácea na vagina e colo) O amadurecimento do colo do útero (amolecimento, apagamento e aumento da distensibilidade) começa cerca de 4s antes do parto Alterações mediadas pela inflamação, estiramento do colo, compressão pela apresentação fetal e liberação de hormônios (ocitocina, relaxina, óxido nítrico e prostaglandinas) >> Vagina e períneo Aumento da vascularização e hiperemia na pele e músculos do períneo e da vulva Afrouxamento do tecido conjuntivo abundante e hipertrofia das células musculares lisas Secreções cervicais vaginais aumentadas, espessas e de cor branco. Tendência à candidíase, devido à maior acidez pH entre 3,5 e 6 – produção de ácido láctico a partir do glicogênio do epitélio vaginal Ocorre um amolecimento. A vulva se torna mais arroxeada e a porção mais inferior da vagina deixa de ser rosada e fica bem avermelhada. Os hormônios gestacionais preparam a vagina para o seu alongamento no parto e ocorre espessamento da mucosa vaginal. A estimulação cervical pelo estrógeno e progesterona provoca leucorreia. E há presença do opérculo (muco seco que enche o canal cercival). Aumenta a vulnerabilidade à infecções vaginais, pois o ácido lático vaginal diminui o pH. A vagina se torna mais sensível. A congestão vascular, as paredes relaxadas dos vasos e o aumento do peso uterino podem ocasionar edema e varizes na vulva. As estruturas externas do períneo aumentam devido à maior vascularização, hipertrofia do corpo perineal e deposição de gordura. >> Ovários Aumento da irrigação sanguínea, fazendo com que eles se hipertrofiem, aproximadamente da 12ª a 14ª semana A ovulação cessa durante a gestação por causa dos níveis elevados de estrogênio e progesterona, que bloqueiam a secreção de FSH e LH pela adeno-hipófise. Até a 7ª/12ª semana, o corpo lúteo mantido pelo HCG produz o estrogênio e a progesterona, depois disso o corpo lúteo regride a placenta assume essa função de produção de progesterona Os ovários são muito ativos na produção hormonal para sustentar a gestação até a 7 – 12 semana >> Mamas Tornam-se mais volumosas sob influência do estrogênio e progesterona Vascularização aumentada e veias visíveis sob a pele (rede de Haller) Pigmentação profunda nos mamilos e aréolas (sinal de Hunter), glândulas sebáceas mais proeminentes (tubérculos de Montgomery) Com o aumento de estrogênio e progesterona, aumenta a sensibilidade, formigamento e peso das mamas. Os mamilos e aréolas se tornam mais pigmentados, ocorre formação de aréola secundária e os mamilos ficam mais eréteis. Aparecem os tubérculos de Montgomery (glândulas sebáceas). Por causa da hipertrofia alveolar mamária, os vasos subcutâneos se tornam mais visíveis. Podem aparecer estrias gravídicas. A lactação é inibida até a queda do estrogênio. Mas há presença de colostro a partir da 18ª semana. SISTEMA GASTROINTESTINAL Estômago e intestinos sofrem pressão e deslocamento pelo útero Gengivas tornam-se hiperemiadas, tumefeitas e friáveis, devido aos efeitos do estrogênio e maior proliferação de vasos sanguíneos na boca – denominado Epúlide da gravidez (sangramento facilitado) Ptialismo, que pode ser causada pela redução na deglutição inconsciente pela mulher quando ela está com náuseas Progesterona favorece o relaxamento da musculatura lisa, diminuindo a peristalse Pirose pelo refluxo de secreções ácidas no esôfago Predisposição a constipação e hemorroidas O tempo de esvaziamento da vesícula biliar é prolongado em decorrência do relaxamento da musculatura lisa, induzido pela progesterona A gestante tende a repousar mais para conservar energia e melhorar a nutrição fetal. As náuseas do início da gestação ocorrem devido ao HCG e melhoram quando a concentração do hormônio diminui. Ao longo da gestação, pode ocorrer em decorrência da alteração do olfato (parosmia). Ocorre ptialismo (salivação em excesso). Os dentes egengiva podem se alterar pela falta de cálcio, que é mobilizado para o desenvolvimento ósseo do bebê. O aumento da pressão