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UECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECE UECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECEUECE UECE assuntoassuntoassunto @brenoic BrenoUECEKarine@karinelivemedUECEUECE feito por: O melhor material disponível para o vestibular da UECE 3 ª E D I Ç Ã O APOSTILA Apresentação Sejam bem vindos a terceira edição da apostila Uece por Assunto! Depois de muito trabalho e dedicação, trazemos a todos vocês a nova atualização desse material que ajuda cada vez mais novos estudantes. Nós mantivemos aquilo que já funcionava e adicionamos algumas novidades que esperamos que possam ajudá-los ainda mais. Essa apostila é fruto do trabalho dos amigos Breno Araujo (@brenoic) e Karine Oliveira (@karinelivemed), estudantes que objetivavam a UECE e que embarcam em uma aventura pela medicina. O Breno hoje estuda na Universidade Federal do Ceára (UFC) e a Karine é a mais nova aluna da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Esse material foi criado a partir de uma demanda pessoal que resolvemos dividir com quem precisasse. Essa apostila mudoumudou as nossas vidas, realmente esperamos que ela também possa ajudar a mudar a de vocês. Todo esforço utilizado na construção desse material foi feito pensando em você, estudante. E claro, não estariamos aqui sozinhos, somos gratos a nossos amigos que sempre dão dicas de como melhorar a apostila e trazer mais qualidade ainda, então dedicamos um abraço especial a Naiza (@aprovanai) e ao Igor que ajudaram a construir a identidade visual dessa edição. Dois abraços e bons estudos, Karine e Breno 9 UECE POR ASSUNTO - @KARINELIVEMED @BRENOIC LINGUAGENS PORTUGUÊS INTEPRETAÇÃO DE TEXTO ........................................ 6 LITERATURA .............................................................. 60 LINGUÍSTICA ........................................................... 67 ESTRUTURA TEXTUAL ............................................. 71 COESÃO TEXTUAL ................................................... 72 DISCURSO E VOZES DO TEXTO ................................ 88 ESTILÍSTICA E VÍCIOS DE LINGUAGEM .................... 93 FIGURAS E FUNÇÕES DA LINGUAGEM ................... 94 GÊNEROS TEXTUAIS ................................................ 106 GRAMÁTICA ............................................................ 123 MORFOLOGIA ......................................................... 146 PONTUAÇÃO ........................................................... 150 SEMÂNTICA ............................................................ 154 SINTAXE .................................................................. 157 VERBO .................................................................... 163 EDUCAÇÃO FÍSICA SAÚDE ..................................................................... 174 ESPORTE E MANIFESTAÇÕES CULTURAIS ............... 175 CAUSAS SOCIAIS ..................................................... 176 INGLÊS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO .................................... 178 GRAMÁTICA ............................................................ 212 ESPANHOL INTERPRETAÇÃO DE TEXTO .................................... 236 GRAMÁTICA ............................................................ 262 EXATAS MATEMÁTICA ANÁLISE COMBINATÓRIA ....................................... 289 CONJUNTOS ............................................................ 290 FUNÇÃO E EQUAÇÃO DO 1 GRAU .......................... 291 FUNÇÃO E EQUAÇÃO DO 2 GRAU .......................... 292 FUNÇÕES ................................................................ 293 GEOMETRIA ANALÍTICA .......................................... 295 GEOMETRIA ESPACIAL ............................................ 298 GEOMETRIA PLANA ................................................ 300 PROGRESSÃO ARITMÉTICA ..................................... 305 PROGRESSÃO GEOMÉTRICA ................................... 307 MATEMÁTICA FINANCEIRA .................................... 308 RAZÃO, PROPORÇÃO E SIST. UNIDADES ................. 309 OPERAÇÕES BÁSICAS E DIVISIBILIDADE ................. 310 SISTEMAS E SEQUÊNCIAS ....................................... 312 LOGARITMO ........................................................... 313 POLINÔMIOS E COMPLEXOS .................................. 314 TRIGONOMETRIA ................................................... 317 MATRIZES E DETERMINANTES ................................ 320 EXPRESSÃO ALGÉBRICA .......................................... 321 INEQUAÇÕES E IRRACIONAIS ................................. 322 PRODUTOS NOTÁVEIS ............................................ 322 NATUREZA BIOLOGIA ORIGEM DA VIDA ................................................... 324 TAXONOMIA E SISTEMÁTICA .................................. 328 MICROBIOLOGIA .................................................... 330 SERES VIVOS E REPRODUÇÃO ................................ 333 BIOQUÍMICA ........................................................... 335 BOTÂNICA ............................................................... 339 CITOLOGIA .............................................................. 345 ECOLOGIA ............................................................... 349 GENÉTICA ............................................................... 356 PARASITOLOGIA ..................................................... 360 ZOOLOGIA .............................................................. 362 HISTOLOGIA E FISIOLOGIA ...................................... 366 FÍSICA ANÁLISE DIMENSIONAL .......................................... 379 CINEMÁTICA ........................................................... 381 DINÂMICA .............................................................. 385 ELETRODINÂMICA .................................................. 390 TERMODINÂMICA .................................................. 394 FÍSICA ELÉTRICA E CAPACITORES ............................ 496 ENERGIA ................................................................. 398 ESTÁTICA, ELETROSTÁTICA E TRABALHO ............... 399 GRAVITAÇÃO .......................................................... 403 HIDROSTÁTICA ....................................................... 405 MAGNETISMO ........................................................ 407 ONDULATÓRIA E ACÚSTICA .................................... 409 ÓPTICA .................................................................... 411 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES ..................... 414 CALORIMETRIA, TERMOLOGIA E CALOR ................ 416 MOMENTO LINEAR ................................................. 419 ANÁLISE VETORIAL E ESCALAR ............................... 421 QUÍMICA ANÁLISE DE ESPÉCIES QUÍMICAS ............................ 424 ÁTOMO ................................................................... 427 BIOQUÍMICA ........................................................... 431 CINÉTICA QUÍMICA ................................................. 433 QUÍMICA AMBIENTAL ............................................ 435 PROPRIEDADES PERIÓDICAS .................................. 435 COLOIDES ............................................................... 437 9 UECE POR ASSUNTO - @KARINELIVEMED @BRENOIC ELETRÓLISE ............................................................. 437 ELETROQUÍMICA .................................................... 438 EQUILÍBRIO QUÍMICO ............................................ 440 ESTEQUIOMETRIA .................................................. 442 FORÇAS INTERMOLECULARES ................................ 443 GASES ..................................................................... 444 ISOMERIA ............................................................... 446MATERIAIS DE LABORATÓRIO ................................ 447 LEIS PONDERAIS ..................................................... 448 LIGAÇÕES QUÍMICAS .............................................. 449 MÉTODOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS .............. 451 POLÍMEROS ............................................................ 453 PROPRIEDADES COLIGATIVAS ................................ 453 QUÍMICA E REAÇÕES INORGÂNICAS ...................... 454 QUÍMICA E REAÇÕES ORGÂNICAS .......................... 459 REAÇÕES QUÍMICAS ............................................... 469 TERMOQUÍMICA ..................................................... 471 HUMANAS HISTÓRIA HISTORIOGRAFIA E PRÉ-HISTÓRIA .......................... 475 IDADE ANTIGA ........................................................ 477 IDADE MÉDIA ......................................................... 481 IDADE MODERNA ................................................... 484 IDADE CONTEMPORÂNEA ...................................... 488 ATUALIDADES ......................................................... 596 BRASIL COLONIAL ................................................... 500 PERÍODO REGENCIAL .............................................. 508 PRIMEIRO REINADO ............................................... 509 SEGUNDO REINADO ............................................... 511 BRASIL REPÚBLICA .................................................. 513 ERA VARGAS ........................................................... 523 DITADURA .............................................................. 526 HISTÓRIA DO CEARÁ ............................................... 531 GEOGRAFIA AGRICULTURA ........................................................ 538 CONCEITOS GEOGRÁFICOS ..................................... 