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UMA APLICAÇÃO DO SISTEMA LEAN DE PRODUÇÃO À INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS: O CASO DA LINHA DE PRODUÇÃO DE COLORAÇÃO PARA CABELO Mariana Soares Bahury Paula Bittencourt Beer Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Vinicius Carvalho Cardoso Rio de Janeiro Janeiro de 2016 i UMA APLICAÇÃO DO SISTEMA LEAN DE PRODUÇÃO À INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS: O CASO DA LINHA DE PRODUÇÃO DE COLORAÇÃO PARA CABELO Mariana Soares Bahury Paula Bittencourt Beer PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO. Examinado por: ________________________________________________ Prof Vinícius Carvalho Cardoso, D.Sc (Orientador) ________________________________________________ Prof. Eduardo Galvão Moura Jardim, PhD ________________________________________________ Prof. Klitia Valeska Bicalho de Sá, D.Sc RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL Janeiro de 2016 ii Bahury, Mariana Soares Beer, Paula Bittencourt Aplicação do Sistema Lean de Produção à Indústria de Cosméticos: O Caso da Linha de Produção de Coloração para Cabelo/ Mariana Soares Bahury, Paula Bittencourt Beer – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016. XIV, 99 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Vinicius Carvalho Cardoso Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de Produção, 2016. Referências Bibliográficas: p. 98-99 1. Redução de perdas 2. Aplicação do Lean Manufacturing. 3. Indústria de Cosméticos I. Cardoso, Vinícius Carvalho II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de Produção. III. Uma Aplicação do Sistema Lean de Produção à Indústria de Cosméticos: O Caso da Linha de Produção de Coloração para Cabelo iii Agradecimentos Gostaríamos de agradecer, primeiramente, as nossas famílias, que nos apoiaram não só na realização deste trabalho, mas em todas as etapas de nossas vidas. Sem eles não teríamos chegado até aqui com êxito. Ao professor Vinicius Cardoso, por todo o conhecimento transmitido não só para a realização deste trabalho, mas durante o curso de Engenharia de Produção e por toda a paciência e tempo disponibilizado para que fosse possível escrever este texto. Aos professores e colegas de faculdade que enriqueceram toda essa nossa trajetória tanto no âmbito acadêmico quanto pessoal e profissional. iv "Não há lugar para a sabedoria onde não há paciência." Santo Agostinho v Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção. Aplicação do Sistema Lean de Produção à Indústria de Cosméticos: O Caso da Linha de Produção de Coloração para Cabelo Mariana Soares Bahury Paula Bittencourt Beer Janeiro/2016 Orientador: Vinícius Carvalho Cardoso Curso: Engenharia de Produção O presente trabalho teve como objetivo principal propor soluções de melhoria para uma linha de produção de coloração para cabelos através da aplicação de ferramentas do Sistema Toyota de Produção, o sistema Lean Manufacturing. Sendo assim, seria possível reduzir os custos de produção, melhorando a produtividade e mitigando os gastos com perdas em processo, de forma a tornar a empresa mais competitiva no mercado de cosméticos. Importante observar que essa estratégia está totalmente alinhada ao contexto em que a empresa está atualmente inserida, tanto do ponto de vista interno como externo, ou seja, seus custos estão mais altos do que o esperado e a competição no setor é bastante acirrada. Portanto, o estudo aqui apresentado faz uma análise completa do processo e dos principais custos envolvidos, seguida das sugestões de melhoria compondo um ganho final estimado de noventa mil reais mensais e redução de tempo total de processamento em quase dezessete por cento, comprovando assim a existência de um enorme potencial de melhoria no processo. Palavras-chave: Lean Manufacturing; Perdas; Custos; Cosméticos vi Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Industrial Engineer. An Application of Lean Production System to the Cosmetics Industry: The Case of Production Line for Hair Dyeing Mariana Soares Bahury Paula Bittencourt Beer January/2016 Advisor: Vinícius Carvalho Cardoso Course: Industrial Engineering This study aimed to propose a few solutions for a production line for hair dyeing by applying some of Toyota Production System tools (the Lean Manufacturing System). Thus, it would be possible to reduce production costs while improving productivity and mitigating the costs with material losses. In consequence, the company would be more competitive in the cosmetic market. Important to note that this strategy is fully aligned with the context in which the company is now inserted, from both points of view: internal and external. That means their costs are higher than expected and competition in cosmetic industry is quite fierce. Therefore, the study presented here makes a complete analysis of the process and the main costs involved, followed by suggestions to improve the process. In the end, all the solutions proposed give an estimated gain of ninety thousand reais per month, besides the throughput time reduction in almost seventeen percent. Seen that, it is clear that there is a huge potential to improve company results. Keywords: Lean Manufacturing; Losses; Costs; Cosmetics vii Sumário INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 1 1 CONTEXTO EM QUE A EMPRESA ESTÁ INSERIDA ........................................................................... 3 2 A ESTRATÉGIA DA EMPRESA EM QUESTÃO.................................................................................... 5 3 OBJETO DE ESTUDO ....................................................................................................................... 8 3.1 OBJETIVO ................................................................................................................................. 8 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE................................................................................................................... 9 3.3 TEMA ...................................................................................................................................... 9 4 MÉTODO ..................................................................................................................................... 10 4.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA ............................................................................................................ 10 4.2 ENTENDIMENTO E ANÁLISE DA ESTRUTURA DE CUSTOS ....................................................................... 11 4.3 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE .............................................................................................. 11 4.4 ESTUDO DA UNIDADE DE ANÁLISE.................................................................................................. 11 4.5 IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS RAÍZES ...............................................................................................12 4.6 PROPOSTAS DE MELHORIA .......................................................................................................... 12 4.7 ESTIMATIVA DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 12 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................. 13 5.1 ESTUDOS DOS MÉTODOS DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP) .............................................. 13 5.1.1 Introdução ....................................................................................................................... 13 5.1.2 Método de Kepner & Tregoe ............................................................................................ 13 5.1.3 Método de Processo de Pensamento da Teoria das Restrições .......................................... 13 5.1.4 Método QC Story (PDCA) .................................................................................................. 14 5.1.5 Análise de causas raiz (ACR) ............................................................................................. 15 5.1.6 Análise da Árvore de Falha ............................................................................................... 16 5.1.7 Gráfico de Pareto ............................................................................................................. 18 5.2 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO............................................................................................... 18 5.2.1 A Filosofia JIT (Just in Time) .............................................................................................. 19 5.2.2 Kanban e Produção Puxada.............................................................................................. 20 5.2.3 O Controle de Qualidade Zero Defeitos (CQZD)/Poka Yoke ................................................ 20 5.2.4 Autonomação .................................................................................................................. 21 5.2.5 Kaizen – Melhoria Contínua ............................................................................................. 22 5.2.6 5 S - Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke ...................................................................... 23 5.2.7 SMED (Single Minute Exchange of Die) ............................................................................. 