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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA 
 
 
 
 
PATRÍCIA GEORGINA GARCIA DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
OBTENÇÃO DE DERIVADOS DO ÁCIDO LITOCÓLICO E SUAS ATIVIDADES 
ANTIMICROBIANAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
 2012 
PATRÍCIA GEORGINA GARCIA DO NASCIMENTO 
 
 
 
OBTENÇÃO DE DERIVADOS DO ÁCIDO LITOCÓLICO E SUAS ATIVIDADES 
ANTIMICROBIANAS 
 
 
 
Dissertação submetida à Coordenação do 
Programa de Pós-Graduação em Química, da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para a obtenção do Título de Mestre em 
Química. 
 
Área de Concentração: Química Orgânica 
 
Orientadora: Profª. Dra. Telma Leda Gomes de 
Lemos 
Co-Orientadora: Prof. Dra. Gilvandete Maria 
Pinheiro Santiago 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca de Ciências e Tecnologia 
 
 
N197o Nascimento, Patrícia Georgina Garcia do. 
 Obtenção de derivados do ácido litocólico e suas atividades antimicrobianas / Patrícia Georgina 
Garcia do Nascimento. – 2012. 
 116 f. : il. color., enc. ; 30 cm. 
 
 Mestrado (Dissertação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciência, Departamento de 
Química Orgânica e Inorgânica, Mestrado em Química, Fortaleza, 2012. 
 Área de Concentração: Química Orgânica. 
 Orientação: Profa. Dra. Telma Leda Gomes de Lemos. 
 Coorientação: Profa. Dra. Gilvandete Maria Pinheiro Santiago. 
 
 1. Ácido litocólico. 2.Derivados. 3. Anti-infecciosos. I. Título. 
 CDD 547 
RESUMO 
 
Esse trabalho descreve a obtenção de oito derivados do ácido litocólico, bem como, suas 
atividades antimicrobianas. O interesse pela utilização do ácido litocólico como material de 
partida na preparação de derivados surgiu pelo fato do mesmo sendo bastante estudado com o 
objetivo de descobrir novas atividades biológicas e tais estudos terem apresentado bons 
resultados. Nesse trabalho, o ácido litocólico foi submetido a modificações moleculares nas 
posições C-3 e/ou C-24 do esqueleto esteroidal. A série foi preparada utilizando química 
convencional e apresentando bons rendimentos. Com o objetivo de investigar a atividade 
antimicrobiana dos compostos, foram realizados testes com as bactérias Escherichia coli, 
Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginosa, tento alguns deles 
apresentado resultados bastante significativos. O ácido litocólico e seus derivados foram 
caracterizados por métodos espectroscópicos de IV, RMN 
1
H, RMN
 13
C-BB e RMN
 13
C-
DEPT e por espectrometria de massa, bem como comparação com dados descritos na 
literatura. 
 
Palavras-chave: ácidos biliares, ácido litocólico, derivados, atividade antimicrobiana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This paper describes obtaining eight lithocholic acid derivatives, as well as inhibitory activity. 
Interest in the use of lithocholic acid as starting material for the preparation of derivatives 
arose because of it being widely studied in order to discover new biological activities and 
such studies have shown good results. In this work it was used for the synthesis of a series of 
derivatives with modifications at the C-3 and/or C-24 of the steroid skeleton. The series was 
prepared using simple chemical and showed good yields. Aiming to investigate the 
antibacterial activity of the same and its derivatives, aiming to structure-activity relationships, 
tests were performed with bacteria Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Bacillus cereus 
and Pseudomonas aeruginosa, try some of them presented significant results. And lithocholic 
acid derivatives were characterized by spectroscopic IR, 
1
H NMR, 
13
C-BB NMR and 
13
C-
DEPT NMR and mass spectrometry as well as comparison with data in the literature and 
described constitute the body of the dissertation. 
 
Keywords: bile acids, lithocholic acid, derivatives, antimicrobial activity. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 01 - Núcleo básico dos esteróides ....................................................................... 17 
Figura 02 - Vitamina D .................................................................................................. 17 
Figura 03 - Testosterona ................................................................................................ 17 
Figura 04 - Aldosterona ................................................................................................. 17 
Figura 05 - Telocinobufagina ......................................................................................... 17 
Figura 06 - Diosgenina ................................................................................................... 17 
Figura 07 - Solasodina ................................................................................................... 18 
Figura 08 - Colesterol .................................................................................................... 18 
Figura 09 - Ácido Quenocólico ...................................................................................... 18 
Figura 10 - Ácido Cólico ............................................................................................... 18 
Figura 11 - Ácido Litocólico .......................................................................................... 18 
Figura 12 - Ácido Desoxicólico ..................................................................................... 18 
Figura 13 - Ácido Ursodesoxicólico .............................................................................. 19 
Figura 14 - Estrutura do ácido litocólico ....................................................................... 29 
Figura 15 - Esquema reacional de obtenção dos derivados do ácido litocólico .......... 32 
Figura 16 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila ................................. 34 
Figura 17 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila .................................... 35 
Figura 18 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de isopropila ........................... 36 
Figura 19 - Estrutura do ácido 3α-acetoxi-5β-colano-24-óico ...................................... 37 
Figura 20 - Estrutura do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de metila ................................. 38 
Figura 21 - Estrutura do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de etila .................................... 39 
Figura 22 - Estrutura do ácido 3-oxo-5β-colano-24-óico ............................................ 41 
Figura 23 - Estrutura do ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico .................................. 42 
Figura 24 - Reação de esterificação de AL .................................................................... 53 
Figura 25 - Reação de acetilação de AL, AL(a) e AL(b) ............................................... 56 
Figura 26 - Reação de oxidação de AL .......................................................................... 59 
Figura 27 - Reação de formilação de AL ....................................................................... 60 
Figura 28 - Espectro na região do IV de AL (KBr) ....................................................... 72 
Figura 29 - Espectro de massa (EM-ESI(-)) de AL ....................................................... 72 
Figura 30 - Espectro de RMN 
1
H (500 MHz, CD3OD) de AL ...................................... 73 
Figura 31 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (500 MHz, CD3OD) de AL ................. 73 
Figura 32 - Espectro de RMN 
13
C - BB (125 MHz, CD3OD) de AL ............................ 74 
Figura 33 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (125 MHz, CD3OD) de AL ....... 74 
Figura 34 - Espectro de RMN 
13
C -DEPT 135
o
 (CD3OD) de AL ................................. 75 
Figura 35 - Espectro na região do IV de AL(a) (KBr) ................................................... 76 
Figura 36 - Espectro de massa (EM-APCI(+)) de AL(a) ............................................... 76 
Figura 37 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(a) .................................... 77 
Figura 38 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(a) ............... 77 
Figura 39 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(a) .......................... 78 
Figura 40 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(a) ..... 78 
Figura 41 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL(a) .............................. 79 
Figura 42 - Espectro na região do IV de AL(b) (KBr) ................................................... 81 
Figura 43 - Espectro de massa (EM-APCI(+)) de AL(b)................................................ 81 
Figura 44 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(b) ................................... 82 
Figura 45 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(b) ............... 82 
Figura 46 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(b) .......................... 83 
Figura 47- Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(b) ...... 83 
Figura 48 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL(b) .............................. 84 
Figura 49 - Espectro na região do IV de AL(c) (KBr) ................................................... 86 
Figura 50 - Espectro de massa (EM-APCI(+)) de AL(c)................................................ 86 
Figura 51 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(c) .................................... 87 
Figura 52 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(c) ............... 87 
Figura 53 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(c) .......................... 88 
Figura 54 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(c) ..... 88 
Figura 55 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL(c) .............................. 89 
Figura 56 - Espectro na região do IV de AL-04 (KBr) .................................................. 91 
Figura 57 - Espectro de massa (EM-ESI(-)) de AL-04 .................................................. 91 
Figura 58 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-04 ................................... 92 
Figura 59 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-04 .............. 92 
Figura 60 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL-04 ......................... 93 
Figura 61 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL-04 ............................. 93 
Figura 62 - Espectro na região do IV de AL(a)-04 (KBr) ............................................. 95 
Figura 63 - Espectro de massa (EM-ESI(+)) de AL(a)-04.............................................. 95 
Figura 64 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(a)-04............................... 96 
Figura 65 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(a)-04.......... 96 
Figura 66 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(a)-04........................ 97 
Figura 67 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(a)-04... 97 
Figura 68 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL(a)-04.......................... 98 
Figura 69 - Espectro na região do IV de AL(b)-04 (KBr) ............................................. 100 
Figura 70 - Espectro de massa (EM-ESI(+)) de AL(b)-04............................................. 100 
Figura 71 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(b)-04............................... 101 
Figura 72 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL(b)-04.......... 101 
Figura 73 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(b)-04....................... 102 
Figura 74 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL(b)-04.. 102 
Figura 75 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL(b)-04.......................... 103 
Figura 76 - Espectro na região do IV de AL-05 (KBr) .................................................. 105 
Figura 77 - Espectro de massa (EM-ESI(-)) de AL-05 .................................................. 105 
Figura 78 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-05 ................................... 106 
Figura 79 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-05 .............. 106 
Figura 80 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL-05 ......................... 107 
Figura 81 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL-05 .... 107 
Figura 82 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL-05 ............................. 108 
Figura 83 - Espectro na região do IV de AL-06 (KBr) .................................................. 110 
Figura 84 - Espectro de massa (EM-ESI(-)) de AL-06 .................................................. 110 
Figura 85 - Espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-06 ................................... 111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 86 - Expansão do espectro de RMN 
1
H (300 MHz, CDCl3) de AL-06 .............. 111 
Figura 87 - Espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL-06 ......................... 112 
Figura 88 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - BB (75 MHz, CDCl3) de AL-06 .... 112 
Figura 89 - Espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL-06 ............................. 113 
Figura 90 - Expansão do espectro de RMN 
13
C - DEPT 135
o
 (CDCl3) de AL-06 ........ 113 
Figura 91 - Estrutura do ácido litocólico e seus derivados .......................................... 115 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 01 - Derivados do ácido litocólico e seus registros na literatura ........................ 25 
Tabela 02 - Padrão de hidrogenação dos carbono determinados através da análise 
comparativa entre os espectros de RMN 
13
C-BB e DEPT 135° de AL .......................... 
 