540 GEOPOLÍTICA .......................................................... 551 GLOBALIZAÇÃO ...................................................... 557 MEIO AMBIENTE ..................................................... 561 POPULAÇÃO ........................................................... 562 TRANSPORTE .......................................................... 564 URBANIZAÇÃO ........................................................ 566 CARTOGRAFIA ........................................................ 571 CLIMATOLOGIA ...................................................... 574 HIDROGRAFIA ......................................................... 588 FONTES DE ENERGIA .............................................. 583 REGIÕES .................................................................. 585 RELEVO ................................................................... 587 GEOLOGIA .............................................................. 592 VEGETAÇÃO E BIOMAS ........................................... 595 GEOGRAFIA DO CEARÁ ........................................... 498 FILOSOFIA SURGIMENTO DA FILOSOFIA .................................. 604 FILOSOFIA CLÁSSICA ............................................... 606 CONTRATUALISMO ................................................. 614 DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS ..... 617 ESCOLA DE FRANKFURT .......................................... 620 FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA ................................ 622 FILOSOFIA E PODER ................................................ 626 FILOSOFIA E POLÍTICA ............................................ 628 FILOSOFIA MEDIEVAL ............................................. 632 FILOSOFIA MODERNA ............................................. 635 MITOLOGIA ............................................................. 641 LIBERALISMO, SILOGISMO E MATERIALISMO HISTÓRICO .............................................................. 643 INDÚSTRIA, CULTURA, ESTÉTICA E ARTE ................ 644 RACIONALISMO E EPISTEMOLOGIA ........................ 646 SOCIOLOGIA SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA .............................. 649 DESIGUALDADE E PRECONCEITO ............................ 659 ESCOLA DE FRANKFURT .......................................... 654 GLOBALIZAÇÃO E CULTURA .................................... 655 JUVENTUDE, DIVERSIDADE E VIOLÊNCIA ............... 660 MOVIMENTOS E PROBLEMAS SOCIAIS ................... 663 RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS .................................... 666 MEIO AMBIENTE ..................................................... 671 SOCIEDADE, ESTADO E PODER ............................... 672 SOCIOLOGIA BRASILEIRA ........................................ 678 TEÓRICOS DA SOCIOLOGIA ..................................... 681 TRABALHO E CIDADANIA ........................................ 690 REDAÇÃO DEPOIMENTO ......................................................... 693 ARTIGO ................................................................... 696 CARTA ABERTA ....................................................... 701 NARRAÇÃO ............................................................. 705 BIOGRAFIA .............................................................. 709 EDITORIAL ............................................................... 712 PLANNER MENSAL ............................................................... 713 U E C E P O R A S S U N T O | @ B R E N O IC @ K A R IN E L IV E M E D Ch ecklis t A s s u n to s : FEIT O D Ú V ID A S R EV IS A D O In te rp re ta ç ã o d e te x to L ite ra tu ra L in g u ís tic a E s tru tu ra te x tu a l C o e s ã o te x tu a l D is c u rs o s e v o z e s d o te x to E s tilís tic a e v íc io s d e lin g u a g e m F ig u ra s e fu n ç õ e s d a lin g u a g e m G ê n e ro s te x tu a is G ra m á tic a M o rfo lo g ia S e m â n tic a S in ta x e V e rb o A N O T A Ç Õ E S P O R T U G U Ê S P á g i n a | 6 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED PORTUGUÊS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Texto para a próxima questão Uma Capitu Nordestina 1 Cada novo livro de Josué Montello é um 2 acontecimento em nossas letras. Sua 3 fecundidade literária, aliás [...], nunca se fez 4 com sacrifício de seu esmero na expressão 5 verbal. Pelo contrário, esse esmero atingiu seu 6 alto grau de perfeição com Aleluia, mas de forma 7 alguma se esgotou na sua busca de concisão, 8 outra meta constante em sua estilística pessoal. 9 Ainda agora, o que o levou a reeditar esse quase 10 primeiro livro de sua “maturidade literária”, 11 como ele próprio assinalou, foi a preocupação 12 estritamente estilística e não estrutural, junto ao 13 cuidado de preservar o tipo de sua personagem 14 central, a jovem Benzinho, e o ambiente 15 maranhense de todos os seus romances. 16 Aliás, se a paisagem maranhense desse 17 romance nada tem a ver com a rude paisagem 18 tipicamente nordestina dos romances de um José 19 Lins do Rego ou de um José Américo, o caráter 20 da jovem Maria de Lourdes Silva, apelidada 21 Benzinho desde a infância, nada tem a ver com o 22 tipo genuíno das jovens nordestinas, como aliás 23 dos homens da região, onde a firmeza de caráter 24 é a expressão mais representativa do 25 temperamento nordestino, pela supremacia dos 26 valores morais sobre os valores eróticos e 27 sobretudo hedonísticos. Sendo esse romance dos 28 seus vinte anos uma tentativa quase 29 subconsciente de reação antirromântica, não é 30 de espantar que essa adolescente dos subúrbios 31 de São Luís, o bairro do Anil, se pareça mais com 32 a sofisticada carioca Capitu do que com qualquer 33 das Inocências, ou Moreninhas do romantismo 34 de sua época. 35 Benzinho, pela mão feiticeira de seu criador 36 literário, que, aliás, colheu o modelo na vidareal, 37 passa ao longo do romance sem que o autor se 38 aprofunde em qualquer análise psicológica da 39 passagem de uma condição de vítima inocente à 40 de uma representante típica, embora 41 inconsciente, de um fenômeno sociológico, o da 42 ascensão social, que, ao contrário do tipo 43 habitual da mulher nordestina, coloca 44 inteiramente de lado as razões do coração ou da 45 sensualidade para se dirigir exclusivamente pela 46 razão. E pelo raciocínio rigorosamente 47 interesseiro de promoção social ou de influência 48 exterior. Quando, pela primeira vez, se entrega a 49 um quase desconhecido, é levada 50 exclusivamente por uma frase eventual de sua 51 mãe, que lhe confidenciara a vontade de ter um 52 neto. Pela segunda vez, o que a levou a fazer o 53 mesmo foi simplesmente a ambição de casar 54 com um vizinho rico. 55 Em ambos os casos, absoluta ausência de 56 sentimento passional e, no fundo, preocupações 57 de tipo masculino mais que feminino. Não é a 58 preocupação feminista de emancipação de seu 59 sexo, mas a passividade em face de um desejo 60 materno e o impulso masculino de ambição 61 social. 62 Aliás, na criação da personagem central 63 dessa jovem Capitu nordestina, tocava Josué 64 Montello em um fenômeno típico das sociedades 65 modernas: a confusão ou o desencontro entre os 66 sexos, em sua respectiva natureza biológica e 67 psicológica. Já Aristóteles verificava haver 68 homens de alma feminina e vice-versa. Assim 69 como não há, entre as várias idades do ser 70 humano, limites claros e positivos, assim 71 também não existe, entre os sexos, uma 72 psicologia respectivamente incompatível. O que é 73 preciso é não confundir o desencontro de 74 psicologias com a confusão, ou antes, a inversão 75 das psicologias. Uma coisa é um homem de alma 76 feminina e outra um homem efeminado. 77 Naqueles, o que vemos é o predomínio de certas 78 qualidades, que normalmente distinguem a alma 79 feminina, sem que, entretanto, essa troca 80 perturbe seus valores máximos. (Introdução. ATHAYDE, Tristão de. In: MONTELLO, Josué. Romances e novelas. V. 1. P. 109-111.) 1) (UECE 2017.1 1º fase) Considerando o raciocínio do autor do texto, atente ao que se diz nas seguintes afirmações: I. A paisagem do romance “Janelas Fechadas”, de Josué Montello, está para a paisagem tipicamente nordestina dos romances de José Lins do Rego e de José Américo, assim como o caráter da jovem Benzinho está para o tipo genuíno das jovens nordestinas e, de maneira geral, dos homens dessa região. II. A adolescente da cidade de São Luís está para a sofisticada Capitu, assim como a mesma adolescente P á g i n a | 7 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED está para qualquer das Inocências ou Moreninhas do romantismo da época. III. As razões do coração estão para Benzinho assim como o valor da ascensão social está para a mulher nordestina. Está correto o que se diz em A) I e III apenas. B) II e III apenas. C) I e II apenas. D) I, II e III. 2) (UECE 2017.1 1º fase) A apresentação que Tristão de Athayde faz do romance Janelas Fechadas, do maranhense Josué Montello, tem como tópico, ou ponto principal, A) o confronto entre esse romance e os romances de José Lins do Rego e de José Américo. B) a exaltação do caráter do nordestino, que sobrepõe os valores morais a quaisquer outros valores. C) o paralelo entre Benzinho, a adolescente da periferia de São Luís, e a sofisticada carioca Capitu. D) a tentativa quase subconsciente de Josué Montello de reagir contra o Romantismo. 