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Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre ESTRATÉGIAS RELACIONADAS A QUESTÃO DE USUÁRIOS DE DROGAS EM VULNERABILIDADE SOCIAL. Os pontos consensuais para a caracterização dos usuários de crack/cocaína são os seguintes: FUNCIONALIDADE Ainda que o crack se constitua uma substância com grande potencial de desenvolvimento de dependência, diversos segmentos profissionais, além da saúde, apontam haver uma porcentagem de usuários da substância que apresentam menos danos funcionais. Esta categoria de usuários apresenta menos rupturas com sua rede de relações social, de trabalho e familiar. Com base nestes achados, os usuários foram divididos em duas categorias: funcionais e disfuncionais. É importante que sejam oferecidas condições de suporte social e de rede de cuidados aos usuários funcionais para que se mantenham na funcionalidade. As ações de saúde mental, tanto na atenção básica, nos hospitais, quanto nos CAPS, estarão voltadas aos usuários disfuncionais, na medida em que estes constituam um grupo com um maior risco de agravos e maior vulnerabilidade. A ruptura com as redes de relação social, familiar e de trabalho tende a, por sua vez, dificultar a diminuição do consumo de substâncias. VULNERABILIDADE Característica que implica no risco do usuário de crack em apresentar agravos de todas as ordens decorrentes do uso da droga. Diversos elementos interferem na vulnerabilidade do usuário, entre eles elencou-se: a) Gênero: usuárias do sexo feminino são mais vulneráveis a abuso sexual e agravos de ordem física. O consumo de crack pode associar-se ainda com prostituição, que implica no aumento de riscos. b) Idade: usuários jovens e adultos jovens apresentam um uso de crack mais frequentemente associado a processos disruptivos em relação à sua vida social. Características ainda de impulsividade podem implicar em agravos relativos ao consumo. c) Vínculo com instituições como família, escola e inserção no trabalho formal ou informal: usuários de crack que mantêm, minimamente, uma rede de apoio familiar e social e vinculações formais no mercado de trabalho têm mais recursos de acesso ao cuidado, bem como maior alcance a fatores de proteção. d) Escolaridade: baixa escolaridade implica, entre outros aspectos, em menor inserção no mercado formal, menor disponibilidade financeira e, consequentemente, maior vulnerabilidade. e) Comorbidades: comorbidades psiquiátricas como transtornos de humor ou quadros psicóticos implicam frequentemente em pior prognóstico em avaliações prospectivas. f) Delitos, Situações de conflito com a lei- situações de conflitos com a justiça, de ilegalidade, especialmente associação com tráfico implicam numa maior exposição à violência e, portanto, a maior vulnerabilidade. g) Conflito com tráfico- contextos de dependência com os fornecedores, em especial as dívidas com tráfico implicam em maior vulnerabilidade. 3) Relação com as redes de cuidado Usuários de crack com dificuldade de expressar demandas e de acessar ajuda apresentam maior risco de agravos, sendo prioridade das ações de saúde mental. As redes aqui referenciadas não se limitam a ações públicas, podendo incluir redes de apoio informais ligados à cultura local. O não-acesso a estas redes pode decorrer da ruptura ou da fragilidade das relações sociais relativas ao uso de crack ou do estigma relacionado ao usuário de crack. Compreende-se a existência de um déficit no acesso universal ao SUS por parte desta população, devido ao despreparo das equipes de saúde, especialmente na atenção básica, no acolhimento das demandas destes usuários. A caracterização de usuários de crack a partir da tipologia descrita acima ajuda a sistematizar a população alvo das ações emergenciais e a elaborar o planejamento dos investimentos de ampliação e diversificação das ofertas de cuidado. ATENÇÃO A USUÁRIOS DE CRACK NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Todos os serviços da rede de saúde mental devem estabelecer um contínuo diálogo e articulação entre si. A seguir, a sistematização dos principais dispositivos desta rede: CAPS AD O cuidado ofertado tem como característica se efetivar por uma rede. O CAPS faz parte desta rede, embora não seja seu elemento único nem central. A concepção de cuidado de usuários de crack tem caráter intersetorial. Os CAPS AD devem estar articulados para as seguintes ações no cuidado de usuários de crack/cocaína: Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre Realizar acolhimento universal e incondicional a usuários de crack, implicando o acolhimento de crianças e adolescentes em uso da substância. Tratar as abstinências leves de crack em nível ambulatorial. Abstinências graves e com agravos físicos devem ser tratadas em leitos de hospital geral ou encaminhadas para unidades de pronto- atendimento. Realizar desintoxicação ambulatorial de quadros leves e sem agravos clínicos que demandem atenção médica contínua. Intoxicações graves incluem arritmias cardíacas, crises convulsivas, acidentes isquêmicos transitórios entre outros agravos clínicos. Estes casos devem ser abordados em leitos de hospital geral ou em unidades de pronto-atendimento. Realizar ações de matriciamento nos outros dispositivos da rede que desenvolvam atenção a usuários de crack. Desta ação devem resultar articulações parceiras com unidades de pronto atendimento, SAMU, com o desenvolvimento de projetos terapêuticos individuais em conjunto com CAPS I, II, III e CAPS i. CAPS AD devem realizar atenção à crise de usuários de crack conquanto estes não apresentem agravos que implique riscos imediatos que justifiquem uma internação clínica. 