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Resumo informativo sobre hanseníase causada por Mycobacterium leprae

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
Núcleo de Estudos em Infecções e Complicações Relacionadas 
à Assistência à Saúde – NEICAS 
Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
1 de 7 
RESUMO INFORMATIVO SOBRE HANSENÍASE CAUSADA POR MYCOBACTERIUM LEPRAE1 
Desenvolvido por: Cosme Rezende Laurindo, Sarah Lamas Vidal, Thayenne Barrozo Mota Monteiro | Em: 19/11/2016 
Atualizado por: Cosme Rezende Laurindo (cosmelaurindo@outlook.com) | Em: 13/01/2023 
SUSPEIÇÃO DIAGNÓSTICA: MANCHAS E SINAIS DE ALERTA 
Manchas hipocrômicas ou 
avermelhadas na pele 
Perda/diminuição da sensibilidade de 
mancha(s) na pele (ferimentos acidentais) 
Dormência e/ou 
formigamento de mãos/pés 
Edema ou nódulos na face 
ou nos lóbulos auriculares 
Dor ou hipersensibilidade em nervos Diminuição de força 
muscular 
 
HISTÓRICA CLÍNICA FRENTE À SUSPEITAÇÃO DIAGNÓSTICA (ENTREVISTA E EXAME FÍSICO) 
Olhos: inspecionar os olhos, verificado a existência 
de nódulos, infiltrações, secreção, vermelhidão 
(hiperemia), ausência de pelos (madarose), cílios 
invertidos (triquíase), eversão (ectrópio) e 
incapacidade total ou parcial da pálpebra se fechar 
(lagoftalmia), pupilas de tamanhos diferentes 
(anisiocóricas), opacidade da córnea. 
Nariz: registrar dificuldade para respirar, 
ressecamento, sangramento, comprometimento da 
cartilagem nasal. A mucosa deve ser examinada, 
verificando se há alteração na cor, na umidade, e se 
há crostas, atrofias, infiltração ou úlceras. 
Mãos e braços: verificar a existência de 
ressecamento, calosidades, fissuras, ferimentos, 
cicatrizes, atrofias musculares e reabsorções 
ósseas (perda de uma ou mais falanges dos dedos, 
ou parte de uma delas), ressecamento e 
formigamento nas mãos, fraqueza nos braços, 
derrubando objetos com frequência. 
Pés e pernas: sentir dor intensa nas pernas e 
tornozelos, ressecamento intenso e formigamento 
nos pés, sensação de fraqueza nas pernas, 
tropeçando com frequência ou perdendo o chinelo 
sem perceber. 
 
CRITÉRIOS DE CONFIRMAÇÃO DE CASO 
O diagnóstico se dá por meio do exame clínico e epidemiológico 
Um OU mais dos seguintes critérios, conhecidos como sinais cardinais da hanseníase: 
1) Lesão(ões) e/ou áreas(s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; 
2) Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; 
3) Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele. 
 
SINAIS E SINTOMAS DERMATOLÓGICOS 
Máculas (manchas) pigmentares ou discrômicas: resultam da ausência, diminuição ou aumento de 
melanina na pele. 
Placa eritematosa favolar: lesão com bordos internos bem definidos, área central aparentemente 
poupada, bordos externos espraiados, infiltrados e imprecisos. 
Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência dos sulcos, limites 
imprecisos, acompanhando-se, às vezes, de eritema discreto. 
Pápula: lesão sólida da pele, elevada, com menos de 1 cm de diâmetro. 
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho. É processo patológico que 
localiza-se na epiderme, derme e/ou hipoderme. 
Hansenomas: pápulas e nódulos cutâneos, assintomáticos e de consistência firme. 
 