3) (UECE 2017.1 1º fase) Releia o excerto que vai da linha 27 (“Sendo esse”) à linha 34, no qual Athayde diz que Montello tentou uma reação antirromântica ao escrever Janelas Fechadas. Pelo que consta no excerto destacado, só se pode afirmar que a reação antirromântica de Montello A) atingiu escritores como José de Alencar e Bernardo Guimarães. B) foi feita pela imitação do estilo romântico de escrever. C) realizou-se com a utilização de um humor sarcástico. D) produziu-se com a criação de uma protagonista não condizente com as heroínas românticas. 4) (UECE 2017.1 1º fase) Considerando a índole de Benzinho, observe os seguintes itens: I. preocupações maiores com questões masculinas do que femininas; II. preocupação com a alienação da mulher; III. desambição de ascensão social. Está relacionado com o caráter de benzinho apenas o que consta em A) I. B) I e II. C) III. D) II e III. 5) (UECE 2017.1 1º fase) Um dos fenômenos típicos da sociedade moderna, segundo palavras de Athayde, é “a confusão ou o desencontro entre os sexos”. Seguindo o raciocínio apresentado no texto, é correto afirmar que A) não existe imprecisão quanto aos limites entre a natureza masculina e a feminina. B) a inversão das psicologias masculina e feminina não pressupõe a efeminação. C) as naturezas masculina e feminina são capazes de conviver com harmonia. D) o desencontro de psicologias é fruto da inversão de psicologias. GRITO Quadro que fundou o expressionismo nasceu de um ataque de pânico. 6) (UECE 2017.1 2º fase) Assinale a opção que reduz o primeiro parágrafo do texto (linhas 01-10), às suas 5 informações fundamentais. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O piquenique no bosque, de Édouard Manet, era exposto no Salão dos Rejeitados, chamando a atenção para um movimento que nem nome tinha ainda. Era o impressionismo, superando séculos de pintura acadêmica. Os impressionistas deixaram o realismo para a fotografia e se focaram no que ela não podia mostrar: as sensações, a parte subjetiva do que se vê. Crescendo durante essa revolução, Munch – que, aliás, também seria fotógrafo – achava a linguagem dos impressionistas superficial e científica, discreta demais para expressar o que sentia. E ele sentia: Munch tinha uma história familiar trágica: perdeu a mãe e uma irmã na infância, teve outra irmã que passou a vida em asilos psiquiátricos. Tornou-se artista sob forte oposição do pai, que morreria quando Munch tinha 25 anos e o deixaria na pobreza. O artista sempre viveu na boemia, entre bebedeiras, brigas e romances passageiros, tornando-se amigo do filósofo niilista Hans Jæger, que acreditava que o suicídio era a forma máxima da libertação. Fruto de suas obsessões, O Grito não foi seu primeiro quadro, mas o que o tornaria célebre. A inspiração veio do que parece ter sido um ataque de pânico, que ele escreveu em seu diário, pouco mais de um ano antes do quadro: “Estava andando por um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – quando, de repente, o sol tornou-se vermelho como o sangue. Eu parei, sentindo-me exausto, e me encostei na cerca – havia sangue e línguas de fogo sobre o fiorde negro e a cidade. Meus amigos continuaram andando, e eu fiquei lá, tremendo de ansiedade – e senti um grito infinito atravessando a natureza”. Ali nasceria um novo movimento artístico. O Grito seria a pedra fundadora do expressionismo, a principal vanguarda alemã dos anos 1910 aos 1930. (Aventuras na História) P á g i n a | 8 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED A) A exposição de Piquenique no Bosque, em 1863, chamou a atenção para o impressionismo, que se iniciava explorando o lado subjetivo das sensações. B) A exposição de Piquenique no Bosque, quadro de Édouard Manet, chamou a atenção para o impressionismo, que se iniciava explorando o lado subjetivo das sensações. C) A exposição de Piquenique no Bosque, quadro de Édouard Manet, chamou a atenção para o impressionismo, superando a pintura acadêmica. D) A exposição de Piquenique no Bosque, quadro de Édouard Manet, exposto no Salão dos Rejeitados, chamou a atenção parao impressionismo, que explorava o lado subjetivo das sensações. 7) (UECE 2017.1 2º fase) Pode-se assegurar, com base nas informações do texto, que A) Manet pintou o quadro O Grito ao mesmo tempo em que Munch escrevia o diário. B) antes de pintar O Grito, Munch escreveu um diário, onde diz ser a linguagem do Impressionismo insuficiente, fraca e insatisfatória para expressar os sentimentos de qualquer pintor. C) Manet pintou o famoso quadro Piquenique no bosque sob forte tensão psicológica. D) Munch mencionou em seu diário, antes de pintar O Grito, o abalo psicológico que pode ter sido a motivação do quadro. 8) (UECE 2017.1 2º fase) Observe a diferença de sentido entre o verbo sugerir (dar a entender, insinuar, aventar) e o verbo afirmar (assegurar a veracidade ou a existência de algo; certificar, comprovar, atestar). Assinale a opção que corresponde ao único dado do primeiro parágrafo do texto, que foi apenas sugerido ou insinuado. A) Munch foi amigo de Hans Jæger, filósofo niilista (niilista é aquele que tem espírito destrutivo e entende não ter a vida valor nem utilidade). B) Edvard Munch nasceu no ano de 1863. C) Edvard Munch nasceu no ano em que Édouard Manet expôs o quadro O piquenique no bosque. D) Muito jovem, Munch teve de enfrentar a perda de parte da família. 9) (UECE 2017.1 2º fase) Com base no que o texto diz sobre, O Grito, entre as linhas 26 a 34, marque a opção INCORRETA. A) O Grito foi pintado para reproduzir um grito de horror dado por Munch quando, no final de uma tarde, ele teve medo de um barulho que parecia o grito de um animal. B) O Grito nasceu de uma compulsão a que o pintor não pôde resistir e que o levou a praticar um ato irracional. C) As sombras do entardecer e os reflexos vermelhos dos raios do sol criaram uma paisagem que levou o impressionável pintor a entrar em pânico. D) Munch era um homem obsessivo, compulsivo, marcado por tragédias familiares. Embriagavase e tinha um amigo um filósofo niilista. O grito não foi emitido por ele, não foi nada natural. Provavelmente, fruto da imaginação alterada: “senti um grito infinito atravessando a natureza”. 10) (UECE 2017.1 2º fase) O enunciado: “Crescendo durante essa revolução, Munch – que, aliás, também seria fotógrafo – achava a linguagem dos impressionistas superficial e científica” (linhas 11- 14) A) traz uma informação essencial para o leitor. B) apresenta um leve tom de ironia. C) indica que o locutor tem todas as informações sobre Munch. D) traz o vocábulo “aliás”, que pode ser substituído pela expressão “ou melhor”. Texto para a próxima questão Subsídio para a leitura do Texto Pedro Américo, pintor brasileiro nascido na Paraíba, foi um grande cultivador da arte acadêmica. Viveu sob a proteção de D. Pedro II, que lhe financiou cursos na Europa. O Imperador Brasileiro foi um verdadeiro Mecenas (indivíduo rico que protege artistas, homens de letras ou de ciências, proporcionando-lhes recursos financeiros para que possam dedicar-se, sem preocupações outras, às artes e às ciências). Foi por encomenda de D. Pedro II que ele pintou, em 1888, o quadro que homenageia D. Pedro I, pelo ato de proclamar a independência política do Brasil. A pintura recebeu o nome de Independência ou Morte, sendo mais conhecida, no entanto, como O Grito do Ipiranga. É um quadro que todo estudante brasileiro reconhece. O GRITO Um tranquilo riacho suburbano, Uma choupana embaixo de um coqueiro, Uma junta de bois e um carreteiro: Eis o pano de fundo e, contra o pano, Figurantes – cavalos e cavaleiros, Ressaltando o motivo soberano, A quem foi reservado o meio plano Onde avulta solene e sobranceiro. P á g i n a | 9 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED Complete-se a figura mentalmente Com o grito famoso, postergando Qualquer simbologia irreverente. Nem se indague do artista, casto obreiro, Fiel ao mecenato e ao seu comando, Quem o povo, se os bois, se o carreteiro. PAES, José Paulo. Poesia Completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. P.105. 11) (UECE 2017.1 2º fase) Atente ao que se diz sobre as duas primeiras estrofes do poema. I. A primeira estrofe, composta totalmente de frases nominais, descreve a paisagem humilde onde ocorrerá o episódio. Vê-se, no espaço chamado pano de fundo, a figura humilde de um carreteiro puxando uma junta de boi. II. A segunda estrofe, narrativa, contrasta com a primeira, porque introduz figuras humanas bem trajadas. São os figurantes: cavalos e cavaleiros, que representam as cortes de Lisboa, que estão ali para impedir o ato heroico. III. Na segunda estrofe, em um plano mais alto, já se anuncia a figura importante que será o centro do episódio. Está correto o que se diz somente em A) I. B) I e III. C) II e III. D) II. 12) (UECE 2017.1 2º fase) Atente ao que se diz sobre as duas últimas estrofes do poema. I. A terceira estrofe convida o leitor a completar o episódio famoso que todos guardam na memória: o grito (conhecido como “O Grito do Ipiranga”), desprezando ou evitando qualquer desrespeito. II. A terceira estrofe é puramente crítica, de uma crítica sarcástica: critica-se a posição do artista beneficiado por um mecenas: se ele recebe dinheiro de alguém, é claro que fará a obra de acordo com os desejos desse alguém. Será que aconteceu algo assim com o quadro de Pedro Américo? O poeta refere-se ao artista como “casto obreiro”, ironizando o comportamento de quem recebe dinheiro de um mecenas. III. O último verso do poema traz uma crítica social partindo do quadro que representa o Grito do Ipiranga: “Quem o povo, se os bois, se o carreteiro”. Afinal, diante da situação em que se encontra o carreteiro (um homem), surge a dúvida sobre a situação do indivíduo. Estará o homem em uma situação inferior à dos bois? Está correto o que é dito em A) I, II e III. B) I e III apenas. C) I e II apenas. D) II e III apenas. 