23 5.2.8 Operação Padrão/Lição de Um Ponto (LUP) ..................................................................... 25 5.2.9 Mapeamento de Fluxo de valor (Value Stream Mapping ou VSM) ..................................... 26 5.2.10 Perdas (As fontes de desperdício) ................................................................................. 27 5.2.11 OEE (Overall Equipment Efficiency) .............................................................................. 29 5.2.12 Supplier Management ................................................................................................. 30 5.2.13 Gestão da Mudança .................................................................................................... 32 6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 35 6.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA ............................................................................................................ 35 6.1.1 Processo Produtivo: O macroprocesso .............................................................................. 38 6.2 ENTENDIMENTO E ANÁLISE DA ESTRUTURA DE CUSTOS ....................................................................... 40 6.2.1 Custos diretos vs Custos indiretos ..................................................................................... 43 6.3 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE .............................................................................................. 46 6.3.1 O Produto ........................................................................................................................ 47 6.4 ESTUDO DA UNIDADE DE ANÁLISE.................................................................................................. 48 6.4.1 Mapeamento da cadeia de valor do macroprocesso ......................................................... 48 6.4.2 Mapeamento da cadeia de valor da Linha 102 ................................................................. 51 6.4.3 Análise do processo produtivo na linha L102 .................................................................... 55 viii 6.5 IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS RAÍZES ............................................................................................... 68 6.5.1 Uso do diagrama de Ishikawa .......................................................................................... 68 6.5.2 Uso dos 5 porquês ........................................................................................................... 70 6.5.3 Diagrama de transição Ishikawa para 8 perdas do Lean ................................................... 71 6.5.4 As 8 Perdas do Lean Thinking ........................................................................................... 73 6.6 PROPOSTAS DE MELHORIA .......................................................................................................... 81 6.6.1 Kanban/FIFO ................................................................................................................... 81 6.6.2 SMED .............................................................................................................................. 83 6.6.3 5S .................................................................................................................................... 83 6.6.4 Poka Yoke ........................................................................................................................ 84 6.6.5 Kaizen/PDCA.................................................................................................................... 85 6.6.6 LUP (Lição de Um Ponto) .................................................................................................. 87 6.6.7 Relacionamento com fornecedores .................................................................................. 89 6.6.8 Autonomação .................................................................................................................. 89 6.6.9 Gestão da Mudança......................................................................................................... 89 6.7 ESTIMATIVA DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 90 7 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 98 ix Lista de Figuras FIGURA 1: DIAGRAMA DA METODOLOGIA DO PROJETO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ..... 10 FIGURA 5: CICLO PDCA - MELHORIA CONTÍNUA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA; FABICIACK (2009) ............................................................................................... 15 FIGURA 6: DIAGRAMA DE ISHIKAWA. FONTE: ISHIAKAWA 1993 ......................................... 16 FIGURA 7: DIAGRAMA DE ISHIKAWA COM CAUSAS PREENCHIDAS. FONTE:ISHIKAWA 1993 .. 16 FIGURA 8: TABELA DE SÍMBOLOS DE CAUSALIDADE. FONTE:LIMNIOS, 2007 ....................... 17 FIGURA 9: OS DEZ MANDAMENTOS DO KAIZEN. FONTE: KAIZEN INSTITUTE ....................... 22 FIGURA 10: ESTÁGIOS CONCEITUAIS DO SMED E AS TÉCNICAS ASSOCIADAS. FONTE: SHINGO, 1985 ....................................................................................................... 25 FIGURA 11: APLICAÇÃO DO MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR.FONTE: ROTHER & SHOOK., 1999 .................................................................................................................... 26 FIGURA 12: SÍMBOLOS UNIFICADOS DO MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR. FONTE: MICONLEANSIXSIGMA ............................................................................................. 27 FIGURA 13: CÁLCULO DO OEE ILUSTRATIVO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .................. 30 FIGURA 14 - SEGMENTAÇÃO DE FORNECEDORES. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA; PROCUREMENTLEADERS ........................................................................................ 32 FIGURA 15 - CICLO DE GESTÃO DA MUDANÇA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA; RHIWALE WORDPRESSA ....................................................................................................... 34 FIGURA 16: LAYOUT ATUAL DA FÁBRICA. FONTE: A EMPRESA .......................................... 37 FIGURA 17: MACROPROCESSOS DE PRODUÇÃO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............. 38 FIGURA 18: ESTRUTURA DE CUSTOS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................. 41 FIGURA 19: PRODUTO FINAL DA L102. FONTE: A EMPRESA ............................................. 48 FIGURA 20 - VSM MACROPROCESSOS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ........................... 49 FIGURA 21 - VSM DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................ 52 FIGURA 22: MAPA SIMPLIFICADO DA LINHA COM PONTOS DE REJEITO IDENTIFICADOS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 67 FIGURA 23 - ANÁLISE DE CAUSAS DE PERDA DE VALOR DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 69 FIGURA 24: TABELA DE 5 PORQUÊS N1. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ........................... 70 FIGURA 25: TABELA DE 5 PORQUÊS N2. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ........................... 71 FIGURA 26- DIAGRAMA ISHIKAWA VS. LEAN. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .................... 72 FIGURA 27: LAYOUT ATUAL DO ESTOQUE DE CUBAS. FONTE: A EMPRESA ......................... 82 FIGURA 28: LAYOUT ATUAL (ESQUERDA) E LAYOUT PROPOSTO (DIREITA). FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 82 FIGURA 29: MODELO DE SEPARAÇÃO DE PRODUTOS PARA REINTEGRAÇÃO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 84 FIGURA 30: FOLHA KAIZEN PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 86 FIGURA 31: EXEMPLO DE LUP. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ...................................... 88 x FIGURA 32: 8 PERDAS DO LEAN VS PROPOSTAS DE MELHORIA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 92 FIGURA 33: VSM FUTURO DO MACROPROCESSO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓRPRIA .......... 95 FIGURA 34 - VSM FUTURO DA LINHA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .............................. 96 xi Lista de Gráficos GRÁFICO 1 - RECEITA JÁ DESCONTADA DE IMPOSTOS. FONTE: ABIHPEC .......................... 1 GRÁFICO 2: FATURAMENTO DAS INDÚSTRIAS DE COSMÉTICOS NO BRASIL (2014). FONTE: EUROMONITOR INTERNACIONAL; BAIN&COMPANY ..................................................... 3 GRÁFICO 3: MARKET-SHARE DA INDÚSTRICA DE COSMÉTICOS NO BRASIL EM % POR COMPANHIA (2008). FONTE: EUROMONITOR INTERNACIONAL ..................................... 4 GRÁFICO 4: REALIZAÇÃO VS RESPEITO (VISÃO ANUAL). FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ...... 5 GRÁFICO 5: REALIZAÇÃO VS RESPEITO (VISÃO MENSAL). FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.... 6 GRÁFICO 6: VALOR ANUAL DA PRODUÇÃO POR FONTES DE CUSTO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ................................................................................................................. 8 GRÁFICO 7: COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DOS PRODUTOS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA. 43 GRÁFICO 8: VALOR MENSAL DE PERDAS MATERIAIS ACIMA DO PREVISTO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 44 GRÁFICO 9: COMPOSIÇÃO DAS PERDAS POR TIPO DE MATERIAL (ENTRE JUN 14 E ABR 15). FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .............................................................................. 