SINAIS E SINTOMAS NEUROLÓGICOS 
Neuropatia periférica2: Tuberculoide = mononeuropatia ou mononeurite múltipla (nervos ulnar e fibular 
comum); Virchowiana = polineuropatia; Dimorfa = mononeurite assimétrica, podendo evoluir para 
polineuropatia 
Neurite: inflamação do nervo, sendo “dano neural” a avaria à estrutura ou à função do nervo. Pode ser 
aguda ou silenciosa. 
Dor neuropática: parestesias, disestesias, hiperestesia e alodínia ao longo dos nervos periféricos e no 
território por eles inervado. Pode ser aguda (perda sensorial) ou crônica (formigação/formigamento). 
 
 
1 Apesar do M. lepromatosis ter sido reconhecido como um agente etiológico da doença, os estudos ainda são escassos, carecendo de investigações 
adicionais para que seja abordado adequadamente. 
2 O padrão de apresentação depende da resposta imune. 
mailto:cosmelaurindo@outlook.com
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
Núcleo de Estudos em Infecções e Complicações Relacionadas 
à Assistência à Saúde – NEICAS 
Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
2 de 7 
OS PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DA NEURITE NA HANSENÍASE 
Dor e espessamento no trajeto dos nervos periféricos; 
Alteração da sensibilidade na área de correspondência dos nervos periféricos comprometidos; 
Alteração da força ou tônus muscular na área de correspondência dos nervos periféricos comprometidos. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA HANSENÍASE 
Forma inicial - discretas manifestações clínicas Forma clínica interpolar e instável 
Forma Indeterminada (PB) 
Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas 
hipocrômicas e/ou eritemo-hipocrômicas, com ou 
sem diminuição da sudorese (hipoidrose) e 
rarefação de pelos. 
Não há comprometimento de nervos, não ocorrendo 
problemas motores. 
Via de regra a baciloscopia é negativa. 
Forma Dimorfa (MB) 
Lesões cutâneas de número variável, acometendo 
diversas áreas, podendo se apresentar como 
manchas ou placas hipocrômicas, castanhadas ou 
violáceas. Predomínio do aspecto infiltrativo. 
Principalmente "lesões foveolares". 
Comprometimento dos nervos periféricos 
geralmente múltiplo e assimétrico, muitas vezes 
com espessamento, dor e choque à palpação. 
Polos estáveis e opostos da doença 
Forma Tuberculoide (PB) 
multiplicação bacilar limitada / baciloscopia não detectável 
Placas eritematosas, podendo ter centro 
hipocrômico. Geralmente lesão cutânea única, 
podendo chegar até 5 lesões, bem delimitadas, hipo 
ou anestésicas. 
Comum comprometimento da função das glândulas 
sudoríparas (hipo ou anidrose) e dos folículos 
pilosos (diminuição de pelos). 
Comprometimento dos nervos é mais precoce, 
localizado (apenas um tronco nervoso acometido) e 
intenso, com apresentação de “sinal da raquete” 
(espessamento dos filetes nervosos superficiais da 
pele adjacente às placas). 
Forma Virchowiana (MB) 
multiplicação bacilar intensa / baciloscopia detectável 
Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de 
pele infiltradas e de bordas mal definidas, 
tubérculos e nódulos, madarose, lesões das 
mucosas, com alteração de sensibilidade 
(espessamento difuso de nervos). 
Com a progressão, surgem hansenomas. 
Além das lesões dermatológicas e das mucosas, 
ocorrem também lesões viscerais e queixas 
neurológicas. 
Forma atípica - em média, 10% dos casos, podendo estar subestimado 
Hanseníase neural pura (ou neurítica primária) 
Apresentação clínica exclusivamente neural, sem lesões cutâneas e com baciloscopia negativa. 
Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas no 
território do nervo3. 
Os pacientes com suspeita dessa forma clínica da hanseníase devem ser encaminhados para 
investigação em unidades de atenção especializada. 
 
