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Beatriz Machado de Almeida - Internato INTRODUÇÃO O MS traz como MÍNIMO 6 consultas de pré- natal, sendo 1 → 1º trimestre, 2 → 2º e 3 → 3º. Isso, na verdade, é considerado muito pouco RECOMENDAÇÕES VITAMINAS • Vitaminas, polivitaminas e suplementos são prescritos na prática quando a paciente tem um pouco mais de condição. Isso porque vários nutrientes/ vitaminas, como Ca e Vit D, têm uma demanda aumentada na gestação e geralmente a dieta por si só não é suficiente. • Porém, pelo MS ferro e ácido fólico deve ser reposto para todas as grávidas. FERRO: • Profilático: 40-60 mg de Fe elementar a partir do 2º trimestre ou a partir da 20ª semana. Nesses casos, deve ter Hb > 11. • Se Hb < 11 (ou 2º trimestre Hb < 10,5), já não será mais profilático, e sim terapêutico. 200-300 mg de sulfato ferroso e o ideal é tomar com um sulco ácido (laranja, limão...) para ajudar na absorção do Fe. Essa suplementação deve ser feita até 2-3 meses após o parto quando a mãe não está amamentando o filho (para recuperar o que foi perdido no parto). Se tiver, deve ser feito até o fim do aleitamento. ÁCIDO FÓLICO: • 0,4 mg! Alguns manuais, trazem que o ácido fólico deve ser usado até o fim da gravidez para prevenir anemia. Mas a sua grande indicação é para prevenção de defeito do tubo neural. Então, o ácido fólico deve ser implementado pelo menos 3 meses antes de engravidar e até fechar o 1º trimestre. Porque, com 7-8 semanas o tubo neural praticamente já está fechado. Aqui no Brasil, a farinha é enriquecida com ácido fólico justamente para prevenir esse defeito. Se for uma paciente de alto risco como, p. ex., filho anterior acometido com defeito do tubo neural, uso de anticonvulsivante (compete com o ácido fólico), deve ser feita uma dose de 4-5 mg. Tem lugares que trazem fazer uso de 5mg até para baixo risco, até porque no posto só tem essa dose mesmo. OBS.: algumas regiões têm carências específicas, como entre BA e MG tem carência de Vit A. Porém, é necessário ter cautela ao suplementar vit A, pois ela é teratogênica, quando em excesso pode gerar problemas. EXERCÍCIO FÍSICO • Deve ser incentivado, já que a grávida tem uma predisposição ao aumento da resistência à insulina naturalmente, bem como risco trombogênico aumentado. ATIVIDADE SEXUAL • Normal! Deve ser abordado na consulta que o casal pode sim manter a relação sexual durante a gravidez quando não há nenhuma intercorrência. Inclusive, há um aumento da libido na mulher grávida. • Suspender para avaliação se houver: sangramento, perda de líquido ou outra anormalidade. DPP E IG • REGRA DE NAGELE: somar 7 ao dia e 9 ao mês (ou subtrair 3 no mês) ... lembrar sempre de virar o ano! A data usada para o cálculo é a DUM (Data da Última Menstruação)!!!! • REGRA DE MACDONALD: IG = (fundo uterino x 8) / 7. Existe até uma correlação de 18-30 semanas entre IG e fundo uterino. Assistência Pré-Natal Beatriz Machado de Almeida - Internato OBS.: gemelar não dobra gesta (número de gestações) nem para (número de partos), ou seja, vai contar apenas como 1 gestação e 1 parto. VACINAÇÃO PROSCRITAS ❖ Microrganismos vivos atenuados. • Tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola): se a mulher tomar essa vacina é recomendado que ela espere pelo menos 30 dias para engravidar. • Sabin (pólio): pode tomar a Salk. • Varicela. • BCG. • Febra amarela***: se a paciente for para uma área endêmica a recomendação é desaconselhar a viagem, mas se ela ainda assim for, é melhor que ela tome a vacina da FA do que se infectar. PERMITIDAS ❖ Microrganismos inativadas. • Hepatite A e B. • Tétano. • Difteria. • Raiva. • Influenza (H1N1). RECOMENDADAS PELO MS (OBRIGATÓRIAS) • dT e dTpa: 3 doses. Mas mesmo que ela tenha tomado essas doses, todas as vezes que ela engravidar, vai ter que tomar uma dTpa com > 20 semanas por recomendação da SBP. A ideia é proteger a criança até ela conseguir imunidade com a própria vacina. Então: ❖ Se já tem as 3 doses → reforço com dTpa > 20 semanas. ❖ Se nunca foi vacinada ou não tem comprovação de vacinação → 3 doses: 2 dT + dTpa >20 semanas (última). Intervalo de 30- 60 dias entre as doses OU ❖ Se vacinação incompleta e previamente tiver tomado 1 dose toma 1 dT + 1 dTpa, se 2 doses, toma só 1 dTpa. • Hepatite B: deve ter tomado 3 doses (0-1-6 meses). • Influenza (H1N1). EXAMES (MS) • Tipagem sanguínea e Fator Rh. • Hemograma. • Glicemia em jejum. • VDRL ou teste rápido – treponêmico, que quando disponível, o MS recomenda que ele seja utilizado. Isso porque o treponêmico