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Artigo - A Responsabilidade Civil dos Fabricantes de Cigarro (2)

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UNIVERSIDADE TIRADENTES
DIREITO
ANA BEATRIZ ALVES FERREIRA
GUSTAVO FREITAS BUARQUE
MIRIAN SANTOS ANDRADE GOES
VICTÓRIA ARAGÃO GOMES
YASMIM MARQUES CHAGAS
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FABRICANTES DE CIGARRO
ARACAJU/SE
 2019
ANA BEATRIZ ALVES FERREIRA
GUSTAVO FREITAS BUARQUE
MIRIAN SANTOS ANDRADE GOES
VICTÓRIA ARAGÃO GOMES
YASMIM MARQUES CHAGAS
A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FABRICANTES DE CIGARRO
Resenha apresentada ao Curso de Direito, sob orientação da professora Tanise Thomase como um dos pré-requisitos para avaliação da disciplina de Responsabilidade Civil.
Aracaju/SE
 2019
Resumo: O presente trabalho objetiva informar e clarificar a responsabilidade civil dos fabricantes de cigarro para com as vítimas, haja vista que há uma divergência em relação ao dano causado, pois se tratando do cigarro a dúvida pareia entre a liberdade do consumidor e os malefícios oriundos do uso do tabaco. Para o alcance dos objetivos delineados para a pesquisa foram utilizados como metodologia, a pesquisa qualitativa por método descritivo, além de revisão bibliográfica, documental e legislativa, com consultas a obras fundamentais e artigos científicos.
Palavras-chaves: responsabilidade; cigarro; fabricante; vítima; dano. 
1. Introdução
A discussão acercado tabaco e o hábito de fumar fazendo relação com a liberdade do consumidor não é algo recente. Todavia, a preocupação cresce cada vez mais por conta da associação desse hábito com as doenças preocupantes do século. Dessa forma, a liberdade de consumo do produto em questão tende a ser cada vez mais questionada, haja vista que a nicotina presente nos cigarros gera um vício a vítima e esta, por sua vez, passa a não ter controle das suas vontades.
Ademais, o aspecto que dá firmeza a comercialização do cigarro ao longo do tempo é sua importância para a economia, sendo inegável a notoriedade que a indústria do fumo possui para a economia nacional, com geração de empregos, expressiva atividade empresarial e significativo recolhimento de impostos.
Dessa forma, a priori é inviável a proibição total da comercialização do cigarro, haja vista que o mesmo é um produto que possui bastante influência na economia nacional, todavia é de extrema importância que haja a responsabilidade civil dos fabricantes de cigarro em relação aos consumidores, contribuindo, desse modo, para a conscientização da sociedade e para clarificar os danos causados pelo hábito de consumo do cigarro e a dependência psíquica por ele provocado. 
Para o alcance dos objetivos delineados para a pesquisa foram utilizados como metodologia, a pesquisa qualitativa por método descritivo, além de revisão bibliográfica, documental e legislativa, com consultas a obras fundamentais e artigos científicos.
1.1. Doenças relacionadas ao uso do cigarro
O cigarro é composto por nicotina, e tal substância traz consigo diversos fatores prejudiciais à saúde, haja vista que são em torno de quase 50 doenças diferentes que podem ser causadas. Assim, dentre elas, tem-se vários tipos de câncer, podendo ser, principalmente, no pulmão, no qual compõe uma estatística que diz que em torno de 90% dos casos entram nesse tipo, e tem também laringe ou faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia; tem também as doenças do aparelho respiratório, como a enfisema pulmonar, a bronquite crônica, a asma ou até infecções respiratórias e também tem as doenças cardiovasculares, à exemplo da angina, do infarto agudo do miocárdio, da hipertensão arterial, dos aneurismas, do acidente vascular cerebral e das tromboses. Há ainda outras doenças relacionadas ao tabagismo, no qual trata-se da dependência da nicotina, substância presente no cigarro: úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; impotência sexual no homem; infertilidade na mulher; menopausa precoce e complicações na gravidez. 
Desse modo, é visto que o quadro de doenças, estipulado pela OMS e pelo Instituto Governamental do Câncer, estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de 157 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo. Ademais, ainda estima-se que o fumo é responsável pela morte de um entre cada cinco homens e de uma em cada dez mulheres. Os fumantes adoecem com uma frequência duas vezes maior que os não fumantes. Têm menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não fumantes. Outrossim, envelhecem mais rapidamente e ficam com os dentes amarelados, cabelos opacos, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo.
