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1 ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM RESIDÊNCIAS MULTIFAMILIARES OBJETIVANDO A RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO Tiago Cytryn Collett Solberg 2022 2 ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM RESIDÊNCIAS MULTIFAMILIARES OBJETIVANDO A RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO Tiago Cytryn Collett Solberg Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Assed Naked Haddad Coorientadora: Karoline Vieira Figueiredo Rio de Janeiro Fevereiro de 2022 3 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Assed Naked Haddad Coorientadora: Karoline Vieira Figueiredo Rio de Janeiro Fevereiro de 2022 Tiago Cytryn Collett Solberg 4 PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: Prof. Mohammad Najjar Prof. Orlando Celso Longo Prof. Bruno Barzellay Ferreira da Costa Profa. Karoline Vieira Figueiredo Coorientadora Prof. Assed Nakes Haddad Orientador RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL Fevereiro de 2022 5 Solberg, Tiago Cytryn Collett Análise da eficiência energética em residências multifamiliares objetivando a racionalização da construção/ Tiago Cytryn Collett Solberg – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2021. xiii, 79 p.:il.; 29,7 cm. Orientador: Assed Naked Haddad Coorientadora: Karoline Vieira Figueiredo Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2021. Referências Bibliográficas: p. 60 -64. 1.Building Information Modeling; 2.Eficiência energética; 3.Sustentabilidade nas construções; 4.Esquadrias I. Haddad, Assed Naked et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Engenheiro Civil 6 Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM RESIDÊNCIAS MULTIFAMILIARES OBJETIVANDO A RACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO Tiago Cytryn Collett Solberg Fevereiro de 2022 Orientador: Assed Naked Haddad Coorientadora: Karoline Vieira Figueiredo Atualmente, ao se construir uma nova edificação, buscam-se maneiras de se chegar à maior eficiência energética, seja para reduzir os gastos de seu uso ou por questões de sustentabilidade. Existem diferentes formas de atingir esse objetivo, e uma delas é através de maiores vãos de janela em sua fachada, permitindo mais entrada de luz natural no ambiente. Porém, revestir todo o entorno da construção em cortina de vidro, por exemplo, pode se tornar muito custoso, pois ao mesmo tempo em que há maior entrada de luz natural, ocorre também aumento no uso de controles de climatização, como ar-condicionado ou aquecedor. Esse trabalho pretende criar um roteiro simples para se testar diversas esquadrias na fachada e seus efeitos no consumo de energia a partir da iluminação e climatização. Foi modelado um edifício padrão, localizado na rua Castro Alves, Inhaúma, Rio de Janeiro. Portanto, a análise consistirá de clima quente e úmido. O estudo é pautado na metodologia de modelagem da informação da construção (BIM), onde foi utilizado o software Revit ®, em parceria com os plugins Green Building Studio ® e Insight ®, responsáveis pelas análises energéticas. Ao final do trabalho foi observado que no clima do Rio de Janeiro, quanto menos esquadria melhor, no sentido de eficiência energética. Há a necessidade, porém, de considerar os efeitos positivos das janelas no bem-estar dos ocupantes. Por fim, foi demonstrada a praticidade e eficiência de se realizar estudos prévios utilizando a metodologia BIM. Palavras-chave: Building Information Modeling; Eficiência energética; Sustentabilidade nas construções; Esquadrias. 7 ABSTRACT Nowadays, when building new construction, people search for new ways of reaching more energy efficiency, either for reducing usage costs or for sustainability reasons. There are different ways of reaching this goal, and one of them is through bigger window openings in its envelope, allowing for more light to enter its environment. However, covering the whole building’s envelope in glass, for example, may become too costly, for at the same time that there is more natural light entering the rooms, there’s also a rise in the usage of mechanical climatization, like air-conditioning or heating. This work intends to create a simple workflow to test different windows in the facade and their effects on the energy consumption for lighting and climatization. It was modeled a standard building, located at Castro Alves street, Inhaúma, Rio de Janeiro. Therefore, the analysis consists of hot and humid weather. The study is built upon the building information modeling (BIM) methodology, where the software Autodesk Revit® was used to create de model, paired with the plug-ins Autodesk Green Building Studio® and Autodesk Insight®, both responsible for the energy analysis. By the end of the work, it was noted that for Rio de Janeiro’s weather, it is better to avoid windows when only considering energy efficiency. However, there’s a need to consider the positive effects windows have on the well-being of their occupants. Finally, it was demonstrated the simplicity and efficiency of managing previous studies utilizing the BIM methodology. Keywords: Building Information Modeling; Energy efficiency; Buildings sustainability; Windows. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - ESTRUTURA DE ACV E APLICAÇÕES PRÁTICAS. ................................................................................................. 19 FIGURA 2 – FLUXOGRAMA PROPOSTO PARA ANÁLISES DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA UTILIZANDO BIM ........................................ 35 FIGURA 3 – PLANTA BAIXA DO PROJETO PADRÃO............................................................................................................. 38 FIGURA 4 – COMPOSIÇÃO DE UMA ALVENARIA NO AUTODESK REVIT ® ............................................................................... 39 FIGURA 5 – CORTE DE ESQUADRIA MODELADA NO AUTODESK REVIT ® ................................................................................ 40 FIGURA 6 – VISTA FRONTAL DE ESQUADRIA MODELADA NO AUTODESK REVIT ® .................................................................... 40 FIGURA 7 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO PROJETO ........................................................................................................ 42 FIGURA 8 – ORIENTAÇÃO DO NORTE VERDADEIRO DO PROJETO ......................................................................................... 43 FIGURA 9 – CRONOGRAMA DE OCUPAÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS MULTIFAMILIARES ................................................... 44 FIGURA 10 – CONFIGURAÇÕES DE ENERGIA AVANÇADAS NO AUTODESK REVIT ® ..................................................................45 FIGURA 11 – SUBDIVISÃO DOS ESPAÇOS EM PAVIMENTO TIPO NO AUTODESK REVIT ® ........................................................... 46 FIGURA 12 – ESTUDO SOLAR DA EDIFICAÇÃO NO AUTODESK REVIT ® .................................................................................. 47 FIGURA 13 – PAF DA FACHADA SUL E DIFERENTES OPÇÕES NO AUTODESK INSIGHT® ............................................................. 49 FIGURA 14 – DISTRIBUIÇÃO DO USO DE ELETRICIDADE ANUAL DE UM MODELO ..................................................................... 49 FIGURA 15 – SUGESTÕES DE ALTERNATIVAS PARA O MODELO ANALISADO ........................................................................... 50 FIGURA 16 – ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS NORTE E OESTE ......................... 64 FIGURA 17 – ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS OESTE E SUL ............................. 65 FIGURA 18 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS SUL E LESTE ............................... 65 FIGURA 19 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS LESTE E NORTE ........................... 66 FIGURA 20 – ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO AO MEIO-DIA FACHADAS NORTE E OESTE .................................. 66 FIGURA 21 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO AO MEIO-DIA FACHADAS OESTE E SUL ....................................... 67 FIGURA 22 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO AO MEIO-DIA FACHADAS SUL E LESTE ........................................ 67 FIGURA 23 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO AO MEIO-DIA FACHADAS LESTE E NORTE .................................... 68 FIGURA 24 – ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS NORTE E OESTE ......................... 68 FIGURA 25 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS OESTE E SUL .............................. 69 FIGURA 26 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS SUL E LESTE ............................... 69 FIGURA 27 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE VERÃO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS LESTE E NORTE ........................... 70 FIGURA 28 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS NORTE E OESTE ....................... 70 FIGURA 29 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS OESTE E SUL ........................... 71 FIGURA 30 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS SUL E LESTE ............................ 71 FIGURA 31 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 7:00 DA MANHÃ FACHADAS LESTE E NORTE ........................ 72 FIGURA 32 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO AO MEIO-DIA FACHADAS NORTE E OESTE ................................ 