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RESUMO PMSUS - Políticas de Drogas

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Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
ESTRATÉGIAS RELACIONADAS A QUESTÃO DE 
USUÁRIOS DE DROGAS EM VULNERABILIDADE 
SOCIAL. 
Os pontos consensuais para a caracterização dos usuários 
de crack/cocaína são os seguintes: 
FUNCIONALIDADE 
Ainda que o crack se constitua uma substância com 
grande potencial de desenvolvimento de dependência, 
diversos segmentos profissionais, além da saúde, 
apontam haver uma porcentagem de usuários da 
substância que apresentam menos danos funcionais. Esta 
categoria de usuários apresenta menos rupturas com sua 
rede de relações social, de trabalho e familiar. Com base 
nestes achados, os usuários foram divididos em duas 
categorias: funcionais e disfuncionais. É importante que 
sejam oferecidas condições de suporte social e de rede 
de cuidados aos usuários funcionais para que se 
mantenham na funcionalidade. As ações de saúde 
mental, tanto na atenção básica, nos hospitais, quanto 
nos CAPS, estarão voltadas aos usuários disfuncionais, na 
medida em que estes constituam um grupo com um 
maior risco de agravos e maior vulnerabilidade. A ruptura 
com as redes de relação social, familiar e de trabalho 
tende a, por sua vez, dificultar a diminuição do consumo 
de substâncias. 
VULNERABILIDADE 
Característica que implica no risco do usuário de crack em 
apresentar agravos de todas as ordens decorrentes do 
uso da droga. Diversos elementos interferem na 
vulnerabilidade do usuário, entre eles elencou-se: 
a) Gênero: usuárias do sexo feminino são mais 
vulneráveis a abuso sexual e agravos de ordem física. O 
consumo de crack pode associar-se ainda com 
prostituição, que implica no aumento de riscos. 
b) Idade: usuários jovens e adultos jovens apresentam 
um uso de crack mais frequentemente associado a 
processos disruptivos em relação à sua vida social. 
Características ainda de impulsividade podem implicar 
em agravos relativos ao consumo. 
c) Vínculo com instituições como família, escola e 
inserção no trabalho formal ou informal: usuários de 
crack que mantêm, minimamente, uma rede de apoio 
familiar e social e vinculações formais no mercado de 
trabalho têm mais recursos de acesso ao cuidado, bem 
como maior alcance a fatores de proteção. 
d) Escolaridade: baixa escolaridade implica, entre outros 
aspectos, em menor inserção no mercado formal, menor 
disponibilidade financeira e, consequentemente, maior 
vulnerabilidade. 
e) Comorbidades: comorbidades psiquiátricas como 
transtornos de humor ou quadros psicóticos implicam 
frequentemente em pior prognóstico em avaliações 
prospectivas. f) Delitos, Situações de conflito com a lei- 
situações de conflitos com a justiça, de ilegalidade, 
especialmente associação com tráfico implicam numa 
maior exposição à violência e, portanto, a maior 
vulnerabilidade. g) Conflito com tráfico- contextos de 
dependência com os fornecedores, em especial as dívidas 
com tráfico implicam em maior vulnerabilidade. 
3) Relação com as redes de cuidado Usuários de crack 
com dificuldade de expressar demandas e de acessar 
ajuda apresentam maior risco de agravos, sendo 
prioridade das ações de saúde mental. As redes aqui 
referenciadas não se limitam a ações públicas, podendo 
incluir redes de apoio informais ligados à cultura local. O 
não-acesso a estas redes pode decorrer da ruptura ou da 
fragilidade das relações sociais relativas ao uso de crack 
ou do estigma relacionado ao usuário de crack. 
Compreende-se a existência de um déficit no acesso 
universal ao SUS por parte desta população, devido ao 
despreparo das equipes de saúde, especialmente na 
atenção básica, no acolhimento das demandas destes 
usuários. 
A caracterização de usuários de crack a partir da tipologia 
descrita acima ajuda a sistematizar a população alvo das 
ações emergenciais e a elaborar o planejamento dos 
investimentos de ampliação e diversificação das ofertas 
de cuidado. 
ATENÇÃO A USUÁRIOS DE CRACK NO ÂMBITO DO 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
Todos os serviços da rede de saúde mental devem 
estabelecer um contínuo diálogo e articulação entre si. A 
seguir, a sistematização dos principais dispositivos desta 
rede: 
CAPS AD 
O cuidado ofertado tem como característica se efetivar 
por uma rede. O CAPS faz parte desta rede, embora não 
seja seu elemento único nem central. A concepção de 
cuidado de usuários de crack tem caráter intersetorial. Os 
CAPS AD devem estar articulados para as seguintes ações 
no cuidado de usuários de crack/cocaína: 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
 Realizar acolhimento universal e incondicional a 
usuários de crack, implicando o acolhimento de 
crianças e adolescentes em uso da substância. 
 
 Tratar as abstinências leves de crack em nível 
ambulatorial. Abstinências graves e com agravos 
físicos devem ser tratadas em leitos de hospital geral 
ou encaminhadas para unidades de pronto-
atendimento. 
 
 Realizar desintoxicação ambulatorial de quadros leves 
e sem agravos clínicos que demandem atenção 
médica contínua. Intoxicações graves incluem 
arritmias cardíacas, crises convulsivas, acidentes 
isquêmicos transitórios entre outros agravos clínicos. 
Estes casos devem ser abordados em leitos de hospital 
geral ou em unidades de pronto-atendimento. 
 
 Realizar ações de matriciamento nos outros 
dispositivos da rede que desenvolvam atenção a 
usuários de crack. Desta ação devem resultar 
articulações parceiras com unidades de pronto 
atendimento, SAMU, com o desenvolvimento de 
projetos terapêuticos individuais em conjunto com 
CAPS I, II, III e CAPS i. 
 
 CAPS AD devem realizar atenção à crise de usuários de 
crack conquanto estes não apresentem agravos que 
implique riscos imediatos que justifiquem uma 
internação clínica. 9 CAPS AD devem realizar atenção 
regular a usuários em crise e fora da crise. Em casos de 
abandono de tratamento, deve ser realizada busca 
ativa em articulação com atenção básica. 
 
 Os CAPS AD devem constituir espaço de convivência 
de usuários que desenvolveram processos de ruptura 
de sua rede de relações sociais. 
 
 Devem ser desenvolvidas oficinas terapêuticas. 
 
 É fundamental que os CAPS desenvolvam atividades, 
especialmente as relativas a redução de danos, em 
espaços fora de seu espaço institucional. 
 
 Os CAPS AD devem acolher usuários de crack que 
demandem ajuda e que não demonstrem desejo de 
interromper o consumo, e apoiar um trabalho dentro 
da perspectiva de Redução de Danos, incluindo 
sempre que preciso toda rede de apoio e de 
familiares. 
 