1.2 Tabagismo e a legislação
Em 1988 o Ministério da Saúde elaborou a Portaria n° 490, que obrigou as companhias de cigarro a colocarem nas embalagens de seus produtos a frase: “O Ministério da Saúde Adverte: Fumar é Prejudicial à Saúde”. Em sequência, além da regulamentação da propaganda de cigarros, houve a proibição do uso do mesmo em recintos coletivos, privados ou públicos, salvo em áreas destinadas a esse, isoladas e com arejamento suficiente. Além disso, houvea proibição em repartições públicas, hospitais e postos de saúde, salas de aula, bibliotecas recintos de trabalho coletivo e salas de teatro e cinema. 
Ademais, a Lei 9.294 de 1996 prevê a restrição dos horários nos meios de comunicação e a utilização de frases de efeito para conscientização dos malefícios a saúde causados pelo uso do cigarro. No decorrer dos anos medidas foram definidas e utilizadas para o aprimoramento da informação correta. 
É importante ressaltar que, apesar de a Lei 9.294/96 ter sido um importante instrumento para a ampliação das restrições ao fumo, ela não foi totalmente efetiva, haja vista que possuía falhas, não prevendo punição ao fumante infrator, e não definindo explicitamente as regras com relação aos locais permitidos e aos locais que não o possuíam permissão. Dessa forma, a norma possuía brechas que facilitava as companhias de cigarros na elaboração de estratégias para mitigar a aplicação da Lei. Outrossim, o tabaco ainda não foi completamente banido de ambientes fechados, todavia hoje os Estados e municípios têm regulamentado leis mais abrangentes com base semelhante a lei em questão para tentar ter uma maior efetivação da norma. 
2.0 O dever de informar
O estudo da responsabilidade civil do fabricante pelo defeito de informação requer o exame prévio do chamado dever de informar. Trata-se de um dever de bem informar o público consumidor sobre todas as características importantes de produtos e serviços, para que possa adquirir produtos, ou contratar serviços, sabendo exatamente o que poderá esperar deles. Assim, verifica-se que a informação como dever do fabricante para com o consumidor é revelada por duas formas, que devem subsistir simultaneamente. A primeira diz respeito à mera informação sobre a utilização do produto e a segunda trata da advertê
Com isso, temos em vista que, o Código do Consumidor tem, em seus arts. 6, 9 e 10, § 1°, a comprovação de tais requerimentos ditos acima: 
Art 6º, III, CDC. São direitos básicos do consumidor: a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
Art. 9°, CDC. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
Art. 10º,§ 1°, CDC. O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
Desse modo, é visto que podemos encaixar o cigarro como produto a ser apresentado nestes artigos. Assim, o fabricante tem a responsabilidade de informar ao consumidor qual a periculosidade que tal produto ofertae, desse modo, são colocadas algumas fotos de pessoas com dentes amarelados ou pulmões estragados, na caixa de cigarros, por exemplo, nas quais conseguem demonstrar o pouco do quão é nocivo. Logo, aquele que decide utilizar-se de publicidade carrega consigo, de imediato, a obrigação de fazê-lo respeitando os princípios do CDC.
2.1. Propagandas ligadas a comercialização do cigarro sob a ótica governamental
De acordo com o Ministério da Saúde, as empresas fabricantes de cigarros sabem de que a nicotina gera dependência orgânica e normalmente dirigem o foco da publicidade principalmente para as pessoas mais jovens, porque as pesquisasrevelam que se um indivíduo não começar o uso do cigarro quando jovem ou quandoadolescente terá, futuramente, pouca chance de se tornar um fumante ativo na vida adulta. 
Segundo pesquisadores, o fim da propaganda de cigarros em 2000 foi fundamental para a queda do consumo entre jovens, que como dito anteriormente são os alvos foco dessas propagandas. ElissandroCarlini, pesquisador da UNIFESP, o bom resultado das pesquisas que mostram queda do consumo de cigarro entre jovens se deve, em sua grande parte, à proibição da mídia brasileira de fazer propagandas relacionadas ao consumo de tabaco.
 A aceitação social positiva do tabagismo foi bastante desconstruída após a proibição das propagandas e atividades de promoção de produtos que utilizam o tabaco. 
 Desde 1989, o INCA, órgão do Ministério da Saúde que é responsável pela Política Nacional de Controle do Câncer, coordena as ações nacionais do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). O PNCT tem como principais objetivos: reduzir a iniciação do tabagismo e aumentar a cessação de fumar entre os que se tornaram quimicamente dependentes, e proteger os fumantes passivos de todos os meios possíveis.
Além de todas essas medidas, em julho de 2004 o Ministério da Saúde passou a obrigar que houvesse um novo grupo de advertências mais fortes nas caixas de cigarro, pois ela afirmou que as mensagens tinham que ser proporcionais aos danos que o tabagismo pode causar.
