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Considera-se como violência, para fins de notificação, “o uso intencional de força física ou do poder, real 
ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte 
ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou 
privação” (OMS, 2002). Ou seja, é qualquer conduta – ação ou omissão – de caráter intencional, que cause 
ou venha a causar dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, 
social, político, econômico ou patrimonial. 
A OMS estabelece uma tipologia de três grandes grupos segundo quem comete o ato violento: violência 
contra si mesmo (autoprovocada ou auto infligida); violência interpessoal (doméstica e comunitária); e 
violência coletiva (grupos políticos, organizações terroristas, milícias). 
A violência doméstica (VD) cria múltiplos agravos à saúde das mulheres e é um desafio para profissionais 
e para os sistemas de saúde. 
É o tipo mais comum de violência contra a mulher e resulta em sequelas nas esferas física, emocional, 
familiar e econômica, constituindo problema de saúde pública. Porém, a questão é tratada de maneira 
negligente pelos profissionais de saúde, o que contribui para sua invisibilidade. 
A Lei Maria da Penha trata especificamente da violência doméstica e familiar contra a mulher, e o Art. 7º 
enumera algumas das formas de violências que as mulheres podem sofrer. São elas, dentre outras, as 
violências física, psicológica, sexual ou patrimonial. 
A autoviolência configura outra forma de violência de notificação compulsória, sendo por essa razão 
também abordada neste texto. 
 
VIOLÊNCIA FÍSICA 
 
Ofensa à integridade ou saúde corporal através de agressões como socos, puxões de cabelos, 
estrangulamento, enforcamento. 
 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA 
 
É toda ação ou omissão que causa ou pretende a causar dano à auto-estima, à identidade ou ao 
desenvolvimento da pessoa: 
o Insultos constantes 
o Humilhação 
o Desvalorização 
o Chantagem 
o Isolamento de amigos e familiares 
o Ridicularização 
o Rechaço 
o Manipulação afetiva 
o Exploração 
o Negligência (atos de omissão a cuidados e proteção contra agravos evitáveis como situações de 
perigo, doenças, gravidez, alimentação, higiene, entre outros) 
o Ameaças 
o Privação arbitrária da liberdade (impedimento de trabalhar, estudar, cuidar da aparência pessoal, 
gerenciar o próprio dinheiro, brincar, etc.) 
 
 
OUTROS TIPOS DE VIOLÊNCIA 
Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
NÚCLEO DE 
VIGILÂNCIA 
EPIDEMIOLÓGICA 
HOSPITALAR 
 
 
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MORAL 
 
Ofensa à honra ou reputação de uma pessoa, através de atos como calúnia, difamação ou injuria. 
 
SEXUAL 
 
Relação sexual não desejada por meio de intimidação, coação, ameaça ou uso de força. 
Vide respectivo protocolo ‘Paciente vítima de violência sexual’ para maiores informações. 
 
PATRIMONIAL 
 
Retenção, subtração, destruição de objetos, intrumento de trabalho, documentos pessoais, bens, valores 
ou recursos econômicos diversos. 
 
AUTO VIOLÊNCIA 
 
O termo auto violência pode ser melhor compreendido como automutilação, ou seja, a lesão direta e 
deliberada do próprio corpo sem intenção de morrer (autolesão sem intenção suicida). 
 
ACOLHIMENTO 
 
O acolhimento da pessoa em situação de violência deve permear todos os locais e momentos do processo 
de produção do cuidado, diferenciando-se da tradicional triagem. O acolhimento representa a primeira 
etapa do atendimento e nele são fundamentais: ética, privacidade, confidencialidade e sigilo. A pessoa 
deverá ser acolhida em ambiente reservado assim que sinaliza o fato que a levou a procurar atendimento. 
Neste momento pode-se observar se existe a presença de alguma pessoa que possa coibir o relato (seja 
familiar ou profissional do serviço) e verificar a possibilidade de entrevista na presença de outro técnico ou 
sem o familiar. 
O acolhimento poderá ser feito pelo profissional que atendeu a paciente, seja ele da equipe de 
enfermagem, obstetrícia ou psicologia. 
Para fins de prioridade e encaminhamento, o profissional deverá confirmar o tempo decorrido entre a 
violência e a procura pelo atendimento. 
Dados como o tipo de agressão (física ou psicológica) e meio empregado (para verificação de uso de 
substância química ou acessórios que impossibilitasse a pessoa de resistir) deverão ser colhidos para 
melhor entendimento do cenário e consequente tomada de providências. 
Estas informações preliminares deverão ser registradas em boletim de emergência / prontuário para que a 
pessoa não necessite repetir várias vezes o fato ocorrido. Cabe aos profissionais informar sobre os 
procedimentos e medidas que serão realizadas. 
 