é mais específico, o VDRL dá mais falso positivo. • HIV 1 e 2: teste rápido ou invés do Elisa. • HBsAg. • EAS (hematúria, proteinúria) e urocultura com antibiograma, pois deve ser tratada toda bacteriúria assintomática em grávidas. • Toxoplasmose: tem prevenção e tratamento da transmissão vertical. • Coombs indireto: pelo MS só é necessário se a mulher for Rh (-), mas na prática, quase todos os obstetras acabam pedindo para todo mundo, isso porque existem anticorpos irregulares, sem ser usado para incompatibilidade Rh. Se a paciente tem Coobs indireto negativo, vai ter que ficar repetindo coombs. A mesma coisa para toxo, dependendo da sorologia, tem que repetir. Eletroforese de hemoglobina: o MS, em 2016, incluiu como rotina para todas as gestantes do Brasil. Mas no livro só é pedido quando há uma anemia crônica, pacientes negras... TOXOPLASMOSE • IgG (-) IgM (-): sem imunidade, paciente susceptível. Deve ser solicitado 3/3 meses. • IgG (+) IgM (-): com imunidade, sem problema. Se no primeiro trimestre já vem IgG+ e M-, não precisa repetir. • IgG (-) IgM (+): infecção aguda, deve ser tratada. Existem duas alternativas nesse caso: pedir novamente e se o IgG continuar (-), pode Beatriz Machado de Almeida - Internato ser um falso IgM (+) ou pode ser solicitada o IgA, que é um marcador de infecção aguda. • IgG (+) IgM (+): na dúvida se é uma infecção recente ou antiga, deve ser feito o teste da avidez, mas só tem validade se a gravidez tiver ≤ 16 semanas (4 meses), isso porque o teste só diz se a infecção tem mais ou menos que 4 meses. Então, se a gravidez tiver > 16 semanas, não deve ser solicitado o teste, porque não vai adiantar de nada. Se tiver > 16 semanas, começa a tratar e rastreia o feto. ❖ > 60% (alta) → > 4 meses, a infecção se deu antes da gravidez. ❖ < 30% (baixa) → < 4 meses, deve ser tratada. OBS.: tudo isso está avaliando a sorologia materna, devendo-se começar o tratamento da mãe. OBS.: se vier IgG e IgM positivos com < 16 semanas de IG e não vier já com o teste de avidez e for necessário solicitar ainda, já começa a Espiromicina, não pode perder tempo, por risco de contaminação do feto. TRATAMENTO • Infecção aguda: Espiramicina 1g 8/8 horas para prevenção da transmissão vertical e rastrear feto através da amniocentese, pesquisa de PCR no líquido amniótico, para avaliar a presença de toxoplasma, e ver se precisa tratar. • Infecção fetal: Espiromicina + Sulfadiazina, Pirimetamina e Ácido folínico. Como a análise da amniocentese demora, o MS já autoriza esse tratamento se a IG for > 30 semanas e o médico achar que não vai dar tempo encaminhar para o estudo do líquido. ULTRASSONOGRAFIA – USG Não é obrigatório a solicitação da USG no pré- natal se os exames clínicos e laboratoriais estiverem normais. Isso porque os estudos não mostraram queda de morbi-mortalidade neonatal com o uso de ultrassom. Mas logicamente que se deve pedir USG, pelo menos: • USG 11-14 semanas (1º trimestre): data melhor a gravidez, avalia a translucência nucal (normal: < 2,5 mm), osso nasal (deve estar presente) e ducto venoso (deve estar normal - onda A+). Rastreamento de aneuploidia e malformações. • USG 20-24 semanas(2º trimestre): morfológica. Nesse período, inclusive, já se tem formação dos principais órgãos. Em pacientes de alto risco, já se pode aproveitar para avaliar o tamanho do colo. RASTREIO INFECÇÃO GBS • Coleta com Swab vaginal e retal entre 35-37 semanas. Um Swab negativo só cobre 5 semanas. Então, se a mulher fez com 35 semanas e a gravidez passa de 40 semanas, aquele Swab já não cobre mais, vai ser uma paciente não mais rastreada. • Não precisa rastrear: grávidas que já terão que receber ATB como bacteriúria (urina) atual para GBS e filho anterior que teve GBS. OBS.: ACOG (colégio americano de ginecologia e obstetrícia) traz 36 a 37 semanas e 6 dias. OBS.: se GBS veio positivo, mesmo que depois mostre que o GBS sumiu da urina, isso deve ser relatado, porque durante o trabalho de parto tem que ser feito o ATB. PROFILAXIA INTRAPARTO • Bacteriúria atual para GBS. • Filho anterior que teve GBS. • Swab (+) com 35-37 semanas. • Grávidas sem rastreio com risco: trabalho de parto prematuro (< 37 semanas) OU TAx ≥ 38ºC intraparto OU bolsa rota > 18 horas. • Não precisa fazer: cesariana eletiva, Swab negativo < 5 semanas, sem rastreio sem risco. • Drogas de escolha: ❖ Penicilina cristalina IV 5 x 106 (Ataque) e 2,5 x 106 (Manutenção) de 4/4 horas até clampear o cordão. Aula baseada no material do Medcurso
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