13) (UECE 2017.1 2º fase) Leia com atenção o que se diz sobre os dois textos desta prova. I. Há um trabalho explícito de interdiscursividade entre “O Grito”, em prosa, e “O Grito”, em verso. II. O tipo de verso em que foi composto “O Grito” se adéqua ao tema explorado. III. O tipo de verso em que foi composto o poema “O Grito” constitui uma ironia: o tom que o autor imprime ao poema não condiz com a nobreza do verso escolhido. Está correto o que se diz somente em A) I e II. B) I e III. C) II. D) III. Texto para a próxima questão Luciana 1 Ouvindo rumor na porta da frente e os 2 passos conhecidos de tio Severino, Luciana 3 ergueu-se estouvada, saiu do corredor, 4 entrou na sala, parou indecisa, esperando 5 que a chamassem. Ninguém reparou nela. 6 Papai e mamãe, no sofá, embebiam-se na 7 palavra lenta e fanhosa de tio Severino, 8 homem considerável, senhor da poltrona. O 9 que ele dizia para a família tinha força de lei. 10 Luciana quis aproximar-se das pessoas 11 grandes, mas lembrou-se do que lhe tinha 12 acontecido na véspera. Andara com mamãe 13 pela cidade, percorrera diversas ruas, 14 satisfeita. Num lugar feio e escorregadio, 15 onde a água da chuva empoçava, resistira, 16 acuara e caíra no chão, sentara-se na lama, 17 esperneando e berrando. Em casa, antes de 18 tirar-lhe a camisa suja, mamãe lhe infligira 19 três palmadas enérgicas. Por quê? Luciana 20 passara o dia tentando reconciliar-se com o 21 ser poderoso que lhe magoara as nádegas. 22 Agora, na presença da visita, essa criatura 23 forte não anunciava perigo. 24 Luciana aproximou-se do sofá nas 25 pontas dos pés, imitando as mulheres que 26 usam sapato alto. Convidava a irmã para 27 brincar de moça, mas acabava arranjando-se 28 só. E lá ia ela remedando um pássaro que se 29 dispõe a voar, inclinada para a frente, os P á g i n a | 10 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 30 calcanharesapoiados em saltos enormes e 31 imaginários. Assim aparelhada, chamava-se 32 D. Henriqueta da Boa-Vista. 33 Tio Severino era notável: vermelho, 34 tinha maçarocas brancas no rosto, o beiço e 35 o queixo rapados, a testa brilhante, 36 sobrancelhas densas e óculos redondos. 37 Entre os dentes amarelos, a voz escorria 38 pausada, nasal, incompreensível. Luciana 39 percebia as palavras, mas não atinava com a 40 significação delas. Rondou por ali um 41 instante, mas fatigou-se. E ia esgueirar-se 42 para o corredor, quando algumas sílabas da 43 conversa indistinta lhe avivaram a recordação 44 de outras sílabas vagas, largadas por um 45 moleque na rua. Repetiu bem alto as 46 palavras do moleque. 47 – Esta menina sabe onde o diabo dorme. 48 Luciana teve um deslumbramento. O 49 coraçãozinho saltou, uma alegria doida 50 encheu-a. Sentiu-se feliz e necessitou 51 desabafar com alguém. Cruzou a sala. 52 Espalhou as revistas e as bonecas, pôs-se a 53 dançar em cima delas. Regressou, muito 54 leve, boiando naquela claridade que a 55 envolvia e penetrava. 56 – Esta menina sabe onde o diabo dorme. 57 Tio Severino tinha feito uma revelação 58 extraordinária, e Luciana devia comportar-se 59 como pessoa que sabe onde o diabo dorme. 60 Voltou a caminhar nas pontas dos pés, de 61 uma parede a outra, simulando não ver o 62 sofá e a poltrona. Estava sendo observada, 63 notavam nela sinais esquisitos, sem dúvida. 64 – Foi tio Severino quem disse. 65 – Ah! 66 Papai e mamãe, silenciosos, refletindo 67 na opinião rouca do parente grande, com 68 certeza diziam “Ah!” por dentro e 69 orgulhavam-se da filha sabida. 70 A cena da véspera atravessou-lhe o 71 espírito e importunou-a. Sentada numa poça 72 de água suja, gritara, enlameara-se toda. 73 Naquele despropósito não era D. Henriqueta 74 da Boa Vista – Que vergonha! 75 A culpada era a mamãe, que tivera a 76 infeliz ideia de levá-la a lugares diferentes 77 da calçada tranquila, do quintal sombrio. Na 78 esquina do quarteirão principiava o mistério: 79 barulho de carros, gritos, cores, movimentos, 80 prédios altos demais. Talvez o diabo 81 dormisse num deles. Em qual? Desanimada, 82 confessou, interiormente, a sua ignorância. 83 E, relativamente ao diabo só podia garantir 84 baseada nas informações da cozinheira, que 85 ele era preto, possuía chifres e rabo. Para 86 quê? Admirou-se dessa extravagância. Que 87 precisão tinha ele de chifres e rabo? Preto 88 estava certo. No bairro moravam alguns 89 pretos, sem chifres nem rabo. E se a 90 cozinheira estivesse enganada? No espírito 91 de Luciana, pouco inclinado a dúvidas, a 92 pergunta esmoreceu, mas a indecisão 93 momentânea descontentou-a: se privassem o 94 diabo daqueles apêndices, ele ficaria reduzido 95 a um brinquedo ordinário. Estremeceu 96 maravilhada, num susto que encerrava 97 prazer, uma visão patenteou-lhe a figura 98 monstruosa. Certamente o diabo tinha gênio 99 ruim, em horas de zanga batia nas pessoas 100 com o rabo, espetava-as com os chifres. E 101 retinto, da cor de Seu Adão carroceiro... 102 – Esta menina tem parte com o diabo. 103 E puxava as orelhas de Luciana. Por 104 quê? Certamente o diabo também fugia de 105 casa. Lisonjeada e medrosa com a terrível 106 associação, Luciana persistia na 107 desobediência. 108 Seu Adão, apesar de negro, não tinha 109 parte com o diabo, provavelmente um sujeito 110 sisudo, triste, como tio Severino. O beiço 111 franzido e o olho duro de tio Severino. 112 – Esta menina tem parte com o diabo. 113 A fala ranzinza feria-lhe os ouvidos. Dedos 114 finos e nervosos agarravam-na. Um susto, a 115 impressão de ter perdido qualquer coisa e 116 achar-se em risco. Findo o sobressalto, 117 imaginara-se protegida por entidades 118 vigorosas e imortais. Agora a frase de tio 119 Severino firmava-lhe a convicção. Com 120 certeza possuía as qualidades necessárias 121 para instruir-se e confirmar o juízo de tio 122 Severino. Dona Henriqueta da Boa-Vista era 123 um azougue: tinha jeito de quem sabe onde 124 o diabo dorme. Ainda não sabia, mas haveria 125 de saber. Descobriria o lugar onde o diabo 126 dorme. Dona Henriqueta da Boa-Vista se 127 largaria pelo mundo, importante, os 128 calcanhares erguidos, em companhia de 129 seres enigmáticos que lhe ensinariam a 130 residência do diabo. Mais tarde seu Adão a 131 embarcaria na carroça: – “Foi um dia uma 132 princesa bonita que tinha uma estrela na 133 testa”. Luciana recusava as princesas e as 134 estrelas. Seu Adão coçaria o pixaim, 135 encolheria os ombros. Levá-la-ia para a 136 gaiola. Mamãe recebê-la-ia zangadíssima. E 137 daria, quando seu Adão se retirasse, várias P á g i n a | 11 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 138 chineladas em Dona Henriqueta da Boa-Vista. 139 Sem dúvida. Mas isso ainda estava muito 140 longe – e Luciana aborrecia tristezas. (Graciliano Ramos. Luciana. In: Insônia. Record 14ª Ed. Rio, São Paulo: 1978. p. 61-68. Texto adaptado.) 14) (UECE 2017.2 1º fase) No conto “Luciana”, Graciliano Ramos focaliza uma das fases do desenvolvimento humano, a infância. Dentre os excertos abaixo, extraídos de obras que falam sobre a infância, assinale aquele cujo conteúdo é compatível com a visão de infância que Graciliano Ramos transmite no conto supracitado. A) “Deus é alegria. Uma criança é alegria. Deus e uma criança têm isso em comum: ambos sabem que o universo é uma caixa de brinquedos. Deus vê o mundo com os olhos de uma criança. Está sempre à procura de companheiros para brincar.” (Rubem Alves) B) “Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável. Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre.” (Erasmo de Roterdã) C) “Mostrei minha obra prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes dava medo. Responderam-me ‘Por que um chapéu daria medo?’ Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem entender melhor.” (Antoine de Sainte-Exupéry) D) “Quando crianças, nosso maior sonho é ver o tempo voar e finalmente nos tornarmos adultos. Ah, se soubéssemos, naquele tempo, o que significa ser criança...” (Internet. Autor não declarado.) 15) (UECE 2017.2 1º fase) Assinale a opção que descreve corretamente quem era D. Henriqueta da Boa-Vista e o que ela representava para Luciana. A) D. Henriqueta da Boa-Vista era uma amiga da mãe de Luciana, considerada pela sociedade por ser culta e rica. B) D. Henriqueta da Boa-Vista era uma criação de Luciana, que representava para ela uma criança amiga com quem podia brincar. C) D. Henriqueta da Boa-Vista era uma senhora criada pela imaginação de Luciana, que compensava o mau relacionamento entre mãe e filha. D) D. Henriqueta da Boa-Vista era uma criação da imaginação de Luciana; era a voz que faltava à menina e que lhe permitiria ser considerada. 16) (UECE 2017.2 1º fase) Que sentimentos experimentou Luciana quando ouviu, pela primeira vez, que era uma menina que sabia onde o diabo dormia? A) Sentiu orgulho e acreditou que devia continuar a proceder mal para justificar a afirmação do tio. B) Receou ter de viver em constante atrito com tio Severino. C) Teve medo da reação da mãe por causa das palmadas que ela lhe aplicaria. D) Sentiu-se mais próxima de D. Henriqueta da Boa- Vista e guardou a certeza de que ela a ajudaria a achar a morada do diabo. 