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MODIFICAÇÕES DO ORGANISMO NA GRAVIDEZ

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MODIFICAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO 
 As alterações fisiológicas observadas na gestação são decorrentes, principalmente, de fatores 
hormonais e mecânicos, e os ajustes verificados no organismo da mulher devem ser considerados normais 
durante o estado gravídico, embora determinem, por vezes, pequenos sintomas que afetam a saúde da paciente. 
Alterações no sistema esquelético 
 A gravidez afeta todas as articulações, principalmente as articulações do quadril que apresentam mais 
elasticidade e maior capacidade pélvica. Ainda promove modificação na postura e da deambulação. O aumento 
dos diâmetros e estreitos da pelve é indispensável para expulsão fetal. Essa maior mobilidade é provocada 
pela relaxina, secretada pela placenta. 
 O peso do útero e das mamas desvia o centro de gravidade e para equilibrar-se, a gestante projeta-se 
para trás. Essa atitude é adotada involuntariamente e torna-se nítida quando a gestante está de pé, visto que, 
empina o ventre (provocando lordose lombar), amplia-se a base do polígono de sustentação, os pés se afastam, 
e as escápulas se projetam para trás. Há o uso de grupamentos musculares que ordinariamente não têm função 
nítida ou constante, estirando-se e contraindo-se, e sua fadiga responde pelas dores cervicais e lombares, 
queixa comum. 
 Ao andar, lembra, com seus passos oscilantes e mais curtos, a deambulação dos gansos (marcha 
anserina). 
 
 Alterações no sistema gastrointestinal 
 O aumento de progesterona somado ao aumento de hCG são os provocadores de quase todos as 
alterações desse sistema. 
 No 1° trimestre é frequente o aparecimento náuseas e vômitos (50 a 90% das gestantes), levando à 
anorexia. Iniciam por volta de 5ª semana e têm seu pico na 9ª semana, se resolvendo, na maioria das gestantes 
até a 12ª semana. Geralmente, são desencadeadas no período matinal. A hiperemese gravídica (de fisiológico 
para patológico) deve ser observada pois pode ocasionar um desequilíbrio hidroeletrolítico, necessitando de 
internação da paciente para reposição hidroeletrolítica venosa. 
 Pela ação hormonal, principalmente da progesterona, todo o sistema gastrointestinal (esôfago, 
estômago, vesícula e intestino) apresentam tônus diminuído e isso provoca a lentificação do esvaziamento 
gástrico e intestinal. O relaxamento do esfíncter esofagiano inferior somado ao aumento da pressão intra-
abdominal pela presença do útero gravídico desencadeia refluxo gastroesofágico, que provoca a pirose 
(sensação de queimação). Com o evoluir da gestação o útero desloca o intestino para cima e para direita e o 
estômago para cima e para esquerda, prejudicando a digestão e agravando a pirose. Outro fator a ser pontuado 
na questão estomacal é que há uma diminuição da secreção gástrica de ácidos. 
 O peso do útero gravídico comprime as veias do plexo hemorroidário, somado a isso, a lentificação do 
esvaziamento intestinal pode provocar constipação na gestante que apresentará dificuldade de evacuar. Esses 
dois fatores podem provocar o surgimento/piora de hemorróidas. 
 A vesícula biliar fica hipotônica, distendida, com bile viscosa e com grande tendência de formar 
cálculos. A colecistectomia é a segunda causa de cirurgia não obstétrica na gravidez (1 a 8: 10.000 gestações). 
No pâncreas, há uma hiperplasia das células B das ilhotas de Langerhans, aumentando a insulina plasmática. 
Colestase hepática pode desenvolver. 
 Gengivas apresentam-se edemaciadas, hiperêmicas, e sangram com facilidade. Ressalta-se que a 
gengivite é consequente do acúmulo de placa bacteriana na margem gengival. O ptialismo também é uma 
alteração fisiológica apresentada em algumas gestantes. 