30 
Tabela 03 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL(a) - CDCl3 ................................................ 80 
Tabela 04 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL(b) - CDCl3 ............................................... 85 
Tabela 05 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL(c) - CDCl3 ................................................ 90 
Tabela 06 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL-04 - CDCl3 ............................................... 94 
Tabela 07 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL(a)-04 - CDCl3 .......................................... 99 
Tabela 08 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL(b)-04 - CDCl3 .......................................... 104 
Tabela 09 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL-05 - CDCl3 ............................................... 109 
Tabela 10 - Dados de RMN 
1
H e 
13
C de AL-06 - CDCl3 ............................................... 114 
Tabela 11 - Dados de RMN 
13
C do ácido litocólico e seus derivados ......................... 116 
Tabela 12 - Concentração inibitória mínima (CIM) das substâncias ............................. 43 
Tabela 13 - Atividade moduladora por contato direto do AL ........................................ 44 
Tabela 14 - Atividade moduladora por contato direto do AL(a) .................................... 45 
Tabela 15 - Atividade moduladora por contato direto do AL(b) ................................... 45 
Tabela 16 - Atividade moduladora por contato direto do AL(c) .................................... 46 
Tabela 17 - Atividade moduladora por contato direto do AL(a)-04 .............................. 46 
Tabela 18 - Atividade moduladora por contato direto do AL(b)-04............................... 47 
Tabela 19 - Atividade moduladora por contato direto do AL-05 ................................... 47 
Tabela 20 - Atividade moduladora por contato direto do AL-06 ................................... 48 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
Ac2O Anidrido AcéticoAcOEt Acetato de Etila 
AMI Amicacina 
APCI Ionização Química à Pressão Atmosférica 
BHI Brain Heart Infusion 
C Carbono 
CC Coluna Cromatográfica 
CCD Cromatografia em Camada Delgada 
CD3OD Metanol deuterado 
CDCl3 Clorofórmio deuterado 
CENAUREM Centro Nordestino de Aplicação e Uso da ressonância Magnética Nuclear 
CH2Cl2 Diclorometano 
CIM Concentração Inibitória Mínima 
d Dubleto 
DEPT Distortionless Enhancement by Polazation Transfer 
DMAP Dimetilamina piridina 
DMSO Dimetil sulfóxido 
EMAR Espectrometria de massa de alta resolução 
EM-APCI(+) Espectrometria de Massas com Ionização Química à Pressão Atmosférica 
em modo positivo 
EM-IES Espectrometria de Massas com Ionização por Electrospray 
EM-IES(-) Espectrometria de massas com ionização por electrospray em modo 
negativo 
EM-IES(+) Espectrometria de massas com ionização por electrospray em modo 
positivo 
ESI Ionização por Electrospray 
EtOH Etanol 
GEN Gentamicina 
H2SO4 Ácido Sulfúrico 
HCO2H Ácido Fórmico 
Hex Hexano 
Hz Hertz 
IV Infravermelho 
KBr Brometo de Potássio 
LEMANOR Laboratório de Espectrometria de Massa do Nordeste 
m Multipleto 
m/z Relação Massa/Carga 
MeOH Metanol 
MHz MegaHertz 
Na2CO3 Carbonato de Sódio 
Na2SO4 Sulfato de Sódio 
NEO Neomicina 
p.f Ponto de fusão 
PCC Clorocromato de Piridínio 
Pi Piridina 
PPM Partes por milhão 
q Quarteto 
RMN 
13
C Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13 
RMN 
1
H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio 
s Singleto 
t Tripleto 
UFC Universidade Federal do Ceará 
UFC Unidade formadora de colônias 
URCA Universidade Regional do Cariri 
UV Ultravioleta 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
% Porcentagem 
°C Grau Celsius 
µg Microgramas 
µL Microlitros 
cm Centímetro 
Da Daltons 
g Gramas 
h Hora 
J Constante de Acoplamento 
L Litros 
MG Miligrama 
min Minutos 
mL Mililitro 
mmol Milimol 
nm Nanômetro 
Ɵ Ângulo de nutação 
α Rotação Óptica 
δ Deslocamento Químico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 17 
 
2 OBJETIVOS ............................................................................................ 22 
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 22 
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 22 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 24 
3.1 Ácidos Biliares .......................................................................................... 24 
3.2 Transformações químicas do ácido litocólico ........................................... 25 
3.3 Atividade Antimicrobiana ......................................................................... 26 
3.4 Resistência Microbiana ............................................................................. 27 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 29 
4.1 Identificação Estrutural do ácido litocólico (AL) .................................. 29 
4.2 Transformações químicas do ácido litocólico ........................................... 31 
4.2.1 Obtenção dos derivados esterificados ....................................................... 33 
4.2.1.1 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila (AL(a)) ..................... 33 
4.2.1.2 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila (AL(b)) ........................ 34 
4.2.1.3 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de isopropila (AL(c)) .............. 35 
4.2.2 Obtenção dos derivados acetilados ........................................................... 36 
4.2.2.1 Síntese do ácido 3α-acetoxi-5β-colano-24-óico (AL-04) .......................... 36 
4.2.2.2 Síntese do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de metila (AL(a)-04) ............... 37 
4.2.2.3 Síntese do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de etila (AL(b)-04) .................. 38 
4.2.3 Obtenção do derivado oxidado ................................................................. 40 
4.2.3.1 Síntese do ácido 3-oxo-5β-colano-24-óico (AL-05) .................................. 40 
4.2.4 Obtenção do derivado formilado .............................................................. 41 
4.2.4.1 Síntese do ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico (AL-06) ....................... 41 
4.3 Avaliação Antimicrobiana ......................................................................... 42 
4.3.1 Atividade Antimicrobiana e Concentração Inibitória Mínima ................. 43 
4.3.2 Avaliação da atividade moduladora por contato direto ........................... 44 
 
5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................ 50 
5.1 Materiais Utilizados .................................................................................. 50 
5.2 Métodos Cromatográficos ......................................................................... 50 
5.2.1 Colunas Cromatográficas (CC) ................................................................ 50 
5.2.2 Cromatografia em Camada Delgada (CCD) ............................................ 50 
5.3 Métodos Espectrométricos e Espectroscópicos ......................................... 51 
5.3.1 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .................... 51 
5.3.2 Espectrometria de Massas (EM) ............................................................... 52 
5.3.3 Espectroscopia na Região de Absorção do Infravermelho ....................... 52 
5.4 Métodos Físicos ......................................................................................... 52 
5.4.1 Ponto de Fusão .......................................................................................... 52 
5.4.2 Rotação Óptica [α]D .................................................................................. 52 
5.5 Obtenção dos derivados do Ácido Litocólico ........................................... 53 
5.5.1 Preparação de AL(a), AL(b) e AL(c) ........................................................ 53 
5.5.2 Preparação de AL-04, AL(a)-04 e AL(b)-04 ............................................. 56 
5.5.3 Preparação de AL-05 ................................................................................ 59 
5.5.4 Preparação de AL-06 ................................................................................ 60 
5.6 Atividade Antimicrobiana ......................................................................... 61 
5.6.1 Avaliação Antimicrobiana ......................................................................... 61 
5.6.1.1 Atividade antimicrobiana e Concentração Inibitória Mínima .................. 61 
5.6.1.2 Avaliação da atividade moduladora por contato direto ........................... 62 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 64 
 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 66 
 
 ANEXOS .................................................................................................. 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Capítulo 1 - Introdução 17 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os esteroides representam uma classe de compostos que contêm uma estrutura 
básica de 17 átomos de carbono dispostos em quatro anéis condensados com um grupo metila 
entre os anéis AB e outro entre os anéis CD (Fig. 01). Eles incluem uma vasta gama de 
substâncias químicas com importante papel na fisiologia humana, dentre os quais estão a 
vitamina D (Fig. 02), os hormônios sexuais, dentre os quais se destaca a testosterona (Fig. 
03), os hormônios adrenocorticais, tais como a aldosterona (Fig. 04), os cardioativos(Fig. 05), 
as sapogeninas (Fig. 06), alguns alcalóides (Fig. 07, p. 18), os esteróis, tais como o colesterol 
(Fig. 08, p. 18) e os ácidos biliares (Fig. 09, 10, 11 e 12, p. 18) (KLYNE, 1957). Alguns 
esteroides como, por exemplo, os anti-inflamatórios esteroidais, são produzidos através da 
síntese orgânica com a finalidade médico-terapêutica. 
 
