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SP 2.3 Eu não nasci de óculos 3s

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Rízi� X��i�� - Med����a 3° se���t��
SP 2.3 “Eu não nasci de óculos”
Apresentar as estruturas anatômicas envolvidas na visão
O olho é o órgão da visão, formado pelo bulbo do olho e pelo nervo óptico. A órbita contém o bulbo do
olho e as estruturas acessórias da visão. A região orbital é a área da face sobre a órbita e o bulbo do olho
que inclui as pálpebras superior e inferior, além do aparelho lacrimal.
As órbitas são cavidades ósseas no esqueleto da face que se assemelham a pirâmides quadrangulares
ocas, cujas bases estão voltadas na direção anterolateral e os ápices, na direção posteromedial.
● Bulbo do Olho
O bulbo do olho adulto mede cerca de 2,5 cm de diâmetro. De sua área superficial total, apenas o sexto
anterior encontra-se exposto; o restante está coberto e protegido pela órbita, onde ele se encaixa.
Anatomicamente, a parede do bulbo do olho consiste em três camadas: (1) túnica fibrosa, (2) túnica
vascular e (3) retina (túnica interna).
Túnica fibrosa
A túnica fibrosa é a camada superficial do bulbo do olho e consiste na córnea anterior, na esclera
posterior e no limbo. A córnea é um revestimento transparente que cobre a íris colorida. Como ela é
curva, a córnea ajuda a focar a luz na retina. Sua face externa é formada por epitélio pavimentoso
estratificado não queratinizado. O revestimento médio da córnea é formado por fibras colágenas e
fibroblastos e sua face interna é um epitélio pavimentoso simples. Uma vez que a parte central da córnea
recebe oxigênio do ar atmosférico, as lentes de contato que são utilizadas por períodos longos devem ser
permeáveis para que o oxigênio passe através delas.
A esclera é uma camada de tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas e
fibroblastos. A parte anterior da esclera é visível através da túnica conjuntiva do bulbo transparente
como “a parte branca do olho”. A esclera cobre todo o bulbo do olho, exceto a córnea; ela dá formato ao
bulbo do olho, torna-o mais rígido, protege suas partes internas e age como um local de fixação para os
músculos extrínsecos do bulbo do olho. Na junção entre a esclera e a córnea encontra-se uma abertura
conhecida como seio venoso da esclera (ou canal de Schlemm). Um líquido chamado de humor aquoso,
que será descrito adiante, é drenado para este seio.
Rízi� X��i�� - Med����a 3° se���t��
O limbo separa a esclera da córnea e é composto pelas células tronco, totipotentes. É responsável pela
nutrição da periferia da córnea, juntamente com o oxigênio do ar e o humor aquoso.
Túnica vascular / média / úvea
A túnica vascular ou úvea é a camada média do bulbo do olho. Ela é composta por três partes: a corioide,
o corpo ciliar e a íris.
A corioide altamente vascularizada, que é a parte posterior da túnica vascular, reveste a maior parte da
face interna da esclera. Seus vasos sanguíneos numerosos fornecem nutrientes para a face posterior da
retina. A corioide contém melanócitos que produzem o pigmento melanina. Isso faz com que essa
camada tenha uma cor marrom escura. A melanina na corioide absorve os raios solares dispersos,
evitando a reflexão e a dispersão de luz dentro do bulbo do olho. Como resultado, a imagem que chega à
retina pela córnea e pela lente permanece nítida e clara. Os albinos não possuem melanina em nenhuma
parte do corpo, inclusive no olho. Eles frequentemente precisam usar óculos de sol, mesmo em
ambientes fechados porque mesmo a luz moderadamente forte é percebida como ofuscante por causa da
dispersão da luz. Na parte anterior da túnica vascular, a corioide se torna o corpo ciliar. Ele se estende
desde a ora serrata, a margem anterior denteada da retina, até um ponto imediatamente posterior à
junção da esclera com a córnea. Assim como a corioide, o corpo ciliar tem aparência marrom escura por
conter melanócitos que produzem melanina. Além disso, o corpo ciliar é formado pelos processos ciliares
e pelos músculos ciliares. Os processos ciliares são protrusões ou pregas na face interna do corpo ciliar.
Eles contêm capilares sanguíneos que secretam o humor aquoso. Estendendo se a partir dos processos
ciliares encontram se as fibras zonulares, ou ligamentos suspensores, que se ligam à lente. As fibras
consistem em fibrilas finas e ocas que lembram fibras do tecido conjuntivo elástico. O músculo ciliar é
uma banda circular de músculo liso. A contração ou o relaxamento do músculo ciliar modifica a tensão
das fibras zonulares, alterando o formato da lente e adaptando-a para a visão de perto ou de longe
(processo chamado de acomodação).
A íris, a parte colorida do bulbo do olho, tem um formato de rosca achatada. Ela está suspensa entre a
córnea e a lente e se liga em sua margem externa aos processos ciliares. Ela é formada por melanócitos e
por fibras musculares lisas circulares e radiais. A quantidade de melanina na íris determina a cor do olho.
Os olhos são entre marrom e preto quando a íris contém grandes quantidades de melanina, azuis quando
sua concentração de melanina é muito baixa e verdes quando a concentração de melanina é moderada.
Uma função principal da íris é a regulação da quantidade de luz que entra no bulbo do olho através da
pupila (menina dos olhos; porque é nesse local que é possível ver o seu reflexo quando você olha nos
olhos de alguém), a abertura no centro da íris. A pupila parece preta porque, quando através da lente,
vemos o fundo do olho altamente pigmentado (corioide e retina). Entretanto, se uma luz brilhante for
direcionada para a pupila, a luz refletida é vermelha por causa dos vasos sanguíneos existentes na
superfície da retina. É por esse motivo que os olhos podem parecer vermelhos em uma fotografia, quando
o flash está direcionado para a pupila. A ìris possui dois músculos, o esfíncter e o dilatador.
Reflexos autônomos regulam o diâmetro da pupila em resposta aos níveis de luminosidade. Quando uma
luz brilhante estimula os olhos, as fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (NC III) estimulam a
contração das fibras circulares do músculo esfíncter da pupila da íris, promovendo diminuição no
tamanho da pupila (constrição). Na luz fraca, neurônios simpáticos estimulam as fibras radiais do
músculo dilatador da pupila da íris a se contraírem, promovendo um aumento no tamanho da pupila
(dilatação).
Humor aquoso: líquido secretado pelos processos ciliares, que passa da câmera posterior ( pequeno
espaço entre a lente e a íris) passa pela pupila até chegar na câmara posterior, onde é drenado pela malha
trabecular (localizada no fino ângulo) e em seguida seio venoso da esclera (canal de schlemm). A
disfunção entre a secreção e a drenagem do humor aquoso gera um aumento na pressão intraocular.
Retina
A terceira camada do bulbo do olho e a mais interna, a retina, reveste os três quartos posteriores do
bulbo do olho e é o início da via visual. A anatomia dessa camada pode ser vista com o auxílio de um
oftalmoscópio, um instrumento que ilumina o olho e permite que um observador avalie a pupila,
fornecendo uma imagem amplificada da retina e de seus vasos sanguíneos, bem como do nervo óptico
(II). A superfície da retina é o único local do corpo em que os vasos sanguíneos podem ser observados
diretamente e avaliados buscando mudanças patológicas, como as que ocorrem com hipertensão,
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diabetes melito, catarata e com doenças maculares relacionadas com o envelhecimento. Vários pontos de
referência são visíveis através de um oftalmoscópio. O disco óptico é o local em que o nervo óptico (II)
deixa o bulbo do olho. Acompanhando o nervo óptico encontram se a artéria central da retina, um ramo
da artéria oftálmica, e a veia central da retina. Ramos da artéria central da retina se espalham para nutrir
a face anterior da retina; a veia central da retina drena o sangue da retina através do disco do nervo
óptico. Também são visíveis a mácula lútea e a fóvea central, que serão descritas em breve. A retina é
formada por um estrato pigmentoso e por um estrato nervoso.O estrato pigmentoso é uma lâmina de
células epiteliais contendo melanina localizadas entre a corioide e a parte neural da retina. A melanina no
estrato pigmentoso da retina, assim como na corioide, também absorve os raios de luz dispersos. A célula
pgmentosa produz o 11-cis retinal que será fornecido para os fotoreceptores.
O estrato nervoso (sensorial) da retina é uma parte do encéfalo com múltiplas camadas que processa
substancialmente os dados visuais antes de enviar impulsos nervosos para os axônios que formam o
nervo óptico. Três camadas distintas de neurônios retinais – a camada fotorreceptora, a camada celular
bipolar e a camada celular ganglionar – são separadas por duas zonas, as camadas sinápticas interna e
externa, onde os contatos sinápticos são realizados. Repare que a luz passa através das camadas
ganglionar e celular bipolar e ambas as camadas sinápticas antes de chegar à camada fotorreceptora.
Dois outros tipos celulares presentes na camada celular bipolar da retina são as células horizontais e as
células amácrinas. Essas células formam circuitos neurais direcionados lateralmente que modificam os
sinais transmitidos ao longo da via a partir dos fotorreceptores até as células bipolares e as células
ganglionares.
Os fotorreceptores são células especializadas na camada fotorreceptora que começam o processo pelo
qual os raios de luz são convertidos em impulsos nervosos. Existem dois tipos de fotorreceptores: os
bastonetes e os cones. Cada retina possui cerca de 6 milhões de cones e de 120 milhões de bastonetes. Os
bastonetes nos permitem enxergar em ambientes de pouca luz, como à luz da lua. Como os bastonetes
não fornecem visão colorida, em ambientes com pouca luz nós podemos enxergar apenas preto, branco e
todos os tons de cinza intermediários. A luz mais forte estimula os cones, que produzem a visão colorida.