 
 
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NOTIFICAÇÃO DOS CASOS 
 
A Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011 inclui violência doméstica, sexual e/ou outras violências na lista 
de notificação compulsória (BRASIL, 2011b). 
 
A Portaria GM/MS nº 1.271, de 6 de junho de 2014, define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de 
doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território 
nacional. Nesta, a violência passa a ter notificação imediata (24 horas) para a Secretaria Municipal de 
Saúde. 
 
A Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de 
doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território 
nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências (BRASIL, 2014b). 
 
 
➢ A ideação suicida não é objeto de notificação, mas sinaliza a necessidade de ações necessárias 
para a atenção integral à saúde da mulher! 
 
➢ Tentativa de suicídio configura agravo de notificação imediata (24 horas). 
 
 
➢ A notificação deverá ser preenchida pelo profissional que atendeu a vítima de violência (médico, 
enfermeiro ou psicólogo) no momento do atendimento. 
 
➢ O formulário de notificação (Figuras 1 e 2) ficam disponíveis no setor de emergência, nos 
ambulatórios e na sala da Psicologia. A notificação deverá ser entregue para a Coordenação de 
Enfermagem da Emergência, deverá encaminhar para o Núcleo de Vigilância Epidemiológica 
Hospitalar da (NVEH) da ME/UFRJ, ou enviada diretamente ao NVEH. 
 
 
➢ A Ficha de Notificação Individual de Violência Interpessoal - Autoprovocada também pode ser 
acessada pelo link https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-ficha-de-
notificacao-violencia-sinan.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A NOTIFICAÇÃO É UM INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO 
E NÃO DE DENÚNCIA E PUNIÇÃO 
 
https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-ficha-de-notificacao-violencia-sinan.pdf
https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-ficha-de-notificacao-violencia-sinan.pdf
https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-ficha-de-notificacao-violencia-sinan.pdf
 
 
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FIGURA 1 FICHA DE NOTIFICAÇÃO (FRENTE) 
 
 
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➢ Importante ressaltar a presença da ára entitulada “Observações adicionais” na ficha de notificação, 
pois constitui ferramenta de grande ajuda para o preenchimento em caso de informações adicionais 
a serem relatadas, e principalmente quando houver dúvida a respeito do preenchimento de algum 
item (considera-se preferível descrever em campo de observação do que não relatar alguma 
informção que por alguma razão não se enquadre em outros itens, ou quando há dúvida sobre sua 
relevância). 
 
FIGURA 2 FICHA DE NOTIFICAÇÃO (VERSO) 
 
 
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LEITURA SUGERIDA 
 
- Quesada, Andrea Amaro Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio: orientações para 
educadores e profissionais da saúde / Andrea Amaro Quesada, Carlos Guilherme da Silva 
Figueiredo, Antônio Geraldo da Silva, RenataNayara da Silva Figueiredo, Karine da Silva 
Figueiredo e Isabella Sallum Guimarães; ilustrações: Rafael Limaverde. – Fortaleza: Fundação 
Demócrito Rocha, 2020. 124 p. : il. Color 
- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_prevencao_automutilacao_suicidio_orientaco
es_educadores_profissionais_saude.pdf 
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de 
Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Notificação de violências 
interpessoais e autoprovocadas [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância 
em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da 
Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 
- Lei Maria da Penha - Lei 11340/06 | Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 
2006_https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06 
- Manual para Atendimento às Vítimas de Violência na Rede de Saúde Pública do Distrito Federal/ 
Laurez Ferreira Vilela (coordenadora) – Brasília: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, 
2008 
- SOUZA, Angela Alves Correia de; CINTRA, Raquel Barbosa. Conflitos éticos e limitações do 
atendimento médico à mulher vítima de violência de gênero. Revista Bioética, Brasília, v. 26, n. 1, 
p. 77-86, jan./abr. 2018. 
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de 
Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Viva: instrutivo notificação de 
violência interpessoal e autoprovocada [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de 
Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e 
Promoção da Saúde. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 
- Instrutivo ficha de notificação de violência interpessoal e 
autoprovocada_https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-instrutivo-ficha-de-
notificacao-de-violencia-interpessoal-e-autoprovocada.pdf 
 
 
 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_prevencao_automutilacao_suicidio_orientacoes_educadores_profissionais_saude.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_prevencao_automutilacao_suicidio_orientacoes_educadores_profissionais_saude.pdf
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-instrutivo-ficha-de-notificacao-de-violencia-interpessoal-e-autoprovocada.pdf
https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14143250-instrutivo-ficha-de-notificacao-de-violencia-interpessoal-e-autoprovocada.pdf

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