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Exercícios sobre ética e filosofia política Questão 1 Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado, menores durante toda a vida. KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado). Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa: a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma. d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. Questão 2 (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá. KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980. De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto: a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa. b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal. d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas. Questão 3 Considere o texto a seguir: A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consiste numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. Aristóteles. Ética a Nicômaco. Trad. de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Livro II, p. 273. A virtude ética, segundo o texto e seus conhecimentos sobre o assunto: a) reside no meio-termo, que consiste numa escolha situada entre o excesso e a falta. b) implica a escolha do que é conveniente no excesso e do que é prazeroso na falta. c) consiste na eleição de um dos extremos como o mais adequado, isto é, ou o excesso ou a falta. d) pauta-se na escolha do que é mais satisfatório em razão de preferências pragmáticas. e) baseia-se no que é mais prazeroso em sintonia com o fato de que a natureza é que nos torna mais perfeitos. Questão 4 Aristóteles considerava que era melhor para a sociedade a soberania política ser entregue ao povo, como ocorre na democracia, do que a alguns homens notáveis, como na oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava que, mesmo que um indivíduo isoladamente não fosse muito competente no ato de julgar, quando unido a outros cidadãos julga melhor, porque a união reúne as qualidades de cada um. A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de Aristóteles, seria a de: a) combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus defeitos. b) garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela elite. c) proporcionar à maioria as vantagens da corrupção. d) permitir que os grandes homens falem em nome de todos. e) promover o anonimato das opiniões e decisões. Questão 5 A condenação à violência pode ser estendida à ação dos militantes em prol dos direitos animais que depredaram os laboratórios do Instituto Royal, em São Roque. A nota emocional é difícil de contornar: 178 cães da raça beagle, usados em testes de medicamentos, foram retirados do local. De um lado, por mais que seja minimizado e controlado, há o sofrimento dos bichos. Do outro lado, está nosso bem maior: nas atuais condições, não há como dispensar testes com animais para o desenvolvimento de drogas e medicamentos que salvarão vidas humanas. (Direitos animais. Veja, 25.10.2013.) Sob o ponto de vista filosófico, os valores éticos envolvidos no fato relatado envolvem problemas essencialmente relacionados: a) à legitimidade do domínio da natureza pelo homem. b) a diferentes concepções de natureza religiosa. c) a disputas políticas de natureza partidária. d) à instituição liberal da propriedade privada. e) aos interesses econômicos da indústria farmacêutica. Questão 6 Considere o texto a seguir: Considera-se que a tolerância corresponde à tendência em “admitir nos outros maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas, e, neste sentido, a tolerância nas relações sociais é uma virtude”. Assim, emitir juízos de valor negativos sobre culturas diferentes das nossas seria uma manifestação de intolerância. Todavia, ser tolerante com o assassinato de albinos vem a justificar uma atitude de intolerância daqueles tanzanianos que assassinam albinos. De acordo com o texto acima, é possível afirmar que: a) tolerância e intolerância se equivalem. b) necessidades econômicas geram a intolerância. c) o egoísmo é um exemplo de intolerância. d) devemos ser intolerantes com atitudes de intolerância. e) podemos ser tolerantes com atitudes de intolerância. Questão 7 Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia. Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (adaptado). No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é: a) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre b) "Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho c) “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer d) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Foucault e) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzsche Questão 8 Uma moral racional se posiciona criticamente em relação a todas as orientações da ação, sejam elas naturais, auto evidentes, institucionalizadas ou ancoradas em motivos através de padrões de socialização. No momento em que uma alternativade ação e seu pano de fundo normativo são expostos ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a problematização. A moral da razão é especializada em questões de justiça e aborda em princípio tudo à luz forte e restrita da universalidade. HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. p. 149. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a moral em Habermas, é correto afirmar: a) a formação racional de normas de ação ocorre independentemente da efetivação de discursos e da autonomia pública. b) o discurso moral se estende a todas as normas de ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de vista da razão. c) a validade universal das normas pauta-se no conteúdo dos valores, costumes e tradições praticados no interior das comunidades locais. d) a positivação da lei contida nos códigos, mesmo sem o consentimento da participação popular, garante a solução moral de conflitos de ação. e) os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de normas pautam-se no princípio do direito divino. Questão 9 Considere os textos a seguir: Texto I Tirinha Laerte Texto II A: Por que quereis casar? B: Porque estou apaixonado por uma bela rapariga, bem educada, muito rica, que canta muito bem, filha de pais honestos e que me ama, assim como sua família. A: Eis uma razão. Vedes, pois, que não podeis querer sem razão. Declaro-vos que tendes a liberdade de vos casar: isto é, que tendes o poder de assinar o contrato. B: Como! Eu não posso querer sem motivo? Que sucede então a este outro provérbio: minha vontade é minha razão, eu quero porque quero? A: Isso é um absurdo, meu caro amigo, pois haveria em vós um efeito sem causa. B: Que? Quando jogo par ou ímpar tenho então um motivo para escolher par em vez de ímpar? A: Sim, sem nenhuma dúvida. B: E qual é essa, razão, por favor? A: É que a ideia de par se apresentou ao vosso espírito mais do que a ideia oposta. Seria muito cômico que nalguns casos desejásseis por existir uma razão para o vosso desejo e que noutros desejásseis sem motivo. Quando vos quereis casar, sentis a razão dominante, evidentemente; não a sentis quando jogais par ou ímpar, e contudo é necessário que exista uma. B: Mas, uma vez ainda: sou ou não sou livre? A: Vossa vontade não é livre, mas vossas ações são. Tendes a liberdade de fazer quando tendes o poder de fazer. Adaptado de Voltaire. Dicionário filosófico. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000022.pdf>. Verbete “liberdade (Da)”. A tirinha de Laerte e a passagem de Voltaire discutem uma questão filosófica debatida desde a Antiguidade até nossos dias. O problema filosófico em questão é: a) a existência de algum ato gratuito, ou seja, uma ação em que não se cobra nada pelos serviços prestados. b) o conhecimento das causas últimas de todas as coisas, permitindo a previsão exata das ações humanas. c) a relação entre o livre-arbítrio e o determinismo, discutindo se é necessário haver uma causa para as vontades e ações. d) a liberdade de opinião, visto que a autonomia de pensamento é um dos direitos fundamentais do homem. e) a teoria dos jogos, discutindo a questão se é possível conhecer qual será o resultado de um jogo de par ou ímpar. Questão 10 Considere os textos a seguir: Texto I: Podemos resumir a ideia do compatibilíssimo dizendo que “livre” não significa “não causado” – significa antes algo como “isento de coerção”. Assim, o fato de o nosso comportamento ser ou não ser livre não depende de se é ou não é causado; depende apenas do modo como é causado. J. Rachels. Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. Texto II: Então, ser inca usada ou ser indeterminada é uma definição incorreta de ação livre. (...) Atos livres são todos aqueles cujas causas imediatas são estados psicológicos do agente; atos não livres são todos aqueles cujas causas imediatas são estados ou condições externas ao agente. W. Stace. “Compatibilíssimo”. Disponível em: <http://qualia-esob. blogspot.com.br/2008/06/walter-t-stace-compatibilismo.html>. Acesso em: 24 nov. 2015. Nos textos anteriores, é apresentada a concepção compatibilista de liberdade, explicando como ela é compatível com o determinismo. De acordo com os textos e seus conhecimentos, pode-se afirmar corretamente que: a) apenas o conhecimento das causas garante a liberdade do agente. b) a ausência de coações e causas externas é condição para a ação livre. c) só são livres as ações indeterminadas, isto é, sem nenhuma causa. d) ser virtuoso é condição para liberdade, pois só o sábio é verdadeiramente livre. e) a liberdade é pura ilusão, visto que tudo no mundo tem causa determinada. GABARITO: 1A- 2C- 3A- 4A- 5A- 6D- 7D- 8B- 9C- 10B
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