Três tipos de cones estão presentes na retina: (1) cones azuis, que são sensíveis à luz azul, (2) cones
verdes, que são sensíveis à luz verde e (3) cones vermelhos, que são sensíveis à luz vermelha. A visão
colorida é resultado do estímulo de várias combinações desses três tipos de cones. A maior parte de
nossas experiências visuais é mediada pelo sistema de cones, cuja perda produz a cegueira legal. Um
indivíduo que perde a visão dos bastonetes apresenta principalmente uma dificuldade em enxergar em
ambientes com pouca luz e, portanto, não deve dirigir à noite. A partir dos fotorreceptores, a informação
flui através da camada sináptica externa até as células bipolares e dali para a camada sináptica interna e
para as células ganglionares. Os axônios das células ganglionares se estendem posteriormente ao disco
do nervo óptico e deixam o bulbo do olho como nervo óptico (II). O disco do nervo óptico também é
chamado de ponto cego. Como ele não contém cones ou bastonetes, não é possível ver imagens que
alcancem o ponto cego. Normalmente, você não percebe o ponto cego, mas é possível demonstrar
facilmente a sua presença. Mantenha este livro a 50 cm do rosto com a cruz apresentada ao fim deste
parágrafo diretamente na frente do seu olho direito. Você deve ser capaz de enxergar a cruz e o quadrado
quando fechar o olho esquerdo. Agora, mantendo o olho esquerdo fechado, traga lentamente a página
mais para perto de sua face enquanto mantém o olho direito na cruz. Em alguma distância o quadrado
desaparecerá do seu campo de visão porque sua imagem se encontra no ponto cego. A mácula lútea é o
centro exato da parte posterior da retina, no eixo visual do olho. A fóvea central, uma pequena depressão
no centro da mácula lútea, contém apenas cones. Além disso, as camadas de células bipolares e
ganglionares, que espalham uma certa quantidade de luz, não recobrem os cones ali; essas camadas são
deslocadas para a periferia da fóvea central. Como resultado, a fóvea central é a área de maior acuidade
visual ou resolução. O principal motivo pelo qual você move sua cabeça e seus olhos enquanto vê algo é
para colocar as imagens de interesse na fóvea central – é o que você está fazendo para ler as palavras
nesta frase! Os bastonetes estão ausentes da fóvea central e são mais abundantes na periferia da retina.
Como a visão dos bastonetes é mais sensível do que a visão dos cones, é possível observar um objeto com
pouca luminosidade (como uma estrela distante) melhor se você virar levemente para um lado do que
olhando diretamente para ele.
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Lente (cristalino)
Atrás da pupila e da íris, dentro da cavidade do bulbo do olho, encontra-se a lente. Nas células da lente,
proteínas chamadas de cristalinas, organizadas como camadas de uma cebola, compõem o meio refrativo
da lente, que normalmente é perfeitamente transparente e não possui vasos sanguíneos. Ele é envolvido
por uma cápsula de tecido conjuntivo e mantido em posição pelas fibras zonulares que o cercam, que, por
sua vez, se ligam aos processos ciliares. A lente ajuda a focar imagens na retina para facilitar a formação
de uma visão nítida.
Interior do bulbo do olho
A lente divide o bulbo do olho em duas cavidades: a cavidade do segmento anterior e a câmara vítrea. A
cavidade do segmento anterior – o espaço anterior a lente – é formada por duas câmaras. A câmara
anterior se encontra entre a córnea e à íris. A câmara posterior se encontra posteriormente à íris e
anteriormente às fibras zonulares e a lente. Ambas as câmaras da cavidade do segmento anterior são
preenchidas por humor aquoso, um líquido aquoso transparente que nutre a lente e a córnea. O humor
aquoso é filtrado continuamente para fora dos capilares sanguíneos nos processos ciliares do corpo ciliar
e entra na câmara posterior. Então, ele flui para frente entre a íris e a lente, através da pupila e para a
câmara anterior. A partir da câmara anterior, o humor aquoso é drenado para o seio venoso da esclera
(canal de Schlemm) e, então, para o sangue. Normalmente, o humor aquoso é completamente reposto a
cada 90 min. A cavidade posterior do bulbo do olho é a câmara postrema, que é maior e se encontra entre
a lente e a retina. Dentro da câmara vítrea, encontra se o humor vítreo, uma substância transparente
semelhante a uma geleia que mantém a retina pressionada contra a corioide, dando à retina uma
superfície nivelada para a recepção de imagens claras. Ela ocupa cerca de quatro quintos do bulbo do
olho. Ao contrário do humor aquoso, o humor vítreo não é constantemente reposto. Ele é formado
durante a vida embrionária e consiste principalmente em água, além de fibras colágenas e ácido
hialurônico. O humor vítreo também contém células fagocíticas que removem fragmentos, mantendo
essa parte do olho límpida para uma visão sem obstruções. Ocasionalmente, conjuntos de fragmentos
podem projetar uma sombra sobre a retina e causar o aparecimento de manchas que se movem para
dentro e para fora do campo de visão. Esses flutuadores vítreos, que são mais comuns em idosos, em
geral são inofensivos e não requerem tratamento. O canal hialóideo é um canal estreito, imperceptível em
adultos, que passa através do corpo vítreo desde o disco óptico até a face posterior da lente. Nos fetos, ele
é ocupado pela artéria hialóidea. A pressão no olho, chamada de pressão intraocular, é produzida
principalmente pelo humor aquoso e parcialmente pelo humor vítreo; ela normalmente mede cerca de 16
mmHg (milímetros de mercúrio). A pressão intraocular mantém o formato do bulbo do olho e evita que
ele colapse. Feridas perfurantes no bulbo do olho podem causar a perda de humor aquoso e de humor
vítreo. Isso, por sua vez, causa uma diminuição na pressão intraocular, descolamento da retina e, em
alguns casos, cegueira.
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● Estruturas acessórias do olho
As estruturas acessórias do olho incluem as pálpebras, os cílios, as sobrancelhas, o aparelho lacrimal
(produtor de lágrimas) e os músculos extrínsecos do bulbo do olho.
Pálpebras
As pálpebrassuperiores e inferiores cobrem os olhos durante o sono, protegem os olhos da luz excessiva
e de objetos estranhos e espalham as secreções lubrificantes pelos bulbos dos olhos. A pálpebra superior
é mais móvel do que a inferior e contém em sua região superior o músculo levantador da pálpebra
superior. Algumas vezes, uma pessoa pode experimentar uma contração incômoda na pálpebra, um
tremor involuntário semelhante aos espasmos na mão, no braço, na perna ou no pé. Essas contrações
musculares são quase sempre inofensivas e em geral duram apenas alguns segundos. Elas estão
associadas frequentemente ao estresse e a fadiga. O espaço entre as pálpebras superior e inferior e que
expõe o bulbo do olho é a fissura palpebral. Seus ângulos são conhecidos como comissura lateral, que é
mais estreita e próxima ao temporal, e comissura medial, que é mais larga e mais próxima ao osso nasal.
Na comissura medial encontra- se uma elevação pequena e avermelhada, a carúncula lacrimal, que
contém glândulas sebáceas (oleosas) e glândulas sudoríferas (de suor). O material esbranquiçado que
algumas vezes se acumula na comissura medial surge a partir dessas glândulas. Desde sua parte mais
superficial até a mais profunda, cada pálpebra consiste em epiderme, derme, tela subcutânea, fibras do
músculo orbicular do olho, tarso, glândulas tarsais e túnica conjuntiva. O tarso é uma prega espessa de
tecido conjuntivo que dá forma e sustentação às pálpebras. Em cada tarso encontra se uma fileira de
glândulas sebáceas alongadas modificadas, conhecidas como glândulas tarsais ou glândulas de
Meibomio, que secretam um líquido que ajuda a manter as pálpebras aderidas uma à outra. Uma
infecção nas glândulas tarsais produz um tumor ou cisto na pálpebra chamado de calázio.
A túnica conjuntiva é uma túnica mucosa protetora fina composta por epitélio pavimentoso estratificado
não queratinizado sustentada por tecido conjuntivo areolar e com numerosas células caliciformes. A
túnica conjuntiva da pálpebra reveste a face interna das pálpebras e a túnica conjuntiva do bulbo passa
das pálpebras para a superfície do bulbo do olho, onde ela cobre a esclera (a “parte branca” do olho), mas
não a córnea, que é uma região transparente que forma a face anterior externa do bulbo do olho. Acima
da esclera, a túnica conjuntiva é vascularizada. Tanto a esclera quanto a córnea serão discutidas com
mais detalhes em breve. A dilatação e a congestão dos vasos sanguíneos da túnica conjuntiva do bulbo
por causa de irritação ou infecção locais são a causa da vermelhidão ocular (“olhos injetados de sangue”).
Cílios e sobrancelhas
Os cílios, que se projetam a partir da margem de cada pálpebra, e as sobrancelhas, que atravessam
transversalmente e em formato de arco a parte superior das pálpebras, ajudam a proteger o bulbo do
olho de objetos estranhos, da transpiração e da incidência direta dos raios solares. Glândulas sebáceas na
base dos folículos pilosos dos cílios, chamadas de glândulas ciliares sebáceas, liberam um líquido
lubrificante para os folículos. Uma infecção nessas glândulas, em geral causada por bactéria, causa um
inchaço doloroso e repleto de pus chamado de terçol.