 Devem oferecer suporte e apoio aos familares. 
 
 Desenvolver redes intersetoriais com objetivo de 
promoção de vida, socialização, e oferta de atividades 
de esporte, cultura, lazer, inserção mercado de 
trabalho e outras. 
Existe, erroneamente, a percepção de que os CAPS AD 
consistem no único recurso de atenção a usuários de 
crack, causando, em muitas ocasiões, uma barreira de 
acesso destes usuários aos CAPS I e II. Em municípios que 
não dispõem de CAPS AD, os CAPS I e II devem assumir 
algumas das funções listadas acima, com exceção as 
ações de desintoxicação e de tratamento de abstinência 
leve, que devem ser feitas em articulação com a atenção 
básica. 
Entretanto, importar ressaltar que o acolhimento a 
usuários de crack deve sempre ser realizado e o CAPS 
deve oferecer-se como espaço de convívio, ainda que em 
períodos específicos e delimitados. Da mesma forma, em 
articulação com a atenção básica, devem ser realizadas 
ações de redução de danos. 
CAPS AD 24 HORAS 
Em alguns municípios do país vêm sendo implantados 
serviços de funcionamento 24 hs/dia, 07 dias por semana, 
incluindo feriados, para usuários de álcool e outras 
drogas. Esta modalidade institucional vem ao encontro 
de uma demanda existente na rede de dispositivos de 
atenção contínua e cuidado integral. 
Da mesma forma que os CAPS III, o dispositivo CAPS AD 
24 horas deve dar cobertura a populações de pelo menos 
200 mil habitantes. O leito de um CAPS AD 24 horas tem 
objetivos muitodiferentes de um leito de atenção 
integral em hospital geral. Entre estas diferenças pode-se 
citar: 
 Leitos de atenção integral em CAPS não constituem 
espaços que disponham da presença de médicos 
durante todo o terceiro período (noturno). De igual 
forma, não é prevista uma estrutura que comporte 
emergências clínicas. Estão excluídos, portanto, 
destes leitos, usuários que apresentem quadros 
clínicos graves que os coloquem em risco de morte, 
devendo, neste caso, serem utilizados leitos de 
hospital geral. Como exemplo desta limitação pode-se 
citar usuários de crack que apresentam como 
comorbidade dependência grave a álcool. Havendo o 
risco de desenvolver deliriun tremens, este usuário 
deve ser tratado num leito de atenção integral em 
hospital geral. 
 
 O tempo de utilização deste leito deve ser definido a 
partir de um projeto terapêutico individual, e em geral 
restrito ao período de 7 dias corridos ou 10 
intercalados em um período de 30 dias. 
 
 Os objetivos da utilização do acolhimento noturno 
devem incluir: prevenção à recaída, redução de danos, 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
proteção em condições de riscos sociais e de extrema 
vulnerabilidade, tratamento de abstinências leves e 
abrigamento em caso de fissuras intensas. 
 
 Ao contrário dos leitos de atenção integral em hospital 
geral, os leitos de CAPS AD 24hs devem ser regulados 
pela própria equipe do serviço e não por uma central 
municipal ou regional de regulação. 
ATENÇÃO BÁSICA / NASF 
A atenção básica desempenha importante papel de porta 
de entrada do usuário de crack no SUS e deve estar 
disponível para realizar seu acolhimento. Com base na 
classificação proposta anteriormente para usuários de 
crack, a atenção básica deve realizar ofertas de cuidado a 
usuários funcionais, identificar aqueles com história de 
ruptura dos laços sociais e articular-se aos CAPS do 
município para o desenvolvimento de projetos 
terapêuticos individuais. 
Por constituir o dispositivo de maior capilaridade com a 
comunidade, deve desempenhar o mapeamento e a 
identificação de usuários disfuncionais e, em articulação 
com as equipes dos CAPS, propor abordagens para estes 
usuários, como ações de redução de danos ou ofertas de 
tratamento. 
Em articulação com o NASF, a atenção básica pode 
realizar: consultas, ações de Promoção da Saúde, ações 
de educação em saúde junto ao Programa de Saúde na 
Escola (PSE), oficinas, ações de redução de danos, oferta 
de cuidados básicos em saúde, mobilização de rede social 
de cuidado (CRAS, CREAS), oferta de inserção na rede de 
atenção. 
PRONTO SOCORROS E UNIDADES DE PRONTO 
ATENDIMENTO 
Quadros de intoxicação e abstinência à cocaína são 
frequentemente assistidos nestas unidades, que já fazem 
parte da rede de atenção. Observa-se, no entanto, uma 
deficiência do diálogo estabelecido entre estes serviços 
de urgência e emergência e os demais serviços de saúde 
mental da rede. É necessário potencializar, no nível 
municipal, ações regulares e sistematizadas que 
aumentem a interlocução entre os serviços da rede de 
atenção às urgências. 
Experiências exitosas no país apontam para a 
funcionalidade de ações de matriciamento de CAPS AD 
em Unidades de Pronto Atendimento. Estas ações 
propiciam: 
 Inserção de usuários de crack na rede de atenção. 
 
 Resgate de usuários ao tratamento oferecido nos 
CAPS AD, que porventura se apresentem em crise e 
em abandono de tratamento. 
 
 Qualificação da atenção dada a estes usuários durante 
o atendimento nos PSs/UPAS. 
 
 Padronização de procedimentos de atenção e fluxo 
durante o atendimento. 
 
 Utilização qualificada das UPAS/PSs como unidades de 
apoio aos CAPS AD em casos de intoxicação e 
abstinência. 
 
 Inserção de usuários na rede no período de pós-alta. 
 
 Articulação com a rede intersetorial. 
 
