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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CONCURSO DE SELEÇÃO PARA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E EM ÁREA PROFISSIONAL / UFRJ-HCE 2021-2022 RESPOSTAS AOS RECURSOS - PROVA SUS QUESTÃO 01 01. A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil passou por mudanças importantes com a revisão da Política Nacional de Atenção Básica, por meio da Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Considerando as alterações relacionadas à dimensão organizativa e funcional e de gestão, a alternativa que aponta mudanças trazidas pela política é: a) o modelo de Estratégia Saúde da Família se torna prioritário e exclusivo b) os profissionais podem se vincular em mais de uma equipe e ter carga horária de 10, 20 ou 30 horas semanais c) o tempo destinado à educação permanente foi garantido com o mínimo de 8h d) sem a definição clara de número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por equipe, as equipes podem funcionar tendo apenas um ACS REFERÊNCIA: MELO, E.A. et al. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desafios. Saúde Debate 2018, vol. 42, número especial 1, p. 38-51. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/Vs4dLSn6T43b6nPBCFg8F3p/?format=pdf&lang=pt ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 44: O número mínimo de ACS/equipe, que era de 4 na PNAB anterior, não está definido na atual, passando, portanto, a ser de 1 ACS/equipe. Conforme apontam os autores da referência indicada, nos quadros que compõem o artigo, a análise das continuidades e descontinuidades da PNAB 2017 indicam que as opções A, B, C não fazem parte das mudanças. Neste sentido, a opção D, é a única que apresenta parte das mudanças trazidas pela política: a indefinição do número mínimo de ACS/equipe, podendo ser 01 (um). https://www.scielo.br/j/sdeb/a/Vs4dLSn6T43b6nPBCFg8F3p/?format=pdf&lang=pt PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. QUESTÃO 02 02. O financiamento é um desafio a todo o Sistema Único de Saúde, e não só à Atenção Básica. Considerando as alterações que o Previne Brasil imprime na forma de financiamento e nos efeitos que ela produz, pode-se afirmar que: a) a possibilidade de participação do setor privado através da contratação de serviços fica excluída b) os recursos financeiros da Atenção Básica passam a ser captados baseado no número de pessoas cadastradas e no pagamento por desempenho c) o PAB fixo é acrescentado da precificação dos serviços realizados d) a Carteira de Serviços da APS amplia e torna possíveis ações cada vez mais próximas do horizonte da integralidade REFERÊNCIA: MOROSINI M.V.G.C. et al. Previne Brasil, Agência de Desenvolvimento da Atenção Primária e Carteira de Serviços: radicalização da política de privatização da atenção básica? Cad. Saúde Pública 2020, vol. 36, n. 9: e00040220. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/Hx4DD3yCsxkcx3Bd6tGzq6p/?format=pdf&lang=pt ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 16: No Previne Brasil, a lógica individualizante é impulsionada pela extinção do PAB fixo e adoção da capitação baseada na pessoa cadastrada e do pagamento por desempenho, centrado em poucos aspectos clínicos. O projeto de universalização perde um vetor importante baseado na solidariedade e no papel redistributivo do poder federal, e o horizonte da integralidade recua ainda mais. O projeto de privatização ganha, com a capitação por pessoa cadastrada, somada à lista de serviços definida na CaSAPS, instrumentos importantes para a precificação – condições para a remuneração de serviços contratados, em especial ao setor privado. Conforme apontam os autores da referência indicada, a alternativa B é afirmativa quanto ao solicitado, diferente das alternativas A, C e D. https://www.scielo.br/j/csp/a/Hx4DD3yCsxkcx3Bd6tGzq6p/?format=pdf&lang=pt PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. QUESTÃO 04 04. A partir do decreto 7508/2011, a organização do Sistema de saúde brasileiro tem um importante realinhamento, entre eles o estabelecimento da atenção à saúde em redes. A alternativa que contempla o que é definido no decreto é: e) rede de atenção à saúde compreende um conjunto de ações e serviços de saúde hierarquizados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde f) uma região de saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de atenção primária, urgência e emergência, atenção psicossocial e vigilância em saúde g) o planejamento da saúde deverá ouvir os Conselhos de saúde - ser de modo ascendente e integrado - considerar a disponibilidade de recursos financeiros e ser obrigatório para os entes públicos h) a organização e funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde será pactuada pela CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos administrativos e operacionais REFERÊNCIA: BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.508 de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/decreto/d7508.