Aparelho lacrimal
O aparelho lacrimal é um grupo de estruturas que produzem e drenam o líquido lacrimal ou as lágrimas
em um processo chamado de lacrimação. As glândulas lacrimais, cada uma com o tamanho e o formato
aproximados de uma amêndoa, secretam o líquido lacrimal, que é drenado em 6 a 12 dúctulos excretores,
que removem as lágrimas para a superfície da conjuntiva da pálpebra superior (Figura 17.6B). A partir
dali, as lágrimas passam medialmente sobre a face anterior do bulbo do olho e entram em duas aberturas
pequenas chamadas de pontos lacrimais. As lágrimas passam então em dois ductos, os canalículos
lacrimais superior e inferior, que levam para o saco lacrimal (dentro da fossa lacrimal) e, então, para o
ducto lacrimonasal. Esse ducto conduz o líquido lacrimal para a cavidade nasal inferiormente à concha
nasal inferior, onde ele se mistura com o muco. Uma infecção nos sacos lacrimais é chamada de
dacriocistite. Ela é causada em geral por uma infecção bacteriana e resulta no bloqueio dos ductos
lacrimonasais. As glândulas lacrimais são inervadas por fibras parassimpáticas dos nervos faciais (VII). O
líquido lacrimal produzido por essas glândulas é uma solução aquosa contendo sais, um pouco de muco e
a lisozima, uma enzima bactericida protetora. O líquido protege, limpa, lubrifica e umedece o bulbo do
olho. Após ser secretado pela glândula lacrimal, o líquido lacrimal é espalhado medialmente pela
superfície do bulbo do olho pelo piscamento das pálpebras. Cada glândula produz cerca de 1 mℓ de
líquido lacrimal por dia.
Rízi� X��i�� - Med����a 3° se���t��
Normalmente, as lágrimas são removidas tão rapidamente quanto são produzidas, seja por evaporação
ou condução para os canais lacrimais e, dali, para a cavidade nasal. Entretanto, se uma substância
irritante entra em contato com a conjuntiva, as glândulas lacrimais são estimuladas a secretarem
excessivamente e as lágrimas se acumulam (olhos lacrimejantes). Esse mecanismo tem função protetora,
uma vez que as lágrimas diluem e lavam a substância irritante. Os olhos lacrimejantes também ocorrem
quando uma inflamação da túnica mucosa do nariz, como ocorre durante um resfriado, obstrui os ductos
lacrimonasais e bloqueia a drenagem das lágrimas. Apenas seres humanos expressam emoções, tanto
felicidade quanto tristeza, através do choro. Em resposta a um estímulo parassimpático, as glândulas
lacrimais produzem líquido lacrimal excessivo que pode transbordar pelos limites das pálpebras e, até
mesmo, preencher a cavidade nasal com líquido. É assim que o choro produz a coriza.
Músculos extrínsecos do bulbo do olho
Os olhos se encontram em depressões ósseas do crânio chamadas de órbitas. As órbitas ajudam a
proteger os olhos, estabilizando-os no espaço tridimensional, ancorados aos músculos que produzem
seus movimentos essenciais. Os músculos extrínsecos do bulbo do olho se estendem das paredes da
órbita até a esclera ocular e são circundados na órbita por volume significativo de gordura do corpo
adiposo da órbita. Esses músculos são capazes de mover os olhos em quase todas as direções.
Seis músculos extrínsecos do bulbo do olho movem cada olho: o reto superior, o reto inferior, o reto
lateral, o reto medial, o oblíquo superior e o oblíquo inferior. Eles são inervados pelos nervos oculomotor
(NC III), troclear (NC IV) ou abducente (NC VI). Em geral, as unidades motoras desses músculos são
pequenas. Alguns neurônios motores inervam apenas duas ou três fibras musculares – menos do que em
qualquer outra parte do corpo, exceto a laringe. Essas unidades motoras tão pequenas permitem o
movimento suave, preciso e rápido dos olhos. Como indicado no Expo 11.B, os músculos extrínsecos do
bulbo do olho movem o bulbo do olho lateralmente, medialmente, superiormente e inferiormente. Por
exemplo, olhar para a direita requer a contração simultânea do músculo reto lateral direito e do músculo
reto medial esquerdo do bulbo do olho e o relaxamento dos músculos reto lateral esquerdo e reto medial
direito. Os músculos oblíquos preservam a estabilidade rotacional do bulbo do olho. Circuitos neurais no
tronco encefálico e no cerebelo coordenam e sincronizam os movimentos dos olhos.
Nervo Oculomotor : M. reto inferior, M. reto medial, M. reto superior, M. oblíquo inferior
Nervo Troclear : M. Oblíquo superior
Nervo Abducente : M. reto lateral
Abordar a fisiologia da visão ( mecanismos de visão, vias de formação e interpretação de imagens, vias
sensoriais a partir da retina que não tem a função da visão).
Formação de imagens
De certo modo o olho é como uma câmera: seus elementos ópticos focam uma imagem de algum objeto
em um “filme” sensível à luz – a retina – enquanto garante que a quantidade correta de luz faça a
“exposição” adequada. Para entender como o olho forma imagens claras de objetosna retina, é preciso
avaliar três processos: (1) a refração ou desvio de luz pela lente e pela córnea; (2) a acomodação, a
mudança no formato da lente; e (3) a constrição ou estreitamento da pupila.
● Refração dos raios de luz
Quando os raios de luz passando através de uma substância transparente (como o ar) passam para uma
segunda substância transparente com uma densidade diferente (como a água), sofrem um desvio na
junção entre as duas substâncias. Esse desvio é chamado de refração. Conforme os raios de luz entram no
olho, eles são refratados nas faces anterior e posterior da córnea. Ambas as faces da lente refratam ainda
mais os raios de luz de modo que eles cheguem com o foco exato na retina.
As imagens focadas na retina são invertidas (de cabeça para baixo. Elas também sofrem uma inversão da
direita para a esquerda; ou seja, a luz proveniente do lado direito de um objeto alcança o lado esquerdo
da retina e vice versa. O motivo pelo qual o mundo não parece invertido é que o encéfalo “aprendeu” no
início da vida a coordenar as imagens visuais com as orientações dos objetos. O encéfalo armazena as
imagens invertidas e revertidas que são adquiridas quando nós, pela primeira vez, tocamos e alcançamos
os objetos, e interpreta essas imagens visuais corrigidas pela sua orientação espacial. Cerca de 75% da
refração total da luz ocorre na córnea. A lente fornece os 25% restantes de capacidade de foco e também
modula o foco para a observação de objetos próximos ou distantes. Quando um objeto está a 6 metros ou
mais do observador, os raios de luz refletidos pelo objeto são praticamente paralelos uns aos outros. A
lente deve curvar esses raios paralelos apenas o bastante para que eles sejam focados exatamente sobre a
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fóvea central, onde a visão é mais nítida. Como os raios de luz que são refletidos a partir de distâncias
menores do que 6 metros são divergentes e não paralelos, os raios devem ser refratados para que sejam
focados na retina. Essa refração adicional é realizada através de um processo chamado de acomodação.
● Acomodação e o ponto próximo de visão
Uma superfície que forma uma curva para fora, como a superfície de uma bola, é chamada de convexa.
Quando a superfície de uma lente é convexa, aquela lente refratará os raios de luz que chegam um em
direção ao outro, de modo que, eventualmente, eles sofram uma interseção. Se a superfície de uma lente
forma uma curva para dentro, como o interior de uma bola vazia, a lente é chamada de côncava e faz com
que os raios de luz sejam refratados um para longe do outro. a lente é convexa em ambas as suas faces, a
anterior e a posterior, e a sua capacidade de foco aumenta conforme sua curvatura aumenta. Quando o
olho está focando um objeto próximo, a lente fica mais curva, causando uma refração maior dos raios de
luz. Esse aumento na curvatura da lente para a visão próxima é chamado de acomodação. O ponto
próximo de visão é a distância mínima do olho a partir da qual um objeto pode ser focalizado, com
nitidez, com acomodação máxima. Essa distância é de cerca de 10 cm em um adulto jovem.
Como ocorre essa acomodação? Quando você observa objetos distantes, o músculo ciliar do corpo ciliar
está relaxado e a lente se encontra mais achatada porque ela é alongada em todas as direções pelas fibras
zonulares. Quando você observa um objeto próximo, o músculo ciliar se contrai, o que puxa o processo
ciliar e a corioide na direção da lente. Essa ação libera a tensão sobre a lente e as fibras zonulares. Como é
elástica, a lente fica mais esférica (mais convexa), aumentando sua capacidade de foco e causando maior
convergência dos raios de luz. As fibras parassimpáticas do nervo oculomotor (III) inervam o músculo
ciliar do corpo ciliar e, portanto, controlam o processo de acomodação.
→MECANISMO DE “ACOMODAÇÃO” Nas crianças, o poder refrativo do cristalino pode aumentar
voluntariamente de 20 dioptrias para cerca de 34 dioptrias; o que corresponde a uma “acomodação” de
14 dioptrias. Para fazer isso, a forma do cristalino é mudada de lente moderadamente convexa para lente
muito convexa. Na pessoa jovem, o cristalino é composto por forte cápsula elástica cheia de líquido
viscoso, proteináceo, mas transparente. Quando o cristalino está no estado relaxado, sem tensão sobre
sua cápsula, assumirá forma quase esférica, devido principalmente à retração elástica da sua cápsula. No
entanto, como a Figura 50-10 mostra, cerca de 70 ligamentos suspensores se fixam radialmente em torno
do cristalino, puxando suas bordas em direção ao círculo externo do globo ocular. Esses ligamentos são
constantemente tensionados por suas fixações na borda anterior da coroide e da retina. A tensão sobre os
ligamentos faz com que o cristalino permaneça relativamente plano sob condições normais do olho. Além
disso, também localizado nas fixações laterais dos ligamentos do cristalino ao globo ocular, fica o
músculo ciliar que tem, ele próprio, dois conjuntos separados de fibras de músculo liso — fibras
meridionais e fibras circulares. As fibras radiais se estendem das extremidades periféricas dos ligamentos
suspensores para a junção corneoescleral. Quando essas fibras musculares se contraem, as inserções
periféricas dos ligamentos do cristalino são puxadas medialmente em direção às bordas da córnea,
liberando, assim, a tensão dos ligamentos sobre o cristalino. As fibras circulares se dispõem
circularmente em toda a volta das fixações de ligamentos, de modo que, quando se contraem, há ação
semelhante à de esfíncter, diminuindo o diâmetro do círculo das fixações com ligamentos; esse efeito
também permite que os ligamentos façam menos tração sobre a cápsula do cristalino. Desse modo, a
contração de qualquer um dos dois conjuntos de fibras musculares lisas no músculo ciliar relaxa os
ligamentos com a cápsula do cristalino, e, portanto, o cristalino assume forma mais esférica, como a de
um balão, devido à elasticidade natural da cápsula do cristalino.
