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ISABELLA ZERLOTTI DE GÓES MONTEIRO TELHADO VERDE E SUA COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA Londrina 2022 ISABELLA ZERLOTTI DE GÓES MONTEIRO O TELHADO VERDE E SUA COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA Monografia apresentada à Universidade Estadual de Londrina - UEL, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Espaço Construído. Pós Graduação Lato Sensu Orientador: Prof. Dr Oigres Leici C. de Macedo Londrina 2022 O TELHADO VERDE E SUA COMPOSIÇÃO ARQUITETÔNICA Monografia apresentada à Universidade Estadual de Londrina - UEL, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Espaço Construído. Pós Graduação Lato Sensu Orientador: Prof. Dr Oigres Leici C. de Macedo BANCA EXAMINADORA Prof. Orientador Universidade Estadual de Londrina - UEL Prof. Membro 2 Universidade Estadual de Londrina - UEL Prof. Membro 3 Universidade Estadual de Londrina - UEL Prof. Membro 4 Universidade Estadual de Londrina - UEL Londrina, de de . Expresso minha gratidão a todos que de alguma forma me apoiaram e me motivaram ao longo da realização deste trabalho. MONTEIRO, Isabella Zerlotti de Góes. Telhado verde e sua composição arquitetônica. 2022. 50 páginas. Monografia. Especialização em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Espaço Construído – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2022. RESUMO Esta monografia tem o propósito de apresentar a tipologia dos telhados verdes, buscando compreender a importância desses espaços como a nova área de convivência nos centros urbanos. Para este fim, apresentamos um relato histórico de como esses telhados se reestruturaram com o passar dos anos a partir da reintrodução dos terraços-jardins pela arquitetura moderna. Os motivos que levaram a tais mudanças, passaram pela necessidade de empregar esta cobertura como solução sustentável nas edificações contemporâneas, dando a devida importância quanto a qualidade dessa estrutura para os âmbitos arquitetônicos, ambientais e socioeconômicos. Relatamos, também, como se deu o surgimento das coberturas verdes pelo mundo, qual o seu atual cenário no Brasil, o seu funcionamento técnico e as políticas públicas envolvidas na sua democratização no país. Por fim, será realizada a análise da Academia de Ciências da Califórnia, edificação com o emprego do telhado verde, considerando seus pontos principais e a sua conscientização em torno da temática apresentada. Palavras-chave: Projeto arquitetônico. Sustentabilidade. Telhado verde. MONTEIRO, Isabella Zerlotti de Góes. Telhado verde e sua composição arquitetônica. 2022. 50 páginas. Monografia. Especialização em Projeto Arquitetônico: Composição e Tecnologia do Espaço Construído – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2022. ABSTRACT This monograph aims to present the typology of green roofs, seeking to understand the importance of these spaces as the new living area in urban centers. To this end, we present a historical account of how these roofs have been restructured over the years from the reintroduction of terrace-gardens by modern architecture. The reasons that led to these changes include the need to use this roof as a sustainable solution in contemporary buildings, giving due importance to the quality of this structure for architectural, environmental and socioeconomic aspects. We also report, how green roofs emerged around the world, what is their current scenario in Brazil, their technical functioning, and the public policies involved in their democratization in the country. Finally, an analysis will be made of the California Academy of Sciences, a building that uses the green roof, considering its main points and its awareness around the presented theme. Key-words: Architectural project. Sustainability. Roof Garden. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Exemplo de cobertura plana ............................................................. 16 Figura 2 – Exemplo de cobertura inclinada ....................................................... 17 Figura 3 – Possível Linha Cronológica das Coberturas Vegetadas .................. 17 Figura 4 – Terraço-jardim da Villa Savoye, 1929 .............................................. 18 Figura 5 – La Maison-Vague ............................................................................. 19 Figura 6 – Hyundai High School ........................................................................ 19 Figura 7 – Casa AA ........................................................................................... 20 Figura 8 – Academia de Ciências da Califórnia ................................................. 20 Figura 9 – Waldspirale Darmstadt ..................................................................... 20 Figura 10 – Museu Atelier Audemars Piguet ..................................................... 20 Figura 11 – Prédio do Ministério da Educação .................................................. 21 Figura 12 – Terraço no Prédio do Banco Safra ................................................. 22 Figura 13 – Diferenciação estética entre a cobertura verde e o telhado convencional na paisagem urbana em Porto Alegre, RS .................................. 25 Figura 14 – Possível estrutura de composição do telhado verde ...................... 26 Figura 15 – Esquematização dos tipos de telhado verde .................................. 28 Figura 16 – Exemplo de telhado verde extensivo .............................................. 28 Figura 17 – Exemplo de telhado verde intensivo ............................................... 29 Figura 18 – Exemplo de telhado verde semi-intensivo ...................................... 29 Figura 19 – Corte esquemático do sistema alveolar ......................................... 30 Figura 20 – Corte esquemático do sistema alveolar grelhado .......................... 30 Figura 21 – Corte esquemático do sistema laminar médio ............................... 31 Figura 22 – Corte esquemático do sistema laminar alto ................................... 32 Figura 23 – Corte esquemático do sistema modular ......................................... 32 Figura 24 – Corte esquemático do sistema flat ................................................. 33 Figura 25 – Imagem ilustrativa da telha hidropônica ......................................... 34 Figuras 26 e 27 – Academia de Ciências da Califórnia, perspectiva aérea ...... 38 Figura 28 – Academia de Ciências da Califórnia, planta baixa ......................... 39 Figura 29 – Academia de Ciências da Califórnia, planta de cobertura .............. 39 Figura 30 – Academia de Ciências da Califórnia, perspectiva frontal ............... 40 8 Figura 31 – Academia de Ciências da Califórnia, corte transversal .................. 40 Figura 32 – Academia de Ciências da Califórnia, corte longitudinal ................. 40 Figura 33 – Academia de Ciências da Califórnia, beiral com uso de células fotovoltaicas ...................................................................................................... 41 Figura 34 – Academia de Ciências da Califórnia, estrutura do telhado verde ... 42 Figura 35 e 36 – Academia de Ciências da Califórnia, recipiente feito com fibra de coco ............................................................................................................. 42 Figura 37 – Academia de Ciências da Califórnia, terraço de contemplação ..... 43 Figura 38 – Academia de Ciências da Califórnia,detalhe do caminho de circulação ......................................................................................................... 