 
 
3 Há certa concordância entre os estudos de que os nervos ulnares sejam os mais frequentemente acometidos na hanseníase, embora qualquer 
nervo periférico possa ser afetado. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
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Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
3 de 7 
EXAME NEUROLÓGICO 
MEMBROS SUPERIORES 
PALPAÇÃO DE NERVOS 
Ulnar: Cotovelo a 90º, a mão da pessoa apoiada na mão do examinador, palpar ao nível da goteira 
epitrocleana. 
Mediano: Fazer percussão com as polpas dos dedos na face anterior do antebraço, ao longo do trajeto 
do nervo mediano. 
Radial: Palpar ao nível de torção do úmero, no terço médio do braço com o cotovelo em flexão. 
AVALIAÇÃO DA FORÇAMUSCULAR 
Abdutor do quinto dedo (ulnar) Abdutor do polegar (mediano) Extensor do punho (radial) 
MEMBROS INFERIORES 
Fibular Comum: Palpar o nervo na face posterior da fibula, na junção entre sua cabeça e o corpo. 
Tibial: Palpar o nervo atrás e logo abaixo do maléolo medial da tibia. 
Sural: 
AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR 
Extensor do hálux (fibular comum) Dorsiflexão do pé (fibular comum) 
ALTERAÇÕES DE SENSIBILIDADE 
 
 
Aplicar os monofilamentos de 0,05 g (verde) e 0,2 (azul) em cada ponto específico por três vezes, 
e para os demais filamentos aplicar apenas uma vez. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
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Núcleo de Estudos em Infecções e Complicações Relacionadas 
à Assistência à Saúde – NEICAS 
Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
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AS ÁREAS ONDE AS LESÕES OCORREM COM MAIOR FREQUÊNCIA SÃO: 
Face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas, mas elas podem ocorrer, também, na mucosa nasal. 
 
DEFORMIDADES E INCAPACIDADES 
FACE: A maioria são decorrentes de ação do bacilo diretamente sobre as estruturas desta região. 
Questionar quanto a queixas: dor; hiperemia; ardência; prurido; alteração de sensibilidade 
 
 
NARIZ 
A mucosa nasal é um dos locais preferidos do bacilo. 
Comprometimento de fibras do SNA > ↓ produção de muco > Ressecamento. 
Infiltrações > ↑ Secreção nasal > Remoção de secreção e crostas > Ferimentos/úlceras 
> Infecção > Perfuração da cartilagem septal. 
 
 
 
 
 
OLHOS 
Madarose superciliar: por lesão dos bulbos pilosos; 
Madarose ciliar: nas bordas das pálpebras, ocorre pelo ataque do bacilo aos bulbos 
pilosos; 
Triquíase: Crescimento dos cílios em direção à córnea, por conta da alteração da posição 
dos bulbos devido ao processo inflamatório. 
Lagoftalmo: causado quando atinge o ramo zigomático do nervo facial, que inerva os 
músculos orbiculares. Incapacidade de fechar os olhos. 
Ectrópio: Eversão da margem palpebral. 
Redução ou perda da sensibilidade da córnea, Opacidade da córnea, Redução da 
acuidade visual, e Opacidade do cristalino (catarata): são causadas por lesões no nervo 
trigêmeo. 
MEMBROS SUPERIORES: 
 
Alterações 
Motoras 
Nervo ulnar: Garra, Sinal de Froment (Instabilidade da pinça do polegar com o segundo 
dedo), Atrofia do primeiro espaço interósseo. 
Nervo mediano: Perda da oponência do polegar. 
Nervo radial: Flexão de dedos e punhos (mão caída). 
Alterações 
Autonômicas 
Redução da secreções sebáceas e sudoríparas, com isso a pele se torna seca, inelástica 
e com facilidade de ocorrer fissuras. 
MEMBROS INFERIORES: 
 
Alterações 
Motoras 
Nervo fibular comum: Redução ou perda da dorsiflexão do pé (causando o pé caído) e 
perda da extensão dos dedos. 
Nervo tibial: Perda do sinergismo entre os músculos flexores e extensores dos dedos, 
adquirindo postura de garra. 
Alterações 
Autonômicas 
Disfunção das glândulas sudoríparas com consequente ressecamento dos pés, o que 
promove rachaduras e calosidades. 
 
