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PROJETO DE VARIADOR DE VELOCIDADES DE QUATRO MARCHAS PARA VEÍCULO ELÉTRICO TIPO SAE. Pedro Ivo Meirinho Galvão Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Fernando Augusto de Noronha Cas- tro Pinto; Dr.Ing. Rio de Janeiro Agosto de 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ PROJETO DE VARIADOR DE VELOCIDADE DE QUATRO MARCHAS PARA VEÍCULO ELÉTRICO TIPO SAE Pedro Ivo Meirinho Galvão PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE EN- GENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OB- TENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO. Aprovado por: ________________________________________________ Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto; Dr.Ing. ________________________________________________ Prof. Armando Carlos de Pina Filho; D.Sc ________________________________________________ Prof. Vitor Ferreira Romano; Dott. Ric RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL. AGOSTO DE 2018 i Galvão, Pedro Ivo Meirinho. Projeto de variador de velocidade de quatro marchas para veículo elétrico tipo SAE. /Pedro Ivo Meirinho Galvão – Rio de Janeiro: UFRJ / ESCOLA POLITÉCNICA, 2018. p.:85 il.; 29,7 cm Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Mecânica, 2018. Referências Bibliográficas: p. 83-84. 1.Introdução. 2.Elementos de transmissão mecânica. 3.Mecanismos de transmissão de potência mecânica. 4.Características gerais do veículo. 5.Dimensionamento e seleção de componentes. 6.Sensoreamento. 7.Simulações 8.Conclusão 9.Referências bibliográficas. 10. Anexos. I. Pinto, Fernando Augusto de Noronha Castro. II. Universi- dade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Título ii “No que diz respeito ao empenho; ao com- promisso; ao esforço; à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.” (Ayrton Senna) iii Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos re- quisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânica. PROJETO DE VARIADOR DE VELOCIDADE COM QUATRO MARCHAS PARA VEÍCULO TIPO FORMULA SAE Pedro Ivo Meirinho Galvão Agosto/2018 Orientador: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto Curso: Engenharia Mecânica Em um veículo, a necessidade de variação de velocidade se dá para atender às dife- rentes requisições de torque que este mesmo veículo pode encontrar, desde aclives, onde se necessita mais torque, até movimentos em superfícies dadas planas, onde o torque é preterido em detrimento das mais altas rotações do motor. Este projeto aborda a idealização de uma transmissão de quatro marchas concebida para a equipe de Fórmula SAE elétrico da UFRJ, Minerva eRacing. Desde o projeto inicial com premissas básicas; até a elaboração de desenhos técnicos de fabricação, passando por seleção de componentes comerciais; projeto de eixos, engrenamentos e elementos de trans- missão de torque. Deste modo, o trabalho visa fornecer aos protótipos desta mesma equipe a melhor relação “Torque-Rotação” possível para as situações de corrida que eles possam en- contrar. Palavras-chave: Transmissão, Formula SAE, Sincronização, Engrenagens. iv Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the re- quirements for the degree of Mechanical Engineer. ELECTRIC FORMULA SAE VEHICLE FOUR-SPEED TRANSMISSION PROJECT Pedro Ivo Meirinho Galvão August/2018 Advisor: Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto Course: Mechanical Engineering In a vehicle, the need of speed variation exists to attend the many torque requisitions that this same vehicle may face. Since uphill slopes, when more torque is needed, down to movements over flat surfaces, when the torque is neglected in detriment of engine’s high rev- olution. This project approaches the idealization of a four-speed transmission conceived for the Federal University of Rio de Janeiro’s electrical Formula SAE team, Minerva eRacing. Since the initial project, with basic assumptions; up to technical drawings elaboration, passing by the commercial components selection; shafts project; gears; and torque transmitting ele- ments. Hence, the work aims to supply the team’s very own prototypes the best “torque- rotation” ratio possible to the race occasions that they may face. Keywords: Transmission, Formula SAE, Synchronization, Gears. v DEDICATÓRIA Dedico este projeto final aos meus familiares que me orientaram, sofreram e, sobre- tudo comemoraram ao meu lado durante essa longa jornada. Minha mãe Ana Rosa Meirinho Galvão; meu pai Marcus Vinicius Galvão Silva; minha irmã Flora Meirinho Galvão; e minha avó Maria Madalena Gameiro Meirinho, que me ofereceram todo tipo de suporte que um gra- duando de engenharia –mas antes de tudo, neto; filho; e irmão- pode carecer. Não poderia deixar de dedicar tão laborioso trabalho à mulher da minha vida Barbara Bussinger de Souza Penna, por ser esse porto seguro e lastro emocional. Sempre me motivan- do, dividindo emoções e comemorando cada obstáculo vencido. Sem você, eu estaria incom- pleto. vi AGRADECIMENTOS Aos irmãos que não tive e que ganhei pelo simples fato de perseguir os meus sonhos. Álvaro Braga; Arthur Melo; Bruno Soares; Gabriel Leal; Gustavo Couto; Lucas Faria; Luiz Paulo; Matheus Costa; Rafael Magalhães; Thiago Jakobsson e Victor Oliveira, obrigado pelas inúmeras horas de risos, estudos e desespero pré e pós-provas. Jamais me esquecerei de vocês. Aos integrantes da melhor e maior equipe de Formula SAE do Brasil –a Icarus- com os quais tive o privilégio de dividir dois maravilhosos anos de aprendizado. Vocês foram a melhor equipe que tive chance de integrar. A todos os professores –não só os da graduação, mas também os dos níveis funda- mental e médio- que tiveram a disposição e paciência de ensinar a mim e a todos os meus colegas os conceitos e ensinamentos necessários à formação de um engenheiro mecânico. Vocês são os verdadeiros heróis dessa nação. Ao professor Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, primeiramente pela orien- tação no projeto do Formula SAE, depois por ter aceitado me orientar neste projeto de conclu- são de curso. Obrigado pelos seus ensinamentos e –sobretudo- paciência. Às amizades que fiz durante meu período de estágio na TechnipFMC. Gerentes; Co- ordenadores; Engenheiros; Assistentes; e outros estagiários. Obrigado pelo conhecimento passado adiante e por essa iniciação em minha vida profissional. Aos integrantes da equipe Minerva eRacing, em especial ao Lucas Lessa, Matheus Campagnani e Matheus Martins por todo suporte, compreensão e celeridade na entrega das informações requisitadas durante a elaboração deste projeto. Apesar de ser uma equipe ainda incipiente na presente data, puderam compreender completamente a necessidade de evolução do protótipo e do avanço técnico que tal projeto acarretará nos futuros protótipos da mesma. A todos os quais porventura posso ter me esquecido de mencionar nessa seção de agradecimentos e que contribuíram para a minha formação não apenas como engenheiro pro- fissional, mas também como ser humano, o meu mais sincero obrigado. vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................11 1.1. Exemplos de transmissão de potência ......................................................... 11 1.2. Formula SAE elétrico .................................................................................. 12 1.3. Objetivo ....................................................................................................... 12 2. ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA MECÂNICA .................. 13 2.1. Transmissão por correias ............................................................................. 13 2.2. Transmissão por correntes ........................................................................... 14 2.3. Transmissão por engrenagens ...................................................................... 16 Engrenagens cilíndricas de dentes retos ................................................. 17 2.3.1 Engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais ........................................ 19 2.3.2 Engrenagens cônicas ............................................................................... 21 2.3.3 3 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA MECÂNICA ............... 23 3.1. Transmissão manual .................................................................................... 23 Assíncrona .............................................................................................. 