2.2 A PUBLICIDADE E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
A publicidade é um ato típico da sociedade que tem como finalidade despertar o interesse do consumidor a obter determinado produto. Tratando-se do cigarro, está previsto na lei n° 9.294/96, na qual é regulada a publicidade de produtos nocivos, nos termos do parágrafo 4º do art. 220 da Constituição Federal. Tal lei dispõe sobre todo e qualquer anúncio, sendo estes de comunicação direta ou indireta, a fim de proteger os consumidores induzidos em erro pela cortina de fumaça chamada de “campanha publicitária”.
Ademais, é através do Código Do Consumidor que o comprador é valorizado e protegido de toda e qualquer informação que lhe for passada. Portanto, faz-se necessário, a obrigação de vincular imagens e advertências nas embalagens de cigarros pois, além de ser um direito básico do consumidor, que está presente artigo 6º, inciso I do CDC que prevê como direito básico "a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos". Além disto, concretiza também o dever do Estado de proteger e efetivar o direito à saúde, previsto nos artigos 6º, 196 e 197 da CF.
Uma pesquisa feita entre 1989 e 2010, na qual mais de 1,8 mil pessoas foram entrevistadas nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, apontou que a maioria da população é a favor de medidas ainda mais rigorosas contra o fumo, além disso, também foi constatado que após essa medida, o consumo do cigarro reduziu em 33%, pois um a cada três brasileiros deixou de fumar depois que medidas restringiram a propaganda de cigarros na TV e em veículos de comunicação de massa entraram em vigor. 
Recentemente, no começo de 2019, o Senado aprovou um projeto proíbe qualquer tipo de propaganda de cigarros, que antes era permitida desde que não houvesse incentivo ao seu consumo. Vale ressaltar que no que diz respeito a embalagem do produto, será mantida a exigência de o produto conter advertência informando as doenças que o uso do cigarro pode causar. A mensagem, ilustrada com foto, será trocada a cada cinco meses, pelo menos. Contudo, palavras e símbolos que indiquem que o cigarro pode ser benéfico por ter, por exemplo, propriedades calmantes, são proibidas nas embalagens.
3. A possibilidade da responsabilidade civil dos fabricantes de cigarro
A responsabilidade civil é uma obrigação de reparar dano causado por terceiro devido à ação por ela mesma praticado, por pessoa ou coisa por quem ela responde, ou por determinação da Lei. Nesse sentido trataremos das possibilidades de se responsabilizar civilmente as indústrias que produzem e comercializam tabaco, especialmente um de seus derivados, o cigarro.
Leva-se em consideração, nesse caso, o agravo ocasionado pelo produto, que é visivelmente analisado pelos grandes órgãos de saúde e pesquisa, mas que nem sempre chagam ao conhecimento da população. Essa responsabilidade é uma forma de proteger os bilhões de fumantes, ativos e passivos, que são prejudicados por um produto cheio de vício e defeitos.
O cigarro, é claro, vicia, e por essa razão a relação entre o fumante a empresa produtora é desequilibrado e injusto. Por isso, o consumidor de cigarro e derivados do tabaco raramente deixará de usá-lo, já que a composição viciante do produto impede o usuário de exercer sua liberdade de opção ficando vinculado ao prazer ilusório causado pelo próprio saciamento da abstinência.
No Brasil, já foram ajuizadas 633 ações judiciais por fumantes, ex-fumantes e seus familiares contra as principais fabricantes de cigarros no país. Dessas, 400 possuem decisões rejeitando tais pretensões indenizatórias, 304 transitadas em julgado. Por outro lado, 16 desses processos aprovaram o pedido de indenização, todas ainda pendentes de recurso. Logo, a possibilidade de responsabilidade civil das empresas fumígenas provem de casos antigos, mas vem ganhando repercussão nas situações recentes ao ser cada vez mais introduzida nos julgados dos tribunais. Nesse sentido, na responsabilidade das indústrias aplica-se tal preceito, amalgamado pelo art. 927 supracitado, já que o mais relevante nesse caso consiste em restaurar o que foi prejudicado pela vítima através de indenização. 
Além disso, o prejuízo pode incidir sobre terceiros, quais sejam, conviventes com fumantes e familiares destes. No caso do fumante passivo, que são os que apesar de não fumarem convivem rotineiramente com fumantes, o dano é comparável ao dano do tabagista.