 Cuidado contínuo de usuários da rede. 
PLANO EMERGENCIAL PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSO 
AO TRATAMENTO E PREVENÇÃO EM ÁLCOOL E 
OUTRAS DROGAS – PEAD 
Em junho de 2009 foi lançado o Plano Emergencial para 
Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em 
Álcool e outras Drogas (PEAD). O PEAD possui como 
principais objetivos intensificar, ampliar e diversificar as 
ações orientadas para a prevenção, promoção da saúde e 
tratamento dos riscos e danos associados ao consumo 
prejudicial de substâncias psicoativas. Tem como eixos de 
atuação: 
 Ampliação do acesso ao tratamento; 
 A qualificação da rede assistencial; 
 Estímulo a ações intersetoriais e 
 Apoio a ações de promoção e enfrentamento do 
estigma 
O Plano apresenta como estratégias a ampliação do 
acesso diversificado nos 100 maiores municípios do país, 
a articulação intersetorial com ação social, educação, 
justiça, cultura, direitos humanos, a criação de estruturas 
para internação (especialmente em hospitais gerais) e a 
ampliação da rede de atenção com a abertura de Centros 
de Atenção Psicossocial infantil, 24 hs e álcool e drogas 
(AD). 
O programa é focado em municípios prioritários, com 
população acima de 250.000 habitantes (com exceção de 
Palmas, capital do Estado de Tocantins). Foram inclusos 
alguns municípios de fronteira e de rota de tráfico, 
totalizando 108 municípios. O Plano tem como proposta 
a associação ao PRONASCI em regiões metropolitanas e 
ao projeto “Ações Integradas” (GSI/MJ). A população 
total beneficiada pelo Plano é de 78.581.585 (41% da 
população brasileira), sendo o foco prioritário: crianças e 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade 
social. 
Existe a proposta de ampliação do PEAD numa segunda 
fase para contemplar municípios com porte populacional 
menor que 250.000. Esta iniciativa tem como resultado o 
cadastramento de 53 novos CAPS, sendo 26 CAPS álcool 
e drogas, 11 CAPS infanto-juvenil e 05 CAPS III (24 horas). 
O investimentorealizado pelo Ministério da Saúde com a 
abertura destes serviços foi de 17 milhões. Dentro do 
PEAD foram implantados ainda 34 projetos de 
Consultórios de Rua, totalizando um investimento de R$ 
1,4 Milhão do Ministério da Saúde. No contexto do PEAD 
foram implantadas 10 Escolas de Redutores de Danos, 
com o objetivo de formar pessoas para o atendimento de 
usuários de álcool e outras drogas em contextos de 
vulnerabilidade. 
Mapa dos Municípios do PEAD 
 
PROGRAMA AMPLIADO DE QUALIFICAÇÃO 
O grupo apontou necessidade de qualificação de 
profissionais de saúde com a finalidade de ampliar o 
acolhimento universal de usuários de crack em toda rede 
de saúde. O despreparo 13 da atenção básica, dos CAPS e 
dos serviços de urgência no acolhimento desta demanda 
proporciona baixa adesão dos usuários, resultando na 
desassistência. Na maioria dos serviços, são percebidos 
profissionais com posturas e condutas preconceituosas e 
excludentes, reproduzindo nestes espaços os paradigmas 
pertencentes ao senso comum. Tais condutas dificultam 
o acesso e a permanência no tratamento. 
IMPLANTAÇÃO DE PONTOS DE ACOLHIMENTO 
São dispositivos que vem sendo utilizados em alguns 
municípios do Brasil e em outros países (Alemanha, 
Inglaterra, Holanda), e que tem como finalidade 
proporcionar um primeiro contato com usuários de 
substância que não têm qualquer acesso a cuidados 
relativos ao consumo de álcool e outras drogas. São 
espaços abertos, onde os usuários podem se alimentar, 
descansar e receber ofertas de promoção de saúde e 
redução de danos. São espaços de gestão intersetorial, de 
caráter territorial e, no caso proposto, vinculados ao 
programa de saúde da família e ao NASF. 
PROJETOS DE CONSULTÓRIO DE RUA 
O Grupo de Trabalho identificou que o usuário de crack 
que se apresenta “disfuncional”, isto é, com rupturas de 
suas relações sociais, apresenta uma relação precária 
com os espaços terapêuticos hoje ofertados pela rede de 
saúde. Neste sentido, ações de promoção, prevenção e 
cuidados primários no espaço da rua como os 
Consultórios de Rua devem ser ampliadas para umnúmero maior de municípios, em especial os de grande 
porte, com objetivo principal de levar o cuidado a 
usuários que se encontram desassistidos e sem 
vinculações com os serviços de saúde. 
As abordagens desenvolvidas in loco privilegiam a 
redução de danos como estratégia de aproximação e 
cuidado dos usuários fora de ambientes 
institucionalizados. A população alvo desse dispositivo é 
constituída por usuários de álcool e outras drogas em 
situação de rua. 
Os PCRs buscam reduzir a lacuna assistencial histórica nas 
políticas de saúde para a questão da prevenção e 
tratamento dos transtornos associados ao consumo do 
álcool e de outras drogas. 
Atualmente, 34 projetos de Consultório de Rua vêm 
sendo desenvolvidos, financiados em forma de edital. Os 
PCRs são compostos por uma equipe volante e 
interdisciplinar de profissionais da saúde mental, da 
atenção básica e da área de assistência social, sendo 
imprescindível a presença de profissionais redutores de 
danos. Deverão ser oferecidas ações de cuidados básicos 
de saúde, atividades de abordagem, orientação, 
prevenção e assistência, e manejo das demandas para 
tratamento voltado para o uso de álcool e outras drogas. 
LEITOS DE ATENÇÃO INTEGRAL EM HOSPITAL GERAL 
Estes leitos, ao contrário dos leitos de atenção integral ao 
usuário de álcool e outras drogas de CAPS ad 24 horas, 
devem ter regulação do acesso a ser feita com base em 
critérios clínicos e de gestão. Deverão estar referenciados 
à população de um determinado território, articulados 
aos demais serviços de saúde mental deste, 
especialmente os CAPS de referência. É fundamental o 
papel dos CAPS AD como ORDENADORES DA DEMANDA, 
para que não haja o risco de recondução dos leitos 
hospitalares em HG ao centro do cuidado. 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
A equipe de saúde mental articulada a estes leitos, 
quando houver, deve se articular à rede integral de 
cuidado às pessoas com transtornos mentais ou 
transtornos devidos ao uso abusivo de álcool e outras 
drogas. Estas equipes devem ter a interdisciplinariedade 
garantida em sua composição e modo de funcionamento, 
e, no caso de serviços que apresentem um número de 
leitos maior, poderão ser específicas para a atenção 
destes leitos. 
CASAS DE ACOLHIMENTO TRANSITÓRIO 
As Casas de Acolhimento Transitório consistem em casas 
de albergamento de usuários da rede de atenção 
psicossocial em tratamento para transtornos 
relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Procuram 
ampliar os recursos da rede, de forma a oferecer atenção 
e cuidados contínuos de modo integral e protegido, a 
populações em estado de extrema vulnerabilidade e 
riscos. 
Funcionam como albergues 24 horas constituídos para 
potencializar as ações de saúde mental da rede de 
atenção, dando maior institucionalidade e continuidade 
ao cuidado. Suas ações devem estar vinculadas a um 
Projeto Terapêutico Individual, que define o tempo de 
uso do recurso e o objetivo desta utilização. O Projeto 
Terapêutico deve ser construído com a participação do 
usuário e co-participação de todo aquele que estiver 
referenciado na vida do albergado do mesmo. 
O período de permanência do usuário é de 30 a 40 dias, 
aproximadamente, dependendo do Projeto Terapêutico 
Individual desenvolvido pela equipe de referência. Por 
constituir um recurso de acolhimento noturno, os 
usuários do dispositivo poderão desenvolver atividades 
terapêuticas em outros serviços da rede, como os CAPS e 
a Atenção Básica. 
Sua configuração não é a de um leito hospitalar, por isso 
não se constituem como recurso para usuários que com 
demandas clínicas, quadros graves de abstinência a álcool 
ou outras drogas, casos em que devem passar por uma 
avaliação médica que exclua riscos imediatos. 
É desejável que os municípios que implantem Casas de 
Acolhimento Transitório contenham serviço de SAMU-
192, com vistas à necessidade de cobertura médica para 
intercorrências noturnas. 
Por tratar-se de um dispositivo de acolhimento noturno e 
de caráter intersetorial, sua equipe será bastante 
pequena, composta durante o período noturno por 
técnicos considerados educadores sociais, técnicos de 
enfermagem, redutores de danos e oficineiros. Durante o 
período diurno, o serviço deverá contar com um plantão 
intersetorial (ou multidisciplinar), um profissional de nível 
superior que permaneça na casa de passagem, além de 
profissionais de apoio. 
As atividades terapêuticas deverão ser desenvolvidas 
preferencialmente no CAPS do município, com a 
possibilidade dessa equipe desenvolver atividades de 
matriciamento nas Casas de Acolhimento Transitório. 
FONTE: 
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_
abordagemsuscrack.pdf 
 