23 3.3.1 Sequencial ............................................................................................... 24 3.3.2 3.2. Transmissão automática............................................................................... 25 3.2.1 CVT ........................................................................................................ 25 3.2.2. Dupla embreagem..................................................................................... 28 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO VEÍCULO ................................................. 30 viii 4.1. Dimensões e COG ....................................................................................... 30 4.2. Especificações do motor e curvas ................................................................ 31 5. DIMENSIONAMENTO E SELEÇÃO DE COMPONENTES ............................ 33 5.1. Definição do torque máximo ....................................................................... 33 5.2. Escolha do sistema de variação de velocidades ........................................... 36 5.3. Determinação do diâmetro mínimo dos eixos ............................................. 38 5.4. Projeto das engrenagens .............................................................................. 41 5.4.1 Critério de tensões AGMA ..................................................................... 45 5.4.2 Falha por flexão da engrenagem ............................................................. 48 5.4.3 Falha por fadiga superficial .................................................................... 51 5.5. Embreagem .................................................................................................. 54 5.5.1 Molas de retorno ..................................................................................... 54 5.5.2. Escolha dos discos de fricção ................................................................. 60 5.5.3 Estruturas internas .................................................................................. 62 5.6. Elementos de transmissão de torque ............................................................ 63 5.7. Rolamentos e rentetores ............................................................................... 65 5.8. Escolha dos solenoides ................................................................................ 70 5.9. Esquemático hidráulico ............................................................................... 71 6. SENSOREAMENTO ............................................................................................ 74 6.1. Sensor Hall................................................................................................... 74 ix 6.2. Microcontrolador ......................................................................................... 75 6.3. Visor de LCD ............................................................................................... 76 6.4. Relés ............................................................................................................ 76 7 SIMULAÇÕES ..................................................................................................... 77 8 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 82 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 83 10 ANEXOS .............................................................................................................. 85 x LISTA DE FIGURAS: Figura 1: Funcionamento de uma roda d’água. ........................................................................ 11 Figura 2: Transmissão por correias. ......................................................................................... 13 Figura 3: Diversos perfis de correias. ....................................................................................... 14 Figura 4: Funcionamento da transmissão por corrente de tambor............................................ 15 Figura 5: Corrente de dentes invertidos. ................................................................................... 15 Figura 6: Correntes Tripla; Dupla; e Simples ........................................................................... 16 Figura 7: Par de engrenagens cilíndricas de dentes retos. ........................................................ 17 Figura 8: Par de engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais................................................ 19 Figura 9: Principais parâmetros de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais. ........... 20 Figura 10: Principais parâmetros de um par de engrenagens cônicas. ..................................... 21 Figura 11: Fluxo de potência em um câmbio manual de 4 velocidades. .................................. 24 Figura 12: Trambulador de um câmbio sequencial. ................................................................. 25 Figura 13: Funcionamento de um câmbio CVT de polias. ....................................................... 26 Figura 14: Funcionamento de um câmbio CVT toroidal. ......................................................... 26 Figura 15: Representação de um CVT cônico. ......................................................................... 27 Figura 16: Conjunto de discos de fricção. ................................................................................ 28 Figura 17: Fluxo de potência em uma transmissão de dupla embreagem. ............................... 29 Figura 18: Representação do protótipo de 2017. ...................................................................... 30 Figura 19: Especificações técnicas da unidade motriz. ............................................................ 31 Figura 20: Curvas Torque x Rotação e Potência x Rotação. .................................................... 31 Figura 21: Representação das reações ao protótipo subir um aclive. ....................................... 33 Figura 22: Esquema cinemático para a transmissão proposta .................................................. 36 Figura 23: Gráfico dente-de-serra para troca de marcha. ......................................................... 43 Figura 24: Fator de forma da AGMA. ...................................................................................... 48 Figura 25: Fator de sobrecarga. ................................................................................................ 49 Figura 26: Constantes empíricas A, B e C................................................................................50 Figura 27: Fator de ciclagem de tensão. ................................................................................... 50 Figura 28: Módulo de elasticidade para materiais corriqueiros de engrenagens. ..................... 52 Figura 29: Tensão de contato por dureza.................................................................................. 53 Figura 30: Fator de razão de dureza. ........................................................................................ 53 Figura 31: Relações matemáticas para extremidades de molas. ............................................... 58 Figura 32: Tipos de extremidades de molas. ............................................................................ 59 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435451 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435452 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435453 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435454 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435455 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435456 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435457 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file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435473 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435474 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435475 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435476 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435477 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435478 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435479 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435480 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435481 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435482 xi Figura 33: Parâmetros normatizados para chavetas. ................................................................ 