Alterações no sistema hematopoiético 
 A principal alteração hematológica é a anemia fisiológica da gravidez. Durante a gestação ocorre 
grande aumento do volume plasmático (40 a 50%) e um aumento proporcionalmente menor da massa 
eritrocitária (20 a 30%), de tal forma que ocorra hemodiluição, resultando na anemia gestacional. Apesar de 
existir aumento da massa eritrocitária, esse é menor do que o aumento de volume plasmático, de tal forma que 
existe a queda do hematócrito e queda da concentração de hemoglobina. 
A gestante requer maior quantidade de ferro alimentar para suprir as suas necessidades e as do feto, e, 
na verdade, há um aumento na absorção desse elemento no intestino. Calcula-se que as necessidades de ferro 
durante toda a gravidez sejam de 1 a 1,3 gramas. Necessita-se também reposição de ácido fólico de 50 para 
400ug por dia. A suplementação universal de ácido fólico também é proposta para prevenir a anemia 
megaloblástica. 
Os leucócitos têm a sua concentração majorada (leucocitose) na gestação, podendo alcançar até 
20.000/mm3, no puerpério. Já as plaquetas ficam inalteradas e em algumas gestantes pode ocorrer 
trombocitopenia gestacional. A gestação e o puerpério são considerados estados de hipercoagulabilidade, 
havendo aumento dos fatores VII, VIII, X FVW e diminuição dos fatores XI, XIII, proteína S e cofator da 
proteína C. A atividade fibrinolítica permanece baixa e há um aumento do fibrinogênio, portanto, a gestação 
é um fator de risco para tromboembolismo. 
Alterações hemodinâmicas no sistema cardiovascular 
 As maiores alterações hemodinâmicas vistas na gravidez incluem o aumento do débito cardíaco (40 a 
50%), do volume sanguíneo, por causa principalmente do volume plasmático, da redução da resistência 
vascular periférica e da pressão sanguínea. Alcançam seu máximo no 3° trimestre (28ª a 32ª semana) e 
permanecem relativamente constantes até o parto. Essas alterações contribuem para o ótimo crescimento e 
desenvolvimento do feto e protegem a mãe das perdas fisiológicas de sangue no parto. 
 O início da gravidez é marcado pela vasodilatação periférica (20/% menor), consequência do aumento 
do óxido nítrico, fator vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular. Há um aumento de cerca de 10 
a 20% da frequência cardíaca (10 a 15 bpm). A frequência cardíaca e a pressão arterial tendem a subir quando 
em resposta simpática à dor e à ansiedade durante o parto. A pressão sanguínea arterial apresenta discreta 
queda na pressão sistólica (5 a 10mmHg) e maior na diastólica (10 a 15mmHg) em decorrência da diminuição 
da resistência vascular. (PA= DC x RVP) 
 Na ausculta, podemos encontrar sopro cardíaco devido a hipervascularização mamária somada ao 
aumento da FC e queda da viscosidade sanguínea. 
 A partir da 20ª semana de gestação, o útero gravídico impede o retorno venoso ao coração, quando a 
gestante assume a posição supina. Muitas gestantes desenvolvem a síndrome de hipotensão supina e às vezes 
até perda da consciência. Indica-se a posição de decúbito lateral esquerdo pois o débito cardíaco é restaurado 
quase imediatamente. 
 A pressão venosa nos membros inferiores aumentam cerca de 3 vezes, em virtude da compressão que 
o útero determina nas veias pélvicas e cava inferior. Há na gravidez tendência à hipotensão, lipotimia 
ortostática, edema dos membros inferiores, varicosidades e hemorroidas. 
 No momento do parto cada contração faz retornar 300 a 400 ml, aumentando 34% do DC. 
 
Síndrome da hipotensão supina 
Alterações no sistema respiratório 
 A expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia e edema da 
mucosa do sistema respiratório superior. Essas alterações predispõem a gestante a congestão nasal, epistaxe e 
até mesmo alterações na voz. 
 Alterações marcantes na caixa torácica e no diafragma caracterizam a gravidez. Com o relaxamento 
dos ligamentos das costelas, o ângulo subcostal aumenta de 68 para 103°. Os diâmetros anteroposterior e 
transverso do tórax aumentam 2cm cada um, resultando na expansão da circunferência torácica de 5 a 7 cm. 