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
O impacto psicológico do diagnóstico pode ser grave e levar à depressão e até mesmo ao suicídio ou à sua 
tentativa, impactando na vida social e profissional. Os próprios profissionais de saúde podem reproduzir o 
comportamento aversivo e gerar barreiras para o atendimento. 
Suporte psicossocial: envolvendo uma rede que trabalha com o usuário no sentido de abordar 
sentimentos, emoções, pensamentos, crenças, comportamentos e relacionamentos associados ao 
diagnóstico e ao processo contínuo de viver com a hanseníase. 
Reabilitação psicossocial: ações articuladas com o território, o fortalecimento, a inclusão e o exercício de 
direitos de cidadania pelos pacientes e seus familiares. 
Estigma: se desenvolveu ao longo de muitos anos de superstições e enganos, estabelecendo 
discriminação e exclusão social. 
Discriminação: tratamento injusto ou negativo praticado em relação a uma pessoa ou grupo. 
Instrumentos para avaliar os impactos psicossociais da hanseníase: a) Escala de Estigma para Pessoas 
Acometidas pela Hanseníase (EMIC-AP) e b) Escala de Participação. 
Intervenções em nível coletivo: Apoio de pares e grupos. 
Prevenção de incapacidades físicas: conjunto de ações que englobam: o diagnóstico precoce, o 
tratamento e acompanhamento das reações hansênicas e da função neural, ações para promoção do 
autocuidado, fisioterapia e cirurgia (preventiva e reabilitadora), tratamento de úlceras, acesso a OPM, 
dentre outras. 
Reabilitação física: a partir das necessidades particulares de cada indivíduo, com vistas a promover e 
garantir melhor adaptação, qualidade de vida e autonomia. 
 
https://www.nhrbrasil.org.br/images/Guia-de-Aplicao-das-Escalas-de-Estigma.pdf
https://www.nhrbrasil.org.br/images/Guia-de-Aplicao-das-Escalas-de-Estigma.pdf
https://central.to.gov.br/download/101537
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
Núcleo de Estudos em Infecções e Complicações Relacionadas 
à Assistência à Saúde – NEICAS 
Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
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TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
Poliquimioterapia Única – PQT-U (associação rifampicina + dapsona + clofazimina) 
PAUCIBACILAR 
casos com uma a cinco lesões cutâneas E 
baciloscopia obrigatoriamente negativa E, NO 
BRASIL, até um nervo periférico 
comprometido4 
Interromper após administração de 06 doses 
mensais supervisionadas em até 09 meses 
MULTIBACILAR 
casos com mais de cinco lesões de pele E/OU 
baciloscopia positiva OU mais de um nervo 
periférico comprometido (evidência de 
consenso) 
Interromper após administração de 12 doses 
mensais supervisionadas em até 18 meses 
ADULTOS OU 
CRIANÇAS 
> 50KG 
PQT-U Adulto 
Dose mensal supervisionada: Rifampicina 600mg, Clofazimina 300mg, Dapsona 
100mg 
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg, Dapsona 100mg 
ADULTOS OU 
CRIANÇAS 
30KG a 50KG 
 
PQT-U Infantil 
Dose mensal supervisionada: Rifampicina 450mg, Clofazimina 150mg, Dapsona 
50mg 
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg (dias alternados), Dapsona 50mg 
CRIANÇAS 
< 30KG 
Adaptação da PQT-U Infantil 
Dose mensal supervisionada: Rifampicina 10mg/kg de peso, Clofazimina 6mg/kg de 
peso, Dapsona 2mg/kg de peso 
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 1mg/kg de peso/dia5, Dapsona 2mg/kg 
de peso/dia 
Na dose supervisionada, os doentes devem ser submetidos ao exame dermatológico, à avaliação 
neurológica simplificada e do grau de incapacidade física para receber alta por cura 
Os doentes MB que, excepcionalmente, não apresentarem melhora clínica, com presença de lesões ativas 
da doença, no final do tratamento preconizado de 12 doses (cartelas), devem ser encaminhados para 
avaliação em serviço de referência para verificar a conduta mais adequada para o caso 
 