43 Figura 39 – Academia de Ciências da Califórnia, foto interna das aberturas zenitais ............................................................................................................. 44 Figura 40 – Academia de Ciências da Califórnia, foto externa das aberturas zenitais ............................................................................................................. 44 Figuras 41 e 42 – Academia de Ciências da Califórnia, sistema de resfriamento passivo ............................................................................................................. 45 Figura 43 – Academia de Ciências da Califórnia, corte esquemático transversal explicativo ......................................................................................................... 46 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Telhados verdes em diferentes latitudes e climas, a partir dos anos 2000 .................................................................................................................. 19 Tabela 2 – Legislação no Brasil ......................................................................... 35 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LEED - Leadership in Energy and Environmental Design IGRA – International Green Roof Association (Associação Internacional de Telhados Verdes) SP – Estado de São Paulo BA – Estado da Bahia RS – Estado do Rio Grande do Sul PE – Estado de Pernambuco PB – Estado da Paraíba IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano PEAD – Polietileno de Alta Densidade 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13 1.1 Enquadramento Geral ................................................................................. 14 1.2 Objetivos ..................................................................................................... 14 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................ 14 1.2.2 Objetivo Específico ....................................................................... 14 1.3 Justificativa ................................................................................................. 14 1.4 Metodologia e organização do trabalho ....................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 15 2.1 Telhado verde ............................................................................................. 15 2.2 Contextualização Histórica ......................................................................... 17 2.2.1 Histórico da utilização dos telhados verdes no século XX ............. 17 2.2.2 Utilização atual do telhado verde no mundo .................................. 19 2.2.3 Telhados verdes no Brasil ............................................................. 20 2.3 Benefícios e Vantagens .............................................................................. 23 2.3.1 Qualidade do ar ............................................................................. 23 2.3.2 Ilha de calor ................................................................................... 23 2.3.3 Isolamento térmico e eficiência energética ................................... 24 2.3.4 Escoamento de águas pluviais ..................................................... 24 2.3.5 Isolamento acústico ...................................................................... 24 2.3.6 Estética e valorização imobiliária ................................................... 25 2.4 Potencial estrutura de composição do telhado verde .................................. 25 2.4.1 Camada Impermeabilizante .......................................................... 26 2.4.2 Manta anti-raíz .............................................................................. 27 2.4.3 Camada drenante .......................................................................... 27 2.4.4 Camada filtrante ............................................................................ 27 2.4.5 Solo e Substrato ............................................................................ 27 2.4.6 Vegetação ..................................................................................... 27 2.5 Tipos de Telhado Verde .............................................................................. 27 2.5.1 Extensivo ....................................................................................... 28 2.5.2 Intensivo ........................................................................................ 29 2.5.3 Semi-intensivo ............................................................................... 29 12 2.6 Sistemas de execução do telhado verde ..................................................... 30 2.6.1 Alveolar ......................................................................................... 30 2.6.2 Alveolar grelhado .......................................................................... 30 2.6.3 Laminar médio ............................................................................... 31 2.6.4 Laminar alto ................................................................................... 31 2.6.5 Modular ......................................................................................... 32 2.6.6 Flat ................................................................................................ 33 2.6.7 Telha Hidropônica ......................................................................... 33 2.7 Manutenção ........................................................................................... ..... 34 2.8 Legislação, normas e políticas públicas ...................................................... 35 3 ESTUDO DE CASO ....................................................................................... 37 3.1 Academia de Ciências da Califórnia ............................................................ 37 3.1.1 Informações gerais ........................................................................ 37 3.1.2 Análise técnica e de composição arquitetônica da cobertura ........ 40 4 CONCLUSÃO ................................................................................................ 46 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 48 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 Enquadramento Geral Nas últimas décadas, o sucessivo e desordenado avanço da urbanização tem trazido diversas consequências às cidades e um dos males causados é a falta de áreas verdes. A arborização transfigura-se como um indicativo de qualidade ambiental já que assume um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente (LIMA; AMORIM, 2006). Essas preocupações resultam na investigação de inúmeras soluções sustentáveis para tornar o cotidiano e a vivência da população mais saudável. “Entende-se que a população urbana depende para o seu bem- estar, não só de educação, cultura, equipamentos públicos, mas também de um ambiente com qualidade, e a vegetação quando presente, interfere positivamente na qualidade de vida dos habitantes da cidade.” (LIMA; AMORIM, 2006, pág.69). O setor da construção civil não fica de fora desta problemática e, com a ajuda da indústria e de pesquisas tecnológicas, passa a propor saídas que reduzam os diversos impactos negativos provocados pela falta de um planejamentourbano sustentável. Nesse sentido, nas últimas décadas, a implementação de telhados verdes nas edificações tem se tornado um recurso na tentativa de corrigir alguns desses problemas. Isto posto, é possível notar que a sua produção movimenta várias cadeias produtivas originando emprego e renda. Conforme Cordoni Savi (2012), ele “incorpora diferentes áreas de atuação, como paisagistas, arquitetos, instaladores e operários, e essa interdisciplinaridade é essencial para o bom desenvolvimento das técnicas construtivas, um grande ganho social e econômico” (CORDONI SAVI, 2012, pág. 18). Ainda, seguindo esta linha de raciocínio, admite-se a criação de um nicho de possibilidades de mão de obra especializada para este tipo de instalação. No âmbito projetual, o telhado verde aparece como proposta de um elemento de arquitetônico, substituindo o telhado tradicional. Todavia, em certos casos, não converte o terraço em um espaço útil. É preciso recuperar a dimensão arquitetônica em todos os seus aspectos. Nos casos em que for possível, é 14 importante que a cobertura verde tenha uma função, além da qualidade sustentável por ela apresentada. 