72 FIGURA 33 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO AO MEIO-DIA FACHADAS OESTE E SUL .................................... 73 FIGURA 34 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO AO MEIO-DIA FACHADAS SUL E LESTE ..................................... 73 FIGURA 35 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO AO MEIO-DIA FACHADAS LESTE E NORTE ................................. 74 FIGURA 36 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS NORTE E OESTE ...................... 74 FIGURA 37 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS OESTE E SUL ........................... 75 9 FIGURA 38 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS SUL E LESTE ............................ 75 FIGURA 39 - ESTUDO SOLAR DURANTE O SOLSTÍCIO DE INVERNO ÀS 17:00 DA TARDE FACHADAS LESTE E NORTE ....................... 76 Lista de Equações EQUAÇÃO 1 - CÁLCULO DA INTENSIDADE DO DESCONFORTO VISUAL .................................................................................... 21 Lista de Tabelas TABELA 1 – PROPRIEDADES DE ESQUADRIAS EM DIFERENTES CORES .................................................................................... 30 TABELA 2 – DIMENSÕES DAS ESQUADRIAS MODELADAS PARA O ESTUDO ............................................................................. 41 TABELA 3 – DADOS DO PROJETO UTILIZADOS NO MODELO DIGITAL DO EDIFÍCIO .................................................................... 44 TABELA 4 – DISTRIBUIÇÃO MENSAL DO USO ANUAL DE ENERGIA ......................................................................................... 53 TABELA 5 – CONSUMO E GASTO DE ENERGIA DE CADA MODELO ESTUDADO .......................................................................... 54 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 3D – Três Dimensões. 4D – Quatro Dimensões. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACH - Air Changes per Hour. ACV - Avaliação do Ciclo de Vida. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. ASCV - Avaliação social do ciclo de vida ASHRAE - American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers. BIM – Building Information Modeling. BREEAM - Building Research Establishment's Environmental Assessment Method CAD - Computer Aided Design. CCV - Custeio do Ciclo de Vida CUB – Custo Unitário Básico EPE – Empresa de Pesquisa de Energia GBS - Green Building Studio. GES – Government Economic Service GWh – Giga Watts hora HVAC – Heating, ventilation and air conditioning IFC - Industry Foundation Classes IPD – Integrated Project Delivery ISO - International Organization for Standardization. LED – Light Emitting Diode LEED – Leadership in Energy and Environmental Design LOD – Level of Development PAF – Percentual de abertura de fachada PIB – Produto Interno BrutoWR – Window to wall ratio 11 Sumário 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA.................................................................................... 12 1.2 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................................... 13 1.3 OBJETIVO ................................................................................................................... 14 1.4 ABORDAGEM E METODOLOGIA .......................................................................... 15 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 16 2.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO ............................................................ 16 2.2 TOMADA DE DECISÃO COM BASE EM MÚLTIPLOS CRITÉRIOS (TDMC) ... 23 2.3 MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO (BIM) ........................... 24 2.4 ESQUADRIAS ............................................................................................................. 29 3 METODOLOGIA E APRESENTAÇÃO DO MODELO ................................. 33 3.1 METODOLOGIA ......................................................................................................... 34 3.2 PROJETO DO EMPREENDIMENTO ........................................................................ 37 3.3 DETALHES DO EMPREENDIMENTO ..................................................................... 41 3.4 ESTUDO SOLAR ........................................................................................................ 46 3.5 ANÁLISES ................................................................................................................... 47 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 53 4.1 RESULTADOS ............................................................................................................ 53 4.2 DISCUSSÃO ................................................................................................................54 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 56 ● REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 59 ANEXO A – ESTUDOS SOLARES NO SOLSTÍCIO DE VERÃO ....................... 64 ANEXO B – ESTUDOS SOLARES NO SOLSTÍCIO DE INVERNO ................... 70 ANEXO C – TABELAS DAS BANDEIRAS DA CONTA DE LUZ ........................ 76 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA Atualmente, há uma corrida contra o tempo para se repensar a forma como se vive, buscando maior harmonia com a natureza e seus entornos, para que assim a vida possa se prolongar por muitos anos a vir. Em 2006, Sir Nicholas Stern, antigo líder do GES (Serviço de Economia do Governo Britânico), escreveu um relatório sobre a economia das mudanças climáticas, concluindo que para que os níveis de gás carbônico se estabilizassem, seria necessário reduzir a emissão para taxas 80% menores do que as vigentes na época. O custo dessa ação foi estimado em torno de 1% do PIB global por ano. Desde então, Stern revisou esses valores para 2% do PIB global, visto que as mudanças estão acontecendo mais rápido que o previsto. Caso nenhuma ação fosse tomada, o custo poderia variar desde 5% até 20% ao ano, precisando ser investido todos os anos (STERN, 2007). A indústria da construção civil, em todo o mundo, sempre teve grande impacto na geração de resíduos e consumo de recursos, tanto durante a fase de construção quanto durante o uso e operação (CHIESA, ACQUAVIVA, et al., 2019). É estimado que o setor residencial seja responsável pelo uso de 13% de toda a energia consumida até o ano de 2040 (SINGER, PETERSON, 2016). Ao mesmo tempo, é um dos setores de desenvolvimento e evolução mais lentos, muitas vezes utilizando as mesmas tecnologias e técnicas por anos, senão décadas, sem buscar novas formas de melhorar e se adaptar (KIVITS, FURNEAUX, 2013). A partir dos anos 90, porém, a forma de se pensar as edificações começou a mudar drasticamente, com a criação do selo LEED, em 1993, que busca acelerar e incentivar práticas de construção sustentáveis. O principal objetivo de uma construção sustentável é contemplar a sustentabilidade ambiental, econômica e sociocultural. Ao aplicar esse conceito no mercado da construção civil, deve-se levar em conta seu uso ao longo de todo seu ciclo de vida, desde o projeto, passando pela construção, uso, manutenção e reabilitação da edificação. Na fase de obras do empreendimento, devem ser adotadas práticas de tal forma a reduzir a quantidade de resíduos gerados, de água e energia elétrica utilizadas, a emissão de poluentes na água, solo e atmosfera e deve-se almejar o uso de materiais que minimizem o prejuízo causado ao meio ambiente. Isso pode ser alcançado através de bom planejamento e acompanhamento das obras, evitando erros, retrabalhos e desperdícios, optando por materiais sustentáveis e adequando o terreno da obra para melhor aproveitar a luz natural e a captação e reutilização de águas. 13 Já durante a fase de utilização, é importante haver um projeto que, dentre outras coisas, priorize a eficiência no uso de recursos, principalmente água e energia. Para melhorar o aproveitamento dos recursos hídricos, devem ser usados equipamentos eficientes, que reduzam o consumo, além de buscar a captação de água pluvial, podendo ser utilizada na limpeza das áreas comuns, de carros e na rega de plantas. Quanto à eficiência energética, o ideal é que se utilizem equipamentos eficientes, como lâmpadas de LED, geladeiras e ar-condicionados que utilizem menos energia. Além disso, se faz necessário o aproveitamento da iluminação natural, através de janelas e ambientes internos que favoreçam a distribuição de luz, como pisos e paredes de cores claras. As janelas são as principais responsáveis pelo conforto visual e causam grande impacto no consumo de energia de construções. Escolher corretamente suas dimensões é uma etapa fundamental do design inicial, e algo difícil de ser alterado ao longo da vida útil da edificação, necessitando de um processo cuidadoso para sua melhor elaboração (OCHOA, ARIES, et al., 2012). As janelas são apontadas como um dos componentes de uma edificação com maior impacto nas cargas de aquecimento e resfriamento (ALWETAISHI, 2019, MAURI, VALLATI, et al., 2019). Além disso, também exercem influência na iluminação natural e, consequentemente, no consumo de energia com iluminação artificial dentro de edificações. 