DIFERENÇAS CLÍNICAS ENTRE REAÇÃO E RECIDIVA NA HANSENÍASE 
CARACTERÍSTICAS REAÇÃO 
RECIDIVA 
Casos tratados regularmente que receberam 
alta por cura e que voltam a apresentar 
novos sinais e sintomas clínicos de doença 
infecciosa ativa. Geralmente ocorrem em 
período superior a cinco anos após alta por 
cura. 
Período de 
ocorrência 
Frequente durante a PQT-U e/ou 
menos frequente no período de dois a 
três anos após término do tratamento 
Em geral, período superior a cinco 
anos após término da PQT-U 
Surgimento Súbito e inesperado Lento e insidioso 
Lesões antigas 
Algumas ou todas podem se tornar 
eritematosas, brilhantes, intumescidas 
e infiltradas 
Geralmente imperceptíveis 
Lesões recentes Em geral, múltiplas Poucas 
Ulceração Pode ocorrer Raramente ocorre 
Regressão Presença de descamação Ausência de descamação 
Comprometimento 
neural 
Muitos nervos podem ser rapidamente 
envolvidos ocorrendo dor e alterações 
sensitivo-motoras 
Poucos nervos podem ser envolvidos 
com alterações sensitivo-motoras de 
evolução mais lenta 
Resposta a 
medicamentos 
antirreacionais 
Excelente Não pronunciada 
 