1.2 Objetivos Neste ítem serão expostos os objetivos gerais e específicos da presente monografia. 1.2.1 Objetivo geral O objetivo desta pesquisa é explorar a notoriedade quanto ao uso do telhado verde como referência de desenvolvimento do campo sustentável na construção civil e a importância dessas áreas como espaços de convivência na massa urbana. 1.2.2 Objetivo Específico Entender a presença do telhado verde nas edificações e expor um entendimento acerca das vantagens obtidas pelo emprego do sistema nas construções como alternativa de indicativos sustentáveis e preservação estética do centro urbano. Ademais, apresentar uma análise comparativa entre os diferentes tipos de execução dessa cobertura e divulgar construções significativas que empregam o método no Brasil e no mundo. 1.3 Justificativa A discussão ao redor da temática sobre sustentabilidade nunca esteve tão evidente nos últimos anos e, por isso, é primordial manter discussões que auxiliem na difusão de modelos sustentáveis para a construção civil. O telhado verde incorpora este aspecto e deve visar a reintrodução dos espaços de convívio sustentável nas cidades. É necessário entender sua composição arquitetônica na introdução dessas coberturas em edificações, de modo que elas não atuem apenas como mero indicativo de qualidade ambiental, mas também como critérios de projeto arquitetônico que devem levar em consideração a integração e a harmonia entre o edifício e o ambiente, a arquitetura e a paisagem. 15 1.4 Metodologia e organização do trabalho Este estudo de caráter exploratório e explicativo, fundamenta-se em panoramas arquitetônicos, socioambientais e econômicos para uma revisão bibliográfica sobre o estado da arte do telhado verde. Após a escolha desta área de pesquisa, iniciou-se a coleta de dados técnicos e teóricos com a consulta a artigos e sites relacionados, a fim de validar sua importância científica e prática para melhoria dos problemas expressos. São identificados registros históricos, e, por fim, é apresentado o estudo de caso de um exemplar projetual dotado da utilização dessa cobertura verde em um grande centro urbano. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo busca relatar, primeiramente, as definições sobre o telhado verde e, em seguida, sua contextualização histórica a partir da segunda metade do século XX. Prontamente, serão relatados através da breve análise de dados literários e projetuais, a cultura do uso desta técnica arquitetônica no Brasil e no mundo. Ademais, serão explanados não somente alguns benefícios ambientais trazidos, como também sua possível composição estrutural, tipologia e os principais sistemas de execução existentes. Finalmente, haverá a explicação sobre seu processo de manutenção e, ainda, as políticas públicas e legislação vigente. 2.1 Telhado verde O telhado verde é uma estratégia de construção que abrange a aplicação e uso de uma cobertura vegetal realizada com grama ou plantas, podendo ser instalado em lajes ou telhados de residências, fábricas, escritórios e tantas outras edificações. Para Vergara, Pippi e Barbosa (2009), os telhados verdes também podem ser identificados como lajes-jardim, tetos vivos, tetos verdes, terraços jardim, coberturas verdes e até como jardins suspensos. Ainda, de acordo com os autores, estes termos são empregados para se referirem ao sistema de cobertura de uma edificação com aplicação de solo e vegetação sobre uma camada impermeável. 16 A implantação do telhado verde pode ser realizada sobre diferentes tipos de materiais. Entre eles, destacam-se as lajes de concreto como o sistema construtivo mais utilizado para instalação do sistema. Como são observados nas figuras 1 e 2, a vegetação pode ainda estar inserida em coberturas planas ou inclinadas. A primeira modalidade deve receber uma atenção maior durante sua execução, pois está mais propensa a receber umidade e este excesso de água acumulada deve ser drenada através de uma manta. Já a segunda opção pode ser subdividida em inclinação moderada ou acentuada (MINKE, 2005). Vergara, Pippi e Barbosa, (2009 apud Minke, 2004), explicam a diferença entre as variações de inclinação. A primeira (entre 5% e 35% de inclinação) é considerada de simples execução e financeiramente mais acessível. Ela não carece de capa de drenagem, já que o próprio substrato armazena água e conduz o excedente. Para isso deve-se agregar materiais porosos que, “além de reduzir o peso do substrato, aumentam seu efeito de transmitância térmica e facilitam a respiração das raízes” (VERGARA, PIPPI e BARBOSA, 2009 apud MINKE, 2004). A inclinação acentuada (entre 36% e 84% de inclinação) equipara-se com os telhados de inclinação leve, porém precisam portar bloqueios que impossibilitem que o substrato deslize. Figura 1 – Exemplo de cobertura plana (Casa Plana - Lair Reis e Studio MK27) (Fonte: Archdaily, 2022) 17 Figura 2 – Exemplo de cobertura inclinada (Studio MK27 e Maria Cristina Motta) (Fonte: Archdaily, 2022) 2.2 Contextualização Histórica Neste capítulo, será abordado um breve histórico acerca da utilização de tetos verdes e, também, o seu reconhecimento pelo mundo e a introdução deste sistema no Brasil. 2.2.1 Histórico da utilização das coberturas vegetadas no século XX Constata-se que o telhado com vegetação aplicada é uma técnica considerada milenar. Dilly (2017), a partir da pesquisa elaborada por Chiarella e Ilari (2013), traça uma possível linha cronológica das coberturas vegetadas ao longo da história, classificando-as em períodos (figura 3). Com base nos dados levantados pelo autor, analisar-se-á, nesta monografia, o período que data o século XX, marcado pelo movimento moderno, até o momento atual. Figura 3 – Possível Linha Cronológica das Coberturas Vegetadas (Fonte: Modificado pela autora, a partir de DILLY, 2017) 18 A migração acelerada da população para as cidades e a consequente manifestação do novo hábito de vida urbana durante o século XX, determinaram o surgimento de novas alternativas arquitetônicas para as edificações. Dentre as novas características projetuais trazidas pelo Movimento Moderno, é importante destacar o uso do terraço-jardim como um espaço inovador. Dilly (2017), reafirma esse princípio, citando Castelnou (2003): “A abordagem sistemática de produção arquitetônica atingiu seu clímax na primeira metade do século XX. A partir deste ponto, instituíram-se correntes de recusa ao racionalismo arquitetônico. Surgia uma nova forma de compreensão da arquitetura, que defendia diferentes culturas que compõem o mundo contemporâneo, deixando de lado uma visão unilateral e abrangendo uma nova gama deteorias e experimentações.” (DILLY, 2017 apud. CASTELNOU, 2003, pág.32) Nessa perspectiva, observa-se que Le Corbusier ostenta