A Acomodação É Controlada por Nervos Parassimpáticos - O músculo ciliar é controlado quase
inteiramente por sinais do sistema nervoso parassimpático, transmitidos para o olho pelo terceiro par de
nervos cranianos do núcleo do terceiro par no tronco cerebral, como explicado no Capítulo 52. A
estimulação dos nervos parassimpáticos contrai ambos os conjuntos de fibras do músculo ciliar, que
relaxam os ligamentos do cristalino, dessa maneira, permitindo que o cristalino fique mais bojudo e
aumente seu poder refrativo. Com esse aumento do poder refrativo, o olho focaliza objetos mais perto do
que quando o olho tem menos poder refrativo. Consequentemente, à medida que um objeto distante se
move em direção ao olho, o número de impulsos parassimpáticos que invade o músculo ciliar precisa
aumentar progressivamente para o olho manter o objeto constantemente no foco.
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● Constrição da pupila
As fibras musculares circulares da íris também desempenham um papel na formação de imagens claras
na retina. Como você já aprendeu, a constrição da pupila é uma diminuição no diâmetro da
circunferência através da qual a luz entra no olho e que é causada pela contração dos músculos circulares
da íris. Esse reflexo autônomo ocorre simultaneamente com a acomodação e evita que os raios de luz
entrem no olho através da periferia da lente. Os raios de luz que entrariam pela periferia não seriam
focados na retina, o que poderia resultar em uma visão borrada. A pupila, como dito anteriormente,
também sofre constrição em uma luz forte.
● Convergência
Por causa da posição de seus olhos na cabeça, muitos animais, como cavalos e cabras, enxergam um
conjunto de objetos à esquerda de um olho e um conjunto completamente diferente de objetos à direita
do outro olho. Nos seres humanos, ambos os olhos focam em apenas um conjunto de objetos – uma
característica chamada de visão binocular. Essa característica do nosso sistema visual permite a
percepção de profundidadee a apreciação da natureza tridimensional dos objetos. A visão binocular
ocorre quando os raios de luz provenientes de um objeto alcançam pontos correspondentes em ambas as
retinas. Quando nós olhamos para a frente e vemos um objeto distante, os raios de luz que chegam são
direcionados diretamente em ambas as pupilas e são refratados para pontos comparáveis nas retinas de
ambos os olhos. Entretanto, conforme nós nos aproximamos de um objeto, os olhos devem girar
medialmente para que os raios de luz do objeto alcancem os mesmos pontos em ambas as retinas. O
termo convergência se refere a esse movimento medial de ambos os bulbos dos olhos de modo que eles
sejam direcionados para o objeto que está sendo observado, como por exemplo quando observamos um
lápis que se move na direção dos olhos. Quanto mais próximo o objeto estiver, maior será o grau de
convergência necessário para manter a visão binocular. As ações coordenadas dos músculos extrínsecos
do bulbo do olho permitem a convergência.
→ Medida do Poder Refrativo de uma Lente — “Dioptria”. Quanto mais a lente curvar os raios de luz,
maior será seu “poder refrativo”. Esse poder refrativo é medido em termos de dioptrias. O poder refrativo
em dioptrias de lente convexa é igual a 1 metro dividido por sua distância focal. Desse modo, uma lente
esférica que converge raios de luz paralelos para ponto focal 1 metro além da lente tem poder refrativo de
+1 dioptria. O olho é opticamente equivalente à fotográfica comum. Tem sistema de lentes, sistema de
abertura variável (a pupila) e a retina que corresponde ao filme. O sistema de lentes do olho é composto
por quatro interfaces refrativas: (1) a interface entre o ar e a superfície anterior da córnea; (2) a interface
entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso; (3) a interface entre o humor aquoso e a
superfície anterior do cristalino; e (4) a interface entre a superfície posterior do cristalino e o humor
vítreo. O índice interno do ar é 1; o da córnea é 1,38; o do humor aquoso é 1,33; o do cristalino (em
média) é 1,40; e o do humor vítreo é 1,34.
Cerca de dois terços das 59 dioptrias do poder refrativo do olho são dados pela superfície anterior da
córnea (não pelo cristalino). A principal razão para esse fenômeno é que o índice refrativo da córnea é
acentuadamente diferente daquele do ar, enquanto o índice refrativo do cristalino não é muito diferente
dos índices do humor aquoso e do humor vítreo. O poder refrativo total do cristalino, que normalmente
se situa no olho, cercado por líquido de cada lado, é de apenas 20 dioptrias, por volta de um terço do
poder refrativo total do olho. Entretanto, a importância do cristalino é que, em resposta a sinais nervosos
vindos do cérebro, sua curvatura pode aumentar acentuadamente, provocando a “acomodação visual”.
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Formação de uma Imagem na Retina
Da mesma forma que uma lente de vidro pode focalizar a imagem em folha de papel, o sistema de lentes
do olho pode focalizar uma imagem na retina. A imagem é invertida e reversa com respeito ao objeto. No
entanto, a mente percebe os objetos na posição em pé apesar da orientação da cabeça para baixo na
retina, porque o cérebro é treinado para considerar a imagem invertida como normal. O sentido da visão
é proporcionado aos animais pela interação da luz com os receptores especializados que se encontram na
retina. Esta é um "filme inteligente" situado dentro de um órgão - o olho - que otimiza a formação de
imagens focalizadas e precisas dos objetos do mundo exterior. O olho é uma câmera super automática,
capaz de posicionar-se na direção do objeto de interesse, focalizá-lo precisamente e regular a
sensibilidade do "filme" de forma automática, de acordo com a iluminação do ambiente. A imagem
projetada na retina provoca uma reação de transdução fotoneural nos receptores, gerando um potencial
receptor que, por sua vez, provoca nas células seguintes da retina outros potenciais bioelétricos. Resulta
um código de potenciais de ação que emerge pelo nervo óptico em direção às regiões visuais do encéfalo,
situadas no mesencéfalo, no diencéfalo e em diversas áreas do córtex cerebral. A informação visual
codificada pelo sistema visual percorre vias paralelas da retina ao tálamo e deste ao córtex, especializados
no processamento de aspectos específicos da cena visual. São essas vias paralelas que permitem ao
indivíduo realizar as principais submodalidades visuais: a localização espacial dos estímulos luminosos, a
medida da intensidade, a identificação da forma dos objetos, a detecção de objetos móveis e a visão de
cores. A localização dos objetos no espaço depende de mapas topográficos (visuotópicos) precisos,
representados principalmente no colículo superior do mesencéfalo, cujos neurônios estão ligados ponto a
ponto com neurônios motores que ativam os músculos dos olhos, do pescoço e do corpo. A medida da
intensidade luminosa começa na retina e propicia a regulação da sensibilidade do sistema aos ambientes
claros e escuros. A identificação da forma é processo complexo que depende de neurônios que sinalizam
as características das bordas dos objetos, sobretudo o contraste e a sua orientação no espaço, além de
suas características tridimensionais. A detecção de movimento envolve neurônios que sinalizam a direção
em que se movem os objetos, bem como neurônios que identificam os comandos para a movimentação
dos olhos e da cabeça do indivíduo. Finalmente, a visão de cores começa na retina, já que os cones têm
sensibilidade específica para certos comprimentos de onda da luz e sua atividade se combina para
sinalizar ao sistema as cores presentes no ambiente externo. No encéfalo, a combinação de cores
complementares adquire complexidade, determinando o padrão de resposta de neurônios de áreas
corticais especialmente voltadas para a visão cromática. A percepção é o aspecto mais apurado e
sofisticado da modalidade visual. Como todas as demais modalidades sensoriais, a visão também se
subdivide em submodalidades diferentes, que representam os vários aspectos que podemos identificar no
mundo externo que reflete ou emite luz. Destacamos seis delas:
(1) a medida da intensidade da luz ambiente, provavelmente a forma mais primitiva de visão, e que é
usada nas funções que variam com o ciclo dia-noite;
(2) a localização espacial, que nos permite identificar em que posição no campo de visão aparece um
determinado objeto que nos interessa;
(3) a medida do brilho de cada objeto em relação aos demais e ao ambiente em que se encontra;
(4) a discriminação de formas, que nos permite diferenciar e reconhecer os objetos segundo os seus
contornos;
(5) a detecção de movimento, através da qual percebemos que alguns objetos se movem, enquanto outros
permanecem parados; e, finalmente,
(6) a visão de cores. Cada uma dessas submodalidades resulta da ativação de um conjunto específico de
regiões neurais interconectadas, que recebem informações provenientes do órgão receptor da visão, o
olho.