1.2 MOTIVAÇÃO DO ESTUDO No Brasil, em 2019, as residências foram responsáveis por 10,3% do uso de toda a energia do país, sendo 46,0% desse consumo na forma de energia elétrica, correspondendo à 142.839,66 GWh, com um aumento de 3,5% no seu uso comparado à 2018, e a demanda por ar condicionado contribuiu significativamente para esse crescimento (BARROS DOS SANTOS, THIAGO VASCONCELLOS BARRAL FERREIRA, et al., 2020). Dada a situação econômica do país, muitas pessoas se encontram habitando residências de baixo padrão, que seguem plantas padrão sem adaptações e planejamento para os diferentes locais de moradia. Normalmente, também não são levadas em conta medidas sustentáveis nesses projetos, medidas essas que não apenas contribuem para o meio ambiente, como também fornecem maior qualidade de vida para os moradores e menores custos na utilização da edificação, algo importante para quem vive em situação financeira delicada. Por essa razão, decidiu-se realizar um estudo de caso em cima desse tipo de residência, a fim de trazer maior conforto e reduzir o custo de moradia através do menor consumo de energia. 14 Segundo William Maclay (2014), novas construções podem ter seu consumo de energia reduzido em torno de 70% à 80%, apresentar melhor conforto para os ocupantes e ainda ter maior durabilidade, sendo necessário um aumento de apenas 5% à 15% no custo da construção. As esquadrias da fachada empregam importante função no que diz respeito a iluminação e climatização: quanto maiores os vãos, maior a iluminação natural, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e maior a ventilação, contribuindo para o conforto visual dos ocupantes. Ao mesmo tempo, porém, maior é a troca de calor com o ambiente externo e, em locais quentes como o Brasil, maior é o aquecimento do ambiente interno, aumentando o desconforto térmico e a necessidade de uso de ventiladores e ar condicionado (MANGKUTO, ROHMAH, et al., 2016). Com o avanço das tecnologias da indústria da construção civil, torna-se cada vez mais viável realizar análises e estudos comparativos ainda durante a fase de estudo da edificação, antes que alterações se tornem muito dispendiosas. Isso permite explorar possibilidades que antes eram descartadas ou desconsideradas, sem incorrer em aumentos significativos de custo e tempo. 1.3 OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo geral elaborar um fluxo de trabalho replicável que possibilite o estudo e a análise de um modelo de edificação base, na qual são realizadas mudanças pontuais de acordo com o estudo desejado. Foram alteradas as áreas das janelas na fachada, levando em conta a dualidade do problema de iluminação natural e climatização, uma vez que ambos podem caminhar em direções opostas no quesito de consumo de energia. O trabalho visa também destacar a importância e praticidade de se realizar esses estudos, visto que podem apresentar um grande ganho não só no âmbito da sustentabilidade como também no financeiro, uma vez que o menor consumo de energia se traduz em menores gastos para os residentes. Para se atingir os objetivos gerais propostos por esse trabalho, são alcançados também objetivos específicos, a seguir listados seguindo a ordem em que são realizados: Discutir sobre o consumo de energia das edificações no Brasil; Debater a importância de se reduzir os gastos energéticos ecaminhar em direção à maior eficiência; Estudar o papel desempenhado pelas janelas na otimização da eficiência energética das edificações residenciais; 15 Analisar como a metodologia de Building Information Modeling (BIM), que pode ser traduzido para modelagem da informação da construção, pode ajudar a realizar estudos fidedignos e confiáveis acerca do gasto energético, poupando tempo e custos; Gerar um fluxo de trabalho replicável capaz de quantificar e comparar diferentes modelos para contribuir na tomada de decisões durante a fase de estudo da edificação. 1.4 ABORDAGEM E METODOLOGIA Primeiramente, foi realizado um estudo teórico visando a habituação aos principais temas do trabalho. Nesse sentido, foi conceituado sustentabilidade nas construções e sua importância; o papel das janelas na eficiência energética de uma residência; como as janelas podem ser melhor utilizadas; a metodologia BIM de modelagem. Por fim, foi realizada uma pesquisa aprofundada de como são feitas as análises e como utilizar os programas para extrair os melhores resultados, que mais se aproximam da realidade. Realizada essa etapa, deu-se início o estudo prático, que se divide em duas grandes etapas, sendo elas a criação do modelo a ser estudado e suas variações, e então as simulações e análises dos diferentes modelos. A execução do modelo tridimensional a ser estudado se baseia num projeto genérico do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) retirado da cartilha CUB (Custo Unitário Básico) para residências multifamiliares com mais de oito pavimentos de baixo padrão, hipoteticamente localizado em terreno na rua Castro Lopes, em Inhaúma, na cidade do Rio de Janeiro. A modelagem foi realizada utilizando o programa Autodesk Revit 2021 ®, que faz uso da metodologia BIM, permitindo a parametrização de todas as informações do projeto. O programa permite definir não apenas as propriedades geométricas do projeto, como também informações não-geométricas, tais como os materiais a serem utilizados em cada elemento construtivo e suas propriedades físicas, térmicas e de uso. Além disso, é possível inserir informações como localização geográfica, juntamente com a seleção de uma estação climática localizada no entorno, e sobre o tipo de uso da edificação, com suposições acerca do número de habitantes por metro quadrado, rotina de uso dos ambientes etc. Todas essas informações têm como base os relatórios da ASHRAE (Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar-Condicionado). Após a modelagem da edificação a ser utilizada como estudo de caso, foram modeladas janelas de diferentes dimensões para serem alocadas no projeto, de forma a gerar diferentes modelos a serem estudados e comparados. Cada versão do modelo criado foi analisada em duas 16 etapas. Primeiro utilizando o software Autodesk Insight ® para conferir qual o percentual de abertura de fachada (PAF) adotado (em inglês, conhecido como window-to-wall ratio - WWR) de cada versão e cada fachada, passo importante para a documentação e comparação com estudos anteriores. Em seguida foi utilizado o Autodesk Green Building Studio ®, para a quantificação do gasto de energia com iluminação e climatização, além do cálculo do custo monetário decorrente desse uso. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO 2.1.1 Importância e conceito Em 1987, o presidente da Comissão Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento escreveu um relatório intitulado “Our Common Future – Call for Action”, ou Relatório de Brundtland. Nesse relatório, ele define o conceito de desenvolvimento sustentável como uma forma de atender as necessidades e desejos da geração presente sem comprometer a capacidade de futuras gerações atenderem suas necessidades (BRUNDTLAND, 1987). Em 2002, na conferência de Johanesburgo, também conhecida como Rio +10, por acontecer 10 anos após a conferência do Rio, foi feito um relatório chamado Conferência de Johanesburgo, no qual foi ressaltada a importância do comprometimento com os três principais pilares do desenvolvimento sustentável, sendo esses o social, econômico e ambiental (HENS, NATH, 2003). Muitas são as interpretações e maneiras de se atender aos critérios. O governo da Suíça adotou 5 critérios a serem atendidos para cada um dos pilares, sendo esses critérios (HANSMANN, MIEG, et al., 2012): Proteção de perigos ambientais, redução de riscos; Proteção do meio ambiente; Redução no uso de recursos não renováveis; Uso responsável de recursos renováveis; Proteção de espaços naturais e da biodiversidade; Consideração com futuras gerações no que diz respeito a aspectos econômicos; 17 Consideração de externalidades no mercado; Promover o poder inovador da economia; Realçar o capital social e humano; Gerar renda e emprego; Solidariedade global e entre gerações; Equidade e certeza jurídica; Sustentação de valores sociais e culturais; Educação e livre desenvolvimento pessoal; Proteção de saúde e segurança. Em 1994, durante a Conferência de Construções Sustentáveis, Kibert definiu construção sustentável como a criação e operação de ambiente construído saudável pautado em princípios ecológicos e eficiência de recursos. Kibert definiu ainda sete princípios básicos para a construção sustentável, sendo eles reduzir o consumo de recursos, reutilizar recursos, reciclar e utilizar recursos renováveis, proteger a natureza em todas as atividades, minimizar ou eliminar toxinas, criar qualidade ambiental e por fim considerar todos os custos, fixos e variáveis, diretos e indiretos, ao projetar a edificação (BRADLEY GUY, KIBERT, 1998). Em 2007, porém, ele atualizou esse conceito para um mais atual, definindo como uma maneira da indústria da construção civil, juntamente com seu produto e setores da economia e da atividade humana contribuírem com a sustentabilidade do planeta, incluindo seus habitantes humanos e não humanos (KIBERT, 2007). 