65 Figura 34: Retentores de vedação axial. ................................................................................... 70 Figura 35: Retentores de vedação radial................................................................................... 70 Figura 36: Solenóide de 3 posições. ......................................................................................... 71 Figura 37: Esquemático hidráulico proposto. ........................................................................... 72 Figura 38: Representação do sensor Hall escolhido. ................................................................ 74 Figura 39: Microcontrolador Arduino Due. ............................................................................. 75 Figura 40: Exemplo de visor de LED a ser empregado. ........................................................... 76 Figura 41: Simulação do contato das engrenagens da primeira marcha. .................................. 77 Figura 42: Simulação do contato das engrenagens da segunda marcha. .................................. 78 Figura 43: Simulação do contato das engrenagens da terceira marcha. ................................... 78 Figura 44: Simulação do contatodas engrenagens da quarta marcha. ..................................... 79 Figura 45: Simulação do eixo de entrada maciço. .................................................................... 80 Figura 46: Simulação do eixo de entrada vazado. .................................................................... 81 Figura 47: Simulação do eixo de saída. .................................................................................... 81 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435483 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435484 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435485 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435486 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435487 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435488 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435489 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435490 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435491 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435492 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435493 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435494 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435495 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435497 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435496 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Especificações do protótipo de 2017 da Minerva eRacing ....................................... 30 Tabela 2: Relação de transmissão ............................................................................................. 41 Tabela 3: Velocidade do veículo de acordo com a marcha e rotação de troca. ........................ 42 Tabela 4: Rotação de cada marcha. .......................................................................................... 44 Tabela 5: Torque de saída de acordo com a marcha selecionada. ............................................ 44 Tabela 6: Diâmetros primitivos dos pinhões e coroas. ............................................................. 46 Tabela 7: Velocidades para cada marcha. ................................................................................ 46 Tabela 8: Força tangencial em cada engrenagem. .................................................................... 47 Tabela 9: Fator dinâmico para cada marcha. ............................................................................ 47 Tabela 10: Fator J e tensão AGMA. ......................................................................................... 48 Tabela 11: Tensão de flexão dos pinhões e das coroas. ........................................................... 50 Tabela 12: Fatores de segurança dos pinhões e das coroas. ..................................................... 51 Tabela 13: Tensão para as coroas e para os pinhões. ............................................................... 52 Tabela 14: Fatores de segurança dos pinhões e das coroas. ..................................................... 54 Tabela 15: Parâmetros iniciais para os projetos das molas ...................................................... 56 Tabela 16: Parâmetros das molas (diâmetros e razão C). ......................................................... 56 Tabela 17: Tensão cisalhante para as molas dos eixos. ............................................................ 57 Tabela 18: Comprimentos das molas........................................................................................ 59 Tabela 19: Parâmetros das molas (passo e ângulo de hélice). .................................................. 60 Tabela 20: Parâmetros das molas (critérios de flambagem). .................................................... 60 Tabela 21: Especificações do sensor Hall. ............................................................................... 75 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435589 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435590 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435591 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435592 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435593 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435594 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435595 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435596 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435597 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435598 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435599 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435600file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435601 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435602 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435603 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435604 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435605 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435606 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435607 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435608 file:///C:/Users/pedro/Google%20Drive/TCC/Atualzão/Documento/Projeto%20Final%20-%20Pedro%20Ivo%20Meirinho%20Galvão%20-%20Engenharia%20Mecânica%20UFRJ%20Rev.%20Final.docx%23_Toc523435609 11 1. INTRODUÇÃO 1.1. Exemplos de transmissão de potência A transmissão de potência se faz necessária sempre que há a necessidade da propa- gação de movimento entre dois pontos, seja este movimento rotativo; alternativo; pendular; ou ainda de outra natureza. A solução para tal necessidade permeia os pensamentos de invento- res, pensadores e engenheiros desde épocas anteriores ao nascimento de Cristo, um exemplo claríssimo disso é o emprego de rodas d’agua que sempre auxiliaram a humanidade com a moagem de grãos e abastecimento hídrico desde o Egito Antigo (Figura 1) Naturalmente, a realização de trabalho é um processo que requer o suprimento de energia, podendo esta ser proveniente de uma vasta gama de reservatórios (solar; nuclear; eólica; hidráulica; e animal s são apenas alguns meros exemplos). Com a observação do me- lhor modo de se obter a energia existente, se estabelece a necessidade da transmissão, até o mecanismo que irá realizar o trabalho. O escopo principal deste trabalho é o desenvolvimento de um mecanismo destinado à transmissão de energia mecânica (i.e. vindoura do movimento rotativo do motor) até o diferencial e, consequentemente, para as rodas do veículo de Formula SAE elétrico. Figura 1: Funcionamento de uma roda d’água. Fonte: http://www.alternative-energy-tutorials.com/hydro- energy/waterwheel-design.html 12 1.2. Formula SAE elétrico Criada na década de 80 no estado do Texas, Estados Unidos, substituindo uma versão anterior chamada Mini-Indy, alavancada pela carência de engenheiros especializados em veí- culos de alto desempenho. Foi impulsionado pelas três grandes montadoras Americanas, Ge- neral Motors, Ford e Chrysler, que viram nessa competição uma oportunidade única de ga- rimpar novos engenheiros para suas equipes. [1] Devido à crescente demanda e interesse do mercado por veículos híbridos e elétricos, foi criada a categoria FSAE Elétrico, que trata da concepção de um veículo do tipo “fórmula”, com chassis monoposto, motor de até 80 kW e conjunto de baterias com até 300 V. 1.3. Objetivo Este projeto de graduação tem como objetivo o desenvolvimento de um variador de velocidades de quatro marchas do tipo dupla embreagem, para aplicação no projeto da equipe de Formula SAE categoria elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Minerva e- Racing. Atualmente, o protótipo da equipe não possui um variador de velocidade, sendo sua unidade de potência sendo conectada diretamente ao diferencial empregado. Restringindo, assim, a faixa de velocidades final do automóvel. Além disso, este projeto visa uma futura implementação deste projeto no protótipo de Formula SAE elétrico pertencente à universidade. Para isso, a solução proposta deve ser con- fiável e robusta o bastante para que, quando sujeita aos esforços (sejam eles típicos ou cho- ques) não haja um comprometimento de seus posicionamentos nem integridade, além do mais, ela deve ser economicamente factível e tecnicamente fabricável, e simples o bastante para que possa ser revisada e reparada por qualquer integrante da equipe. 