45 GRÁFICO 10: PERDAS CAUSADAS PELA INEFICIÊNCIA DE PRODUTIVIDADE NO TRABALHO (OUTLIER NÃO INCLUÍDO NA MÉDIA). FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ......................... 46 GRÁFICO 11: MATRIZ PERDAS VS PRODUÇÃO VS INEFICIÊNCIA . FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 47 GRÁFICO 12: EFICIÊNCIA DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, EMPRESA ................. 56 GRÁFICO 13: TEMPO MÉDIO MENSAL PARA TROCAS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ........ 57 GRÁFICO 14: GRÁFICO DE PANES POR MÁQUINA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............. 58 GRÁFICO 15: PRINCIPAIS OFENSORES - PERDA DE MATERIAL. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 64 GRÁFICO 16: MEDIÇÕES DE PESO - L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ...................... 77 GRÁFICO 17: RESULTADOS DO TESTE DE CAPABILIDADE. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA . 77 GRÁFICO 18: MOTIVOS DE DEVOLUÇÃO DE CUBA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ........... 79 xii Lista de Tabelas TABELA 1: MASP – PDCA. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................ 14 TABELA 3: CÁLCULO DOS TEMPOS DE CICLO E SETUP PARA VSM DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 53 TABELA 4: PANES E SUAS CAUSAS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ................................. 59 TABELA 5: OCUPAÇÕES DO OPERADOR DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............. 61 TABELA 6: COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DOS PRODUTOS DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 62 TABELA 7: CUSTOS COM MATERIAL E PERDAS DE MATERIAL. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 63 TABELA 8: PRI FINAL, CONSIDERANDO TODAS PERDAS EM PROCESSO. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 63 TABELA 9: PERDAS DE MATERIAL DE ACORDO COM O VSM – EM UNIDADES E POR OC. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .............................................................................. 65 TABELA 10: PERDAS DE MATERIAL DE ACORDO COM O VSM – EM REAIS E MENSAL. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 65 TABELA 11: PERDAS DE MATERIAL DE ACORDO COM O VSM – EM % E MENSAL. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 66 TABELA 12: MOTIVOS DE EXPULSÃO NOS PONTOS DE REJEITO DA L102. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .......................................................................................... 68 TABELA 13: PERCENTUAL DE MATERIAIS EM CONFORMIDADE QUE SÃO DESCARTADOS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA .............................................................................. 75 TABELA 14: PERDA DE ITENS BONS POR MÊS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.................. 76 TABELA 15: GANHOS COM KAIZEN ................................................................................. 87 TABELA 16: CUSTO UNITÁRIO DO PRODUTO APÓS MELHORIAS. FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA ............................................................................................................... 94xiii Lista de Siglas AC: Artigos de embalagem. Sigla de origem francesa (Articles de Condicionnement) BOM: Bill Of Materials (lista de materiais de um produto) CD: Centro de Distribuição CQZD: Controle de Qualidade Zero Defeito FIFO: First In First Out (primeiro a entrar primeiro a sair) JIT: Just In Time LUP: Lição de Um Ponto MOD: Mão de Obra Direta MOS: Mão de obra indireta para as linhas de envase (engloba supervisores e técnicos) MP: Matéria-Prima OC: Ordem de Acondicionamento (ordens de produção para as linhas de envase) OEE: Overall Equipment Efficiency (eficiência das máquinas) OF: Ordem de Fabricação (ordens de produção para a fabricação das fórmulas) PCP: Planejamento e Controle da Produção PDCA: Plan Do Check Act PF: Produto Final ou Produto Acabado SK: Superkit (componente do produto final sendo estudado) SMED: Single Minute Exchange of Die (troca rápida de ferramentas) STP: Sistema Toyota de Produção TH: Taxa Horária TR: Taxa de Rendimento UP: Unidade de Produção VQ: Vigilância da Qualidade VSM: Value Stream Mapping - 1 - Introdução O presente trabalho será desenvolvido em uma empresa líder mundial no ramo de cosméticos com fábricas no Brasil, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. No entanto, o estudo ficará limitado apenas à produção da fábrica do Rio de Janeiro, onde a visitação facilitará o desenvolvimento do projeto, já que a empresa está diretamente relacionada com o campo de atuação profissional de uma das autoras. Importante comentar que, por questões de sigilo do negócio, o nome da empresa em questão não será mencionado e os dados fornecidos neste trabalho não comprometem a companhia. Seguindo as tendências mundiais do aumento dos cuidados com o corpo, a demanda brasileira por produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos cresceu significativamente nos últimos anos. Segundo a ABIHPEC, essa indústria cresce em torno de 10% ao ano no Brasil, país que ocupa o terceiro lugar no ranking dos maiores mercados consumidores do setor de beleza do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Esse crescimento se dá, principalmente, devido ao aumento da renda das classes C e D e à inserção cada vez maior do público masculino neste mercado, Gráfico 1 - Receita já descontada de impostos. Fonte: ABIHPEC Contudo, o crescimento deste setor atraiu a entrada de muitos concorrentes e, portanto, houve uma maior necessidade de se diferenciar e criar vantagens 43 38 35 30 27 24 21 20 18 15 14 12 10 887665 18181818 16 1312 10 8 6 543444 555 0 10 20 30 40 50 20141998 199919971996 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 +13% R$ Bilhões US$ Bilhões Receita líquida da Indústria Brasileira de Cosméticos, Higiene pessoal e Perfumaria - 2 - competitivas sustentáveis a longo prazo. Para isso é preciso garantir a excelência operacional nas operações, entregando produtos com qualidade e a preços acessíveis. O setor é bastante dependente, também, de lançamentos de novos produtos e inovações em suas fórmulas, acirrando ainda mais a briga pelo market share desse mercado. A ABIHPEC calcula que 30% do faturamento a cada dois anos seja com produtos recém-lançados. Atualmente, o Brasil enfrenta uma crise político-econômica, com taxas de inflação, desemprego e câmbio constantemente crescentes ao longo dos últimos meses deste ano. A instabilidade econômica, além de potencialmente encarecer o preço das matérias-primas em função dos reajustes de preço, também pode afetar severamente a venda de itens cosméticos. No entanto, mesmo diante das incertezas no setor macroeconômico, é importante que a empresa em questão mantenha seus investimentos para ser competitiva, através de uma forte gerência sobre seus gastos. Tendo em vista o panorama do setor e a conjuntura econômica do país atualmente, o presente trabalho realizará um estudo de caso a fim de identificar os custos envolvidos nos processos de produção com o objetivo de tornar todo o processo mais eficiente e produtivo. Para isso, então, este documento consiste em sete capítulos. No capítulo um será exposto o contexto em que a empresa está inserida, ou seja, o momento vivido pela mesma levando em considerações fatores internos e externos a ela. No capítulo dois será explicada de forma geral qual a estratégia da empresa. No capítulo três será definido o objeto de estudo, que inclui o objetivo deste trabalho, a unidade a ser analisada e o tema que servirá de base para a construção do texto. No capítulo quatro, será apresentado o método o qual será o direcionador para os capítulos seguintes do trabalho. No capítulo cinco será feita a revisão bibliográfica dos conceitos e filosofias necessários para a compreensão da aplicação dos mesmos no estudo de caso. No capítulo seis será feito o estudo de caso seguindo o método construído no capítulo quatro. Por fim, no capítulo sete, serão expostas as conclusões sobre os resultados obtidos, confrontando a situação inicial com a situação final, após as sugestões de melhoria propostas. - 3 - 1 Contexto em que a empresa está inserida Atualmente, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial na indústria de cosméticos com um faturamento anual de cerca de USD 50bn, atrás somente de EUA e Japão, e com um forte crescimento nos últimos anos (acima de 8%). Isso se deve, sobretudo, graças à migração de milhões de pessoas das classes E/D para a classe C, criando um grande mercado consumidor em um país de 200 milhões de pessoas. *CAGB: Compound Annual Growth Rate (Taxa de Crescimento Annual Composta) Gráfico 2: Faturamento das indústrias de cosméticos no Brasil (2014). Fonte: Euromonitor internacional; Bain&Company Esse crescimento tem atraído muitas empresas para o setor, acirrando a concorrência e levando os concorrentes a uma busca constante por liderança em custos e em gestão de operações. Além disso, a Empresa em estudo precisa estar cada vez mais preparada para ser capaz absorver parte desse mercado em crescimento e ganhar market-share, ainda mais considerando o cenário de crise político-econômica que o país está vivendo nesse momento. - 4 - Gráfico 3: Market-share da indústrica de cosméticos no Brasil em % por companhia (2008). Fonte: Euromonitor Internacional - 5 - 2 A estratégia da empresa em