9 CAPS AD devem realizar atenção regular a usuários em crise e fora da crise. Em casos de abandono de tratamento, deve ser realizada busca ativa em articulação com atenção básica. Os CAPS AD devem constituir espaço de convivência de usuários que desenvolveram processos de ruptura de sua rede de relações sociais. Devem ser desenvolvidas oficinas terapêuticas. É fundamental que os CAPS desenvolvam atividades, especialmente as relativas a redução de danos, em espaços fora de seu espaço institucional. Os CAPS AD devem acolher usuários de crack que demandem ajuda e que não demonstrem desejo de interromper o consumo, e apoiar um trabalho dentro da perspectiva de Redução de Danos, incluindo sempre que preciso toda rede de apoio e de familiares. Devem oferecer suporte e apoio aos familares. Desenvolver redes intersetoriais com objetivo de promoção de vida, socialização, e oferta de atividades de esporte, cultura, lazer, inserção mercado de trabalho e outras. Existe, erroneamente, a percepção de que os CAPS AD consistem no único recurso de atenção a usuários de crack, causando, em muitas ocasiões, uma barreira de acesso destes usuários aos CAPS I e II. Em municípios que não dispõem de CAPS AD, os CAPS I e II devem assumir algumas das funções listadas acima, com exceção as ações de desintoxicação e de tratamento de abstinência leve, que devem ser feitas em articulação com a atenção básica. Entretanto, importar ressaltar que o acolhimento a usuários de crack deve sempre ser realizado e o CAPS deve oferecer-se como espaço de convívio, ainda que em períodos específicos e delimitados. Da mesma forma, em articulação com a atenção básica, devem ser realizadas ações de redução de danos. CAPS AD 24 HORAS Em alguns municípios do país vêm sendo implantados serviços de funcionamento 24 hs/dia, 07 dias por semana, incluindo feriados, para usuários de álcool e outras drogas. Esta modalidade institucional vem ao encontro de uma demanda existente na rede de dispositivos de atenção contínua e cuidado integral. Da mesma forma que os CAPS III, o dispositivo CAPS AD 24 horas deve dar cobertura a populações de pelo menos 200 mil habitantes. O leito de um CAPS AD 24 horas tem objetivos muitodiferentes de um leito de atenção integral em hospital geral. Entre estas diferenças pode-se citar: Leitos de atenção integral em CAPS não constituem espaços que disponham da presença de médicos durante todo o terceiro período (noturno). De igual forma, não é prevista uma estrutura que comporte emergências clínicas. Estão excluídos, portanto, destes leitos, usuários que apresentem quadros clínicos graves que os coloquem em risco de morte, devendo, neste caso, serem utilizados leitos de hospital geral. Como exemplo desta limitação pode-se citar usuários de crack que apresentam como comorbidade dependência grave a álcool. Havendo o risco de desenvolver deliriun tremens, este usuário deve ser tratado num leito de atenção integral em hospital geral. O tempo de utilização deste leito deve ser definido a partir de um projeto terapêutico individual, e em geral restrito ao período de 7 dias corridos ou 10 intercalados em um período de 30 dias. Os objetivos da utilização do acolhimento noturno devem incluir: prevenção à recaída, redução de danos, Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre proteção em condições de riscos sociais e de extrema vulnerabilidade, tratamento de abstinências leves e abrigamento em caso de fissuras intensas. Ao contrário dos leitos de atenção integral em hospital geral, os leitos de CAPS AD 24hs devem ser regulados pela própria equipe do serviço e não por uma central municipal ou regional de regulação. ATENÇÃO BÁSICA / NASF A atenção básica desempenha importante papel de porta de entrada do usuário de crack no SUS e deve estar disponível para realizar seu acolhimento. Com base na classificação proposta anteriormente para usuários de crack, a atenção básica deve realizar ofertas de cuidado a usuários funcionais, identificar aqueles com história de ruptura dos laços sociais e articular-se aos CAPS do município para o desenvolvimento de projetos terapêuticos individuais. Por constituir o dispositivo de maior capilaridade com a comunidade, deve desempenhar o mapeamento e a identificação de usuários disfuncionais e, em articulação com as equipes dos CAPS, propor abordagens para estes usuários, como ações de redução de danos ou ofertas de tratamento. Em articulação com o NASF, a atenção básica pode realizar: consultas, ações de Promoção da Saúde, ações de educação em saúde junto ao Programa de Saúde na Escola (PSE), oficinas, ações de redução de danos, oferta de cuidados básicos em saúde, mobilização de rede social de cuidado (CRAS, CREAS), oferta de inserção na rede de atenção. PRONTO SOCORROS E UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO Quadros de intoxicação e abstinência à cocaína são frequentemente assistidos nestas unidades, que já fazem parte da rede de atenção. Observa-se, no entanto, uma deficiência do diálogo estabelecido entre estes serviços de urgência e emergência e os demais serviços de saúde mental da rede. É necessário potencializar, no nível municipal, ações regulares e sistematizadas que aumentem a interlocução entre os serviços da rede de atenção às urgências. Experiências exitosas no país apontam para a funcionalidade de ações de matriciamento de CAPS AD em Unidades de Pronto Atendimento. Estas ações propiciam: Inserção de usuários de crack na rede de atenção. Resgate de usuários ao tratamento oferecido nos CAPS AD, que porventura se apresentem em crise e em abandono de tratamento. Qualificação da atenção dada a estes usuários durante o atendimento nos PSs/UPAS. Padronização de procedimentos de atenção e fluxo durante o atendimento. Utilização qualificada das UPAS/PSs como unidades de apoio aos CAPS AD em casos de intoxicação e abstinência. Inserção de usuários na rede no período de pós-alta. Articulação com a rede intersetorial. Cuidado contínuo de usuários da rede. PLANO EMERGENCIAL PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO TRATAMENTO E PREVENÇÃO EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS – PEAD Em junho de 2009 foi lançado o Plano Emergencial para Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas (PEAD). O PEAD possui como principais objetivos intensificar, ampliar e diversificar as ações orientadas para a prevenção, promoção da saúde e tratamento dos riscos e danos associados ao consumo prejudicial de substâncias psicoativas. Tem como eixos de atuação: Ampliação do acesso ao tratamento; A qualificação da rede assistencial; Estímulo a ações intersetoriais e Apoio a ações de promoção e enfrentamento do estigma O Plano apresenta como estratégias a ampliação do acesso diversificado nos 100 maiores municípios do país, a articulação intersetorial com ação social, educação, justiça, cultura, direitos humanos, a criação de estruturas para internação (especialmente em hospitais gerais) e a ampliação da rede de atenção com a abertura de Centros de Atenção Psicossocial infantil, 24 hs e álcool e drogas (AD). O programa é focado