Figura 01 - Núcleo básico dos esteróides. 
A B
C D1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14 15
16
17
18
19
 
 
 Figura 02 - Vitamina D Figura 03 - Testosterona Figura 04 - Aldosterona 
OH
O
HH
H
O
HO
O
HH
O
H
OH
HO
H
 
 
 Figura 05 - Telocinobufagina Figura 06 - Diosgenina 
O
HO
H
HH
H
H
O
OH
OH
HO
H
H
OH
O
O
H
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esterol
http://pt.wikipedia.org/wiki/Colesterol
Capítulo 1 - Introdução 18 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
 Figura 07 - Solasodina Figura 08 - Colesterol 
HH
HO
H
HO
HO
H
HH
H
H
N
H
 
 
Os ácidos biliares, principais componentes do suco biliar, fazem parte do grupo 
dos esteroides e apresentam um substituinte com cinco átomos de carbono no carbono 17 
(QIAO et al., 2012). São sintetizados no fígado e são considerados produtos do catabolismo 
do colesterol (EL KIHEL et al., 2008). Possuem a função fisiológica de ajudar na digestão de 
lipídios e a reabsorção de vitaminas lipofílicas (VALKONEN et al., 2008). 
O ácido quenocólico (Fig. 09) e o ácido cólico (Fig. 10) são classificados como 
ácidos biliares primários do suco biliar humano, sendo secretados para o intestino auxiliando 
a absorção de nutrientes lipossolúveis. No intestino, os ácidos biliares primários são 
convertidos em ácidos biliares secundários, tais como ácido litocólico (Fig. 11) e ácido 
desoxicólico (Fig. 12), que são reabsorvidos pelo intestino e retornam de volta para o fígado 
(SUN et al., 2008). 
 
 Figura 09 - Ácido Quenocólico Figura 10 - Ácido Cólico 
OH
O
OH
H
H
HO
H
H
OH
O
OH
H
H
HO
H
H
OH
 
 
 Figura 11 - Ácido Litocólico Figura 12 - Ácido Desoxicólico 
OH
O
H
H
HO
H
H
OH
OH
O
H
H
HO
H
H
 
 
Capítulo 1 - Introdução 19 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
Diversas atividades farmacológicas são relatadas para os ácidos biliares. Pode-se 
mencionar a utilização do ácido ursodesoxicólico (Fig. 13) para a prevenção de distúrbios 
gastrointestinais em pacientes com vários tipos de câncer. Outra forma de utilização consiste 
no acoplamento de ácidos biliares com moléculas já utilizadas no tratamento convencional do 
câncer através de ligações covalentes. Por esta razão, vários derivados de ácidos biliares 
sintéticos têm sido desenvolvidos (EL KIHEL et al., 2008). 
 
Figura 13 - Ácido Ursodesoxicólico 
OH
O
OH
H
H
HO
H
H
 
 
O ácido litocólico (Fig. 11, p. 18), um dos principais ácidos biliares excretados 
pelos mamíferos, é produzido a partir da desidroxilação no carbono 7 do anel B do esqueleto 
esteroidal do ácido quenocólico (Fig. 09, p. 18), por bactérias no cólon (EL KIHEL et al., 
2008). Apresenta como todos os ácidos biliares, um núcleo tetracíclico rígido e uma cadeia 
lateral flexível no carbono 17, além de uma hidroxila no carbono 3 (BHATTARAI et al., 
1997). 
Vários artigos têm relatado a síntese de derivados do ácido litocólico 
(MIZUSHINA et al., 2004; VALKONEN et al., 2008; BELLINI et al., 1991) com o objetivo 
de descobrir novas moléculas biologicamente ativas. Tais estudos têm apresentado bons 
resultados, citando-se como exemplos o efeito antiproliferativo e pró-apoptótica em linhas 
celulares de cancro humano (EL KIHEL et al., 2008) e a utilização destes como inibidores de 
proteassoma (DANG et al., 2011). 
Nos últimos tempos, a resistência frente aos antimicrobianos consiste em um sério 
problema de saúde. Isso acontece pelo uso indiscriminado de tais quimioterápicos, 
dificultando o controle de espécie de bactérias de interesse médico-sanitário (BACCARO et 
al., 2002). 
Bactérias patogênicas como Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermes, 
Salmonella sp., Salmonella enteritidis sorotipo Typhi e Salmonella enteritidis sorotipo 
Typhimurium, já apresentam cepas resistentes aos antibióticos convencionais, tornando a sua 
presença em alimentos e estabelecimentos comerciais uma ameaça potencial à saúde 
Capítulo 1 - Introdução 20 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
(BACCARO et al., 2002; GAYOSO et al., 2007; RAPINI et al., 2004; MANTILLA et al., 
2008; RIBEIRO et al., 2006). 
Desta forma, este trabalho teve como objetivo a obtenção de derivados do ácido 
litocólico e a avaliação da atividade antimicrobiana do ácido litocólico e de seus derivados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVOS 
Capítulo 2 - Objetivos 22 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
Utilizar o ácido litocólico, um esteróide biliar, como material de partida na obtenção de 
derivados e posterior avaliação de suas atividades antimicrobianas. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
 Obter derivados do ácido litocólico através de transformações químicas na posição C-3 e 
C-24 do esqueleto esteroidal; 
 
 Caracterizar os produtos obtidos por métodos espectroscópicos usuais, tais como IV, 
RMN 
1
H, RMN
 13
C, EM; 
 
 Avaliar a atividade antimicrobiana do ácido litocólico e de seus derivados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Capítulo 3 - Revisão Bibliográfica 24 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 Ácidos Biliares 
 
Os ácidos biliares apresentam 24 átomos de carbono em suas estruturas, com um, 
dois ou três grupos hidroxila e uma cadeia lateral com um grupo carboxílico terminal. São 
compostos anfipáticos. Assim, esses compostos possuem uma parte polar e outra apolar e 
podem atuar como agentes emulsificadores no intestino, ajudando na preparação dos 
triacilgliceróis, e de outros compostos lipídicos da dieta, para a degradação pelas enzimas 
digestivas pancreáticas (QIAO et al., 2012; EL KIHEL et al., 2008; VALKONEN et al., 
2008). 
São compostos potencialmente citotóxicos, derivados dos esteroides, sintetizados 
pelos hepatócitos e segregados nos canalículos biliares. Constituem componentes orgânicos 
mais abundantes do suco biliar e são produzidos no fígado, a partir do colesterol através de 
várias reações catalisadas por enzimas. Durante a colestase, os ácidos biliares acumulam-se 
no fígado e na circulação sistêmica, atingindo concentrações tóxicas. Este acúmulo é capaz de 
causar necrose, apoptose e fibrose do hepatócito, contribuindo para a patogênese das doenças 
colestáticas e para o desenvolvimento de insuficiência e de cirrose hepática (PIRES; 
COLAÇO, 2004). São excretados no suco biliar após conjugação com glicina e taurina, sendo 
subsequentemente reabsorvidos no intestino. Os ácidos biliares que escapam da reabsorção 
são convertidos em ácidos biliaressecundários pela microflora intestinal (ADACHI et al., 
2005). 
Os principais ácidos biliares sintetizados no fígado dos mamíferos são derivados 
hidroxilados de um núcleo comum, o ácido 5β-colanoíco. Os ácidos biliares primários são o 
ácido cólico (3α,7α,12α-trihidroxi-5β-colanoíco) e o ácido quenodesoxicólico (3α,7α-
dihidroxi-5β-colanoíco). No cólon, os ácidos biliares primários podem ser metabolizados pela 
flora bacteriana em ácidos biliares secundários. Uma alteração comum é a 7α-desidroxilação 
do ácido quenodesoxicólico e do cólico que resultam na formação de ácido litocólico (3α-
monohidroxi-5β-colanoíco) e desoxicólico (3α,12α-dihidroxi-5β-colanoíco), respectivamente. 
Os ácidos biliares terciários, o ursodesoxicólico e o sulfolitocólico são produzidos no intestino 
ou no fígado a partir dos secundários (PIRES; COLAÇO, 2004). 
Nos humanos, os ácidos biliares mais abundantes são o ácido cólico (35%) e 
quenodesoxicólico (35%), com menor quantidade de ácido desoxicólico (24%) e traços de 
litocólico e ursodesoxicólico (PIRES; COLAÇO, 2004). 
Capítulo 3 - Revisão Bibliográfica 25 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
A função fisiológica dos ácidos biliares é ajudar na digestão e absorção de lipídios 
e vitaminas lipofílicas. A elevada especificidade e capacidade do sistema de transporte de 
ácido biliar constituem a base do esforço da pesquisa para a elaboração de drogas conjugadas 
com ácidos biliares para tecido ou órgão específico. Os ácidos biliares e seus derivados 
possuem várias aplicações, agindo como opiáceos não-analgésicos, antivirais, antifúngicos e 
como agentes sensibilizadores de bactérias Gram-negativas para os antibióticos e 
radiofármacos (VALKONEN et al., 2008). 
 