O diafragma eleva-se 4 cm pelo aumento do útero gravídico, sua função não é comprometida, na verdade, sua 
excursão está incrementada de 1 a 2 cm. Essa elevação provoca a redução do volume residual pulmonarem 
até 20%. Além disso, essa elevação provoca a diminuição do volume reserva expiratório e o volume residual 
(cerca de 20%). 
 
 Destaca-se que a frequência respiratória não se altera, contudo o volume corrente e a ventilação-minuto 
em repouso aumentam com o decorrer da gravidez (30 a 40%). A expansão da caixa torácica e o aumento do 
estímulo respiratório criam o volume-corrente elevado. A progesterona parece desempenhar papel 
fundamental no estímulo do centro respiratório no sistema nervosos central. 
 
 A hiperventilação da gravidez facilita as trocas gasosas nos pulmões. Tanto o PO2 no ar alveolar 
quanto no sangue arterial se elevam. O consumo de O2 aumenta de 15 a 20% para fazer frente à massa 
materno-fetal adicional e ao trabalho cardiorrespiratório da gestação. 
 Cerca de 60 a 70% das gestantes livres de doenças respiratória experimentam dispneia. A dispneia 
parece decorrer da percepção da paciente à hiperventilação da gravidez. 
Alterações no sistema urinário 
 Os rins, ureteres e bexiga sofrem compressão pelo útero gravídico. Pela dextrorrotação uterina, a 
hidronefrose à esquerda é mais pronunciada, enquanto o sigmoide protege o ureter esquerdo. A progesterona 
atua no tônus da musculatura lisa ureteral promovendo também a dilatação do trato urinário e causando estase 
urinária. Alerta para infecções urinárias. 
 As alterações circulatórias desencadeiam o aumento do fluxo plasmático renal (50 a 80%) e da taxa de 
filtração renal – TRF (40 a 60%). Devido a isso, há quadros de proteinúria (fisiológica até 300mg/dia), 
glicosúria (devido ao aumento de glicose em nível renal, que ultrapassa a capacidade de absorção). Uricosúria, 
grande excreção de ácido úrico. Hipercalciúria também é comum na gravidez pelo aumento da absorção do 
cálcio intestinal. 
 A ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e a redução do limiar do hormônio antidiurético 
(ADH) promove a diminuição da osmolaridade plasmática. Os rins gravídicos possuem certa dificuldade em 
concentrar urina. E pela ação da aldosterona (produzida pela suprarrenal) e ADH, ocorre a reabsorção de sódio 
e água no túbulo renal. Na gravidez a gestante retém cerca de 8 a 10 litros (intracelular e extracelular). 
 Outro sintoma é a polaciúria devido a diminuição da capacidade residual da bexiga. Nota-se também 
a elevação do trígono vesical e diminuição do tônus, provocando refluxo vesicoureteral. Essas condições 
podem favorecer a formação de cálculos renais, infecções, incontinência urinária e até hematúria. 
Alterações no sistema nervoso 
 A queixa mais frequente é a sonolência devido à ação progestagênica (potente depressor do SNC), e à 
hiperventilação, pela produção de alcalose respiratória. Pode surgir fadiga relacionada a distúrbios do sono, 
enxaqueca, labilidade emocional, ansiedade, irritabilidade, medos. A percepção de calor e frio é alterada 
(também devido a ação progestagênica periférica). 
Alterações no sistema endócrino 
 A hipófise aumenta tanto de volume como de peso, e isso decorre da hipertrofia e hiperplasia da 
adenoipófise por estímulos dos estrógenos. A produção aumentada de prolactina obtida por essas modificações 
prepara as mamas para lactação no pós-parto. O hormônio de crescimento (GH) permanece inalterado. 
 O hormônio estimulante da tireoide sofre diminuição pela presença da fração beta do hormônio 
gonadotrófico que apresenta semelhança molecular. 
 Na tireoide, observa-se aumento do seu volume. Sua função altera-se em decorrência do nível de iodo 
reduzido pela TFR, pelo aumento da globulina transportadora de hormônios tireoidianos (diminuição das 
frações livres) e pela ação da gonadotrofina coriônica (beta) pela semelhança estrutural com o hormônio 
estimulante da tireoide. 
