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ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ALCOOL E DROGAS 2

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ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E USO DE 
ÁLCOOL E DROGAS
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1.
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2
Rogério Adriano Bosso
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E 
USO DE ÁLCOOL E DROGAS
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Fábio Eiji Sato
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________________________________ 
Bosso, Rogério Adriano
B745a Atenção psicossocial e uso de álcool e drogas/ Rogério
Adriano Bosso, –
 Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
 41 p.
 ISBN 978-65-86461-30-5
1. Atenção psicossocial. 2. Álcool I. Bosso, Rogério 
Adriano. Título. 
 
CDD 616.89 
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Atenção psicossocial na abordagem ao usuário 
de álcool e outras drogas ___________________________________________ 05
Perfil dos usuários de álcool e outras drogas _______________________ 16
Políticas públicas na atenção aos usuários 
de álcool e outras drogas ___________________________________________ 30
Ambientes de tratamento específicos para usuários 
de álcool e outras drogas __________________________________________ 41
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E USO DE ÁLCOOL 
E OUTRAS DROGAS
5
Atenção psicossocial na 
abordagem ao usuário de 
álcool e outras drogas 
Autoria: Rogério Adriano Bosso
Leitura crítica: Fábio Eiji Sato
Objetivos
• Apresentar estratégias psicossociais no 
tratamento da dependência química. 
• Apresentar a rede socioassistencial para indivíduos 
em tratamento da dependência química. 
• Demonstrar o importante papel do suporte 
familiar na recuperação do dependente químico.
6
1. Introdução
Olá, aluno! 
Neste módulo, você estudará temas que instigam todos os profissionais 
que atuam na área da dependência química: as estratégias 
psicossociais no ambiente de tratamento, a rede socioassistencial e o 
papel da família no processo de recuperação do dependente químico. 
Esses temas estão presentes no cotidiano e se faz extremamente 
importante que os profissionais que atuam nessa área estejam 
equipados com informações científicas e baseadas em evidências para 
poder desenhar um plano de atendimento singular (PAS) que seja 
eficaz e que alcance as reais necessidades do indivíduo que busca por 
ajuda em seu processo de recuperação. Com o conteúdo que você 
estudará agora, com certeza, poderá desenvolver novas estratégias e 
habilidades para lidar com o dependente químico, bem como com sua 
família, e terá possibilidades de realizar orientações e aconselhamentos 
adequados, além de encaminhamentos certeiros, conforme a demanda 
que lhe for apresentada. 
Está pronto para começar? Então, vamos estudar!
2. Atenção psicossocial na abordagem ao 
usuário de álcool e outras drogas 
O relatório mundial sobre o uso de drogas da United Nations Office 
on Drugs and Crime (UNODC, 2015) nos apresenta um cenário onde 
existe uma estimativa de que 5% da população mundial entre 15 e 
64 anos de idade fez uso de algum tipo de drogas ilícitas em 2013, 
o equivalente a 246 milhões de pessoas. Do total apresentado, 
aproximadamente 27 milhões se enquadram em critérios diagnósticos 
para o transtorno por uso de substâncias (TUS).
7
A dependência química, nos dias atuais, tem se tornado um grave 
problema de saúde pública no Brasil. A dependência química não 
se restringe apenas às consequências que o uso acarreta na esfera 
biológica, mas por sua complexidade, se expande às esferas culturais, 
sociais e psicológica, podendo levar o indivíduo à prática de violência e 
vulnerabilidades, como risco de morte (MENDES, 2017).
Devido a essas complexidades, você perceberá que não existe uma 
única estratégia para a oferta de tratamento da dependência química. 
O tratamento pode ser ofertado por diversas abordagens terapêuticas. 
É importante que o profissional conheça a história de vida da pessoa 
que está acometida com problemas decorrentes do uso de drogas e 
possam entender a fundo suas necessidades primordiais, e, por meio 
do uso de ferramentas, como o aconselhamento individual, traçar 
um plano de atendimento singular (PAS), sempre em conjunto com o 
dependente químico, para que se torne algo possível de ser realizado 
e com metas de curto prazo, que possa ser realizadas com sucesso, e 
reforce assim, positivamente, a pessoa em processo de recuperação e 
a motive a continuar em manutenção de sua abstinência. 
Vamos conhecer algumas das estratégias utilizadas no atendimento a 
pessoas dependentes químicas? 
Uma das abordagens, as psicoterapêuticas, pode ser ofertada no 
formato de psicoterapia individual ou de grupo. As linhas teóricas que 
apresentam maior eficácia são a terapia cognitivo-comportamental 
(TCC), terapia sistêmica e a Psicanálise (JEANNINNE, et al., 2015). Além 
das estratégias citadas, atividades específicas para a manutenção da 
abstinência no processo de recuperação devem incluir atendimentos 
psiquiátricos, grupos de prevenção a recaída e treinamento de 
habilidades sociais, atividades essas que podem ser encontradas no 
CAPS AD. Outro ponto importante e que deve ser reforçado e valorizado 
com o dependente químico em processo de recuperação é a frequência 
a grupos de apoio, como, por exemplo, Alcoólicos Anônimos (AA) ou 
Narcóticos Anônimos (NA) (BRASIL, 2019). 
8
• Grupos de prevenção à recaída: as técnicas de prevenção à 
recaída para pacientes dependentes químicos sugerem, para 
que aumentem as chances de sucesso em sua recuperação, 
que se mantenham distantes de pessoas, hábitos e lugares que 
possam ser considerados gatilhos para uma possível recaída 
(DIEHL; BOSSO, 2019).
• Treinamento de habilidades sociais: você sabe o que são 
habilidades sociais? Elas podem se caracterizar por um conjunto 
de comportamentos apresentados por um indivíduo em suas 
relações no contexto social, os quais podemos observar por 
meio de atitudes, sentimentos, desejos, direitos ou opiniões de 
modo assertivo, conforme a situação pede naquele determinado 
momento, sem esquecer de preservar o respeito às demais 
pessoas, resolvendo problemas imediatos e diminuindo a 
probabilidade futura de conflitos. 
Prezado aluno, agora você já sabe o que são habilidades sociais, 
correto? E o treinamento dessas habilidades, como acontece, 
você sabe? 
O treinamento de habilidades sociais tem sido observado como 
uma importante prática, desde os primeiros anos de vida, 
no desenvolvimento pessoal. O treinamento de habilidades 
sociais possibilita o desenvolvimento de indivíduos saudáveis. 
Tão importante é o treinamento de habilidades sociais, que 
pesquisas têm sido realizadas com o intuito de aprimorara 
inserção desses treinamentos desde períodos escolares, uma 
vez que esse ambiente é o primeiro espaço e talvez o mais rico 
dentro dos conjuntos de relações sociais na vida de um indivíduo. 
O treinamento de habilidades sociais tem se realizado com a 
esperança preventiva ao uso de substância psicoativas.
• Grupos de apoio: os grupos de apoio, como o Alcoólicos Anônimos 
(AA), por exemplo, funcionam como uma irmandade composta de 
9
homens e mulheres que vivenciam e realizam trocas, entre si, de 
experiências, a fim de solucionar seu problema comum com álcool 
ou outras drogas e ajudar outros dependentes que precisam de 
recuperação. A única exigência é ter o desejo de interromper o 
uso. O grupo é aberto ao público, sem cobrança de taxas, funciona 
de forma autossuficiente, ou seja, os participantes oferecem suas 
próprias contribuições, conforme podem. Os grupos de apoio 
não estão ligados a seita ou religião, não são partidários, não são 
afiliados a nenhuma organização ou instituição e não apoiam e 
nem combatem quaisquer causas. O propósito primordial é a 
manutenção da abstinência do álcool e outras drogas.
• CAPS AD: o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas 
(CAPS AD) é um serviço de saúde, sem custos ao dependente 
químico e seus familiares, funciona no modelo de portas abertas 
e é comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). O CAPS AD é 
um local de referência no tratamento para pessoas que sofrem 
com transtornos por uso de substâncias, cuja gravidade e/
ou persistência justifiquem sua necessidade de utilização do 
dispositivo de cuidado intensivo, personalizado, comunitário e 
promotor de saúde e vida. O objetivo dos CAPS AD é oferecer 
atendimento aos dependentes químicos de sua área de 
abrangência, realizando o acompanhamento médico e psicossocial 
e a reinserção social dos usuários por meio de estratégias que 
facilitem o acesso ao trabalho, lazer etc., além de promover o 
fortalecimento dos laços familiares e sociais. A ideia do CAPS AD é 
a substituição às internações psiquiátricas.
Os usuários do CAPS AD são pessoas que apresentam intenso 
sofrimento psíquico e critérios diagnósticos para transtorno 
por uso de substâncias, que lhes restringem o repertório, 
impossibilitando, assim, de realizarem seus projetos de vida de 
forma saudável. São, preferencialmente, pessoas com critérios 
diagnósticos severos e/ou persistentes (BRASIL, 2004).
10
Figura 1 – Ajuda mútua compartilhada em grupos de apoio
Fonte: SDI Productions/iStock.com.
2.1 Rede socioassistencial no tratamento da 
dependência química
Aluno, você já ouviu falar em rede socioassistencial? Vamos conhecer 
um pouco sobre esse assunto? Podemos entender a rede de assistência 
como um conjunto de serviços, projetos, benefícios e programas que são 
prestados por meio de convênios com organizações sem fins lucrativos 
ou diretamente ao cidadão. Rede significa a parceria formada entre 
esses dispositivos para que se tenham mais informações sobre um 
usuário que integra vários equipamentos dessa rede. Essas informações 
dizem respeito ao histórico de atendimento do usuário, como presença 
de doenças anteriores, número de vezes que acessou a rede de saúde, 
quais foram os tipos de atendimentos e tratamentos realizados etc. 