O olho, uma câmera super automática: Já é tradicional fazer analogia do olho com uma câmera
fotográfica. De fato, ambos possuem características comuns que os capacitam a registrar imagens para
utilização posterior. Mas entre a engenharia da natureza e a do homem, a primeira leva enorme
vantagem. O olho é uma câmera super automática, que se direciona "sozinha" ao objeto de interesse,
focaliza-o automaticamente e transmite ao cérebro instantaneamente uma representação codificada da
imagem. O filme do olho - a retina - não precisa ser trocado, tem sensibilidade regulável, uma região de
"grão mais fino" no centro, e sua "revelação" dura apenas alguns milésimos de segundo! Além disso, a
existência de dois olhos funcionando coordenadamente ajuda bastante a representação tridimensional
dos objetos. E, por fim, o olho normalmente não precisa de manutenção: é "autolimpante", sendo suas
Rízi� X��i�� - Med����a 3° se���t��
superfícies mantidas sempre em condiçõesótimas de transparência. Sempre se acreditou que a função
básica dos músculos extraoculares seria a de mover os olhos de modo a posicionar a imagem na região
retiniana de maior precisão sensorial. Isso é verdadeiro, mas há mais. Os músculos extraoculares não
apenas otimizam a percepção: são verdadeiramente essenciais para que ela ocorra, pois, a paralisação
completa deles, ou a utilização de truques experimentais que fixam a imagem em um mesmo ponto da
retina, resultam no rápido desaparecimento da percepção porque os receptores se adaptam (veja adiante
o que é "adaptação") e param de enviar sinais para os neurônios seguintes. Por isso, em condições
normais, mesmo que os olhos estejam fixando firmemente algum objeto, ocorrem pequeníssimos
movimentos oculares que deslocam a imagem para um ponto e outro da retina, impedindo o apagamento
da percepção. Há muitos tipos de movimentos oculares, que servem a diferentes funções.
Quanto à coordenação binocular, podem ser conjugados, se os dois olhos se movem no mesmo sentido e
com a mesma velocidade; ou disjuntivos, se se movem em sentidos diferentes (convergentes ou
divergentes). Quanto à velocidade, podem ser sacádicos, se forem muito rápidos e independentes do
movimento dos objetos externos; ou de seguimento, se forem lentos e "presos" ao deslocamento de
algum objeto.
Finalmente, quanto à trajetória, podem ser radiais, quando o eixo visual se desloca angularmente para
qualquer sentido; ou torsionais, quando o eixo permanece fixo, movendo-se os olhos em rotação à sua
volta. Alguns mamíferos (como o gambá) têm ainda a possibilidade de projetar os olhos para dentro e
para fora da órbita, mas esse não é o caso dos seres humanos. Na vida cotidiana, executamos todos esses
movimentos sem sentir. Um amplo movimento sacádico é realizado quando terminamos de ler uma linha
de texto à direita, e transferimos o olhar para a linha seguinte à esquerda. Movimentos sacádicos mais
curtos são feitos a cada palavra, ou a cada pequeno grupo de palavras do mesmo texto. Mas se o texto se
mover, como os créditos do final de um filme, que se deslocam de baixo para cima, os olhos realizam
também movimentos de seguimento para conseguir ler o que está escrito neles. Os movimentos de
seguimento são mais lentos que os sacádicos, acompanhando a velocidade dos objetos fixados pelos
olhos. Mas não é possível realizar movimentos lentos na ausência de objetos visuais (no escuro, por
exemplo). Se um livro está distante e o aproximamos de nós para poder ler, fazemos movimentos
convergentes dos olhos para que a mesma palavra possa ser projetada sobre a fóvea de cada olho. Se
deslocamos o livro no sentido inverso, afastando-o do rosto, os movimentos oculares serão divergentes,
pela mesma razão. Finalmente, compensamos pequenas inclinações da cabeça que fazemos a todo
momento sem perceber, realizando movimentos oculares torsionais em sentido contrário aos da cabeça.
Essa complexa capacidade motora dos olhos é função de apenas três pares de músculos estriadas
inseridos em pontos estratégicos do globo ocular e do crânio. Esses seis pequenos músculos são
comandados por neurônios motores situados no mesencéfalo e no tronco encefálico, cujos axônios
constituem três dos 12 pares de nervos cranianos. Desde já podemos imaginar, entretanto, que esse
controle deve ser bastante preciso. Um dado movimento muitas vezes requer a contração de mais de um
músculo extraocular do mesmo olho, e certamente a contração sincrônica dos músculos de ambos os
olhos. Além disso, a ativação de um músculo deve ser acompanhada da desativação (inibição) do seu
antagonista. Um simples movimento de seguimento dos olhos para a direita, por exemplo, é obtido pela
ativação do músculo reto lateral direito através dos neurônios do nervo abducente direito, pela
coativação do reto medial esquerdo pelos neurônios do nervo oculomotor esquerdo, e pela inibição do
reto lateral esquerdo e do reto medial direito através dos nervos abducente esquerdo e oculomotor
direito, respectivamente. Imagine-se então a complexidade do controle dos movimentos irregulares,
sacádicos e de seguimento, que fazemos ao assistir a uma peça de teatro ou uma partida de futebol.
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Autofoco, acomodação ou focalização
Quando usamos uma câmera fotográfica, giramos a lente objetiva para aproximá-la ou afastá-la do
objeto, e assim conseguir que os raios de luz provenientes dele convirjam na proporção exata, ao entrar
na câmera, para que a imagem seja projetada em foco sobre o fi lme. A natureza desenvolveu um
mecanismo diferente para obter esse mesmo resultado. O olho possui duas lentes principais que
participam de modo importante na formação da imagem na retina: a córnea e o cristalino. Compete a
elas fazer convergir os raios luminosos provenientes do ambiente, durante a sua travessia para o interior
do olho. A córnea contribui com um poder de convergência de cerca de 40 dioptrias, enquanto o
cristalino adiciona cerca de 10 dioptrias. Outras interfaces esféricas entre os meios transparentes do olho
também influem, embora em menor escala. Os raios provenientes da cena visual sofrem grande refração
ao penetrar a córnea, tanto porque é grande a diferença entre o seu índice de refração e o do ar, quanto
porque é acentuada a sua curvatura esférica. O resultado é a convergência dos raios de luz ao ultrapassar
a face anterior da córnea. A refração é muito menor quando os raios passam da face posterior da córnea
para a câmara anterior do olho, que contém humor aquoso. Isso porque a diferença entre os índices de
refração desses meios não é tão grande. O feixe de luz convergente passa através da pupila, e ao
atravessar o cristalino sofre nova convergência, para então passar pelo humor vítreo e projetar-se sobre a
retina. O pulo-do-gato que a natureza utilizou no olho dos mamíferos para obter a focalização automática
dos objetos visuais baseia-se na natureza elástica do cristalino e na sua particular sustentação pelas fibras
conjuntivas da zônula. Estas se inserem na borda circular do cristalino e estendem-se radialmente até o
outro lado, fixando-se ao corpo ciliar, uma estrutura formada por fibras de músculo Liso. Em repouso, o
cristalino fica ligeiramente esticado, submetido a uma certa tensão pela sua própria elasticidade, que
encontra a resistência das fibras da zônula fixadas no corpo ciliar. Quando as fibras musculares deste se
contraem sob comando neural, diminui a tensão sobre o cristalino e a elasticidade deste faz com que se
tome mais esférico, com uma curvatura mais acentuada. O mecanismo é contraintuitivo, pois a contração
de um músculo (o músculo ciliar) provoca o relaxamento de um ligamento (a zônula), e não o contrário,
como seria de esperar. Isso provém do modo inverso de inserção das fibras da zônula no corpo ciliar.
Resulta desse mecanismo a variação controlada da curvatura do cristalino, e, portanto, do seu poder de
convergência, possibilitando a focalização da imagem sobre a retina tanto para objetos situados a
grandes distâncias (ponto distante) como para aqueles posicionados a cerca de 25 cm do olho (ponto
próximo). A capacidade de focalização automática da imagem pelo olho, assim, depende muito da
elasticidade do cristalino, que decresce com a idade. À medida que envelhecemos o cristalino fica um
tanto rígido, perdendo a capacidade de tomar-se mais esférico. Com isso, a distância mínima de 25 cm
para focalização de objetos próximos vai-se tornando maior. É a chamada "vista cansada", que os
médicos chamam de presbiopia. As ametropias causam também deficiências de focalização da imagem,
quase todas passíveis de correção pelo uso de óculos ou lentes de contato.
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O fenômeno fisiológico de focalização automática da imagem sobre a retina chama-se acomodação.
Esta, entretanto, não envolve apenas o mecanismo de variação da curvatura do cristalino, mas também
dois outros mecanismos coadjuvantes: a vergência dosolhos e a variação do diâmetro pupilar. O
primeiro é mais fácil de compreender e já foi mencionado: quando um objeto se aproxima do rosto, os
olhos tendem a convergir para que a imagem incida sobre pontos homólogos da retina. Ocorre o oposto
(divergência) quando o objeto se afasta. A variação do diâmetro pupilar merece uma explicação mais
detalhada. A pupila é o orifício formado pela íris. Esta contém dois conjuntos de músculos lisos, um
formado por fibras circulares, capazes de promover o fechamento da pupila (miose), outro formado por
fibras radiais, que causam a abertura da pupila (midríase). A pupila atua de modo semelhante ao
diafragma das câmeras fotográficas. Quando se fecha, estreita o feixe luminoso que penetra no cristalino,
tomando mais agudo o cone de luz que emerge dele no interior do olho, em direção à retina. Quanto mais
agudo esse cone de luz, menos o nosso sistema visual percebe variações de posição da imagem em relação
ao plano focal na retina: torna-se maior a chamada profundidade de foco. Em contraposição, cones de luz
mais abertos produzem menor profundidade de foco.
A acomodação para perto, assim, envolve uma tríade fisiológica constituída de: (1) convergência dos
olhos, (2) miose e (3) aumento da curvatura do cristalino.
A acomodação para longe funciona exatamente de modo oposto, envolvendo a divergência dos olhos,
midríase e a diminuição da curvatura do cristalino.