POLÍTICAS ANTERIORES VOLTADAS PARA O 
COMBATE AS DROGAS - POLÍTICA DE REDUÇÃO 
DE DANOS 
A Redução de Danos, pode ser entendida atualmente por, 
pelo menos, duas vertentes diferentes: (a) a primeira 
mais fidedigna aos conceitos primordiais de sua criação 
para reduzir danos de HIV e DST em usuários de Drogas 
Injetáveis e (b) a segunda cujo conceito mais abrangente 
inclui ações no campo da saúde pública preventiva e de 
política públicas que visam prevenir os danos antes que 
eles ocorram. Para o segundo Conceito, que parte do 
ponto de vista mais abrangente, alguns princípios 
baseados em evidência devem ser destacados: 
 A Melhor forma de reduzir os danos de todas as 
drogas à sociedade é estimular padrões de abstinência 
em todas comunidades, famílias e indivíduos. 
 
 Não existe uso de drogas isento de riscos. Dados 
recentes mostraram que doses relativamente baixas 
de álcool expõe adolescentes a maiores riscos de 
acidentes e outros problemas. 
 
 As políticas de Redução de Danos, neste sentido mais 
amplo, deveriam diminuir os danos sociais do uso de 
drogas. A Organização Mundial da Saúde propõe 
política neste campo. Exemplificando, no caso do 
álcool, as políticas globais que visam diminuir o 
consumo geral do álcool, são: Aumento do preço das 
bebidas; Proibição da propaganda do álcool; controle 
de acesso e disponibilidade do álcool; Leis mais 
atuantes sobre o beber e dirigir. No Brasil não temos 
uma política sobre o álcool que vise diminuir o 
consumo e o dano dessa substância na nossa 
população e, portanto, uma das prioridades de uma 
política racional sobre drogas deveria criar as 
condições para que essa política fosse implementada. 
Seria a mais importante medida para diminuir o custo 
social do álcool. 
O primeiro Conceito, baseado em princípios mais estritos, 
também pode ser entendido, segundo alguns autores, 
como ações dentro do campo preventivo, que é a melhor 
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_abordagemsuscrack.pdf
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_abordagemsuscrack.pdf
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
forma de reduzir ou evitar danos. Por este ângulo, 
podemos lembrar os seguintes dados: 
 As políticas de Redução de Danos para grupos 
específicos, como crianças e adolescentes, deveriam 
buscar ações sociais visando estimular padrões de 
abstinência. Deveríamos entender um pouco mais as 
razões pelas quais a maioria dos adolescentes não usa 
drogas. Existem fatores de proteção nesses indivíduos 
que os mantém longe do consumo. Políticas que visem 
ampliar esses fatores de proteção ao uso de drogas e 
diminuir os fatores de riscos ao consumo deveriam ser 
estimuladas e implementadas. 
 O tratamento baseado na abstinência para a 
Dependência Química funciona e pode ser entendida, 
por este conceito mais ampliado, como a melhor 
política de Redução de Danos. Inúmeras evidências 
têm mostrado que as diferentes formas de 
tratamento funcionam. Infelizmente não funcionam 
tanto como gostaríamos, mas quando existe um 
sistema diversificado de tratamento numa 
comunidade no qual os profissionais são bem 
treinados, as taxas de sucesso aumentam muito. No 
Brasil não temos essa rede de tratamento e deveria 
ser prioridade absoluta para uma política de reduçãode danos nesse grupo. Não podemos deixar de notar 
que um bom número de pacientes não apresenta uma 
boa evolução, mesmo com a oferta ideal de 
tratamento. Esses pacientes deveriam receber um 
tratamento especial. Todo o sistema de tratamento 
deveria basear-se numa política de inclusão daqueles 
pacientes que não estejam tendo uma boa evolução, 
quer seja porque tenham uma comorbidade 
psiquiátrica associada, ou por falta de apoio social, ou 
por dano cerebral decorrente da própria dependência 
química. Esses pacientes deveriam ser incluídos no 
Sistema de Tratamento com programas especiais para 
eles. Nessa situação específica poderíamos falar em 
Redução de Danos no sentido Estrito da palavra e 
oferecermos a possibilidade do paciente adotar 
objetivos diferentes da própria abstinência. A recusa 
do paciente ficar abstinente nunca deveria ser motivo 
para a exclusão do tratamento. 
 