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7508.htm ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler: “O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. § 1º O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. § 2º A compatibilização de que trata o caput será efetuada no âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planejamento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de saúde. § 3º O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo com as características epidemiológicas e da organização de serviços nos entes federativos e nas Regiões de Saúde.” As justificativas apresentadas nos recursos pleiteiam que o enunciado da questão indica a organização da Rede de Atenção à Saúde e que a alternativa C trata de questão relacionada ao planejamento da saúde. A estas justificavas, a Banca argumenta que, conforme aponta a citação destacada acima, O PLANEJAMENTO DA SAÚDE É PREVISTO NO DECRETO E CONCEBIDO COM PARTICIPAÇÃO SOCIAL. Considerando que algumas justificativas pleiteiam outras alternativas como contempladas também no decreto, argumenta-se que a: ALTERNATIVA A: é INCORRETA, pois, por efeito do decreto, considera-se Rede de Atenção à Saúde como serviços articulados, inclusive para romper com a hierarquização previamente enunciada no Sistema Único de Saúde, conforme se lê a seguir: “Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: (...) VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde.” ALTERNATIVA B: é INCORRETA, pois deixa ausente a “atenção ambulatorial especializada e hospitalar”, conforme se lê a seguir:“Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de: I - atenção primária; II - urgência e emergência; III - atenção psicossocial; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em saúde.” Alternativa D: é INCORRETA, pois atribui somente ao âmbito da União as pactuações quanto às redes de atenção à saúde, enquanto o verdadeiro é pactuação pelas Comissões Intergestores, sendo a CIT, a CIB e a CIR suas principais instâncias, conforme se lê no artigo abaixo: Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde, sendo: I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos administrativos e operacionais; II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regional, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. QUESTÃO 05 05. A elegibilidade dos usuários para implementação da Atenção Domiciliar - AD segue critérios específicos que devem ser observados pela equipe de saúde. Dentre estes critérios, será considerado inelegível o usuário que apresentar a necessidade de pelo menos uma das seguintes situações: i) assistência contínua de enfermagem; aparelhos de monitorização contínua; intervenções cirúrgicas de urgência, sucessivos exames diagnósticos e propedêutica complementares, uso de ventilação mecânica não invasiva j) monitorização contínua, aparelhos de ventilação mecânica não invasiva, exames complementares contínuos, assistência contínua de enfermagem, propedêuticas complementares e vários procedimentos diagnósticos k) monitorização contínua, assistência contínua de enfermagem; propedêutica complementar, tratamento cirúrgico em caráter de urgência; uso de ventilação mecânica invasiva, nos casos em que a equipe não estiver apta a realizar tal procedimento l) assistência de enfermagem contínua, exames diagnósticos e complementares contínuos de maior complexidade, nutriçãoparenteral, transfusão sanguínea, ventilação mecânica invasiva, intervenções cirúrgicas de urgência e eletivas REFERÊNCIA: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Atenção Domiciliar no âmbito do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0825_25_04_2016.html (capítulo II, seção I) ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler: “Art. 14. Será inelegível para a AD o usuário que apresentar pelo menos uma das seguintes situações: I - necessidade de monitorização contínua; II - necessidade de assistência contínua de enfermagem; III - necessidade de propedêutica complementar, com demanda potencial para a realização de vários procedimentos diagnósticos, em sequência, com urgência; IV - necessidade de tratamento cirúrgico em caráter de urgência; ou V - necessidade de uso de ventilação mecânica invasiva, nos casos em que a equipe não estiver apta a realizar tal procedimento. Observando a referência para orientação da resposta correta, observa-se que apenas uma resposta está adequada, visto que é aquela que apresenta todos os critérios de inelegibilidade exigidos. As outras alternativas apresentam pelo menos 01 (hum) critério não comtemplado pela bibliografia. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0825_25_04_2016.html QUESTÃO 06 06. A Educação Permanente segue princípios norteadores para a qualificação dos profissionais da RAS. Pela revisão de diretrizes da PNAB, a Educação Permanente é de responsabilidade: m) da esfera municipal e está circuncrita na ESF. No âmbito estadual, é executada nos ambulatórios especializados n) comum de todas as esferas de governo e está amparada pela PNAB o) comum aos Estados e Municípios, sendo operacionalizada pelo MS p) dos gestores estaduais, sendo oferecidas nas UBS REFERÊNCIA: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html (Capítulo I) ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, no CAPÍTULO I – DAS RESPONSABILIDADES: Art. 7º São responsabilidades COMUNS a todas as esferas de governo: XVI – garantir espaços físicos e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação em serviço e para a EDUCAÇÃO PERMANENTE e continuada nas Unidades Básicas de Saúde; XX – articulação com o subsistema Indígena nas ações de EDUCAÇÃO PERMANENTE e gestão da rede assistencial. O referido documento, que serviu de base para a confecção da questão, apresenta, de forma clara, a responsabilidade nas esferas de governo, no que concerne às ações de Educação Permanente na Rede de Atenção em Saúde. 1. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html QUESTÃO 11 11. A Promoção da Saúde se trata de uma importante estratégia para o enfrentamento de problemas de saúde que afetam a população e os seus determinantes. Essa estratégia pressupõe a: q) introdução de valores como qualidade de vida, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, participação r) formação de redes hierarquizada de serviços de saúde s) instalação de consórcios inter federativos de saúde t) organização dos serviços de saúde com ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação REFERÊNCIA: BUSS, P. Et al. Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva, 25(12):4723-4735, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 4725: “Decorridos pouco mais de trinta anos da divulgação da Carta de Ottawa, um dos documentos fundadores do conceito contemporâneo de promoção da saúde, esse termo ficou associado a um conjunto de valores: qualidade de vida, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria, entre outros.” Conforme apontam os autores da referência indicada, nos quadros que compõem o artigo, a análise dos conceitos contemporâneos fundantes da Promoção da Saúde pós Carta de Ottawa, não se expressa nas opções B, C e D, sendo a opção A portadora dos principais conceitos que recolocam a Promoção da Saúde na agenda e a serviço do enfrentamento das necessidades de saúde na contemporaneidade. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf QUESTÃO 12 12. A gestão do SistemaÚnico de Saúde é hierarquizada, com direção única em cada esfera de gestão. Os consórcios Inter federativos são arranjos colaborativos entre entes federados dos diferentes níveis, com objetivo de: u) desenvolver as regiões de saúde e ampliar serviços de alta complexidade v) desenvolver, em conjunto, as ações e os serviços de saúde, de caráter solidário w) agregar serviços da rede privada no atendimento à população x) definir as regiões de saúde de forma autônoma REFERÊNCIA: BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 5: “Os Municípios poderão constituir consórcios para “desenvolver, EM CONJUNTO, as ações e os serviços de saúde” que lhes correspondam” Conforme apontam os autores da referência indicada, nos quadros que compõem o artigo, a análise dos princípios de colaboração e solidariedade entre os entes federados estão focalizados, abordagem comercial da saúde e a indissociabilidade são evidenciados nas opções A, C e D, sendo a opção B, embora de forma sucinta, a que apresenta o princípio fundamental do caráter solidário, que estrutura uma Rede colaborativa de gestão dos serviços e sistema de saúde (SUS). PARECER CONCLUSIVO: Conforme evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm QUESTÃO 17 17. O papel protagonista dos determinantes gerais sobre as condições de saúde se sustenta no entendimento de um amplo espectro de fatores como alimentação, habitação e saneamento; condições de trabalho; oportunidades de educação ao longo da vida; ambiente físico; apoio social para famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e cuidados de saúde. Este entendimento surgiu formalmente no Canadá, em 1974, com a divulgação do documento conhecido como Informe Lalonde. Sobre este documento, leia e analise as afirmações a seguir e, em seguida, assinale a alternativa que contém apenas a(s) afirmativa(s) que está(ão) CORRETA(S): I. O documento apresenta o conceito de campo da saúde, que contempla quatro componentes: biologia humana, ambiente, estilo de vida e organização da assistência à saúde. II. A motivação central do documento se apoiava no questionamento da abordagem exclusivamente médica para as doenças crônicas, cujos resultados eram pouco significativos. III. O documento concluiu que quase todos os esforços da sociedade canadense destinados a melhorar a saúde concentravam-se nas principais causas das enfermidades e mortes. a) II b) I c) I e III y) II e III REFERÊNCIA: BUSS, P. et al. Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva, 25(12):4723-4735, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf (Página: 4726 – 2º e 3º parágrafos) ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, no 2º parágrafo da página 4726: “A motivação central do documento parece ter sido política, técnica e econômica, pois visava a enfrentar os custos crescentes da assistência médica, ao mesmo tempo em que se apoiava no questionamento da abordagem exclusivamente médica para as doenças crônicas, com poucos resultados significativos.” Conforme apontam os autores da referência indicada acima, o enfrentamento dos custos crescentes com a assistência médica foi o verdadeiro motivador do Informe Lalonde e esta informação foi intencionalmente suprimida da assertiva II para que a mesma fosse classificada como incorreta. Seguindo na leitura do parágrafo seguinte, os autores deixam claro que a fundamentação do documento era a redução dos gastos diretos em matéria de saúde, uma vez que Lalonde concluiu https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf em seus estudos que a maior parte destes gastos concentrava-se na organização da assistência médica, enquanto, na verdade, as principais causas das enfermidades e mortes da população canadense, que eram a biologia humana, o meio ambiente e os estilos de vida, é que deveriam ter os maiores aportes de financiamento. Sendo assim, pode-se afirmar que a razão ou a motivação central do documento era financeira, sendo o “questionamento da abordagem exclusivamente médica para as doenças crônicas, cujos resultados eram pouco significativos”, uma razão ou motivação secundária. Embora este também fosse um dos motivos, pode-se dizer que ele não era o central ou o principal. De fato a afirmativa (II) pode até não estar completamente incorreta, mas fato é que, completamente correta ela também não está, e justamente porque ela não é completamente correta é que se torna incorreta. A afirmativa (III) é COMPLETAMENTE INCORRETA; a afirmativa (II) é PARCIALMENTE CORRETA e a afirmativa (I) é a ÚNICA que é COMPLETAMENTE CORRETA. Portanto, a única alternativa que responde à questão 17, de forma correta, é a LETRA B, que traz a única afirmativa que deveria ter sido considerada como CORRETA, ou seja, a afirmativa (I). Finalmente, o argumento de que deveria haver uma opção de resposta que contemplasse as afirmativas (I) e (II) não procede, porque se houvesse esta opção, ela também não corresponderia ao gabarito correto da questão. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, os pedidos de recurso NÃO procedem e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. QUESTÃO 18 18. Ao longo dos últimos 34 anos, foram realizadas nove Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde, das quais a primeira, realizada em 1986, em Otawa, que a definiu como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo participação no controle deste processo. O documento final desta Conferência, que ficou conhecido como Carta de Otawa, propôs cinco campos de ação: elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação do sistema de saúde. Todas as demais Conferências também produziram documentos finais com fortes recomendações políticas voltadas para a promoção da saúde. Em relação a tais documentos, correlacione a Coluna 2 com a Coluna 1 e assinale a alternativa que corresponde ao preenchimento em ordem descendente dos parênteses: COLUNA 1 COLUNA 2 (1) Adelaide (1988) (2) Jacarta (1997) (3) Bangkok (2005) (4) Xangai (2016) ( ) reforçou cinco prioridades entre elas: promover a responsabilidade social com a saúde, inclusive por meio do setor privado e investimentos no setor saúde de forma articulada com as áreas de educação, habitação e sociais. ( ) realizou um “chamado à ação” para que os compromissos assumidos acelerem a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por meio do compromisso político e do investimento financeiro na promoção da saúde. ( ) reiterou a necessidade da participação ativa da sociedade civil para o alcance da “Saúde para Todos” e solicitou às Organizações das Nações Unidas que avaliassem os benefícios de estabelecer um Tratado Global para a Saúde. ( ) estabeleceu que os países desenvolvidos têm obrigação de assegurar que suas políticas públicas resultem em impactos positivos na saúde das nações em desenvolvimento.a) (2) - (4) - (3) - (1) b) (3) - (2) - (4) - (1) c) (4) - (1) - (3) - (2) d) (2) - (4) - (1) - (3) REFERÊNCIA: BUSS, P. et al. Promoção da saúde e qualidade de vida: uma perspectiva histórica ao longo dos últimos 40 anos (1980-2020). Ciência & Saúde Coletiva, 25(12):4723-4735, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf [(1) Página 4727; (2) 4730; (3) e (4) 4731] https://www.scielo.br/j/csc/a/5BJghnvvZyB7GmyF7MLjqDr/?lang=pt&format=pdf ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 4731: Conferência em Shangai – Esta IX Conferência foi realizada em 2016. Seu foco foi promover a saúde mediante a adoção de medidas condizentes e com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Da Declaração do evento constam quatro grandes temas e uma série de compromissos: (1) adoção de decisões políticas em favor dos direitos das mulheres, das populações deslocadas e do crescente número de pessoas afetadas por crises humanitárias e ambientais. (2) Utilização de estratégias de governança para promover o bem-estar. (3) Reconhecimento das cidades e comunidades como ambientes essenciais à saúde. (4) Reconhecimento do saber em saúde como elemento fundamental para a promoção da equidade em saúde. A Declaração termina com um “chamado à ação” para que os compromissos assumidos acelerem a implementação dos ODS por meio do compromisso político e do investimento financeiro na promoção da saúde. Nesta questão (nº 18), o que se buscava analisar/verificar era o nível de conhecimento dos candidatos em relação ao teor de quatro, das nove, Conferências Internacionais (ou Mundiais) da Saúde. O objetivo da Banca ao elaborar esta questão nunca foi identificar o conhecimento dos candidatos sobre a grafia dos nomes dos países onde as Conferências foram realizadas e muito menos o nível de atenção dos candidatos ao lerem o nome do país e observarem uma troca de letras, conforme argumenta a candidata que pediu o recurso para anulação desta questão, sob a alegação de que “o correto seria Conferência Shangai e não Xangai”. Este pedido de recurso nos leva para uma discussão sobre aspectos da Língua Portuguesa, Língua Oficial reconhecida em todo o território nacional, e não para a discussão sobre o real tema do processo seletivo da Residência Multiprofissional da UFRJ, qual seja o SUS e mais, especificamente, a Promoção da Saúde, no caso desta questão (nº 18) em particular. Certamente, a Banca ficaria bem mais à vontade para proceder a um debate ou uma reflexão sobre saúde, sobre o SUS, sobre as Conferências de Promoção da Saúde e seus desdobramentos, que são o cerne da questão nº 18. No entanto, embora a área de linguagens não seja a especialidade maior desta Banca, faz-se necessário realizar dois esclarecimentos na busca de salvaguardar a integridade da questão e da própria Banca, e também para tentar atender às demandas da candidata que solicitou o recurso para anulação da referida questão, no sentido de apresentar duas argumentações que sustentem o indeferimento do pedido em tela. O primeiro esclarecimento é o de que estamos diante de um dígrafo, que “ocorre quando duas letras são utilizadas para representar um único fonema” (ou som). Existem dois tipos de dígrafos na Língua Portuguesa: os consonantais (quando envolvem as consoantes) e os vocálicos (quando envolvem as vogais). Os dígrafos consonantais admitidos na Língua Portuguesa são: “lh, ch, nh, rr, ss, qu, gu, sc, sç, xc, xs”. Como pode ser observado, não existe o dígrafo “SH”. Portanto, o som do dígrafo “SH”, na Língua Portuguesa, equivale ao som da letra “X”, e por isso, emprega-se o “X” para se obter o mesmo som, pois é a letra que pode substituir o “SH”, e que no caso aqui ilustrado, cabe perfeitamente no caso da palavra Xangai. O segundo esclarecimento que cabe aqui é que, em muitas publicações científicas brasileiras, que podem ser facilmente obtidas em pesquisas feitas na Internet, a palavra Xangai é encontrada com a grafia que foi apresentada na prova do processo seletivo. Apresentamos a seguir um trecho que é de outro artigo, que também faz parte da Bibliografia Recomendada para o Processo Seletivo, onde esta afirmação pode ser comprovada: “Enquanto perspectiva do presente e do futuro, a Agenda 203011, com os 17 Objetivos de De- senvolvimento Sustentável, estabelece uma nova perspectiva para a promoção da saúde. A 9ª Conferência Global de Promoção da Saúde realizada em 2016, em Xangai, com o tema a “Promoção da Saúde no Desenvolvimento Sustentável” demanda uma resposta vigorosa de articulação de quatro pilares: “cidades saudáveis”, “bom governo”, “alfabetização em saúde” e “mobilização social”. Esta importante agenda internacional requer articulação em âmbito nacional, estadual e local, e motiva a reativação do Comitê Gestor da PNPS, fortalecendo a intrasetorialidade e buscando alianças fora do setor saúde.” (p. 1807) [MALTA, D.C. et al. O SUS e a Política Nacional de Promoção da Saúde: perspectiva resultados, avanços e desafios em tempos de crise. Ciência & Saúde Coletiva. 