(Vias Nervosas) A tríade da acomodação é também um reflexo visuomotor, controlado por núcleos
subcorticais situados em uma região do cérebro entre o mesencéfalo e o diencéfalo, chamada área
pré-tectal ou simplesmente pré-tecto. Núcleos dessa região recebem terminações de fibras provenientes
da retina, que acusam qualquer pequena desfocalização da imagem que ocorra pelo movimento dos
objetos que estamos fixando, ou pela nossa própria movimentação. Nesse momento, a ativação dos
neurônios pré-tectais é levada aos núcleos oculomotor e abducente de cada lado, e estes acionam os
músculos retos laterais e mediais, de modo a obter a vergência necessária a cada caso. Mas os neurônios
pré-tectais não fazem só isso: através de circuitos axônicos com outros núcleos do tronco encefálico,
controlam a musculatura lisa intraocular. Para promover a constrição pupilar e o relaxamento da zônula,
os neurônios pré-tectais acionam os neurônios do núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo, cujos
axônios se incorporam ao nervo oculomotor (nervo craniano III). Estes alcançam o gânglio ciliar do
sistema nervoso autônomo, cujas fibras inervam o músculo circular da íris e o músculo ciliar.
Formação da imagem na retina
Resulta desses elaborados mecanismos ópticos a formação de uma imagem precisamente focalizada
sobre a retina. Ocorre, entretanto, que essa imagem é duplamente invertida: o que está à esquerda no
campo de visão projeta-se no setor direito da retina de ambos os olhos, e o que está acima se projeta no
setor inferior das retinas. E vice-versa. A razão disso é a construção óptica do olho, composto por lentes
de tipo convergente, que formam imagens invertidas. Por que, então, não vemos o mundo de cabeça para
baixo? Simplesmente porque a imagem óptica projetada sobre a retina não é "vista" pelo cérebro; uma
tradução dela é codificada em potenciais neurais, e esse padrão de sinais, mesmo proveniente de uma
imagem opticamente invertida, é interpretado desde que nascemos como a representação de um mundo
de cabeça para cima.
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Filtragem de raios indesejados e eliminação de reflexos espúrios
A natureza aperfeiçoou tanto o olho durante a evolução, que até mesmo um sistema de controle sobre o
tipo e a quantidade de energia da radiação incidente foi desenvolvido. O primeiro deles envolve a córnea,
que absorve uma parte dos raios ultravioletas que acompanham a luz emitida pelo sol e demais fontes
luminosas. Esse filtro natural contribui para a proteção dos fotorreceptores e demais células retinianas,
que poderiam ser danificados por essa radiação mais penetrante. O segundo envolve o fechamento
reflexo da pupila, já descrito como um mecanismo participante da tríade de acomodação. Essa reação
automática da íris ocorre quando há um aumento da intensidade da luz incidente, e tem o efeito de
diminuir a quantidade de luz que chega à retina. O oposto ocorre quando há uma diminuição da
intensidade luminosa incidente. Esse reflexo fotomotor da pupila representa um mecanismo de
regulação da luminância da imagem que se forma sobre a retina. É utilizado pelos médicos para avaliar o
estado funcional do mesencéfalo e do tronco encefálico dos pacientes, mediante a sua observação com
uma pequena lanterna subitamente ligada sobre o olho. Apesar de todos esses mecanismos de filtragem,
o feixe luminoso é forte o suficiente para penetrar na retina, ativar o mecanismo da transdução
fotoneural e, finalmente, atingir a face interna da esclera, a estrutura de cor branca que caracteriza a
superfície externa do globo ocular. Nessas condições, haveria reflexão da luz na esclera e os raios
voltariam a atravessar a retina no sentido contrário. Como podemos imaginar, isso causaria uma
considerável distorção na qualidade da imagem percebida, já que ocorreria estimulação dupla e fora de
sincronia dos fotorreceptores. Essa possibilidade é evitada pela interposição, entre a retina e a esclera, de
uma camada de células fortemente pigmentadas que absorvem a luz incidente, impedindo a sua reflexão
na borda clara e lisa da esclera. Essa camada é a coróide, rica em vasos sanguíneos que nutrem a retina, e
coberta por um epitélio que acumula melanina. A melanina é um pigmento que absorve a luz que
ultrapassou os fotorreceptores, e não deve ser confundida com o pigmento dos fotorreceptores, que
também absorve luz, mas está relacionado com a fototransdução. O epitélio pigmentar tem uma função
adicional muito importante. Em contato próximo com os fotorreceptores, essas células epiteliais
fagocitam os segmentos externos, fornecendo assim um mecanismo de reciclagem dos discos que contêm
o fotopigmento e que são continuamente sintetizados pelos receptores.
Manutenção e lubrificação dos meios transparentes
A transparência dos meios ópticos do olho e a forma esférica do globo ocular são requisitos essenciais
para que a visão seja normal. Para mantê-los estáveis há mecanismos específicos, fora e dentro do olho.
Do lado de fora, a córnea é um ponto frágil porque está exposta a traumatismos provocados por objetos
variados, sujeita ao atrito de partículas suspensas no ar e à invasão de microrganismos. No entanto, a
córnea é lavada constantemente pelo fluido lacrimal, distribuído de modo uniforme por duas cortinas
mucosas que descem e sobem sobre ela - as pálpebras. O fluido lacrimal é secretado continuamente pelas
glândulas lacrimais, situadas na parte externa e superior da órbita. A secreção dessas glândulas é
controlada pelo nervo facial (nervo craniano VII), que contém axônios de neurônios situados no tronco
encefálico. O controle neural da secreção lacrimal, como todos sabemos, não é apenas automático, pois
em certas condições emocionais ocorre secreção abundante do fluido lacrimal, que passa então a ser
chamado de lágrima. Secretado de um lado, o fluido lacrimal é drenado por canalículos situados no outro
lado, nas bordas internas superior e inferior das pálpebras. Através desses canalículos, o fluido é
conduzido à cavidade nasal. As pálpebras superiores são movidas por diversos músculos da face,
especialmente pelos músculos elevadores, que são ativados pelo núcleo oculomotor (nervo craniano III),
o mesmo que comanda alguns dos movimentos oculares. O movimento das pálpebras ocorre
automaticamente a cada 10-20 segundos, mas pode ser provocado reflexamente pela estimulação
somestésica da córnea, por estímulos súbitos e fortes (visuais e auditivos), ou pela ação da vontade do
indivíduo. Pelo lado de dentro do olho é preciso manter não só a transparência dos meios ópticos,mas
também a forma esférica do globo ocular. Essa função de manutenção é realizada pelo líquido que banha
o interior do olho. O líquido intraocular é secretado continuamente pelas células epiteliais que revestem
o corpo ciliar na câmara posterior, e a maior parte dele distribui-se também na câmara anterior
constituindo o humor aquoso. Uma pequena parte atravessa as fibras da zônula e o humor vítreo,
formando um fino filme líquido entre este e a retina. A secreção ativa e contínua do líquido intraocular
origina uma pressão interna que deve ser mantida em tomo de 15-16 mmHg. A estabilidade dessa pressão
intraocular depende do equilíbrio entre a secreção e a drenagem do humor aquoso. Esta ocorre em um
canalículo em forma de anel (canal de Schlemm) que contorna a córnea, abrindo-se, de um lado, em
pontos do ângulo desta com a íris e, de outro lado, em vênulas que se comunicam com o sistema venoso
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do olho. Quando ocorre obstrução do canal de Schlemm aumenta a pressão intraocular, causando
opacificação dos meios ópticos e lesão da retina. Essa condição é chamada glaucoma. A opacificação dos
meios ópticos é a catarata, que pode ter outras causas além do glaucoma.
A Retina e o Nervo Óptico
Os mamíferos terrestres, especialmente o homem, em geral utilizam o sistema visual sob uma grande
variedade de condições ambientais, entre a escuridão mais completa e a claridade mais ofuscante, de tal
forma que temos uma visão para baixos níveis de luz (visão escotópica) e outra para altos níveis de luz
(visão fotópica). No primeiro caso, dificilmente será possível discriminar detalhes dos objetos situados no
campo de visão, mas é necessária grande sensibilidade à luz para que as menores intensidades sejam
percebidas. No segundo caso, por outro lado, é preciso diminuir a sensibilidade para não ocorrer
ofuscamento, mas pode-se aproveitar a claridade para distinguir formas, cores e detalhes do mundo
visual. Foi exatamente essa capacidade de operar em uma ampla faixa de luminosidade que a natureza
desenvolveu na retina dos mamíferos. Essa flexibilidade da retina tomou-se possível porque ela possui
uma especialização regional que lhe confere uma natureza dupla. Próximo ao centro da hemisfera
retiniana fica uma região circular com escassos vasos sanguíneos, e que justamente por isso às vezes
apresenta uma tonalidade amarelada que justifica sua denominação: mácula lútea. A mácula lútea pode
ser observada diretamente pelo exame de fundo de olho que os médicos realizam com frequência. Pode
também ser observada histologicamente, e o que se vê é que no centro dela existe uma concavidade na
qual só há fotorreceptores, especialmente cones, estando os neurônios de segunda e terceira ordem
afastados para as bordas. Essa concavidade é a fóvea - especialização de grande importância funcional
por constituir a região retiniana de maior acuidade visual, ou seja, aquela de onde extraímos os maiores
detalhes da imagem. A fóvea participa da visão fotópica: seus fotorreceptores são quase exclusivamente
cones, estreitos e densamente empacotados. Os cones, como sabemos, não têm grande sensibilidade à
intensidade luminosa, mas por outro lado, detectam luz de diferentes faixas de comprimentos de onda, o
que é "interpretado" pelos circuitos da retina e do cérebro e possibilita a visão de cores. Além disso, na
fóvea cada cone se conecta a uma só ou a poucas células bipolares situadas nas bordas da mácula, e estas
igualmente se conectam a uma ou a poucas células ganglionares. São as chamadas linhas exclusivas.