 Portanto a Redução de Danos no sentido estrito da 
palavra deveria ser uma das formas de tratamento a 
ser oferecida aos pacientes. Existem evidências que 
essas políticas possam salvar muitas vidas. Por 
exemplo, na década de 80 o oferecimento de agulhas 
e seringas na Inglaterra salvou muitas vidas ao 
permitir que as pessoas não utilizassem material 
contaminado pelo HIV. Mas foi somente com a 
demonstração científica que essa política salvara 
vidas. Só então essas Políticas foram incorporadas na 
prática, no governo conservador da primeira ministra 
Margareth Tatcher, na Inglaterra. 
DEFINIÇÃO DE RISCO E DANOS 
Risco pode ser definido como a possibilidade ou 
probabilidade da ocorrência de um evento. O dano prevê 
a ocorrência do evento em si. Assim, estes termos não 
deveriam ser usados como sinônimos porque, inclusive, 
estão relacionados a campos diferentes de atuação 
dentro do contexto de uso de droga. A redução do risco 
está no campo de prevenção e visa evitar ou diminuir as 
chances que um evento perigoso à saúde ocorra. A 
redução de danos prevê ações que diminuam os danos 
inerentes a um evento perigoso que já vem sendo 
praticado por indivíduos ou grupos de indivíduos. 
RELAÇÃO ENTRE USO DE DROGAS E DANOS. 
Comportamentos de risco não resultam necessariamente 
em danos. Por exemplo, existem indivíduos que fumam 
por muitos anos e se mantém saudáveis, ou ainda 
indivíduos que não usam capacete ao pilotar suas 
motocicletas e não sofrem acidentes. Contudo, estes 
fatos não alteram a relação clara destes comportamentos 
de risco com a possibilidade de danos. Além disso, alguns 
comportamentos de risco, sabidamente relacionados 
com danos, podem ser praticados por muitos anos, antes 
que ocorra o dano propriamente dito. 
Alguns tipos de danos hepáticos e cerebrais, por exemplo, 
estão associados ao uso e álcool ou barbitúricos. Estes 
danos estão associados ao próprio efeito da droga no 
organismo. Outros danos, porém, estão associados com a 
forma de utilização (por exemplo, os utensílios 
utilizados). Fazem parte deste grupo às infecções por 
Hepatite B, HIV e Hepatite C por compartilhamento de 
equipamentos de injeção. Outro exemplo se relaciona às 
drogas de aspiração como aerosol, resultando em 
laringoespasmo. Existem, ainda, os danos associados com 
o contexto no qual a droga é usada como, por exemplo, 
acidentes automobilísticos associados ao 
comportamento de beber e dirigir. 
No estabelecimento de políticas públicas de redução de 
danos é preciso ter em foco qual o tipo da relação 
existente entre as drogas e os danos associados ao uso e 
a quais os danos que se pretende minimizar. 
 A política de redução de danos, estabelecida em 1996 
pelo governo do Estado de São Paulo, visava minimizar o 
contágio pelo HIV, hepatites B e C associado ao uso de 
drogas injetáveis por compartilhamento de seringas ou 
agulhas, bem como as doenças sexualmente 
transmissíveis pelo comportamento sexual de risco, 
comum entre os usuários de drogas injetáveis. Essas 
ações podem ser entendidas como preventivas se 
tivermos como foco o indivíduo: são ações que visam 
diminuir o risco dos indivíduos contraírem HIV ou outras 
doenças transmissíveis por contato sanguíneo e sexual. 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
Entretanto, o foco da Redução de Danos está na 
população, ou seja, do ponto de vista epidemiológico, a 
Redução de Danos visa minimizar danos à sociedade que 
sofre uma epidemia de HIV e outras doenças. A troca de 
seringas e agulhas foi uma estratégia que claramente 
visava minimizar o dano relacionado à contaminação de 
HIV, Sífilis e Hepatite, numa população bem definida e 
que obteve resultados positivos, demonstrados em 
diversos trabalhos científicos. 
DEFINIÇÃO: REDUÇÃO DE DANOS 
Dano pode ser definido como o resultado prejudicial à 
saúde, de gravidade alta e que decorre do uso de uma 
substância psicoativa, afetando um grande número de 
pessoas. Neste sentido, a Redução de Danos estabelece 
políticas e ações para minimizar estes danos que tenham 
representação epidemiológica. A vida de uma pessoa que 
depende de droga está direcionada pela urgência em 
obter novamente a experiência dos efeitos da droga, ou 
pela necessidade de se livrar dos desconfortos causados 
pela ausência da substância, decorrentes de alterações 
fisiológicas cerebrais. 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE REDUÇÃO DE DANOS 
A Redução de Danos é fundamentada nos seguintes 
princípios: 
1- A Redução de Danos é uma alternativa de saúde 
pública para os modelos moral, criminal e de doença do 
uso e da dependência de droga. O modelo moral defende 
a proibição do uso ou da distribuição de certas drogas, 
atos considerados crimes sujeitos a punição. Como 
extensão do modelo moral (pressuposto: o uso de drogas 
ilícitas é moralmente incorreto), o sistema de justiça 
criminal tem colaborado com os formuladores de 
políticas nacionais de “guerra às drogas”, cujo objetivo 
aparente é o de promover o desenvolvimento de uma 
sociedade livre de drogas. Já o modelo doença enfatiza 
os programas de tratamento e de prevenção que 
procuram remediar o desejo ou a demanda por drogas 
por parte do indivíduo (redução da demanda), tendo 
como objetivo primordial a abstinência. 
A Redução de Danos desvia-se de tais princípios evitando 
julgamentos morais de certo ou errado e oferecendo uma 
variedade de políticas e de procedimentos que visam a 
redução das consequências prejudiciais do 
comportamento dependente. A Redução de Danos aceita 
o fato concreto de que muitas pessoas usam drogas e a 
maioria delas apresenta outros comportamentos, 
também de alto risco. Assim, a Redução de Danos 
trabalha com programas de Baixa Exigência sem perder 
de vista a possibilidade ideal da abstinência. 
2- A Redução de Danos reconhece a abstinência como 
resultado ideal, mas aceita alternativas que minimizem os 
danos para aqueles que permanecem usando drogas. O 
princípio de tolerância zero estabelece uma dicotomia 
absoluta entre nenhum uso e qualquer uso, sem 
distinguir o uso experimental, os usos moderados, 
pesados e as diferentes dimensões de danos associados 
aos distintos padrões de uso. 
A Redução de Danos não é contra a abstinência. Contudo, 
acredita que os efeitos prejudiciais do uso de drogas e 
outros riscos associados, como, a atividade sexual 
desprotegida, podem ser colocados em um continuum. 
Quando há comportamento muito perigoso, a redução de 
danos propõe reduzir o nível da exposição ao risco. A 
abordagem de redução gradual estimula os indivíduos 
que tenham comportamento excessivo ou de alto-risco a 
dar um passo de cada vez para reduzir as conseqüências 
prejudiciais de seu comportamento. 
Estratégias de Redução de Danos também têm aplicação 
no uso de drogas legais, incluídos o tabaco e o álcool, 
para, por exemplo, tabagistas incapazes de abandonar o 
uso de maneira abrupta e definitiva. Existem, como 
alternativas disponíveis, os adesivos de nicotina, as 
gomas e outras formas de administração de nicotina 
menos nocivas do que o fumo. Embora as terapias de 
substituição de nicotina tenham sido criadas comoum 
auxílio para deixar de fumar algumas pessoas usam esses 
produtos para manter o uso de nicotina num nível mais 
seguro. 
3- A Redução de Danos surgiu principalmente como uma 
abordagem de “baixo para cima”, baseada na defesa do 
dependente, em vez de uma política de “cima para 
baixo”, promovida por formuladores de políticas de 
drogas. 
4- A Redução de Danos promove acesso a serviços de 
baixa exigência, como uma alternativa para abordagens 
tradicionais de alta exigência. Os programas comunitários 
de rua, descritos anteriormente, oferecem um exemplo 
de 10 abordagem de baixa exigência na redução de 
danos. Em vez de estabelecer a abstinência como um pré-
requisito de alta exigência para receber o tratamento 
para dependência ou outro tipo de assistência, os 
defensores da Redução de Danos estão dispostos a 
reduzir esses obstáculos. Desse modo, os necessitados 
têm mais possibilidade de aderir, envolver-se e iniciar a 
mudança do comportamento. Os programas de baixa 
exigência fazem isso de diversas formas. 
Em primeiro lugar, os defensores de abordagem de baixa 
exigência estão dispostos a encontrar o indivíduo em seus 
próprios termos – “encontrá-lo onde você estiver”, em 
vez de “onde você deveria estar”. Informações de 
membros da população-alvo são bem vindas e, portanto, 
estimuladas, na tentativa de estabelecer uma parceria ou 
uma aliança entre os que fornecem os serviços e os que 
recebem (mesmo quando ambos os grupos consistem de 
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
usuários de drogas ativas). Novos programas são 