 
4 Desde que tenham sido avaliadosem unidades de saúde que contem com profissionais experientes no cuidado em hanseníase, os quais muitas 
vezes embasam essa decisão na avaliação clínica especializada e em exames complementares, como baciloscopia e biópsia cutânea. Os casos 
que suscitem dúvida sobre a classificação operacional devem ser tratados como MB. 
5 A administração diária de clofazimina é dificultada, tendo em vista a sua disponibilidade apenas em cápsulas de 50 e 100mg. Desse modo, 
recomenda-se calcular a dose semanal e dividi-la em duas ou três tomadas. Por exemplo: uma criança com 15kg deverá receber 105mg de 
clofazimina ao longo de sete dias (1mg/kg x 15kg x 7 dias = 105mg), podendo receber uma cápsula de 50mg duas vezes por semana. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
Núcleo de Estudos em Infecções e Complicações Relacionadas 
à Assistência à Saúde – NEICAS 
Líder do grupo: Profa. Dra. Angélica da Conceição Oliveira Coelho 
6 de 7 
TRATAMENTO DE REAÇÕES HANSÊNICAS 
Se disponível, solicitar exames laboratoriais a partir da avaliação de necessidade: hemograma 
completo, TGO, TGP e creatinina 
REAÇÃO TIPO 1 OU REAÇÃO 
REVERSA: 
mais precoce (2º a 6º mês de tto) 
aparecimento de novas lesões 
dermatológicas (manchas ou placas), 
infiltrações, alterações de cor (eritemato-
vinhosa) e edema nas lesões antigas, com 
ou sem espessamento e dor de nervos 
periféricos (neurite - acompanhada por 
comprometimento das funções sensitivas, 
motoras e/ou autonômicas) 
MB ou PB 
hipersensibilidade celular / sinais e sintomas 
mais restritos 
Prednisona a 1 mg/kg/dia, com redução gradual ou 
dexametasona 0,15 mg/ kg/dia em casos de doentes hipertensos 
ou cardiopatas, conforme avaliação clínica. 
Tratar neurite associando antidepressivo tricíclico em dose baixa 
(amitriptilina 25 mg/dia) com clorpromazina 5 gotas (5 mg) duas 
vezes ao dia, ou a carbamazepina 200 a 400 mg por dia. A dose 
de amitriptilina pode chegar a 75 mg por dia e a de clorpromazina 
até 50 mg por dia, em aumentos graduais. 
No início da corticoterapia, fazer a profilaxia da estrongiloidíase 
disseminada (albendazol 400mg/dia, dose única diária, por três 
dias consecutivos, ou, ainda, ivermectina em dose única de 
200mcg/kg). 
REAÇÃO TIPO 2 OU ERITEMA 
NODOSO HANSÊNICO (ENH): 
aparecimento de nódulos subcutâneos 
dolorosos, acompanhados ou não de 
manifestações sistêmicas como: febre, 
artralgias, mialgias, dor óssea, edema 
periférico e linfadenomegalia, além do 
comprometimento inflamatório dos nervos 
periféricos (neurite), olhos (irite, episclerite), 
testículos (orquite) e rins (nefrite) 
Exclusivamente MB 
Agudo: menos de seis meses com tto eficaz 
e retirada progressiva de medicamentos não 
associada à recorrência de lesões 
Recorrente: pelo menos um 2º episódio de 
ENH até ou após 28 dias da interrupção do 
tto antirreacional 
Crônico: perduram por mais de seis meses 
ou periódos de remissão inferiores a 28 dias. 
síndrome mediada por imunocomplexos / 
quadro sistêmico 
A talidomida (≥ 18 anos) é o medicamento de escolha na dose 
de 100 a 400 mg/dia, conforme a gravidade do quadro. Na 
impossibilidade do seu uso prescrever prednisona na dose de 1 
mg/kg peso/dia, ou dexametasona na dose equivalente. 
Na associação de talidomida e corticoide, usar AAS 100 mg/dia 
como profilaxia para tromboembolismo. 
Em crianças deve ser feito com clofazimina, na dose de 1,5 a 
2mg/kg, três vezes ao dia no primeiro mês, 1,5 a 2mg/kg, duas 
vezes ao dia no segundo mês e 1,5 a 2mg/kg, uma vez ao dia no 
terceiro mês, não ultrapassando a dose máxima diária de 300mg. 
INDICAÇÕES DA 
CORTICOTERAPIA NOS CASOS 
DE REAÇÃO TIPO 2 (ENH) 
Em casos de contraindicações da talidomida (ex: gravidez); 
Para presença de lesões oculares reacionais, com manifestações 
de hiperemia conjuntival com ou sem dor, embaçamento visual, 
acompanhadas ou não de manifestações cutâneas; 
Para edema inflamatório de mãos e pés (mãos e pés reacionais); 
Para glomerulonefrite, orquiepididimite, artrite, vasculites, eritema 
nodoso necrotizante e neurite. 
ESQUEMA TERAPÊUTICO 
SUBSTITUTIVO PARA REAÇÃO 
TIPO 2 
Pentoxifilina (≥ 18 anos) na dose de 1.200 mg/dia, dividida em 
doses de 400 mg de 8/8 horas, após alimentação, associada ou 
não ao corticosteroide. Iniciar com a dose de 400 mg/dia, com 
aumento de 400 mg a cada semana, no total de três semanas. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO DAS 
NEURITES 
Este tratamento é indicado depois de esgotados todos os 
recursos clínicos para reduzir a compressão do nervo periférico 
por estruturas anatômicas constritivas próxima, reduzindo a 
necessidade de altas doses de corticosteroides. 
DOR NEURAL NÃO 
CONTROLADA 
Em geral, devem-se associar antidepressivos tricíclicos com 
neurolépticos e/ou anticonvulsivantes, pelo sinergismo de ação. 
ESQUEMA DE 2ª LINHA NA 
FALHA TERAPÊUTICA Devido às especificidades, deve-se fazer a leitura dos esquemas 
no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase de 
2022 do Ministério da Saúde. 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
DE 2ª LINHA NA DETECÇÃO DE 
M. LEPRAE RESISTENTE 
 