Essa integração das informações faz com que aumente a qualidade 
da assistência prestada. Uma vez que a rede de atendimento está 
estruturada, o usuário é recebido pela equipe do serviço que buscou por 
ajuda e é referenciado entre todos os dispositivos. 
O Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema Único de Segurança Pública 
(SUSP) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fazem parte dessa 
grande rede de assistência. Ok, aluno, agora você sabe o que é uma 
rede de assistência, mas você sabe como mapeá-la? Existem formas de 
11
conhecer e mapear os serviços da região. Mapear a região e aumentar 
o leque de oferta ao usuário é uma das missões mais importantes. Mas 
não é apenas mapear; você, enquanto profissional, deverá visitar e 
conhecer cada serviço com o qual seu local de atendimento pode contar 
(tanto públicos como os privados).
Para que seja possível esse mapeamento, recomenda-se que seja 
realizado um diagnóstico social com a ferramenta chamada ecomapa. 
O ecomapa é uma ferramenta, um mapa, cujo objetivo é desenhar, 
junto com o usuário, todos os serviços disponíveis na rede, em sua 
região de residência, de forma ilustrativa e concreta. O ecomapa nada 
mais é que uma representação ilustrativa de avaliação dos serviços 
que permeiam a vivência do usuário na região em que vive. Mas muita 
atenção! Não é apenas o usuário que deve ter um ecomapa elaborado, 
deve-se elaborar, também, o mapeamento familiar, possibilitando, 
assim, uma visão ampla de prioridades e os passos que devem ser 
dados para garantir a reinserção social do usuário. 
Vamos ver como elaborar um ecomapa?
O ecomapa deve deixar explícito o contexto em que o usuário vive, os 
serviços disponíveis e suas redes de apoio sociais/relacional. Com o 
desenho de um ecomapa, é possível entender, agrupar e trazer novos 
recursos, levantar hipóteses e realizar um monitoramento do processo 
de reinserção. Exemplo: as relações mais próximas, como familiares, 
amigos e outros vínculos que o usuário perceba como protetivos; os 
serviços na rede de atendimento, como médicos e serviços de saúde 
mental, conselho tutelar etc.; os grupos sociais não tão próximos, mas 
que o usuário também possui como recurso, como igrejas, escolas, 
grupos de convívio etc. Enfim, deve-se desenhar um ecomapa levando 
em consideração toda a rede possível que uma pessoa possa ter. Outro 
ponto importante do ecomapa é que ele também irá apresentar, de 
forma clara, a ausência de vínculos do usuário e que precisam ser 
trabalhadas pelo profissional que assume o caso. 
12
A elaboração do ecomapa, junto com o usuário, torna-se um 
momento terapêutico importante, que pode deixar clara a restrição de 
repertório por conta do uso de drogas e o quanto sua relação com elas 
prejudicou seus vínculos. Um profissional capacitado, ao desenhar o 
ecomapa, consegue aumentar a motivação do usuário a manter-se em 
tratamento e recuperação.
A ideia do ecomapa é reforçar as possibilidades de ajuda ao usuário, 
para que este se mantenha em recuperação. 
Aluno, você sabe onde os usuários podem encontrar as atividades 
necessárias para sua recuperação? As atividades específicas para a 
manutenção da abstinência no processo de recuperação podem ser 
encontradas nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 
(CAPS AD), local que conta com profissionais especializados da área da 
saúde, mas também podemos contar com os grupos de ajuda mútua, 
como os Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), que não 
contam com auxílio profissional, apenas com a troca de experiência entre 
pares, cuja explicação veremos logo abaixo (SOUZA; KANTORSKI, 2009).
Um dado importantíssimo para se levar em consideração é que os 
tratamentos que combinam reuniões de 12 passos aumentam as 
taxas de sobriedade em 45%. Com o trabalho em rede, o usuário 
poderá (re)estruturar uma rede socioassistencial significativa. 
Figura 2 – Simulação de um ecomapa
Fonte: metamorworks /iStock.com.
13
2.2 Papel do suporte familiar na recuperação do 
dependente químico
Bom, aluno, chegamos a um tema importante quando falamos em 
dependência química e o tratamento do usuário de drogas: a família! 
Você já parou para pensar que, após todo o período de tratamento e 
processo de recuperação, o usuário estará em contato com sua família, 
e mais, que essa família, por conta da inserção do familiar no mundo 
das drogas, pode estar tão adoecida quanto o usuário e precisando de 
suporte? Pois bem, vamos falar um pouco sobre esse assunto? 
O acompanhamento contínuo e sistemático dos profissionais com o 
usuário e seus familiares é de extrema importância para a eficácia do 
tratamento. Esse acompanhamento irá contribuir para a manutenção 
das necessidades do usuário, funcionandocomo estratégia importante 
na prevenção à recaída.
O que vários estudos têm apresentado é que a reinserção social é 
complexa e composta por elementos como acompanhamento em 
rede, intervenções familiares e um bom gerenciamento de casos. 
Esses modelos de atendimentos em rede resgatam vínculos 
significativos e potencializam mudanças no estilo de vida do usuário.
Na avaliação familiar, devemos nos atentar e dar atenção ao vínculo 
estabelecido e à qualidade deste. Compreender essa estruturação 
familiar se faz importante, pois nem sempre os vínculos familiares são 
vínculos protetivos ou com condições de diálogo e isso deve ser muito 
bem avaliado, existe a chance de os laços estarem rompidos 
ou fragilizados.
Observar o contexto familiar é um dos fatores mais importantes, uma 
vez que os padrões de comportamento aprendidos com os pais e as 
interações familiares podem influenciar as atitudes dos filhos. Entende-se 
que o comportamento dos pais ou cuidadores servem como exemplo na 
14
conduta da pessoa; dessa forma, pesquisas têm mostrado que filhos de 
usuários podem apresentar maior risco de tornarem-se dependentes.
Não ter convivência com os pais é outro fator de risco relacionado à 
família. Observa-se que adolescentes que crescem em instituições e 
experienciam afetos disfuncionais, castigos exagerados, situações de 
ameaças e negligência em relação aos cuidados, ou são criados fora do 
seu núcleo familiar, são mais suscetíveis ao envolvimento com álcool e 
outras drogas.
Já que vimos que tão importante quanto cuidar do usuário é o cuidado 
e a atenção que se deve dar a família, é extremamente necessário 
que você, aluno, saiba que, assim como existem grupos de apoio para 
os usuários, também existem os grupos de apoio para os familiares, 
os quais funcionam no mesmo modelo dos grupos de apoio para os 
usuários e acabam sendo uma extensão deles. Por exemplo: o grupo 
AA possui o Al-Anon, que é específico para familiares. Temos também o 
Amor Exigente (AE), que trabalha com o apoio aos familiares. Todas as 
famílias, sem exceção, devem ser encaminhadas para que conheçam 
essa rede de apoio. Nos sites dos respectivos grupos, os familiares 
podem filtrar por cidade, bairro e horários para encontrar uma reunião 
mais próxima de sua residência. 
Figura 3 – Representação da importância do suporte familiar
Fonte: CalypsoArt/iStock.com.
15
Quando pensamos em dependência química, em tratamento aos 
usuários de álcool e outras drogas, devemos ter claro em nossas mentes 
que esse é um trabalho a ser realizado em conjunto, com atores que vão 
desde o próprio usuário e sua família até a ajuda profissional de uma 
equipe multiprofissional. O trabalho em rede na atenção psicossocial 
aumenta as chances de eficácia e sucesso no processo de recuperação 
de dependentes químicos. 
Referências bibliográficas 
BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção 
às Drogas. Módulo X: prevenção e reinserção social. In: BRASIL. Ministério da 
Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas. Curso 
Compacta: capacitação de monitores e profissionais das comunidades 
terapêuticas. Florianópolis: labSEAD, 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção 
psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: http://www.ccs.
saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf. Acesso em: 21 jan. 2020.
DIEHL, A.; BOSSO, R. A. Profissionais do Sexo. In: Alessandra Diehl (Org.). Sexualidade 
e dependência química: um guia para profissionais que atuam em serviços de 
tratamento. Curitiba: Appris, 2019. p. 130. 
JEANNINNE, A; LACCHINI, B; NASI, C; OLIVEIRA, G. C. de. Características de usuários 
de crack atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial: concepção da equipe. 
Rev Eletrônic de Enfermagem, [s.l], v. 17, n. 2, p. 196-204, 2015.
MENDES, M. S. Dependência química e fortalecimento psicossocial pelas práticas 
esportivas. Estud. psicol., Natal, v. 22, n. 3, p. 285-292, set. 2017. Disponível 
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2017000300005. Acesso em: 20 jan. 2020. 
SOUZA, J.; KANTORSKI, L. P. A rede social de indivíduos sob tratamento em um CAPS 
AD: o ecomapa como recurso. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São 
Paulo, v. 43, n. 2, p. 373-383, 2009.
UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME. [s.l], 2015. World Drug Report 
2015. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/wdr2015/World_Drug_
Report_2015.pdf. 
http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf
http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2017000300005
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2017000300005
https://www.unodc.org/documents/wdr2015/World_Drug_Report_2015.pdf
https://www.unodc.org/documents/wdr2015/World_Drug_Report_2015.pdf
16
Perfil dos usuários de álcool 
e outras drogas 
Autoria: Rogério Adriano Bosso
Leitura crítica: Fábio Eiji Sato
Objetivos
• Apresentar os critérios diagnósticos do 
usuário de álcool e outras drogas. 
• Apresentar o perfil do usuário de álcool 
e outras drogas. 
• Apresentar as comorbidades mais frequentes 
nos usuários de álcool e outras drogas.
17
1. Introdução
Olá, aluno! 
Você já parou para pensar em questões como: quem é o usuário 
de álcool e outras drogas? Por que algumas pessoas se tornam 
dependentes químicos e outras não? Estamos falando de uma doença 
ou de uma questão moral? Os usuários são portadores de transtornos 
mentais? Essas questões, sem sombra de dúvidas, são questões que 
instigam todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente com 
os usuários de álcool e outras drogas. Por esse motivo, neste módulo, 
você estudará temas que responderão a essas questões, bem como 
traçará o perfil dos usuários de álcool e outras drogas, seus aspectos 
biopsicossociais. Além disso, você também entenderá a neurobiologia 
da dependência química e conhecerá os critérios diagnósticos para o 
transtorno por uso de substâncias (TUS). Talvez o calcanhar de aquiles 
no tratamento dos usuários de substâncias seja as comorbidades. 
E você, aluno, sabe o que são comorbidades? Se sua resposta foi 
não, fique tranquilo, pois você estudará neste módulo. 
Prezado aluno, sem mais delongas, vamos estudar? 
2. Perfil dos usuários de álcool e outras drogas
Quando falamos em uso de drogas, estamos nos referindo a um 
fenômeno que, por sua complexidade, abrange as esferas biológica, 
psicológica, social, econômica e até mesmo espiritual. 
Existem relatos, desde os primórdios da existência humana, de que o 
ser humano utiliza elementos da natureza que pudessem alterar sua 
forma de funcionamento em nível mental e comportamental, o que 
deixa evidente que esse comportamento é inerente à raça humana. 
18
Porém, quando existe um indivíduo em uso abusivo de algum tipo de 
substância psicoativa, isso impacta negativamente, e isso é comprovado 
cientificamente, a saúde pública. Além disso, o usuário abusivo ou já 
com uma dependência instalada não acomete apenas a si só, como 
também toda a sociedade na qual vive (BRASIL, 2019).
Seguem algumas das atribuições do uso de álcool nas taxas de mortes: 
28% estão diretamente ligadas a acidentes de trânsito, automutilação 
e violências doméstica e urbana; 21% ligadas a doenças do aparelho 
gastrointestinal; 19% ligadas a doenças do coração; sendo o restante 
ligadas a câncer, doenças infecciosas, transtornos mentais e outras 
condições de saúde (OMS, 2019).
Por meio do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, foram 
divulgados dados importantes do Relatório Mundial sobre Drogas em 
relação ao consumo mundial de drogas. No referido documento (UNODC, 
2019), foram apresentadas enfaticamente as consequências relacionadas 
ao uso de drogas para a saúde mundial, as quais têm apresentado 
significativa piora nos últimos anos, devido à falta de tratamento 
adequado, uma vez que muitos tratamentos disponíveisnão são baseados 
em evidências científicas. Há, no mundo, cerca de 35 milhões de pessoas 
acometidas pelos transtornos por uso de substâncias e que necessitam de 
tratamento. Esse número supera o considerado anteriormente de 
30,5 milhões de pessoas (UNODC, 2019, p. 1).
Mas o que acontece no cérebro com o uso de algum tipo de droga? 
O sistema mesolímbico-mesocortical, também denominado 
sistema de recompensa, composto pelas áreas tegmental ventral, 
nucleus accumbens, amígdala e córtex pré-frontal, tem como ação 
primordial promover e estimular comportamentos responsáveis pela 
manutenção da espécie humana. Com o uso de drogas, é capaz de 
produzir um aumento de centenas de vezes na atividade basal desse 
sistema. As drogas corrompem os mecanismos fisiológicos do cérebro, 
19
gerando um prazer químico. Outros circuitos de neurônios também 
são desregulados pelo uso de drogas e são causados danos que 
podem ser reversíveis, porém com um período longo e prolongado de 
reestruturação (LARANJEIRA, 2012).
Essas alterações nas estruturas, conforme se aumentam a quantidade 
e intensidade do uso e se diminui o espaçamento de tempo, gera 
tolerância, o que faz o usuário aumentar a quantidade de substância 
consumida para se obter o mesmo prazer que conseguia anteriormente 
com pequenas doses. Após esse processo, na retirada da droga, o 
indivíduo pode sofrer com a síndrome de abstinência: sinais e sintomas 
negativos devido à retirada abrupta da droga. Muitos usuários mantêm 
o uso mesmo com a presença de todas as consequências adversas para 
“fugir” da síndrome de abstinência. 
Figura 1 – Exemplos de apresentações das drogas
Fonte: Stas_V/iStock.com.
2.1 Aspectos biopsicossociais do usuário de álcool e 
outras drogas
Aluno, você já ouviu falar nos aspectos biopsicossociais do usuário 
de álcool e outras drogas? Que tal conhecer um pouco mais sobre 
esse assunto? 
20
Pensando nos fenômenos ligados aos fatores biológicos (bio), 
psicológicos (psico) e os sociais (social), criou-se o termo “biopsicossocial”, 
o qual tenta expressar uma explicação da junção dessas esferas. Não 
se deve tentar explicar a dependência química, fenômeno complexo, 
como algo que esteja ligado única e exclusivamente a um fator, como, 
por exemplo, a condição social da pessoa. A dependência química é 
complexa e determinada de forma multifatorial, ou seja, existe uma 
junção de fatores que se somam para a síndrome da dependência 
química, o que já é bem consolidado na literatura. 
Falamos em síndrome, mas você, aluno, sabe o que é uma 
síndrome? Síndrome tem como significado a palavra “reunião” e 
sua origem é grega. Síndrome é um termo médico utilizado para 
caracterizar um conjunto de sinais e sintomas de uma determinada 
doença. Como falamos na dependência como sendo uma questão 
multifatorial, vamos ver agora alguns elementos que fazem parte 
do transtorno por uso de substâncias. Vale ressaltar que alguns 
autores consideram também a esfera espiritual como um dos fatores 
determinantes da dependência. 
• Fatores sociais: estrutura de família disfuncional, como o 
abandono, a violência doméstica e carências básicas; violência 
social; ter baixa escolaridade e restrição de oportunidades e 
opções de lazer; frequência a grupos que fazem uso constante e 
contínuo de drogas; ambiente permissivo ao uso de substâncias.
• Fatores psicológicos: doenças psiquiátricas, como depressão, 
ansiedade, distúrbios do desenvolvimento, transtornos de 
personalidade etc.; alterações ligadas ao comportamento; 
repertório parco de habilidades sociais; falta de limite.
• Fatores biológicos: predisposição genética; tolerância; potencial 
de toxicidade e de dependência da substância, o que são 
influenciadas pela via de administração (BRASIL, 2019).
21
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, DSM-5 (APA, 
2014) elenca 11 critérios de diagnóstico que caracteriza o transtorno 
por uso de substâncias, que podem acometer a pessoa a ponto de 
apresentar sofrimento e significativo comprometimento clínico. Para se 
fechar o diagnóstico, deve-se ter um acompanhamento da pessoa de 
pelo menos um ano. 
Os 11 critérios nos apresentam três possibilidades de dependência: 
leve, moderada ou grave. É considerada dependência leve quando 
existe a presença de dois ou três dos 11 critérios que veremos a seguir. 
Dependência moderada é considerada quando há a presença de quatro 
ou cinco dos 11 critérios e considera-se dependência grave a presença 
de mais de seis dos 11 critérios diagnósticos. Atenção, alunos: apenas 
um profissional médico é autorizado a um diagnóstico.
Bom, vamos conhecer os 11 critérios diagnósticos? 
1. A substância é consumida em quantidades maiores do que 
o planejado ou o uso acontece por um período maior do 
que o pretendido.
2. O usuário apresenta um desejo persistente, bem como 
esforços malsucedidos, de tentar reduzir a quantidade de 
substância consumida. 
3. Tempo excessivo utilizado em atividades que envolvem o 
uso de substâncias.
4. Presença de fissura.
5. O uso de substância ocasiona incapacidade de desempenhar 
papéis sociais.
6. Uso contínuo de substâncias, mesmo apresentando problemas 
sociais ou interpessoais persistentes.
7. Restrição do repertório de vida.
22
8. Uso de substâncias mesmo na presença de perigo para a 
integridade física.
9. O uso de substâncias é mantido mesmo na presença de 
problemas físicos ou psicológicos persistentes.
10. Tolerância.
11. Síndrome de abstinência.
Figura 2 – Esferas biopsicossocial
Fonte: Natee127/iStock.com.
2.2 Perfil do usuário de álcool e outras drogas
Bom, aluno, chegamos a um tema importante, que é conhecer o perfil 
dos usuários de álcool e outras drogas. Você consegue, por meio do 
que leu até este momento, pensar em qual seria o perfil dos usuários? 
Vamos conhecê-los?