desenvolvidos em colaboração com as pessoas 
diretamente envolvidas e afetadas. Por meio do diálogo, 
da discussão e das iniciativas de planejamento mútuo 
(por exemplo, uso de “grupos focais” para reunir 
informações iniciais e fixação de metas), programas 
comunitários e serviços associados continuaram a 
emergir nos segmentos comunitários. 
5- A Redução de Danos baseia-se no pressuposto do 
pragmatismo empático versus idealismo moralista. O 
comportamento prejudicial acontece, sempre foi assim e 
sempre será. Uma vez aceita essa premissa, a meta torna-
se a do pragmatismo empático: O que pode ser feito para 
reduzir o dano e o sofrimento tanto para o indivíduo 
quanto para a sociedade? O pragmatismo não pergunta 
se o comportamento em questão é certo ou errado, bom 
ou ruim, doentio ou saudável. O pragmatismo preocupa-
se com o manejo das questões cotidianas e das práticas 
reais, e sua validade é avaliada por resultados práticos. 
FONTE: https://www.uniad.org.br/wp-
content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-
VI.pdf 
http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupo
paginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_d
anos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf 
DAS POLÍTICAS ATUAIS VOLTADAS PARA O 
COMBATE AS DROGAS. (MINISTÉRIO DA SAÚDE) . 
Em abril, a nova Política Nacional sobre Drogas (PNAD) foi 
aprovada pelo governo federal. Uma das principais 
mudanças refere-se ao tratamento dos dependentes 
químicos, com a adoção da abstinência como abordagem 
preferencial. Até então, a estratégia privilegiava a 
redução de danos (RD). Outra novidade é o estímulo às 
comunidades terapêuticas. 
A política anterior estava em vigor desde 2002 e replicava 
um modelo adotado por países como Portugal e Canadá. 
O propósito da RD é diminuir os riscos de danos 
biológicos, psicossociais e econômicos aos quais estão 
expostos os dependentes químicos. A distribuição de 
seringas individuais (principalmente para evitar 
transmissão do vírus HIV) é a principal medida. 
O tratamento tem como base a informação, o 
atendimento médico e a garantia de acesso a políticas 
públicas. A abordagem não visa retirar a droga do 
usuário, mas possibilitar a superação do vício de acordo 
com a necessidade e a vontade individual, considerando 
os fatores genéticos e ambientais envolvidos. Apesar 
disso, o abandono da adição é desejável. 
Já a terapia de abstinência cessa o uso da droga pelo 
dependente químico. Durante esse período, podem ser 
administrados medicamentos que atenuem os efeitos da 
falta da substância que era consumida pelo paciente. Os 
sintomas incluem agitação, irritação e mal-estar. Para 
isso, é necessário o tratamento adequado e equipes 
especializadas. 
Os profissionais envolvidos devem trabalhar as 
motivações e objetivos de vida do paciente, buscando 
construir um projeto terapêutico e de reabilitação 
cognitiva e social. Leitos hospitalares devem estar 
disponíveis para acolher, proteger e tratar os 
dependentes. 
O tratamento que passa a ser adotado a partir de agora 
parte da premissa que o dependente químico não reúne 
condições para controlar o uso de substâncias nocivas. 
“Em razão desse descontrole, ele não vai conseguir dosar 
minimamente o uso da droga para evitar os danos”, 
defende Quirino Cordeiro, secretário nacional de 
cuidados e prevenção às drogas do Ministério da 
Cidadania, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. 
VISÕES DISTINTAS 
A nova PNAD é analisada por diferentes pontos de vista 
entre organizações de classe envolvidas diretamente no 
tratamento de usuários de drogas. O Conselho Federal de 
Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria 
(ABP), por exemplo, são favoráveis à mudança. 
A justificativa das entidades está na ineficiência do 
método de redução de danos. “A RD acabou não 
atingindo aquilo que se buscava. Essa nova política está 
alinhada ao que a pensamos”, explica Carmita Abdo, 
presidente da ABP. 
Em entrevista ao jornal O Globo, Sabrina Presman, 
psicóloga e presidente da Associação Brasileira de 
Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), explica que, 
embora a ênfase e a meta a partir da nova PNAD sejam a 
abstinência, as medidas de redução de danos não estão 
totalmente excluídas. A troca de seringas, a terapia de 
substituição de opióides e a testagem de HIV ainda são 
previstas na nova PNAD. 
“Se o paciente não está motivado a parar, a gente 
incentiva a redução de danos”, complementa Sabrina, 
que também é diretora de uma clínica particular de 
atendimento a dependentes químicos. Ela afirma, ainda, 
que não existe um tratamento aplicável a todos os 
pacientes. “A dependência química é uma doença 
multifatorial. Não há uma estratégia única”, acrescenta. 
Contrário às novas diretrizes, entende que o cuidado aos 
dependentes químicos deve ser realizado em parceria 
com políticas públicas, com a adoção de ações de diversas 
áreas de conhecimento. 
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS 
Outra mudança diz respeito ao local preferencial para o 
atendimento, que anteriormente eram os ambulatórios 
https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf
https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf
https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf
http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf
http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf
http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/04/nova-politica-de-drogas-exclui-reducao-de-danos.shtml
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps). A 
internação compulsória figurava como último recurso. 
Agora, a nova PNAD incentiva o encaminhamento do 
paciente para as chamadas comunidades terapêuticas 
(CTs). 
Em geral, essas organizações já promovem a abstinência. 
Cerca de 82% delas são vinculadas a igrejas e 
organizações religiosas, segundo o Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (Ipea). Seu foco não é o tratamento, 
mas o acolhimento dos dependentes químicos por meio 
de uma rotina de atividades religiosas. 
O desenvolvimento do lado espiritual seria um auxílio à 
terapia. Em entrevista ao Jornal do Comércio, de Porto 
Alegre, Pedro Ferreira, membro da Comissão Nacional de 
Estudos de DependênciaQuímica da ABP, destaca bons 
resultados alcançados pela estratégia. “Estudos recentes 
de neurociências têm apontado para redução de 
compulsão por drogas em pacientes que passam a 
desenvolver o que chamam de despertar espiritual”. 
No mês de março, o Ministério da Cidadania ampliou o 
número de vagas gratuitas para dependentes químicos 
nas CTs e assinou três portarias que instituem o 
cadastramento, a fiscalização e a certificação das 
entidades. 
FONTE: 
https://secad.artmed.com.br/blog/psicologia/po
litica-nacional-sobre-drogas/ 
DOCUMENTO DA PNAD: 
HTTPS://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/PUBLICACOES/P
NAD_VERSAOFINAL.PDF 
FUNCIONAMENTO DOS CONSULTÓRIOS DE RUA. 
A população em situação de rua (PSR) é definida como um 
grupo populacional heterogêneo que possui em comum 
a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos 
ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional 
regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas 
degradadas como espaço de moradia e sustento, de 
forma temporária ou permanente, bem como as 
unidades de acolhimento para pernoite temporário ou 
como moradia provisória (BRASIL, 2009). 
A equipe de Consultório de Rua é constituída por 
profissionais que atuam de forma itinerante, ofertando 
ações e cuidados de saúde para a população em situação 
de rua, considerando suas diferentes necessidades de 
saúde, sendo responsabilidade dessa equipe, no âmbito 
da Rede de Atenção Psicossocial, ofertar cuidados em 
saúde mental para (BRASIL, 2017): 
De acordo com o Ministério da Saúde, o Consultório na 
Rua é parte de uma estratégia maior denominada 
“Programa Crack, é possível vencer”, criada pelos 
ministérios da Saúde, Justiça, Educação e 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Secretaria 
de Direitos Humanos, e que tem as ações desenvolvidas 
em três eixos (prevenção, cuidado e autoridade), sendo o 
eixo cuidado desenvolvido por alguns pontos da Rede de 
Atenção Psicossocial, entre as quais estão: o CAPS AD III, 
as unidades de acolhimento, os leitos de saúde mental, o 
Consultório na Rua e a formação técnica para 
profissionais de nível médio e superior (BRASIL, 2014b). 
Além disso, algumas diretrizes são propostas no 
atendimento às PSR, entre elas podemos destacar alguns 
pontos importantes para auxiliar o profissional de saúde 
no atendimento integral, são eles (BRASIL, 2012b): 
 