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7 de 7 
PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS DO TRATAMENTO DA HANSENÍASE E CONDUTAS 
Medicamento Efeitos Adversos Conduta 
Dapsona 
Reações alérgicas como avermelhamento 
da pele, coceira e descamação, 
principalmente na face e antebraços. 
Interrompa a medicação e envie para o 
serviço de referência. 
Falta de ar com cianose de extremidades 
(metemoglobinemia), febre e dor de 
garganta (agranulocitose), ou dor 
abdominal com fraqueza e taquicardia e 
mucosas conjuntivais descoradas 
(hemólise), provavelmente devido à 
intolerância a Dapsona. 
Deve-se coletar sangue para avaliar o 
hemograma, a função renal e as 
transaminases. Se confirmar hemólise e/ou 
hepatopatia/comprometimento renal, a 
Dapsona deverá ser retirada do esquema. 
Agranulocitose (febre, dor de garganta e 
glóbulos brancos muito baixos). 
Enviar urgentemente para o serviço de 
referência. 
Rifampicina 
Efeitos adversos são raros. Mais 
comumente, a urina pode apresentar uma 
coloração avermelhada algumas horas 
após a ingestão da medicação. 
Orientar e informar que é um efeito 
esperado. 
Em casos de urticária, que ocorre cerca de 
meia hora após a ingestão da dose 
supervisionada. 
Corticoides e anti-histamínicos podem ser 
prescritos. 
Alteração do funcionamento de 
anticoncepcionais hormonais orais. 
Devem ser substituídos e/ou coadjuvados 
pela adoção de métodos contraceptivos 
adicionais 
Clofazimina 
Pode causar um aumento da pigmentação 
da pele (“aspecto bronzeado”), além de 
potencial ressecamento da pele. 
Prescrever hidratantes e orientar o uso de 
protetor solar. Desaparece dentro de seis a 
12 meses após a interrupção da clofazimina, 
podendo perdurar por até 4 anos. 
Eventual caso de obstipação intestinal. 
Prescrever dieta laxativa, óleo mineral, ou 
laxantes leves. 
 
PROCEDIMENTOS APÓS O TÉRMINO DO TRATAMENTO 
Alta por cura 
Deve ser estabelecido segundo os critérios de regularidade ao tratamento: número 
de doses e tempo de tratamento, de acordo com cada esquema mencionado 
anteriormente, sempre com avaliação neurológica simplificada, avaliação do grau 
de incapacidade física e orientação para os cuidados pós-alta. 
Pacientes 
irregulares 
Deverão ser avaliados quanto à necessidade de reinício ou possibilidade de 
aproveitamento de doses anteriores. 
MB sem melhora 
clínica após 12 
doses 
Primeiramente reavaliar os contatos na busca de uma fonte não diagnosticada e 
só após encaminhar para serviço de referência e avaliar novo ciclo. Possíveis 
causas: reinfecção, insuficiência de tratamento, ou resistência medicamentosa. 
Reações ou 
deficiências 
sensitivomotoras 
e/ou incapacidades 
Deve-se monitorar e agendar acompanhamento de acordo com o caso. Deverá 
serorientado para retorno imediato à unidade de saúde, em caso de aparecimento 
de novas lesões de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos e/ ou 
piora da função sensitiva e/ou motora. 
Saída por 
“abandono” 
PB que não compareceram ao serviço de saúde por mais de três meses 
consecutivos OU MB por mais de seis meses consecutivos, a partir da data do 
último comparecimento. Deve-se ter esgotado as estratégias, além de somente a 
unidade de saúde responsávelo pelo acompanhamento poder dar este desfecho. 
 
 
REFERÊNCIAS 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Guia prático sobre a hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Guia de Vigilância em Saúde. 5. ed. rev. e atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_hanseniase.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_5ed_rev_atual.pdf
https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2022/hanseniase/pcdt-hans-2022_eletronica_isbn.pdf/view

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