2.1.2 Impactos da construção civil O setor da construção civil é responsável por valores entre 40% e 50% de toda a energia consumida em países em desenvolvimento, e contribuem com cerca de 30% da emissão de CO2 (ELGHAMRY, HASSAN, et al., 2018). A construção civil gera impactos ambientais ao longo de toda a sua vida, havendo três fases de maior preocupação: o consumo de recurso e geração de resíduos para a construção do edifício, o consumo de recursos e a geração de resíduos durante a operação do edifício e a geração de resíduos durante a demolição do edifício. Segundo Sartori e Hestnes (2007), é estimado que a fase de uso da edificação é responsável por 80% a 90% do uso de energia do ciclo de vida de uma edificação, enquanto 10% a 20% do consumo ocorre durante a fase de extração e produção de matérias e apenas 1% 18 durante a fase de demolição. A tendência é que esses valores se alterem com o advento de novas tecnologias que reduzem o consumo durante a vida útil do projeto, reduzindo seu percentual e aumentando a parcela de responsabilidade da construção e demolição sobre o uso de energia. Durante a fase de design inicial, é necessário que todo o ciclo de vida da edificação seja bem planejado, levando em consideração suas três principais fases, seus funcionamentos e seus impactos: execução, utilização e demolição. Reparos durante essas fases podem ser muito dispendiosos, e o planejamento adequado durante a etapa de design reduz essas falhas. Na etapa de produção, é comum haver grande consumo de recursos somado a grande geração de resíduos, indicando o mal planejamento dessa etapa, além de muita geração de poeira e poluição sonora. Durante a utilização, existe muita geração de resíduos, na forma de lixos e embalagens, e muito consumo de água, energia e combustível, além de impactos associados à mobilidade. Por fim, durante a fase de demolição,a poeira gerada durante essa etapa pode ser prejudicial à saúde dos trabalhadores, há grande produção de resíduos e existem materiais gerados na demolição que provocam a contaminação dos solos (PEREIRA, 2009). 2.1.3 Avaliação do ciclo de vida (ACV) Avaliação do ciclo de vida pode ser definido como “uma técnica para avaliar os aspectos ambientais e potenciais impactos associados a um produto através da compilação de um inventário de entradas e saídas relevantes do sistema de um produto, avaliação de potenciais impactos ambientais e, por fim, a interpretação dos resultados da análise do inventário e da fase de avaliação de impactos” (FAVA, 1993). É uma metodologia criada para quantificar e avaliar as cargas ambientais de processos e produtos ao longo de seu ciclo de vida, do berço ao túmulo. Essa avaliação inclui a extração e processamento de matéria-prima; manufatura, transporte e distribuição; uso, reuso, manutenção, reciclagem e disposição final (CONSOLI, 1993). Sua metodologia é baseada na ISO 14040, consistindo de quatro etapas importantes, sendo elas a definição do objetivo e escopo, a criação do inventário do ciclo de vida, a avaliação do impacto e a interpretação dos dados, conforme indicado na Figura 1 (ABNT, 2001). 19 Figura 1 - Estrutura de ACV e aplicações práticas. Fonte: adaptado de ISO 14040 A aplicação da avaliação do ciclo de vida na indústria da construção exige uma metodologia diferente da comumente utilizada. Isso ocorre devido aos seguintes fatores: as construções têm vida útil muito longa, dificultando prever todo o seu ciclo de vida; muitos dos impactos ambientais de uma edificação ocorrem durante sua fase de uso, e por isso a seleção correta de materiais e design são importantes na redução dessa carga ambiental; durante seu período de vida, uma construção pode passar por diversas mudanças, sendo que a facilidade com a qual essas mudanças podem ser realizadas e as possibilidades da edificação reduzir seu impacto ambiental são ligadas ao design inicial; existem muitas particularidades em cada projeto de edificação, não havendo muita padronização (KHASREEN, BANFILL, et al., 2009). A fase de definição de objetivo e escopo consiste em se definir a aplicação que se pretende dar à avaliação, a razão para se executar o estudo e qual o público alvo. Isso inclui o sistema de produto a ser estudado, as funções do sistema de produto, sua unidade funcional, as fronteiras do sistema de produto, procedimentos de alocação, categorias de impacto, metodologias de avaliação de impacto, dados requisitados, suposições, limitações, requisitos das qualidades dos dados iniciais e o tipo de avaliação crítica e relatório necessários para o estudo (ABNT, 2001). A análise do inventário do ciclo de vida consiste na coleta de dados e cálculos para quantificar as entradas e saídas de um sistema de produto. Esses dados serão utilizados para a 20 avaliação do ciclo de vida. Além disso, esse se trata de um processo iterativo, no qual ao longo da coleta de dados, podem surgir novos requisitos ou limitações, que podem alterar os procedimentos da coleta de dados, ou até mesmo a fase de objetivo e escopo, sendo necessário fazer revisões (ABNT, 2001). A fase de avaliação do impacto utiliza os dados da análise de inventário para avaliar a significância de impactos ambientais possíveis, associando dados do inventário com impactos ambientais específicos e buscando compreender esses impactos (ABNT, 2001). Por fim, a etapa da interpretação dos dados é a fase na qual as constatações da análise de inventário e avaliação de impacto são combinadas com o objetivo definido, buscando alcançar conclusões e recomendações. Todas as etapas são iterativas entre si, sendo recomendado retornar a etapas anteriores para realizar ajustes sempre que se achar necessário (ABNT, 2001). Estudos de ACV relacionados a indústria da construção civil indicam que a fase de operação da edificação é a maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa, com 68,92% da emissão, seguido da fase de produção de materiais, de reforma e retrofit. Essas três fases somadas correspondem por 99,23% da emissão de gases de efeito estufa durante o ciclo de vida da edificação. As fases de transporte de materiais, demolição e construção são juntas responsáveis por apenas 0,77%. Quanto aos materiais de construção, embora o concreto seja o mais utilizado, correspondendo a 82% da massa, ele é responsável por 44% da emissão de gases de efeito estufa dos materiais, enquanto ferro corresponde a apenas 2,6% da massa e emite 28% dos gases, já alumínio é responsável por 1,4% e emite 17% dos gases (YANG, HU, et al., 2018). Avanços recentes do ACV indicam que a tendência global de construir edificações mais sustentáveis durante a fase de operação tem levado a relação de distribuição entre energia incorporada dos materiais e a energia operacional ir de 20%-80%, respectivamente, para 40%- 60% (VILCHES, GARCIA-MARTINEZ, et al., 2017). Uma forma atual e eficiente de abordar a ACV, buscando a sustentabilidade, é o ASCV, ou avaliação de sustentabilidade do ciclo de vida. Essa abordagem é fruto da união de ACV, para o âmbito ambiental, ASCV, ou avaliação social do ciclo de vida, e por fim CCV, ou custeio do ciclo de vida, que representa o âmbito econômico, abordando assim os três pilares da sustentabilidade (FIGUEIREDO, PIEROTT, et al., 2021). ASCV contabiliza todos os impactos sobre a sociedade ao longo do ciclo de vida de um produto, sendo esses impactos positivos ou negativos (MARTÍN-GAMBOA, DIAS, et al., 2020). Já o CCV busca otimizar os custos de um processo, e calcula todos os custos financeiros associados ao ciclo de vida de uma edificação (ALSHAMRANI, ALSHIBANI, 2020). 21 2.1.4 Conforto visual Em uma edificação, o conforto visual é de extrema importância, uma vez que ele é capaz de reduzir o consumo de luz artificial, além de promover a saúde e o bem-estar psicológico dos habitantes, respeitando o ritmo circadiano das pessoas ao acompanhar a luz natural e possibilitar os usuários da edificação de olharem para o exterior. Estudos indicam que a presença de janelas promovem bem estar psicológico e a conexão visual com o exterior pode melhorar a concentração e a memória de seus ocupantes (KO, SCHIAVON, et al., 2020). Sicurella et. al (2012) sugerem dois parâmetros para avaliar o conforto visual de uma edificação. São eles frequência do conforto visual e intensidade do desconforto visual. A frequência do conforto visual pode ser definida como o percentual de tempo dentro de determinado período no qual valores apropriados de iluminância são atingidos devido a iluminação natural, promovendo conforto visual. Para tal, são definidos três intervalos, em que o valor de iluminância pode ser menor do que o valor mínimo aceitável, sendo então necessário utilizar iluminação artificial, o valor pode estar dentro do intervalo aceitável, ou o valor pode ser maior do que o limite máximo, ocorrendo excesso de brilho no interior do ambiente (SICURELLA, EVOLA, et al., 2012). A intensidade do desconforto visual é calculada a partir da integral de tempo da diferença entre a média espacial da iluminância atual e o limite superior ou inferior de iluminância aceitável, conforme a Equação 1 (SICURELLA, EVOLA, et al., 2012): 𝐼𝐷𝑉𝑠𝑢𝑝 = ∫ ∆𝐼𝑠𝑢𝑝(𝜏) ∙ 𝑑𝜏 , 𝑜𝑛𝑑𝑒 ∆𝐼𝑠𝑢𝑝(𝜏) = { 𝐼(𝜏) − 𝐼𝑠𝑢𝑝 , 𝑠𝑒 𝐼(𝜏) ≥ 𝐼𝑠𝑢𝑝 0 , 𝑠𝑒 𝐼(𝜏) < 𝐼𝑠𝑢𝑝 𝐼𝐷𝑉𝑖𝑛𝑓 = ∫ ∆𝐼𝑖𝑛𝑓(𝜏) ∙ 𝑑𝜏 , 𝑜𝑛𝑑𝑒 ∆𝐼𝑖𝑛𝑓(𝜏) = { 𝐼𝑖𝑛𝑓 − 𝐼(𝜏) , 𝑠𝑒 𝐼(𝜏) ≤ 𝐼𝑖𝑛𝑓 0 , 𝑠𝑒 𝐼(𝜏) > 𝐼𝑖𝑛𝑓 Equação 1 - Cálculo da intensidade do desconforto visual 22 2.1.5 Conforto térmico Conforto térmico é alvo de estudos desde os anos 1930, e é definido como a condição que expressa satisfação com o ambiente térmico (FROTA, 2006). Realizar previsõesdo intervalo de temperaturas em que esse conforto é atendido é complicado, dependendo de influências culturais, fatores ambientais e fatores pessoais. Segundo Nicol (1993) existem três principais razões para se estudar conforto térmico, que são prover condições satisfatórias as pessoas, controlar o consumo de energia e estabelecer padrões. Os estudos acerca de conforto térmico mostram duas principais abordagens, sendo elas testes de câmaras climáticas, que resultaram na teoria do estado estacionário, e a abordagem dos estudos de campo, que resultaram nos modelos de conforto térmico adaptativo. Nos estudos de câmara climática, o estudo é realizado em uma câmara capaz de realizar variações em parâmetros climáticos. Os parâmetros são a temperatura do ar interna, temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade, enquanto