 
As equipes de apoio aos serviços do componente Atenção 
Residencial de Caráter Transitório oferecem suporte 
clínico e apoio a esses pontos de atenção, coordenando o 
cuidado e prestando serviços de atenção à saúde de 
forma longitudinal e articulada com os outros pontos de 
atenção da rede (BRASIL, 2017). 
COMPOSIÇÃO 
Os Consultórios na Rua são formados por equipes 
multiprofissionais, podendo fazer parte delas as 
seguintes profissões: 
A: enfermeiro, psicólogo, assistente social ou terapeuta 
ocupacional; 
B: agente social, técnico ou auxiliar de enfermagem, 
técnico em saúde bucal, cirurgião-dentista, 
profissional/professor de educação física ou profissional 
com formação em arte e educação. 
As equipes dos Consultórios na Rua podem ser 
organizadas em três modalidades : 
Modalidade I: equipe formada minimamente por 4 
(quatro) profissionais, entre os quais 2 (dois) destes 
obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A 
(descrição acima) e os demais entre aqueles descritos nas 
letras A e B; 
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/jornal_da_lei/2019/04/680342-nova-politica-de-drogas-aposta-na-repressao.html
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
Modalidade II – equipe formada minimamente por 6 
(seis) profissionais, entre os quais 3 (três) destes 
obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A 
(descrição acima) e os demais entre aqueles descritos nas 
letras A e B; 
Modalidade III – equipe da Modalidade II acrescida de 
um profissional médico. 
As atividades devem ser realizadas de forma itinerante, 
com cumprimento de carga horária mínima semanal de 
30 horas, porém seu horário de funcionamento deverá 
ser adequado às demandas das pessoas em situação de 
rua, podendo ocorrer em período diurno e/ou noturno, 
em todos os dias da semana. 
Todas as ações realizadas pelas eCR devem ser 
registradas no Sistema de Informação em Saúde para 
Atenção Básica (Sisab), por meio da Estratégia e-SUS AB! 
Para a realização das atividades, as equipes dispõem de 
uma base de saúde móvel, servindo tanto como meio de 
deslocamento para elas quanto para o envio e transporte 
de medicamentos e materiais necessários para os 
atendimentos. 
Outro elemento imprescindível de todo trabalho 
realizado com a população em situação de rua é a 
construção de vínculos por meio do diálogo, dos cuidados 
e da escuta atenta das demandas existentes entre as 
pessoas atendidas. 
Para tanto, além do diálogo e da escuta, oficinas artísticas 
envolvendo o uso da música, da pintura, dos desenhos, 
da dança e de outras atividades dirigidas, são utilizadas 
quando possíveis. 
Nesse sentido, as equipes reconhecem que essas 
atividades realizadas na rua permitem com que os 
atendidos sintam-se mais à vontade para a participação e 
construção desse relacionamento proveitoso, como uma 
via de mão dupla em termos de aprendizado e 
conhecimento. 
A conscientização por meio da educação surge, mais uma 
vez, como ferramenta de libertação e cuidado dentro dos 
relacionamentos estabelecidos entre profissionais e 
atendidos, conforme as estratégias elaboradas de acordo 
com os princípios do Consultório na Rua. 
As equipes reconhecem que as pessoas em situação de 
rua não dispõem de saúde, de acesso à educação e dos 
direitos que deveriam ter por uma cidadania levada a 
sério, portanto, se propõem a ser um elo entre a rua, o 
ensino/aprendizado e a própria saúde. 
endo assim, levar os sujeitos a refletirem sobre suas 
vidas, condições e possibilidades, é dar espaço também 
para que a redução de danos surja nesse relacionamento 
entre profissionais da saúde e pessoas vivendo nas ruas. 
Conversar sobre as medicações, ensinar sobre os efeitos 
do álcool e das drogas no organismo e explicar sobre a 
necessidade existente de que se cuide da própria saúde 
antes de qualquer próximo passo, acabam fazendo parte 
da estratégia utilizada pelas equipes. 
DESAFIOS DE ATUAÇÃO DOS CONSULTÓRIOS NA RUA 
Dentre os principais desafios de atuação dos Consultórios 
na Rua, está o estigma social que circunda a situação de 
quem vive nas ruas e acaba prejudicando ainda mais o 
acesso dessas pessoas a serviços de saúde básicos. 
A falta de documentação e a burocracia encontrada nos 
serviços são barreiras a se lidar pelos profissionais e 
usuários morando nas ruas da mesma forma. 
A questão do preconceito é latente. Seja entre os 
profissionais, que são postos a teste quando 
desempenham pelas primeiras vezes esses tipos de 
atendimento, seja pelos próprios moradores, que olham 
para suas condições como indignas de respeito ou 
atenção. 
A recorrência das drogas, a desistência de tratamentos 
por parte de alguns dos atendidos nas ruas e outras 
problemáticas, podem surgir e constituírem questões a 
serem entendidas e enfrentadas pela equipe e a pessoa 
em voga, caso seja essa a demanda. 
Ajudar quem têm necessidades torna-se sempre o 
objetivo final de todos os atendimentos. 
FONTE: 
https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSY
xZGbVx/?lang=pt&format=pdf 
IMPACTOS CAUSADOS PELA GUERRA CONTRA 
DROGAS AS POPULAÇÕES PERIFÉRICAS. 
Os últimos dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de 
Segurança Pública mostram que o Brasil atingiu a marca 
das 60 mil mortes em 2016. No país com o maior número 
absoluto de homicídios no mundo, a taxa mais alta de 
mortes violentas concentra-se na faixa dos 21 anos 
(Cerqueira et al., 2017). Entre 2005 e 2015, a taxa de 
homicídios entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 17% – 
isso significa que, nesse mesmo período, 318 mil jovens 
foram assassinados no país (ibidem). 
Embora não seja possível estimar quantas dessas mortes 
estão relacionadasàs drogas, sabemos que boa parte 
delas é provocada pela violência causada pelo combate 
militarizado ao “narcotráfico”. Só que a guerra às drogas 
não atinge a juventude de forma homogênea: hoje, no 
país, os jovens negros têm mais chance de serem 
https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSYxZGbVx/?lang=pt&format=pdf
https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSYxZGbVx/?lang=pt&format=pdf
Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre 
 