questão Até o ano de 2014, a fábrica vinha enfrentando dificuldades para atingir o plano de produção, isto é, a produção realizada estava constantemente inferior à produção planejada. O não cumprimento do plano de produção acarreta em um risco de ruptura dos produtos no mercado e uma consequente perda de clientes e Market-Share. Ter sempre produtos na estante disponíveis para o cliente é indispensável para a manutenção da imagem da marca e da fatia do mercado. Em 2014, de forma a solucionar este problema, a empresa montou um time de Planejamento e Controle da Produção (PCP) para estruturar melhor o planejamento da produção e evitar as possíveis rupturas dos produtos no mercado. Até então, por esse motivo, a prioridade da fábrica era o cumprimento do plano de produção, não medindo esforços para que isso acontecesse, ou seja, sem pensar muito na contenção dos custos. O gráfico abaixo ilustra a situação da fábrica nesse periodo e a melhora nos resultados a partir de outubro de 2014, quando a equipe foi reestruturada. Gráfico 4: Realização vs respeito (visão anual). Fonte: Elaboração Própria - 6 - Gráfico 5: Realização vs respeito (visão mensal). Fonte: Elaboração Própria O indicador “Realização” refere-se ao volume total produzido comparado com o volume total planejado. Já o indicador “Respeito” mostra se a produção final do mês corresponde ao mix de produtos planejado. Com essa mudança na estrutura da equipe, gradativamente a empresaconseguiu atingir as metas mensais de produção. No entanto, o foco na priorização do cumprimento do plano levou a um aumento dos custos de produção acima do esperado, pois foi preciso contratar temporários para a produção e estruturar um time de PCP que não existia. Além disso, as perdas de material estavam altíssimas, pois na obrigação de atingir a meta de produção, a operação deixava de lado os cuidados com reaproveitamento de material e as paradas para ajustes de máquina que poderiam evitar um volume grande de desperdício. Então, a empresa começou a gastar mais para produzir uma unidade do que antes, seja por gastos maiores com mão de obra ou matéria-prima. Além disso, o fato de a fábrica envasar produtos de diferentes características físico-químicas, bem como utilizar formatos diferentes de embalagem, fez com que ela se tornasse uma fábrica bastante complexa e de difícil gerenciamento. A variedade de produtos, variabilidade dos processos e as diferenças nos volumes de pedidos são alguns dos fatores que mais contribuem para essa complexidade, dificultando a implementação de padrões e de controles de processo e exigindo uma melhor estruturação dos procedimentos para evitar os diversos tipos de desperdícios existentes na produção, ou seja, tudo aquilo que não agrega valor ao cliente. Como já explicado anteriormente, a concorrência no setor vem aumentando nos últimos anos e a crise político-econômica, além das crises hídrica e energética no - 7 - país, contribuem para um cenário desfavorável para as empresas com altos custos. Portanto, para manter-se vivo neste mercado, é preciso ser excelente em custos e em processos. - 8 - 3 Objeto de estudo 3.1 Objetivo Além do que já foi exposto anteriormente, vale explicar que a fábrica e a sede administrativa possuem CNPJ’s distintos e, portanto, os produtos devem ser vendidos de uma para outra, não podendo ser simplesmente fornecidos, devido a imposições legais. Contudo, em se tratando de uma mesma empresa, a fábrica não pode querer lucrar em cima da sua sede administrativa e, portanto, vende seus produtos com o mínimo de lucro possível, apenas para não caracterizar doação. Sendo assim, a redução de custos é a única forma de se ter ganhos financeiros dentro da fábrica. Portanto, o papel da fábrica na cadeia de suprimentos é produzir com o menor custo possível, possibilitando maiores margens para a operação como um todo. Dado o contexto exposto anteriormente, a fábrica percebeu a necessidade urgente de redução de custos e aumento da eficiência da produção. Importante ressaltar que essa redução deve ser realizada sem prejudicar o resultado de produção conquistado. Para reiterar a necessidade de redução de custos já exposta, podemos ver no gráfico abaixo que o custo unitário médio dos produtos da fábrica aumentou em torno de 5% a cada ano desde 2013 (o correspondente a R$ 0,10 por ano). Gráfico 6: Valor anual da produção por fontes de custo. Fonte: Elaboração Própria 0.5 2.5 1.5 0.0 1.0 2.0 2014 2015 MOD Terceirização 20% Custos indiretos 17% Custo unit. médio/produto (R$) 2013 16% AC Matéria-prima 2% 1% 2% 15% 11% 12% 42% 44% 41% 24% 27% 25% 1.90 2.01 +5% 2.09 168 205 175 # k Unid. produzidas: CAGR - 9 - Sendo assim, e tendo em vista o panorama do setor e a conjuntura econômica do país atualmente, o presente trabalho realizará um estudo de caso a fim de identificar os custos envolvidos nos processos de produção, analisar as perdas inerentes a essas operações e sugerir melhorias com o objetivo de tornar todo o processo mais eficiente e produtivo. Por fim, será estimada a redução de custos a ser alcançada com as propostas de melhorias. Nosso foco será a redução dos custos de produção de uma das linhas da fábrica a ser definida posteriormente. 3.2 Unidade de análise A unidade de análise será uma das linhas de produção da fábrica, a ser definida posteriormente, segundo alguns critérios específicos a serem escolhidos e explicitados ainda neste documento. 3.3 Tema Para realizar este trabalho, faremos um estudo de operações de forma a realizar propostas de melhorias aos sistemas que criam e entregam os produtos da empresa em estudo. Isso inclui desenhar e analisar o processo de produção da unidade de análise selecionada, de maneira a identificar os potenciais pontos de melhoria e torná-la mais eficiente e produtiva, ou seja, produzir mais com custos menores. As ferramentas de análise e propostas de melhoria serão baseadas principalmente nos conceitos do Sistema Toyota de Produção (STP), visto que o objetivo maior desse projeto é transformar o processo produtivo da linha escolhida em um processo mais enxuto, com menos desperdícios e maior eficiência. Portanto, o Lean Manufacturing nos servirá como embasamento principal. - 10 - 4 Método Este trabalho será realizado com base em uma aplicação prática. Para isso serão realizadas visitas em campo para coleta dos dados, assim como pesquisas bibliográficas em livros, artigos, sites diversos e monografias. Abaixo, encontra-se um esquema ilustrativo de todas as etapas do método de trabalho utilizado, com suas respectivas entradas e saídas: Figura 1: Diagrama da metodologia do projeto. Fonte: Elaboração própria 4.1 Descrição da empresa De forma a situar o leitor sobre o campo de atuação da empresa e sobre os macroprocessos e áreas existentes na mesma, será destinado um capítulo do estudo de caso para esta apresentação. Assim será possível ter uma visão do processo como um todo, explicitando a escolha da área a ser estudada e a sua posição nos processos da empresa. Descrição da empresa Etapas da MétodoEntradas Saídas Entendimento e análise da estrutura de custos Definição da unidade de análise Estudo da unidade de análise Identificação das causas raízes Propostas de melhoria Estimativa dos resultados Dados, textos sobre a fábrica Setor da fábrica a ser estudado Dados de custos Informações de custos tratadas Informações de custos por linha Linha a ser estudada Dados da linha escolhida Informações sobre problemas da linha Problemas da linha Causas raízes Potenciais de melhoria Soluções Soluções Impacto financeiro 1 2 3 4 5 6 7 - 11 - 4.2 Entendimento e análise da estrutura de custos Existem diversos métodos de custeio a serem aplicados às empresas, levando em consideração custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. A estrutura de custos da empresa será, então, entendida mais a fundo, para que a partir dela sejam identificados os principais ofensores e que, posteriormente, seja possível estimar os ganhos com as propostas e melhoria a serem sugeridas. Definidos os principais ofensores ao custo total dos produtos, como sendo os mais impactantes para o aumento do custo final, de forma global para a fábrica, seguiremos com a seleção da linha mais relevante nesse impacto negativo. Vale ressaltar que nem todos os componentes poderão ser abordados neste projeto, uma vez que a alteração de alguns desses custos dependeria de decisões superiores e estratégicas da empresa, fugindo do escopo do trabalho, como é o caso das terceirizações. 4.3 Definição da unidade de análise Uma vez definidos os componentes relevantes para o resultado financeiro da fábrica, iremos construir uma matriz comparativa de todas as linhas de produção que leve em consideração os elementos escolhidos anteriormente, ou seja, os principais contribuintes para os elevados custos de produção. A partir dessa matriz, ficará evidente qual a linha que deverá ser estudada, visto que melhorias aplicadas a ela trarão resultados extremamente positivos para a fábrica. 