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ESTUDO DO LÉXICO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA RIO DAS RÃS (BA) 
NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA 
Juscimaura Lima Cangirana (UESB) 
Elisângela Gonçalves (UESB) 
Palavras-chave: Léxico, Lexicologia, Lexicografia, Rio das Rãs, Heranças lexicais. 
Este trabalho toma como objeto de análise o léxico registrado no corpus do Português Popular 
da comunidade rural, remanescente de quilombo Rio das Rãs, localizada no município de Bom 
Jesus da Lapa, Bahia. Essa comunidade (originalmente denominada Mocambo do Pau Preto) 
foi um dos primeiros quilombos da Bahia. Após viver um período de violentos conflitos pela 
posse de suas terras (iniciado em 1974), foi oficialmente reconhecida como “comunidade 
remanescente de quilombo” em 1996 pela Fundação Palmares. Por ser uma comunidade que 
viveu um isolamento geográfico, cultural e linguístico por um bom tempo, consiste em um 
celeiro profícuo para estudos linguísticos, notadamente no que diz respeito ao léxico utilizado 
por seus membros. Neste trabalho, com um estudo preliminar, apresentamos alguns vocábulos, 
com o objetivo de verificar se estão registrados em dicionários do português; se sim, desde 
quando, ou se consistem em inovações dos membros dessa comunidade. 
A metodologia consiste nos seguintes passos: (i) levantamento dos vocábulos empregados por 
falantes mais velhos da comunidade, com o auxílio do programa AntConc. Essa etapa se 
baseará em estudos lexicológicos numa perspectiva histórica (Faraco 2005; Silva Neto 1970); 
(ii) levantamento sistemático sobre a origem de cada uma dessas palavras, utilizando o Corpus 
do Português e o Corpus Lexicográfico do Português; (iii) realização de um teste de 
reconhecimento lexical, na perspectiva da morfologia experimental (Cuetos 2003; Ortiz 2010; 
Pisioni et al. 1985), por meio de experimentos denominados off-line. Na primeira etapa, à qual 
este estudo se limitará, pretendemos verificar se a faixa etária, o grau de escolaridade e as redes 
de relações sociais dos informantes influenciam no uso desses vocábulos. Nesse sentido, vamos 
utilizar o teste de avaliação subjetiva proposto pela Teoria da Variação e Mudança Linguística 
(Labov 1972-2008; Weinreich, Labov e Herzog 1968). Após vencidas todas essas etapas, 
pretendemos proceder à elaboração de um dicionário, com base na Lexicografia (Bederman 
2001), com os termos analisados nesta pesquisa, visando à preservação da herança lexical dessa 
comunidade quilombola. Os dados serão apresentados em fichas lexicográficas, as quais 
conterão as lexias acompanhadas de sua definição, de sua categoria, sua origem (e 
modificações sofridas ao longo do tempo), número de ocorrências, abonações, informações 
quanto à sua (não) dicionarização. 
Os resultados obtidos revelam, primeiramente, que, das palavras analisadas neste estudo, o 
vocábulo padiola, registrado na fala de um senhor de 70 anos, encontra-se dicionarizado por 
Bluteau (1728), a partir do século XVII, no dicionário Vocabulario Portuguez & Latino, com 