3.2 Transformações químicas do ácido litocólico 
 
Alguns derivados sintéticos do ácido litocólico encontram-se descritos na 
literatura, os quais tiveram suas atividades biológicas avaliadas em modelos variados, 
indicando a potencialidade dessas substâncias como fonte de novas moléculas bioativas. A 
Tabela 01 mostra a obtenção de derivados do ácido litocólico a partir do ano 2000. 
 
Tabela 01 - Derivados do ácido litocólico e seus registros na literatura. 
Derivados Referência 
O
HH
HO
H
H
O
 
DANG et al., 2011 
MIZUSHINA et al., 2004 
NAHAR; TURNER, 2003 
SHAIKH et al., 2006 
O
HH
HO
H
H
O
 
DANG et al., 2011 
SHAIKH et al., 2006 
SHAIKH; MALDAR; LONIKAR, 2003 
OH
HH
O
H
H
O
O
 
ADACHI et al., 2005 
BÜLBÜL et al., 2002 
EL KIHEL et al., 2008 
FELFÖLDI et al., 2005 
HORIE et al., 2008 
ISHIZAWA et al., 2008 
MANSELL et al., 2009 
NAHAR; TURNER, 2004 
SHAIKH; MALDAR; LONIKAR, 2003 
Capítulo 3 - Revisão Bibliográfica 26 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
O
HH
O
H
H
O
O
 
ISHIZAWA et al., 2008 
MANSELL et al., 2009 
MIZUSHINA et al., 2004 
O
HH
O
H
H
O
O
 
NAHAR; TURNER, 2004 
OH
HH
H
H
O
O
 
DEO; BANDIERA, 2009 
NAHAR; TURNER, 2003 
NAHAR; TURNER, 2004 
OH
HH
O
H
H
O
H
O
 
BABU; MAITRA, 2005 
CHATTOPADHYAY; PANDEY, 2006 
ISHIZAWA et al., 2008 
 
3.3 Atividade Antimicrobiana 
 
Desde a antiguidade, o homem utiliza as plantas para tratar doenças infecciosas e, 
até hoje, algumas delas são incluídas como parte do tratamento de várias enfermidades 
(RIOS; RÉCIO, 2005). 
Os produtos naturais vegetais são considerados pela população uma alternativa 
para aliviar e, até mesmo, curar processos infecciosos e constituem uma importante fonte de 
novos compostos biologicamente ativos (BASTOS, 2007). 
O desenvolvimento de agentes antimicrobianos foi um dos grandes sucessos da 
medicina no século XX. Desde a descoberta, por acaso, da penicilina por Alexander Fleming 
em 1928, um arsenal de agentes antimicrobianos tem sido desenvolvido. O avanço da 
indústria farmacêutica levou ao surgimento de diversos antimicrobianos, com espectro de 
ação cada vez mais amplo. Apesar da disponibilização de novos antimicrobianos, o ritmo de 
desenvolvimento de resistência microbiana aos diferentes patógenos, Gram-positivos e Gram-
negativos, representa um constante desafio terapêutico e, dessa forma, a seleção de 
antibióticos eficazes tem se tornado uma tarefa difícil e desafiadora (ROSSI; ANDREAZZI, 
2005). 
Capítulo 3 - Revisão Bibliográfica 27 
 
__________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
3.4 Resistência Microbiana 
 
A partir de 1950, quando os antimicrobianos passaram a ser amplamente 
utilizados, iniciou-se o fenômeno de resistência microbiana. Desde então, o problema de 
resistência aos antimicrobianos passou a representar uma preocupação considerável em saúde 
pública (RAPINI et al., 2004). 
A resistência aos antimicrobianos é um fenômeno genético relacionado à 
existência de genes contidos no microorganismo que codificam diferentes mecanismos 
bioquímicos que impedem a ação dos fármacos. Uma bactéria é considerada resistente a um 
determinado antibiótico quando é capaz de crescer, in vitro, na presença da concentração 
inibitória mínima que esse fármaco atinge no sangue (TAVARES, 1996). A resistência a 
fármacos é um dos casos mais bem documentados de evolução biológica e um sério problema 
tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento (DUARTE, 2006). 
Essa rápida evolução da resistência aos antimicrobianos e a alarmante 
desaceleração no desenvolvimento de novos fármacos, despertam atenção para a busca por 
substâncias antimicrobianas derivadas de plantas (KEITH; BORISY; STOCKWEL, 2005), 
como também para a associação de antimicrobianos sintéticos com produtos naturais, 
incluindo óleos essenciais e extratos vegetais, na tentativa de ampliar seu espectro de ação e 
minimizar os efeitos indesejáveis (SALVAT et al., 2001; SHIN; PYUN, 2004; SOUSA et al., 
2010). 
Os produtos naturais têm sido fontes valiosas para o desenvolvimento desses 
novos compostos, permitindo a descoberta de agentes terapêuticos não somente para tratar 
doenças infecciosas, mas também para tratar o câncer, imunodeficiência e outras (CLARDY; 
WALSH, 2004). Extratos e óleos essenciais de plantas mostraram-se eficientes no controle do 
crescimento de uma ampla variedade de microrganismos, incluindo fungos filamentosos, 
leveduras e bactérias (SANTOS et al., 2011). 
Diante da crescente resistência aos antimicrobianos, torna-se necessário o estudo 
de novos produtos com propriedades antimicrobianas para serem utilizadas no combate a 
esses microorganismos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 29 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
4.1 Identificação Estrutural do ácido litocólico (AL) 
 
O ácido litocólico (Fig. 14) é um sólido branco amorfo, solúvel em MeOH, com 
ponto de fusão na faixa de 168 - 170 °C e rotação óptica [α]D
20 
= +36,2 (c 0,01, MeOH). A 
análise do referido composto através de CCD apresentou uma mancha de coloração azulada 
após revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol. Este foi denominado de 
AL. 
O espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 28, anexo 
A, p. 72) de AL, apresentou uma banda larga em 3277 cm
-1
, característica de deformação 
axial de ligação O-H de álcool e uma banda em 2560 cm
-1
, característica de deformação axial 
de ligação O-H de ácido carboxílico; duas bandas intensas em 2926 e 2861 cm
-1
,
 
relativasàs 
deformações axiais de ligação Csp3-H de alifático; uma absorção intensa e centrada em 1701 
cm
-1
, associada à presença de deformação axial de ligação C=O de ácido carboxílico; uma 
banda fina em 1213 cm
-1
 de deformação axial de ligação Csp3-O de ácido carboxílico e outra 
banda em 1070 cm
-1
 de deformação axial de ligação Csp3-O de álcool. Também foram 
observadas absorções das deformações angulares de CH2 e CH3 em 1448 e 1367 cm
-1
, 
respectivamente. 
O espectro de massa de alta resolução de AL, obtido através da ionização por 
eletrospray (ESI) (Fig. 29, anexo A, p. 72) no modo negativo, forneceu o pico correspondente 
ao íon molecular em m/z 375,2937 [M-H]
-
, correspondente à molécula desprotonada, 
condizente com a fórmula molecular C24H40O3. 
 
Figura 14 - Estrutura do ácido litocólico 
OH
HH
HO
H
H
O
 
 
No espectro de RMN 
1
H [500 MHz, CD3OD] (Fig. 30, anexo A, p. 73) de AL 
observou-se sinais múltiplos na região δH 0,70 - 2,04, atribuídos a átomos de hidrogênio 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 30 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
ligados a carbonos sp
3 
metílicos, metilênicos e metínicos característicos dos esqueletos 
esteroídicos. Os sinais simples em δH 0,70 e 0,97 foram atribuídos aos hidrogênios dos dois 
grupos metila ligados a átomos de carbono não hidrogenados, enquanto o dubleto em δH 0,96 
(d, J = 5,3 Hz, 3H), foi atribuído aos hidrogênios do grupo metila ligado ao átomo de carbono 
metínico; um sinal em δH 3,54 - 3,56 (m, 1H, H-3), foi atribuído ao hidrogênio ligado ao 
carbono oxigenado C-3 e dois multipletos em δH 2,19 - 2,24 (m, 1H, H-23) e δH 2,31 - 2,34 
(m, 1H, H-23) foram atribuídos a hidrogênios diastereotópicos ligados ao carbono 23. 
O espectro de RMN 
13
C-BB [125 MHz, CD3OD] (Fig. 32, anexo A, p. 74) de AL 
apresentou sinais correspondentes a 24 átomos de carbono. Uma comparação do espectro de 
RMN 
13
C totalmente desacoplado, com o espectro de RMN 
13
C-DEPT 135° [125 MHz, 
CD3OD] (Fig. 34, anexo A, p. 75), permitiu identificar a presença de três carbonos metílicos 
em δC 24,11, 18,93 e 12,66, onze carbonos metilênicos e sete carbonos metínicos. Os três 
sinais restantes foram identificados como carbonos não hidrogenados, sendo um característico 
de carbono carbonílico (δC 178,3) (Tabela 02). Verificou-se que o carbono em δC 72,58 
tratava-se de um carbono metínico sp
3
 oxigenado (carbono carbinólico), o que confirmou a 
estrutura do ácido litocólico. 
 