que as variáveis são as vestimentas e a atividade do voluntário, que são pré-definidas. Dessa maneira é criado um ambiente de estudo controlado para avaliar diferentes cenários e como as pessoas reagem a esses cenários (TALEGHANI, TENPIERIK, et al., 2013). Os estudos de campo visam estudar o conforto no mundo real, com o estudo sendo realizado enquanto os voluntários realizam suas tarefas diárias normalmente, sem que se tente controlar o ambiente (TALEGHANI, TENPIERIK, et al., 2013). Os pesquisadores coletam os dados, como temperatura, velocidade do ar e umidade, e os voluntários associam seu conforto a um valor dentre uma escala que vai de -3, indicando muito frio, até +3, indicando muito calor. À partir da combinação dos fatores ambientais com as condições humanas, como atividade executada, e também com os valores indicados pelos voluntários, é feita uma predição das condições que representam conforto em situações similares e em outros lugares (NICOL, J.F., HUMPHREYS, 2002). Esses estudos resultaram no modelo de conforto adaptativo, pois acredita-se que as pessoas podem tomar decisões que favoreçam seu conforto, como abrir as janelas, fechar persianas ou trocar de roupa, antes de recorrer à climatização mecânica, e devido a esses fatores, essa teoria e esse modelo de estudo são hoje mais indicados (SICURELLA, EVOLA, et al., 2012). Para se fazer projetos que levem em consideração o conforto térmico dos ocupantes, é importante primeiro entender as características do clima a que a edificação está sujeita. Frota (2006) faz uma divisão dos climas brasileiros em dois grandes grupos mais extremos, para fins didáticos. Esses grupos são o quente e úmido e o quente e seco. Como a água possui maior calor 23 específico do que o ar, ela retém sua temperatura por mais tempo, reduzindo a amplitude térmica. Por outro lado, quanto maior a umidade, maiores os efeitos da temperatura sobre as pessoas, ou seja, maior a sensação térmica. Em regiões de clima quente e seco do Brasil, deve- se adotar edificações com grande inércia térmica, visto que nesse clima há grande variação de temperatura ao longo do dia, para amortecer o calor recebido durante o dia e perdido durante a noite. Além disso, a temperatura do vento nessa região costuma acompanhar a temperatura externa, logo não há muito uso para a ventilação, e, portanto, as esquadrias na fachada podem ter suas dimensões reduzidas, para se evitar o ganho de calor por radiação solar direta. Nos climas quente e úmidos, deve-se haver ventilação para as horas do dia em que a temperatura externa esteja mais baixa que a interna, fazendo uso de esquadrias que devem ser protegidas de radiação direta afim de evitar ganho de temperatura ao longo do dia. Por fim, não é necessário haver grande inércia térmica, possibilitando a edificação perder calor a noite, quando a temperatura externa cai. 2.2 TOMADA DE DECISÃO COM BASE EM MÚLTIPLOS CRITÉRIOS (TDMC) A tomada de decisão com base em múltiplos critérios surge para amparar tomadores de decisões a fazer escolhas com base em diversos critérios que podem ser conflituosos, consistindo de alternativas a serem avaliadas e ranqueadas, os critérios pelos quais essas alternativas serão avaliadas, os pesos que cada um desses critérios possui e nos tomadores de decisão e potenciais acionistas. Em geral, a tomada de decisão utilizando esse método é realizada em cinco etapas iterativas. A primeira etapa é a identificação do problema, onde os tomadores de decisão devem identificar a natureza do problema a ser resolvido e estabelecer os critérios para resolvê-lo, bem como as estratégias a serem adotadas. Em seguida tem-se a estruturação do problema, em que os tomadores de decisão definem os objetivos, limitações, valores, incertezas, problemas e quem são os acionistas do empreendimento, orientando a futura análise e decisão. A terceira etapa é a construção do modelo, onde são definidas alternativas e todos os critérios e seus valores, compilando alternativas e estratégias para garantir que a meta será cumprida. A penúltima etapa é utilizar o modelo como uma ferramenta de análise, coletando e sintetizando informação, sugerindo novas alternativas e analisando a força e a sensibilidade do modelo. Por fim, é desenvolvido um plano de ação, através do qual a melhor alternativa será determinada (HUNG, CHOU, et al., 2011). 24 Os problemas que exigem esse modelo para auxiliar na tomada de decisão envolvem diversas variáveis que devem ser consideradas, e um projeto de edificação entra nesse tipo de problema, havendo várias frentes a serem avaliadas e priorizadas, como o custo de implementação e construção, o custo de operação, o consumo de recursos durante a vida útil, o impacto social da construção etc. Alguns órgãos criaram modelos para ajudar a ordenar as prioridades da vida útil de uma edificação e a tomada de decisões, como o LEED e o BREEAM. O certificado LEED define os principais parâmetros para a tomada de decisão multicritério: local de construção sustentável; eficiência hídrica; energia e atmosfera; materiais e recursos; qualidade do ambiente interno; inovação no design; priorização regional (MEDINECKIENE, ZAVADSKAS, et al., 2015). 2.3 MODELAGEM DA INFORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO (BIM) 2.3.1 Conceito O comitê de Padrões Nacionais de Modelagem da Informação da Construção (NBIMS) dos Estados Unidos define BIM como “uma representação digital de características físicas e funcionais de uma instalação. É um recurso de conhecimento compartilhado para informações acerca da instalação formando uma base confiável para a tomada de decisões ao longo de sua vida útil. Uma premissa básica do BIM é a colaboração de diferentes colaboradores em diferentes fases do ciclo de vida da instalação para inserir, extrair, modificar ou atualizar informações no BIM” (“About the National BIM Standard-United States®”, [S.d.]). BIM é uma tecnologia e um processo. Como tecnologia, é um modelo tridimensional que possibilita as partes interessadas a acessar, visualizar e alterar esse modelo, conectando em apenas um lugar toda a informação necessária para o planejamento do projeto, o design, a execução e o uso. Um modelo BIM se diferencia do CAD ou do 3D CAD por sua parametrização, na qual a mudança em um elemento é refletida nos elementos adjacentes e conectados, além de ter a mudança automaticamente realizada em todas as vistas, além de conter informações físicas e funcionais a respeito da edificação. Já o CAD é apenas uma representação geométrica da edificação, onde seus elementos são apenas linhas independentes, e qualquer modificação no modelo precisa ser atualizada manualmente ao longo de todo o projeto para que haja concordância. Por outro lado, BIM é um processo virtual baseado na comunicação e colaboração que engloba todas as disciplinas, aspectos e sistemas de uma 25 instalação em um único modelo, facilitando a colaboração de todos os envolvidos e tornando-a mais eficiente (AZHAR, KHALFAN, et al., 2012) A indústria da construção civil é a maior do mundo,com características únicas, como organizações muito fragmentadas, projetos únicos, período de produção relativamente curto e trabalho ao ar livre, dificultando o controle dentro do canteiro de produção (RICE, BECERIK- GERBER, 2010). Os projetos de construção dependem da colaboração de equipes multidisciplinares e muitas vezes separadas geograficamente, e por isso a troca de informações constantes e em tempo real entre essas equipes são importantes para o sucesso desses projetos. No entanto, a falta de interoperabilidade e má gestão de dados na realização desses projetos ainda é grande, levando a grandes custos. 2.3.2 Histórico Para que a utilização do BIM fosse possível, foram necessários alguns avanços tecnológicos. Uma das principais características do BIM é a interoperabilidade, que pode ser definida como a troca de informações através de soluções tecnológicas integradas, independentemente da fase do projeto, disciplina ou papel que o participante exerce dentro do projeto. Isso permite que diferentes equipes, como engenheiros, arquitetos, tomadores de decisão e construtores trabalhem todos juntos e ao mesmo tempo no projeto, mesmo que estejam a distância, permitindo que eles dialoguem entre si ainda nas fases iniciais, indo até as fases finais. Para que isso ocorresse, foi necessário criar um protocolo, que padronizasse o formato das informações. Esse padrão foi chamado de Industry Foundation Classes (IFC), que reduz os erros de coordenação e de interoperabilidade, que por sua vez são muito custosos. Outros avanços importantes são avanços significativos na área de tecnologia da informação, permitindo maior armazenamento e processamento dos computadores, uma vez que os programas e arquivos de BIM podem ser muito pesado, e o aumento da adoção de BIM por parte da indústria da construção, desde os produtores de material e insumos até os construtores, criando cada vez mais uma padronização (KIVITS, FURNEAUX, 2013). Segundo levantamento realizado por Becerik-Gerber e Rice (2010), através de questionários, o Integrated Project Delivery (entrega de projeto integrado), ou IPD, é o método de entrega de projetos de construção civil mais eficiente quando utilizando BIM, pois o IPD consiste na colaboração de todas as equipes ao longo de todas as fases, desde a execução do design e do projeto, até a entrega. Essa pesquisa indica também que as tarefas mais executadas 26 pelos participantes são a visualização do projeto, a detecção de conflitos e o design da edificação. Outro dado