em várias de suas obras, (figura 4) a substituição do telhado inclinado convencional por uma cobertura plana com área útil, reutilizando a laje final da construção. Aguiar (2015), complementa afirmando que, embora as razões técnicas continuem sendo as mesmas, a “utilização prática merece considerações compositivas e programáticas que correspondem às mudanças dos tempos e que abranjam as questões ambientais e as necessidades espaço-temporais contemporâneas” (AGUIAR, 2015, pág. 18). Levando-se em conta esta associação, a autora ainda verifica a possibilidade de uso do verde como elemento de arquitetura e classifica o telhado verde como uma das tipologias atuais do uso do terraço-jardim. Figura 4 – Terraço-jardim da Villa Savoye, 1929 (Fonte: Archdaily, 2022) 19 À vista disso, um pouco mais tarde, entre as décadas de 1950 e 1970, as pesquisas científicas sobre a temática da cobertura verde, apareceram de forma pioneira na Alemanha. De acordo com Jesus (2008), o objetivo era que este sistema construtivo conservasse água e energia. Ademais, em decorrência do alto investimento do governo alemão no setor, houve o desenvolvimento aprofundado sobre as técnicas de sua construção e o surgimento de leis e subsídios no país. 2.2.2 Utilização atual do telhado verde no mundo Em conformidade com Chinen (2019) apud. Saddi e Moura (2010), a partir dos anos 80 até os dias atuais, determinados países da Europa e da América do Norte, “implantaram políticas para incentivar e criar associações para fornecer suporte e divulgação dos conhecimentos sobre os benefícios dos telhados verdes” (CHINEN, 2019 apud. SADDI; MOURA, 2010, pág. 17). Mas foi somente em 1993, que foi criada uma das certificações ambientais mais conhecidas mundialmente. O LEED classifica as edificações com base em princípios sustentáveis e busca incentivar o reconhecimento dessa prática. O telhado verde aparece como um dos critérios que contribuem para a pontuação no sistema de certificação. A seguir, a tabela 1 sintetiza algumas obras de valor arquitetônico, reconhecidas em diferentes latitudes e climas, a partir dos anos 2000 em diante. As imagens selecionadas pela autora são identificadas e complementadas de informações básicas, onde constam além do nome da obra, a autoria projetual, a localização e o ano de construção. Tabela 1 – Telhados verdes em diferentes latitudes e climas, a partir dos anos 2000 Figura 5 - La Maison-Vague (Fonte: Divisare, 2022) Autoria projetual: Studio Patrick Nadeau Figura 6 - Hyundai High School (Fonte: Divisare, 2022) Autoria projetual: Moon Hoon Architecture Studio Himma 20 Localização: Sillery, França Ano de construção: 2013 Localização: Seul, Coréia do Sul Ano de construção: 2003 Figura 7 - Casa AA (Fonte: Divisare, 2022) Autoria projetual: Ir Arquitectura Localização: Tortuguita, Argentina Ano de construção: 2009 Figura 8 - Academia de Ciências da Califórnia (Fonte: Archdaily, 2022) Autoria projetual: Renzo Piano Localização: Califórnia, EUA Ano de construção: 2008 Figura 9 - Waldspirale Darmstadt (Fonte: Divisare, 2022) Autoria projetual: Friedensreich Hundertwasser Localização: Darmstadt, Alemanha Ano de construção: 2000 Figura 10 - Museu Atelier Audemars Piguet (Fonte: Divisare, 2022) Autoria projetual: Big – Bjarke Ingels Group, Atelier Brückner, Cche Lausanne Localização: Le Brassus, Suíça Ano de construção: 2020 (Fonte: Elaborada pela autora, 2022) 2.2.3 Telhados verdes no Brasil Ao mesmo tempo em que é presumível ver que os telhados verdes recebem paulatinamente mais evidência nos empreendimentos em vários países do mundo, paralelamente, no Brasil, ainda existe uma marcha gradativa de desmistificação dessa tendência internacional. Com o propósito de repercutir a condução da natureza dentro do cenário urbano, verifica-se que sua introdução no país se deu na primeira metade do século XX, a partir dos ideais modernistas importados de países europeus. Averígua-se que o Palácio Gustavo Capanema, atual sede do Ministério da Educação (figura 11), na cidade do Rio de Janeiro, tenha sido o primeiro 21 registro de uso da cobertura plana com vegetação em uma edificação de grande relevância no Brasil. Construído em 1936, teve como consultor Le Corbusier, onde o próprio orienta a aplicação dos princípios modernos na obra. Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, são alguns nomes que passaram pela equipe de execução e o projeto de paisagismo foi assinado por Roberto Burle Marx. Figura 11 – Prédio do Ministério da Educação (Fonte: Hyperallergic, 2019) A chegada da arquitetura moderna ao país, sobretudo vinda de locais onde o clima é tipicamente mais brando, acabou por modificar a imagem física de alguns edifícios convencionais brasileiros. Essa transformação deixa de lado os extensos beirais e varandas característicos dos períodos colonial e neoclássico, que mantinham as temperaturas internas das edificações um pouco mais agradáveis. Mesmo assim, a cobertura vegetada mostra-se flexível e de acordo com Dilly (2017), acaba por se tornar um elemento atrativo no território brasileiro: “O telhado verde exerce um papel significativo no atual contexto das políticas de sustentabilidade e surge no Brasil como uma 22 opção atraente, que se ajusta às condições climáticas e morfológicas dos projetos, independente dos estilos e formas arquitetônicas praticadas.” (DILLY, 2017, pág. 39) À vista disso, durante o início da década de 70, percebe-se o aparecimento dos primeiros conceitos sustentáveis, sendo possível notar uma postura mais ecológica e econômica nas construções. O uso de materiais regionais torna-se imprescindível e o clima atua como fator influente na disseminação para o uso da cobertura vegetada no país. Para Chinen (2019): “As condições climáticas do Brasil, favorecem a implementação dos telhados verdes, independente dos tipos de plantas. Como algumas técnicas de implementação do telhado verde são de alto custo, é possível realizar algumas adaptações para que este se torne mais baixo. Também é possível realizar adaptações na aplicação dos substratos e da vegetação, para que possam suportar determinados climas de determinadas regiões.” (CHINEN, 2019, pág. 10) Entre os anos de 1980 e 2000, com a intensificação das discussões climáticas, verifica-se o aparecimento de uma gama maior de construções sustentáveis no país e a cobertura verde passa a ser incorporada em um pequeno número de projetos nos principais centros urbanos brasileiros. Dentre eles, destaca-se o edifício do Banco Safra (figura 12). Sendo mais um jardim brasileiro projetado por Burle Marx, sua construção foi datada no ano de 1988 na cidade de São Paulo. Figura 12 – Terraço no Prédio do Banco Safra (Fonte: Archdaily, 2022) 23 2.3 Benefícios e Vantagens A cobertura verde oportuniza um conjunto de benefícios e vantagens para a edificação ao qual seja implantado e, consequentemente, para as áreas adjacentes. 2.3.1 Qualidade do ar Entende-se que o superaquecimento de superfícies e edifícios durante o verão produzem ondas térmicas verticais, isto é, partículas de poeiras e sujeira encontradas no solo se movimentam e são transportadas e distribuídas pelo ar. Consequentemente, este processo contribui para a geração de graves problemas respiratórios na população. Contudo, a utilização de vegetação nas coberturas diminui a poluição existente e melhora a qualidade do ar das cidades. Para Alberto et al. (2013): “O ar próximo aos telhados verdes fica mais úmido e frio durante o verão. A cobertura vegetal atrai e absorve grandes volumes de poeira e poluição na superfície das folhas, ajudando a fazer um armais limpo e saudável.” (ALBERTO et al., 2013, pág.172). Neste sentido, comprova-se que a vegetação consegue absorver as substâncias tóxicas e, assim, liberar o gás oxigênio na atmosfera, resultando no bloqueio da passagem das impurezas. 