Estudo de Trevisan e Castro (2019) verificou que há maior prevalência 
em usuários do sexo masculino (80,5%), entre 41 e 60 anos (45,8%) e 
sem companheiro(a) (55,2%). Em sua grande maioria, possuem ensino 
fundamental incompleto (38,4%) e estão desempregados (34,7%); 
(62,9%) dos usuários estavam em tratamento entre um e cinco anos; 
23
(39,8%) dos usuários já haviam sido internados anteriormente devido a 
comprometimentos pelo transtorno por uso de substâncias, entretanto, 
contatou-se que essa informação não constava nos prontuários de 
26,3% dos usuários (essa informação reforça a importância de uma 
avaliação de perfil bem estruturada e bem documentada); 64,8% 
estavam em uso de medicações devido aos problemas relacionados 
ao uso das substâncias; 64,8% estavam no CAPS AD na modalidade de 
tratamento semi-intensiva.
Em relação ao tipo de droga consumida pelos usuários, o uso 
de álcool disparou com 89,7% dos usuários em consumo dessa 
substância ao longo da vida. Em seguida, temos o consumo de tabaco 
(58,3%). As drogas perturbadoras e LSD tiveram menor consumo 
(2,2% e 0,5%, respectivamente). Na amostragem de consumo no 
último mês, tendo como referência a data do acolhimento no CAPS 
AD, o consumo de álcool novamente disparou, com (77,8%); e as 
perturbadoras: LSD e ecstasy com 0% e 0,3%.
A droga de maior consumo entre o público masculino foi o tabaco 
(81,3%), e entre o público feminino, o crack (22,6%). A droga de maior 
consumo entre os adultos (77,4%) e os idosos (83,8%) foi o álcool. 
Os usuários que possuíam uma relação estável tinham um aumento 
no consumo de álcool (42,9%), e os que não possuíam uma relação 
estável apresentavam aumento no uso da cocaína (71,0%). 
Os usuários que possuem trabalho, tinham aumento no uso de álcool 
(44,7%), e os usuários que não possuem trabalho, tinham aumento no 
uso do crack (64,0%).
Segundo Diehl e Bosso (2019), mulheres profissionais do sexo, em 
sua grande maioria (88,5%), relataram uso de álcool em forma de 
binge, e com apenas 32,9% relatando uso de preservativo, o que 
demonstra também importante risco para contaminação de doenças 
infectocontagiosas, como o HIV.
24
2.3 Frequentes comorbidadespresentes no usuário de 
álcool e outras drogas 
Por fim, aluno, agora que já compreendemos como se dá o transtorno 
por uso de substância, vimos um panorama da dependência em nível 
mundial e conhecemos o perfil dos usuários, vamos finalizar com chave 
de ouro e estudar um pouco sobre as comorbidades mais frequente 
nessa população?
Pode-se considerar comorbidade psiquiátrica quando existe a presença 
de dois ou mais transtornos ou duas ou mais doenças que acontecem 
concomitantemente na vida de uma pessoa. Aproximadamente metade 
das pessoas que apresentam uma doença mental irão, além da doença, 
apresentar um transtorno por uso de substâncias (TUS) ao longo de 
suas vidas. O contrário também é valido, pois a doença mental pode 
aumentar as possibilidades para o transtorno por uso de substâncias e, 
por último, o uso de drogas pode acarretar doenças mentais. Uma em 
cada quatro pessoas com doença mental grave apresenta transtorno 
por uso de substância. A Figura 3 nos traz a ilustração em um estudo 
longitudinal na população norte americana.
Figura 3 – Prevalência longitudinal entre transtornos por uso de 
substâncias e doença mental grave entre pessoas maiores 
de 18 anos nos Estados Unidos da América
Legenda: linha azul: % entre pessoas com transtornos por uso de substâncias (TUS). 
Linha vermelha: % entre pessoas com transtorno mental grave.
Fonte: SAMHSA (2014).
25
Os fatores de risco em comum podem justificar a alta prevalência de 
comorbidade. Esses fatores seriam: genética, estressores ambientais e 
vulnerabilidades neuroanatômicas (NICIU et al., 2014; WEN; SCHAID; LU, 
2013; FIDALGO et al., 2018). 
As comorbidades mais comuns entre os usuários de substâncias são: 
transtornos de ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada, 
transtorno de pânico e transtorno de estresse pós-traumático. Outros 
transtornos comuns são: depressão e transtorno bipolar, transtornos do 
spectrum psicótico, transtorno de personalidade borderline, transtorno de 
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e transtorno de personalidade 
antissocial. Esquizofrênicos apresentam índices maiores de uso de tabaco, 
álcool e transtornos por uso de drogas, como a maconha, do que a 
população em geral (OLSSON; FRIDELL, 2015; LE FOLL et al., 2015).
• Transtornos de ansiedade: os transtornos de ansiedade 
incluem transtornos mistos que podem combinar 
características de medo e ansiedade excessivos e perturbações 
comportamentais. Medo é a resposta emocional/
comportamental que a pessoa emite frente a uma ameaça 
iminente real ou percebida apenas pela pessoa, enquanto os 
sintomas de ansiedade são gerados por uma antecipação de 
uma ameaça futura. Certamente, esses dois estados emocionais/
comportamentais se sobrepõem, mas também possuem suas 
características próprias, sendo que o medo aparece com maior 
frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica 
aumentada, o que se faz necessário em situações de luta ou fuga, 
sensação de estar em risco imediato e comportamentos de fuga. 
Já a ansiedade se apresenta mais frequentemente associada a 
vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos 
de cautela ou esquiva ou tensão muscular (APA, 2014).
• Depressão: pessoas com transtornos depressivos podem se 
apresentar com uma simples incapacidade de se concentrar. 
Entretanto, a dificuldade de concentração nos transtornos do 
26
humor fica proeminente apenas durante um episódio depressivo. 
Na depressão, a pessoa pode apresentar humor deprimido 
quase todos os dias e na maior parte dele; o interesse ou prazer 
que apresentava anteriormente passam a ficar diminuídos em 
comparação a datas anteriores; a pessoa ganha ou perde peso 
significativamente; apresenta insônia ou hipersonia quase todos os 
dias; agita-se ou apresenta lentidão psicomotora não apresentada 
anteriormente; fadiga ou perda de energia; culpa-se excessivamente 
ou se sente sem valor quase todos os dias; apresenta habilidade 
reduzida de se concentrar ou pensar; pensamentos diários sobre 
morte e suicídio sem um plano. Pode apresentar tentativa de 
suicídio ou plano para este. Um ponto importante a ser observado 
é que esses sintomas precisam estar causando um impacto 
significativo na vida da pessoa de forma global (APA, 2014).
• Transtorno bipolar: é uma doença grave e de distribuição 
universal que pode ser considerada grave. De 1% a 4% da 
população é afetada pelo transtorno bipolar, dependendo dos 
critérios utilizados. A maior incidência da presença do transtorno 
bipolar acontece no final da adolescência ou na idade adulta 
jovem, com uma idade média geral de início de 25 anos. Entre 20 
e 30 anos de idade é que, geralmente, se dá o início da doença. 
São raros os casos de início tardio, após os 70 anos (AMERICAN 
PSYCHIATRY ASSOCIATION, 2014).
• Transtorno de personalidade: segundo o Manual diagnóstico 
e estatístico americano de doenças mentais DSM-5 (APA, 2014), os 
transtornos de personalidade são aqueles que apresentam um 
padrão persistente de experiência interna e comportamento que 
se desvia drasticamente das expectativas de representação social 
e cultural da pessoa, é inflexível e difuso, geralmente se inicia na 
adolescência ou no início da fase adulta, permanece estável ao 
longo da vida e leva a um significativo sofrimento ou prejuízo. 
São, portanto, traços duradouros, anômalos e constantes que 
evoluem num continuum da vida da pessoa.
27
• Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): 
os déficits primários do transtorno de déficit de atenção e 
hiperatividade podem causar prejuízos globais na vida da pessoa, 
nas áreas da comunicação social e limitações funcionais, na 
comunicação efetiva, bem como na participação social ou no 
sucesso da vida acadêmica (APA, 2014). 
São elencados alguns critérios, segundo o DSM V:
• Critério A: está ligado à desatenção ou à hiperatividade/
impulsividade.
• Critério B: define que os sintomas de desatenção e/ou 
hiperatividade/impulsividade apresentados no critério A devem 
estar presentes em idade inferior a 12 anos de idade.
• Critério C: define que os sintomas de desatenção e/ou 
hiperatividade/impulsividade devem apresentar-se em dois ou 
mais contextos do convívio da pessoa, como casa, trabalho, 
escola etc.
• Critério D: define que os sintomas interferem significativamente 
ou reduzem a qualidade do funcionamento global da pessoa.
• Critério E: define que os sintomas não podem ocorrer 
exclusivamente durante os sintomas agudos da esquizofrenia 
ou outro transtorno psicótico, e também não podem ser melhor 
explicados por outro transtorno mental.
• Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos: o 
espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos engloba 
a doença da esquizofrenia, os transtornos da personalidade 
esquizotípica e outros transtornos psicóticos. Esses transtornos 
são definidos por anormalidades na sensopercepção, como: 
alucinações, delírios, comportamento motor grosseiramente 
desorganizado ou anormal (incluindo catatonia), pensamento 
(discurso) desorganizado e sintomas negativos (APA, 2014). 
28
Alunos, para que possamos pensar nas melhores estratégias de oferta 
de tratamento para portadores de transtornos por uso de substâncias, 
é de extrema necessidade conhecer o perfil do usuário, bem como 
as doenças que podem estar associadas à dependência. Somente 
assim poderemos alcançar de forma eficaz as necessidades básicas 
do usuário e aumentar as chances de manutenção da abstinência no 
processo de recuperação. 