Tabela 02 - Padrão de hidrogenação dos carbonos determinados através da análise 
comparativa entre os espectros de RMN 
13
C-BB e DEPT 135° de AL. 
C CH CH2 CH3 Fórmula molecular 
178,3 (C=O) 72,58 (C-O) 41,69 24,11 
44,07 58,07 37,33 18,93 
35,84 57,63 36,66 12,66 
 43,70 32,47 
 42,04 32,17 
 37,40 31,35 
 36,85 29,37 
 28,52 
 27,82 
 25,42 
 22,11 
3 C 7 CH 11 CH2 3 CH3 C24H40O3 
 
 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 31 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
4.2 Transformações químicas do ácido litocólico 
 
Foram obtidos oito derivados de AL, com o objetivo da avaliação de suas 
atividades antimicrobianas, bem como a obtenção de dados espectroscópicos de RMN 
1
H e 
13
C como fonte de consulta. A partir da observação da estrutura do ácido litocólico, as reações 
foram programadas para modificações envolvendo o carbono oxigenado C-3 e/ou o carbono 
da carboxila C-24. Dentre as reações programadas, optou-se pela esterificação, acetilação, 
oxidação e formilação (Fig. 15, p. 32). 
Todos os derivados sintetizados tiveram como material de partida o ácido 
litocólico e, portanto, os dados espectroscópicos obtidos para esses produtos se assemelham 
bastante àqueles do precursor (Item 4.1). Dessa forma, visando simplificar a apresentação dos 
dados espectroscópicos de cada produto obtido, as análises dos espectros foram focadas nas 
características que possibilitaram definir inequivocamente as transformações químicas 
observadas e as diferenças em relação aos materiais de partida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 32 
____________________________________________________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
 
Figura 15 - Esquema reacional de obtenção dos derivados do ácido litocólico 
OH
O
H
H
HO
H
H
CH3OH
H2SO4
CH3CH2OH
H2SO4
OH
H2SO4
O
O
H
O
O
H
O
O
H
PCC
(CH3CO)2O
pi/DMAP
HCOOH
HClO4
H
O
O
H
O
H
OH
O
(CH3CO)2O
pi/DMAP
(CH3CO)2O
pi/DMAP
O
O
H
H
O
H
H
O
O
O
H
H
O
H
H
O
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 33 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
4.2.1 Obtenção dos derivados esterificados 
 
O tratamento de AL com alcoóis na presença de H2SO4, conforme descrição no 
item 5.5.1, conduziu à formação dos derivados esterificados AL(a) (Fig. 16, p. 34), AL(b) 
(Fig. 17, p. 35) e AL(c) (Fig. 18, p. 36). As reações foram realizadas de acordo com a 
metodologia descrita por Narasimhan et al. (2003), nas quais o H2SO4 promove a protonação 
da carbonila do ácido litocólico e o metanol atua como nucleófilo na reação de substituição. 
 
4.2.1.1 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila (AL(a)) 
 
O composto se apresentou como sólido branco amorfo (961,1 mg, 92,29% de 
rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 110 - 112 °C (lit. p.f. = 115 - 
117 °C) (NAHAR; TURNER, 2003) e rotação óptica [α]D
20
 = +25,5 (c 0,01, CHCl3). O 
referido composto, que através de análise em CCD mostrou uma mancha de coloração 
azulada após revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado 
de AL(a) e identificado através de técnicas espectroscópicas. 
No espectro na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 35, anexo B, p. 76) de 
AL(a) (Fig. 16, p. 34), observou o aparecimento da banda de absorção em 1712 cm
-1
, 
característica de deformação axial de C=O de éster. O espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, 
CDCl3] (Fig. 37, anexo B, p. 77) de AL(a) apresentou como principal diferença em relação ao 
do ácido litocólico, a presença do singleto intenso em δH 3,66 (s, 3H, OCH3), atribuído aos 
hidrogênios do grupo metoxila. No espectro de RMN 
13
C-BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 39, 
anexo B, p. 78), a presença dos sinais em δC 51,63 e em δC 174,95, atribuídos respectivamente 
aos carbonos dos grupos metoxila e carbonila, confirmaram a formação do derivado 
esterificado, e estão de acordo com os dados relatados na literatura (ARANDA; FETIZON; 
TAYEB, 1987). 
O espectro de massa de alta resolução de AL(a) obtido através da ionização 
química a pressão atmosférica (APCI) (Fig. 36, anexo B, p. 76) no modo positivo, forneceu o 
pico correspondente ao íon molecular em m/z 373,3112 [M-H2O]
+
, condizente com a fórmula 
molecular C25H42O3. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 03 (anexo B, p. 
80) e em comparação com dados espectrais descritos na literatura (ARANDA; FETIZON; 
TAYEB, 1987), permitiram identificar o produto esterificado denominado de AL(a), como 
3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila (Fig. 16, p. 34). 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 34 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G.Figura 16 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila 
O
HH
HO
H
H
O
 
 
4.2.1.2 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila (AL(b)) 
 
O composto se apresentou como sólido branco amorfo (873,3 mg, 81,06% de 
rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 81 - 83 °C (lit. p.f. = 90 - 91 
°C) (DANG, 2011) e rotação óptica [α]D
20
 = +25,7 (c 0,01, CHCl3). O referido composto 
através de análise em CCD mostrou uma mancha de coloração azulada após revelação com 
solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado de AL(b) e identificado 
através de técnicas espectroscópicas. 
A identificação de AL(b) (Fig. 17, p. 35) como produto da reação foi confirmada 
pelo aparecimento das bandas de deformação axial de C=O em 1732 cm
-1 
e Csp3-O entre 1239 
e 1171 cm
-1 
observado no espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 
42, anexo C, p. 81), a banda de deformação axial de OH livre em 3302 cm
-1 
sugeriu a 
presença da hidroxila em C-3. O espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 44, anexo 
C, p. 82) obtido para AL(b) apresentou como principal diferença em relação ao ácido 
litocólico a presença de um quarteto referente aos hidrogênios ligados ao carbono metilênico 
em δH 4,07 (q, 2H, J = 7,1 Hz) e um tripleto intenso em δH 1,22 (t, 3H, J = 7,1 Hz) referente 
aos três hidrogênios ligados ao carbono metílico, do grupo etoxila. No espectro de RMN 
13
C-
BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 46, anexo C, p. 83), a presença do sinal em δC 174,54 atribuído ao 
carbono carbonílico e dos sinais em δC 14,46 e em δC 60,36 referentes aos carbonos metílico e 
metilênico do grupo etoxila, respectivamente, confirmaram a formação do derivado 
esterificado. 
O espectro de massa de alta resolução de AL(b) obtido através da ionização 
química a pressão atmosférica (APCI) (Fig. 43, anexo C, p. 81) no modo positivo, forneceu o 
pico correspondente ao íon molecular em m/z 387,3266 [M-H2O]
+
, condizente com a fórmula 
molecular C25H44O3. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 04 (anexo C, p. 
85) e a comparação com dados espectrais descritos na literatura (ARANDA; FETIZON; 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 35 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
TAYEB, 1987), permitiram identificar o produto esterificado denominado de AL(b), como 
3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila (Fig. 17). 
 
Figura 17 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila 
O
HH
HO
H
H
O
 
 
4.2.1.3 Síntese do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de isopropila (AL(c)) 
 
O composto obtido se apresentou como sólido branco amorfo (901,67 mg, 80,78% 
de rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 78 - 80 °C e rotação 
óptica [α]D
20
 = +23,8 (c 0,01, CHCl3). O referido composto por análise em CCD mostrou uma 
mancha de coloração azulada após revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e 
etanol, foi denominado de AL(c) e identificado através de técnicas espectroscópicas. 
A identificação de AL(c) (Fig. 18, p. 36) como produto da reação foi confirmada 
pelo aparecimento das bandas de deformação axial de C=O em 1729 cm
-1 
e Csp3-O entre 1252 
e 1107 cm
-1 
observado no espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 
49, anexo D, p. 86). O espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 51, anexo D, p. 87) 
obtido para AL(b) apresentou como principal diferença em relação ao ácido litocólico a 
presença de um sinal referente ao hidrogênio ligado ao carbono metínico oxigenado em δH 
4,95 - 5,03 (m, 1H) e um sinal intenso em δH 1,21 (d, 6H, J = 6,2 Hz) referente aos seis 
hidrogênios ligados aos carbonos metílicos, atribuídos aos hidrogênios do grupo isopropila. 
No espectro de RMN 
13
C-BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 53, anexo D, p. 88), a presença do sinal 
em δC 174,04 atribuído ao carbono carbonílico e dos sinais em δC 22,04 referente a dois 
carbonos metílicos idênticos e em δC 67,49 referente a um carbono sp
3 
metínico oxigenado, 
atribuídos aos carbonos do grupo isopropila, confirmaram a formação do derivado 
esterificado. 
O espectro de massa de alta resolução de AL(c) obtido através da ionização 
química a pressão atmosférica (APCI) (Fig. 50, anexo D, p. 86) no modo positivo, forneceu o 
pico correspondente ao íon molecular em m/z 401,3435 [M-H2O]
+
, condizente com a fórmula 
molecular C27H46O3. 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 36 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 05 (anexo D, p. 
91), permitiram identificar o produto esterificado denominado de AL(c), como 3α-hidroxi-5β-
colano-24-oato de isopropila (Fig. 18). É válido acrescentar que não existem relatos na 
literatura para este derivado. 
 