17) (UECE 2017.2 1º fase) Caricatura é o desenho de uma pessoa ou de um fato exageradamente deformados. É um tipo de expressão grotesca ou jocosa, divertida, cômica. A caricatura também pode ser feita por meio dos recursos linguísticos. No conto, a personagem caricaturada é A) Luciana, que foi descrita pelo narrador com exagero, isto é, com expressões hiperbólicas, quefazem o leitor perceber a ironia do trecho. B) a serviçal da casa de Luciana, que não gostava da menina e contava à mãe dela tudo o que a garota inventava, exagerando no mau comportamento da menina. C) Tio Severino, cujos traços relevantes para o propósito do narrador foram apresentados metonimicamente, de forma a chamar atenção para o cômico. D) a mãe de Luciana, descrita por meio de metáforas como uma mulher má, que não ama a filha. 18) (UECE 2017.2 1º fase) Releia com atenção o trecho que fica entre as linhas 17 e 23: “Em casa, antes de tirar-lhe a camisa suja, mamãe lhe infligira três palmadas enérgicas. Por quê? Luciana passara o dia tentando reconciliar-se com o ser poderoso que lhe magoara as nádegas. Agora, na presença da visita, essa criatura forte não anunciava perigo”. Nesse trecho aparecem três vocábulos e/ou expressões que se referem à mãe de Luciana. São expressões referenciais, com as quais podem ser construídas quatro diferentes sequências. Uma delas foi organizada de modo a formar uma gradação ascendente com um forte clímax. Essas expressões referenciais são responsáveis pelas mudanças que o referente sofre durante o desenvolvimento do discurso. A sequência que expressa a gradação ascendente é A) mamãe, criatura forte, ser poderoso. B) mamãe, ser poderoso, criatura forte. C) criatura forte, mamãe, ser poderoso. P á g i n a | 12 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED D) ser poderoso, criatura forte, mamãe. Texto para a próxima questão Moderna e Eterna 01 Cem anos após inaugurar a primeira 02 exposição modernista do Brasil, que serviu 03 de embrião para a Semana de 1922, Anita 04 Malfatti ganha uma grande mostra, em São 05 Paulo, sobre seu legado. 06 Uma semana após inaugurar aquela que 07 seria a primeira exposição de arte moderna 08 no Brasil, no dia 12 de dezembro de 1917, 09 Anita Malfatti (1889-1964) teve cinco telas 10 devolvidas por seus compradores, além de 11 receber dezenas de bilhetes anônimos 12 falando mal de suas obras. O motivo? A 13 crítica feroz do influente escritor Monteiro 14 Lobato (1882-1948), que comparou o 15 trabalho da paulistana “aos desenhos de 16 internos dos manicômios”. A mostra de 17 Malfatti serviu de embrião para a revolução 18 artística que culminaria na Semana de Arte 19 Moderna de 1922, protagonizada por ela, 20 Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald 21 de Andrade, Menotti Del Picchia – 22 conhecidos como o Grupo dos Cinco. É em 23 comemoração a essa emblemática exposição 24 que o MAM de São Paulo inaugura no 25 próximo dia 7 Anita Malfatti: 100 Anos de 26 Arte Moderna. 27 Graças à crítica de Lobato, Anita tornou- 28 se a mártir do modernismo brasileiro”, 29 explica a curadoura Regina Teixeira de 30 Barros. Foi depois da publicação do artigo do 31 escritor que começaram a se reunir em torno 32 dela jovens poetas e artistas inconformados 33 com a linguagem tradicional que dominava o 34 cenário cultural da época. Apesar de ser mais 35 discreta na forma de agir e se vestir que sua 36 amiga Tarsila, Anita não deixou de ganhar 37 notoriedade e reconhecimento em mercado 38 ainda dominado por homens. 39 Aos 20 anos mudou-se para a Alemanha, 40 onde se apaixonou pelo expressionismo. 41 Depois seguiu para os Estados Unidos, terra 42 natal de sua mãe, pintora nas horas vagas e 43 a primeira a incentivar a filha a seguir o 44 sonho de ser artista. Casada com o 45 engenheiro italiano Samuelli Malfatti, 46 Elizabeth Krug viajava com a filha desde 47 pequena pela Europa, não apenas para 48 iniciá-la no mundo das artes, mas por causa 49 de um problema congênito de Anita – uma 50 atrofia no braço e na mão direita. Sem 51 grandes resultados no tratamento, a pintora 52 usava lenços coloridos para enconder a 53 malformação na mão – o que a levou a ter 54 uma bela coleção do acessório para diversas 55 ocasiões. 56 Ela não se deixou abater. Aprendeu a 57 pintar com a mão esquerda, algo marcante 58 em sua personalidade. Conforme crescia, 59 experimentava voluntariamente a fome, a 60 cegueira e a sede, na busca de sensações 61 físicas de “superação do eu”, como ela 62 mesma descrevia. Um dos fatos 63 insuperáveis, no entanto, foi sua paixão nem 64 tão secreta assim pelo grande amigo Mário 65 de Andrade. Homossexual convicto, o 66 modernista nunca correspondeu (sic) o amor 67 de Anita. Após a Semana de 1922 (e apesar 68 de sua profunda admiração pela amiga), 69 Mário decidiu não apoiá-la quando, nas 70 décadas de 30 e 40, a artista decidiu 71 inspirar-se nas pinturas da academia em 72 suas novas produções. “Ela fraquejou, sua 73 mão, indecisa, se perdeu”, comentou ele à 74 época. Mário recusou também as pinturas de 75 Anita para o Salão de Belas Artes, o que 76 provocou uma fissura na relação dos dois. 77 “Ele foi um dos críticos que não assimilou 78 que o modernismo não era apenas feito de 79 ruptura à tradição, mas também [de] uma 80 reflexão sobre o passado, algo que Anita 81 conseguiu colocar de forma magistral em 82 suas pinturas”, explica Regina. 83 Entre as poucas obras que mostram a 84 amizade do Grupo dos Cinco, a mais 85 conhecida é certamente um desenho 86 homônimo assinado por Anita, destaque da 87 mostra de São Paulo. Nele a pintora e Mário 88 aparecem tocando piano, enquanto Tarsila, 89 Oswald e Menotti estão deitados. A cena 90 mostra o ambiente genuíno no qual a 91 Semana de Arte Moderna de 1922 nasceu, 92 resume a curadora. (Ana Carolina Ralston. Vogue. Fevereiro de 2016.p. 86-87.) 19) (UECE 2017.2 2º fase) O objetivo do texto “Moderna e Eterna” é A) lembrar o centenário da Semana de Arte Moderna. B) destacar as mais importantes datas do Modernismo brasileiro. C) enfocar a primeira exposição de arte moderna no Brasil. P á g i n a | 13 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED D) salientar as figuras mais importantes da literatura moderna no Brasil. 20) (UECE 2017.2 2º fase) O texto centraliza-se A) na doença de Anita Malfatti. B) nos detalhes da vida íntima de Anita, como sua relação com Mário de Andrade. C) na falta de ética de Monteiro Lobato. D) na trajetória artística de Anita Malfatti. 21) (UECE 2017.2 2º fase) Ensina Othon Moacyr Garcia (In: Comunicação em Prosa Moderna): “Se o fato determinante de outro é a sua causa, esse outro é a sua consequência. A consequência desejada ou preconcebida é o fim (propósito, objetivo)”. Considerando o que diz Othon M. Garcia, atente às seguintes afirmações: I. A devolução a Anita Malfatti de cinco telas e o recebimento, pela mesma Anita, de bilhetes anônimos falando mal de suas obras determinam a crítica feita por Moteiro Lobato à obra da pintora paulistana. Esse fato é consequência do outro. II. A crítica de Monteiro Lobato aos quadros de Anita Malfatti foi a causa do fracasso da exposição da pintora, em 1917. III. A consequência advinda da ação de Lobato (escrever um artigo posicionando-se contra a obra de Anita Malfatti) não foi preconcebida, portanto, não pode ser considerada o fim, propósito ou objetivo de sua ação. Está correto o que se diz em A) I e II apenas. B) II e III apenas. C) I e III apenas. D) I, II e III. 22) (UECE 2017.2 2º fase) A real responsabilidade pelo fracasso da exposição de Anita Malfatti deve-se A) à própria Anita, que nunca chegou a ser uma grande pintora. B) ao público, que se negou a pagar pelas obras compradas, devolvendo-as. C) a Monteiro Lobato, que escreveu um artigo violento contra as obras de Anita. D) à doença, que tirou de Anita a possibilidade de crescer em sua arte. 23) (UECE 2017.2 2º fase) Comentário de Mário de Andrade, quando nas décadas de 30 e 40 Malfatti decidiu inspirar-se nas pinturas da academia em suas novas produções: “Ela fraquejou, sua mão, indecisa, se perdeu” (linhas 72-73). Atente ao que se diz aseguir a respeito do comentário de Mário de Andrade. I. O poeta reporta-se, unicamente, à doença congênita que Anita sofria — uma atrofia no braço e na mão direita. Essa primeira leitura constrói o sentido literal. II. Mário de Andrade alude, somente, ao que, para ele, fora um retrocesso: a busca de inspiração, por Anita, na velha pintura acadêmica, a qual não introduz nas artes plásticas nada de novo, nada de revolucionário. III. O poeta constrói um jogo de palavras em que os mesmos vocábulos indicam a doença física da pintora e o que, para Mário de Andrade, foi um retrocesso artístico dela. Fazem-se, assim, ao mesmo tempo, leituras diferentes, mas que não se contradizem. Está correto o que se afirma somente em A) I. B) II e III. C) I e II. D) III. Texto para a próxima questão Adeus, lentilha 67 Sem a pressão de estar na praia certa 68 e na festa exata, livre de superstições e dos 69 fogos à meia-noite, o Réveillon longe do 70 Brasil trouxe uma certeza: é preciso criar a 71 cada segundo o sentido dos dias. 72 Para nós, brasileiros, passar o 73 Réveillon longe do calor é, à primeira 74 sensação, começar o ano com o pé direito em 75 terra de canhoto. Para variar e virar a casaca 76 de vez, encarei de frente o dia 31 a curta 77 distância da tímida Barcelona de dezembro – 78 é na capital da Catalunha que vivo 79 atualmente –, sem o relento tropical e o 80 arder das multidões em chamas nas praias 81 do Rio ou da Bahia. Perto do mar (afinal, 82 cariocas e andorinhas nunca voam de costas 83 para o Atlântico) para saudar Iemanjá, mas 84 sem a menor chance de pular as sete ondas e 85 congelar para sempre em 2016, graças a um 86 desejo de sopro familiar passei a data em 87 Lisboa, onde os abraços são mais acalorados, 88 a comida faz as vezes de beijo de avó e a 89 alma cá dentro se acalma sob o sol de um 90 inverno generoso. 