3.1 INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS AO FUMANTE LESADO
Sofrendo o fumante de um mal (doença ou morte) e, comprovado ser este mal decorrente do consumo do cigarro, isto é, demonstrado o acidente de consumo, deve o fabricante ressarci-lo e também sua família, no caso de morte pelos prejuízos de natureza material e moral.
No cálculo do montante indenizatório, quanto aos danos materiais, deve-se levar em conta todo e qualquer tipo de gasto despendido com tratamento da doença, além das custas necessárias para a provocação da Justiça e andamentodo processo, para ver alcançado o objetivo, incluindo o que foi gasto com honorários advocatícios e custas processuais.
Em não sobrevivendo o consumidor acidentado, à família é devido o valor correspondente aos gastos com o funeral, aliado aos valores retro mencionados.
No que concerne aos danos morais, a priori, entende-se que esse atinge bens incorpóreos, como, por exemplo, a imagem, a honra e a autoestima. Uma análise profunda e completa acerca dos liames que envolvem esse tipo de dano merece um estudo à parte.
No entanto, pelo superficial conhecimento que se tem sobre o tema, não se permite discordar que o sofrimento e os distúrbios psicológicos causados pelo fumante e sua família, mediante uma grave doença ou morte, não sejam objeto de ressarcimento por parte daqueles que lhes permitiram a causa.
A adoção desse sistema de responsabilidade leva por suportebasicamente a circunstância de que quem aufere vantagens no desenvolvimento de uma atividade perigosa deve, necessariamente, arcar com os ônus decorrentes, pois tais atividades, com frequência, ocasionam danos, daí a razão de sujeitar seus titulares à reparação.
4. JURISPRUDÊNCIA
Segue a jurisprudência que exemplifica como deve ser tratada a responsabilidade civil perante os fabricantes de cigarro:
Ementa
CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS MORAIS DIFUSOS. CARTÕES INSERTS OU ONSERTS COLOCADOS NO INTERIOR DAS EMBALAGENS DE CIGARROS. PUBLICIDADE NÃO CARACTERIZADA. INFORMAÇÕES QUE NÃO INCENTIVAM AO FUMO. RESPONSABILIDADE POR FATO DE TERCEIRO. IMPOSSIBILIDADE, IN CASU. MULTA ADMINISTRATIVA ANULADA PELO PODER JUDICIÁRIO. COISA JULGADA. RECURSO ESPECIAL DA SOUZA CRUZ PROVIDO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA IMPROCEDENTE. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS PREJUDICADO 
1. A natureza da publicidade implica anúncios ativos, para que entusiasmem os destinatários a adquirir o produto ou serviço, muitas vezes utilizando-se de métodos da psicologia da persuasão, além de elementos sensoriais que agucem a visão, olfato, paladar e audição, tais como cores, cheiros, gostos e forma de expressão de palavras e frases. 1.1. Os cartões inserts ou onserts não caracterizam publicidade, uma vez que se encontram no interior das embalagens de cigarro, ou seja, não têm o condão de transmitir nenhum elemento de persuasão ao consumidor, por impossibilidade física do objeto. 2. A mensagem contida nos cartões inserts ou onserts não proporcionam nenhum incentivo ao fumo, mas apenas informam o novo layout das embalagens, circunstância não violadora das restrições a propaganda de cigarros ou assemelhados, o que afasta o dano moral coletivo. 3. Exceto nos casos expressamente declinados na legislação, somente aquele que causa o dano é responsabilizado pela sua reparação (art. 927 do CC/02). 3.1. O suposto dano moral coletivo está alicerçado na possibilidade de o consumidor utilizar os inserts ou onserts para obstruir a advertência sobre os malefícios do cigarro. Assim, a responsabilidade civil estaria sendo imputada a alguém que não praticou o ato, além do dano ser presumido, uma vez que não se tem notícia que algum consumidor os teria utilizado para encobrir as advertências. 3.2. O fumante que se utiliza dos cartões inserts ou onserts quer tampar a visão do aviso dos malefícios que ele sabe que o cigarro causa à saúde. 4. As penalidades administrativas lavradas pela ANVISA foram anuladas por decisões judiciais transitadas em julgado, sob o fundamento de que os cartões inserts ou onserts não desrespeitavam a legislação que regulamenta a propaganda de cigarros e seus assemelhados. 4.1. O reconhecimento da publicidade abusiva nestes autos, geradora do dano moral coletivo, implicará violação da coisa julgada. 5. Recurso especial da SOUZA CRUZ provido para afastar a ocorrência do imputado dano moral. Prejudicado o apelo nobre do INSTITUTO, quanto aos honorários sucumbenciais.