Figura 18 - Estrutura do 3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de isopropila 
O
HH
HO
H
H
O
 
 
4.2.2 Obtenção dos derivados acetilados 
 
O tratamento do AL, AL(a) e AL(b) com (CH3CO)2/DMAP, na presença de 
piridina à temperatura ambiente conforme descrito no item 5.5.2, conduziu à formação dos 
derivados acetilado AL-04 (Fig. 19, p. 37), AL(a)-04 (Fig. 20, p. 38) e AL(b)-04 (Fig. 21, p. 
39). A reação foi realizada segundo metodologia descrita por Bandeira et al. (2007), na qual o 
DMAP agiu como ativador da carbonila do anidrido acético e a hidroxila do ácido litocólico 
atuou como nucleófilo na reação de substituição. 
 
4.2.2.1 Síntese do ácido 3α-acetoxi-5β-colano-24-óico (AL-04) 
 
O composto se apresentou como um sólido branco amorfo (555,20 mg, 96,22% de 
rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 156 - 158 °C (lit. p.f. = 167 
°C) (EL KIHEL et al., 2008) e rotação óptica [α]D
20 
= +41,6 (c 0,01, CHCl3). O referido 
composto por análise em CCD mostrou uma mancha de coloração azulada após revelação 
com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado de AL-04 e 
identificado através de técnicas espectroscópicas. 
A estrutura de AL-04 (Fig. 19, p. 37) foi confirmada através da análise do 
espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 56, anexo E, p. 91) onde 
se observou o desaparecimento da banda de deformação de OH livre em 3277 cm
-1 
e o 
aparecimento da banda de deformação axial de C=O de éster em 1732 cm
-1
. No espectro de 
RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 58, anexo E, p. 92) observou-se o deslocamento do sinal 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 37 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
em δH 3,54 - 3,56 (m, 1H, H-3), atribuído a H-3 no ácido litocólico, para δH 4,67 - 4,77 (m, 
1H, H-3) em AL-04, devido à desproteção induzida pela carbonila e o aparecimento de um 
singleto intenso em δH 2,03 (s, 3H, AcO) referente aos hidrogênios ligado ao carbono metílico 
do grupo acetato. A formação do produto também foi confirmada a partir dos dados obtidos 
do espectro de RMN de 
13
C-BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 60, anexo E, p. 93), no qual a 
presença dos sinais em δC 170,94 e δC 21,66 foram atribuídos, respectivamente, aos carbonos 
carbonílico e metílico do grupo acetato (EL KIHEL et al., 2008). 
O espectro de massa de alta resolução de AL-04 obtido através da ionização por 
eletrospray (ESI) (Fig. 57, anexo E, p. 91) no modo negativo, forneceu o pico correspondente 
ao íon molecular em m/z 417,3051 [M-H]
-
, correspondente a molécula desprotonada, 
condizente com a fórmula molecular C26H42O4. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 06 (anexo E, p. 
94) e em comparação com dados espectrais descritos na literatura(EL KIHEL et al., 2008), 
permitiram identificar o produto denominado de AL-04, como ácido 3α-acetoxi-5β-colano-
24-óico (Fig. 19). 
 
Figura 19 - Estrutura do ácido 3α-acetoxi-5β-colano-24-óico 
OH
OH
HH
O
O
H
 
 
4.2.2.2 Síntese do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de metila (AL(a)-04) 
 
O composto se apresentou como um sólido branco cristalino (113 mg, 97,07% de 
rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 122,9 - 123,9 °C (lit. p.f. = 
132 °C) (OSAWA, 1962) e rotação óptica [α]D
20 
= +41,3 (c 0,01, CHCl3). O referido 
composto por análise em CCD mostrou uma mancha de coloração azulada após revelação 
com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado de AL(a)-04 e 
identificado através de técnicas espectroscópicas. 
A estrutura de AL(a)-04 (Fig. 20, p. 38) foi confirmada através da análise do 
espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 62, anexo F, p. 95) onde 
se observou o desaparecimento da banda de deformação de OH livre em 3277 cm
-1 
e o 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 38 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
aparecimento das bandas de deformação axial de C=O e Csp3-O de éster em 1730 cm
-1 
e 1245 
cm
-1
, respectivamente. No espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 64, anexo F, p. 
96) observou-se o deslocamento do sinal em δ 3,58 - 3,63 (m, 1H, H-3), atribuído a H-3 no 
3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de metila AL(a), para δ 4,65 - 4,76 (m, 1H, H-3) em AL(a)-
04, devido à desproteção induzida pela carbonila, e o aparecimento de um singleto intenso em 
δ 2,01 (s, 3H, AcO) referente aos hidrogênios metílicos do grupo acetato. A estrutura do 
produto também foi confirmada pela presença dos sinais em δ 170,82 e em δ 21,64 no 
espectro de RMN de 
13
C-BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 66, anexo F, p. 97), que foram atribuídos 
aos carbonos carbonílico e metílico do grupo acetato (EL KIHEL et al., 2008). 
O espectro de massa de alta resolução de AL(a)-04 obtido através da ionização 
por eletrospray (ESI) (Fig. 63, anexo F, p. 95) no modo positivo, forneceu o pico 
correspondente ao íon molecular em m/z 455,3144 [M+Na]
+
, referente ao aduto de sódio, 
condizente com a fórmula molecular C27H44O4. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 07 (anexo F, p. 
99) e a comparação com dados espectrais descritos na literatura (EL KIHEL et al., 2008), 
permitiram identificar o produto denominado de AL(a)-04, como 3α-acetoxi-5β-colano-24-
oato de metila (Fig. 20). 
 
Figura 20 - Estrutura do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de metila 
O
OH
H
O
H H
O
 
 
4.2.2.3 Síntese do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de etila (AL(b)-04) 
 
O composto se apresentou como um sólido branco cristalino (107,5 mg, 91,19% 
de rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 93,4 - 95,1 °C (lit. p.f. = 
95 - 98 °C) (CHANG et al., 1957) e rotação óptica [α]D
20 
= +37,06 (c 0,00623, CHCl3). O 
referido composto que por análise em CCD mostrou uma mancha de coloração azulada após 
revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado de AL(b)-04 
e identificado através de técnicas espectroscópicas. 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 39 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
A estrutura de AL(b)-04 (Fig. 21) foi confirmada através da análise do espectro 
de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 69, anexo G, p. 100) onde se 
observou o desaparecimento da banda de deformação de OH livre em 3277 cm
-1 
e o 
aparecimento das bandas de deformação axial de C=O e Csp3-O de éster em 1736 cm
-1 
e 1241 
cm
-1
, respectivamente. No espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 71, anexo G, p. 
101) observou-se o deslocamento do sinal em δH 3,57 - 3,65 (m, 1H, H-3), atribuído a H-3 no 
3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de etila AL(b), para δH 4,66 - 4,77 (m, 1H, H-3) em AL(b)-
04, devido à desproteção induzida pela carbonila e o aparecimento de um singleto intenso em 
δH 2,02 (s, 3H, AcO) referente aos hidrogênios metílicos do grupo acetato. A formação do 
produto também foi confirmada a partir dos dados obtidos do espectro de RMN de 
13
C-BB 
[75 MHz, CDCl3] (Fig. 73, anexo G, p. 102), no qual a presença dos sinais em δC 170,81 e δC 
21,63 foram atribuídos, respectivamente, aos carbonos carbonílico e metílico do grupo acetato 
(EL KIHEL et al., 2008). 
O espectro de massa de alta resolução de AL(b)-04 obtido através da ionização 
por eletrospray (ESI) (Fig. 70, anexo G, p. 100) no modo positivo, forneceu o pico 
correspondente ao íon molecular em m/z 469,3312 [M+Na]
+
, referente ao aduto de sódio, 
condizente com a fórmula molecular C28H46O4. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 08 (anexo G, p. 
104) e em comparação com dados espectrais descritos na literatura (EL KIHEL et al., 2008), 
permitiram identificar o produto denominado de AL(b)-04, como 3α-acetoxi-5β-colano-24-
oato de etila (Fig. 21). 
 
Figura 21 - Estrutura do 3α-acetoxi-5β-colano-24-oato de etila 
O
OH
H
O
H H
O
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 40 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
4.2.3 Obtenção do derivado oxidado 
 
 A oxidação do ácido litocólico empregando-se PCC como agente oxidante foi 
realizada conforme item 5.5.3 e seguiu a metodologia descrita por Albuquerque (2007). A 
reação resultou na obtenção do derivado AL-05 (Fig. 22, p. 41). 
 