13 2. ELEMENTOS DE TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA MECÂNICA Na seção abaixo, irão ser explicitadas algumas das maneiras mais usuais para a transmissão de potencia mecânica entre dois pontos distintos. Vale ressaltar que os tópicos abaixo não explicitam todos os modos de transmissão de potencia, mas sim, os mais usuais e corriqueiros. 2.1. Transmissão por correias A transmissão de potência pelo uso de correias ou lonas é um dos tipos de transmis- são mais antiga que se tem notícia. Muito versáteis, podem ser empregadas tanto em rotações de mesmo sentido quanto de sentidos opostos. Podem, ainda, permitir a concepção de projetos que tenham em vista eixos concorrentes (Figura 2). Além disso, a transmissão por correias permite elevadas relações de transmissão e fácil variação de velocidades devido ao seu meca- nismo de funcionamento ser o atrito gerado entre as superfícies da correia e da polia movida. Figura 2: Transmissão por correias. Fonte: https://de.wikipedia.org/wiki/Treibriemen https://de.wikipedia.org/wiki/Datei:Leder-Treibriemen_anno_1888.jpg 14 Outras características deste modo de transmissão são: fácil manutenção e baixo custo da mesma; altíssima absorção de choques; transmissão de altas potências; baixo ruído; entre outros. As correias são usualmente fabricadas com fibras naturais ou em materiais compósi- to, envoltos por uma camada de polímeros, são encontradas em variados perfis e seções trans- versais, que devem ser empregadas de acordo com a aplicação desejada (Figura 3). 2.2. Transmissão por correntes As correntes são elementos de máquinas flexíveis formadas por rolos e placas geral- mente fabricados em aços especiais e posteriormente tratados para melhoria de suas caracte- rísticas físicas. As buchas e os pinos dos elos também passam por processos de endurecimento para que possam aumentar suas durezas, além de tratamentos térmicos que protegem do des- gaste e corrosão. De um modo geral, as correntes são utilizadas quando a transmissão por engrenagens ou por correias não sejam possíveis, seja por longas distâncias entre eixos, seja por alto torque Figura 3: Diversos perfis de correias. Fonte: http://www.liningcomponents.fi/en/power- transmission/belt-drives/belts-megadyne/ 15 empregado; necessidade de lubrificação constante para combater a corrosão; ou ainda por outros fatores. A transmissão por correntes necessita da existência de duas rodas dentadas denomi- nadas pinhão e coroa, sendo a coroa a de maior diâmetro. A transmissão se dá através da ade- são e da força de contato da superfície externa das buchas com os dentes da coroa e do pinhão (Figura 4). Além da corrente de rolos, existem também as correntes silenciosas (Figura 5), co- mumente chamadas de corrente de dente invertido que podem ser empregadas em situações de altos torques e altas rotações. Como sugere o nome, esse tipo de corrente possui um funcio- namento mais silencioso em comparação à corrente de rolo. Figura 4: Funcionamento da transmissão por corrente de tambor. Fonte: https://www.instructables.com/id/How-to-Draw-a-Sprocket-Gear/ Fonte: http://www.directindustry.com/pt/fabricante-industrial/corrente-dentes-invertidos-111943.htmlFigura 5: Corrente de dentes invertidos. 16 Com relação à formação das correntes, elas podem ser classificadas como simples, duplas, triplas e etc (Figura 6). Tal “multiplicação” é necessária quando, através do projeto, se conclui que uma corrente mais simples não será suficiente para transmitir o torque necessário. No entanto, quanto mais complexa uma corrente for, menor será seu rendimento global. [2] 2.3. Transmissão por engrenagens Existem variadas maneiras de se transmitir torque através do emprego de engrenagens. Tal escolha deverá se basear em alguns critérios de projeto e observação do posicionamento dos eixos, tais quais: paralelismo, angulação e interseção ou não entre os mesmos. É especialmente necessário o total entendimento entre as diferentes variedades de engrenagens existentes para que um projeto de transmissão de potência cumpra suas especificações. Apesar do fato de as engrenagens serem de um modo geral, mais caras e mais difí- ceis de serem fabricadas quando em comparação com elementos flexíveis de transmissão (correias e correntes), seu uso se justifica pelo fato de permitirem projetos bem mais compac- tos; com elevada confiabilidade; além de permitirem transmissão de maiores potências. Nos itens a seguir, encontra-se uma breve explanação sobre os mais conhecidos e mais empregados tipos de engrenamentos da engenharia mecânica. Fonte: http://www.steelconveyorbelt.com/steelconveyorbelt/roller-chain- conveyor-belt-accessory.html Figura 6: Correntes Tripla; Dupla; e Simples 17 Engrenagens cilíndricas de dentes retos 2.3.1 As engrenagens cilíndricas de dentes retos (Figura 7) possuem como duas principais características a transmissão de potência entre eixos paralelos apenas; e a disposição de dentes alinhada com o eixo de rotação. Dentre todas as engrenagens existentes, a engrenagem cilín- drica de dentes retos é a mais simples, portanto, é uma boa razão pela qual é a mais emprega- da no desenvolvimento de projetos que visem a transmissão de potência mecânica. Abaixo, segue uma breve explicação por trás das medidas usuais pertinentes a uma engrenagem cilíndrica de dentes retos: Passo circular (p): distância medida, na circunferência primitiva, entre um ponto em um 'dado dente e o mesmo ponto medido no dente adjacente. Nu- mericamente igual à espessura do dente, somado ao vão entre os dentes. 𝑝 = 𝜋𝑑 𝑧 = 𝜋𝑚 Circunferência primitiva (d): é uma dada circunferência sobre a qual to- dos os cálculos são baseados. Numericamente menor que o círculo de aden- do (i.e., “diâmetro dos dentes”) e maior que o círculo de raiz (i.e., “diâmetro dos vales”). Quando duas engrenagens de mesmo módulo se acoplam, seus diâmetros primitivos são tangentes entre si. A relação entre o diâmetro primitivo, número de dentes (z) e módulo de uma engrenagem, é a que se segue: Figura 7: Par de engrenagens cilíndricas de dentes retos. Fonte: http://eng-cleitonchaves.blogspot.com/2015/03/engrenagem-cilindrica-de-dentes- retos.html 18 𝑑 = 𝑚𝑧 Módulo (m): medida ancorada no Sistema Internacional de unidades que representa a razão entre o passo diametral e o número de dentes da engrena- gem. Sua medida é o milímetro. Passo diametral (P): razão entre o número de dentes e o diâmetro primiti- vo. 𝑃 = 𝑧 𝑑 Dedendo (b): distância radial entre o círculo de raiz e o círculo primitivo. 𝑏 = 1,25𝑚 Adendo (a): distância radial entre o círculo primitivo e o topo do dente 𝑎 = 𝑚 Folga (c): medida a qual o dedendo em uma engrenagem excede o adendo de sua engrenagem par. 𝑐 = 𝑏 − 𝑎 Ângulo de pressão: é o ângulo formado pela linha da ação da força e a per- pendicular que une os centros das engrenagens. Usualmente usado 20 ou 25º. Quanto ao perfil dos dentes de uma engrenagem, uma involuta (também chamada de envolvente) é a curva que corta todas tangentes de outra curva em dentes retos. Comumente encontrado nos perfis das engrenagens pois, satisfazendo o princípio da ação conjugada, permite um engrenamento em velocidade constante. 