em municípios prioritários, com população acima de 250.000 habitantes (com exceção de Palmas, capital do Estado de Tocantins). Foram inclusos alguns municípios de fronteira e de rota de tráfico, totalizando 108 municípios. O Plano tem como proposta a associação ao PRONASCI em regiões metropolitanas e ao projeto “Ações Integradas” (GSI/MJ). A população total beneficiada pelo Plano é de 78.581.585 (41% da população brasileira), sendo o foco prioritário: crianças e Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade social. Existe a proposta de ampliação do PEAD numa segunda fase para contemplar municípios com porte populacional menor que 250.000. Esta iniciativa tem como resultado o cadastramento de 53 novos CAPS, sendo 26 CAPS álcool e drogas, 11 CAPS infanto-juvenil e 05 CAPS III (24 horas). O investimentorealizado pelo Ministério da Saúde com a abertura destes serviços foi de 17 milhões. Dentro do PEAD foram implantados ainda 34 projetos de Consultórios de Rua, totalizando um investimento de R$ 1,4 Milhão do Ministério da Saúde. No contexto do PEAD foram implantadas 10 Escolas de Redutores de Danos, com o objetivo de formar pessoas para o atendimento de usuários de álcool e outras drogas em contextos de vulnerabilidade. Mapa dos Municípios do PEAD PROGRAMA AMPLIADO DE QUALIFICAÇÃO O grupo apontou necessidade de qualificação de profissionais de saúde com a finalidade de ampliar o acolhimento universal de usuários de crack em toda rede de saúde. O despreparo 13 da atenção básica, dos CAPS e dos serviços de urgência no acolhimento desta demanda proporciona baixa adesão dos usuários, resultando na desassistência. Na maioria dos serviços, são percebidos profissionais com posturas e condutas preconceituosas e excludentes, reproduzindo nestes espaços os paradigmas pertencentes ao senso comum. Tais condutas dificultam o acesso e a permanência no tratamento. IMPLANTAÇÃO DE PONTOS DE ACOLHIMENTO São dispositivos que vem sendo utilizados em alguns municípios do Brasil e em outros países (Alemanha, Inglaterra, Holanda), e que tem como finalidade proporcionar um primeiro contato com usuários de substância que não têm qualquer acesso a cuidados relativos ao consumo de álcool e outras drogas. São espaços abertos, onde os usuários podem se alimentar, descansar e receber ofertas de promoção de saúde e redução de danos. São espaços de gestão intersetorial, de caráter territorial e, no caso proposto, vinculados ao programa de saúde da família e ao NASF. PROJETOS DE CONSULTÓRIO DE RUA O Grupo de Trabalho identificou que o usuário de crack que se apresenta “disfuncional”, isto é, com rupturas de suas relações sociais, apresenta uma relação precária com os espaços terapêuticos hoje ofertados pela rede de saúde. Neste sentido, ações de promoção, prevenção e cuidados primários no espaço da rua como os Consultórios de Rua devem ser ampliadas para umnúmero maior de municípios, em especial os de grande porte, com objetivo principal de levar o cuidado a usuários que se encontram desassistidos e sem vinculações com os serviços de saúde. As abordagens desenvolvidas in loco privilegiam a redução de danos como estratégia de aproximação e cuidado dos usuários fora de ambientes institucionalizados. A população alvo desse dispositivo é constituída por usuários de álcool e outras drogas em situação de rua. Os PCRs buscam reduzir a lacuna assistencial histórica nas políticas de saúde para a questão da prevenção e tratamento dos transtornos associados ao consumo do álcool e de outras drogas. Atualmente, 34 projetos de Consultório de Rua vêm sendo desenvolvidos, financiados em forma de edital. Os PCRs são compostos por uma equipe volante e interdisciplinar de profissionais da saúde mental, da atenção básica e da área de assistência social, sendo imprescindível a presença de profissionais redutores de danos. Deverão ser oferecidas ações de cuidados básicos de saúde, atividades de abordagem, orientação, prevenção e assistência, e manejo das demandas para tratamento voltado para o uso de álcool e outras drogas. LEITOS DE ATENÇÃO INTEGRAL EM HOSPITAL GERAL Estes leitos, ao contrário dos leitos de atenção integral ao usuário de álcool e outras drogas de CAPS ad 24 horas, devem ter regulação do acesso a ser feita com base em critérios clínicos e de gestão. Deverão estar referenciados à população de um determinado território, articulados aos demais serviços de saúde mental deste, especialmente os CAPS de referência. É fundamental o papel dos CAPS AD como ORDENADORES DA DEMANDA, para que não haja o risco de recondução dos leitos hospitalares em HG ao centro do cuidado. Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre A equipe de saúde mental articulada a estes leitos, quando houver, deve se articular à rede integral de cuidado às pessoas com transtornos mentais ou transtornos devidos ao uso abusivo de álcool e outras drogas. Estas equipes devem ter a interdisciplinariedade garantida em sua composição e modo de funcionamento, e, no caso de serviços que apresentem um número de leitos maior, poderão ser específicas para a atenção destes leitos. CASAS DE ACOLHIMENTO TRANSITÓRIO As Casas de Acolhimento Transitório consistem em casas de albergamento de usuários da rede de atenção psicossocial em tratamento para transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas. Procuram ampliar os recursos da rede, de forma a oferecer atenção e cuidados contínuos de modo integral e protegido, a populações em estado de extrema vulnerabilidade e riscos. Funcionam como albergues 24 horas constituídos para potencializar as ações de saúde mental da rede de atenção, dando maior institucionalidade e continuidade ao cuidado. Suas ações devem estar vinculadas a um Projeto Terapêutico Individual, que define o tempo de uso do recurso e o objetivo desta utilização. O Projeto Terapêutico deve ser construído com a participação do usuário e co-participação de todo aquele que estiver referenciado na vida do albergado do mesmo. O período de permanência do usuário é de 30 a 40 dias, aproximadamente, dependendo do Projeto Terapêutico Individual desenvolvido pela equipe de referência. Por constituir um recurso de acolhimento noturno, os usuários do dispositivo poderão desenvolver atividades terapêuticas em outros serviços da rede, como os CAPS e a Atenção Básica. Sua configuração não é a de um leito hospitalar, por isso não se