a seguinte acepção: “Instrumento de braços em que pegão dous homens, & acarretão pedras, 
lenhas, &c. Brachiata, crates, is Fem.”. Decidiu-se por verificar se há coincidência entre o 
significado apontado por Bluteau (1728) e o(s) apresentado (s) no Dicionário Online do 
Português (DICIO, 2009-2011), um dicionário contemporâneo, e na fala do informante. Nesse 
dicionário, padiola é descrito como “[...] recipiente utilizado para transportar materiais como 
areia, tijolos [...]”, como também enquanto sinônimo de maca: “Leito de emergência, feito com 
um material flexível, para transporte de feridos ou doentes.”. Esse significado se assemelha ao 
apresentado no Bluteau. O morador de Rio das Rãs, por sua vez, se referiu a padiola da seguinte 
maneira: “[...] A padiola era o seguinte: a padiola pegava dois pau, e colocava e marrava, aquilo 
num pano, numa coberta bem forte que guentava, como se fosse uma rede. E ali vinha quatro 
pessoa, pra carregar.” (LFSS, 70 anos, Rio das Rãs). Constata-se, assim, que se trata do mesmo 
significado registrado nos dicionários. Posteriormente, será realizado um teste de 
reconhecimento lexical com os falantes mais jovens, a fim de verificar-se se reconhecem essa 
e outras palavras empregadas pelos falantes mais velhos; e, em caso afirmativo, se mantêm o 
mesmo significado. 
Referências 
Biderman MTC. 2001. Os dicionários na contemporaneidade: arquitetura, métodos e técnicas. In: 
Oliveira, AMPP, Isquerdo NA, organizadoras. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, 
terminologia.Campo Grande:UFMS, 131- 144. 
Bluteau, Raphael. 1712 - 1728. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico. 
Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 8 v. 
Cuetos, Fernando V. ANOMIA. 2003. La dificultad para recorderlas palavras. Madrid: Tea 
Ediciones. 
DICIO, Dicionário Online de Português: definições e significados de mais de 400 mil palavras. 
Todas as palavras de A a Z. 2009-2021. Disponível em: https://www.dicio.com.br/. Acesso 
em: 09 fev. 2021. 
Faraco, Carlos Alberto. 2005 Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da história da língua. 
São Paulo: Parábola Editorial. 2ª ed. 
Labov, William. 1972-2008. Padrões Sociolinguísticos. Trad. Marcos Bagno; Maria Marta Pereira 
Scherre; Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial. 
Ortiz, Karin Z. 2010. Avaliação das Afasias. In: ORTIZ, Karin Z. Distúrbios Neurológicos 
Adquiridos: Linguagem e Cognição. São Paulo: Ed. Manole, 65-93. 
Pisoni, Nusbaum, Greene. 1985. Perception, word recognition and the structure of the lexicon. 
Speech Communication, v. 4, 75-95. 
Silva Neto. Serafim da. 1970. “História da Língua Portuguesa”. Presença Rio de Janeiro: Livros 
de Portugal. 2ª edição. 
Silva Pinto, L. M. da. Diccionario da Língua Brasileira. Ouro Preto: Typographia de Silva, 1832. 
Weinreich, Uriel; Labov, William; Herzog, Marvin. 2006. Fundamentos empíricos para uma teoria 
da mudança linguística. Tradução Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial. 
 