4.4 Estudo da unidade de análise Definida a linha de produção a ser analisada mais a fundo, serão coletados dados para fins de análise dos processos da mesma, deforma a mapear potenciais pontos de melhoria para redução dos custos. A análise se iniciará com a construção de um Value Stream Mapping (VSM), tanto do macroprocesso quanto da linha escolhida, seguido de análises mais detalhadas sobre a eficiência, a ocupação do tempo do operador e as perdas com materiais da linha. Nesta etapa serão levados em consideração os dados históricos dos relatórios gerenciais da empresa, assim como as observações feitas pelas autoras em campo em diferentes momentos do dia e em datas diversas, também. As entrevistas com os operadores e com os funcionários que acompanham a linha mais de perto serão essenciais neste momento. Afinal, eles são os maiores conhecedores da linha. - 12 - 4.5 Identificação das causas raízes A partir de todas as informações recolhidas anteriormente, metodologias de identificação de problemas, como o diagrama de Ishikawa, o método dos 5 porquês e as 8 perdas do sistema Lean poderão ser utilizados para identificar com clareza as causas raízes e os potenciais pontos de melhoria. Neste momento é importante avaliar tudo que não agrega valor ao processo, ao produto, ao acionista ou ao cliente. 4.6 Propostas de melhoria Tendo os problemas da linha mapeados e suas perdas quantificadas, serão elaborados os planos de melhoria utilizando as ferramentas do Sistema Toyota de Produção. A cada plano de melhoria proposto, será estimado o ganho em performance e em valor. 4.7 Estimativa dos resultados A partir das propostas de melhoria definidas no tópico anterior, serão consolidados todos os ganhos estimados e calculado o impacto global que os mesmos gerarão na redução de custos do produto em questão, segundo a estrutura de custos definida anteriormente. Da mesma forma, serão construídos os VSMs futuros, indicando o resultado das melhorias propostas. - 13 - 5 Revisão Bibliográfica 5.1 Estudos dos métodos de análise e solução de problemas (MASP) 5.1.1 Introdução Um problema pode ser definido como um desvio da condição ou situação desejada, ou seja, um resultado esperado, porém não alcançado. Um método é um caminho sistematizado para analisar e solucionar problemas. Antes de começarmos a aplicar soluções, o mais importante é antes disso identificar o problema em si para ter certeza que está atacando a causa certa do problema (ALVAREZ, 1997). Existem diversos tipos de métodos de identificação, análise solução de problemas. Por fins práticos, iremos abordar nesse trabalho apenas os métodos mais importantes: Método Kepner & Tregoe, o Processo de Pensamento da Teoria das Restrições e o QC Story. Todos esses métodos são considerados métodos hard, uma vez que consideram ser possível alcançar a solução do problema (ALVAREZ, 1997). 5.1.2 Método de Kepner & Tregoe Desenvolvido da década de 50, compõe-se basicamente de 3 processos (KEPNER-TREGOE,1977): Análise de problema – identificação da causa Análise de decisão – escolha de uma solução Análise de problema potencial – planejamento da implantação da solução 5.1.3 Método de Processo de Pensamento da Teoria das Restrições Desenvolvido na década de 90, consiste em 3 processos para responder às seguintes perguntas (GOLDRATT, 1990): "O que mudar?" – definição do problema "Mudar para o quê?" – definição de uma solução viável "Como fazer a mudança?" – elaboração de um plano de ação - 14 - 5.1.4 Método QC Story (PDCA) Desenvolvido na década de 60, esse método, também conhecido como PDCA (Plan-Do-Check-Act ou Plan-Do-Check-Adjust), é composto por um número de etapas cujo número pode variar consideravelmente – iremos abordar 8 etapas descritas conforme a tabela abaixo (JUSE, 1991): Tabela 1: MASP – PDCA. Fonte: Elaboração própria Este método é o que tem sido mais amplamente usado historicamente pelas empresas, por ser fácil de ser assimilado e por ser o único que possui uma estrutura formal compreendendo etapas relacionadas à análise, solução, implantação e avaliação da solução. Sua última etapa, representada pela letra “A” faz com que tenhamos ciclos contínuos de PDCA, ou seja, novos planos de melhoria podem surgir da recapitulação dos processos, gerando mais melhorias a cada ciclo. Este método está intimamente relacionado ao conceito Kaizen do Sistema Toyota de Produção, a ser explicado mais a frente. Etapa Descrição Sub-etapas Identificação do problema Observação Análise Plano de ação Ação Verificação Padronização Conclusão Definir o problema e reconhecer sua importância Investigar características específicas do problema Descobrir as causas fundamentais Conceber um plano para bloquear essas causas Bloquear causas fundamentais Verificar se a ação foi efetiva Prevenir o reaparecimento do problema Recapitular o processos e consolidar o aprendizado • Escolha do problema • Recolher histórico, perdas & ganhos, anal. pareto • Nomear responsáveis • Descoberta das características através da coleta de dados • Cronograma, orçamento e meta • Definir possíveis causas • Escolher e investigar as mais prováveis (hipóteses) • Treinamento • Execução da ação • Elaboração da estratégia de ação • Elaboração do plano de ação • Comparação dos resultados • Listar efeitos secundários e verificar a continuidade do pb • Elaboração e comunicação do padrão • Educação, treinamento e acompanhamento • Listagem dos problemas remanescentes • Planejamento de próximos passos P D C A - 15 - Figura 2: Ciclo PDCA - melhoria contínua. Fonte: Elaboração própria; FABICIACK (2009) 5.1.5 Análise de causas raiz (ACR) 5.1.5.1 Cinco Porquês O método dos 5 porquês é usado para que possamos identificar a causa de algum problema e ele consiste em formular a pergunta "Por quê" sucessivas vezes para chegarmos à causa raiz do problema (BAUER et al.,2002). A razão para um problema pode, muitas vezes, levar a outras perguntas e, por isso, repetir a pergunta mais de uma vez pode levar à verdadeira causa. Trata-se de uma ferramenta aparentemente simples, por não haver análise estatística, mas que na verdade requer um rigor lógico para que as relações de causas e efeito sejam respeitadas. O método pode ser aplicado através dos seguintes passos, brevemente explicados: 1. Defina do problema, qual situação desejamos entender; 2. Pergunte-se porque a situação anterior é verdadeira 3. Para a razão descrita após o 2o porquê, pergunte porque novamente 4. Continue perguntando porquês até quando puder 5. Quando não houver mais respostas aos porquês, a raiz do problema foi identificada 5.1.5.2 Ishikawa Também conhecido como diagrama de Causa e Efeito ou Espinha de Peixe, o diagrama de Ishikawa liga um efeito às suas possíveis famílias de causas. Apesar da - 16 - família de causas poder variar consideravelmente de um caso para outro, a forma mais conhecida usada para categorizar essas causas é o 6Ms : Matéria-prima, Máquina, Medida, Meio ambiente, Mão de obra e Método (BAUER et al.,2002) . Figura 3: Diagrama de Ishikawa. Fonte: Ishiakawa 1993 O diagrama nos ajuda a pensar nas potenciais causas para um problema dentro de cada família. O ideal é que se busque uma discussão em grupo de fatos que nos levem às possíveis causas alocadas dentro de cada um dos Ms. Todas as causas devem então ser relatadas no diagrama. Figura 4: Diagrama de Ishikawa com causas preenchidas. Fonte:Ishikawa 1993 . 5.1.6 Análise da Árvore de Falha Também conhecida como Análise da Árvore de Causa e Efeito, essa análise consiste em, através de um diagrama lógico, descobrir como um ato inesperado num sistema pode ser uma consequência de uma falha (ou de uma combinação delas) nos seus subsistemas (LIMNIOS, 2007). Essas falhas devem ser exaustivas, cobrindo 100% do problema, e mutuamente exclusivas. Os passos para desenvolver essa análise são: - 17 - Começara análise a partir do problema, que será chamado de "evento de topo", correspondendo a uma anomalia do sistema; Para esse evento de topo, determinar todos os possíveis eventos de falha, que podem ter gerado esse problema individualmente ou combinados; Determinar para cada evento da etapa anterior, quais seriam os eventos que, em conjunto ou separadamente, os causaram Construir a árvore usando os conectores corretos para cada tipo de causalidade do problema. A tabela de símbolos de causalidade (não exaustiva) pode ser vista abaixo: Figura 5: Tabela de símbolos de causalidade. Fonte:Limnios, 2007 - 18 - 5.1.7 Gráfico de Pareto Gráfico de Pareto é uma ferramenta da qualidade que dispõe a informação com o objetivo de tornar visualmente claro quais são as causas ou problemas mais importantes, possibilitando a priorização e concentração de esforços sobre os mesmos (FLEMMING, 2005). O Princípio de Pareto, também conhecido como a regra 80-20, sugere que, para muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos provém de 20% das causas. Consiste em um gráfico composto de barras, na forma de um histograma com valores individuais apresentados na ordem decrescente, e de uma linha, que representa o valor cumulativo total. O eixo vertical à esquerda indica a frequência de ocorrência, ou qualquer outra unidade de medida que atribua a importância ou o peso daquele valor em relação aos outros, enquanto que o eixo vertical à direita representa a porcentagem cumulativa do número total de ocorrências. 