2.3.2 Ilha de calor Entende-se que a ilha de calor é um fenômeno climático distinguido pela existência de uma temperatura mais elevada na área urbana se comparado às temperaturas encontradas nas cidades vizinhas, tais como as zonas rurais. Jesus (2018) afirma que “é característica dos centros urbanos possuírem materiais de cores mais escuras facilitando a absorção de calor e não o reflexo [...].” (JESUS, 2018, pág. 18). Deste modo, os telhados verdes podem atuar na mitigação desse efeito já que a absorção do calor pode ser reduzida através da evapotranspiração das vegetações (BALDESSAR, 2012). 24 2.3.3 Isolamento térmico e eficiência energética A grande quantidade de camadas que são aplicadas na instalação da cobertura verde consegue garantir o conforto térmico da edificação. Isto acontece, de acordo com Veccia et al., (2006, apud Gouvea, 2008), devido a absorção de radiação pela vegetação ocorrida durante a fotossíntese e, também, pela absorção do gás carbônico liberado pelos automóveis. Como consequência, este sistema ajuda a reduzir o efeito estufa e melhora a eficiência energética dos edifícios, já que possibilita um menor uso de sistemas de ventilação que dependem de energia, como os ares-condicionados. 2.3.4 Escoamento e filtragem de águas pluviais Nota-se, que o mau gerenciamento do escoamento de águas pluviais durante o processo de urbanização das cidades resultou em problemas de inundação, erosão e qualidade da água. De acordo com Júnior et al. (2018): “Este crescimento urbano traz consigo um aumento do nível de impermeabilização dos pavimentos, acarretando em dificuldades de infiltração de águas pluviais, aumentando a frequência e magnitude do pico das cheias devido elevação do nível d’água, através de alto escoamento superficial.” (JUNIOR et al., 2018, pág.443) Neste sentido, o telhado verde é uma excelente estrutura que contribui para a gestão da drenagem urbana, visto que, uma parte da água da chuva fica retida no solo e a outra é evaporada. O resultado é que menos água chega ao nível do solo, reduzindo o volume total da enxurrada. Ademais, em conformidade com Santos et al. (2017), ele atua como uma espécie de “filtro mecânico de partículas”, já que “alguns tipos especiais de substrato utilizados para cultivo de plantas em telhados e coberturas podem funcionar como reguladores de pH e como filtros de íons” (SANTOS et al., 2017, pág. 202). 2.3.5 Isolamento acústico O isolamento acústico gerado pelo teto verde visa a atenuação da poluição sonora para os ambientes. Pesquisas feitas por Dunnet; Kinsbury (2008) afirmam que os responsáveis por essa absorção são as vegetações e os substratos usados nos sistemas verdes. Isto acontece, pois, o substrato propende a absorver o som nas frequências mais baixas e a folhagem das 25 plantas nas frequências mais altas, de maneira oposta as superfícies austeras que apenas devolvem essas ondas às áreas urbanas. Logo, percebe-se que estes tipos de coberturas são muito aceitos em edificações localizadas próximas a aeroportos, ferrovias e áreas industriais. 2.3.6 Estética e valorização imobiliária Observando a figura 13, é possível reconhecer que as coberturas verdes são paisagisticamente muito mais agradáveis se comparados às edificações com telhados convencionais. A diversidade visual é promovida no ambiente urbano “uma vez que as coberturas verdes vivas (telhados e lajes-jardim) se contrapõem à massa construída da cidade” (VERGARA, PIPPI e BARBOSA, 2009, pág. 964). Figura 13 – Diferenciação estética entre a cobertura verde e o telhado convencional na paisagem urbana em Porto Alegre, RS (Fonte: Ecotelhado, 2022) Percebe-se também que os jardins estão sendo cada vez mais valorizados nas cidades e tornam-se um diferencial para a edificação facilitando na venda e locação desses imóveis (SANTOS et al., 2017). Desta forma, entende-se que essas áreas de coberturas inutilizadas são transformadas em espaços de convívio. 2.4 Potencial estrutura de composição do telhado verde A partir da bibliografia analisada, constatou-se a possível estrutura de composição desse tipo de cobertura. Conforme é observado na figura 14, ela 26 constitui-se, basicamente, de seis camadas, que são alocadas sobre a estrutura do telhado. Segundo ALBERTO et al. (2013), tal estrutura deverá ser previamente dimensionada para suportar o carreamento imposto pelas camadas seguintes. “Para a construção de um telhado verde, a laje deve ser preparada com impermeabilização e sistemas de drenagem para receber o telhado. Em casos de estruturas que já foram executadas sem o planejamento para receber o telhado, deverá ser feito um estudo para analisar a carga que pode ser colocada ou até mesmo fazer um reforço estrutural.” (ALBERTO et al., 2013, p. 171). O autor alerta ainda que, deve-se ter atenção quanto ao crescimento das raízes sendo este um fator relevante, onde deve-se ter o acompanhamento de um profissional especializado para designar as espécies compatíveis para cada situação. Figura 14 – Possível estrutura de composição do telhado verde (Fonte: Modificado pela autora, a partir de Ecotecnologias, 2022) 2.4.1 Camada Impermeabilizante A primeira camada é composta por membranas asfálticas sobrepostas que impedem a passagem de água para a edificação, protegendo assim, a edificação contra infiltrações. De acordo com Silva (2011), ela pode ser feita de diversos materiais, mas na maioria das vezes, é composta por manta asfáltica. Esta manta vai filtrar a água fazendo com que partículas de areia e terra ou raízes não passem pela tubulação de queda da água de chuva. 27 2.4.2 Manta anti-raíz A segunda camada funciona como uma proteção física para a membrana de impermeabilização, contra o crescimento das raízes da vegetação. 2.4.3 Camada drenante A terceira camada é composta por um sistema que conduz o excesso de água para as calhas. Pode ser constituída de argila expandida, brita ou seixos de diâmetros semelhantes. Sua espessura pode variar de 7 a 10 cm. 2.4.4 Camada filtrante Também conhecida como manta geotêxtil, esta quarta camada separa as camadas de substrato e de vegetação da camada de drenagem. Basicamente sua função é evitar que partículas finas sejam carregadas para fora do substrato, evitando a sobreposição da terra e mantendo a eficiência da camada de drenagem. 2.4.5 Solo e Substrato Esta camada é composta da terra e da vegetação que crescerá sobre ela, fornecendo água e os nutrientes necessários ao seu crescimento, em uma estrutura equilibrada e de baixo peso. O substrato orgânico que deve possuir boa drenagem, de preferência um solo não argiloso que apresente uma boa composição mineral de nutrientes para o sucesso das plantas. A espessura varia de acordo com o tamanho das plantas. 2.4.6 Vegetação A sexta, e última camada, é composta pela cobertura vegetal, com aplicações de plantas selecionadas especificamente ao tipo de telhado escolhido. Para a sua escolha é necessário o conhecimento do clima local, o tipo de substrato a ser utilizado e o tipo de manutenção que será adotada posteriormente no telhado verde. 