Referências bibliográficas 
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de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Disponível 
em: http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-
Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020.
BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção 
às Drogas. Módulo X: Atualização sobre álcool, tabaco e demais substâncias 
psicoativas.In: BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e 
Prevenção às Drogas. Curso Compacta: capacitação de monitores e profissionais 
das comunidades terapêuticas. Florianópolis: labSEAD, 2019.
BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às 
Drogas. Módulo X: Conhecimentos fundamentais sobre dependência química. In: 
BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção 
às Drogas. Curso Compacta: capacitação de monitores e profissionais das 
comunidades terapêuticas. Florianópolis: labSEAD, 2019.
DIEHL, A.; BOSSO, R.A. Profissionais do sexo. In: Alessandra Diehl (Org.). Sexualidade 
e dependência química: um guia para profissionais que atuam em serviços de 
tratamento. Curitiba: Appris, 2019. p 130. 
LARANJEIRA, R. Bases do tratamento de dependência de crack. In: Ronaldo Laranjeira 
& Marcelo Ribeiro. O tratamento do usuário de crack. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2012.
NICIU, M. J.; HENTER I. D.; SANACORA, G.; ZARATE C. A. Jr. Glial abnormalities in 
substance use disorders and depression: does shared glutamatergic dysfunction 
contribute to comorbidity? World J Biol Psychiatry, v. 15, n. 2, p. 2-16, jan. 2014. 
OLSSON, T. M; FRIDELL, M. Women with comorbid substance dependence and 
psychiatric disorders in Sweden: a longitudinal study of hospital care utilization and 
costs. BMC Health Serv Res., v. 6, n. 15, p. 224, jun. 2015. 
http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf
http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf
29
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). [S.l.], 2019. Disponível em: bit.
ly/2lywVR0. Acesso em: 29 jan. 2020.
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jun. 2014. Acesso em: jan. 2020.
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UNODC, 2019. Disponível em: bit.ly/2n2RjtQ. Acesso em: 29 jan. 2020.
http://bit.ly/2lywVR0
http://bit.ly/2lywVR0
https://www.samhsa.gov/disorders
https://scielosp.org/pdf/sdeb/2019.v43n121/450-463/pt
http://bit.ly/2n2RjtQ
30
Políticas públicas na atenção aos 
usuários de álcool e outras drogas 
Autoria: Rogério Adriano Bosso
Leitura crítica: Fábio Eiji Sato
Objetivos
• Apresentar as políticas públicas sobre drogas 
no Brasil. 
• Apresentar a história das políticas públicas 
sobre drogas no Brasil. 
• Apresentar a legislação vigente.
31
1. Introdução
Olá, aluno! 
No Brasil, muito se tem discutido sobre o uso e abuso de drogas lícitas 
e ilícitas. Neste módulo, você estudará sobre as políticas públicas sobre 
drogas no Brasil. Como sabemos, tudo tem sua história e é importante 
que saibamos sobre a história, a origem de tudo, pois dessa forma 
conseguiremos compreender melhor as configurações atuais das 
políticas públicas para essa demanda específica, dos portadores de 
transtornos por uso de substâncias.
As políticas públicas foram se “modificando” ao longo do tempo, 
conforme as evidências científicas foram trazendo dados importantes 
sobre os usuários de álcool e outras drogas. Quando falamos 
em política sobre drogas, estamos falando de um conjunto de 
estratégias que o Brasil traçou na tentativa de reduzir a oferta, bem 
como a demanda das drogas.
Com o conteúdo que você estudará agora, você poderá tomar ciência 
dos direitos que os usuários de álcool e outras drogas possuem, 
ajudando-os a, também, desenvolver essa consciência e, dessa 
forma, não cometer o risco de negligenciar o usuário durante seu 
atendimento. Prezado aluno, temos muito o que ver sobre esse 
assunto, não é mesmo? 
2. Políticas públicas sobre drogas e sua história 
no Brasil
Para iniciar os estudos, vamos entender o que são políticas públicas? 
As políticas públicas são um conjunto de estratégias que pode ser 
desenvolvido pelo Estado, nos níveis municipal, estadual e federal.
32
Sempre que existe uma demanda de um grupo populacional específico 
na sociedade, na tentativa de solucionar o problema, cria-se política 
pública, com objetivos específicos focados na situação-problema. 
As políticas públicas têm a função de direcionar por meio de suas 
diretrizes, que devem ser seguidas em todo o país.
Para a criação das políticas públicas sobre drogas, existem vários 
debates entre diferentes setores, os quais nem sempre possuem os 
mesmos interesses em comum. Você, aluno, tem ideia de quais são 
esses setores?
• Sociedade civil.
• O poder do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário).
• Indústrias das drogas, como tabaco e bebidas alcoólicas.
• Universidades com dados científicos.
• Mídia. 
Vale ressaltar que as políticas públicas não ditam as mesmas diretrizes 
em todos os locais, ou seja, elas podem sofrer alterações dependendo 
do município, estado, país ou cultura. Vale ressaltar também que as 
políticas públicas não devem ser engessadas, ou seja, elas podem e 
devem ser revistas ao longo dos tempos para alterações necessárias. 
Para ilustrar, podemos tomar como exemplo de mudanças na 
legislação o cigarro. Há 30 anos, existiam inúmeras propagandas, 
sempre de forma luxuosa, para prender a atenção das pessoas; além 
disso, seu uso era permitido em qualquer lugar, sendo ele coletivo ou 
não, porém, após muita discussão dos setores e colaboração da área 
acadêmica com suas pesquisas, nos dias atuais, com as mudanças das 
políticas públicas em relação ao cigarro, a propaganda e os locais para 
uso foram restritos.
33
Algumas vezes, ficamos descrentes em relação à tomada de atitudes 
que possam vir a promover mudanças, não é mesmo, aluno? Mas vamos 
tomar esse exemplo como base para nos mantermos firmes na ideia 
de lutar por melhorias que possam acarretar bem-estar global para 
a sociedade. As políticas públicas em relação ao cigarro deram muito 
certo, impactando diretamente a diminuição de problemas de saúde e o 
consumo dessa droga (BRASIL, 2019). 
Mas agora, aluno, vamos dar uma passeada pelo tempo e saber como 
se deu, no Brasil, o processo da evolução das políticas públicas sobre 
drogas e das legislações vigentes? 
1973: 
• Adesão do Brasil ao Acordo Sul-Americano sobre Estupefacientes 
e Psicotrópicos. 
• Lei n. 6.368/1976, separa as figuras de traficante e usuário. 
• Coloca a necessidade de comprovação do uso por meio de laudo 
toxicológico.
1986: 
• Criação do Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate 
às Drogas de Abuso (Funcab), Lei n. 7.560/1986, vinculada 
ao Ministério da Justiça, sob direção do Conselho Federal de 
Entorpecentes (Confen).
1988: 
• A Constituição de 1988 determina que tráfico de drogas é crime 
inafiançável e sem anistia.
1993: 
• Com o intuito de propor a política nacional de entorpecentes para 
que elaborem planos, coordene, supervisione, exerça orientação 
34
de normas e fiscalize as atividades do uso de entorpecentes 
e substâncias psicoativas que causem dependência física ou 
psíquica, bem como o tráfico, além de funções em conformidade 
com os objetivos do Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização 
e Repressão de Entorpecentes, foi criado o Conselho Federal de 
Entorpecentes (Confen). 
• A Secretaria Nacional de Entorpecentes foi criada com o objetivo 
de acompanhar, supervisionar e fiscalizar o que era executado 
pelo Conselho Federal de Entorpecentes.
1998: 
• A Medida Provisória n. 1.689/1998 transforma o Confen em 
Conad (Conselho Nacional Antidrogas). 
• Criação da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) objetivando 
a integração entre sociedade, governo e o Conad. A missão da 
Senad é coordenar a Política Nacional Antidrogas. 
• Especificamente, até então,não havia uma política nacional 
sobre drogas. 
2000: 
• A Lei n. 10.167/2000 restringe a publicidade na mídia de produtos 
derivados do tabaco.
• A Lei n. 10.167/2000 proíbe também propaganda via internet, a 
propaganda em pistas, estádios, palcos ou locais similares e a 
propaganda indireta contratada (merchandising).
• A Lei n. 10.167/2000 proíbe, ainda, patrocínios em eventos 
culturais e esportivos nacionais.
2001: 
• A Lei n. 10.216/2001 preocupa-se com a proteção e os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais e apresenta uma nova 
diretriz para o modelo de assistência em saúde mental.
35
• A Lei n. 10.216/2001 apresenta, ainda, as modalidades de 
internação, sendo elas: voluntária, involuntária e compulsória. 
Vale ressaltar que, para qualquer uma das modalidades de 
internação, a avaliação médica se faz imprescindível. 
Muito ouvimos falar, atualmente, sobre a Reforma Psiquiátrica. 
Um marco legal da reforma é a Lei n. 10.216/01, de Paulo 
Delgado. A lei dá garantia aos usuários de álcool e outras drogas à 
universalidade de acesso e direito assistencial, assim como garante 
sua integralidade. A partir dessa mudança, são estruturados serviços 
que possam atender as pessoas em seu local de convívio, sem que 
elas precisem ser retiradas de seu ambiente social para ser reclusa 
em um modelo tradicional de internação (SANTOS; OLIVEIRA, 2013).