19 Engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais 2.3.2 Engrenagens helicoidais (Figura 8) são engrenagens que possuem dentes inclinados com relação ao seu eixo de rotação. Tais engrenagens podem sem empregadas no projeto com eixos paralelos, ortogonais ou reversos. Suas vantagens com relação às engrenagens de dentes retos são: baixo momento fletor com relação à raiz; operações mais silenciosas; carregamento suave; operações com velocidades elevadas; entre outros. No entanto, um ponto que pode pesar contra esse tipo de engrenagem no projeto é o fato de que com a inclinação com relação ao eixo de rotação, são geradas forças axiais, que imprimem a necessidade de mancais . Figura 8: Par de engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais. Fonte: http://www.bhumienterprises.net/spur-bevel-gear.html 20 Na figura acima (Figura 9) pode-se ver as principais características de uma engrena- gem helicoidal. Suas relações são: Ângulo de hélice (ψ): Geralmente assume os valores de 15°, 25°, 30° ou ainda 45°. Passo circular transversal (𝒑𝒕): Passo axial (𝐩𝐱): 𝑝𝑥 = 𝑝𝑡 𝑐𝑜𝑠(ψ) Passo circular normal (𝒑𝒏): Figura 9: Principais parâmetros de uma engrenagem cilíndrica de dentes helicoidais. Fonte: J. E. Shigley ; C.R. Mischke ; R. G. Budynas, Projeto de engenharia mecâni- ca,Porto Alegre: Bookman, 2005. 21 𝑝𝑛 = 𝑝𝑡 𝑐𝑜𝑠(ψ) Passo diametral normal (𝑷𝒏): Uma vez que 𝑃𝑛𝑝𝑛 = 𝜋, tem-se que: 𝑃𝑛 = 𝑃𝑡 cos (ψ) Ângulo de pressão normal (𝝋𝒏) e ângulo de pressão tangencial (𝝋𝒕): 𝑐𝑜𝑠(ψ) = tan (𝜑𝑛) tan (𝜑𝑡) Engrenagens cônicas 2.3.3 As engrenagens cônicas (Figura 10) são empregadas para transmitir o movimento en- tre eixos concorrentes. Embora o usual seja que os eixos sejam perpendiculares entre si, as engrenagens cônicas podem ser usadas em projetos os quais o ângulo entre eixos seja diferen- te de 90°. A terminologia inerente às engrenagens cônicas está exemplificada na figura abai- xo: De acordo com [2] para o cálculo de passo circular e passo diametral de uma engre- nagem cônica, pode-se realizar os mesmos procedimentos que utilizaríamos ao calcular essas grandezas em uma engrenagem cilíndrica de dentes retos. Figura 10: Principais parâmetros de um par de engrenagens cônicas. Fonte: Shigley's Mechanical Engineering Design, Budynas, R.G., Nisbett J.K., 9th ed. McGraw-Hill, 2011. http://slideplayer.com.br/slide/2264095/ 22 O ângulo primitivo do pinhão (γ) e o ângulo primitivo da coroa (Γ) são determinados através de uma simples razão envolvendo o número de dentes da coroa (𝑁𝑔) e o número de dentes do pinhão (𝑁𝑝) da seguinte maneira: tan 𝛾 = 𝑁𝑝 𝑁𝑔 ⁄ tan Γ = 𝑁𝑔 𝑁𝑝 ⁄ 23 3 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA MECÂNICA Engrenagens; polias; correias; entre outros são apenas meios que por si só não realizam a transmissão de torque e potência. Para que tal ocorra, é necessário de um mecanismo que através de jogos de engenagens, combinações polia-correia e/ou pinhão- corrente, faça com que o fluxo de potência siga o caminho adequado. Abaixo estão listados os mais importantes e destacados meios de transmissão de potência entre a unidade motriz e o diferencial que são encontrados em automóveis nos dias de hoje. Claramente existem outros, mas como o escopo deste trabalho não é a descrição de todas as maneiras de transmissão de potência, foram escolhidos apenas alguns mais importantes. 3.1. Transmissão manual Assíncrona 3.3.1 A transmissão assíncrona, mais conhecida como transmissão manual, ou ainda transmissão em H é um mecanismo de variação escalonado de velocidades desenvolvido primeiramente para dar ao condutor a possibilidade de optar manualmente, atravésde alavancas por maior ou menor velocidade ou torque em função das condições e carga do veículo e do terreno em que ele trafega, para que assim, obtenha uma maior eficiencia em relação ao consumo de combustível e tempo gasto. Este sistema é composto de quatro componentes principais: disco de embreagem; eixo do motor; eixo do diferencial; eixo secundário, que possui engrenagens livres; e o mecanismo de seleção das marchas, que constitui-se de (trambulador, eixos seletores e garfos de seleção). A marcha desejada é escolhida através da uma alavanca que, ao acionar o trambulador, faz com que o garfo, que por sua vez está fixo no eixo, mova o anel sincronizador para frente ou para trás. O anel sincronizador, que cede parte de seu nome a esse modo de transmissão, por sua vez, tem a função de igualar a velocidade de dois pares de engrenagens para que haja o perfeito encaixe sem causar solavancos e/ou choques, possibilitando a troca de marcha suavemente. 24 A potência flui do motor para a caixa de transmissão através do eixo do motor. Na extremidade do eixo do motor, tem-se uma engrenagem que está em contato direto com uma engrenagem no eixo secundário. Hipoteticamente falando de uma caixa de marchas de 5 velocidades, terá-se outras 5 engrenagens no eixo secundário e o eixo que leva a potência ao diferencial terá mais 4 engrenagens. Com as associações entre as engrenagens montadas no eixo secundário e as engrenagens do eixo do diferencial, terá-se as configurações possíveis para a variação de velocidade como se observa na imagem abaixo (Figura 11). Sequencial 3.3.2 Na transmissão manual sequencial, tem-se um mecanismo muitíssimo semelhante à transmissão manual assíncrona. Apesar disso, é pouco observada nos autmóveis de passeio a não ser nas maior parte parte das motocicletas, além de carros de turismo e outros veículos de alta performance. Figura 11: Fluxo de potência em um câmbio manual de 4 velocidades. Fonte: https://www.artofmanliness.com/articles/gearhead-101-understanding- manual-transmission/ https://www.artofmanliness.com/2017/04/05/gearhead-101-understanding-manual-transmission/ 25 O funcionamento deste modo de transmissão usa de muitos elementos da caixa de marchas assíncrona, como número de eixos e garfos de seleção. As principais diferenças são a presença de engrenagens de garras (dog clutches) no lugar dos anéis sincronizadores e o uso de um trambulador sequencial (Figura 12) que nada mais é do que um mecanismo que consiste de um cilindro com “raias” onde os garfos selecionadores são montados. O mesmo trambulador contem, em uma de suas extremidades um conjunto de pinos, que através do movimento empregado pelo condutor (para frente ou para trás) são selecionados pelas garras, que por sua vez, estão relacionadas com a alavanca, assim, selecionando a marcha desejada. 3.2. Transmissão automática 3.2.1 CVT A transmissão continuamente variada (ou CVT, sigla em inglês) é um tipo de transmissão dita automática, muito versátil que funciona através do engrenamento de duas polias (ou ainda toros ou cones) através de correntes ou correias podendo trabalhar em uma gama infinita de relações de transmissão (Figura 13). Figura 12: Trambulador de um câmbio sequencial. Fonte: http://eng.cnc-macho.com/aktuality/sequential-barrel-of- subaru-r4 http://eng.cnc-macho.com/aktuality/sequential-barrel-of-subaru-r4 26 O CVT que emprega polias, daí o nome pelo qual é conhecido: CVT por polias expansivas ou ainda VDP (sigla em inglês para polias de diâmetro variável), funciona –em termos gerais- da seguinte maneira: a movimentação no sentido do eixo de cada parte bipartida de cada polia faz com que o raio da correia sofra um decréscimo, caso haja um afastamento entre os hemisférios. No caso de aproximação entre as metades, o resultado será um aumento do raio da correia. Quando tem-se a aproximação das partes bipartidas de uma polia, na polia conjugada se observará o afastamento, o que permitirá a denominada variação de velocidade contínua dentro da faixa de valores estabelecida no projeto, que nomeia o sistema. O CVT Toroidal é um fruto da montagem de por discos e roletes, no qual a potência é transmitida através do movimento de revolução dos discos, onde um é o disco de entrada e outro é o disco de saída do sistema. A montagem é feita com os roletes sendo “assentados” dentro do lado côncavo formado pela justaposição dos dois discos um de frente para o outro, sem se tocarem, no entanto. Uma representação da disposição é dada na figura abaixo. Já por sua vez, a figura 14 explica de uma maneira visual como as diferentes configurações de posição dos roletes influenciam a velocidade angular do disco –e, por Figura 13: Funcionamento de um câmbio CVT de polias. Fonte: https://global.yamaha-motor.com/about/technology/spread/003 Figura 14: Funcionamento de um câmbio CVT toroidal. Fonte: https://www.slideshare.net/ZOTTY/cvt-22405389 27 consequência- do eixo de saída, com relação ao disco/eixo de entrada. Caso tenhamos uma configuração onde as faces de ambos os roletes estejam paralelas entre si, ou seja, caso os “diâmetros de contato”, assim por se dizer sejam os mesmos, terá-se uma relação de transmissão 1:1. No caso de os roletes estarem arranjados de um modo a promoverem um maior diâmetro de contato no disco de entrada do que nos de saída, terá-se uma marcha rápida. Consequentemente, caso tenhamos um diâmetro de contato maior no disco de saída do que o observado no disco de entrada, terá-se uma marcha lenta. Outro mecanismo de transmissão variável de velocidade, o CVT cônico, ou ainda CVT de fricção faz uso de dois cones idênticos montados no mesmo sentido, mas com direções opostas e correias ou correntes como interface entre os cones. Tais elementos de transmissão são responsáveis pela variação de diâmetro entre os cones de acordo com a posição a qual eles se encontram. A figura 15 demonstra de maneira visual o funcionamento do CVT cônico. Utilizada principalmente em veículos de pequeno porte como motocicletas, motos aquáticas, carrinhos de golfe, entre outros, possui como maiores vantagens o melhor controle de rotação do que em uma transmissão convencional, além de possuir troca de marchas suaves, eliminando os trancos e choques entre velocidades. No entanto seus maiores defeitos são: Alto custo de manutenção e limitado à veículos de baixo torque devido ao risco de escorregamento. Figura 15: Representação de um CVT cônico. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=MhFK5gfAGpM 28 3.2.2. Dupla embreagem O Sistema de dupla embreagem (DCT – Dual clutch transmission) é um sistema eletronicamente controlado de troca de marchas que faz uso de múltiplos eixos, bem como sistemas hidráulicos de engrenamento por atrito (Figura 16) para atingir a suas premissas, que são: economia de combustível e trocas de marchas extremamente rápidas, beirando os 60 milissegundos. [3] Ao longo da história, múltiplos fabricantes de automóveis e empresas especializadas em caixas de transmissão desenvolveram múltiplos arranjos para transmissões de dupla embreagem. No entanto uma em especial, a PDK – Porsche Doppelkupplung- se destacou no mercado por sua confiabilidade e será usada como modelo aqui para exemplificação do mecanismo de um modo geral. Em linhas gerais, uma transmissão DCT nada mais é do que duas subtransmissões “manuais” que trabalham de maneira conjunta, sendo engrenadas, quando requisitadas por um sistema de controle (neste caso, a ECU), através de um sistema de discos de fricção. Como o nome pode vir a sugerir, este sistema conta com duas embreagens, i.e. dois sistemas de discos de fricção que de maneira independente um do outro,um para as marchas ímpares e outro para as marchas pares, regulam dois eixos diferentes posicionados concenctricamente com um eixo macicço e outro vazado. Quandouma embreagem está acionada, ou seja, quando os discos de fricção estão, de fato, atritando uns contra os outros, faz com o seu respectivo eixo esteja em acionamento. Figura 16: Conjunto de discos de fricção. Fonte: https://www.amazon.ca/Rivera-Primo-Clutch-Brute-2048-0053/dp/B00M9MRAAK https://www.ridersdiscount.com/rivera-primo-replacement-clutch-pack-for-brute-iv-3-inch-belt-drive-for-harley-204444 29 Deste modo, quando uma marcha (por exemplo, a terceira) está em uso, tanto a quarta quando a segunda, ou ainda a sexta –caso a caixa de marcha possua- já estão pré- selecionadas. O que vai determinar qual das duas será usada é a leitura dos parâmetros feito pelo sistema eletrohidráulico através da abertura do câmbio de borboleta; rotação do motor; pressão no cilindro-mestre; entre outros para interpretar se o carro está acelerando ou freando e se precisa aumentar ou reduzir a marcha do veículo (Figura 17). Figura 17: Fluxo de potência em uma transmissão de dupla embreagem. Fonte: https://www.autoevolution.com/news/update-on-the-porsche-panamera-5099.html 30 4. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO VEÍCULO 4.1. Dimensões e COG A tabela abaixo introduz as grandezas físicas do protótipo de 2017 da equipe Miner- va eRacing bem como massa do veículo e relações dimensionais com base no centro de gravi- dade do veículo Vale ressaltar que a figura acima (Figura 18) se relaciona com a tabela acima (Tabela 1) da seguinte maneira: HCoG é a grandeza referente à altura do centro de gravidade; EE é a grandeza relativa à distancia entre-eixos; CoG-ED é relativa à distância do centro de gravida- de com o eixo dianteiro; e CoG-ET é relativa à distância do centro de gravidade com o eixo traseiro. Tabela 1: Especificações do protótipo de 2017 da Minerva eRacing Figura 18: Representação do protótipo de 2017. Fonte: Equipe Minerva eRacing 31 O pneu empregado no carro é o modelo da Michelin 16/55 R13 (S310 modelo slick e P310 modelo de chuva). Tais pneus possuem como medidas: banda de rodagem de 216 mm; perfil de 114,48 mm; e um diâmetro externo de 534 mm quando completamente cheio. 4.2. Especificações do motor e curvas O motor utilizado pela equipe é um motor elétrico de indução trifásico da fabricante brasileira WEG e um modelo especial desenvolvido exclusivamente para equipes de Formula SAE Elétrico, com 𝑷𝒐𝒕𝒏𝒐𝒎𝒊𝒏𝒂𝒍 = 𝟔 𝒌𝑾 @ 𝟒𝟒𝟎𝟎 𝒓𝒑𝒎. Outras características do motor, além da curva torque x rotação e potência x rotação se encontram abaixo (Figuras 19 e 20). Figura 19: Especificações técnicas da unidade motriz. Fonte: WEG S.A Figura 20: Curvas Torque x Rotação e Potência x Rotação. Fonte: WEG S.A 32 O desenho técnico com as respectivas cotas e dimensões do motor já montado em sua carcaça encontram-se anexado ao fim do projeto. 33 5. DIMENSIONAMENTO E SELEÇÃO DE COMPONENTES 5.1. Definição do torque máximo Para calcular o torque máximo a ser enviado às rodas, foi imaginada uma situação extrema, onde o protótipo estaria em uma ladeira com uma inclinação média de 45 graus de aclive, e de acordo com o equilíbrio de forças e momentos nos eixos X e Y, teríamos o torque máximo que precisaria estar sendo entregue às rodas traseiras (Figura 21). Vale ressaltar que para todos as análises, o piso empregado foi o asfalto. A figura abaixo explica de uma maneira visual de como foi feito o cálculo: Legenda: HCoG: Altura do centro de gravidade CoG - ET: Distância do centro de gravidade para o eixo traseiro CoG - ED: Distância do centro de gravidade para o eixo dianteiro EE: Distância entre-eixos De uma maneira a facilitar a compreensão da metodologia empregada e manter as expressões as mais claras possíveis, serão feitas as seguintes mudanças de constantes: Figura 21: Representação das reações ao protótipo subir um aclive. Fonte: Autoria própria. 34 𝐻𝐶𝑜𝐺 → 𝐻 𝐶𝑜𝐺 − 𝐸𝑇 → 𝐴 𝐶𝑜𝐺 − 𝐸𝐷 → 𝐵 Dando prosseguimento com os cálculos, foi obtido: ∑ 𝐹𝑥 = 0 ∶ 𝐹𝑎𝑡𝐷 + 𝐹𝑎𝑡𝑇 = 𝑃𝑠𝑒𝑛(𝜃) [𝑒𝑞. 1] ∑ 𝐹𝑦 = 0 ∶ 𝑁𝐷 + 𝑁𝑇 = 𝑃𝑐𝑜𝑠(𝜃) [𝑒𝑞. 2] ∑ 𝑀𝐴 = 0 ∶ 𝑁𝑇 . 𝐸𝐸 = 𝑃(𝐵𝑐𝑜𝑠(𝜃) + 𝐻𝑠𝑒𝑛(𝜃)) [𝑒𝑞. 3] Aplicando as equações 1 e 2 na equação 3, são obtidas as seguintes expressões: 𝑵𝑫 = 𝒎. 𝒈 [(𝑬𝑬 − 𝑩) 𝐜𝐨𝐬(𝜽) − 𝑯𝒔𝒆𝒏(𝜽)] 𝑬𝑬 𝑵𝑻 = 𝒎. 𝒈 [𝑩 𝐜𝐨𝐬(𝜽) + 𝑯𝒔𝒆𝒏(𝜽)] 𝑬𝑬 Onde, rearranjando os termos, é obtida a seguinte expressão para a força trativa total mínima necessária: 𝑭𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑴. 𝒂 + 𝑵𝑫. 𝝁 + 𝑵𝑻 . 𝝁 + 𝑭𝑹 Sendo 𝝁 o coeficiente de atrito e o solo, considerado, nesse caso, 0.6. E 𝑭𝑹 a força de resistência ao rolamento. Segundo [4] uma alternativa ao cálculo da força de tração necessária é dada pela so- ma das forças associada à eventuais perdas como se segue: 𝑭𝑹: Força de resistência ao rolamento, causada pela deformação dos pneus e pela adesão entre a borracha e o solo. 35 𝑭𝑨: Força de resistência aerodinâmica. 𝑭𝑮: Força de resistência devido à inclinação da pista. 𝝁: Coeficiente de atrito cinético entre o pneu e a pista Onde: 𝑭𝑹 = 𝑴 𝐜𝐨𝐬(𝜽) . 𝟎, 𝟎𝟏𝟑 (𝟏 + 𝑽 𝟏𝟎𝟎 ) 𝑭𝑮 = 𝑴 𝐬𝐞𝐧(𝜽) 𝑭𝑹 = 𝟏 𝟐 𝛒. 𝑽𝟐. 𝑪𝑫. 𝑨 E: 𝑴: Massa do veículo 𝑽: Velocidade final desejada 𝝆: Massa especifica do fluido 𝑪𝑫: Coeficiente do arrasto do veículo 𝑭𝒂: Área frontal do veículo Entretanto, pensa-se ser uma estratégia mais conservadora levar em conta, também, o atrito entre os pneus e o solo, visto que se estima que a interface solo-borracha é responsável por em média 40-50% do desempenho de um veículo. Deste modo: 𝑭𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑴. 𝒂 + 𝑭𝑅 + 𝑭𝑨 + 𝑭𝑮 + 𝑵𝑫. 𝝁 + 𝑵𝑻 . 