constituem como recurso para usuários que com demandas clínicas, quadros graves de abstinência a álcool ou outras drogas, casos em que devem passar por uma avaliação médica que exclua riscos imediatos. É desejável que os municípios que implantem Casas de Acolhimento Transitório contenham serviço de SAMU- 192, com vistas à necessidade de cobertura médica para intercorrências noturnas. Por tratar-se de um dispositivo de acolhimento noturno e de caráter intersetorial, sua equipe será bastante pequena, composta durante o período noturno por técnicos considerados educadores sociais, técnicos de enfermagem, redutores de danos e oficineiros. Durante o período diurno, o serviço deverá contar com um plantão intersetorial (ou multidisciplinar), um profissional de nível superior que permaneça na casa de passagem, além de profissionais de apoio. As atividades terapêuticas deverão ser desenvolvidas preferencialmente no CAPS do município, com a possibilidade dessa equipe desenvolver atividades de matriciamento nas Casas de Acolhimento Transitório. FONTE: http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_ abordagemsuscrack.pdf POLÍTICAS ANTERIORES VOLTADAS PARA O COMBATE AS DROGAS - POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS A Redução de Danos, pode ser entendida atualmente por, pelo menos, duas vertentes diferentes: (a) a primeira mais fidedigna aos conceitos primordiais de sua criação para reduzir danos de HIV e DST em usuários de Drogas Injetáveis e (b) a segunda cujo conceito mais abrangente inclui ações no campo da saúde pública preventiva e de política públicas que visam prevenir os danos antes que eles ocorram. Para o segundo Conceito, que parte do ponto de vista mais abrangente, alguns princípios baseados em evidência devem ser destacados: A Melhor forma de reduzir os danos de todas as drogas à sociedade é estimular padrões de abstinência em todas comunidades, famílias e indivíduos. Não existe uso de drogas isento de riscos. Dados recentes mostraram que doses relativamente baixas de álcool expõe adolescentes a maiores riscos de acidentes e outros problemas. As políticas de Redução de Danos, neste sentido mais amplo, deveriam diminuir os danos sociais do uso de drogas. A Organização Mundial da Saúde propõe política neste campo. Exemplificando, no caso do álcool, as políticas globais que visam diminuir o consumo geral do álcool, são: Aumento do preço das bebidas; Proibição da propaganda do álcool; controle de acesso e disponibilidade do álcool; Leis mais atuantes sobre o beber e dirigir. No Brasil não temos uma política sobre o álcool que vise diminuir o consumo e o dano dessa substância na nossa população e, portanto, uma das prioridades de uma política racional sobre drogas deveria criar as condições para que essa política fosse implementada. Seria a mais importante medida para diminuir o custo social do álcool. O primeiro Conceito, baseado em princípios mais estritos, também pode ser entendido, segundo alguns autores, como ações dentro do campo preventivo, que é a melhor http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_abordagemsuscrack.pdf http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_320_abordagemsuscrack.pdf Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre forma de reduzir ou evitar danos. Por este ângulo, podemos lembrar os seguintes dados: As políticas de Redução de Danos para grupos específicos, como crianças e adolescentes, deveriam buscar ações sociais visando estimular padrões de abstinência. Deveríamos entender um pouco mais as razões pelas quais a maioria dos adolescentes não usa drogas. Existem fatores de proteção nesses indivíduos que os mantém longe do consumo. Políticas que visem ampliar esses fatores de proteção ao uso de drogas e diminuir os fatores de riscos ao consumo deveriam ser estimuladas e implementadas. O tratamento baseado na abstinência para a Dependência Química funciona e pode ser entendida, por este conceito mais ampliado, como a melhor política de Redução de Danos. Inúmeras evidências têm mostrado que as diferentes formas de tratamento funcionam. Infelizmente não funcionam tanto como gostaríamos, mas quando existe um sistema diversificado de tratamento numa comunidade no qual os profissionais são bem treinados, as taxas de sucesso aumentam muito. No Brasil não temos essa rede de tratamento e deveria ser prioridade absoluta para uma política de reduçãode danos nesse grupo. Não podemos deixar de notar que um bom número de pacientes não apresenta uma boa evolução, mesmo com a oferta ideal de tratamento. Esses pacientes deveriam receber um tratamento especial. Todo o sistema de tratamento deveria basear-se numa política de inclusão daqueles pacientes que não estejam tendo uma boa evolução, quer seja porque tenham uma comorbidade psiquiátrica associada, ou por falta de apoio social, ou por dano cerebral decorrente da própria dependência química. Esses pacientes deveriam ser incluídos no Sistema de Tratamento com programas especiais para eles. Nessa situação específica poderíamos falar em Redução de Danos no sentido Estrito da palavra e oferecermos a possibilidade do paciente adotar objetivos diferentes da própria abstinência. A recusa do paciente ficar abstinente nunca deveria ser motivo para a exclusão do tratamento. Portanto a Redução de Danos no sentido estrito da palavra deveria ser uma das formas de tratamento a ser oferecida aos pacientes. Existem evidências que essas políticas possam salvar muitas vidas. Por exemplo, na década de 80 o oferecimento de agulhas e seringas na Inglaterra salvou muitas vidas ao permitir que as pessoas não utilizassem material contaminado pelo HIV. Mas foi somente com a demonstração científica que essa política salvara vidas. Só então essas Políticas foram incorporadas na prática, no governo conservador da primeira ministra Margareth Tatcher, na Inglaterra. DEFINIÇÃO DE RISCO E DANOS Risco pode ser definido como a possibilidade ou probabilidade da ocorrência de um evento. O dano prevê a ocorrência do evento em si. Assim, estes termos não deveriam ser usados como sinônimos porque, inclusive, estão relacionados a campos diferentes de atuação dentro do contexto de uso de droga. A redução do risco está no campo de prevenção e visa evitar ou diminuir as chances que um evento perigoso à saúde ocorra. A redução de danos prevê ações que diminuam os danos inerentes a