importante diz respeito a percepção dos participantes quanto aos impactos do BIM na sustentabilidade das edificações, com apenas 19% indicando que obtém um valor significante das análises de sustentabilidade, e apenas 15% usam para auxiliar no certificado LEED. Outras observações dessa pesquisa são que para as empresas com experiência em BIM, e que o utilizam para a maioria de seus projetos, a maioria encontrou aumento na lucratividade de seus projetos, com quase nenhuma indicando uma redução e poucas indicando nenhuma alteração, com boa parte desse aumento de lucro devido a redução da duração da fase de projeto e seus custos associados. Uma das maiores vantagens do BIM é a coordenação entre os desenhos do projeto, em que mudanças realizadas no modelo são automaticamente atualizadas nos desenhos e todas as vistas de projeto, reduzindo erros e retrabalho. Isso se traduz como um grande benefício para a fase de construção, em que todos os desenhos se encontram corretos, atualizados e concordando entre si. 2.3.3 Fases do BIM O BIM possui diferentes usos em cada fase da construção. Para a fase de design, ou projeto, tudo que for modelado coexiste em uma única base de dados virtual da construção, onde uma parede, por exemplo, não é representada por apenas duas linhas, mas por um objeto com as propriedades de uma parede, como comprimento, altura, largura, os materiais que o compõem, custos associados e o fornecedor, e o mesmo vale para as esquadrias, pisos, pilares, colunas e instalações (IBRAHIM, 2004). Além disso, o modelo possui informações geográficas, de terreno, e atributos que definem a o contexto e as relações entre cada um dos objetos dentro do modelo, facilitando análises e estimativas de custo que possibilitam o estudo e a definição do melhor modelo a ser adotado, bem como seus detalhes e características (SALAZAR, MOKBEL, et al., 2006). Devido à natureza paramétrica do BIM, onde os objetos possuem relação entre si, é reduzida a quantidade de erros durante a fase de construção ao atualizar e automatizar mudanças através de todo o projeto. Isso significa que se uma parede é movida dentro do modelo, por exemplo, as esquadrias associadas a ela serão deslocadas juntas, e todas as vistas serão atualizadas para se adequar a essa mudança, de forma rápida e precisa, garantindo um modelo fidedigno a ser seguido dentro dos canteiros. Além disso, é possível ter uma dimensão a mais, e realizar projetos em 4D, que envolve o tempo. Ao incluir o tempo na modelagem, indicando em que momento cada elemento será construído ou retirado, incluindo as máquinas e veículos 27 envolvidos na operação da construção, fica mais fácil notar problemas e conflitos, além de calcular a evolução do custo na obra e do uso de insumos ao longo do tempo, permitindo correções antes da obra começar e também melhor planejamento (KIVITS, FURNEAUX, 2013). Durante a fase de operação, a manutenção da edificação é facilitada por haver uma base de dados com informações detalhadas acerca de todos os materiais e equipamentos utilizados, como seus fabricantes e fornecedores e manuais (quando houver). Com isso, modificações que forem realizadas em obras de reforma ou durante manutenções podem ser atualizadas no modelo de BIM, facilitando obras e manutenções futuras, aumentando a segurança. Além disso, se houver a falha de algum componente, o fornecedor pode ser prontamente identificado contatado para fazer o reparo ou a troca (KIVITS, FURNEAUX, 2013). Por fim, a fase de demolição fica mais segura e sustentável, pois há uma lista com todos os materiais utilizados na construção, possibilitando a identificação de materiais que apresentem perigo, como o amianto, para que estes sejam manuseados com cautela, além de oferecer rapidamente a equipe de demolição informações acerca de materiais que podem ser reutilizados (KIVITS, FURNEAUX, 2013). 2.3.4 Nível de Desenvolvimento LOD, ou Level of Development se traduz para nível de desenvolvimento de um projeto de BIM, e indica o quão detalhado é ou deve ser o modelo em questão, existindo diferentes classificações pré-estabelecidas. Existe uma diferença entre a geometria e as propriedades, podendo um modelo ser bem desenvolvido quanto a sua geometria, porém sem detalhamentos quanto as propriedades da edificação, por exemplo. Segundo Grytting et al (2017), planos para a tomada de decisão são raramente tomadas durante a fase de design inicial, e decisões acerca dos elementos do design são raramente definidos durante o processo de modelagem. Com isso, muitos modelos são entregues com nível de detalhamento acima ou abaixo do necessário, levando a muitas mudanças desnecessárias no modelo. Os níveis de LOD podem ser entendidos como segue (GRYTTING, SVALESTUEN, et al., 2017): LOD 100: representação genérica do modelo, possuindo apenas massa; LOD 200: geometria aproximada de um sistema ou elemento com dimensão, formato e localização; 28 LOD 300: elemento representado como um sistema específico ou objeto com dimensões, formato e localização; LOD 350: é o mesmo que o 300, porém com interações entre elementos construtivos, como placas de ligação entre elementos de fundação e colunas; LOD 400: o elemento é modelado de forma suficientemente detalhada, de forma que pode ser fielmente reproduzido na vida real como o bemfinal; LOD 500: é o as built, reproduzindo fielmente como a edificação foi construída. 2.3.5 Sustentabilidade Segundo Azhar et al (2009), as fases de design inicial e pré-construção são críticas para tomar decisões que efetivamente afetem a sustentabilidade da edificação, e o planejamento tradicional em CAD não é capaz de realizar essas análises nas fases iniciais. Schlueter e Thesseling (2009) afirmam que a falta de análise contínua durante as fases iniciais acarreta em um processo ineficiente de modificações retroativas no design. Para fazer análises realistas da performance da edificação nas fases iniciais se faz necessário possuir informações acerca dos materiais, contexto, formato e sistemas de uma edificação, e por permitir que informações multidisciplinares sejam sobrepostas em um mesmo modelo e interajam entre si, BIM permite que medidas de sustentabilidade e análises de performance sejam realizadas ao longo do processo de design (SCHLUETER, THESSELING, 2009). Ao utilizar essa metodologia na construção, pode-se reduzir os custos associados a análises de sustentabilidade, fazendo com que a informação necessária para realizar essas análises sejam um subproduto da modelagem padrão, sem exigir maiores esforços. Além do design gráfico, muitos dos dados são inseridos naturalmente durante o procedimento de design do modelo, e a integração do modelo de informação da construção com as ferramentas de análise de performance simplifica muito a tarefa muitas vezes difícil e exaustiva de realizar análises, fornecendo aos arquitetos fácil acesso a ferramentas que oferecem feedback imediato em alternativas de design durante as fases iniciais do projeto (AZHAR, BROWN, 2009). Segundo Cheong et al (2020), a possibilidade de fazer previsões acuradas acerca das condições de iluminação e climatização permite realizar avaliações iterativas entre possíveis modelos, ou então fazer avaliações sobre possíveis medidas mitigatórias contra condições indesejadas em construções já existentes. Essas vantagens de velocidade e precisão são 29 especialmente importantes na atualidade, onde sustentabilidade, praticidade, performance e tempo precisam ser equilibrados entre si. Pode-se relacionar três principais áreas de design sustentável com BIM: seleção e uso de material; seleção e gerenciamento do local da edificação e seus entornos; análise de sistema (HARDIN, MCCOOL, 2015). Além disso, BIM pode auxiliar nos seguintes aspectos das construções sustentáveis (AZHAR, BROWN, 2009): orientação do modelo; o formato da edificação; análise de luz natural; coleta de água; modelagem de energia; materiais sustentáveis. O modelo do BIM possui informações tais como a geometria da construção, os materiais que compõem a edificação, os sistemas, as cargas internas e as condições climáticas, e a partir desses dados, juntamente com a informações adicionais fornecidas aos programas de análise, a avaliação ambiental das edificações é executada. Segundo levantamento feito por Azhar e Brown (2009) a partir de questionários enviados para agentes na indústria da construção civil, as análises mais executadas são de utilizando a modelagem da informação da construção são de energia, luz natural e solar, orientação da edificação, terreno e formato da edificação. Se tratando de tempo poupado devido à metodologia, 27% dos participantes indicaram que perceberam economias de tempo significativas, 50% notaram alguma economia, 17% não notaram diferença e 7% notaram alguma perda de tempo, com nenhum participante notando perdas de tempo significativas. Quanto a custos, nenhum participante notou perdas financeiras, significativas ou não, 50% notaram alguma economia, 27% notaram significativa economia e 23% não notaram diferença. 2.4 ESQUADRIAS 2.4.1 Conceitos Janelas caracterizam padrões de conforto térmico e visual em edificações, e a seleção de suas dimensões deve receber atenção especial durante as fases iniciais de projeto, visto que são propriedades da edificação difíceis de serem alteradas posteriormente. Devido ao trade off entre conforto térmico e conforto visual, acabam por ser integrados ao processo de decisão altos níveis de complexidade, necessitando de métodos de otimização e decisão baseados em múltiplos critérios. Esses critérios podem ser variados, e dependem das partes interessadas na edificação e dos tomadores de decisão (MANGKUTO, ROHMAH, et al., 2016, OCHOA, ARIES, et al., 2012). 