4.2.3.1 Síntese do ácido 3-oxo-5β-colano-24-óico (AL-05) 
 
O produto da oxidação se apresentou como sólido branco amorfo (149,8 mg, 37% 
de rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 121 - 123 °C (lit. p.f. = 
122 - 123 °C) (NAHAR; TURNER, 2003) e rotação óptica [α]D
20 
= +28,1 (c 0,01, CHCl3). O 
referido composto que por análise em CCD mostrou uma mancha de coloração azulada após 
revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi denominado de AL-05 e 
identificado através de técnicas espectroscópicas. 
O espectro de absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 76, anexo 
H, p. 105) obtido para AL-05 (Fig. 22, p. 41) apresentou bandas de deformação axial de C=O 
de cetonas em 1698 cm
-1
, e em comparação com o espectro de IV de AL, pôde-se verificar o 
desaparecimento de uma banda larga na região de hidroxila em 3277 cm
-1
. A análise dos 
espectros de RMN 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 78, anexo H, p. 106) e de 
13
C-BB [75 MHz, 
CDCl3] (Fig. 80, anexo H, p. 107) possibilitou a confirmação da oxidação da hidroxila em C-
3, a partir do desaparecimento do sinal referente a H-3 em δH 3,54 - 3,56 (m, 1H, H-3), 
presente no espectro do precursor AL e surgimento do sinal em δC 213,88, referente ao 
carbono carbonílico de cetona. Os demais sinais apresentam valores de deslocamento químico 
semelhantes àqueles relatados por Nahar e Turner (2003) para a mesma substância. 
O espectro de massa de alta resolução de AL-05 obtido através da ionização por 
eletrospray (ESI) (Fig. 77, anexo H, p. 105) no modo negativo, forneceu o pico 
correspondente ao íon molecular em m/z 373,2793 [M-H]
-
, referente a molécula desprotonada, 
condizente com a fórmula molecular C24H38O3. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 09 (anexo H, p. 
109) e em comparação com dados espectrais descritos na literatura (NAHAR; TURNER, 
2003), permitiram identificar o produto reacional oxidado denominado de AL-05, como ácido 
3-oxo-5β-colano-24-óico (Fig. 22, p 41). 
 
 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão41 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
Figura 22 - Estrutura do ácido 3-oxo-5β-colano-24-óico 
OH
OH
HH
O
H
 
 
4.2.4 Obtenção do derivado formilado 
 
 A reação de formilação foi realizada usando como reagente uma mistura de 
HCO2H/HClO4, conforme descrito no item 5.5.4 e seguindo a metodologia descrita por 
Lemos e Mcchesney (1990). A reação resultou na obtenção do derivado AL-06 (Fig. 23, p. 
42). 
 
4.2.4.1 Síntese do ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico (AL-06) 
 
O composto obtido se apresentou como sólido branco amorfo (227 mg, 92,28% 
de rendimento), solúvel em CHCl3, com ponto de fusão na faixa de 128 - 130 °C (lit. p.f. = 
127 - 128°C) (CHATTOPADHYAY; PANDEY, 2006) e rotação óptica [α]D
20
 = +38,5 (c 
0,01, CHCl3). O referido composto que através de análise em CCD mostrou uma mancha de 
coloração azulada após revelação com solução de vanilina em ácido perclórico e etanol, foi 
denominado de AL-06 e identificado através de técnicas espectroscópicas. 
A estrutura de AL-06 (Fig. 23, p. 42) foi confirmada pela análise do espectro de 
absorção na região do infravermelho (IV) em KBr (Fig. 83, anexo I, p. 110) onde se observou 
o desaparecimento da banda de deformação de OH livre em 3277 cm
-1 
e o aparecimento das 
bandas de deformação axial de C=O em 1718 cm
-1 
e Csp3-O entre 1250 e 1180 cm
-1
. No 
espectro de RMN de 
1
H [300 MHz, CDCl3] (Fig. 85, anexo I, p. 101) observou-se o 
deslocamento do sinal em δH 3,57 - 3,65 (m, 1H, H-3), atribuído a H-3 no ácido litocólico, 
para δH 4,81 - 4,86 (m, 1H, H-3) em AL-06, devido à desproteção induzida pela carbonila, e 
o aparecimento de um singleto intenso em δH 8,03 (s, 1H, HC=O) referente ao hidrogênio 
ligado ao carbono do grupo formiato. A formação do produto também foi confirmada a partir 
dos dados obtidos do espectro de RMN de 
13
C-BB [75 MHz, CDCl3] (Fig. 87, anexo I, p. 
112), no qual a presença do sinal em δC 161,05 foi atribuído ao carbono carbonílico do grupo 
formiato (BABU; MAITRA, 2005). 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 42 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
O espectro de massa de alta resolução de AL-06 obtido através da ionização por 
eletrospray (ESI) (Fig. 84, anexo I, p. 110) no modo negativo, forneceu o pico correspondente 
ao íon molecular em m/z 403,2885 [M-H]
-
, referente a molécula desprotonada, condizente 
com a fórmula molecular C25H40O4. 
A análise dos dados de RMN 
1
H e RMN 
13
C dispostos na Tabela 10 (anexo I, p. 
114) e em comparação com dados espectrais descritos na literatura (BABU; MAITRA, 2005), 
permitiram identificar o produto reacional formilado denominado de AL-06, como ácido 3α-
formiloxi-5β-colano-24-óico (Fig. 23). 
A partir dos dados de RMN 
13
C do ácido litocólico e de seus derivados, construiu-
se uma tabela (Tabela 11, anexo J, p. 116) para efeito de comparação e registro desses dados 
na literatura. As respectivas estruturas encontram-se na Figura 91, anexo I, p. 115. 
 
Figura 23 - Estrutura do ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico 
OH
OH
HH
OH
O
H
 
 
 
4.3 Avaliação Antimicrobiana 
 
Após a síntese e caracterização dos derivados do ácido litocólico, os mesmos 
foram submetidos à avaliação microbiológica. Os testes foram realizados no Departamento de 
Química Biológica da Universidade Regional do Cariri (URCA) - Ceará, no Laboratório de 
Pesquisas de Produtos Naturais, sob a supervisão do Prof. Dr. José Galberto Martins da Costa. 
Os derivados foram avaliados quanto à sua capacidade antibacteriana e efeito 
modulador com antibióticos aminoglicosídicos frente a bactérias patogênicas Gram (+), 
linhagens padrão S. aureus ATCC 12692, B. cereus ATCC 33018 e multirresistente S. aureus 
(Sa358), e Gram (-), E. coli ATCC 25922, P. aeruginosa. ATCC 15442 e multirresistente E. 
coli (Ec 27). 
 
 
 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 43 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
4.3.1 Atividade antimicrobiana e Concentração Inibitória Mínima 
 
Os resultados mostrados na Tabela 12 representam a concentração inibitória 
mínima (CIM), do ácido litocólico e seus derivados, definida como a menor concentração das 
substâncias capaz de inibir o crescimento de bactérias, como indicado pela coloração da 
resazurina. 
 
Tabela 12 - Concentração inibitória mínima (CIM) das substâncias. 
Bactérias utilizadas 
CIM S. aureus S. aureus E. coli E. coli B. cereus 
P. 
aeruginosa 
μg/mL 
(ATCC 
12692) 
(Sa 358) (ATCC 25922) (Ec 27) (ATCC 33018) 
(ATCC 
15442) 
AL 512 512 512 512 512 512 
AL(a) 512 ≥1024 512 256 256 512 
AL(b) 512 ≥1024 256 256 512 512 
AL(c) 512 ≥1024 256 512 ≥1024 ≥1024 
AL-04 ≥1024 ≥1024 ≥1024 ≥1024 ≥1024 ≥1024 
AL(a)-04 512 ≥1024 512 512 512 512 
AL(b)-04 128 ≥1024 256 256 512 512 
AL-05 256 512 512 256 512 256 
AL-06 16 256 128 32 32 64 
CIM: Concentração Inibitória Mínima 
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 12, verificou-se que a 
substância AL-06 (ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico) (Fig. 23, p. 42) mostrou os 
melhores resultados, apresentando atividade inibitória para todas as linhagens com uma CIM 
≤ 256 µg/mL. Para E. coli (Ec 27) e B. cereus observou-se uma CIM de 32 µg/mL, e para S. 
aureus (ATCC 12692) representando o resultado mais significativo, uma CIM de 16 µg/mL. 
AL-06 mostrou potencial para uso como desinfetante e conservante de alimentos 
(microrganismos deteriorantes) e contra bactérias patogênicas (DEVILIEGHERE; 
VERMEIREN; DEBEVERE, 2004), já que B. cereus é causador de gastrenterites de origem 
alimentar (FANCO; LANDGRAF, 2011) e produtora de toxinas (ACHESON, 2000) 
encontradas facilmente como contaminante em alimentos crus e processados, vegetais, entre 
outros (GHELARDI et al., 2002). Por outro lado, S. aureus é responsável por um dos tipos 
mais freqüentes de intoxicação alimentar, comumente veiculada pelo leite e derivados 
(SANTOS; GENIGEORGIS, 1981). A substância AL(a) (3α-hidroxi-5β-colano-24-oato de 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 44 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
metila) (Fig. 16, p. 34) mostrou-se eficaz contra as linhagens Gram-positivas e Gram-
negativas testadas, apresentando atividade inibitória para as cepas de E. coli multirresistente e 
B. cereus e AL-05 (ácido 3-oxo-5β-colano-24-óico) (Fig. 22, p. 41) apresentou atividade 
inibitória para cepas multirresistente E. coli, P. aeruginosa e S. aureus (ATCC 12692). 
Observou-se que a substância AL-04 (ácido 3α-acetoxi-5β-colano-24-óico) (Fig. 
19, p. 37) não foi capaz de inibir o crescimento de nenhuma linhagem, considerando a CIM ≥ 
1024 µg/mL. 
 