 OMS recomenda a ingestão de 150ug de iodo/dia para adultos e 200ug/dia para gestantes. 
 A paratireoide, por meio do paratormônio (PTH), controla a concentração do íon cálcio no soro por 
aumento da absorção pelo intestino e rins e liberação nos ossos. A calcitonina promove a deposição de cálcio 
nos ossos e diminui a concentração desse íon no líquido extracelular. Na gravidez e na lactação, ocorrem altos 
níveis desse hormônio. 
 A vitamina D estimula a reabsorção de cálcio nos ossos e a absorção no intestino. O fígado realiza a 
conversão desse vitamina obtida pela síntese na pele ou pela ingestão oral em 25(OH) vitamina D3. 
Alterações no sistema tegumentar e mamas 
 Estriais no abdome e mamas são apresentadas por mais de 50% das gestantes. Há um aumento na 
pigmentação da linha alba (linha nigra), da vulva, das aréolas mamárias (aréola gravídica: hiperpigmentação, 
tubérculos de Montgomery e aréola secundária) e da face (cloasma). É habitual o aparecimento de 
telangiectasias. É provável que o hormônio melanotrófico da hipófise atua também sobre os melanoblastos 
epidérmico, acentuando a pigmentação, e o sistema nervoso autônomo influencie a formação do pigmento nas 
gestantes. 
 A hipertricose é fenômeno fisiológico durante a gravidez (pelos na face e em outras regiões, 
crescimento mais acentuado dos cabelos), com unhas muito quebradiças e surgimento de eritema palmar e da 
hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas. 
 Os órgãos sensoriais sofrem as seguintes modificações: 
- Olfato: epistaxe, rinite vasomotora como obstrução nasal. 
- Visão: edema ou opacificação pigmentar da córnea. 
- Tato: parestesias (alterações vasomotoras). 
- Audição: zumbidos, vertigens, diminuição da acuidade auditiva. 
- Paladar: perversão no paladar (disgeusia) e preferências alimentares. 
Alterações no sistema metabólico 
 O feto é um consumidor de glicose, a mãe vê-se submetida à permanente demanda de glicose. Diante 
o período de jejum (período noturno, quando a gestante está dormindo), o feto continua a extrair glicose e 
aminoácidos em taxas idênticas às observadas nos períodos de alimentação. Para prover suprimento 
ininterrupto, a gestante sofre ajustes importantes: não consome mais a glicose como antes e, à medida que a 
gravidez se desenvolve, a sua utilização periférica diminui, graças à elaboração de hormônios contrainsulares 
pela placenta. Em todos os estágios da gestação, depois de uma noite de jejum, os níveis de glicemia são 15 a 
20mg/dl inferiores aos sinalados fora da gravidez. 
OBS: O transporte de glicose através da placenta, ocorre por difusão facilitada. 
 A gravidez exibe um aumento na resistência à insulina ao final do 2° trimestre podendo chegar à 
aproximadamente 80% no termo. Níveis elevados de hormônio lactogênico placentário humano (hPL), 
hormônio de crescimento placentário humano (hPGH) e adipocinas (leptina, adiponectina, TNF-alfa e IL-6) 
estão todos ligados ao processo. O efeito diabetogênico do hPL resulta na mobilização de lipídios na forma 
de ácidos graxos livres (AGL). Esses AGL serviriam como fonte de energia, poupando glicose e aminoácidos, 
que estarão disponíveis para o feto. Resumindo, há preservação de glicose á custa da utilização dos lipídios. 
A liberação de ácidos graxos também contribui na redução da utilização da glicose materna, formação de 
estruturas importantes do cérebro e do aparelho ocular e composição das membranas celulares fetais. Ressalta-
se que no 1° e 2° trimestre há um incentivo a lipogênese aumentando o depósito de gordura e a reserva 
energética materna. E no 3° trimestre, há incentivo à lipólise. 