5.2 O Sistema Toyota de Produção A história do Sistema Toyota de Produção (STP) é calcada nos valores da família Toyoda, os quais, segundo Womack (1992), tiveram êxito primeiro no ramo de maquinaria têxtil, quando foram capazes de desenvolver teares tecnicamente superiores. Nos anos 30, iniciaram sua produção automobilística com a Toyota Motor Corporation. Ainda segundo Womack (1992), logo após a Segunda Guerra Mundial, o Japão enfrentava dificuldades para ingressar na produção em larga escala de veículos automotores, pois o mercado no Japão era limitado e diversificado e, portanto, a produção em massa não se justificava; a força de trabalho nativa ganhou força com os sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho; a economia do país estava devastada pela guerra; e havia grandes concorrentes internacionais como a GM e a Ford. Nesse contexto, era preciso pensar em um modelo que se adequasse à indústria automobilística japonesa naquele momento. Na década de 50, Taiichi Ohno juntamente com sua equipe, estudou a fundo o livro de Henry Ford Today and Tomorrow, visitou plantas nos Estados Unidos e iniciou um período de colocar em prática princípios de autonomação e de fluxo unitário de peças nas fábricas da Toyota. Tudo isso juntamente com as ideias de produção puxada dos supermercados norte americanos e com os ensinamentos pioneiros sobre qualidade de W. Edwars Deming, fez com que surgisse o que conhecemos por Sistema Toyota de Produção. Nos anos 90, a publicação do livro “A máquina que - 19 - mudou o Mundo” (Womack, Jones, Roos, 1991) fez o STP ficar conhecido como Lean Production (LIKER, 2005). Taiichi Ohno desenvolveu uma representação simples do STP através da ilustração de uma casa. Ohno (1997) classifica em dois os pilares que sustentam essa casa, que é o STP: o Just in Time (JIT) e a Autonomação (Jidoka). O primeiro significa remover ao máximo possível os estoques e pulmões utilizados para cobrir possíveis problemas das máquinas. Dessa forma, os problemas ficam imediatamente visíveis e são produzidas peças na quantidade e no momento exato em que foram demandadas. O segundo está diretamente ligado ao primeiro, visto que assim que um problema é detectado, ele deve ser corrigido. Esse princípio dá ao operador o poder de interação com a máquina, caso haja alguma não conformidade durante a produção. Segundo Liker (2005), o coração do Sistema Toyota de Produção é a redução de perdas. Por isso, atualmente, o STP é amplamente estudado e seus princípios aplicados por indústrias e empresas de todo o mundo, as quais tem o objetivo de reduzir custos, aumentar a qualidade dos seus produtos e garantir vantagens competitivas. 5.2.1 A Filosofia JIT (Just in Time) “O Just In Time (JIT) é muito mais do que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da produção, sendo considera como uma completa filosofia” (CORRÊA et al., 2012, pag. 592). Sendo assim, o JIT visa a manufatura em um fluxo contínuo e tem como objetivos principais garantir a qualidade e permitir a flexibilidade do processo, através da eliminação das perdas. Para isso a produção só acontece quando há demanda, no local e quantidade exatos. [...] o termo sugere muito mais que se concentrar apenas no tempo de entrega, pois isso poderia estimular a superprodução antecipada e daí resultar em esperas desnecessárias. Na verdade, O Sistema Toyota também realiza a produção com estoque zero, ou sem estoque, ou seja, cada processo deve ser abastecido com os itens necessários, na quantidade necessária, no momento necessário – Just in time, ou seja, no tempo certo, sem geração de estoque (SHINGO, 1996, p.103). Dessa maneira, então, a filosofia JIT elimina os custos de estocagem, inventário e movimentação/transportes desnecessários, além de custos com a gestão desses estoques, focando, de fato, no que agrega valor para o cliente. Para isso, uma característica importante do sistema JIT é a produção “puxada”, em que eu só produzo quando há real necessidade de produzir, ou seja, quando há demanda direta do meu cliente, seja ele interno ou externo. Assim, não há acúmulo de estoques finais nem - 20 - intermediários durante o processo, mas sim um fluxo unitário de peças, como proposto por Taiichi Ohno. Essa filosofia é bem diferente da filosofia mais tradicional conhecida como produção “empurrada”, onde há produção independente da demanda do cliente, ou seja, são feitas previsões e estimativas e, a partir daí, os materiais são “empurrados” ao longo da cadeia até serem armazenados no estoque, aguardando a criação da demanda que vai gerar o consumo. 5.2.2 Kanban e Produção Puxada Kanban é uma palavra japonesa que significa cartão. Esse cartão tem como objetivo disparar a produção dos estágios anteriores, à medida que o produto é demandado pelo cliente. Uma etapa só pode produzir se a seguinte disparar necessidade de produção e assim por diante. O Kanban é, então, uma ferramenta de aplicação prática do sistema de produção puxado. De acordo com Ohno (1997), as funções do kanban são basicamente o fornecimento de informações sobre o transporte de material e sobre a produção, impedindo a superprodução e o transporte desnecessário, pois o item será produzido e/ou transportado somente sob demanda. Para que o Kanban funcione, no entanto, é preciso definir com clareza quem são os fornecedores e clientes de cada etapa da cadeia produtiva. Normalmente, são utilizadas embalagens ou identificações padronizadas para que se saiba de forma visual o produto e quantidade em questão. 5.2.3 O Controle de Qualidade Zero Defeitos (CQZD)/Poka Yoke O Sistema Toyota de Produção se baseia no conceito de Controle de Qualidade Zero Defeito, ou seja, qualquer forma de anomalia ou anormalidade encontrada no processo deve ser eliminada imediatamente. Segundo Ghinato (1995), existem alguns pontos fundamentais que sustentam o CQZD: inspeção na fonte (método com caráter preventivo); dispositivos à prova de falhas (Poka-Yokes) e redução do tempo entre a detecção do erro e aplicação da corretiva. A meta do CQZD é "garantir" que um sistema seja capaz de produzir "consistentemente" produtos livres de defeitos. Este conceito, na Toyota, é aplicado a todas as operações e processos de forma que cada operação e cada processo seja planejado considerando todasas possibilidades de falha. Esta postura preventiva evita a execução sob condições anormais (erros) que gerariam o defeito (GHINATO, 1995, p. 173). - 21 - Dessa maneira, cada operador deve ser responsável por garantir a qualidade do produto que está sob sua responsabilidade, através de inspeções próximas ao processo e em tempo real, para impedir que um erro se propague por toda a cadeia e por todo o lote de produção. Ohno (1997) diz que um erro no início do processo é grave, pois prejudica toda a cadeia produtiva, gera perda de tempo com retrabalho e não agrega valor ao produto para o cliente. Portanto, é preciso que o erro seja corrigido em sua origem, a fim de prevenir problemas futuros. O Poka-Yoke foi desenvolvido por Shiengo Shingo e pode ser definido como um dispositivo a prova de falhas, que ajuda a inspecionar 100% dos produtos, impedindo a ocorrência de defeitos (SHINGO, 1996). Portanto, o Poka-Yoke é uma das formas de se garantir a qualidade total, pois emite alertas e/ou faz com que a linha de produção pare caso algum produto passe defeituoso. 5.2.4 Autonomação O conceito de autonomação surge com os esforços de Ohno para que o operador pudesse dar um toque humano e inteligência às máquinas, ou seja, ele teria autonomia de parar a linha de produção toda vez que fosse detectada uma anomalia. Dessa maneira, visa-se impedir a propagação de defeitos e eliminação de anormalidades no processo. Por esse motivo, a autonomação está estritamente ligada ao conceito de controle de qualidade zero defeito (CQZD). “O CQZD é a base operacional essencial para a prática da autonomação” (GHINATO, 1995, p. 173). O fato de a máquina parar para que seja consertado o defeito no momento em que o mesmo ocorreu torna o problema visível e tem como objetivo identificar a sua causa fundamental, evitando que o mesmo seja reincidente. A autonomação, então, está intimamente ligada à autonomia do operador e, não necessariamente, à simples automação. Embora a autonomação esteja freqüentemente associada à automação, ela não é um conceito restrito às máquinas. É importante notar que o conceito de autonomação tem muito mais identidade com a ideia de autonomia do que com automação. Enquanto a autonomia para a interrupção da linha é condição fundamental, a automação desempenha um papel secundário, nem sempre presente. No STP a autonomação é ampliada para a aplicação em linhas de produção operadas manualmente. Neste caso, qualquer operador da linha pode parar a produção quando alguma anormalidade for detectada (GHINATO, 1995, p. 172) Segundo Shingo (1996), a instabilidade da produção gera a necessidade de estoques e, portanto, para que não tenhamos que criar estoques, é preciso eliminar todos os fatores que possam causar instabilidade no processo. Por isso, é - 22 - extremamente importante que o operador seja multifuncional e seja capaz de identificar anomalias. O Poka-Yoke definido anteriomente, é uma das formas de auxiliar o operador na detecção das anomalias. 5.2.5 Kaizen – Melhoria Contínua A palavra japonesa Kaizen significa melhoramento contínuo e é um método gradual e incremental de implementação de melhorias que devem envolver desde gestores a trabalhadores das linhas de produção (CORRÊA, 2012). É importante saber diferenciar a ferramenta Kaizen do conceito Kaizen. A ferramenta, assim como o conceito, também se baseia na filosofia de melhoria contínua, mas é um meio de difusão da metodologia de maneira sistematizada e aplicável. Já o conceito Kaizen é uma filosofia ampla, que faz parte da cultura da empresa e que deve ser aplicada a todos os processos, por todos os funcionários e a todo momento. A aplicação de um projeto Kaizen se utiliza de um conjunto de ferramentas de identificação de problemas, de análise de causas e de modo de falha (análise de cinco porquês, diagrama de Ishikawa), visando gerar ações que terão como produto padrões e procedimentos (Lição de Um Ponto – LUP; PDCA) que buscam a eliminação constante e gradual das perdas. Na filosofia Kaizen a melhoria é um processo contínuo e o que foi feito hoje, pode já não ser mais o melhor método para amanhã. Por esse motivo, o Kaizen está intimamente ligado ao ciclo PDCA, explicado anteriormente neste documento. Figura 6: Os dez mandamentos do Kaizen. Fonte: Kaizen Institute OS DEZ MANDAMENTOS DO KAIZEN 1. O desperdício é o inimigo nº1. Para eliminá-lo é preciso sujar as mãos. 2. Melhorias graduais feitas continuadamente; não é ruptura pontual. 