• Ainda nesse ano, acontece a mudança do nome do Funcab para 
Fundo Nacional Antidrogas (Funad): Medida Provisória n. 2.216-
37/2001. Ainda nesse período, a Resolução RDC 101/2001 – Anvisa 
apresenta a regulamentação técnica de exigências mínimas para que 
funcionem serviços que atendam usuários de álcool e outras drogas.
2002: 
• A Política Nacional Antidrogas (Pnad) aponta diretrizes para 
desenvolver estratégias de prevenção, recuperação, tratamento, 
reinserção social, repressão ao tráfico, redução de danos sociais e à 
saúde, pesquisas, estudos e avaliações decorrentes do uso indevido 
de drogas por meio do Decreto n. 4.345 de 26 de agosto de 2002.
2003: 
• A política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários 
de álcool e outras drogas é publicada pelo Ministério da Saúde. 
Cria os serviços assistenciais de atenção diária: os Centros de 
Atenção Psicossocial (CAPS) e os Centros de Atenção Psicossocial 
Álcool e Drogas (CAPS AD). 
36
2005: 
• Aprovação da Política Nacional sobre Drogas (Pnad) pelo Conad.
2006: 
• A Lei n. 11.343/2006 retira a pena de prisão para o usuário de 
álcool e outras drogas que esteja portando essas substâncias 
para seu próprio consumo. Essa mesma lei diferencia o traficante 
profissional daquele que “trafica” para poder ter como recompensa 
algum tipo de substância para o próprio consumo. 
• O Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad) é instituído. 
O Sisnad e a Pnad são importantes avanços nas políticas públicas 
sobre drogas.
2008: 
• Apreensão do veículo, suspensão temporária da CNH e multa 
são penalidades para motoristas que apresentem concentração 
de álcool no sangue. Essa implementação faz parte do Decreto 
n. 6.488 de 19 de junho de 2008, que dispõe alterações no 
Código de Trânsito Brasileiro. 
2011: 
• Para poder avaliar as comunidades terapêuticas de forma eficaz, 
levando em consideração seu caráter de convívio entre pares e 
residencial, a Anvisa propõe uma revisão na RDC 101/2001 e cria a 
RDC 29/2011. Anterior a essa revisão, as comunidades terapêuticas 
eram avaliadas com o mesmo rigor da avaliação de um Hospital.
2012: 
• A Lei n. 12.760 de 20 de dezembro de 2012 propõe penalidades 
mais severas para pessoas que forem pegas dirigindo sob uso de 
álcool. A tolerância para o nível de alcoolemia agora é zero.
37
2015: 
• O Marco Regulatório das Comunidades Terapêuticas é 
considerado pela Resolução Conad n. 1/2015.
2019: 
• O Projeto de Lei da Câmara n. 37 (PLC 37/2013) é aprovado e, 
assim, sancionada a Nova Política Sobre Drogas no Brasil.
Figura 1 – Proibição do uso de tabaco/cigarro em locais coletivos
Fonte: philpell/iStock.com.
2.1 As políticas públicas sobre drogas no Brasil e sua 
legislação vigente
Aluno, agora você já conheceu um pouco da história e da evolução das 
políticas públicas sobre drogas no Brasil. Você já conhecia a história das 
políticas públicas sobre as drogas no Brasil? Considera que o Brasil teve 
avanços importantes com a implementação dessas políticas? Como um 
cidadão da sociedade civil, você, aluno, contribuiria para as políticas 
sobre drogas com alguma ideia que julga importante e que poderia 
trazer benefícios para a população brasileira que é acometida pelos 
transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas? Bom, foram 
muitas contribuições de diversos setores ao longo desses anos e agora 
vamos estudar um pouco sobre as políticas sobre drogas que estão 
vigentes no Brasil. Está pronto?
38
Em junho de 2019, em parceria com os Ministérios da Saúde, da Justiça 
e Segurança Pública, da Mulher, da Cidadania, da Família e Mulher, 
da Família e dos Direitos Humanos, foi aprovada a Nova Política 
sobre Drogas no Brasil. O encargo sobre a responsabilidade pelo 
tratamento do usuário de álcool e outras drogas fica para o Ministério 
da Cidadania. Uma das mudanças foi o fortalecimento das comunidades 
terapêuticas. A partir de então, elas fazem parte da Rede de Atenção 
Psicossocial (RAPS). Assim como as comunidades terapêuticas, os 
hospitais psiquiátricos também passam a integrar a Rede de Assistência 
Psicossocial (Raps) como serviços importantes na rede de cuidados ao 
usuário de álcool e outras drogas, bem como para seus familiares.
Mais de 25 mil leitos psiquiátricos foram extintos entre 2002 e 2014 
em todo o Brasil, baseado na ideia de que pessoas portadoras de 
transtornos mentais não necessitam de internação. Com isso, houve 
uma crise na área da saúde mental, não deixando de fora os usuários 
de álcool e outras drogas. Hoje o número de usuários que necessitam 
de leitos para tratamento adequado é muito maior do que o número de 
leitos que estão disponíveis no Brasil (ABEAD, 2019).
Uma proporção considerável de usuários de álcool e outras drogas 
não possuem recursos mínimos necessários para seu processo de 
recuperação do transtorno pelo uso de substâncias. Alguns sequer podem 
contar com o amparo social básico, como condições de autossustento e 
moradia, estando expostos a vulnerabilidade social, o que contribui para a 
baixa adesão aos serviços ambulatoriais (MORAES, 2005). 
Antes da Nova Política sobre Drogas no Brasil, existia uma lacuna na 
história de tratamento dos usuários de álcool e outras drogas, que 
precisavam, antes de qualquer coisa, de suporte social. 
Com a inclusão das comunidades terapêuticas na Raps, foi possível que 
o usuário de álcool e outras drogas estabilizasse seu quadro clínico de 
forma intensiva, contando com o acolhimento em um ambiente seguro e 
39
especializado, tendo, além do suporte social, a possibilidade de reinserir-
se socialmente, por meio do convívio entre os pares e o resgate dos 
vínculos familiares.
Figura 2 – Diferentes setores participando de discussões para 
ações relacionadas às políticas públicas sobre drogas
Fonte: filo/iStock.com.
Aluno, vale lembrar que trabalhar com a demanda de pessoas 
portadoras de transtornos por uso de substâncias é algo extremamente 
complexo e que precisaremos utilizar todas as ferramentas possíveis 
para melhor auxiliar aqueles usuários que buscam por ajuda. 
Por esse motivo, precisamos estar cientes das políticas públicas sobre 
drogas no Brasil, para que possamos oferecer e conscientizar os 
usuários de álcool e outras drogas sobre seus direitos assistenciais, 
direitos esses que incluem a garantia da integridade e respeito em 
seu atendimento. 
Os usuários de álcool e outras drogas devem ser vistos como pessoas 
em sofrimento e não julgados moralmente. São portadores de uma 
doença crônica e devem ser tratados como qualquer outra pessoa 
portadora de qualquer outra doença grave, com o mesmorespeito e 
cuidado. A política pública nos ajuda, com suas diretrizes, a lutarmos 
por essas garantias.
40
Referências bibliográficas 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS SOBRE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS (ABEAD). 
O que a “Nova Política sobre Álcool e Drogas” (PNAD) no Brasil nos informa? 
Rio de Janeiro. 2019. Disponível em: https://www.abead.com.br/opiniaoabeadpnad. 
Acesso em: 7 jan. 2020.
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Ministério da Cidadania. Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas. 
Curso Compacta: capacitação de monitores e profissionais das comunidades 
terapêuticas. Florianópolis: labSEAD, 2019.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de Políticas 
sobre Drogas (Conad). Resolução Conad n. 1/2015. Regulamenta, no âmbito 
do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad), as entidades 
que realizam o acolhimento de pessoas, em caráter voluntário, com problemas 
associados ao uso nocivo ou dependência de substância psicoativa, caracterizadas 
como comunidades terapêuticas. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 
01/2015 p. 51, 28 ago. 2015. Disponível em: bit.ly/326KzL5. Acesso em: 8 jan. 2020.
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Política Nacional sobre Drogas. Diário Oficial da União: seção 1 – extra – A, Brasília, 
DF, 04/2019 p. 7, 11 abr. 2019. Disponível em: bit.ly/2TVtSPx. Acesso em: 25 jul. 2019.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Nacional Antidrogas. Mapeamento 
das instituições governamentais e não governamentais de atenção às 
questões relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas no Brasil – 2005. 
Brasília: Senad, 2007. 
MORAES E. et al. Visita domiciliar no tratamento de pacientes dependentes de 
álcool: dados preliminares. Rev Bras Psiq., v. 27, n. 4, p. 347-348, dez. 2005.
SANTOS, J. A. T.; OLIVEIRA, M. L. F. Políticas públicas sobre álcool e outras drogas: 
breve resgate histórico. Saúde e Transformação Social, v. 4, n. 1, p. 82-89, 2013.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social. Coordenação 
de Políticas sobre Drogas (Coed). Guia técnico Rede Recomeço: serviço de 
acolhimento social. São Paulo: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, 
[s.d.]. Disponível em: bit.ly/2NnT0NT. Acesso em: 9 jan. 2020. 
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Ministério Público Biênio 2015/2016. São Paulo: Associação Paulista do Ministério 
Público, 2016.