abdominal, deslocamento do estômago e redução do tônus do esfíncter esofágico podem provocar azia. O esvaziamento gástrico fica mais lento e ocorre uma reabsorção de água maior, podendo levar à constipação. A pressão nas veias abaixo do nível do útero pode provocar hemorroidas. SISTEMA CARDIOVASCULAR Deslocamento do coração e rotação em seu eixo Volume sanguíneo aumenta em aproximadamente 50% acima dos níveis em não gestantes, até a 30ª semana. O aumento é constituído por 1000mL de plasma mais 450mL de hemácias – anemia fisiológica O DC aumenta com 5s, de 30 a 50% na 32ª semana e declina até 20% na 40ª semana Redução da RVP devido à progesterona A FC aumenta em 10 – 15 bpm entre a 14ª e a 20ª semana e persiste até o termo Síndrome da hipotensão supina: compressão da veia cava pelo útero. CORREÇÃO: decúbito lateral esquerdo Síndrome da hipotensão postural: compressão e descompressão súbita da veia caba. CORREÇÃO: movimentos mais lentos Ocorre hipertrofia cardíaca e aumento do débito cardíaco, proporcional ao peso, altura, multiparidade da mãe e se a gestação é feto único ou gemelar. O DC é muito sensível a alterações posturais, devido à compressão da veia cava inferior pelo útero, reduzindo o retorno venoso. A hipervolemia na gravidez vai suprir a demanda de um útero aumentado e ainda proteger a mãe, já que no parto ela perderá sangue. O pulso aumenta cerca de 10 a 15 bpm. A PA aumenta no 2º trimestre devido a mudanças hormonais. Aumenta o volume de plasma e de eritrócitos como mecanismo protetor. Entretanto, a expansão de plasma antecede a de eritrócitos, provocando uma anemia fisiológica. A anemia megaloblástica ocorre pelo déficit de ácido fólico, por isso a suplementação. Os leucócitos também aumentam, em especial no 3º semestre. A anemia ferropriva na gestação é decorrente do aumento de volume plasmático e da demanda de ferro para o desenvolvimento do feto. SISTEMA RESPIRATÓRIO O movimento do diafragma se eleva a 4cm, a circunferência torácica aumenta de 5 a 6cm A FR não se altera, mas permite um volume corrente maior e vpm aumentada Conversão da respiração de abdominal para torácica. Isso resulta em aumento de 50% no volume de ar por minuto Aumento da vascularidade do trato, influenciado pelos níveis de estrogênio (maior congestão nasal e sinusal, epistaxe, alterações no timbre e na voz) Aumento da exigência de oxigênio devido à aceleração do metabolismo e hipertrofia dos tecidos uterinos e mamários. Ocorre vasodilatação, edema da mucosa, congestão nasal e aumento das secreções. Os elevados níveis de estrógeno provocam o relaxamento da cadeia de costelas, permitindo maior expansão torácica, e aumento da vascularização do trato respiratório superior. Há maior movimento do diafragma e consequente aumento da frequência respiratória. O volume corrente aumenta com o progresso da gravidez e o volume de reserva diminui, uma vez que o diafragma se comprime com o crescimento do útero. A capacidade inspiratória aumenta ligeiramente e a expiratória diminui, para que aumente a concentração de oxigênio no sangue da mãe. A hiperventilação diminui a concentração de gás carbônico, facilitando as trocas feitas pela placenta. A progesterona aumenta a sensibilidade dos receptores do centro respiratório, diminuindo o dióxido de carbono. Estado de alcalose respiratória compensado por acidose metabólica leve. SISTEMA URINÁRIO Maior trabalho renal. Os rins trabalham para acomodar a sobrecarga de trabalho enquanto mantém estáveis o equilíbrio eletrolítico e PA O fluxo sanguíneo renal aumenta cerca de 50 a 80% em decorrência de maior DC A taxa de filtração glomerular aumenta em até 50% iniciando-se no 2º trimestre e se mantendo até o parto Rins hipertrofiados, aumentando de peso e tamanho por causa dos hormônios que aumentam a tonicidade e diminuição da motilidade da musculatura lisa (progesterona) Aumenta o peso e o comprimento do rim, devido à maior vascularização. A progesterona provoca dilatação dos ureteres e estase