3. Todos na empresa tem de estar envolvidos, desde os gestores do topo e intermédios, até o pessoal de base; a metodologia não é elitista. 4. A estratégia deve ser barata. O aumento da produtividade deve ser feito sem investimentos significativos. Não se deve aplicar somas astronômicas em tecnologia e consultorias. 5. Aplicar-se em qualquer lugar; não serve só para os japoneses. 6. Apóia-se numa gestão visual, numa total transparência de procedimentos, processos e valores; torna os problemas e os desperdícios visíveis aos olhos de todos. 7. Focaliza a atenção no local onde se cria realmente o valor ('gemba', em japonês). 8. Orienta-se para os processos. 9. Dá prioridade às pessoas, ao humanware; acredita que o esforço principal de melhoria deve vir de uma nova mentalidade e estilo de trabalho das pessoas (orientação pessoal para a qualidade, trabalho em equipe, cultivo da sabedoria, elevação da moral, autodisciplina, círculos de qualidade e prática de sugestões individuais ou de grupo) 10. O lema essencial da aprendizagem organizacional é aprender fazendo. - 23 - 5.2.6 5 S - Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke Liker (2005) afirma que um dos princípios do Sistema Toyota de Produção deve ser o controle visual, para que os problemas apareçam. Segundo ele, se não mantivermos a organização e a limpeza, iremos esconder problemas e aceitar maneiras disfuncionais de produzir. A metodologia japonesa utilizada para assegurar a limpeza, a organização e a disciplina dos ambientes é chamada de 5S (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke) e suas etapas estão descritas abaixo, de acordo com Liker (2005): Separação (Seiri): Nesta primeira etapa é feita a separação daquilo que é necessário do que é desnecessário, ou seja, aquilo que os operadores realmente precisam para trabalhar daquilo que não serve para a realização do seu trabalho. Dessa forma, elimina-se o que é inútil, ganhando-se espaço para trabalhar; Organização (Seiton): Em segundo lugar, cada objeto separado como útil na etapa anterior, ganha um local específico onde será armazenado. Nesta etapa é importante priorizar objetos e ferramentas que são utilizados com mais frequência para armazenamento em locais de mais fácil acesso. Após essa organização, fica mais fácil e rápida a localização de cada objeto. Cabe aqui um ditado conhecido “Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”; Limpeza (Seiso): O processo de limpeza age também como forma de inspeção, pois é através da limpeza que expomos condições anormais e somos, então, capazes de identificar previamente falhas que poderiam causar problemas de qualidade ou quebra de máquinas; Padronizar (Seiketsu): A penúltima etapa diz respeito à padronização dos procedimentos e das condições a que o ambiente deve ser mantido, para servir de modelo às auditorias e monitoramentos dos primeiros três S’s; Sustentar (Shitsuke): A última etapa consiste na manutenção de todas as etapas anteriores, além de manter funcionando o conceito de melhoria contínua. 5.2.7 SMED (Single Minute Exchange of Die) “SMED é um acrônimo da expressão em inglês Single Minute Exchange of Die e se refere a uma série de princípios para realizar trocas de ferramentas (setups) em tempos inferiores a 10 minutos (single minute significa tempo em minutos expresso com um único dígito)” (CORRÊA e al.,2012, p.642).- 24 - O SMED foi desenvolvido por Shingo na década de 50 de forma a reduzir consideravelmente os tempos de trocas nas indústrias. Segundo ele, a operação de setup pode ser dividida em dois tipos: setup interno e setup externo. O primeiro diz respeito às operações que somente podem ser executadas com a máquina parada, como a limpeza de bombas ou troca de moldes. O segundo diz respeito às operações que podem ser realizadas com as máquinas ainda em funcionamento, como o transporte de moldes antes e depois da troca e separação de ferramentas necessárias à troca (CORRÊA et al., 2012, p.642). A aplicação do SMED pode ser feita em cinco estágios, segundo Corrêa (2012): Estágio Preliminar: Nesta etapa são feitos os registros e observações de todas as informações relevantes sobre como está sendo feito o setup atual. Normalmente são utilizadas câmeras de vídeo para que possam ser feitas análises posteriores com mais calma e cautela; Estágio 1: Neste estágio ocorre a separação das atividades entre internas e externas e é nesse momento que todas as atividades internas devem ser questionadas; Estágio 2: Nesta etapa são definidas ações para que as atividades internas sejam convertidas em atividades externas, como por exemplo preparação de moldes e ferramentas; Estágio 3: Após convertidas todas as atividades internas possíveis em atividades externas, é preciso otimizar as atividades internas que restaram, ou seja, trabalhar para que aconteçam no menor tempo possível. Não se pode negligenciar, contudo, a otimização das atividades externas; Estágio 4: Finalmente, são registradas com detalhes todas as novas atividades internas e externas, assim como são criados procedimentos padrão para a execução das mesmas. - 25 - Figura 7: Estágios conceituais do SMED e as técnicas associadas. Fonte: Shingo, 1985 5.2.8 Operação Padrão/Lição de Um Ponto (LUP) A LUP é uma ferramenta para a realização de treinamentos rápidos e eficazes que consiste em facilitar o aprendizado e prática de uma determinada atividade utilizando-se desenhos, fotos ou diagramas em apenas uma folha de papel. A principal vantagem desta técnica é que as informações são apresentadas gradualmente (ponto a ponto) através de ilustrações, que facilitam a assimilação. Cada LUP deve conter apenas um assunto, elaborado após a comprovação dos resultados, ajudando a reforçar pontos específicos que estejam causando problemas recorrentes. Em geral, as empresas podem adotar 3 tipos de LUP: Conhecimento básico: contém informações sobre o desenvolvimento das atividades, processos, etc. Solução de problemas: contém informações sobre os problemas identificados, como solucioná-los e como preveni-los, com base em exemplos concretos de falhas e defeitos. Melhorias: contém informações que expõe o raciocínio empregado para realizar a melhoria e seus efeitos - 26 - 5.2.9 Mapeamento de Fluxo de valor (Value Stream Mapping ou VSM) Segundo Liker (2005), a primeira pergunta a se fazer quando se fala de Sistema Toyota de Produção é “o que o cliente espera desse processo?”. Isso é a definição de valor. Para isso, a primeira coisa que deve ser feita é mapear o fluxo de valor de um processo. O VSM é uma ferramenta do Lean Manufacturing que objetiva documentar, analisar e otimizar a criação de valor da cadeia de materiais e informações para a produção de um produto ou um serviço para um cliente, através da eliminação desperdícios da cadeia. O VSM pode ser útil especialmente para a redução do tempo de ciclo de produção, pois ele expõe o desperdício nos processos atuais e fornece um roteiro para o melhoramento do processo no futuro. Para usarmos o método, devemos aplicar os 5 passos a seguir 1. Identificar a família ou o produto alvo. Criar um fluxo, definir um problema, definir objetivos e discutir o fluxo com a equipe; 2. Desenhar qual é o estado atual da cadeia de valor, isto é, quais são as etapas, atrasos e fluxos de informação necessários para a entrega do produto; 3. Avaliar o estado atual do mapa de fluxo em termos de criação de valor e eliminação de desperdícios; 4. Desenhar o fluxo futuro de criação de valor; 5. Trabalhar para a condição do estado futuro. Figura 8: Aplicação do mapeamento do fluxo de valor. Fonte: Rother & Shook., 1999 - 27 - A simbologia utilizada é unificada para garantir o entendimento de todos na organização uma vez que os mapas de fluxo de valor costumam ser elaborados, analisados e discutidos em conjunto por pessoas de diferentes cargos hierárquicos na organização. Na figura abaixo, podem ser observados os símbolos mais utilizados na elaboração do mapa de fluxo de valor. Figura 9: Símbolos unificados do Mapeamento de Fluxo de Valor. Fonte: miconleansixsigma 5.2.10 Perdas (As fontes de desperdício) Segundo Shingo (1996) qualquer atividade que não contribui para a operação pode ser classificada como uma perda, ou seja, qualquer atividade que não agrega valor ao produto e, consequentemente, ao cliente. Ohno (1997) e Shingo (1996) dividiram as perdas em sete categorias diferentes a serem apresentadas mais detalhadamente a seguir. Liker (2005) considera a perda por desperdício intelectual como uma oitava categoria relevante de perdas. 5.2.10.1 Perda por superprodução A perda por superprodução é considerada por Ohno (1997) como sendo a mais crítica, pois a partir dela pode surgir a maioria dos outros tipos de perda. Segundo ele, produzir além do que o consumidor deseja provoca estoques desnecessários e leva à - 28 - redução da motivação para trabalhar em melhoria contínua, já que existe um estoque assegurando as possíveis falhas. Consequentemente, há negligência com perdas por defeito, já que, da mesma maneira, existem produtos em estoque para substituir aqueles com problemas de qualidade. Há ainda custos extras com transporte desses produtos além da demanda. 