91 A “passagem d’ano” na terrinha peca 92 pela falta de excessos, mas é justamente na 93 ausência de rompantes que se rompe com o 94 passado sem grandes expectativas para o 95 futuro, o que é libertador e alivia. Sem as 96 mandingas que, dando resultados ou não, 97 repetimos a cada virada com a mesma 98 devoção que os portugueses têm na festa de 99 Santo Antônio, e os catalães, no dia de São P á g i n a | 14 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 100 João (quando, no solstício de verão, saem 101 pelas ruas vestidos de branco) celebrei a 102 chegada de 2017 à moda da casa. Ou quase: 103 por mais que o preto seja o traje uníssono 104 em Portugal, me dei a licença poética e 105 mística de quebrar o protocolo ao vestir 106 branco da cintura para cima (não quis violar 107 a “regra” de todo, afinal nunca se sabe o dia 108 primeiro de amanhã) e um par de meias 109 novas da cor sugerida pelas astrólogas sem 110 medo de parecer um alienígena. 111 Para eles era evidente que eu não era dali; 112 para mim, era uma dúvida se eu deveria 113 estar ali. Ficou claro no look, nas gracinhas 114 das dancinhas e no incessante refil das 115 tacinhas que eu era o convidado trapalhão. E 116 estava na minha cara a interrogação, cara de 117 quem não viu uma lentilha sobre a mesa, 118 cara de estranho no ninho que não viu o 119 ninho de ovos envolvendo o pernil... cara de 120 quem pergunta: “cadê as gemas e o açúcar 121 que vocês comem o ano inteiro?” E nem o 122 pernil havia!!! Sobreviver a um Réveillon sem 123 pinta de Réveillon parecia tarefa impossível 124 (a prova de fogo seria a falta de fogos) e eu 125 precisava de um sinal qualquer que fizesse 126 meus olhos enxergarem que se tratava de 127 uma festa de Ano-Novo. E nada. 128 Aparentemente nada mudaria ao meu redor 129 de 31 de dezembro para 1º de janeiro. 130 Ao mesmo tempo, estar livre da 131 obrigação de ser feliz da porta (e do post) 132 para fora, de estar na praia certa, na festa 133 exata, no look preciso, no bronze ideal me 134 soou perfeito para entrar 2017 sem a 135 esperança travestida de ilusão, o otimismo 136 disfarçado de alienação. A passagem 137 suavemente se fez sem o rito, a quebra. E o 138 Day after tornou-se um dia a mais, o 139 primeiro do ano novo, mas com jeito da 140 continuação de uma história sem pausa, sem 141 pressa. Assim, no minuto 1 de 1º de janeiro, 142 ficou entendido que é preciso criar a cada 143 segundo o sentido dos dias. E num piscar de 144 olhos e no passar ligeiro do tempo, eis que o 145 ano-bom foi anunciado com a euforia de uma 146 notícia extraordinária. Entre brindes e os 147 adoráveis “beijinhos grandes” que os “tugas” 148 tanto trocam e nos tocam, dei a noite por 149 encerrada sem precisar explicar em 150 português claro por que 2016 não vai deixar 151 saudade. (Débora ChodiK. Vougue. p. 122.) 24) (UECE 2017.2 2º fase) O texto “Adeus, lentilha”, tem as características de uma crônica como a maioria das pessoas a veem hoje. Desde que a crônica surgiu como relato de acontecimentos históricos, que obedeciam à passagem do tempo, até os dias atuais, esse gênero discursivo sofreu inúmeras mudanças, principalmente a partir do século XIX. Hoje, os estudiosos reconhecem uma diversidade de tipos de crônica (a narrativa, a descritiva, a jornalística, a humorística, etc.). Não é, porém, o assunto o elemento decisivo na distinção de uma crônica, mas a linguagem empregada: é um texto curto, de linguagem simples, leve, agradável, que normalmente tem um tom de humor. Atente ao que se diz sobre o primeiro parágrafo da crônica. I. Funciona como uma espécie de apresentação do que vai ser explorado, trazendo, portando, estrutura de introdução. II. Esse parágrafo constrói-se de maneira inusitada: traz características de introdução, mas também um elemento comum à conclusão, que é a solução do problema. III. Cria um clima de expectativa para o leitor. Está correto o que se diz em A) I, II e III. B) II e III somente. C) I e II somente. D) I e III somente. 25) (UECE 2017.2 2º fase) O trecho “é preciso criar a cada segundo o sentido dos dias” (linhas 168-169) sugere uma lição de vida que pode ser corretamente explicada da seguinte forma: A) Os dias passam rapidamente e não podemos ficar presos ao passado, querendo encontrar no presente o que ficou no passado. B) É preciso que encontremos, sempre, um motivo novo para viver. C) A cada dia devemos esperar pelo futuro que nos trará um novo motivo para viver. D) É precio que todo dia tenhamos um motivo para viver, mesmo que esse motivo nos deixe infelizes. Não se zanguem 01 A cartomancia entrou decididamente na vida 02 nacional. 03 Os anúncios dos jornais todos os dias 04 proclamam aos quatro ventos as virtudes 05 miríficas das pitonisas. 06 Não tenho absolutamente nenhuma ojeriza 07 pelas adivinhas; acho até que são bastante P á g i n a | 15 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 08 úteis, pois mantêm e sustentam no nosso 09 espírito essa coisa que é mais necessária à 10 nossa vida que o próprio pão: a ilusão. 11 Noto, porém, que no arraial dessa gente que 12 lida com o destino, reina a discórdia, tal e qual 13 no campo de Agramante. 14 A política, que sempre foi a inspiradora de 15 azedas polêmicas, deixou um instante de sê-lo 16 e passou a vara à cartomancia. 17 Duas senhoras, ambas ultravidentes, 18 extralúcidas e não sei que mais, aborreceram- 19 se e anda uma delas a dizer da outra cobras e 20 lagartos. 21 Como se pode compreender que duas 22 sacerdotisas do invisível não se entendam e 23 deem ao público esse espetáculo de brigas tão 24 pouco próprio a quem recebeu dos altos 25 poderes celestiais virtudes excepcionais? 26 A posse de tais virtudes devia dar-lhes uma 27 mansuetude, uma tolerância, um abandono 28 dos interessesterrestres, de forma a impedir 29 que o azedume fosse logo abafado nas suas 30 almas extraordinárias e não rebentasse em 31 disputas quase sangrentas. 32 Uma cisão, uma cisma nessa velha religião de 33 adivinhar o futuro, é fato por demais grave e 34 pode ter consequências desastrosas. 35 Suponham que F. tenta saber da cartomante X 36 se coisa essencial à sua vida vai dar-se e a 37 cartomante, que é dissidente da ortodoxia, por 38 pirraça diz que não. 39 O pobre homem aborrece-se, vai para casa de 40 mau humor e é capaz de suicidar-se. 41 O melhor, para o interesse dessa nossa pobre 42 humanidade, sempre necessitada de ilusões, 43 venham de onde vier, é que as nossas 44 cartomantes vivam em paz e se entendam 45 para nos ditar bons horóscopos. (BARRETO, Lima. Vida urbana: artigos e crônicas. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1961.) 26) (UECE 2018.1 1º fase) A referenciação textual pode ser definida como a retomada de termos e ideias que garantem a coesão e a progressão de sentido do texto por meio de elementos linguísticos. Um exemplo desse procedimento, ao longo da crônica de Lima Barreto, se dá com o uso do termo “cartomantes”, que é retomado por alguns referentes textuais, estabelecendo diferentes sentidos com estes referentes. Atente ao que se diz a seguir a respeito disso: I. Ao substituir “cartomantes” pelo termo “pitonisas” (linha 05), o autor pretende mostrar que o trabalho da cartomancia tem uma longa tradição histórica. II. Ao afirmar, no terceiro parágrafo, que não tem “nenhuma ojeriza pelas adivinhas” (linhas 06-07), o autor recupera cartomantes pelo termo adivinhas, justificando que a prática de adivinhar o futuro cumpre sua função útil e necessária no cotidiano das pessoas, que é a função de iludir. III. Ao se referir às “cartomantes” pela expressão “dessa gente que lida com o destino” (linhas 11-12), o autor se apresenta numa relação afetuosa de muita proximidade com as cartomantes. IV. Ao empregar o referente “duas sacerdotisas do invisível” (linhas 21-22) para fazer alusão às “duas senhoras” (cartomantes) (linha 17), o autor procura salientar, ironicamente, a dimensão religiosa do ofício profético da cartomancia. Está correto o que se afirma em A) I, II, III e IV. B) I, II e IV somente. C) I, III e IV somente. D) II, e III somente. 27) (UECE 2018.1 1º fase) Observando com atenção a linguagem empregada na crônica de Lima Barreto, é correto afirmar que ela revela fundamentalmente A) o uso da ironia como um recurso discursivo para satirizar o ofício da cartomancia. B) o uso de expressões e termos linguísticos próprios do registro formal culto da escrita da língua para se adequar ao gênero crônica. C) o emprego de um léxico arcaico para mostrar o caráter pomposo do estilo do autor. D) a utilização de conselhos e admoestações para resolver problemas cotidianos, como as brigas entre cartomantes. Texto para a próxima questão P á g i n a | 16 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 28) (UECE 2018.1 1º fase) Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte oposição semântica: A) humanização versus coisificação. B) riqueza versus pobreza. C) ação versus inércia. D) grandeza versus pequenez. 