30 Quando a radiação solar incide sobre uma janela, ela é parcialmente refletida, absorvida e parte dela atravessa o material. As propriedades da janela que mensuram a taxa de radiação que é refletida, absorvida e atravessada recebem o nome de refletância, absortância e transmitância, respectivamente. O fator solar de uma janela é o percentual do total da energia de calor radiante do sol que entra no ambiente através do vidro, sendo a soma da parcela que entra pela transmitância com a proporção da parcela absorvida que é reemitida para o interior. Os diferentes tipos de materiais utilizados no vidro podem ter grandes impactos na radiação. Em estudo realizado para quatro diferentes zonas climática da Índia, por exemplo, o uso de vidros nas cores bronze, verde e cinza apresentaram uma redução na carga de resfriamento aproximadamente 23,0%, 31,0% e 36,5% menores do que no caso do vidro transparente, respectivamente (KUMAR, SABOOR, et al., 2017). A Tabela 1 apresenta as propriedades de transmitância, absortância e refletância de cada uma dessas janelas. O fator de luz natural é obtido através do fator de transmitância de luz da janela. O fator de luz natural é o percentual da luz externa que atravessa o ambiente. Material do envidraçamento Refletância (%) Transmitância (%) Absortância (%) Transparente 8 82 10 Bronze 6 56 38 Verde 6 47 47 Cinza 6 41 53 Tabela 1 – Propriedades de esquadrias em diferentes cores Fonte: adaptado pelo autor As principais formas de propagação de calor são condução, convexão e radiação. A condução ocorre por meio de corpos sólidos, sem haver transporte de matéria, a convexão ocorre da mesma forma que a condução, mas ocorre exclusivamente em fluidos, e a radiação é a transferência de calor por ondas eletromagnéticas, não sendo necessário o contato entre objetos, uma vez que essas ondas se propagam no vácuo. A transmitância de calor através desses meios recebe o nome de valor U, coeficiente que determina o ganho ou perda de calor através de uma placa de vidro, e quanto menor seu valor, menor é a troca de calor. Para reduzir o fator U, pode-se utilizar vidros duplos nas esquadrias, com uma camada de ar entre eles, reduzindo as transmissões de calor por condução e convexão, podendo-se substituir o ar por gases com menor condutividade térmica, aumentando o efeito desejado. Para reduzir a transferência por radiação, pode-se utilizar vidros de baixa emissividade, ou low-E, que 31 possuem em uma de suas faces um revestimento que absorve raios infravermelhos, sem impedir a passagem de luz. Com o advento de novas tecnologias, como sistemas de HVAC mais eficientes, materiais do vidro das esquadrias melhores e mais inteligentes, e fazendo-se bom uso do sombreamento nas janelas, o impacto da dimensão das esquadrias e o PAF tem reduzido (GOIA, HAASE, et al., 2013). Essa informação abre portas para designs mais variados nas fachadas da edificação, visto que no que diz respeito a eficiência energética da edificação, a fachada vem tendo seu papel reduzido ao se utilizar tecnologias de ponta na edificação, mas para isso é necessário estar disposto a desembolsar grandes valores, aumentando muito o custo da fase de construção. 2.4.2 Propriedades As esquadrias de uma edificação são o componente de seu envelope mais fraco no que diz respeito a performance e eficiência energética. O dimensionamento, a orientação e o tipode vidro das janelas, por exemplo, apresentam maiores impactos no consumo de energia de uma edificação do que a espessura das alvenarias, sendo esses parâmetros inter-relacionados, requerendo uma combinação equilibrada para atingir o conforto térmico e a eficiência energética (ALWETAISHI, 2019). Um design adequado no que diz respeito a PAF e orientação pode produzir resultados muito positivos na eficiência energética de uma edificação, apresentando uma estratégia barata para reduzir o consumo de energia, sendo especialmente importante em países de baixo poder aquisitivo, enquanto o custo de melhores tecnologias de envidraçamento pode ser muito alto em alguns casos e afastar essa população (DE GASTINES, PATTINI, 2020). Um retrofit térmico em residências de baixa renda não é algo muito viável devido ao alto custo de implementação, sendo necessário, portanto, que seja considerado um design próprio para evitar que seja necessário realizar essas alterações e se reduza o desconforto térmico e seus custos associados (GALVIN, SUNIKKA-BLANK, 2013). O tipo de vidro utilizado também pode ter impactos muito bons na eficiência, com uma redução de até 4,6% na carga de resfriamento ao se utilizar revestimento refletivo nas esquadrias (CHEN, HAMMAD, et al., 2020). Em regiões com alta incidência solar, as áreas das esquadrais na fachada deve ser minimizada, independentemente da orientação, e por isso esses elementos devem ser cuidadosamente estudados e projetados. É estimado, por exemplo, que em climas quentes e secos o PAF não deve ultrapassar 30% em zonas voltadas para o norte e 25% para as fachadas leste e sul (ALWETAISHI, BENJEDDOU, 2021). 32 As esquadrias possuem alta condutividade térmica, causando perda indesejada de calor em climas frios e ganho indesejado de calor em climas quentes. Isso aumenta a necessidade do uso de climatização mecânica para manter o conforto térmico, com as esquadrais residenciais chegando a contribuir com até 32% da necessidade de uso de aquecimento e ar-condicionado nas edificações residenciais (CHEN, HAMMAD, et al., 2020, JOHNSTON, ZHANG, et al., 2017). 2.4.3 Efeitos das esquadrias O PAF pode alterar o conforto térmico em taxas de 20% à 55%, enquanto que seu efeito sobre o consumo de iluminação artificial varie apenas entre 1,5% e 9,5%, indicando que os efeitos das dimensões da esquadria no ganho e perda de calor devem receber maior atenção na fase de design e projeto do que os de iluminação natural e artificial, quando se busca conforto e eficiência (PATHIRANA, RODRIGO, et al., 2019). Em muitos países tropicais tem se tornado cada vez mais difícil de se atingir o conforto térmico sem a utilização de resfriamento mecânico devido ao calor, a umidade, a grande incidência de radiação solar e a projetos inadequados a esse tipo de clima, contribuindo substancialmente para o consumo de energia nas edificações (PATHIRANA, RODRIGO, et al., 2019). Para conforto visual, um dos parâmetros a serem utilizados é a autonomia de luz solar, um fator que mede um percentual de quanto tempo no ano valores mínimos de iluminância são atingidos somente com a luz natural. Estudos deduziram que o formato das esquadrias afeta muito pouco esse fator, embora janelas mais largas fornecem uma iluminação mais uniforme, sendo o mais indicado. Quanto ao tamanho da janela, para regiões próximas a janela, esse parâmetro não faz muita diferença, mas para regiões no fundo dos cômodos, afastados da fachada, quanto maior a janela maior a autonomia de luz solar. Quanto mais alta a janela for instalada, maior a autonomia de luz solar no meio e no fundo dos cômodos. Por fim, quanto a importância da refletância das superfícies do cômodo, é sugerido que esse parâmetro tem pouca influência para áreas próximas a fachada, mas quanto mais distante se fica, mais importante são, existindo uma relação direta, onde quanto maior a refletância, maior a autonomia de luz solar nos fundos do ambiente (ACOSTA, CAMPANO, et al., 2016). Trabalhos preliminares indicam que em um ambiente moderadamente quente, ocupantes que tenham vistas de janelas para o exterior se sentem mais confortáveis com a temperatura do que ocupantes em ambientes sem janelas. Isso pode ser explicado por três razões: a janela funciona como uma forma de distração, pois os ocupantes recebem mais estímulos visuais, 33 prestando menos atenção no seu desconforto; um efeito de compensação do ambiente interno, onde um fator de alta qualidade, como as vistas, pode compensar por um de baixa qualidade, como o desconforto térmico; adaptação psicológica, onde ao olhar para o exterior e ver um dia ensolarado e provavelmente quente devido a experiências passadas, a expectativa do ocupante de que o interior esteja também quente o levam a perdoar um desconforto térmico leve. Por fim, é concluído que as pessoas próximas a janelas se tornam mais indulgentes quanto a desconfortos térmicos, possibilitando maior flexibilização na climatização artificial e menores gastos de energia, sendo necessários mais estudos no futuro para melhor compreensão desse efeito, como suas causas, extensão do impacto e consequências (KO, SCHIAVON, et al., 2020). 