2.5 Tipos de Telhado Verde Para Silva (2011), após uma avaliação estrutural e ciente do objetivo a ser alcançado, deve-se escolher o tipo de cobertura verde a ser utilizada. De acordo 28 com o IGRA (2010), os telhados verdes se classificam em extensivo, intensivo ou semi-intensivo, como se observa na figura 15. Figura 15 – Esquematização dos tipos de telhado verde (Fonte: Modificado pela autora, a partir de American Hydrotec Inc., 2011) 2.5.1Extensivo Os telhados verdes extensivos possuem baixa profundidade de substrato e por isso, segundo Neto (2018), não são recomendados para uso como área de lazer. São utilizadas plantas de pequeno porte e que necessitam de pouca manutenção devido ao seu lento e baixo crescimento. A altura da estrutura, somando a vegetação, varia entre 6 a 20 cm e o peso total fica entre 60kg/m² a 150kg/m² (SILVA; SILVA, 2021 apud IGRA, 2010). Figura 16 – Exemplo de telhado verde extensivo (Fonte: Anthera Engenharia, 2020) 29 2.5.2 Intensivo Os telhados verdes intensivos são caracterizados por plantas de nível médio a grande, sua altura varia entre 15 a 40 cm com carga entre 180kg/m² a 500kg/m². (SILVA; SILVA, 2021 apud IGRA, 2010) Figura 17 – Exemplo de telhado verde intensivo (Fonte: Ciclo vivo, 2022) 2.5.3 Semi-intensivo O telhado verde semi-intensivo, possui vegetação de porte mediano, tendo com altura total da estrutura 12 a 25 cm. A carga varia de 120kg/m² a 200kg/m². (SILVA; SILVA, 2021 apud IGRA, 2010) Figura 18 – Exemplo de telhado verde semi-intensivo (Fonte: Árvores de São Paulo, 2022) 30 2.6 Sistemas de execução do telhado verde Foram levantados alguns dos principais sistemas de execução realizados por empresas especializadas nesse segmento. 2.6.1 Alveolar O sistema alveolar, produzido pela empresa Ecotelhado, é indicado para uso em telhados com pouca ou nenhuma inclinação. Ele é um sistema leve e, por isso, recomenda-se que sejam instalados telhados de pouca circulação. Possui um módulo que se responsabiliza pela reserva de água para a vegetação. Figura 19 – Corte esquemático do sistema alveolar (Fonte: Ecotelhado, 2022) 2.6.2 Alveolar grelhado O sistema alveolar grelhado, produzido pela empresa Ecotelhado, diferencia-se do sistema citado anteriormente pela inclusão de uma grelha tridimensional de PEAD. Ela retém o substrato dentro de seus círculos e não permite que o mesmo escoe com a inclinação. Figura 20 – Corte esquemático do sistema alveolar grelhado (Fonte: Ecotelhado, 2022) 31 2.6.3 Laminar médio O sistema de laminar médio, produzido pela empresa Ecotelhado, retém a água pluvial e trata o efluente da própria edificação através de um sistema hidropônico. Isso evita o desperdício de água potável para a irrigação. Com ele, também é possível utilizar placas fotovoltaicas para captação de energia solar. Este ainda contém seu piso elevado com o objetivo de criar, abaixo do mesmo, uma espécie de cisterna ou um espaço que auxilia no isolamento termoacústico da edificação. Além disso, possibilita a passagem de fiações elétricas e tubulações hidráulicas. Figura 21 – Corte esquemático do sistema laminar médio (Fonte: Ecotelhado, 2022) 2.6.4 Laminar alto O sistema de laminar alto, produzido pela empresa Ecotelhado, é o único da categoria que desempenha a função como cisterna, sendo independente da irrigação com água potável e funcionando como tratamento e polimento de águas residuais. Ademais, ao ser usado juntamente com um sistema biofílico é possível reutilizar as águas cinzas para fins não potáveis. Na sua instalação é indicado o uso de impermeabilização de PVC em sua instalação. 32 Figura 22 – Corte esquemático do sistema laminar alto (Fonte: Ecotelhado, 2022) 2.6.5 Modular O sistema modular, produzido pelo Instituto Cidade Jardim, garante a desmontagem da cobertura verde após o desenvolvimento da vegetação, já que contém todas as camadas em uma peça única. É ideal para receber espécies de forrações ornamentais e hortaliças. Aconselha-se usar em telhados verdes extensivos, mas não impede a instalação em telhados intensivos, já ele que suporta o tráfego sobre a estrutura aparente das bandejas. Figura 23 – Corte esquemático do sistema modular (Fonte: Instituto Cidade Jardim, 2022) 33 2.6.6 Flat O sistema modular, produzido pelo Instituto Cidade Jardim, simula as condições de um jardim convencional sobre o solo. Nele é possível receber diferentes profundidades de camada de substrato, podendo ser usado para a criação de jardins com forrações, arbustos, palmeiras e árvores das mais diversas espécies. Logo ele permite o tráfego de pessoas e equipamentos utilitários. Possui duplo escoamento e um reservatório de lâmina d’água descontínua, conforme observado na figura 24. Figura 24 – Corte esquemático do sistema flat (Fonte: Instituto Cidade Jardim, 2022) 2.6.7 Telha Hidropônica O sistema que utilizada telha hidropônica, patenteada pelo Instituto Cidade Jardim, promove a instalação de uma cobertura verde tal como uma telha convencional, substituindo as de barro e cimento. Ela é parafusada na estrutura metálica ou madeiramento e não necessita de impermeabilização. Pode também ser usada em paredes verdes e jardins verticais. 34 Figura 25 – Imagem ilustrativa da telha hidropônica (Fonte: Instituto Cidade Jardim, 2022) 2.7 Manutenção Nota-se que o teto verde possui grande durabilidade, já que a vegetação dispõe de uma resistência indeterminada. Para Gouvea (2008), independentemente da base impermeável utilizada, lona, concreto, telha ou plástico, ao adicionar a vegetação, aumenta-se a durabilidade desta cobertura, tornando-a muito maior do que a das construções comuns que não se utilizam da naturação1. No entanto, para assegurar um longo período de funcionalidade e estética da cobertura verde, é importante providenciar algumas medidas de manutenção. Para Heneine (2008), existem três estágios de manutenção. O primeiro estágio corresponde ao primeiro ano após a instalação. Diversos aspectos e serviços estão envolvidos para a bem-sucedida “pega” das plantas após a instalação. É importante ter água suficiente durante as estações secas. Replantar é necessário se houver plantas faltando ou morrendo ou com ervas daninhas. Já o segundo se configura durante o desenvolvimento, até antes da total cobertura do telhado ser atingida. Essa manutenção é igual a da instalação, mas com menor intensidade. Por último, após o desenvolvimento das plantas e a cobertura vegetal ser totalmente assegurada, é crucial dar manutenção na cobertura uma ou duas vezes ao ano. Deve-se retirar ervas daninhas e aparar o perímetro da cobertura. A câmara de inspeção também precisa ser monitorada. 1 “A técnica da naturação pode ser aplicada em quaisquer áreas construídas, ou seja, cobertas, fachadas e vias, resumindo-se em transformar um velho sistema de terraços ajardinados, típicos da arquitetura modernista amplamente difundida por Le Corbusier, em um sistema de revegetação do espaço construído com índices de controle e benefícios do meio ambiente.” (ROLA, 2008, pág. 73) 35 Para gramas e ervas, a vegetação de material orgânico tem que ser removida pelo menos uma vez por ano. Os telhados verdes intensivos requerem maior manutenção e serviço durante o ano, em relação aos extensivos. Para gramas e ervas, a vegetação de material orgânico tem que ser removida pelo menos uma vez por ano. Os telhados verdes intensivos requerem maior manutenção e serviço durante o ano, em relação aos extensivos. 