29) (UECE 2018.1 1º fase) No poema de Manoel de Barros, é descrita a seguinte sequência de atividades cotidianas com as quais o enunciador não deseja construir sua identidade: “Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva, etc. etc.” (linhas 118- 125). Observe o que se diz a respeito disso. I. Há uma gradação da ação mais importante para a menos importante. II. As ações são descritas aleatoriamente, sem seguir uma linearidade lógica previamente explicitada. III. O enunciador lista atividades recorrentes do seu cotidiano que, isoladas, não constroem sua identidade. IV. A lista de ações poderia ainda ser estendida. É correto o que se afirma somente em A) I. B) I, II e IV. C) II, III e IV. D) III. Texto para a próxima questão Fita métrica do amor 131 Como se mede uma pessoa? Os 132 tamanhos variam conforme o grau de 133 envolvimento. Ela é enorme pra você quando 134 fala do que leu e viveu, quando trata você 135 com carinho e respeito, quando olha nos 136 olhos e sorri destravado. É pequena pra você 137 quando só pensa em si mesmo, quando se 138 comporta de uma maneira pouco gentil, 139 quando fracassa justamente no momento em 140 que teria que demonstrar o que há de mais 141 importante entre duas pessoas: a amizade. 142 Uma pessoa é gigante pra você 143 quando se interessa pela sua vida, quando 144 busca alternativas para o seu crescimento, 145 quando sonha junto. É pequena quando 146 desvia do assunto. 147 Uma pessoa é grande quando perdoa, 148 quando compreende, quando se coloca no 149 lugar do outro, quando age não de acordo 150 com o que esperam dela, mas de acordo com 151 o que espera de si mesma. Uma pessoa é 152 pequena quando se deixa reger por 153 comportamentos clichês. 154 Uma mesma pessoa pode aparentar 155 grandeza ou miudeza dentro de um 156 relacionamento, pode crescer ou decrescer 157 num espaço de poucas semanas: será ela 158 que mudou ou será que o amor é traiçoeiro 159 nas suas medições? Uma decepção pode 160 diminuir o tamanho de um amor que parecia 161 ser grande. Uma ausência pode aumentar o 162 tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. 163 É difícil conviver com esta elasticidade: 164 as pessoas se agigantam e se encolhem aos 165 nossos olhos. Nosso julgamento é feito não 166 através de centímetros e metros, mas de 167 ações e reações, de expectativas e 168 frustrações. Uma pessoa é única ao estender 169 a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se 170 orna mais uma. O egoísmo unifica os 171 insignificantes. 172 Não é a altura, nem o peso, nem os 173 músculos que tornam uma pessoa grande. É 174 a sua sensibilidade sem tamanho. MEDEIROS, Martha. Non-stop: crônicas do cotidiano. Rio de Janeiro: L&PM Editores. 2001. 30) (UECE 2018.1 1º fase) O propósito principal da crônica resume-se pelo seguinte excerto do texto: A) “Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida”. (linhas 142-143) B) “Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento”. (linhas 154- 156) P á g i n a | 17 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED C) “Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo”. (linhas 161-162) D) “Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho”. (linhas 172-174) Texto para a próxima questão Envelhecer Arnaldo Antunes 1 A coisa mais moderna que existe nessa vida 2 é envelhecer 3 A barba vai descendo e os cabelos vão 4 caindo pra cabeça aparecer 5 Os filhos vão crescendo e o tempo vai 6 dizendo que agora é pra valer 7 Os outros vão morrendo e a gente 8 aprendendo a esquecer 9 Não quero morrer pois quero ver 10 Como será que deve ser envelhecer 11 Eu quero é viver pra ver qual é 12 E dizer venha pra o que vai acontecer 13 Eu quero que o tapete voe 14 No meio da sala de estar 15 Eu quero que a panela de pressão pressione 16 E que a pia comece a pingar 17 Eu quero que a sirene soe 18 E me faça levantar do sofá 19 Eu quero pôr Rita Pavone 20 No ringtone do meu celular 21 Eu quero estar no meio do ciclone 22 Pra poder aproveitar 23 E quando eu esquecer meu próprio nome 24 Que me chamem de velho gagá 25 Pois ser eternamente adolescente nada é 26 mais démodé 27 Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa 28 que não para de crescer29 Não sei por que essa gente vira a cara pro 30 presente e esquece de aprender 31 Que felizmente ou infelizmente sempre o 32 tempo vai correr Disponível em https://www.vagalume.com.br/arnaldoantunes/envelh ecer.html. Acesso: 22/9/17. 31) (UECE 2018.1 2º fase) O autor do texto Envelhecer tem o propósito de A) mostrar que a velhice pode ser um período cheio de vivacidade no qual não é preciso se submeter às imposições físicas da idade. B) ressaltar que, na velhice, as pessoas ficam mais preguiçosas e, por isso mesmo, têm que se manter sempre estimuladas à pratica de exercícios domésticos. C) destacar que, ao chegarem à velhice, as pessoas temem a morte. D) sugerir que a velhice torna as pessoas mais sábias e mais experientes. 32) (UECE 2018.1 2º fase) Os versos da canção “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer (linhas 01 e 02); “Eu quero pôr Rita Pavone no ringtone do meu celular” (linhas 19 e 20); “Pois ser eternamente adolescente nada é mais démodé” (linhas 25-26) têm em comum A) a presença de definições sobre o que é envelhecer. B) a utilização de termos e ideias que ressaltam a relação entre o antigo e o novo. C) o emprego de noções que negam a velhice e afirmam a juventude. D) o uso de estrangeirismos como forma de mostrar um vocabulário arcaico próprio de pessoas idosas. Texto para a próxima questão Gestos amorosos Rubem Alves 33 Dei-me conta de que estava velho 34 cerca de 25 anos atrás. Já contei o ocorrido 35 várias vezes, mas vou contá-lo novamente. 36 Era uma tarde em São Paulo. Tomei um 37 metrô. Estava cheio. Segurei-me num 38 balaústre sem problemas. Eu não tinha 39 dificuldades de locomoção. Comecei a fazer 40 algo que me dá prazer: ler o rosto das 41 pessoas. 42 Os rostos são objetos oníricos: fazem 43 sonhar. Muitas crônicas já foram escritas 44 provocadas por um rosto - até mesmo o 45 nosso - refletido no espelho. Estava eu 46 entregue a esse exercício literário quando, ao 47 passar de um livro para outro, isto é, de um 48 rosto para outro, defrontei-me com uma 49 jovem assentada que estava fazendo comigo 50 aquilo que eu estava fazendo com os outros. 51 Ela me olhava com um rosto calmo e não 52 desviou o olhar quando os seus olhos se 53 encontraram com os meus. Prova de que ela 54 me achava bonito. Sorri para ela, ela sorriu 55 para mim... Logo o sonho sugeriu uma P á g i n a | 18 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 56 crônica: "Professor da Unicamp se encontra, 57 num vagão de metrô, com uma jovem que 58 seria o amor de sua vida..." 59 Foi então que ela me fez um gesto 60 amoroso: ela se levantou e me ofereceu o 61 seu lugar... Maldita delicadeza! O seu gesto 62 amoroso me humilhou e perfurou o meu 63 coração... E eu não tive alternativas. Como 64 rejeitar gesto tão delicado! Remoendo-me de 65 raiva e sorrindo, assentei-me no lugar que 66 ela deixara para mim. Sim, sim, ela me 67 achara bonito. Tão bonito quanto o seu avô... 68 Aconteceu faz mais ou menos um mês. Era a 69 festa de aniversário de minha nora. Muitos 70 amigos, casais jovens, segundo minha 71 maneira de avaliar a idade. Eu estava 72 assentado numa cadeira num jardim 73 observando de longe. Nesse momento 74 chegou um jovem casal amigo. Quando a 75 mulher jovem e bonita me viu, veio em 76 minha direção para me cumprimentar. Fiz um 77 gesto de levantar-me. Mas ela, delicadíssima, 78 me disse: "Não, fique assentadinho aí..." Se 79 ela me tivesse dito simplesmente "Não é 80 preciso levantar", eu não teria me 81 perturbado. Mas o fio da navalha estava 82 precisamente na palavra "assentadinho". Se 83 eu fosse moço, ela não teria dito 84 "assentadinho". Foi justamente essa palavra 85 que me obrigou a levantar para provar que 86 eu era ainda capaz de levantar-me e 87 assentar-me. Fiquei com dó dela porque eu, 88 no meio de uma risada, disse-lhe que ela 89 acabava de dar-me uma punhalada... 90 Contei esse acontecido para uma 91 amiga, mais ou menos da minha idade. E ela 92 me disse: "Estou só esperando que alguém 93 venha até mim e, com a mão em concha, 94 bata na minha bochecha, dizendo: "Mas que 95 bonitinha..." Acho que vou lhe dar um murro 96 no nariz..." 97 Vem depois as grosserias a que nós, 98 os velhos, somos submetidos nas salas de 99 espera dos aeroportos. Pra começar, não 100 entendo por que "velho" é politicamente 101 incorreto. "Idoso" é palavra de fila de banco 102 e de fila de supermercado; "velho", ao 103 contrário, pertence ao universo da poesia. Já 104 imaginaram se o Hemingway tivesse dado ao 105 seu livro clássico o nome de "O idoso e o 106 mar"? Já imaginaram um casal de cabelos 107 brancos, o marido chamando a mulher de 108 "minha idosa querida"? 109 Os alto-falantes nos aeroportos 110 convocam as crianças, as gestantes, as 111 pessoas com dificuldades de locomoção e a 112 "melhor idade"... Alguém acredita nisso? Os 113 velhos não acreditam. Então essa expressão 114 "melhor idade" só pode ser gozação. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff270520 0804.h tm. Acesso em: 22/9/17 33) (UECE 2018.1 2º fase) É correto afirmar que, no texto 2, o autor A) narra a história de pessoas velhas que são, comumente, desrespeitadas por pessoas mais jovens. B) mostra-se indignado com as precárias condições de transporte público e aéreo que a cidade grande, como São Paulo, oferece aos anciãos. C) sugere que a velhice é a fase da vida em que as pessoas costumam dar mais atenção às outras. D) reflete sobre como, em situações cotidianas, as atitudes gentis com as pessoas mais velhas podem, na verdade, revelar, para estas, um certo desprazer. Texto para a próxima questão Velhice Vinícius de Moraes 115 Virá o dia em que eu hei de ser um velho 116 Experiente 117 Olhando as coisas através de uma filosofia 118 Sensata 119 E lendo os clássicos com a afeição que a 120 minha mocidade não permite. 121 Nesse dia Deus talvez tenha entrado 122 definitivamente em meu espírito 123 Ou talvez tenha saído definitivamente dele. 124 Então todos os meus atos serão 125 encaminhados no sentido do túmulo 126 E todas as ideias autobiográficas da 127 mocidade terão desaparecido: 128 Ficará talvez somente a ideia do testamento 129 bem escrito. 