3 METODOLOGIA E APRESENTAÇÃO DO MODELO Para a realização de um estudo, é necessária a familiarização do usuário com a metodologia BIM, a lógica por trás dela e como utilizá-la. É a partir dessa metodologia, que utiliza em conjunto modelos tridimensionais e informações acerca de suas características físicas e funcionais, que se torna possível realizar análises aprofundadas que vão além da geometria do projeto, fornecendo informações acerca de seu uso. Primeiramente, deve-se ter bem claro qual o padrão de empreendimento que se busca, qual seu uso, quem são os clientes. Dessa maneira, é possível criar um modelo que reflita a realidade da futura edificação. Além disso, é preciso ter claro quais os parâmetros a serem adotados para a realização das análises, e quais os parâmetros que definem os melhores modelos, pois o que se busca pode ser puramente a solução mais eficiente em termos de gasto de energia combinada entre iluminação e climatização, assim como pode-se adotar apenas um destes como critério. Pode também ser o menor custo de construção, ou então o menor custo durante o ciclo de vida, levando em consideração os gastos de implementação das tecnologias e dos estudos, da construção e também de seu uso, este último podendo ser reduzido utilizando- se de resultados analisados que diminuam o consumo de combustível e energia. De qualquer maneira, o tomador de decisões precisa especificar ao analista o que ele procura, para que então as informações essenciais estejam inseridas no programa. Outro elemento importante do estudo é saber os materiais a serem utilizados na edificação. Informações como quais são os materiais disponíveis no mercado em que o empreendimento se encontra inserido, quais são as dimensões comerciais de esquadrias e se os fornecedores possuem informações específicas sobre o desempenho térmico, físico e acústico de seus 34 materiais, uma vez que essas são características essenciais ao realizar estudos de desempenho energético e de custo durante a fase de uso de uma edificação. Para esse trabalho, foi realizado um estudo de caso teórico, seguindo um modelo de edificação base, do qual foram criados outros nove modelos a partir de mudanças nas janelas das quatro fachadas. Esse trabalho visa demonstrar como é possível fazer um estudo das possibilidades de dimensões das esquadrias na fachada e seus impactos no consumo de energia com iluminação e climatização, sendo possível então comparar os modelos e também estender esse estudo para outras características da edificação. 3.1 METODOLOGIA A abordagem ideal deve ser feita em alguns passos pré-estabelecidos, visando os melhores resultados possíveis. Os passos são a idealização e definiçãodo escopo do projeto, a modelagem detalhada da arquitetura, a inserção de informações que dizem respeito ao uso e ao entorno da edificação, estudos solares, as análises propriamente ditas e a avaliação dos resultados dessas análises. O fluxograma é indicado na Figura 2. 35 Figura 2 – Fluxograma proposto para análises de eficiência energética utilizando BIM Fonte: elaborado pelo autor. Antes de iniciar a modelagem, o especialista técnico deverá ser informado a respeito do uso da edificação, qual sua finalidade, ter acesso às plantas e documentos, onde se planeja construir e que materiais se pretende usar. Com base nessas informações, pode-se iniciar a modelagem da arquitetura do projeto, sempre buscando enriquecê-lo com o maior número de informações disponíveis. Para tal, é importante também que o especialista saiba quem serão os possíveis fornecedores e quais as características e informações dos materiais que fornecem. Caso não haja acesso a esses detalhes, existe a possibilidade de encontrar informações mais genéricas acerca de diversos tipos de materiais comumente utilizados nas construções em artigos, revistas, livros ou até mesmo em softwares de programação que se utilizam da 36 metodologia BIM. Com isso são criadas as famílias a serem utilizadas na modelagem, como as diferentes esquadrias, alvenarias, teto, piso, laje e forro, a partir das quais o modelo é feito. Após a criação do modelo tridimensional, o projetista deve fornecer a localização do terreno do projeto. Com isso, é realizado um estudo solar utilizando massa conceitual e definido qual a melhor localização do empreendimento dentro do terreno e qual a melhor orientação para o mesmo com relação ao norte verdadeiro, dependendo da disponibilidade (muitas vezes não há tanta flexibilidade quanto a esses quesitos) e também do que se deseja avaliar. Outro uso para o estudo de insolação é observar como as fachadas são expostas ao sol em diferentes horas do dia, e em diferentes dias do ano, bem como a relação dessa exposição com as sombras, tendo- se uma ideia de como melhor distribuir as esquadrias ao longo das fachadas, de acordo com os interesses de cada tomador de decisões. Definido o melhor posicionamento e a melhor orientação, deve-se inserir informações referentes ao uso da edificação, como quais serão as horas de uso, o número de pessoas esperadas, o tipo de iluminação ativa que se planeja utilizar, as opções de sistema HVAC a serem avaliadas. É a partir da combinação dessas informações e da arquitetura do modelo que os programas são capazes de realizar ensaios de eficiência energética. É importante também informar a localização geográfica da construção, pois assim o programa obtém as informações climáticas a que o modelo será submetido. Uma vez que o programa tem todas as informações de que necessita, pode-se iniciar a fase das análises de diferentes modelos. São feitas as alterações nos parâmetros possíveis dentro do programa, como a tipologia de materiais e famílias, dimensão de esquadrias ou orientação da edificação, que forem atraentes ao projetista e tomador de decisões. Com isso são criados diferentes modelos a partir de um comum e obtidas informações do uso de materiais, dos custos esperados de construção, dos custos esperados de uso e dos valores do consumo de energia. Para calcular os custos de implementação e ciclo de vida da edificação, é possível utilizar os softwares comerciais. Como a metodologia BIM se utiliza de projetos computacionais ricos em informações e detalhes parametrizados, esses modelos são acompanhados de listas de materiais utilizados, que juto com cartilhas de custo de material e mão de obra de serviços, ou então a partir do banco de dados da incorporadora, facilitam o cálculo do custo de implementação. Ao mesmo tempo, os programas de análise fornecem o consumo de anual de energia elétrica, combustível e água, possibilitando o cálculo do custo de operação da edificação, juntamente com dados a respeito da manutenção dos equipamentos e peças, disponibilizados pelos fornecedores. 37 Para auxiliar na criação do modelo, podem ser tomadas decisões iterativas, nas quais são definidos parâmetros de referência, como valores máximos de consumo com energia aceito, ou então gasto total com climatização aceito etc; e a partir desses valores se fazer um filtro, eliminando os modelos que não atendem aos critérios mínimos. Por fim, todos os modelos são comparados entre si, e então o tomador de decisões pode avaliar quais são os melhores modelos com base nos critérios previamente estabelecidos com o especialista técnico. A Figura 2 representa o fluxograma a ser seguido, conforme explicado. 3.2 PROJETO DO EMPREENDIMENTO Na metodologia BIM, os modelos de construção são descritos, entre outras coisas, por seus componentes construtivos, que são representações digitais “cientes” do que são, e podem ser associados com parametrização e atributos gráficos e de dados (EASTMAN, TEICHOLZ, et al., [S.d.]). Isso só ocorre, porém, quando o usuário insere todas as informações dentro do modelo, identificando cada elemento e sua função dentro do projeto. Para que o projeto fique o mais preciso possível, visando a otimização de futuras análises, é necessário detalhar a composição dos componentes: se estes têm função de esquadria, alvenaria, piso, teto, além de quais os diferentes materiais que os compõem, bem como as propriedades físicas e térmicas desses materiais. A NBR 12721.2006 define a necessidade de haver projetos padrão, que são projetos selecionados para representar diferentes tipos de edificação normalmente usados na incorporação, buscando padronizar os custos de incorporação em diferentes cenários. As características principais desses projetos são o número de pavimentos, de dependências por unidade, as áreas equivalentes das unidades autônomas, número total de unidades e os acabamentos para cada padrão de construção. A partir dessa norma, a SINDUSCON-MG (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais) fez uma cartilha do CUB/m² (Custo unitário básico por metro quadrado), que detalha diferentes tipos de projetos padrão, com diferentes usos e tipos de acabamento, sobre os quais são calculados os custos estimados para cada tipo de empreendimento. O projeto selecionado foi o R8-B (Residencial Multifamiliar – Padrão Baixo), com 8 pavimentos tipo, sendo um deles o térreo, e mais um nono pavimento de telhado e área técnica, com quatro unidades por pavimento, totalizando trinta e dois apartamentos, além de um hall de acesso em cada pavimento, com elevador e escada, totalizando 1.785m² de área construída. 38 Cada unidade conta com dois quartos, um banheiro, uma cozinha com área de serviço e uma sala. A cidade do Rio de Janeiro vive situação de intensa desigualdade, com muitos de seus moradores habitando residências de baixo padrão. Esse estudo busca fazer análises partindo das diferentes disposições de esquadrias na fachada por se tratar de um método simples e barato de reduzir o consumo de energia e trazer maior conforto para os moradores, uma vez que não depende de materiais diferentes dos usualmente utilizados para esse padrão de edificação, se atendo à cartilha e sem grandes mudanças. A maquete foi criada utilizando o software Autodesk Revit 2021®, no qual foi feito o modelo arquitetônico seguindo as especificações do CUB. A Figura 3 representa a planta baixa de um apartamento e do pavimento tipo. Figura 3 – Planta baixa do projeto padrão Fonte: print screen da aplicação no programa Autodesk Revit®. Projeto elaborado pelo autor. 39 Foram criadas diferentes famílias para cada um dos elementos construtivos: lajes, alvenarias com acabamentos, forro do teto, piso e esquadrias. Todas as famílias foram modeladas buscando seguir os materiais especificados pela cartilha
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