2.8 Legislação, normas e políticas públicas A partir do final da década de 1990, no Brasil, verifica-se a divulgação das primeiras leis de incentivo sobre o uso do telhado verde nas edificações e que este sistema beneficiaria o meio ambiente. No entanto, percebe-se que inúmeras adversidades se revelaram com relação ao custo/benefício e a consequente falta de fomento governamental para a introdução do mesmo. Para Jesus (2018), isso aconteceu devido à falta de conhecimento e a existência de muitos questionamentos acerca do tema em todo o mundo. Ainda de acordo com a autora, essas especulações começariam a ser sanadas décadas depois com oaumento gradativo dos estudos na área. Apesar disso, percebe-se ainda certa timidez no Brasil com relação às políticas públicas de incentivo à implantação em larga escala deste sistema no país. Não obstante, no momento atual brasileiro, existem algumas leis que regulam a instalação de infraestruturas verdes. Na mesma proporção em que algumas promovem incentivos fiscais, certificações e selos de sustentabilidade para a sua instalação, outras trazem panoramas para a instalação obrigatória das estruturas em determinados locais. Foi elaborada uma tabela explicativa a partir de dados disponibilizados pela empresa Ecotelhado (2019), que mostra um pouco desse cenário com a legislação em vigor no país. Tabela 2 – Legislação no Brasil LEGISLAÇÃO NO BRASIL ALGUMAS NORMAS QUE PROMOVEM TECNOLOGIAS DE INFRAESTRUTURA VERDE COMO COMPENSAÇÃO AMBIENTAL EM CONSTRUÇÕES URBANAS LOCALIDADE LEI / DECRETO DESCRIÇÃO Porto Alegre/RS Lei Complementar 434/1999 Podem ser utilizados telhados verdes e pavimentos permeáveis Estado de Santa Catarina Lei nº 14.243/2007 Dispõe sobre a implementação de sistemas de naturação através da criação de telhados verdes em espaços urbanos de Santa Catarina. 36 São Paulo/SP Decreto 53.889/2013 (substituída pelo Decreto 55.994/2015) Podem ser utilizados telhados verdes e pavimentos permeáveis Itu/SP Lei Nº 1579/2013 Dispõe sobre a obrigatoriedade da instalação do "telhado verde" nos locais que especifica Canoas/RS Lei 5840/2014 Prevê a instalação do Telhado Verde sobre coberturas das edificações com o fim de compensar parcialmente a construção sobre Área Livre Obrigatória mínima necessária para o terreno Estado do Piauí Lei Nº 6888/2016 Dispõe sobre a obrigatoriedade da adoção de práticas e métodos sustentáveis na construção civil e dá outras providências. No caso das coberturas, indica-se o uso de telhas ecologicamente apropriadas ou o uso de telhados verdes. ALGUMAS NORMAS QUE PROMOVEM TECNOLOGIAS DE INFRAESTRUTURA VERDE POR MEIO DE INCENTIVOS FISCAIS LOCALIDADE LEI / DECRETO DESCRIÇÃO Guarulhos/SP Lei 6793/2010 Descontos do IPTU que vão de 3% a 5% por tecnologias que podem ser os telhados verdes e outros sistemas sustentáveis. Goiânia/GO Lei Complementar 235/2012 Promove descontos de até 20% do IPTU a quem instalar telhados verdes, jardins verticais e outros sistemas sustentáveis. Santos/SP Lei Complementar 913/2015 Dispõe sobre o incentivo à implantação do “Telhado Verde ” nos condomínios verticais do Município de Santos. Salvador/BA Decreto 25899/2015 (substituída pelo Decreto 29.100, de 2017) Cria certificação sustentável com direito a desconto do IPTU a quem instala tecnologias como telhados verdes, reaproveitamento da água da chuva, entre outros. ALGUMAS NORMAS QUE PROMOVEM TECNOLOGIAS DE INFRAESTRUTURA VERDE POR MEIO DE OBRIGATORIEDADE LOCALIDADE LEI / DECRETO DESCRIÇÃO João Pessoa/PB Lei 10.047/2013 Obriga a instalação de telhados verdes, de acordo com seus critérios Guarulhos/SP Lei 7031/2012/2014 Obriga a instalação de telhados verdes, de acordo com seus critérios Recife/PE Lei 18.112/2015 Obriga a instalação de telhados verdes e reservatórios de água pluvial, de acordo com seus critérios ALGUMAS NORMAS QUE PROMOVEM TECNOLOGIAS DE INFRAESTRUTURA VERDE POR MEIO DE CERTIFICAÇÕES/SELOS DE SUSTENTABILIDADE LOCALIDADE LEI / DECRETO DESCRIÇÃO Rio de Janeiro/RJ Decreto 35.745/2012 Edificações e projetos que incluírem tecnologias como telhados verdes, jardins verticais, etc., ganharão o selo “Qualiverde”, com a vantagem de preferência nos processos de licenciamento da obra Salvador/BA Decreto 25899/2015 (substituída pelo Decreto 29.100, de 2017) Cria certificação sustentável com direito a desconto do IPTU a quem instala tecnologias como telhados verdes, reaproveitamento da água da chuva, etc. (obs.: já mencionado entre as normas de incentivo fiscal) (Fonte: Elaborada pela autora, 2022) 37 Conforme se depreende da leitura da tabela retro, verifica-se que a primeira regulamentação dos telhados verdes ocorreu bem ao final do século passado, no município de Porto Alegre/RS. A partir dos anos 2000, principalmente nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste, descenderam-se diversas legislações esparsas. Muito embora haja essa pluralidade de leis em vigor, não existe até os dias atuais um código amplo e geral que uniformize todos os aspectos legais da cobertura verde. De acordo com Souza et al. (2021), o Brasil não apresenta uma legislação federal que ordena a instalação de telhados verdes em edifícios. No entanto, averígua-se que tenham sido propostos dois projetos de lei, o de nº 1.703-A/2011 e o de nº 1.794-A/2015. Ambos não foram estabelecidos pela Câmara dos Deputados. Igualmente, até o presente momento, não existem normas técnicas (NBR) específicas para a construção e execução de telhados verdes no Brasil. Desta forma, não é possível conceder uma diretriz pertinente aos profissionais, o amparo ao consumidor e a acessibilidade segura na manutenção dos telhados, evitando, assim, possíveis infortúnios. 3 ESTUDO DE CASO 3.1. Academia de Ciências da Califórnia 3.1.1 Informações gerais A Academia de Ciências da Califórnia foi fundada na cidade de São Francisco, nos EUA, em 1853. Com o passar dos séculos, tornou-se conhecida por ser um dos poucos institutos de ciências naturais onde a pesquisa científica e a experiência pública caminham juntas no mesmo lugar. Entre os anos de 2000 e 2008, o escritório RPBW Architects, comandado pelo arquiteto Renzo Piano, em colaboração com a Stantec Architecture, foram responsáveis pela revitalização do local. De acordo com a RPBW Architects (2022), a ideia era projetar uma grande instituição cultural e científica para a cidade, já que esta possui uma forte vocação coletiva para a sustentabilidade. Dessa forma, buscou- se encontrar uma “linguagem que expressasse de forma imediata essa visão compartilhada do presente”. (RPBW ARCHITECTS, 2022, s/p). 38 Figuras 26 e 27 – Academia de Ciências da Califórnia, perspectiva aérea (Fonte: Archdaily, 2022) A área total do complexo chega a 37.000 m² e combina espaços expositivos, educacionais e de pesquisa através de um aquário, um museu de história natural e um planetário. O novo edifício manteve a mesma posição e orientação do original. Contudo, todas as funções foram dispostas de modo que se conectassem a um pátio central, sendo este espaço equivalente a um átrio de entrada e o ambiente principal das coleções, como pode ser observado nas figuras 28, 31 e 32. Ainda segundo o RPBW Architects (2022), “este ponto de 39 ligação é coberto por um dossel de vidro côncavo com uma estrutura reticular que lembra uma teia de aranha, aberta ao centro” (RPBW ARCHITECTS, 2022, s/p). Dessa maneira, observa-se que as variações formais desses elementos ficam evidenciadas na cobertura vegetada da obra, seguindo os seus componentes (figuras 29 e 30). Figura 28 – Academia de Ciências da Califórnia, planta baixa (Fonte: +ArchCultura, 2021) Figura 29 – Academia de Ciências da Califórnia, planta de cobertura (Fonte: +ArchCultura, 2021) 40 Figura 30 – Academia de Ciências da Califórnia, perspectiva frontal (Fonte: RPBW Architects, 2022) Figura 31 – Academia de Ciências da Califórnia, corte transversal (Fonte: Archdaily, 2022) Figura 32 – Academia de Ciências da Califórnia, corte longitudinal (Fonte: Archdaily, 2022) 3.1.2 Análise técnica e de composição arquitetônica da cobertura O telhado verde da Academia de Ciências da Califórnia é