 Durante a gravidez há um aumento constante nos triglicerídeos plasmáticos e pequeno acréscimo no 
colesterol. A produção acentuada dos triglicerídeos VLDL e sua remoção diminuída da circulação em 
decorrência da menor atividade da lipoproteína lipase (LPL) no tecido adiposo são os principais fatores 
desencadeantes do aumento do triglicerídeos VLDL durante a gestação. 
 O nível de cálcio no soro é rigorosamente regulado e mantido nos limites normais pelo hormônio da 
paratireoide (PTH) e pela vitamina D. O precursor da vitamina D na pele é o 7-deidrocolesterol quesofre ação 
dos raios ultravioletas solares, transformando-se em colecalciferol (pré-vitamina D3), que é encontrado em 
alimentos e suplementos. O colecalciferol sofre duas hidroxilações no organismo, no fígado virando calcidiol 
e outra no rim formando o calcitriol que por sua vez é a vitamina D3 ativada. O PTH influencia o metabolismo 
do cálcio diretamente pela reabsorção óssea e pela formação da vitamina D3. 
 Na gravidez a reabsorção de cálcio no intestino dobra. A vitamina D3 elevada abre os canais de cálcio 
voltagemdependentes na membrana dos enterócitos e é, dessa maneira, responsável pela maior absorção do 
elemento. 
Alterações nos órgãos genitais 
 O epitélio vaginal se espessa durante a gravidez e há aumento da sua descamação, resultando em uma 
maior secreção vaginal. Essa secreção possui um PH mais ácido para proteger contra a infecção ascendente. 
A vagina e a vulva também aumentam sua vascularização com a gravidez, tumefazem-se e experimento o 
amolecimento e mudança da coloração. Adquirem a cor vermelho-vinhosa, vulva (sinal de Jacquemier ou 
Chadwick) vagina (sinal de Kluge). Os lábios grandes e pequenos ficam hipertrofiados. A vagina aumenta seu 
comprimento e largura. 
 Nota-se um imediato amolecimento na região correspondente ao local da implantação, progredindo 
por todo o órgão e pelas estruturas pélvicas. A diminuição da consistência pela redução do tônus e embebição 
gravídica, notadas no istmo determina o sinal de Hegar. Simultaneamente o órgão aumenta, inicialmente de 
forma desigual, mais acentuada a expansão na zona de implantação, o que lhe impõe forma assimétrica (sinal 
de Piskacek). A matriz de piriforme passa a globosa, e o toque dos fundos de sacos laterais revela essa 
morfologia (sinal de Nobile-Budin). Palpa-se o pulso arterial no fundo de saco (sinal de Osiander). 
 O miométrio aumenta sua massa devido a hipertrofia e hiperplasia dos elementos musculares e pelo 
aumento do tecido conectivo (ou conjuntivo) das células como das fibras e dos líquidos intersticiais. Nota-se 
um grande aumento da vascularização. O endométrio desenvolve a decídua basal, onde o embrião se implanta, 
a decídua parietal, restante da cavidade uterina em que não ocorre a implantação, e a decídua reflexa, que 
envolve o embrião e se funde com a parietal com 16 semanas, quando o embrião passa a preencher toda a 
cavidade uterina. 
 Sob a influência dos estrogênios e da progesterona, o colo torna-se amolecido durante a gravidez. O 
estrogênio estimula o crescimento do epitélio colunar (ou glandular) do canal cervical, torna-se visível na 
ectocérvice e é denominado ectrópio ou eversão. Esse epitélio mais frágil está sujeito a sangramento. O colo 
fica azulado em razão da sua maior vascularização. 
 
OBS: O miométrio se compõe de três camadas 
musculares. A interna está arranjada 
predominantemente no padrão circular, a 
intermediária (mais grossa) é composta por fibras 
que se entrelaçam e a camada externa as fibras 
correm longitudinalmente. Desse forma, após o 
descolamento da placenta da parede uterina, as 
fibras entrelaçadas do miométrio se contraem. Isso 
oclui os vasos sanguíneos, que suprem a placenta, 
e reduz o sangramento. Esse processo é chamado 
de clampeamento fisiológico.

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