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41
Ambientes de tratamento 
específicos para usuários de 
álcool e outras drogas 
Autoria: Rogério Adriano Bosso
Leitura crítica: Fábio Eiji Sato
Objetivos
• Capacitar o aluno para realizar encaminhamentos 
adequados aos usuários de álcool e outras drogas. 
• Apresentar os ambientes de tratamento 
específicos para tratamento dos usuários de 
álcool e outras drogas. 
• Apresentar os tipos de internação para usuários 
de álcool e outras drogas. 
• Discutir o trabalho da equipe multidisciplinar 
no atendimento aos usuários de álcool e 
outras drogas.
42
1. Introdução
Olá, aluno! 
Neste módulo, você estudará sobre os ambientes de tratamento 
específicos para o tratamento do usuário de álcool e outras drogas. 
Muito se fala em encaminhamento adequado ao usuário de álcool e 
outras drogas, porém, para que se possa encaminhá-lo adequadamente, 
faz-se extremamente necessário e importante que o profissional 
conheça quais são os ambientes de tratamento que estão disponíveis 
hoje na rede socioassistencial e que está capacitada para receber 
esse usuário, de forma que contemple toda a complexidade que a 
dependência química traz consigo ao acometer a pessoa. 
Existem ideias divergentes entre os profissionais da saúde em relação 
aos ambientes de tratamento, muitas vezes entrando em discussões 
que não levam a lugar nenhum, na tentativa da compreensão de qual 
dos ambientes seria o melhor para o usuário. Vale pensar que não 
falamos em ambiente de tratamento melhor ou pior, cada um dos 
ambientes apresenta seus pontos fortes e suas fraquezas, sendo assim, 
contemplam diferentes perfis de usuários em diferentes momentos da 
evolução da dependência química. 
O ideal é sempre o acompanhamento em rede! Com o conteúdo que 
você estudará agora, com certeza, poderá identificar qual será o melhor 
ambiente para encaminhar o usuário que chegar até você, considerando 
seu momento na evolução da dependência. Acredito que você esteja 
curioso para conhecer os ambientes de tratamento, correto? Então, 
vamos estudar!
43
2. Ambientes de tratamento para usuário de 
álcool e outras drogas
2.1 Ambientes de tratamento
Todo serviço que oferece tratamento para o usuário de álcool e outras 
drogas possui sua própria organização interna, o que resulta no 
enquadre terapêutico, ou seja, na oferta das atividades de tratamento 
que estarão disponíveis naquele local, na estrutura do tratamento 
(teórico-prático, profissional e institucional). 
Quando falamos em ambientes de tratamento, não falamos apenas 
em uma modalidade. Isso não seria nem mesmo possível, devido aos 
diferentes perfis de usuários, sendo que cada perfil se identificará mais 
com um modelo de tratamento ou com outro, e isso não significa que os 
modelos são melhores ou piores um dos outros, são apenas diferentes. 
Cada ambiente possui seus pontos fortes, mas também possui seus 
pontos a serem melhorados. Enquanto profissionais inseridos nesses 
ambientes, precisamos avaliar esses pontos e fortalecer a cada dia os 
que estão se apresentando de forma positiva e propor estratégias para 
a melhoria dos pontos que precisam ser revistos. É importante que o 
profissional se atente aos locais que já conseguiram comprovar seus 
resultados quanto a proposta de tratamento e sucesso de recuperação 
de usuários, de forma científica.
Vamos conhecer quais são, no Brasil, os principais ambientes 
de tratamento disponíveis e suas particularidades, uma vez que 
cada ambiente de tratamento possui suas atribuições definidas e 
diferenciadas umas das outras (BRASIL, 2019).
• Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPS AD): 
os CAPS AD são serviços de saúde disponibilizados para municípios 
com mais de 70 mil habitantes ou para municípios que não atinjam 
44
esse número de habitantes, mas que estejam geograficamente 
situados em fronteiras ou que estejam situados em rota de tráfico, 
conforme a Portaria GM n. 336 de 19 de fevereiro de 2002. O CAPS 
AD pode, também, funcionar na modalidade 24 horas, segundo a 
portaria GM/2.841 de 20 de setembro de 2010, com a proposta de 
aumentar o cuidado ao dependente químico. 
Esse ambiente de tratamento deve integrar o usuário em sua 
comunidade por meio de atividades que devem ser propostas 
de forma individualizada para cada caso e contar com leitos para 
eventuais necessidades de atendimentos emergenciais e de 
observação, além de oferecer as refeições diárias, conforme a 
necessidade de estadia do usuário no local. Embora o CAPS AD 
apresente um avanço inquestionável no tratamento dos usuários de 
álcool e outras drogas, ainda não são, por si só, suficientes para tratar 
de todas as demandas dos usuários (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
• Comunidades terapêuticas: para iniciar o subtema sobre ascomunidades terapêuticas (CTs), vale lembrar que elas foram 
incluídas na Rede de Apoio Psicossocial (Raps) na nova lei sobre 
drogas de 2019 (Lei n. 13.840, de 5 de junho de 2019). Porém, 
com essa inclusão, não significa que todos os usuários de álcool 
e outras drogas que necessitem de tratamento ou procurem 
espontaneamente devem, necessariamente, ser encaminhados ou 
utilizar essa modalidade de ambiente de tratamento. 
A partir da inclusão das CTs na Raps, ela passa a ser uma 
possibilidade terapêutica no conjunto de serviços que 
compõem a rede socioassistencial, voltada para a recuperação 
de dependentes químicos. As CTs estão presentes em mais 
de 60 países e são consideradas ambientes de tratamento 
especializado. A oferta de seu programa se dá de forma intensiva 
e estruturada, com foco na manutenção da abstinência. 
O agente-chave no processo de mudança das CTs se dá por meio da 
utilização da própria comunidade como agente terapêutico, o que 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13840.htm
45
também faz desse modelo um diferencial. Na CT, a pessoa é tratada 
como um todo, considerando suas particularidades, e sua admissão 
é apenas de forma voluntária (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
• Pronto-socorro: embora o pronto-socorro seja um dos locais mais 
procurados pelos usuários de álcool e outras drogas, ele carece 
de profissionais especialistas na área da dependência química. 
Dessa forma, o atendimento ao usuário fica pobre, pois existe 
uma grande complexidade e, além desse fator, o pronto-socorro, 
para essa população, poderia servir como um motivador para a 
busca de tratamentos específicos se contassem com profissionais 
capacitados para acolher essa demanda. A grande procura do 
usuário pelo pronto-socorro se dá devido à relação do uso com 
situações de vulnerabilidade, como: acidentes automobilísticos 
ou domésticos, quedas, agressões físicas e outras situações que 
comprometem a integridade física do usuário (BRASIL, 2019).
• Hospitais psiquiátricos: usuários de álcool e outras drogas, 
com comprometimento severo por conta do envolvimento com 
o uso de substâncias, podem não aderir a tratamentos em meio 
aberto, como os tratamentos ambulatoriais, e poderão precisar 
de internação hospitalar para poder estabilizar o quadro da 
dependência química. Porém, com a reforma psiquiátrica, cada 
vez mais, os leitos têm sido indisponíveis, dificultando a entrada 
dos usuários nessa modalidade de tratamento. Essa falta de leitos 
específicos para a dependência química faz com que, em alguns 
hospitais, o usuário permaneça em companhia de pacientes com 
patologias psiquiátricas diversas, como, por exemplo, psicóticos 
crônicos e agudos, não tendo, assim, um olhar apurado para as 
questões específicas da dependência (BRASIL, 2019). 
• Hospital-dia: o Hospital-dia, serviço de internação parcial, 
apresenta uma abordagem altamente estruturada em que o 
usuário passa o dia no serviço e retorna à noite para casa. Suas 
46
propostas terapêuticas são bem definidas, objetivas e com limite 
de tempo. O Hospital-dia apresenta um cenário mais clínico e/
ou hospitalar e os usuários podem frequentar de quatro a cinco 
vezes durante a semana. Sua principal função é oferecer um local 
protegido e com foco na abstinência. Sua indicação é para usuários 
que necessitam de acompanhamento multidisciplinar e intensivo, 
em horário integral, bem como para usuários em estágios iniciais 
do tratamento, pois permite a desintoxicação com suporte médico. 
É indicado também para usuários com baixa motivação para o 
tratamento ou com episódios de recaídas frequentes, incluindo os 
usuários sem suporte social e com baixo repertório para habilidades 
sociais. O custo de um Hospital-dia chega a ser 40% a 60% mais 
barato que uma internação tradicional (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
• Moradia assistida: a moradia assistida é um ambiente de 
tratamento que faz a junção entre atenção social e de saúde, 
podendo oferecer ao usuário um período prolongado de 
três meses a um ano de acolhimento. Enfermeiros, médicos, 
psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais etc., 
podem realizar o monitoramento dos usuários. Seu principal 
objetivo é a reinserção social e prevenção à recaída, dessa forma, 
sua indicação é para usuários com demanda de acolhimento 
social ou em estágios mais avançados de recuperação. Não 
necessariamente sua estadia precisa estar condicionada à 
abstinência. Na moradia assistida, os papéis dos usuários são 
bem definidos com normas e regras, às vezes, bastante rígidas 
e restritivas para manter a ordem e a convivência saudável. 
(RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
• Ambulatório especializado: o ambulatório especializado possui 
uma estrutura completa de atendimento, sendo assim, não envolve 
a internação. Os atendimentos são realizados por profissionais 
especializados em atender à demanda de álcool e outras drogas e 
o tratamento acontece de forma periódica. Psicólogos e médicos 
47
elaboram o projeto terapêutico, o qual, em sua maioria, envolve 
terapia em grupo ou individual e uso de medicações psiquiátricas. 