plano em seu perímetro e, como uma paisagem natural, torna-se cada vez mais ondulado àmedida que se afasta da borda para formar uma série de cúpulas de vários 41 tamanhos que se erguem ao longo da cobertura. Existem duas cúpulas principais que cobrem as exposições do planetário e da floresta tropical. Ademais, são salpicadas com um padrão de claraboias automatizadas para abrir e fechar, que a serventia principal será explicada adiante. Agrega-se, também, o beiral feito de estrutura metálica e finalizado com células fotovoltaicas (figura 33). Dessa maneira, Oliveira et al. (2020) entende que o partido arquitetônico do projeto fica explícito já que o edifício que se conecta ao local. Figura 33 – Academia de Ciências da Califórnia, beiral com uso de células fotovoltaicas (Fonte: Archdaily, 2022) Conforme pode ser analisado a partir da figura 34, a estrutura do telhado, é formada por seis camadas. Depois da laje concretada, a primeira camada foi composta por uma membrana plástica térmica impermeabilizante. A segunda camada recebeu uma barreira contra raízes. Em seguida, existe uma camada responsável pela drenagem feita de um plástico leve, porém forte. A quarta possui uma folha de filtro que previne as impurezas vinda do solo para a cama de drenagem. A quinta é constituída de substrato com materiais orgânicos e inorgânicos. E, por fim, tem a última camada que comporta a vegetação. 42 Figura 34 – Academia de Ciências da Califórnia, estrutura do telhado verde (Fonte: Modificado pela autora, a partir de +ArchCultura, 2021) No que se diz respeito à vegetação, o teto é coberto com aproximadamente 1,7 milhão de plantas nativas, em geral rasteiras (gramas e forrações), selecionadas e plantadas em recipientes de fibra de coco biodegradáveis (figuras 35 e 36). Elas não precisam de manutenção ou água afora do necessário e, além disso, atraem espécies locais de insetos para ocupá- lo. O telhado verde não é totalmente acessível aos visitantes, que só podem andar em um terraço (figura 37) ou através de um pequeno caminho pela vegetação (figura 38), evitando que as plantas sejam pisoteadas. De acordo com as características apresentadas, constata-se que este telhado é do tipo extensivo. Figura 35 e 36 – Academia de Ciências da Califórnia, recipiente de fibra de coco (Fonte: SWA Group, 2011) 43 Figura 37 – Academia de Ciências da Califórnia, terraço de contemplação (Fonte: Greenroofs.com, 2017) Figura 38 – Academia de Ciências da Califórnia, detalhe do caminho de circulação (Fonte: Greenroofs.com, 2017) O objetivo principal do teto verde do edifício é fornecer uma camada de isolamento térmico superior para a construção. Por conseguinte, é possível reduzir a necessidade de climatização artificial nas áreas públicas do piso térreo e de outros ambientes ao longo da fachada. Isso ocorre, devido a umidade do solo alinhada ao fenômeno da inércia térmica. Ademais, em entrevista para a SpacesTV, o gerente de sustentabilidade da academia, Alan Pope discorre sobre a existência das duas cúpulas, também vegetadas, que funcionam como elementos fundamentais para o sistema de 44 resfriamento passivo da edificação. Elas possuem as mesmas dimensões e algumas aberturas zenitais (figuras 39 e 40). O superintendente ainda afirma que o ar frio proveniente da costa marítima varre o telhado verde e atravessa essas cúpulas, descendo para uma praça localizada embaixo da cobertura. Figura 39 – Academia de Ciências da Califórnia, foto interna das aberturas zenitais (Fonte: Archdaily, 2022) Figura 40 – Academia de Ciências da Califórnia, foto externa das aberturas zenitais (Fonte: Archdaily, 2022) 45 Embora essa praça pareça estar fechada para os elementos externos, existe uma lacuna em seu perímetro, projetada propositalmente para ser um espaço ao ar livre. Desta forma, o ar frio submerge para o interior da praça (figuras 41, 42 e 43) e atravessa algumas janelas envidraçadas em sua base que podem ficar abertas ou não. Logo, esse ar fresco é sugado para os ambientes internos do edifício de maneira a fornecer o ar condicionado passivo e natural. Consequentemente, o ar quente que sobe é exalado pelas claraboias que irão abrir e fechar automaticamente. Com isso, temos esse efeito de resfriamento circulante, que ajuda a economizar nas partes energéticas e econômicas. Figuras 41 e 42 – Academia de Ciências da Califórnia, sistema de resfriamento passivo (Fonte: Modificado pela autora, a partir de SpacesTV, 2012) 46 Figura 43 – Academia de Ciências da Califórnia, corte esquemático transversal explicativo (Fonte: +ArchCultura, 2017) A escolha da implantação dessa cobertura verde juntamente com materiais, a reciclagem, o posicionamento dos espaços em relação à iluminação natural, ventilação natural, uso da água, aproveitamento das águas pluviais e produção de energia, foram as questões projetuais responsáveis por contemplarem o edifício com a Certificação LEED platina. 4 CONCLUSÃO O verde agregado sobre áreas edificadas é um dos métodos prescritos por inúmeras nações objetivando a virtude ecossistêmica à esfera urbana. Coberturas vegetadas são usualmente reconhecidas ecologicamente, já que oportunizam uma vasta cadeia de prerrogativas ambientais. Todavia, a sua qualidade estética e seu campo visual por muitas vezes não estão acentuados e são debatidos superficialmente no que se diz respeito à interligação de uma obra ao seu entorno. O uso do verde como um componente arquitetônico, em contrapartida ao telhado convencional, acaba por não transfigurar o espaço em área útil e configura o edifício apenas no prisma sustentável. Neste sentido, depreende-se que os telhados verdes precisam ser entendidos como “terraços-jardim”, sendo acessíveis ao uso humano e aparecendo como proposta projetual. É necessário reconquistar a arquitetura em todas as suas vertentes e por isso, a cobertura carece de um programa bem desenvolvido e deve ser um elemento arquitetônico compositivo. 47 A metodologia e os critérios projetuais de um telhado verde devem ser herméticos e variar generosamente de acordo com cada partido arquitetônico, tecnologia e prática usual de constituintes pertinentes ao meio originário. Isto posto, analisa-se que a Academia de Ciências da Califórnia foi planejada em uma localidade que já possuía previamente a racionalidade para com o meio ambiente e, por isso, percebe-se que a composição projetual adotada no edifício mescla a temática da sustentabilidade juntamente com a estética arquitetônica da cobertura verde. Os aspectos incorporados no projeto tendem a resolver questões atuais de sustentabilidade ao mesmo tempo em que contemplam uma forma de uso produtiva do telhado. Mediante o estudo apresentado, é preciso se atentar às estratégias construtivas que são mais apropriadas, a exemplo do uso de coberturas planas e técnicas de execução garantidas, que permitam o tráfego mais seguro das pessoas. Para tanto, é importante ressaltar as práticas públicas de implantação dessas coberturas vegetadas, de maneira a incentivar sua propagação quanto solução construtiva e sustentável. Por fim, aceitar a visão mais ampla da relação entre os benefícios ambientais e estéticos do telhado verde propicia um rol de possibilidades de design criativo da composição arquitetônica que se entrevê no uso das coberturas convencionais. 48 REFERÊNCIAS AGUIAR, Clarissa Martins de Lucena Santafé. Terraço-jardim: uma ideia para (re)inventar. Orientador: Prof.ª Dr.ª Beatriz Maria Fedrizzi. 2015. 163 p. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/132117. Acesso em: 28 jan. 2022. 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