Desse modo, as fibras do nervo óptico que conduzem a informação proveniente da fóvea o fazem, cada
uma delas, de uma região muito restrita, às vezes correspondente a um único cone, isto é, a cerca de
0,005 grau de ângulo visual. A retina periférica tem características opostas às da retina central. Todos os
tipos celulares estão representados, formando as camadas características. Os cones vão escasseando cada
vez mais, à medida que nos afastamos das bordas da mácula em direção à periferia da retina. Ao
contrário, os bastonetes vão-se tornando mais frequentes. Muitos deles agora se conectam com uma
única célula bipolar, e muitas destas por sua vez projetam a uma ganglionar, diretamente ou com a
intermediação de uma célula amácrina. Cada fibra do nervo óptico, desse modo, veicula informação
proveniente de uma área retiniana maior, coberta por inúmeros fotorreceptores. Não há, portanto, linhas
exclusivas, e a convergência dos circuitos é grande. Página | 10 Na retina periférica, a rede vascular
dispõe-se de modo característico sobre ela, e pode ser vista no exame de fundo de olho. Essa organização
em camadas, bem como a convergência dos circuitos e a presença de vasos na retina periférica são
características desfavoráveis à visão precisa de detalhes. Diferentemente dos cones, os bastonetes não
apresentam sensibilidade espectral. Por outro lado, são extremamente sensíveis a baixas intensidades
luminosas. Acredita-se que um bastonete pode gerar um potencial receptor quando estimulado por um
único fóton. Essa grande sensibilidade dos bastonetes advém do fato de que eles apresentam maior
número de discos contendo fotopigmento, em comparação com os cones. Quando os oftalmologistas
investigam o interior do olho humano (A), veem uma imagem característica que se chama "fundo de
olho” (B). Na mácula lútea (pequeno retângulo em A), os vasos sanguíneos estão afastados e a retina
apresenta uma pequena depressão, a fóvea (C). As camadas da retina e as células que as compõem só
podem ser visualizadas em cortes histológicos examinados ao microscópio (D, E). A foto E representa um
segmento de retina de um pinto, cortada transversalmente como o esquema em D, com os núcleos
celulares marcados com um corante fluorescente azul. As espessuras das camadas variam com a espécie e
a idade do animal. A duplicidade de organização da retina originou-se durante a evolução. Surgiram os
bastonetes, com sensibilidade diferente dos cones, o que representou um mecanismo adaptativo
favorável à sobrevivência. Essa, entretanto, não foi a única vantagem com que a evolução brindou os
vertebrados daquela época: a retina adquiriu a capacidade de regular a sua sensibilidade, um fenômeno
que leva o nome de adaptação. A adaptação seria como utilizar um filme fotográfico cuja sensibilidade
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variasse dinamicamente em função da luminosidade do ambiente: de certo modo é o que fazem
atualmente as câmeras digitais. Podemos sentir a adaptação ao escuro quando entramos em um cinema
com a sessão já começada. Inicialmente cegos, só após alguns minutos conseguimos visualizar as fileiras
de poltronas e os lugares vazios. Ao sair do cinema ocorre o fenômeno inverso, a adaptação ao claro:
ficamos inicialmente ofuscados com a luz do dia, mas o ofuscamento vai lentamente desaparecendo.
Vários eventos fisiológicos contribuem para a adaptação.
(1) A mudança no diâmetro pupilar contribui para diminuir ou aumentar a quantidade de luz incidente.
(2) Ocorre também regulação da quantidade de fotopigmento disponível, seja um aumento por
ressíntese, no escuro, ou a diminuição por ação da luz intensa, no claro. (3) Além disso, os
fotorreceptores são capazes de regular as vias de sinalização intracelular, interferindo na fototransdução
segundo a intensidade da luz ambiente. E finalmente, (4) ocorre facilitação da transmissão sináptica na
retina pela redução do limiar de excitabilidade das células bipolares e ganglionares. A identificação da
imagem, e, portanto, dos objetos que compõem a cena visual, é tarefa conjunta para milhares de
fotorreceptores e os neurônios de ordem superior da retina e do cérebro. O que cada receptor "vê", no
entanto, é um ponto de luz de um determinado comprimento de onda, que se projeta sobre ele durante
um certo tempo, com uma certa intensidade. A função desse receptor isolado, portanto, é traduzir esses
parâmetros do estímulo paraa linguagem dos potenciais bioelétricos. Primeiro, é preciso contar com
uma molécula (ou mais de uma) capaz de absorver seletivamente a luz. Depois, é necessário utilizar a
energia absorvida para disparar uma sequência de reações bioquímicas que resultem na formação dos
potenciais. Essas moléculas existem: são os fotopigmentos ou pigmentos visuais. Trata-se de proteínas
integrais de membrana, encravadas nos discos dos segmentos externos em grande número. Nos
bastonetes, o fotopigmento é a rodopsina, formada pela proteína opsina e por uma molécula pequena
derivada da vitamina A, o retinal. Na ausência de luz, uma forma não ativada do retinal (11-cis-retinal)
fica ligada covalentemente à opsina. Quando a luz incide sobre os discos do segmento externo, o
11-cis-retinal a absorve, transformando-se em trans-retinal e soltando-se da opsina, que por sua vez
muda sua conformação alostérica transfomando-se em opsina ativada (R*, no caso da rodopsina). O
trans-retinal cai no espaço extracelular e é captado pelo epitélio pigmentar, sendo aí retransformado na
forma 11-cis e transportado de volta aos fotorreceptores. Há sempre uma perda de retinal, reposta pela
alimentação, que deve ser rica em vitamina A. É por isso que a avitaminose A (carência dessa vitamina)
causa a cegueira noturna, um tipo de deficiência que resulta da falta de retina! nos bastonetes. Até este
ponto, a energia contida na luz foi absorvida pelo retinal, o que mudou a conformação espacial do
próprio retinal e também da opsina.
De que modo, em seguida, essas transformações químicas resultarão em um potencial receptor?
→ Descobriu-se que o domínio intracelular da opsina se liga a uma proteína G chamada transducina, que
é ativada pela mudança de conformação alostérica provocada pela luz.
→ Com a incidência da luz, o GDP (difosfato de guanosina) da transducina é fosforilado,
transformando-se em GTP (trifosfato de guanosina).
→ A incorporação do GTP separa a subunidade a do complexo, e esta "desliza" internamente na
membrana até encontrar, nas proximidades, urna enzima que hidrolisa o GMPc (monofosfato cíclico de
guanosina).
→ A ação dessa enzima, a fosfodiesterase, reduz a concentração intracelular de GMPc. Acontece que este
nucleotídeo cíclico normalmente mantém abertos, na membrana do fotorreceptor, os canais de Na+ e
Ca++ aí existentes. Quanto maior a concentração de GMPc, maior o fluxo iônico de cátions para o
interior da célula (a chamada "corrente de escuro").
→ O resultado é um estado constante de despolarização relativa do fotorreceptor, na ausência de luz. Por
essa razão o potencial de repouso dos bastonetes é de cerca de - 40 mV, menos negativo que a maioria
das células. Quando ocorre a estimulação luminosa e os fenômenos físicos e químicos descritos antes, a
concentração de GMPc diminui e muitos canais iônicos se fecham. Ocorre, então, a hiperpolarização do
fotorreceptor.
Essa hiperpolarização passageira do fotorreceptor, provocada pelo estímulo luminoso, é o potencial
receptor. Trata-se de um potencial receptor diferente quanto à polaridade, por ser hiperpolarizante, e
não despolarizante como nos demais receptores. Mas quanto às suas outras propriedades, é idêntico a
eles. Assim, quanto maior a intensidade luminosa do estímulo, mais moléculas de pigmento absorverão
luz, mais pronunciada será a queda da concentração de GMPc, mais canais iônicos serão fechados, maior
será a hiperpolarização, e, portanto, maior será a amplitude do potencial receptor. Do mesmo modo com
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a duração. Quanto maior a duração do estímulo luminoso, maior a duração do potencial receptor nos
bastonetes. Quando cessa o estímulo luminoso, a opsina ativada é fosforilada por uma cinase específica, o
que a toma suscetível de ligar uma outra proteína - a arrestina, responsável pela recomposição da
transducina com suas três subunidades, levando à interrupção imediata da ação da fosfodiesterase. O
trabalho da guanililciclase volta então a predominar, cresce a concentração local de GMPc, abrem-se
novamente os canais de cátions e o potencial da membrana retoma aos -40 mV de antes. Uma
característica importante do mecanismo de fototransdução na retina é a sua altíssima sensibilidade, que
confere aos vertebrados a capacidade de sinalizar a presença de um único fóton. Como é possível essa
sensibilidade extraordinária, tendo em vista a complexidade das etapas de sinalização molecular da
transdução fotoelétrica? Isso é conseguido pela grande amplificação molecular do sinal inicial. Uma só
molécula de R* ativa centenas de transducinas. A fosfodiesterase, por sua vez, é uma enzima de alta
eficiência, sendo sua atividade catalítica limitada apenas pela disponibilidade de GMPc: a ativação de
uma única de suas subunidades catalíticas é capaz de hidrolizar dezenas de moléculas de GMPc por
segundo. A sequência de eventos moleculares da transdução fotoneural é bem conhecida para os
bastonetes, menos conhecida para os cones. Acredita-se, entretanto, que a grande diferença seria a
Página | 12 sensibilidade espectral dos pigmentos. O pigmento dos bastonetes absorve luz em uma certa
faixa de comprimentos de onda do espectro visível. Os cones, por sua vez, são subdivididos em três tipos,
cada um com o seu pigmento sensível a uma faixa diferente de comprimentos de onda: os cones "azuis"
absorvem comprimentos de onda em tomo de 420nrn, os cones "verdes" absorvem em tomo de 530nm, e
os cones "vermelhos", em tomo de 560nrn. Essa diferença de sensibilidade espectral dos cones é que
permitirá a visão de cores que muitos animais possuem.