4.3.2 Avaliação da atividade moduladora por contato direto 
 
Somente as amostras que apresentaram CIM menor ou igual a 512 µg/mL foram 
submetidas aos ensaios de modulação com antibióticos aminoglicosídicos. A Tabela 13 
mostra os resultados da atividade moduladora do AL por contato direto. 
 
Tabela 13 - Atividade moduladora do AL por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Na análise dos resultados da Tabela 13, observou-se que AL (ácido litocólico) 
(Fig. 14, p. 29) potencializou a atividade de todos os antibióticos testados frente à linhagem E. 
coli (ATCC 25922), comparado com a CIM do antibiótico na ausência da substância. Já na 
interação com a linhagem S. aureus (ATCC 12692), AL não demonstrou uma ação sinérgica 
sobre a atividade da gentamicina e neomicina e para a amicacina houve uma redução da CIM 
de 50% (Tabela 04). 
 
 
 
 
 
BACTÉRIASMIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
64 64 64 32 50% 64 0,0 64 0,0 
E. coli 
(ATCC 25922) 
32 64 512 8 75% 32 50% 128 75% 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 45 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
Tabela 14 - Atividade moduladora do AL(a) por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Na análise dos resultados apresentados na Tabela 14, observou-se que AL(a) (3α-
hidroxi-5β-colano-24-oato de metila) (Fig. 16, p. 34) potencializou a atividade dos 
antibióticos quando testado frente à linhagem E. coli (Ec 27), redução de 50 - 75% na CIM 
quando comparado com o do antibiótico na ausência da substância. Por outro lado, na 
interação com a linhagem B. cereus (ATCC 33018) AL(a) demonstrou uma ação antagônica 
sobre a atividade da amicacina e neomicina (Tabela 14). 
 
Tabela 15 - Atividade moduladora do AL(b) por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Na análise dos resultados obtidos (Tabela 15), observou-se que AL(b) (3α-
hidroxi-5β-colano-24-oato de etila) (Fig. 17, p. 35) potencializou a atividade dos antibióticos 
amicacina e neomicina frente à linhagem E. coli (Ec 27) com redução da CIM de 50% para 
ambas. Já na interação com a linhagem E. coli (ATCC 25922) AL(b) demonstrou uma ação 
antagônica sobre a atividade da amicacina, aumentando o valor da CIM de 16 para 32 µg/mL, 
e para neomicina houve uma potencialização, reduzindo o valor da CIM de 512 para 256 
µg/mL (Tabela 15). 
 
 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL(a) 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
E. coli 
(Ec 27) 
32 128 32 16 50% 64 50% 8 75% 
B. cereus 
(ATCC 33018) 
16 64 16 32 - 64 0,0 32 - 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL(b) 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
E. coli 
(ATCC 25922) 
16 64 512 32 - 64 0,0 256 50% 
E. coli 
(Ec 27) 
128 64 128 64 50% 64 0,0 64 50% 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 46 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
Tabela 16 - Atividade moduladora do AL(c) por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
A Tabela 16 apresenta os resultados obtidos para AL(c) (3α-hidroxi-5β-colano-
24-oato de isopropila) (Fig. 18, p. 36). Observou-se que o mesmo potencializou a atividade 
dos antibióticos amicacina e neomicina quando testado frente à linhagem S. aureus (ATCC 
12692) quando comparado com a CIM do antibiótico na ausência da substância. Já na 
interação com a linhagem E. coli (ATCC 25922) AL(c) demonstrou uma ação antagônica 
sobre a atividade da amicacina, sendo que o valor da CIM aumentou de 16 para 32 µg/mL, 
entretanto para a gentamicina houve uma potencialização, reduzindo o valor da CIM de 64 
para 32 µg/mL (Tabela 16). 
 
Tabela 17 - Atividade moduladora do AL(a)-04 por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
A partir dos resultados da Tabela 17, observou-se que AL(a)-04 (3α-acetoxi-5β-
colano-24-oato de metila) (Fig. 20, p. 38) potencializou a atividade dos antibióticos amicacina 
e neomicina quando testado frente à linhagem S. aureus (ATCC 12692), quando comparado 
com a CIM do antibiótico na ausência da substância. Já na interação com a linhagem E. coli 
(ATCC 25922) AL(a)-04 demonstrou uma ação antagônica sobre a atividade da gentamicina, 
sendo que o valor da CIM aumentou de 32 para 64 µg/mL. Entretanto para a neomicina houve 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL(c) 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
128 64 256 64 50% 64 0,0 64 75% 
E. coli 
(ATCC 25922) 
16 64 256 32 - 32 50% 256 0,0 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL(a)-04 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
128 64 256 64 50% 64 0,0 128 50% 
E. coli 
(ATCC 25922) 
32 32 256 32 0,0 64 - 128 50% 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 47 
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Nascimento, P.G.G. 
uma potencialização, reduzindo o valor da CIM de 256 para 128 µg/mL (50%) (Tabela 17, p. 
46). 
 
Tabela 18 - Atividade moduladora do AL(b)-04 por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Analisando os resultados da Tabela 18, observou-se que o AL(b)-04 (3α-acetoxi-
5β-colano-24-oato de etila) (Fig. 21, p. 39) potencializou apenas a atividade do antibiótico 
neomicina, para ambas as linhagens S. aureus (ATCC 12692) e E. coli (ATCC 25922), sendo 
os valor da CIM de 128 para 64 µg/mL, e de 256 para 128 µg/mL respectivamente, ou seja 
em 50% (Tabela 18). 
 
Tabela 19 - Atividade moduladora do AL-05 por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Na análise dos resultados exibidos na Tabela 19, observou-se que o AL-05 (ácido 
3-oxo-5β-colano-24-óico) (Fig. 22, p. 41) potencializou a atividade dos antibióticos amicacina 
e neomicina quando testado frente à linhagem S. aureus (ATCC 12692) quando comparado 
com o CIM do antibiótico na ausência da substância, sendo que para a neomicina o valor foi 
bastante significativo com redução da CIM de 256 para 8 µg/mL (97%). Na interação com a 
linhagem P. aeruginosa (ATCC 15442), AL-05 demonstrou uma ação sinérgica sobre a 
atividade da amicacina, com redução da CIM de 64 para 16 µg/mL, já para a neomicina houve 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL(b)-04 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
64 64 128 64 0,0 64 0,0 64 50% 
E. coli 
(ATCC 25922) 
16 64 256 16 0,0 64 0,0 128 50% 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL-05 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
32 64 256 16 50% 64 0,0 8 97% 
P. aeruginosa 
(ATCC 15442) 
64 64 8 16 75% 64 0,0 32 - 
Capítulo 4 - Resultados e Discussão 48 
___________________________________________________________________________ 
Nascimento, P.G.G. 
um aumento do valor da CIM de 8 para 32 µg/mL representando um efeito antagônico 
(Tabela 19, p. 47). 
 
Tabela 20 - Atividade moduladora do AL-06 por contato direto. 
AMI: Amicacina; GEN: Gentamicina; NEO: Neomicina 
 
Na análise dos resultados demonstrados na Tabela 20, observou-se que AL-06 
(ácido 3α-formiloxi-5β-colano-24-óico) (Fig. 23, p. 42) potencializou a atividade dos 
antibióticos quando testado frente à linhagem P. aeruginosa (ATCC 15442), com resultados 
bastante significativos, quando comparado com a CIM do antibiótico na ausência da 
substância, podendo destacar a neomicina com redução da CIM de 8 para 0,5 µg/mL (94%) e 
a amicacina com redução da CIM de 16 para 4 µg/mL (75%). Já na interação com a linhagem 
S. aureus (ATCC 12692) AL-06 não demonstrou ação sinérgica sobre a atividade dos 
aminoglicosídicos (Tabela 20). 
BACTÉRIAS 
MIC µg/mL 
Antibiótico Antibiótico + AL-06 
AMI GEN NEO AMI 
(%) 
inibição 
GEN 
(%) 
inibição 
NEO 
(%) 
inibição 
S. aureus 
(ATCC 12692) 
32 64 8 32 0,0 64 0,0 8 0,0 
P. aeruginosa 
(ATCC 15442) 
16 64 8 4 75% 32 50% 0,5 94% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 
Capítulo 5 - Procedimento Experimental 50 
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