um evento perigoso que já vem sendo praticado por indivíduos ou grupos de indivíduos. RELAÇÃO ENTRE USO DE DROGAS E DANOS. Comportamentos de risco não resultam necessariamente em danos. Por exemplo, existem indivíduos que fumam por muitos anos e se mantém saudáveis, ou ainda indivíduos que não usam capacete ao pilotar suas motocicletas e não sofrem acidentes. Contudo, estes fatos não alteram a relação clara destes comportamentos de risco com a possibilidade de danos. Além disso, alguns comportamentos de risco, sabidamente relacionados com danos, podem ser praticados por muitos anos, antes que ocorra o dano propriamente dito. Alguns tipos de danos hepáticos e cerebrais, por exemplo, estão associados ao uso e álcool ou barbitúricos. Estes danos estão associados ao próprio efeito da droga no organismo. Outros danos, porém, estão associados com a forma de utilização (por exemplo, os utensílios utilizados). Fazem parte deste grupo às infecções por Hepatite B, HIV e Hepatite C por compartilhamento de equipamentos de injeção. Outro exemplo se relaciona às drogas de aspiração como aerosol, resultando em laringoespasmo. Existem, ainda, os danos associados com o contexto no qual a droga é usada como, por exemplo, acidentes automobilísticos associados ao comportamento de beber e dirigir. No estabelecimento de políticas públicas de redução de danos é preciso ter em foco qual o tipo da relação existente entre as drogas e os danos associados ao uso e a quais os danos que se pretende minimizar. A política de redução de danos, estabelecida em 1996 pelo governo do Estado de São Paulo, visava minimizar o contágio pelo HIV, hepatites B e C associado ao uso de drogas injetáveis por compartilhamento de seringas ou agulhas, bem como as doenças sexualmente transmissíveis pelo comportamento sexual de risco, comum entre os usuários de drogas injetáveis. Essas ações podem ser entendidas como preventivas se tivermos como foco o indivíduo: são ações que visam diminuir o risco dos indivíduos contraírem HIV ou outras doenças transmissíveis por contato sanguíneo e sexual. Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre Entretanto, o foco da Redução de Danos está na população, ou seja, do ponto de vista epidemiológico, a Redução de Danos visa minimizar danos à sociedade que sofre uma epidemia de HIV e outras doenças. A troca de seringas e agulhas foi uma estratégia que claramente visava minimizar o dano relacionado à contaminação de HIV, Sífilis e Hepatite, numa população bem definida e que obteve resultados positivos, demonstrados em diversos trabalhos científicos. DEFINIÇÃO: REDUÇÃO DE DANOS Dano pode ser definido como o resultado prejudicial à saúde, de gravidade alta e que decorre do uso de uma substância psicoativa, afetando um grande número de pessoas. Neste sentido, a Redução de Danos estabelece políticas e ações para minimizar estes danos que tenham representação epidemiológica. A vida de uma pessoa que depende de droga está direcionada pela urgência em obter novamente a experiência dos efeitos da droga, ou pela necessidade de se livrar dos desconfortos causados pela ausência da substância, decorrentes de alterações fisiológicas cerebrais. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE REDUÇÃO DE DANOS A Redução de Danos é fundamentada nos seguintes princípios: 1- A Redução de Danos é uma alternativa de saúde pública para os modelos moral, criminal e de doença do uso e da dependência de droga. O modelo moral defende a proibição do uso ou da distribuição de certas drogas, atos considerados crimes sujeitos a punição. Como extensão do modelo moral (pressuposto: o uso de drogas ilícitas é moralmente incorreto), o sistema de justiça criminal tem colaborado com os formuladores de políticas nacionais de “guerra às drogas”, cujo objetivo aparente é o de promover o desenvolvimento de uma sociedade livre de drogas. Já o modelo doença enfatiza os programas de tratamento e de prevenção que procuram remediar o desejo ou a demanda por drogas por parte do indivíduo (redução da demanda), tendo como objetivo primordial a abstinência. A Redução de Danos desvia-se de tais princípios evitando julgamentos morais de certo ou errado e oferecendo uma variedade de políticas e de procedimentos que visam a redução das consequências prejudiciais do comportamento dependente. A Redução de Danos aceita o fato concreto de que muitas pessoas usam drogas e a maioria delas apresenta outros comportamentos, também de alto risco. Assim, a Redução de Danos trabalha com programas de Baixa Exigência sem perder de vista a possibilidade ideal da abstinência. 2- A Redução de Danos reconhece a abstinência como resultado ideal, mas aceita alternativas que minimizem os danos para aqueles que permanecem usando drogas. O princípio de tolerância zero estabelece uma dicotomia absoluta entre nenhum uso e qualquer uso, sem distinguir o uso experimental, os usos moderados, pesados e as diferentes dimensões de danos associados aos distintos padrões de uso. A Redução de Danos não é contra a abstinência. Contudo, acredita que os efeitos prejudiciais do uso de drogas e outros riscos associados, como, a atividade sexual desprotegida, podem ser colocados em um continuum. Quando há comportamento muito perigoso, a redução de danos propõe reduzir o nível da exposição ao risco. A abordagem de redução gradual estimula os indivíduos que tenham comportamento excessivo ou de alto-risco a dar um passo de cada vez para reduzir as conseqüências prejudiciais de seu comportamento. Estratégias de Redução de Danos também têm aplicação no uso de drogas legais, incluídos o tabaco e o álcool, para, por exemplo, tabagistas incapazes de abandonar o uso de maneira abrupta e definitiva. Existem, como alternativas disponíveis, os adesivos de nicotina, as gomas e outras formas de administração de nicotina menos nocivas do que o fumo. Embora as terapias de substituição de nicotina tenham sido criadas comoum auxílio para deixar de fumar algumas pessoas usam esses produtos para manter o uso de nicotina num nível mais seguro. 3- A Redução de Danos surgiu principalmente como uma abordagem de “baixo para cima”, baseada na defesa do dependente, em vez de uma política de “cima para baixo”, promovida por formuladores de políticas de drogas. 