130 Serei um velho, não terei mocidade, nem 131 sexo, nem vida 132 Só terei uma experiência extraordinária. 133 Fecharei minha alma a todos e a tudo 134 Passará por mim muito longe o ruído da 135 vida e do mundo 136 Só o ruído do coração doente me avisará de 137 uns restos de vida em mim. 138 Nem o cigarro da mocidade restará. 139 Será um cigarro forte que satisfará os 140 pulmões viciados 141 E que dará a tudo um ar saturado de 142 velhice. 143 Não escreverei mais a lápis P á g i n a | 19 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 144 E só usarei pergaminhos compridos. 145 Terei um casaco de alpaca que me fechará 146 os olhos. 147 Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio 148 Cheio de irritação para com a vida 149 Cheio de irritação para comigo mesmo. 150 O eterno velho que nada é, nada vale, nada 151 Vive 152 O velho cujo único valor é ser o cadáver de 153 uma mocidade criadora. 34) (UECE 2018.1 2º fase) Os versos “Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente/ Olhando as coisas através de uma filosofia sensata/ E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite” (linhas 115- 120) podem ser traduzidos pelo seguinte ditado popular: A) A velhice é a segunda meninice. B) Quanto mais idade, mais maturidade. C) A velhice é um tirano que castiga os prazeres com pena de morte. D) A juventude leviana faz velhice desolada. 35) (UECE 2018.1 2º fase) Pela leitura atenta do poema Velhice, depreende-se que o autor, ao tratardo tema da velhice, constrói o seu texto com um tom A) melancólico. B) esperançoso. C) alegre. D) irônico. Texto para a próxima questão A imigrante italiana que se formou em nutrição aos 87 anos escreveu o TCC inteiro à mão 154 Os cabelos brancos de Luísa Valencic 155 Ficara contrastaram com a juventude dos 156 colegas durante sua formatura. Nascida na 157 Itália, Luísa imigrou para a América do Sul 158 durante a Segunda Guerra Mundial, viveu 159 em três países sul-americanos e se 160 estabeleceu em Jundiaí, no interior de São 161 Paulo. Aos 87 anos, ela acaba de se formar 162 em nutrição. 163 Dona Luísa, como é conhecida, vive 164 na cidade há 40 anos. Após o 165 falecimento do marido e de sua irmã, ela 166 decidiu voltar a estudar para se manter 167 ocupada. Foi assim que surgiu a ideia de se 168 matricular no curso de nutrição do Centro 169 Universitário Padre Anchieta. A graduação 170 foi concluída após seis anos de estudos, 171 com um TCC sobre a cana-de-açúcar no 172 Brasil. Segundo informações do Grupo 173 Anchieta, todo o trabalho foi escrito à mão. 174 Colegas, professores e funcionários da 175 instituição ajudaram com a parte da 176 digitação, configuração e impressão do 177 trabalho, para apoiar Dona Luísa. 178 Mas a graduação não é o limite para 179 a idosa. Ela, que também frequenta aulas 180 de alemão, inglês e francês, já está 181 pensando em ingressar em um curso de 182 pós-graduação para continuar estudando, 183 segundo contou ao G1. Disponível em: http://www.hypeness.com.br/2017/09/aimigrante- italiana-que-se-formou-em-nutricaoaos- 87-anos-escreveu-o-tcc-inteiro-a-mao/. Acesso: 23/9/17. 36) (UECE 2018.1 2º fase) O trecho “[...] Luísa imigrou para a América do Sul durante a Segunda Guerra Mundial, viveu em três países sul-americanos e se estabeleceu em Jundiaí, no interior de São Paulo” (linhas 157-161) caracteriza-se por A) não obedecer à narração dos eventos na ordem cronológica em que ocorreram. B) encadear uma série de orações que se coordenam por um sentido de oposição entre as ações narradas. C) mostrar que a anciã viveu em vários lugares do mundo em busca de realizar o seu sonho de se formar em nutrição. D) associar, por meio, predominantemente, da soma de ideias, os eventos que se sucederam na vida de Dona Luíza desde quando saiu da Itália até chegar ao Brasil. Texto para a próxima questão A velha contrabandista Stanislaw Ponte Preta 232 Diz que era uma velhinha que sabia andar 233 de lambreta. Todo dia ela passava pela 234 fronteira montada na lambreta, com um 235 bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da 236 Alfândega – tudo malandro velho – 237 começou a desconfiar da velhinha. 238 Um dia, quando ela vinha na lambreta com 239 o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou 240 ela parar. A velhinha parou e então o fiscal 241 perguntou assim pra ela: 242 - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa 243 por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. 244 Que diabo a senhora leva nesse saco? 245 A velhinha sorriu com os poucos dentes que 246 lhe restavam e mais os outros, que ela P á g i n a | 20 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 247 adquirira no odontólogo e respondeu: 248 - É areia! 249 Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não 250 era areia nenhuma e mandou a velhinha 251 saltar da lambreta para examinar o saco. A 252 velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e 253 dentro só tinha areia. Muito encabulado, 254 ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela 255 montou na lambreta e foi embora, com o 256 saco de areia atrás. 257 Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez 258 a velhinha passasse um dia com areia e no 259 outro com muamba, dentro daquele maldito 260 saco. No dia seguinte, quando ela passo 261 una lambreta com o saco atrás, o fiscal 262 mandou outra vez. Perguntou o que é que 263 ela levava no saco e ela respondeu que era 264 areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. 265 Durante um mês seguido o fiscal 266 interceptou a velhinha e, todas as vezes, o 267 que ela levava no saco era areia. 268 Diz que foi aí que o fiscal se chateou: 269 - Olha, vovozinha, eu sou fiscal de 270 alfândega com 40 anos de serviço. Manjo 271 essa coisa de contrabando pra burro. 272 Ninguém me tira da cabeça que a senhora é 273 contrabandista. 274 - Mas no saco só tem areia! – insistiu a 275 velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o 276 fiscal propôs: 277 - Eu prometo à senhora que deixo a 278 senhora passar. Não dou parte, não 279 apreendo, não conto nada a ninguém, mas 280 a senhora vai me dizer: qual é o 281 contrabando que a senhora está passando 282 por aqui todos os dias? 283 - O senhor promete que não “espaia”? – 284 quis saber a velhinha. 285 - Juro – respondeu o fiscal. 286 - É lambreta. PRETA, Stanislaw Ponte. Primo Altamirando e elas. São Paulo: Agir, Martins Fontes, 2008. 37) (UECE 2018.1 2º fase) Para conseguir o efeito de humor, o texto acima recorre em especial A) à apresentação de personagens bastante contrastantes que se diferenciam pela idade, sexo, classe social e profissão. B) à quebra de expectativa do sentido do texto para a qual a situação narrada se encaminha. C) as palavras cheias de ambiguidade para gerar duplo sentido ao que está sendo narrado. D) a uma cena pouco comum no nosso cotidiano para criticar a desatenção da fiscalização dos alfandegários. Texto para a próxima questão Uma vela para Dario Dalton Trevisan 1 Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço 2 esquerdo e, assim que dobrou a esquina, 3 diminuiu o passo até parar, encostando-se à 4 parede de uma casa. Por ela escorregando, 5 sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e 6 descansou na pedra o cachimbo. 7 Dois ou três passantes rodearam-no e 8 indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a 9 boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. 10 O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia 11 sofrer de ataque. 12 Ele reclinou-se mais um pouco, estendido 13 agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. 14 O rapaz de bigode pediu aos outros que se 15 afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o 16 paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. 17 Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou 18 feio e bolhas de espuma surgiram no canto da 19 boca. 20 Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta 21 dos pés, embora não o pudesse ver. Os 22 moradores da rua conversavam de uma porta 23 à outra, as crianças foram despertadas e de 24 pijama acudiram à janela. O senhor gordo 25 repetia que Dario sentara-se na calçada, 26 soprando ainda a fumaça do cachimbo e 27 encostando o guarda-chuva na parede. Mas 28 não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu 29 lado. 30 A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele 31 estava morrendo. Um grupo o arrastou para o 32 táxi da esquina. Já no carro a metade do 33 corpo, protestou o motorista: quem pagaria a 34 corrida? Concordaram chamar a ambulância. 35 Dario conduzido de volta e recostado à parede 36 – não tinha os sapatos nem o alfinete de 37 pérola na gravata. P á g i n a | 21 UECE POR ASSUNTO | @BRENOIC @KARINELIVEMED 38 Alguém informou da farmácia na outra rua. 39 Não carregaram Dario além da esquina; a 40 farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, 41 muito pesado. Foi largado na porta de uma 42 peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o 43 rosto, sem que fizesse um gesto para espantá- 44 las. 45 Ocupado o café próximo pelas pessoas que 46 vieram apreciar o incidente e, agora, comendo 47 e bebendo, gozavam as delícias da noite. Dario 48 ficou torto como o deixaram, no degrau da 49 peixaria, sem o relógio de pulso. 50 Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os 51 papéis, retirados – com vários objetos – de 52 seus bolsos
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