Sua indicação é para usuários em etapas iniciais do processo de 
recuperação, uma vez que permite o acompanhamento médico 
no período de desintoxicação. Além da figura do psicólogo e do 
médico, outros profissionais podem compor a equipe, sendo 
terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e 
educadores físicos (RIBEIRO; LARANJEIRA, 2012).
• Grupos de apoio: os grupos de apoio mais conhecidos são 
Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA). Esses 
grupos atuam como uma irmandade que pode ser composta 
por homens e mulheres, os quais vivenciam e realizam trocas, 
entre si, das experiências do uso, com o intuito de resolver seu 
problema comum com substâncias psicoativas, além de ajudar 
outros usuários que precisam alcançar a recuperação. O desejo 
de interromper o uso é a única exigência para frequentar o 
grupo. O grupo é aberto ao público e sem cobrança de taxas, pois 
funciona de forma autossuficiente. Não estão ligados a seita ou 
religião, não são afiliados a nenhuma organização ou instituição, 
não são partidários e não apoiam e nem combatem quaisquer 
causas. A manutenção da abstinência do álcool e outras drogas é 
o propósito primordial (BRASIL, 2019).
Figura 1 – Representação da importância do suporte profissional
Fonte: smolaw11/IStock.com.
48
2.2 Modelos de internação para o tratamento da 
dependência química
Aluno, você já deve ter ouvido falar nas modalidades de internação 
existentes no Brasil, bem como as discussões e polêmicas em relação 
às modalidades de internação involuntária e compulsória. Mas você 
as conhece? Sabe como funciona cada uma dessas modalidades de 
internação?
Antes de prosseguirmos, é importante ressaltar que a internação, 
seja ela de qual modalidade for, é sempre o último recurso de que o 
profissional que trabalha com a demanda da dependência química deve 
lançar mão, pois as internações são indicadas para casos severos de 
dependência, em que a pessoa acometida pelo transtorno por uso de 
substâncias fecha critérios diagnósticos para dependência grave, está 
sob risco de morte ou com sua crítica prejudicada devido ao uso. 
Sendo assim, sem condições de percepção de sua real condição e sem 
possibilidades de avaliar devida e adequadamente suas escolhas. Bom, 
aluno, vamos conhecer as modalidades de internação.
Hoje, no Brasil, podemos contar com diferentes modelos de internação 
para o tratamento de usuários de álcool e outras drogas. Sobre as 
internações, Barros e Serafim (2009, p. 175) informam que é a lei que 
define suas modalidades, bem como suas justificativas.
São considerados os seguintes tipos de internação: 
I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do 
usuário; 
II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do 
usuário e a pedido de terceiro; e 
III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Continuando com os apontamentosde Barros e Serafim (2009), eles 
informam que uma internação só pode ser considerada voluntária se a 
49
pessoa declarar, de forma escrita, logo no ato da admissão, que aceita 
ou que optou por esse modelo de tratamento.
Os demais casos de internação podem ser considerados involuntários, 
com exceção das judiciais (compulsórias), nas quais a vontade do 
usuário de álcool e outras drogas não interfere. Barros e Serafim (2009) 
ainda informam que, em se tratando de internação voluntária, seu 
término pode acontecer por determinação médica ou mesmo pela 
solicitação escrita do usuário. 
Sobre a internação involuntária, Barros e Serafim (2009) informam que 
esse modelo de internação se dá devido à perda de autonomia do usuário, 
que passa a apresentar um funcionamento desadaptativo de seu estado, 
no qual podem ocorrer quadros psicóticos graves, casos de depressão 
com risco de suicídio, entre outros, que podem ilustrar essa condição. 
Informam-nos, ainda, também Barros e Serafim (2009), para outros 
importantes aspectos da internação involuntária, ressaltando que essa 
modalidade de internação deverá ser comunicada ao Ministério Público 
Estadual no prazo de 72 horas. Essa comunicação deve acontecer por meio 
do responsável técnico do local da internação (ambiente de tratamento 
que receber o usuário) e devendo, no momento da alta do usuário, ser 
adotado o mesmo procedimento. A obrigatoriedade do término da 
internação involuntária deve se dar por solicitação escrita pelo médico 
responsável pelo tratamento, ou por um familiar, ou responsável legal. 
Sobre a internação compulsória, Barros e Serafim (2009) informam 
que esse modelo de internação é determinado, conforme a legislação 
vigente, por juízes, os quais levarão em conta as condições de segurança 
do ambiente de tratamento, quanto à salvaguarda do paciente, dos 
demais usuários que ali se encontram internados e dos funcionários. 
Um dos pontos mais importantes no funcionamento saudável de uma 
pessoa é a condição que ela tem de autonomia, porém, levando em 
consideração essa questão como um ponto importante, podemos 
50
compreender o modelo de internação involuntária. Koopmans e Sremac 
(2011) nos ajudam a pensar a autonomia, descrevendo-a como a 
possibilidade de liberdade em fazer escolhas de autorrespeito; aponta 
ainda que, ao fazer uma escolha de forma voluntária, a pessoa não 
deixa de assumir as responsabilidades e consequências previsíveis 
dessa escolha. Koopmans e Sremac (2011) colocam, ainda, o uso de 
substâncias psicoativas como prejudicial à autonomia. 
Figura 2 – Maca hospitalar com equipamento de contenção
Fonte: Rikke68/iStock.com.
2.3 Orientações da equipe multidisciplinar no 
tratamento do usuário de álcool e outras drogas
Bom, aluno, chegamos a um tema importante quando falamos 
em dependência química e o tratamento do usuário de drogas: as 
orientações da equipe multidisciplinar que compõe o tratamento. É a 
composição dos membros dessa equipe, com toda sua experiência na 
área e capacidade de realizar orientações adequadas, que contribuirá 
para a elaboração de planos de atendimento singular (PAS) que 
possibilitem ao usuário alcançar suas metas rumo à recuperação e 
manutenção da abstinência. 
Duas ações importantes da equipe de tratamento para a dependência 
química são: a orientação em relação ao processo de tornar-se 
51
dependente para os usuários e familiares, bem como informações 
adequadas sobre encaminhamentos, e esclarecimentos do 
funcionamento dos ambientes de tratamento, como, por exemplo, da 
oferta das atividades que compõem o programa (ALMEIDA et al., 2018).
• Orientação: em se tratando de usuários que preenchem critérios 
para dependência leve, as orientações da equipe devem estar 
relacionadas aos prejuízos pelo uso, como afetivos, sociais, 
financeiros e fisiológicos. 
Em se tratando de usuários que preenchem critérios para 
dependência moderada, a equipe deve orientar sobre os riscos 
de desenvolver uma dependência severa, devido à tolerância 
desenvolvida no cérebro. Os usuários devem ser orientados 
quanto à diminuição do consumo ou parar totalmente. 
Em se tratando de usuários que preenchem critérios para 
dependência grave, a equipe deve orientar os usuários sobre a 
importância da reestruturação das relações pessoais, sociais e 
familiares que foram prejudicadas devido ao uso de drogas. 
O objetivo de todas as orientações consiste na reinserção social 
do usuário de álcool e outras drogas (LOPES et al., 2019).
Figura 3 – Equipe multidisciplinar discutindo o caso de um usuário na 
recepção de um ambiente de tratamento para usuários de álcool e 
outras drogas
Fonte: katleho Seisa/iStock.com.
52
Ao trabalharmos com uma população que demandará tratamento 
especializado, é importante conhecermos os ambientes, não somente 
na teoria, mas também, sempre que possível, é importante que o 
profissional que atua com essa demanda visite os locais para conhecer na 
prática tanto as ofertas do serviço como a equipe que compõe o serviço, 
possibilitando, assim, a formação de rede, pois, unindo as ferramentas 
disponíveis nos diferentes ambientes de tratamento, aumentam-se a 
eficácia e a possibilidade de o usuário manter-se em abstinência. 
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ALMEIDA, R. B. F. et al. O tratamento da dependência na perspectiva das 
pessoas que fazem uso de crack. Interface, Botucatu, v. 22, n. 66, p. 745-
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Curso Compacta: capacitação de monitores e profissionais das comunidades 
terapêuticas. Florianópolis: labSEAD, 2019.
KOOPMANS, F.; SREMAC, S. Addiction and Autonomy: are Addicts Autonomous? 
Nova prisutnost, v. 1, p. 171-188, set. 2011.
LOPES, L. L. T. et al. Ações da equipe multiprofissional do Centro de Atenção 
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672019000601624&lng=en&nrm=iso
53
BONS ESTUDOS!
	Sumário
	Atenção psicossocial na abordagem ao usuário de álcool e outras drogas 
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Atenção psicossocial na abordagem ao usuário de álcool e outras drogas 
	Referências bibliográficas 
	Perfil dos usuários de álcool e outras drogas 
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Perfil dos usuários de álcool e outras drogas 
	Referências bibliográficas 
	Políticas públicas na atenção aos usuários de álcool e outras drogas 
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Políticas públicas sobre drogas e sua história no Brasil 
	Referências bibliográficas 
	Ambientes de tratamento específicos para usuários de álcool e outras drogas 
	Objetivos 
	1. Introdução 
	2. Ambientes de tratamento para usuário de álcool e outras drogas 
	Referências bibliográficas

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