urinária, favorecendo infecções e fluxo urinário mais lento. Ocorre compressão da bexiga com o aumento do tamanho do útero e consequente polaciúria. O tônus da bexiga é reduzido. Os hormônios gestacionais, a hipervolemia, a postura da grávida e a ingesta nutricional favorecem o aumento do tempo de filtração glomerular e do fluxo de plasma. Na reabsorção tubular renal, há equilíbrio de sódio e água. O sódio adicional expende o volume de líquido para manter o estado isotônico. Por isso a sede excessiva no início da gestação. A retenção de líquido no fim da gestação gera um edema fisiológico, devido à redução do fluxo de sangue renal e tempo de filtração glomerular. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Por volta da 10ª a 12ª semana os ligamentos que mantém as articulações sacroilíacas, sacrococcígeas e a sínfise pubiana no lugar começam a amolecer e alongar para facilitar o momento do parto Lordose progressiva: pelo crescimento do útero, alteração do centro de gravidade. Orientar com relação ao controle do peso, atividades físicas, calçados adequados, descansos com as costas bem apoiadas e pernas elevadas Marcha anserina: pés afastados e passos mais lentos Lombalgia devido às alterações posturais na coluna lombar. O peso do bebê no útero desequilibra o centro de gravidade da mulher, deslocando-o mais para frente. Buscando corrigir seu eixo corporal, a gestante assume a postura involuntária de lordose lombar (tórax pra trás e barriga pra frente). Com o volume uterino aumentado, a lordose se acentua, o eixo da gravidade é deslocado para os membros inferiores e a mulher afasta ligeiramente os pés, modificando a marcha. Ao final da gestação, o desconforto postural se acentua e pode surgir dor na cervical devido à flexão mantida no pescoço. SISTEMA TEGUMENTAR Hiperpigmentação, principalmente nos mamilos, aréolas, umbigo, períneo e axilas devido ao estrogênio, progesterona e hormônio estimulador de melanócitos Melasma facial Linha nigra Estrias Hipertricose (crescimento acentuado dos cabelos – sinal de Halban), hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas podendo provocar acne Eritema palmar influenciado pelo estrogênio Alterações vasculares: varicosidades nas pernas, vulva e períneo em decorrência da pressão do útero sobre as veias pélvicas e inferiores. Atenuadas com auxílio de meias de compressão Hiperpigmentação devido ao aumento do hormônio estimulante de melanócitos por efeito de estrógeno e progesterona. Formam-se áreas mais escurecidas na linha nigra, perto do nariz e bochechas (cloasma). Crescimento do cabelo, das unhas e intensa atividade sudorípara. A pele abdominal fica distendida e provoca estrias gravídicas. Pode ocorrer distensão do músculo reto abdominal, ao ponto de separar-se e causar a diástase abdominal. As respostas alérgicas cutâneas são favorecidas. A pele fica mais oleosa e pode aparecer acne. Hirsutismo (aparecimento de pelos em lugares antes desprovidos deles) devido a alterações hormonais. ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS Hormônios placentários: Proteicos: HCG (manutenção do corpo lúteo para produzir progesterona até a formação da placenta) e HPL (lactogênio placentário humano – suprimento de nutrientes para o feto e auxílio no desenvolvimento das mamas) Esteroides: progesterona (preservação da gravidez; causa pirose, regurgitação e constipação) e estrogênio (hiperplasia e hipertrofia do músculo uterino, vasodilatação do miométrio e desenvolvimento das mamas) Relaxina: secretado pelo corpo lúteo e placenta, atua sinergicamente com a progesterona para manter a gestação, aumenta a flexibilidade da sínfise púbica, amolecimentodo colo do útero e facilita a entrada do feto no canal vaginal (pode suprimir a liberação de ocitocina pelo hipotálamo, retardando assim aparecimento de contrações no trabalho de parto) HCG: inicialmente, mantém o corpo lúteo íntegro para manter a produção de LH e consequentemente de progesterona para estimular