assassinados do que os jovens não negros. De cada cem 
pessoas que sofrem homicídio no país, 71 delas são 
negras (Cerqueira et al., 2017). E os dados mostram que, 
em vez de melhorar, essa situação tem se agravado: na 
última década, a taxa de homicídios da população negra 
aumentou 18%, enquanto a mesma taxa entre as pessoas 
de outras raças e etnias diminuiu 12% (ibidem). Os custos 
da guerra às drogas recaem desproporcionalmente sobre 
os jovens negros, a maioria do sexo masculino. 
Olhar para o número de homicídios é apenas uma forma 
de tentar entender o impacto da “guerra às drogas” na 
sociedade. Quando consideramos as taxas de 
encarceramento, o quadro de violência e desigualdade 
permanece o mesmo. O Brasil tem a terceira maior 
população carcerária do mundo, sendo o crime de tráfico 
de drogas a causa mais recorrente das prisões. Desde a 
nova Lei de Drogas (Lei no 11.343, de 2006), o número de 
presos por tráfico aumentou 339% (D’Agostino, 2015). 
Assim como no caso dos homicídios, as pessoas negras 
são impactadas em proporção maior do que o restante da 
população: ainda que os negros representem pouco mais 
de 53% da sociedade brasileira, 64% das pessoas presas 
no país são negras (Brasil, 2016). E onde a guerra às 
drogas é travada? Embora as drogas circulem por toda a 
cidade, somente as favelas e as periferias sentem os 
impactos violentos do combate ao mercado ilícito dessas 
substâncias. 
Tudo isso mostra que os impactos da guerra às drogas 
recaem sobre a sociedade de maneira seletiva e desigual. 
Embora as drogas sejam ilegais para todos, escolhemos 
prender e matar os jovens negros e moradores das 
favelas e das periferias das nossas cidades. A raiz desse 
problema está na própria forma como construímos 
nossas políticas de drogas: apostando na repressão ao 
varejo do tráfico e na violência contra a população pobre, 
negra e periférica como forma de lidar com o uso dessas 
substâncias. Por isso mesmo, faz-se necessário 
aprofundar o debate sobre as consequências da guerra às 
drogas nos territórios periféricos e favelados. Mas, ainda 
mais importante, é preciso abrir espaço para que aqueles 
e aquelas que mais sofrem os impactos da guerra às 
drogas tomem a frente no debate sobre mudanças nas 
políticas de drogas, tornando-se os seus protagonistas. 
FONTE: 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/
8886/1/bapi_18_cap_12.pdf 
DADOS DE GASTOS COM A GUERRA AS DROGAS – 
CESEC 
O montante gasto nos estados de Rio de Janeiro e São 
Paulo, em 2017, para manter a proibição das drogas é 
impressionante: 5,2 bilhões. Só em São Paulo foram 
gastos 4 bilhões de reais para a aplicação da Lei de Drogas 
em 2017 – o equivalente a mais de 12% de todas as 
despesas com segurança pública, justiça criminal e 
prisões nesses dois estados naquele ano. 
Para se ter uma ideia, com o bilhão investido no Rio de 
Janeiro para essa política, seria possível custear a 
educação de 252 mil alunos do ensino médio, construir 
121 escolas para mais de 77 mil alunos, custear um ano 
inteiro de ensino para 32 mil alunos na UERJ, e beneficiar 
145 mil famílias por um ano em programas de renda 
básica, além de comprar 36 milhões de doses da vacina 
AstraZeneca, suficientes para vacinar 18 milhões de 
pessoas contra a Covid-19. 
Em São Paulo, com os 4 bilhões de reais, seria possível 
custear a educação de 840 mil alunos em escolas 
estaduais de ensino médio e a educação de 43 mil alunos 
na USP, construir 462 novas escolas, beneficiar 583 mil 
famílias por um ano com um programa de renda básica e 
comprar 72 milhões de doses da vacina Coronavac, 
suficientes para vacinar 36 milhões de pessoas contra a 
Covid-19. 
 
 
FONTE: 
https://cesecseguranca.com.br/reportagens/qua
nto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/ 
 
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8886/1/bapi_18_cap_12.pdf
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8886/1/bapi_18_cap_12.pdf
https://cesecseguranca.com.br/reportagens/quanto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/
https://cesecseguranca.com.br/reportagens/quanto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/

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