𝝁 Escolhendo um estudo de caso onde desejamos que nosso carro, numa situa- ção limite, precise subir uma ladeira de 45 graus de aclive, partindo de uma velocidade inicial zero até 20 km/h em 15 segundos. Terá-se os seguintes valores: 𝑭𝑹 = 𝟑, 𝟒𝟐 𝑵 𝑭𝑮 = 𝟐𝟏𝟗, 𝟐𝟎 𝑵 𝑭𝑹 = 𝟖, 𝟒𝟑 𝑵 36 𝑭𝒂𝒕𝑻 = 𝟖𝟕𝟕, 𝟓𝟓 𝑵 𝑭𝒂𝒕𝑫 = 𝟒𝟏𝟐, 𝟗𝟑 𝑵 𝑭𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝟖𝟔𝟏, 𝟗𝟓 𝑵 Para o nosso caso, foram utilizados os seguintes valores: 𝝁 = 𝟎, 𝟔; 𝑪𝒅 = 𝟎, 𝟕𝟏; 𝑨 = 𝟎, 𝟔𝟓 𝒎²; e 𝝆 = 𝟏, 𝟐 𝒌𝒈/𝒎³. Como tem-se uma roda de 13 polegadas de diâmetro, o raio efetivo é de 165,1mm o que multiplicando pela 𝑭𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 nos dá um torque 𝑻𝑻𝒓𝒂𝒔𝒆𝒊𝒓𝒐 de 142,31 N.m. O diferencial utilizado pela equipe é um modelo usado no VW Gol que possui uma relação de transmissão de 4:1. Assim, a caixa de marcha precisa entregar ao diferencial na situação estudada, um torque quatro vezes menor que o torque 𝑻𝑻𝒓𝒂𝒔𝒆𝒊𝒓𝒐, ou seja, o termo 𝑻𝑫𝒊𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂𝒍 é igual a 35,57 N.m. 5.2. Escolha do sistema de variação de velocidades Para o projeto, foi escolhido um mecanismo de transmissão modelo dupla- embreagem. Este modelo consiste basicamente de dois eixos concêntricos, sendo um maciço e o outro vazado onde ambos estão conectados diretamente, seja por chaveta ou por estrias ao sistema de embreagem. Um simples esquema cinemático da transmissão proposta segue abai- xo (Figura 22). Figura 22: Esquema cinemático para a transmissão proposta Fonte: Autoria própria 37 O sistema de embreagem proposto é um mecanismo que conta com dois sistemas de engrenamentos por discos de fricção, sendo um referente às marchas ímpares (eixo maciço) e outro solidário à transmissão de potência para as marchas pares (eixo vazado). O acionamento do sistema de fricção é feito através de uma bomba hidráulica com um sistema de válvula direcional, que distribui o fluxo de óleo de acordo com a marcha a ser ativada. Tal sistema é controlado computacionalmente através de um micro controlador Arduino que faz a leitura da velocidaderotacional do eixo de saída e de acordo com o output, decide qual conjunto de dis- cos de fricção acionar para que a marcha desejada seja empregada. Ainda sobre o sistema de embreagem, cada eixo conta com seu próprio sistema de mola de retorno para garantir que caso apenas haja engrenamentos dos discos, caso haja fluxo de óleo. Caso este mesmo fluxo não exista, um colar de molas irá fazer com que a interface disco-atuador não esteja em contato e, com isso, a potência não seja transmitida para o eixo correspondente. Vale ressaltar que para uma melhor visualização do sistema como um todo, a seção dos anexos possui, logo como primeiro desenho, um desenho de conjunto em escala 1:1 ex- plicitando o sistema como um todo e apontando cada elemento que o compõe. Tal seção con- tem, ainda, os desenhos técnicos de cada elemento assinalado no desenho de conjunto supraci- tado. Este sistema conta com a vantagem de ser muito semelhante ao projeto de caixa de marchas manuais em H, o que é um ponto positivo se for considerado a quantidade de biblio- grafia e material de consulta disponível em comparação com outros modelos de transmissão, como a Lepelletier ou Ravigneaux. Por sua vez, a troca de marcha se dará pela leitura da velocidade de saída por um conjunto de sensores e microcontrolador, que ao julgar necessária uma troca de marcha, acio- nará um solenoide para sua posição avante ou a ré para que o sistema de sincronização faça o que dele se espera e promova o acoplamento da engrenagem movida desejada com o eixo de saída. 38 5.3. Determinação do diâmetro mínimo dos eixos Para o desenvolvimento do cálculo dos diâmetros mínimos dos eixos de entrada, fo- ram empregadas as teorias do critério de falha de Von Mises, conhecida por teoria da máxima energia de distorção (TMED) e do critério de Soderberg, pois se trata de uma teoria mais con- servadora segundo [2]. Para que fosse conferida leveza ao sistema e baixa inércia, o material designado para os eixos foi a liga de alumínio Al-7075-T6, cujas propriedades são: Limite de resistência à tração (𝑺𝒖𝒕): 524 MPa Limite de escoamento (𝑺𝒚): 462 MPa Como o critério desenvolvido por Richard Von Mises estabelece que a deformação ocorre quando os componentes de tensão atuante em um corpo ultrapassam o limite de esco- amento do material componente deste mesmo corpo, este critério é largamente aplicável a materiais dúcteis, como os aços e ligas. Para o cálculo usando TMED, a seguinte formula foi empregada: 𝑺𝒎𝒂𝒙 = √𝑺𝒂² + 𝟑. 𝑺𝒎² ≤ 𝑺𝒚 𝑭𝑺 Onde, 𝑺𝒂 = 𝟑𝟐. 𝑴 𝝅. 𝒅𝟑 𝒆 𝑺𝒎 = 𝟏𝟔. 𝑻 𝝅. 𝒅³ , 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒊𝒙𝒐𝒔 𝒎𝒂𝒄𝒊ç𝒐𝒔 𝑺𝒂 = 𝟑𝟐. 𝑴. 𝒅𝒆 𝝅. (𝒅𝒆 𝟒 − 𝒅𝒊 𝟒) 𝒆 𝑺𝒎 = 𝟏𝟔. 𝑻. 𝒅𝒆 𝝅. (𝒅𝒆 𝟒 − 𝒅𝒊 𝟒) , 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒆𝒊𝒙𝒐𝒔 𝒗𝒂𝒛𝒂𝒅𝒐𝒔 O fator de segurança escolhido para o dimensionamento foi: 𝑭𝑺 = 𝟒 O cálculo de 𝑺𝒆, limite de resistência a fadiga no local crítico, é feito da seguinte maneira: 39 𝑺𝒆 = 𝒌𝒂. 𝒌𝒃. 𝒌𝒄. 𝒌𝒅. 𝒌𝒆. 𝒌𝒇. 𝑺′𝒆 Onde: Fator de acabamento superficial: 𝑲𝒂 = 𝒂. 𝑺𝒖𝒕 𝒃 Fator de tamanho: 𝑲𝒃 = 𝟏, 𝟐𝟒. 𝒅 −𝟎,𝟏𝟎𝟕 𝒔𝒆 𝟐, 𝟕𝟗 < 𝒅 < 𝟓𝟏 𝒎𝒎 = 𝟏, 𝟓𝟏. 𝒅−𝟎,𝟏𝟓𝟕 𝒔𝒆 𝟓𝟏 < 𝒅 < 𝟐𝟓𝟒 𝒎𝒎 Fator de carregamento: 𝑲𝒄 = 𝟏, 𝒔𝒆 𝒇𝒍𝒆𝒙ã𝒐 = 𝟎, 𝟖𝟓, 𝒔𝒆 𝒂𝒙𝒊𝒂𝒍 = 𝟎, 𝟓𝟗, 𝒔𝒆 𝒕𝒐𝒓çã𝒐 Fator de temperatura: 𝑲𝒅 = 𝟏, 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝑻 < 𝟑𝟓𝟎 °𝑪 Fator de confiabilidade: 𝑲𝒆 = 𝟎, 𝟖𝟏𝟒, 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒇𝒊𝒂𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝟗𝟗 % Fator de efeitos diversos: 𝑲𝒇 = 𝟐 𝟏+ 𝑺′𝒆 𝑺𝒖𝒕 Limite de resistência à fadiga do corpo de prova: 𝑺′𝒆 = 𝟕𝟒𝟎, 𝒔𝒆 𝑺𝒖𝒕 > 𝟏𝟒𝟔𝟎 𝑴𝑷𝒂 = 𝟎, 𝟓. 𝑺𝒖𝒕, 𝒔𝒆 𝑺𝒖𝒕 < 𝟏𝟒𝟔𝟎 𝑴𝑷𝒂 Substituindo os valores, foi obtido um 𝑺𝒆 = 𝟐𝟔𝟕 𝑴𝑷𝒂. De acordo com o fabricante do motor, o torque nominal a ser entregue pelo motor é de 13 N.m e, de acordo com os diagramas de esforços, no eixo maciço, o maior momento pos- sível foi de 22,53 N.m, portanto, substituindo os valores nas equações referentes à teoria de Von Mises, tem-se que: 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒎𝒂𝒄𝒊ç𝒐 = 𝟐𝟑, 𝟔 𝒎𝒎 40 Para o eixo vazado, isto é, o eixo referente às marchas pares, como possuímos uma condição geométrica para tal de que o diâmetro interno deverá ser no mínimo igual ao diâme- tro externo rolamento exterior ao eixo maciço, uma vez que eles são concêntricos, partimos de um diâmetro interno de 42 mm para que se pudesse encontrar o diâmetro externo mínimo. Substituindo os valores no critério de Von Mises, foi encontrada a seguinte medida para o diâmetro externo: 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒗𝒂𝒛𝒂𝒅𝒐 = 𝟒𝟓, 𝟕 𝒎𝒎 Para o caso da teoria de Soderberg, foi usada a seguinte formula: 𝑺𝒂 𝑺𝒆 + 𝑺𝒎 𝑺𝒚 ≤ 𝟏 𝑭𝑺 Empregando os valores de 𝑺𝒂 e 𝑺𝒎 discutidos acima para os eixos vazado e maciço, foi encontrado: 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒎𝒂𝒄𝒊ç𝒐 = 𝟏𝟔, 𝟐 𝒎𝒎 De maneira análoga ao cálculo dos diâmetros mínimos para o TMED, o ponto de partida para o cálculo para o eixo vazado foi a escolha do diâmetro interno. Nesse caso, o di- âmetro escolhido foi 46 mm. O que nos forneceu 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒗𝒂𝒛𝒂𝒅𝒐 = 𝟒𝟓, 𝟑 𝒎𝒎 Vale ressaltar que todos os diagramas de esforços necessários ao dimensionamento de ambos os eixos estão anexados neste mesmo projeto. Por sua vez, o projeto do diâmetro mínimo para o eixo de saída é, em muitos aspectos, similar ao projeto do eixo das marchas ímpares, devido ao fato de se tratarem de dois eixos maciços. Assim, as únicas diferenças será o momento máximo admissível devido às posições dos apoios (i.e., rolamentos). Logo, de acordo com os diagramas de esforços em anexo, o maior momento para o eixo de saída foi de 𝑴𝒂 = 𝟐𝟏, 𝟕𝟒 𝑵. 𝒎. 41 Desta maneira, pela teoria da máxima energia de distorção (TMED), o diâme- tro mínimo para o eixo de saída é de: 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒆𝒊𝒙𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒂í𝒅𝒂 = 𝟐𝟗, 𝟑 𝒎𝒎 Seguindo a linha de raciocínio proposta, foi calculado, também, o diâmetro mí- nimo seguinte a teoria de falha de Soderberg, que nos forneceu aproximadamente: 𝒅𝒎𝒊𝒏𝒆𝒊𝒙𝒐 𝒅𝒆 𝒔𝒂í𝒅𝒂 = 𝟐𝟎, 𝟒 𝒎𝒎 Como verá-se adiante, o diâmetro mínimo do eixo de saída na região dos sin- cronizadores precisa ser de no mínimo 31,25 mm, pois esse é o valor referente ao diâmetro do eixo para o sincronizador comercial proposto. Portanto, o valor nominal de 30 mm atende os requisitos de projeto. 