OBS: Denominar os cones por uma cor é muito utilizado por ser prático, mas é altamente impreciso. Na
verdade, além de não serem coloridos, os cones "azuis " absorvem muito o violeta, os "verdes" absorvem
mais o amarelo que o verde, e os "vermelhos" absorvem mais o laranja. Por essa razão, alguns
especialistas preferem denominá-los, respectivamente, de S, M e L (referentes a comprimentos de onda
curtos - do inglês short, médios e longos). Uma vez efetuada a transdução, o potencial receptor espraia-se
eletrotonicamente pela membrana até o axônio do fotorreceptor e, sendo hiperpolarizante, inibe a
liberação do neurotransmissor. Neste caso, fica criado um aparente paradoxo: ocorre maior liberação de
neurotransmissor na extremidade distal quando o receptor está no escuro. Como o neurotransmissor é
excitatório (glutamato), pode-se considerar que o verdadeiro estímulo dos fotorreceptores é o escuro, não
a luz! Essa consideração não é absurda, se pensarmos que vivemos em um ambiente contendo objetos
que, na verdade, criam sombras em uma retina iluminada. As oscilações na quantidade de glutamato
liberado, sempre proporcionais à incidência de estímulos luminosos na retina, ativam o neurônio
seguinte, a célula bipolar. Esta, entretanto, é incapaz de gerar potenciais de ação, apenas potenciais
póssinápticos de tipo analógico. Apesar disso, nova transmissão sináptica ocorre dele para o neurônio de
terceira ordem (a célula ganglionar), e só aí tem lugar a codificação neural. Através desses potenciais
sinápticos intermediários, entretanto, todos proporcionais ao potencial receptor, a informação luminosa
é devidamente codificada em potenciais de ação na célula ganglionar, e a informação assim digitalizada é
enviada ao cérebro.
Córnea: recebe e refrata a luz.
Esclera: fornece o formato e protege as partes internas.
Íris: regula a quantidade de luz que entra no bulbo do olho.
Corpo ciliar: secreta o humor aquoso e altera o formato da lente para a visão de perto ou de longe
(acomodação).
Corioide: fornece suprimento sanguíneo e absorve a luz difusa.
Retina: Recebe luz e a converte em potenciais receptores e impulsos nervosos.
Fornece informações para o encéfalo através de axônios das células ganglionares, que formam o nervo
óptico(II).
Lente: Refrata a luz.
Cavidade do segmento anterior: Contém humor aquoso, que ajuda a manter o formato do bulbo do olho e
forneceroxigênio e nutrientes à lente e à córnea.
Câmara postrema (vítrea): Contém humor vítreo, que ajuda a manter o formato do bulbo do olho e a
manter a retina ligada à corióide.
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Transdução de sinais e vias neurais.
Os receptores visuais, assim como os neurônios I, II e III da via óptica, localizam-se na retina,
neuroepitélio que reveste internamente a cavidade do globo ocular, posteriormente à íris.
Embriologicamente, a retina forma-se a partir de uma evaginação do diencéfalo primitivo, a vesícula
óptica, que, logo, por um processo de introflexão, transforma-se no cálice óptico, com parede dupla. A
parede, ou camada externa do cálice óptico, origina a camada pigmentar da retina. A parede ou camada
interna do cálice óptico dá origem à camada nervosa da retina, onde se diferenciam os três primeiros
neurônios (I, II e III) da via óptica. Na parte posterior da retina, em linha com o centro da pupila, ou seja,
com o eixo visual de cada olho, existe uma área ligeiramente amarelada, a mácula lútea, no centro da
qual se nota uma depressão, a fóvea central. A mácula corresponde à área da retina onde a visão é mais
distinta. Os movimentos reflexos do globo ocular fixam sobre as máculas a imagem dos objetos que nos
interessam no campo visual. A visão nas partes periféricas não maculares da retina é pouco nítida e a
percepção das cores se faz precariamente. A estrutura da retina é extremamente complexa,
distinguindo-se nela dez camadas, uma das quais é a camada pigmentar, situada externamente. O estudo
das nove camadas restantes pode ser simplificado levando-se em conta apenas a disposição dos três
neurônios retinianos principais. Distinguem-se, então, três camadas, que correspondem aos territórios
dos neurônios I, II e III da via óptica, ou seja, de fora para dentro: a camada das células fotos sensíveis
(ou fotorreceptoras), das células bipolares e das células ganglionares. As células fotossensíveis
estabelecem sinapse com as células bipolares, que, por sua vez, fazem sinapse com as células
ganglionares, cujos axônios constituem o nervo óptico. Os prolongamentos periféricos das células
fotossensíveis são os receptores da visão, cones ou bastonetes, de acordo com sua forma. Os raios
luminosos que incidem sobre a retina devem atravessar suas nove camadas internas para atingir os
fotorreceptores, cones ou bastonetes. A excitação destes pela luz dá origem a impulsos nervosos, processo
este chamado de fototransdução. Os impulsos caminham em direção oposta à seguida pelo raio
luminoso, ou seja, das células fotossensíveis para as células bipolares e destas para as células
ganglionares, cujos axônios constituem o nervo óptico, que contém mais de um milhão de fibras. Os
bastonetes são adaptados para a visão com pouca luz, enquanto os cones são adaptados para a visão com
luz de maior intensidade e para a visão de cores. Nos animais de hábitos noturnos, a retina é constituída
preponderantemente, ou exclusivamente, de bastonetes, enquanto nos animais de hábitos diurnos o
predomínio é quase total de cones. Existem três tipos de cones, cada um deles sensível a uma faixa
diferente do espectro luminoso, e o cérebro obtém a informação sobre a cor ao analisar a resposta à
ativação desses três tipos de cones. No homem, o número de bastonetes é cerca de 20 vezes maior que o
de cones. Contudo, a distribuição dos dois tipos de receptores não é uniforme. Assim, enquanto nas
partes periféricas da retina predominam os bastonetes, o número de cones aumenta progressivamente à
medida que se aproxima da mácula, até que, ao nível da fóvea central, existem exclusivamente cones. Nas
partes periféricas da retina, vários bastonetes ligam-se a uma célula bipolar e várias células bipolares
fazem sinapse com uma célula ganglionar. Assim, nessas áreas, uma fibra do nervo óptico pode estar
relacionada com até 100 receptores. Na mácula, entretanto, o número de cones é aproximadamente igual
ao de células bipolares e ganglionares, ou seja, cada célula de cone faz sinapse com uma célula bipolar,
que, por sua vez, se liga a uma célula ganglionar. Deste modo, para cada cone há uma fibra no nervo
óptico. Estas características estruturais da mácula explicam sua grande acuidade visual e permitem
entender o fato de que, apesar de a mácula ser uma área pequena da retina, ela contribui com grande
número de fibras para a formação do nervo óptico e tem uma representação cortical muito grande. Como
já foi referido, o nervo óptico é formado pelos axônios das células ganglionares que são inicialmente
amielínicos e percorrem a superfície interna da retina, convergindo para a chamada papila óptica,
situada na parte posterior da retina, medialmente à mácula. Ao nível da papila óptica, os axônios das
células ganglionares atravessam as túnicas média e externa do olho, tomam-se mielínicos, constituindo o
nervo óptico. Como não há fotorreceptores ao nível da papila, ela é também conhecida como ponto cego
da retina. Sua importância clínica é muito grande, pois aí penetram os vasos que nutrem a retina. O
edema da papila é um importante sinal indicador da existência de hipertensão craniana.
Trajeto das fibras nas vias ópticas
Os nervos ópticos dos dois lados convergem para formar o quiasma óptico, do qual se destacam
posteriormente os dois tratos ópticos, que terminam nos respectivos corpos geniculados laterais. Ao nível
do quiasma óptico, as fibras dos dois nervos ópticos sofrem uma decussação parcial. Antes de estudar
esta decussação, é necessário conceituar alguns termos:
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Denomina-se retina nasal à metade medial da retina de cada olho, ou seja, a que está voltada para o
nariz.
Retina temporal é a metade lateral da retina de cada olho, ou seja, a que está voltada para a região
temporal.
Denomina-se campo visual de um olho a porção do espaço que pode ser vista por este olho, estando ele
fixo. No campo visual de cada olho, distingue-se, como na retina, uma porção lateral, o campo temporal;
e uma porção medial, o campo nasal.
É fácil verificar, pelo trajeto dos raios luminosos, que o campo nasal se projeta sobre a retina temporal, e
o campo temporal sobre a retina nasal. Convém lembrar, entretanto, que no homem e em muitos animais
há superposição de parte dos campos visuais dos dois olhos, constituindo o chamado campo binocular. A
luz originada na região central do campo visual vai para os dois olhos. A luz do extremo temporal do
hemicampo projeta-se apenas para a retina nasal do mesmo lado. Esta visão é completamente perdida
quando há lesões graves na hemirretina nasal ipsilateral.
No quiasma óptico, as fibras nasais, ou seja, as fibras oriundas da retina nasal, cruzam para o outro lado,
enquanto as fibras temporais seguem do mesmo lado, sem cruzamento. Assim, cada trato óptico contém
fibras temporais da retina de seu próprio lado e fibras nasais da retina do lado oposto. Como
consequência, os impulsos nervosos originados em metades homônimas das retinas dos dois olhos (por
exemplo, na metade direita dos dois olhos) serão conduzidos aos corpos geniculados e ao córtex deste
mesmo lado. Ora, é fácil verificar que as metades direitas das retinas dos dois olhos, ou seja, a retina
nasal do olho esquerdo e temporal do olho direito, recebem os raios luminosos provenientes do lado
esquerdo, ou seja, dos campos temporal esquerdo e nasal direito. Entende-se, assim, que, como
consequência da decussação parcial das fibras visuais no quiasma óptico, o córtex visual direito percebe
os objetos situados à esquerda de uma linha vertical mediana que divide os campos visuais. Assim,
também na via óptica é válido o princípio de que o hemisfério cerebral de um lado relaciona-se com as
atividades sensitivas do lado oposto.
Conforme seu destino, pode-se distinguir quatro tipos de fibras nas vias ópticas:
a) fibras retino-hipotalâmicas: destacam-se do quiasma óptico e ganham o núcleo supraquiasmático do
hipotálamo. São importantes para a

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