4- A Redução de Danos promove acesso a serviços de baixa exigência, como uma alternativa para abordagens tradicionais de alta exigência. Os programas comunitários de rua, descritos anteriormente, oferecem um exemplo de 10 abordagem de baixa exigência na redução de danos. Em vez de estabelecer a abstinência como um pré- requisito de alta exigência para receber o tratamento para dependência ou outro tipo de assistência, os defensores da Redução de Danos estão dispostos a reduzir esses obstáculos. Desse modo, os necessitados têm mais possibilidade de aderir, envolver-se e iniciar a mudança do comportamento. Os programas de baixa exigência fazem isso de diversas formas. Em primeiro lugar, os defensores de abordagem de baixa exigência estão dispostos a encontrar o indivíduo em seus próprios termos – “encontrá-lo onde você estiver”, em vez de “onde você deveria estar”. Informações de membros da população-alvo são bem vindas e, portanto, estimuladas, na tentativa de estabelecer uma parceria ou uma aliança entre os que fornecem os serviços e os que recebem (mesmo quando ambos os grupos consistem de Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre usuários de drogas ativas). Novos programas são desenvolvidos em colaboração com as pessoas diretamente envolvidas e afetadas. Por meio do diálogo, da discussão e das iniciativas de planejamento mútuo (por exemplo, uso de “grupos focais” para reunir informações iniciais e fixação de metas), programas comunitários e serviços associados continuaram a emergir nos segmentos comunitários. 5- A Redução de Danos baseia-se no pressuposto do pragmatismo empático versus idealismo moralista. O comportamento prejudicial acontece, sempre foi assim e sempre será. Uma vez aceita essa premissa, a meta torna- se a do pragmatismo empático: O que pode ser feito para reduzir o dano e o sofrimento tanto para o indivíduo quanto para a sociedade? O pragmatismo não pergunta se o comportamento em questão é certo ou errado, bom ou ruim, doentio ou saudável. O pragmatismo preocupa- se com o manejo das questões cotidianas e das práticas reais, e sua validade é avaliada por resultados práticos. FONTE: https://www.uniad.org.br/wp- content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos- VI.pdf http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupo paginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_d anos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf DAS POLÍTICAS ATUAIS VOLTADAS PARA O COMBATE AS DROGAS. (MINISTÉRIO DA SAÚDE) . Em abril, a nova Política Nacional sobre Drogas (PNAD) foi aprovada pelo governo federal. Uma das principais mudanças refere-se ao tratamento dos dependentes químicos, com a adoção da abstinência como abordagem preferencial. Até então, a estratégia privilegiava a redução de danos (RD). Outra novidade é o estímulo às comunidades terapêuticas. A política anterior estava em vigor desde 2002 e replicava um modelo adotado por países como Portugal e Canadá. O propósito da RD é diminuir os riscos de danos biológicos, psicossociais e econômicos aos quais estão expostos os dependentes químicos. A distribuição de seringas individuais (principalmente para evitar transmissão do vírus HIV) é a principal medida. O tratamento tem como base a informação, o atendimento médico e a garantia de acesso a políticas públicas. A abordagem não visa retirar a droga do usuário, mas possibilitar a superação do vício de acordo com a necessidade e a vontade individual, considerando os fatores genéticos e ambientais envolvidos. Apesar disso, o abandono da adição é desejável. Já a terapia de abstinência cessa o uso da droga pelo dependente químico. Durante esse período, podem ser administrados medicamentos que atenuem os efeitos da falta da substância que era consumida pelo paciente. Os sintomas incluem agitação, irritação e mal-estar. Para isso, é necessário o tratamento adequado e equipes especializadas. Os profissionais envolvidos devem trabalhar as motivações e objetivos de vida do paciente, buscando construir um projeto terapêutico e de reabilitação cognitiva e social. Leitos hospitalares devem estar disponíveis para acolher, proteger e tratar os dependentes. O tratamento que passa a ser adotado a partir de agora parte da premissa que o dependente químico não reúne condições para controlar o uso de substâncias nocivas. “Em razão desse descontrole, ele não vai conseguir dosar minimamente o uso da droga para evitar os danos”, defende Quirino Cordeiro, secretário nacional de cuidados e prevenção às drogas do Ministério da Cidadania, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. VISÕES DISTINTAS A nova PNAD é analisada por diferentes pontos de vista entre organizações de classe envolvidas diretamente no tratamento de usuários de drogas. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), por exemplo, são favoráveis à mudança. A justificativa das entidades está na ineficiência do método de redução de danos. “A RD acabou não atingindo aquilo que se buscava. Essa nova política está alinhada ao que a pensamos”, explica Carmita Abdo, presidente da ABP. Em entrevista ao jornal O Globo, Sabrina Presman, psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), explica que, embora a ênfase e a meta a partir da nova PNAD sejam a abstinência, as medidas de redução de danos não estão totalmente excluídas. A troca de seringas, a terapia de substituição de opióides e a testagem de HIV ainda são previstas na nova PNAD. “Se o paciente não está motivado a parar, a gente incentiva a redução de danos”, complementa Sabrina, que também é diretora de uma clínica particular de atendimento a dependentes químicos. Ela afirma, ainda, que não existe um tratamento aplicável a todos os pacientes. “A dependência química é uma doença multifatorial. Não há uma estratégia única”, acrescenta. Contrário às novas diretrizes, entende que o cuidado aos dependentes químicos deve ser realizado em parceria com políticas públicas, com a adoção de ações de diversas áreas de conhecimento. COMUNIDADES TERAPÊUTICAS Outra mudança diz respeito ao local preferencial para o atendimento, que anteriormente eram os ambulatórios https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Reducao-de-Danos-VI.pdf http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf http://www.tjmt.jus.br/intranet.arq/cms/grupopaginas/105/988/Redu%C3%A7%C3%A3o_de_danos_-_conceitos_e_pr%C3%A1ticas.pdf https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/04/nova-politica-de-drogas-exclui-reducao-de-danos.shtml Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps). A