o desenvolvimento do embrião. A partir da 12ª semana, esse hormônio começa a diminuir e desaparece no dia anterior ao parto. Ele reduz a contratilidade. Progesterona: responsável pela instalação e crescimento do feto na cavidade uterina. Ele impede a contração uterina porque inibe a produção de prostaglandinas e reduz a sensibilidade à ocitocina (evita a expulsão prematura do feto). O trabalho de parto se inicia com a queda de progesterona. Estrógeno: estimula o crescimento e desenvolvimento do miométrio, preparando-o para a contratilidade no parto. Estimula o desenvolvimento ductal mamário. Ele aumenta a contratilidade. Lactogênio placentário humano (HPL): atua no desenvolvimento da glândula mamária e estimula após o parto as glândulas a produzirem leite. Relaxina: no 1º trimestre atua como relaxante uterino para impedir o abortamento espontâneo. Nas fases finais da gestação, aumenta a flexibilidade da estrutura óssea e ligamentos pélvicos para a passagem do bebê no parto. ALTERAÇÕES EMOCIONAIS Medo e dúvidas Satisfação e insatisfação Ambivalência, introversão e aceitação Mudanças abruptas de humor Alteração da imagem corporal Progesterona: efeito depressor do SNC Elevação das catecolaminas, que desempenha papel regulador das emoções – depressão e euforia METABOLISMO BASAL Se eleva a partir do 4º mês. Reflete o aumento da demanda e consumo de oxigênio. A vasodilatação periférica e a aceleração da atividade das glândulas sudoríparas aumentam o calor dissipado. Presença de fadiga e maior necessidade de sono. SISTEMA NEUROLÓGICO Pode ocorrer hipocalcemia por mobilização do cálcio. Ocorre cefaleia tensional, tontura e síncope. PROPEDÊUTICA DA GRAVIDEZ ANAMNESE E EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO >> G_P_A_ G: número total de gestações, incluindo as que resultaram em parto, aborto, gravidez ectópica ou doença trofoblástica (GESTA) P: número de gestações cuja interrupção da gravidez ocorreu a partir de 22s (154 dias), com feto vivo ou morto. Uma gravidez múltipla corresponde a um parto (gemelar, trigemelar...) (PARA) A: interrupção da gestação antes que o produto conceptual tenha alcançado sua viabilidade (ABORTO) >> NOTAÇÃO OBSTÉTRICA Primigrávida ou primigesta (primeira gestação) Multigrávida ou multigesta (várias gerações) Multípara (pariu várias vezes) e primípara (pariu uma vez), secundípara (pariu duas vezes) Nulípara (nunca pariu) e nuligesta (nunca engravidou) ANAMNESE OBSTÉTRICA >> INSPEÇÃO E PALPAÇÃO Pele e mucosas Cabeça Pescoço e tireoide Glândula mamária – colostro a partir da 16ª semana Abdome Membros inferiores Aparelho genital externo Palpação obstétrica e medida da altura uterina (AU) Identifica o crescimento fetal, serve para diagnosticar os desvios da normalidade a partir da relação entre a altura uterina e idade gestacional, identifica a situação e apresentação fetal. São feitas a partir da 24ª semana. >> Manobras de Leopold Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa. Deslize as mãos do fundo do útero até o polo inferior do útero, procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto. Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito superior pélvico (usando o polegar e o indicador ou os 4 outros dedos). Determine a situação fetal, colocando as mãos sobre as fossas ilíacas, deslizando-as em direção à escava pélvica e abarcando o polo fetal, que se apresenta. As situações que podem ser encontradas são: longitudinal (apresentação cefálica e pélvica), transversa (apresentação córmica) e oblíquas. >> Medida da altura uterina (AU) Fazer apenas após a palpação pelas manobras de Leopold. Borda superior da sínfise púbica até o fundo uterino. >> Ausculta dos batimentos cardiofetais Constatar ritmo, frequência e normalidade. Normal: 110 a 160bpm. Até a 16ª semana, foco próximo ao púbis. Pinard: a partir da 20ª semana. Sonar: a partir da 12ª semana. Identificam sopros funicular ou uterino.
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