5.2.10.2 Perda por espera A perda por espera, segundo Liker (2005), acontece nos períodos em que não há nenhuma operação sendo executada, ainda que os recursos estejam sendo contabilizados, ou seja, a espera por material, por mão de obra, por conserto de equipamento, por transporte dos itens já finalizados ou por qualquer outra coisa desse tipo que ocorra na produção. 5.2.10.3 Perda por transporte desnecessário De acordo com Liker (2005), a perda por transporte desnecessário se caracteriza pelo carregamento de peças em processamento durante longas distâncias, tornando o processo ineficiente e movimentando materiais para dentro e fora do estoque entre um processo e outro. 5.2.10.4 Perda por processamento incorreto ou superprocessamento Este tipo de perda engloba processamentos com etapas desnecessárias, processos ineficientes devido a ferramentas ou design de produto inadequados ou até mesmo processos que geram produtos com qualidade superior à necessária (LIKER, 2005). 5.2.10.5 Perda por excesso de estoque As perdas por excesso de estoque são vistas tanto do ponto de vista das matérias-primas quanto do ponto de vista dos produtos finais. Excesso de estoque pode estar escondendo outros problemas na produção, como desbalanceamento, entregas atrasadas, defeitos, quebras ou altos tempos de setup (LIKER, 2005). 5.2.10.6 Perda por movimentos desnecessários Qualquer movimento dos operadores que não tem relação com a natureza do seu trabalho, como procura por ferramentas, é considerado perda por movimento desnecessário. Segundo Barnes (1977), o estudo de tempos e movimentos visa - 29 - desenvolver o melhor método para execução de determinada tarefa, buscando assim, reduzir os custos. 5.2.10.7 Perda por defeito As perdas por defeito nada mais são do que os produtos concebidos com algum problema de qualidade. Seja por retrabalho, por descarte ou pela necessidade de produzir peças extras,esses produtos defeituosos geram perdas para a fábrica (LIKER, 2005). 5.2.10.8 Perda por desperdício intelectual O desperdício intelectual, segundo Liker (2005), considera que o não engajamento dos operadores no processo decisório leva a perda de tempo, de ideias, de habilidades, de melhorias e de aprendizado, por não estar aproveitando a capacidade criativa dos mesmos. 5.2.11 OEE (Overall Equipment Efficiency) OEE (Overall Equipment Effectiveness) é uma métrica para medir o tempo de produção planejado que é verdadeiramente produtivo. Quando a linha tem um OEE inferior a 100%, há oportunidades de melhoria de produtividade, caso contrário a produção seria "perfeita". A OEE pode ser útil em termos de benchmarking, para compararmos a produtividade entre empresas, ou para compararmos a produtividade do período atual com dados históricos. Abaixo podemos ver um esquema ilustrativo da representação da OEE. - 30 - Figura 10: Cálculo do OEE ilustrativo. Fonte: Elaboração Própria Portanto, para calcularmos o OEE devemos aplicar a seguinte fórmula: Onde: A equação simplificada do OEE pode ser escrita, portanto, como: 5.2.12 Supplier Management Com uma competição global crescente desde a última década, executivos tem sofrido imensa pressão para tornar suas organizações o mais lean e eficiente possível. Te m p o d e ab er tu ra d a fá b ri ca Te m p o p la n ej ad o d e p ro d u çã o Pa ra da s Pr og ra m ad as Te m p o b ru to d e o p er aç ão Te m p o lí q u id o d e o p er aç ão Pe rd as d e di sp on ib ili da de Pe rd as d e Ef ic iê nc ia Pe rd as d e Q ua lid ad e Te m p o To ta lm en te P ro d u ti vo OEE – Overall Equipment Efficiency - 31 - Para enfrentar a competição, normalmente as empresas tem reduzido o seu tamanho, se concentrado em competências chave e terceirizando as não chave. Essa tendência recente faz com que a gestão do relacionamento com fornecedores se torne cada vez mais importante (WINTER, 1998). Uma empresa pode conseguir uma vantagem competitiva considerável (qualidade superior a seus concorrentes), se compartilhar seus conhecimentos com seus fornecedores (DYER, 2006). Para escolher qual relação uma empresa gostaria de ter com seu fornecedor, ela precisa pensar estrategicamente, isto é, segmentando seus fornecedores em parceiros e de curto-prazo e atribuindo níveis diferentes de recursos para cada grupo. Parceiros estratégicos são fornecedores que geralmente fornecem insumos de alto valor agregado e que desempenham um importante papel de diferenciação no produto final. O comprador deve manter um alto nível de comunicação e interação com esses fornecedores, compartilhando investimentos e garantindo que o parceiro tenha total capacidade de executar seu papel na cadeia produtiva. Já o segundo grupo de fornecedores, de curto-prazo, são aqueles que fornecem insumos não estratégicos, isto é, padronizados e que pouco contribuem para a diferenciação do produto final. Dessa forma, esses fornecedores não precisam do mesmo grau de atenção e assistência dado aos fornecedores do primeiro grupo. No entanto, vale ressaltar que, com esse segundo grupo, também é válida a tentativa de se estabelecerem relações colaborativas de longo prazo. Assim, os custos administrativos de contratação podem ser reduzidos e os fornecedores podem realizar economias de escala na produção. Além disso, há também o grupo de fornecedores correspondente às relações transitórias, o que ocorre quando o fornecedor tem um mix de portfólio que se enquadra nos dois primeiros grupos. Nesse caso, a relação será administrada em diferentes níveis ao longo da organização, sempre deixando clara a natureza do compromisso. Por fim, existe um quarto grupo, que diz respeito aos fornecedores colaboradores. São aqueles que são altamente visíveis para a organização e que são usados com certa regularidade, mas que não podem oferecer uma proposta de valor original. Nesses casos, o progresso é feito através do desenvolvimento de novos projetos colaborativos entre as partes, com o objetivo de aumentar o desempenho e - 32 - trazer outros benefícios estratégicos, como o tempo de comercialização ou a partilha de conhecimentos. A figura abaixo nos permite visualizar com clareza os quatro grupos: Figura 11 - Segmentação de fornecedores. Fonte: Elaboração própria; Procurementleaders 5.2.13 Gestão da Mudança Nas últimas décadas, as grandes empresas tem passado por uma nova onda de intensa e constante mudança, resultante da velocidade com a qual os fluxos de informação e capital fluem. Essa nova e necessária cultura de se manter em movimento o tempo todo apresenta, na verdade, mais um grande desafio para os executivos: entender o lado humano da gestão da mudança, isto é, o alinhamento da cultura, das pessoas, dos valores e dos comportamentos de uma companhia em torno de ações coletivas e sustentáveis que tragam os resultados desejados. Uma transformação estrutural de longo prazo deve ter quatro características principais: escala, magnitude, duração e importância estratégica. Não há metodologia que possa ser aplicada em qualquer caso, mas existem alguns princípios que podem ser aplicados na maioria deles (JONES, 2004): Atenção sistemática ao "lado humano": Qualquer transformação pode criar "problemas pessoais" em uma companhia, o que pode colocar os resultados em risco. Por isso é necessário desenvolver desde cedo uma abordagem para a gestão da mudança, começando pelos líderes e então engajando outros envolvidos importantes no processo. Essa abordagem deve ser baseada em uma avaliação PARCEIROS COLABORADORES TRANSITÓRIO CURTO PRAZO VALOR AGREGADO IM P O R T Â N C IA C R ÍT IC A /E S T R A T É G IC A Alta Baixa AltoBaixo Segmentação de fornecedores - 33 - realista do histórico da organização, se essa está preparada e tem capacidade para mudar. Começar pelo topo: Os líderes devem ser os primeiros a abraçar a causa e a abordagem sugerida para a gestão da mudança, a fim de desafiar e motivar o resto da organização. Envolver todas as camadas: Programas de transformação começam a partir da definição da estratégia e de metas para desenvolvimento e implementação, afetando diferentes níveis da organização. Líderes dentro da companhia devem ser identificados e treinados para que possam implementar as mudanças a seus subordinados, gerando um efeito em cascata através da organização. Formalizar a situação: A articulação de um enunciado formal justificando e descrevendo a gestão da mudança na companhia é uma grande oportunidade para que os líderes da empresa expressem seu alinhamento com o programa. Criar responsabilidade: Motivação e responsabilidades dos líderes são essenciais para fazer a mudança efetivamente acontecer em todos os níveis de influência ou controle. Essa responsabilidade é geralmente criada envolvendo os indivíduos na identificação de problemas e proposta de soluções, e reforçada através de prêmios ou incentivos. Comunicar a mensagem: Os melhores programas de mudança são aqueles que reforçam constantemente as mensagens chave através de conselhos regulares e no tempo certo para todos os funcionários, com direito a feedbacks. Avaliar o background cultural da empresa: Um diagnóstico inicial sobre a cultura da empresa antes da implementação da mudança pode ser muito útil. A partir desse diagnóstico, podem-se descobrir
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