internação compulsória figurava como último recurso. Agora, a nova PNAD incentiva o encaminhamento do paciente para as chamadas comunidades terapêuticas (CTs). Em geral, essas organizações já promovem a abstinência. Cerca de 82% delas são vinculadas a igrejas e organizações religiosas, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Seu foco não é o tratamento, mas o acolhimento dos dependentes químicos por meio de uma rotina de atividades religiosas. O desenvolvimento do lado espiritual seria um auxílio à terapia. Em entrevista ao Jornal do Comércio, de Porto Alegre, Pedro Ferreira, membro da Comissão Nacional de Estudos de DependênciaQuímica da ABP, destaca bons resultados alcançados pela estratégia. “Estudos recentes de neurociências têm apontado para redução de compulsão por drogas em pacientes que passam a desenvolver o que chamam de despertar espiritual”. No mês de março, o Ministério da Cidadania ampliou o número de vagas gratuitas para dependentes químicos nas CTs e assinou três portarias que instituem o cadastramento, a fiscalização e a certificação das entidades. FONTE: https://secad.artmed.com.br/blog/psicologia/po litica-nacional-sobre-drogas/ DOCUMENTO DA PNAD: HTTPS://BVSMS.SAUDE.GOV.BR/BVS/PUBLICACOES/P NAD_VERSAOFINAL.PDF FUNCIONAMENTO DOS CONSULTÓRIOS DE RUA. A população em situação de rua (PSR) é definida como um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória (BRASIL, 2009). A equipe de Consultório de Rua é constituída por profissionais que atuam de forma itinerante, ofertando ações e cuidados de saúde para a população em situação de rua, considerando suas diferentes necessidades de saúde, sendo responsabilidade dessa equipe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, ofertar cuidados em saúde mental para (BRASIL, 2017): De acordo com o Ministério da Saúde, o Consultório na Rua é parte de uma estratégia maior denominada “Programa Crack, é possível vencer”, criada pelos ministérios da Saúde, Justiça, Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Secretaria de Direitos Humanos, e que tem as ações desenvolvidas em três eixos (prevenção, cuidado e autoridade), sendo o eixo cuidado desenvolvido por alguns pontos da Rede de Atenção Psicossocial, entre as quais estão: o CAPS AD III, as unidades de acolhimento, os leitos de saúde mental, o Consultório na Rua e a formação técnica para profissionais de nível médio e superior (BRASIL, 2014b). Além disso, algumas diretrizes são propostas no atendimento às PSR, entre elas podemos destacar alguns pontos importantes para auxiliar o profissional de saúde no atendimento integral, são eles (BRASIL, 2012b): As equipes de apoio aos serviços do componente Atenção Residencial de Caráter Transitório oferecem suporte clínico e apoio a esses pontos de atenção, coordenando o cuidado e prestando serviços de atenção à saúde de forma longitudinal e articulada com os outros pontos de atenção da rede (BRASIL, 2017). COMPOSIÇÃO Os Consultórios na Rua são formados por equipes multiprofissionais, podendo fazer parte delas as seguintes profissões: A: enfermeiro, psicólogo, assistente social ou terapeuta ocupacional; B: agente social, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico em saúde bucal, cirurgião-dentista, profissional/professor de educação física ou profissional com formação em arte e educação. As equipes dos Consultórios na Rua podem ser organizadas em três modalidades : Modalidade I: equipe formada minimamente por 4 (quatro) profissionais, entre os quais 2 (dois) destes obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A (descrição acima) e os demais entre aqueles descritos nas letras A e B; https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/jornal_da_lei/2019/04/680342-nova-politica-de-drogas-aposta-na-repressao.html Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre Modalidade II – equipe formada minimamente por 6 (seis) profissionais, entre os quais 3 (três) destes obrigatoriamente deverão estar conforme a letra A (descrição acima) e os demais entre aqueles descritos nas letras A e B; Modalidade III – equipe da Modalidade II acrescida de um profissional médico. As atividades devem ser realizadas de forma itinerante, com cumprimento de carga horária mínima semanal de 30 horas, porém seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diurno e/ou noturno, em todos os dias da semana. Todas as ações realizadas pelas eCR devem ser registradas no Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), por meio da Estratégia e-SUS AB! Para a realização das atividades, as equipes dispõem de uma base de saúde móvel, servindo tanto como meio de deslocamento para elas quanto para o envio e transporte de medicamentos e materiais necessários para os atendimentos. Outro elemento imprescindível de todo trabalho realizado com a população em situação de rua é a construção de vínculos por meio do diálogo, dos cuidados e da escuta atenta das demandas existentes entre as pessoas atendidas. Para tanto, além do diálogo e da escuta, oficinas artísticas envolvendo o uso da música, da pintura, dos desenhos, da dança e de outras atividades dirigidas, são utilizadas quando possíveis. Nesse sentido, as equipes reconhecem que essas atividades realizadas na rua permitem com que os atendidos sintam-se mais à vontade para a participação e construção desse relacionamento proveitoso, como uma via de mão dupla em termos de aprendizado e conhecimento. A conscientização por meio da educação surge, mais uma vez, como ferramenta de libertação e cuidado dentro dos relacionamentos estabelecidos entre profissionais e atendidos, conforme as estratégias elaboradas de acordo com os princípios do Consultório na Rua. As equipes reconhecem que as pessoas em situação de rua não dispõem de saúde, de acesso à educação e dos direitos que deveriam ter por uma cidadania levada a sério, portanto, se propõem a ser um elo entre a rua, o ensino/aprendizado e a própria saúde. endo assim, levar os sujeitos a refletirem sobre suas vidas, condições e possibilidades, é dar espaço também para que a redução de danos surja nesse relacionamento entre profissionais da saúde e pessoas vivendo nas ruas. Conversar sobre as medicações, ensinar sobre os efeitos do álcool e das drogas no organismo e explicar sobre a necessidade existente de que se cuide da própria