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O romance do escritor norte-americano Ray Bradbury, Fahrenheit 451, retrata uma realidade distópica em que o trabalho dos bombeiros é queimar livros, devido à cultura instaurada para combater o pensamento crítico e autônomo dos indivíduos. Fora da ficção, fica claro que a aquisição do conhecimento e o acesso à leitura ainda são controlados e negados no Brasil, uma vez que os livros aguçam a capacidade de questionar e de refletir sobre o meio circundante. Dessa forma, é fulcral debater a importância da literacia familiar no desenvolvimento da criança, uma vez que promove o desenvolvimento da leitura e a interação entre pais e filhos. A princípio, é relevante ressaltar a obra cinematográfica, O Menino Que Descobriu o Vento, produzida pela plataforma streaming Netflix, na qual o jovem William Kamkwamba, ao aprender sozinho sobre energia eólica em uma biblioteca local, constrói um sistema de moinho de bombeamento de água para ajudar a sua comunidade. Nesse sentido, é notório o poder da leitura como instrumento de transformação e da percepção de coletividade na resolução de problemas circundantes para a sociedade. Desse modo, é evidente que a leitura, a partir da prática de se contar histórias para as crianças dormirem é um importante momento para se desenvolver a literacia familiar, tendo em vista que é uma importante ferramenta de transformação individual e coletiva, já que amplia o senso crítico e a percepção de coletividade. Parafraseando o sociólogo francês, Emile Durkheim, a família é um corpo social ligado pela solidariedade, sendo de suma importância, uma vez que é a primeira instituição com a qual tem contato uma criança. Nessa perspectiva, para Vygotsky, a recreação pode ter papel fundamental no desenvolvimento infantil. Portanto, as diversas brincadeiras entre as crianças e as famílias permitem uma maior interação, integração e aprendizado dos menores de forma lúdica, sendo imprescindível para o desenvolvimento individual, consolidando valores e conhecimentos na capacidade de imaginação, de representação e de seguir regras de conduto de acordo com sua cultura. Destarte, é incontrovertível que a prática da leitura e de brincadeiras, entre os responsáveis e as crianças amplia a capacidade dos menores de questionar e de interpretar a realidade por meio da literacia familiar. Portanto, o Ministério da Educação, juntamente com o Ministério da Cidadania, deve promover projetos, atividades interativas e a construção e manutenção de bibliotecas nas instituições de ensino, por meio da disponibilização de livros e brinquedotecas para a comunidade escolar e local, visando estimular a maior interação entre a família e as crianças por meio da leitura e momentos lúdicos que são um instrumento transformador.