Acórdão
Ministro MOURA RIBEIRO (1156)
5. Considerações Finais
Ao longo desse artigo podemos ver o quão complexo é o tema acerca da responsabilidade civil dos fabricantes de cigarro, pois é um assunto que além de envolver a economia e a liberdade individual das pessoas, envolve também a saúde publica, já que a pratica do tabagismo está diretamente relacionada a algumas doenças. Ademais, o Ministério da Saúde, após perceber que o seu principal alvo era o jovem, decidiu proibir a vinculação de propagandas publicitárias relacionadas aos produtos que utilizam o tabaco, pois acreditavam que era um público influenciável, no qual poderia começar o uso do tabagismo a partir da publicidade realizada por eles.
Além disso, outras providencias, foram tomadas, pelo Ministério da Saúde, para tentar diminuir o consumo do cigarro, como obrigar as empresas a colocarem mensagens como "O Ministério da Saúde Adverte: Fumar é Prejudicial à Saúde", e fotos estampadas nas caixas que provocam incômodo. Dessa maneira, o fabricante teria o dever de informar ao consumidor as consequências do seu produto para reduzir os danos tanto ao fumante quanto ao fumante passivo, dever esse que está previsto no Código do Consumidor.
Por fim, através de estudos e das discussões, concluiu que a empresa deve informar sobre as possíveis consequências do cigarro, pois elas são grandes demais para que o consumidor não tenha consciência, e se não for apresentado essas informações a empresa tem que responder judicialmente.
REFERÊNCIAS
TEIXEIRA, Luiz; JAQUES, Tiago. Legislação e Controle do Tabaco no Brasil entre o Final do Século XX e Início do XXI.Disponível em: http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-cronicas-não transmissiveis/legislacao/dcnt/artigo_legislacao_tabagismo_br_2011.pdf. Acesso em 10 de novembro de 2019.
Santos, Isabela. A responsabilidade civil dos fabricantes de cigarro à luz do código do consumidor.Disponível em:http://www.escolamp.org.br/arquivos/II%20Concurso%20de%20monografias_04.pdf. Acesso em 10 de novembro de 2019.
Lado a lado pela vida. Doenças causadas pelo cigarro. Disponível em https://ladoaladopelavida.org.br/tabagismo-doencas-causadas-pelo-cigarro-doencas-autoadquiridas. Acesso em 16 de novembro de 2019. 
Jus. A boa-fé objetiva e o dever das empresas fabricantes de cigarro em indenizar. Disponível em https://jus.com.br/artigos/20914/a-boa-fe-objetiva-e-o-dever-das-empresas-fabricantes-de-cigarro-em-indenizar.Acesso em 16 de novembro de 2019. 
Jus. Dever de informação da indústria tabagista. Disponível em https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2181176/dever-de-informacao-da-industria-tabagista. Acesso em 16 de novembro de 2019.
Jus. A possibilidade de responsabilidade civil das indústrias tabagistas. Disponível em https://www.google.com/amp/s/jus.com.br/amp/artigos/33263/1. Acesso em 16 de novembro de 2019.
Conteúdo jurídico. Indústrias tabagistas. Disponível em https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/41528/a-possibilidade-de-responsabilidade-civil-das-industrias-tabagistas.Acesso em 16 de novembro de 2019.
Procon. A Publicidade do tabaco e o CDC. Disponível em: https://www.procon.go.gov.br/noticias/a-publicidade-do-tabaco-e-o-cdc.html. Acesso em 14 de novembro de 2019.
Portal Anvisa. Combate ao Tabagismo. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/imagens-em-macos-de-cigarro-devem-mudar/219201?inheritRedirect=false. Acesso em 14 de novembro de 2019.
G1 Globo. Comissão do Senado aprova projeto que proíbe qualquer tipo de propaganda de cigarros. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/07/03/comissao-do-senado-aprova-projeto-que-proibe-qualquer-tipo-de-propaganda-de-cigarros.ghtml.Acesso em 14 de novembro de 2019
Jus. Recurso Especial. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/676376922/recurso-especial-resp-1703077-sp-2016-0010279-2?ref=serp. Acesso em 14 de novembro de 2019
Criança e Consumo. Lei n° 9.294/1996 - Regula publicidades de produtos nocivos (álcool, tabaco, medicamentos). Disponível em: http://criancaeconsumo.org.br/normas-em-vigor/lei-no-929496-regula-publicidades-de-produtos-nocivos-alcool-tabaco-medicamentos-etc/.Acesso em 14 de novembro de 2019
UniSalesiano. A Etica e a Responsabilidade x Propaganda Tabagista
unisalesiano.edu.br/encontro2009/trabalho/aceitos/cc36479973828.pdf. Acesso em 19 de novembro de 2019

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