saúde antes de qualquer próximo passo, acabam fazendo parte da estratégia utilizada pelas equipes. DESAFIOS DE ATUAÇÃO DOS CONSULTÓRIOS NA RUA Dentre os principais desafios de atuação dos Consultórios na Rua, está o estigma social que circunda a situação de quem vive nas ruas e acaba prejudicando ainda mais o acesso dessas pessoas a serviços de saúde básicos. A falta de documentação e a burocracia encontrada nos serviços são barreiras a se lidar pelos profissionais e usuários morando nas ruas da mesma forma. A questão do preconceito é latente. Seja entre os profissionais, que são postos a teste quando desempenham pelas primeiras vezes esses tipos de atendimento, seja pelos próprios moradores, que olham para suas condições como indignas de respeito ou atenção. A recorrência das drogas, a desistência de tratamentos por parte de alguns dos atendidos nas ruas e outras problemáticas, podem surgir e constituírem questões a serem entendidas e enfrentadas pela equipe e a pessoa em voga, caso seja essa a demanda. Ajudar quem têm necessidades torna-se sempre o objetivo final de todos os atendimentos. FONTE: https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSY xZGbVx/?lang=pt&format=pdf IMPACTOS CAUSADOS PELA GUERRA CONTRA DROGAS AS POPULAÇÕES PERIFÉRICAS. Os últimos dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que o Brasil atingiu a marca das 60 mil mortes em 2016. No país com o maior número absoluto de homicídios no mundo, a taxa mais alta de mortes violentas concentra-se na faixa dos 21 anos (Cerqueira et al., 2017). Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 17% – isso significa que, nesse mesmo período, 318 mil jovens foram assassinados no país (ibidem). Embora não seja possível estimar quantas dessas mortes estão relacionadasàs drogas, sabemos que boa parte delas é provocada pela violência causada pelo combate militarizado ao “narcotráfico”. Só que a guerra às drogas não atinge a juventude de forma homogênea: hoje, no país, os jovens negros têm mais chance de serem https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSYxZGbVx/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/icse/a/6kDZxKfC6mFnPTbSYxZGbVx/?lang=pt&format=pdf Laura Costa Santos – Medicina – 6° semestre assassinados do que os jovens não negros. De cada cem pessoas que sofrem homicídio no país, 71 delas são negras (Cerqueira et al., 2017). E os dados mostram que, em vez de melhorar, essa situação tem se agravado: na última década, a taxa de homicídios da população negra aumentou 18%, enquanto a mesma taxa entre as pessoas de outras raças e etnias diminuiu 12% (ibidem). Os custos da guerra às drogas recaem desproporcionalmente sobre os jovens negros, a maioria do sexo masculino. Olhar para o número de homicídios é apenas uma forma de tentar entender o impacto da “guerra às drogas” na sociedade. Quando consideramos as taxas de encarceramento, o quadro de violência e desigualdade permanece o mesmo. O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, sendo o crime de tráfico de drogas a causa mais recorrente das prisões. Desde a nova Lei de Drogas (Lei no 11.343, de 2006), o número de presos por tráfico aumentou 339% (D’Agostino, 2015). Assim como no caso dos homicídios, as pessoas negras são impactadas em proporção maior do que o restante da população: ainda que os negros representem pouco mais de 53% da sociedade brasileira, 64% das pessoas presas no país são negras (Brasil, 2016). E onde a guerra às drogas é travada? Embora as drogas circulem por toda a cidade, somente as favelas e as periferias sentem os impactos violentos do combate ao mercado ilícito dessas substâncias. Tudo isso mostra que os impactos da guerra às drogas recaem sobre a sociedade de maneira seletiva e desigual. Embora as drogas sejam ilegais para todos, escolhemos prender e matar os jovens negros e moradores das favelas e das periferias das nossas cidades. A raiz desse problema está na própria forma como construímos nossas políticas de drogas: apostando na repressão ao varejo do tráfico e na violência contra a população pobre, negra e periférica como forma de lidar com o uso dessas substâncias. Por isso mesmo, faz-se necessário aprofundar o debate sobre as consequências da guerra às drogas nos territórios periféricos e favelados. Mas, ainda mais importante, é preciso abrir espaço para que aqueles e aquelas que mais sofrem os impactos da guerra às drogas tomem a frente no debate sobre mudanças nas políticas de drogas, tornando-se os seus protagonistas. FONTE: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/ 8886/1/bapi_18_cap_12.pdf DADOS DE GASTOS COM A GUERRA AS DROGAS – CESEC O montante gasto nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo, em 2017, para manter a proibição das drogas é impressionante: 5,2 bilhões. Só em São Paulo foram gastos 4 bilhões de reais para a aplicação da Lei de Drogas em 2017 – o equivalente a mais de 12% de todas as despesas com segurança pública, justiça criminal e prisões nesses dois estados naquele ano. Para se ter uma ideia, com o bilhão investido no Rio de Janeiro para essa política, seria possível custear a educação de 252 mil alunos do ensino médio, construir 121 escolas para mais de 77 mil alunos, custear um ano inteiro de ensino para 32 mil alunos na UERJ, e beneficiar 145 mil famílias por um ano em programas de renda básica, além de comprar 36 milhões de doses da vacina AstraZeneca, suficientes para vacinar 18 milhões de pessoas contra a Covid-19. Em São Paulo, com os 4 bilhões de reais, seria possível custear a educação de 840 mil alunos em escolas estaduais de ensino médio e a educação de 43 mil alunos na USP, construir 462 novas escolas, beneficiar 583 mil famílias por um ano com um programa de renda básica e comprar 72 milhões de doses da vacina Coronavac, suficientes para vacinar 36 milhões de pessoas contra a Covid-19. FONTE: https://cesecseguranca.com.br/reportagens/qua nto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/ http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8886/1/bapi_18_cap_12.pdf http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8886/1/bapi_18_cap_12.pdf https://cesecseguranca.com.br/reportagens/quanto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/ https://cesecseguranca.com.br/reportagens/quanto-a-sociedade-perde-com-a-guerra-as-drogas/
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