5.4. Projeto das engrenagens Para o projeto em questão serão selecionadas engrenagens de dentes retos devido à facilidade de fabricação e proximidade com as caixas de marcha manuais encontradas em motocicletas comerciais, onde tais engrenagens possuirão ângulo de pressão igual a 20º. Com isso, segundo recomendação da AGMA o número mínimo de dentes do pinhão é de 18. As relações de transmissão escolhidas foram determinadas com o intuito principal de o protótipo possuir um alto torque na primeira marcha devido ao fato de a competição de Formula SAE prezar muito mais por rápidas retomadas e acelerações do que velocidade final, propriamente dita. Além disso, foi de desejo ter a terceira marcha com uma relação de trans- missão de 1:1 (direct drive). Tabela 2: Relação de transmissão 42 Segundo (DIAS, 2011, p.32-33) é possível à construção de um gráfico para nos auxi- liar no entendimento de quais velocidades final do carro terá-se para as escolhas de relação de marcha escolhida. De acordo com a referência acima, pode-se usar as seguintes formulas para o cálculo: 𝒗𝒎𝒂𝒙 = 𝒏𝒎𝒂𝒙. 𝒓𝒓 𝒊𝒎. 𝒊𝒅𝒊𝒇 . 𝟎, 𝟑𝟕𝟕 𝒏𝒕𝒓𝒐𝒄𝒂 = 𝒏𝒎𝒂𝒙.𝒊𝒎 𝒊𝒎−𝟏 Onde, essas fórmulas nos forneceram os seguintes dados de saída para cada marcha: Desta forma, foi possível criar um gráfico que relaciona a velocidade atual do carro; rotação atual do motor; a redução da rotação devido à troca; e em qual marcha o carro se en-contra. O gráfico abaixo (Figura 23), chamado de gráfico dente-de-serra, relaciona as dife- rentes marchas (linhas partindo da origem) quando acionadas com a rotação máxima que po- dem atingir e, por conseguinte, a velocidade máxima que o carro desenvolverá quando com o par de engrenagens correspondente acionado. Além disso, o gráfico também nos exibe, em qual rotação do motor a troca de marcha deverá ser feita (linhas constantes no eixo as abscis- sas), além disso, é válido ressaltar que a área entre as linhas tracejadas é tida como a área de torque máximo do motor operando em regime nominal. Tabela 3: Velocidade do veículo de acordo com a marcha e rotação de troca. 43 Depois de algumas iterações foi escolhido o número de dentes do pinhão: 𝒛𝒑𝟏 = 𝟑𝟎 𝒛𝒑𝟐 = 𝟒𝟎 𝒛𝒑𝟑 = 𝟒𝟓 𝒛𝒑𝟒 = 𝟓𝟓 Que, com a relação de transmissão escolhida, nos forneceu para a coroa: 𝒛𝒄𝟏 = 𝟔𝟎 Figura 23: Gráfico dente-de-serra para troca de marcha. Fonte: Autoria própria. 44 𝒛𝒄𝟐 = 𝟓𝟐 𝒛𝒄𝟑 = 𝟒𝟓 𝒛𝒄𝟒 = 𝟑𝟓 A velocidade de rotação do eixo maciço para esta etapa foi considerada o torque má- ximo de saída do motor elétrico em um regime constante (𝟏𝟑 𝑵. 𝒎). Com isso, para o eixo de saída: 𝑻𝒔𝒂í𝒅𝒂 = 𝑻𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂. 𝒊 Como, através dos dados obtidos pela curva característica do motor, tem-se uma ro- tação 𝒏 = 𝟒𝟒𝟎𝟎 𝑹𝑷𝑴 @ 𝟏𝟑 𝑵. 𝒎, tem-se que: 𝑻𝒔𝒂í𝒅𝒂 = 𝑻𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂. 𝒊 O que acabou nos fornecendo a seguinte tabela: Tabela 4: Rotação de cada marcha. Tabela 5: Torque de saída de acordo com a marcha selecionada. 45 Para material das engrenagens foi escolhido o Aço AISI 1020 cementado a 915ºC por 8 horas, reaquecido a 775ºC, temperado em agua, seguido de revenimento a 175º C. Este tratamento confere ao aço escolhido, que além de ser um aço com boa usinabilidade e preço competitivo as seguintes características: Tensão de ruptura: 𝑆𝑢𝑡 = 521 𝑀𝑃𝑎 Tensão de escoamento: 𝑆𝑦 = 302 𝑀𝑃𝑎 Dureza Brinnel: 𝐻𝐵 = 156 Vale ressaltar que a engrenagem possuirá acabamento retificado. Segundo [5] largura da face de uma engrenagem deverá respeitar o seguinte interva- lo: 9. 𝑚 < 𝐹 < 12. 𝑚 Onde m é o módulo da engrenagem e F é a largura da face da mesma. Despois de al- gumas iterações foram escolhidos o modulo e largura da face como se encontra a seguir: 𝑚 = 2 𝑚𝑚 𝐹 = 18 𝑚𝑚 Com esses valores iniciais propostos, foi feito o dimensionamento das engrenagens de acordo com [2] e, também, com o critério de tensão da AGMA de falha por fadiga e de desgaste superficial. 5.4.1 Critério de tensões AGMA Para esta análise foi determinado um fator de segurança que estivesse entre 3 e 5 conforme [2], assim: 𝐹𝑆 = 4 Inicialmente, é calculada a tensão admissível: 46 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝑆𝑦 𝐹𝑆 = 115,5 𝑀𝑃𝑎 Os diâmetros primitivos foram encontrados usando a seguinte fórmula: 𝑑𝑝 = 𝑚. 𝑧 Como para a modelagem proposta, está sendo considerado o torque máximo possí- vel, tem-se que a rotação máxima do eixo de entrada é de 4400 RPM, qualquer que seja o eixo em questão (vazado ou maciço). Assim, foi calculada a velocidade linear de cada engrena- gem. 𝑣𝑝 = 𝜋. 𝑑𝑝. 𝑛𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 60 𝑣𝑐 = 𝜋. 𝑑𝑐 . 𝑛𝑠𝑎í𝑑𝑎 60 Obviamente por estar em contato, a velocidade linear de cada par de engrenagens deveria ser igual. Tabela 6: Diâmetros primitivos dos pinhões e coroas. Tabela 7: Velocidades para cada marcha. 47 Com as velocidades lineares em mãos, pode-se calcular a força tangencial que cada par de engrenagens suporta com a seguinte formula: 𝑾𝒕 = 𝑷 𝒗 , 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑷 ≅ 𝟔𝒌𝑾 @ 𝟒𝟓𝟎𝟎 𝑹𝑷𝑴 É preciso realizar o cálculo do fator dinâmico para engrenagens, que, segundo a AGMA, para unidades do SI, e para uma engrenagem de perfil rebarbado ou retificado, deve- se usar a seguinte formula: 𝒌𝒗 = √ 𝟓,𝟓𝟔+√𝒗 𝟓,𝟓𝟔 Assim, foi confeccionada a tabela acima. O fator J da AGMA foi obtido através da interpolação dos valores encontrados na imagem abaixo (Figura 24). Com isso, pôde ser obtida a tensão AGMA com a formula, tam- bem a seguir. Tabela 9: Fator dinâmico para cada marcha. Tabela 8: Força tangencial em cada engrenagem. 48 𝝈𝑨𝑮𝑴𝑨 = 𝑾𝒕 𝑲𝒗.𝑭.𝒎.𝑱 O que, com os dados obtidos de passos anteriores, nos forneceu a seguinte tabela: Em posse das tensões atuantes, foi possível o cálculo dos fatores de segurança, onde, o menor fator de segurança de todos foi: 𝑭𝑺𝑨𝑮𝑴𝑨𝟏 = 𝑺𝒚 𝝈𝑨𝑮𝑴𝑨𝟏 = 𝟏𝟎𝟐𝟎 𝟐𝟐, 𝟑𝟔 ≅ 𝟒𝟓, 𝟔𝟐 5.4.2 Falha por flexão da engrenagem O cálculo para o limite de resistência à fadiga dos dentes é feito através da formula a seguir: Tabela 10: Fator J e tensão AGMA. Figura 24: Fator de forma da AGMA. Fonte: Notas de aula de Elementos de Máquinas II - UFRJ 49 𝝈 = 𝑾𝒕. 𝑲𝟎. 𝑲𝒗. 𝑲𝒔. 𝟏 𝑭. 𝒎 . 𝑲𝒎. 𝑲𝑩 𝑱 Onde os índices, coeficientes e condições empregadas são: Força tangencial (𝑾𝒕): Retirada do item anterior Fator de sobrecarga (𝑲𝟎): Retirado da tabela abaixo (Figura 25) 𝑲𝟎 = 𝟏, 𝟑𝟓 Fator dinâmico para engrenagens (𝑲𝒗): Retirada do item anterior Fator de tamanho (𝑲𝒔): 𝑲𝒔 = 𝟏 Módulo (𝒎) Largura da face (𝑭) Fator de distribuição de carga (𝑲𝒎): 𝑲𝒎 = 𝟏 + 𝑪𝒎𝒄(𝑪𝒑𝒇. 𝑪𝒑𝒎 + 𝑪𝒎𝒂 + 𝑪𝒆) 𝑪𝒎𝒄 = 𝟏 (𝑫𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒔𝒆𝒎 𝒄𝒐𝒓𝒐𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐) 𝑪𝒑𝒇 = 𝑭 𝟏𝟎. 𝒅 − 𝟎, 𝟎𝟐𝟓, (𝑭 ≤ 𝟐𝟓, 𝟒 𝒎𝒎) 𝑪𝒑𝒎 = 𝟏 𝑪𝒆 = 𝟏 𝑪𝒎𝒂 = 𝑨 + 𝑩𝑭 + 𝑪𝑭 𝟐, 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝑨; 𝑩; 𝒆 𝑪 𝒗ê𝒎 𝒅𝒂 𝒕𝒂𝒃𝒆𝒍𝒂 𝒂𝒃𝒂𝒊𝒙𝒐 (𝑭𝒊𝒈𝒖𝒓𝒂 𝟐𝟔): Figura 25: Fator de sobrecarga. Fonte: Elementos de máquinas de Shigley, Budynas, R.G., Nisbett J.K., 8ª ed. McGraw-Hill, 2011. 50 Com todos esses dados em mãos, é feito o cálculo da tensão de flexão da engrena- gem, a tabela com os dados obtidos segue: A conferência do fator de segurança é feito do seguinte modo: 𝑭𝑺 = 𝑺𝒕.𝒀𝑵 𝑲𝑻.𝑲𝑹.𝝈𝑭 Tabela 11: Tensão de flexão dos pinhões e das coroas. Figura 26: Constantes empíricas A, B e C. Fonte: Elementos de máquinas de Shigley, Budynas, R.G., Nisbett J.K., 8ª ed. McGraw-Hill, 2011. Figura 27: Fator de ciclagem de tensão. Fonte: Elementos de máquinas de Shigley, Budynas, R.G., Nisbett J.K., 8ª ed. McGraw-Hill, 2011. 51 Onde: Resistencia à Flexão (𝑺𝒕): 𝑺𝒕 = 𝟏𝟕𝟐, 𝟒 𝑴𝑷𝒂 Fator de ciclagem de tensão (𝒀𝑵 ) (Figura 27): Para o caso de 𝟏𝟎𝟕 ciclos, 𝒀𝑵 ≅ 𝟏, 𝟒. Fator de Temperatura (𝑲𝑻): 𝑲𝑻 = 𝟏, 𝒔𝒆 𝑻 ≤ 𝟏𝟐𝟏 °𝐂. Fator de confiabilidade (𝑲𝑹): 𝑲𝑹 = 𝟏, 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒄𝒐𝒏𝒇𝒊𝒂𝒃𝒊𝒍𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝟗𝟗%. Assim, o fator de segurança para cada par de engrenagens nos forneceu: Mais à frente, quando for feito a mesma conferencia para a falha por fadiga superfi- cial (desgaste) será feita a comparação dos fatores de segurança para todas marchas e, assim, poderão ser tomadas conclusões sobre qual parâmetro é o preponderante para o projeto das engrenagens. 5.4.3 Falha por fadiga superficial Segundo [2] o cálculo para o desgaste em engrenagens e feito da seguinte maneira: 𝛔𝐂 = 𝒁𝑬 (𝑾𝒕. 𝑲𝟎. 𝑲𝒗. 𝑲𝒔. 𝑲𝑯 𝒅𝒑. 𝑭 . 𝟏 𝑰 ) 𝟏/𝟐 Tabela 12: Fatores de segurança dos pinhões e das coroas. 52 Coeficiente elástico (𝒁𝑬) (Figura 28): No caso analisado. 𝒁𝑬 = √𝟏𝟗𝟏 𝑴𝑷𝒂𝟏/𝟐 Força tangencial (𝑾𝒕) Fator de sobrecarga (𝑲𝟎): Retirado do item anterior Fator dinâmico para engrenagens (𝑲𝒗): Retirado do item anterior Fator de tamanho (𝑲𝒔): Retirado do item anterior Passo diametral (𝑷𝒅) Largura da face (𝑭) Fator de distribuição de carga (𝑲𝑯): Retirado do item anterior Fator geométrico (𝑰): 𝑰 = 𝒄𝒐𝒔𝜽.𝒔𝒆𝒏𝜽 𝟐.𝒎 . 𝒎 𝒎−𝟏 = 𝟎, 𝟏𝟔𝟎𝟕 𝒎𝒎−𝟏 A conferência do fator de segurança é feita do seguinte modo: Tabela 13: Tensão para as coroas e para os pinhões. Figura 28: Módulo
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