2018, vol. 23, n. 6, p. 1799- 1809. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/9mXFmz3J8Y4qjjbKgk8VVVq/?format=pdf&lang=pt] Sendo assim, esperamos que a dúvida da candidata tenha sido dirimida e que sua argumentação tenha sido completamente debelada. A Banca preocupou-se em deixar claro que o fato de a palavra Xangai ter sido grafada com a letra “X” na prova, em nada comprometeu a qualidade da questão, bem como a compreensão do conteúdo que estava sendo testado, com intencionalidade pedagógica, voltada para o campo da Saúde e não para a área de conhecimento das Linguagens. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, o pedido de recurso NÃO procede e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e da anulação da questão. https://www.scielo.br/j/csc/a/9mXFmz3J8Y4qjjbKgk8VVVq/?format=pdf&lang=pt QUESTÃO 19 19. O Programa Nacional de Imunizações enfrenta importantes desafios, entre estes a queda crescente dos índices de cobertura vacinal, que pode propiciar o reaparecemtento ou o recrudescimento de doenças imunopreviníveis, como a polio e o sarampo, e dificultar o controle de doenças emergentes, como a COVID-19. É um dos fatores que explicam esse quadro: e) frequência elevada de reações adversas pós-vacinais, que levam ao temor da população f) incapacidade das indústrias farmacêuticas de produzir vacinas em quantidade suficiente para toda a população g) a inexistência de protocolos de procedimentos da rede de frio para o acondicionamento das vacinas nos locais de aplicação h) oferta insuficiente da vacinação em locais externos aos serviços, como escolas e locais de trabalho REFERÊNCIA: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Relatório 30 SUS para 2030? (Síntese) Brasília/DF, 2018. Disponível em: https://apsredes.org/wp-content/uploads/2018/10/Serie-30-anos-001-SINTESE.pdf (Página 61) ANÁLISE DA REFERÊNCIA QUE AMPARA A QUESTÃO: Nesta referência, pode-se ler, na página 61: Entretanto, o PNI enfrenta hoje uma série de desafios que requerem reflexão, identificação e adoção das estratégias mais apropriadas para os novos cenários. Um dos pontos críticos do Programa, é a queda recente nos índices de cobertura, que pode implicar no retorno de doenças já eliminadas ou sob controle. Alguns fatores têm sido elencados por especialistas para explicar este quadro, tais como (a) a constatação de que a população deixou de conviver com muitas doenças imunopreveníveis, como ocorria em passado não muito distante, podendo deixar de valorizar a vacinação precoce e rotineira como ferramenta importante da manutenção da situação epidemiológica atual; (b) a priorização dos eventos de saúde agudos de natureza não infecciosa, não privilegiam a continuidadedo cuidado e mantém reduzido ou inexistente o tempo de atendimento ao cidadão que permita abordar medidas de prevenção e promoção de saúde; (c) a deficiência de informações sobre segurança e benefícios das vacinas, favorecendo a veiculação de informações superficiais, falsas ou excessivas, induzindo temor a efeitos colaterais ou descrença nos efeitos positivos da vacinação; (d) a insuficiente oferta da vacinação em situações extramurais, como nas escolas e locais de trabalho; (e) a convivência de dois sistemas de informação, sendo um que registra as doses aplicadas e outro que registra crianças vacinadas, ao passo que as mudanças no sistema de informação do PNI, desenvolvido para registrar nominalmente cada pessoa imunizada e oferecer maiores recursos para monitoramento das coberturas vacinais, ainda sofre moroso processo de implementação nas municipalidades. (grifo nosso) Conforme aponta o texto da referência indicada, que é um documento produzido pela Organização Panamericana da Saúde, entre os fatores que podem contribuir para a baixa cobertura vacinal está “a deficiência de informações sobre segurança e benefícios das vacinas, favorecendo a veiculação de informações superficiais, falsas ou excessivas, induzindo o temor de efeitos colaterais ou reações adversas”, o que não significa o mesmo que a “frequência elevada de https://apsredes.org/wp-content/uploads/2018/10/Serie-30-anos-001-SINTESE.pdf reações adversas pós-vacinais, que levam ao temor da população”, conforme consta na alternativa indicada como correta pela requerente. As reações adversas pós-vacinais não ocorrem em frequência elevada e, como consequência, a população teme esses efeitos. Portanto a alternativa A não pode ser considerada verdadeira. 2. PARECER CONCLUSIVO: Conforme ficou evidenciado, o pedido de recurso NÃO procede e fica mantido o gabarito da questão. Portanto, diante do exposto, somos de parecer pelo INDEFERIMENTO do recurso e de anulação da questão. Sem mais. Banca Examinadora.
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