 
 
 
 
A TOPONÍMIA RURAL DO MUNICÍPIO CORAÇÃO DE JESUS/MG: 
UM ESTUDO SOBRE OS NOMES DOS POVOADOS DO DISTRITO DE ALVAÇÃO 
Raquel Ribeiro Guimarães Mota (Unimontes) 1 
Dr.ª Maria do Socorro Vieira Coelho (Unimontes) 2 
 
Palavras-Chave: Onomástica. Toponímia. Sociolinguística. Alvação. Coração de Jesus. 
 
Resumo 
Esta comunicação é um recorte de uma pesquisa mais ampla intitulada A toponímia no ensino 
fundamental: a escuta de causos, a pesquisa e o registro dos nomes dos logradouros rurais de 
Alvação/Minas Gerais. Portanto, o objeto de estudo desta investigação é a Onomástica, 
especificamente, a toponímia dos nomes dos logradouros do distrito de Alvação, do município 
de Coração de Jesus, em Minas Gerais. Seu objetivo é mostrar os resultados deste recorte da 
pesquisa. Hipotetizou-se que, para estudar o léxico-toponímico dos logradouros em questão, 
era necessário considerar os sistemas de relações continuamente reorganizados pelos aspectos 
histórico-sociais, geográficos, culturais e linguísticos do povo que ali vive, porquanto, é através 
da língua, em discursos cotidianos, que se expressam ideologias, crenças, valores, costumes e 
tradições peculiares ao grupo social, quando seus falantes nomeiam, conservam e modificam 
palavras e locuções da língua. Os pressupostos teóricos que orientaram a pesquisa foram 
postulados por Sapir (1969), Dick (1990a e 1990b), Biderman (2001), Labov (2008), Seabra 
(2015) e Faria (2017). A metodologia incluiu as pesquisas bibliográfica e de campo. O corpus 
foi constituído por 19 topônimos arrolados por meio de entrevistas orais semiestruturadas, 
anotações etnográficas e investigações realizadas em acervos bibliográficos. A coleta de dados 
da oralidade seguiu os critérios estabelecidos pela sociolinguística laboviana, com adaptações 
necessárias à pesquisa em tela. Consideraram-se as categorias sexo, faixa etária e nascimento 
ou o longo tempo de residência na região. Os dados da oralidade foram obtidos de 38 
entrevistas transcritasnas quais se detectaram as categorias de topônimos mais produtivos e 
sua estrutura morfológica, para se proceder, posteriormente, à elaboração do glossário 
toponímico a partir de fichas lexicográfico-toponímicas. Os resultados parciais demonstraram 
que, dentre os Topônimos estudados, predominam os Hidrotopônimos, seguidos dos 
Fitotopônimos, devido, provavelmente, à presença de um número significativo de rios e 
córregos na região e de uma flora rica e diversificada que compreende uma área de transição 
entre os biomas cerrado e caatinga. Observou-se, ainda, a correlação entre linguagem, homem 
e o meio em que vive, porquanto, da origem dos nomes, e/ou locuções, dos logradouros no 
espaço rural de Alvação ao seu desaparecimento, desnudaram-se, através de um estudo do 
percurso histórico-temporal, os processos de sua criação, evolução, manutenção e mudança. 
Assim, através da memória e das referências bibliográficas, resgataram-se dados da história, 
cultura, política, religião, das ideologias, crenças e a língua do povo e do espaço geográfico 
pesquisado. 
 
Referências 
BIDERMAN, Maria Teresa Camargo 2001. As Ciências do Léxico. In: Oliveira, Ana Maria 
Pinto Pires de; Isquerdo. Aparecida Negri. (Orgs.). As Ciências do Léxico: Lexicologia, 
Lexicografia, Terminologia. 2. ed. Campo Grande: Ed. UFMS. 
Dick, Maria Vicentina de Paula do Amaral. 1990a. A motivação toponímica e a realidade 
brasileira. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo/Edições Arquivo do Estado. 
 
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Letras da Unimontes – Professora da E.E. 
São Sebastião, Povoado de Brejinho – Coração de Jesus/MG. raquelribeiroguimaraes@yahoo.com.br. 
2Professora do DCL da Universidade Estadual de Montes Claros. soccoelho@hotmail.com. 
	
DICK, Maria. Vicentina. de Paula do Amaral. 1990b. Toponímia e antroponímia no Brasil. 
Coletânea de Estudos. 2. ed. São Paulo: FFLCH/USP. 
FARIA, Glauciane da Conceição dos Santos. 2017. Tradição e memória: um estudo 
antroponímico dos nomes de logradouros da cidade de Ponte Nova – Minas Gerais. Tese 
de Doutorado. 668 p. 
LABOV, William.2008. Padrões sociolinguísticos. (Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta 
Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso). São Paulo: Parábola Editorial. 
SAPIR, Edward. 1969. Linguística como ciência: ensaios. 2. Ed. Tradução: Joaquim Mattoso 
CÂMARA Júnior Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica. 
SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. 2015. Língua, cultura e léxico. In: SOBRAL, 
Gilberto Nazareno Telles; SILVA, Norma Lopes da.; Ramos, Jânia Martins. Linguagem, 
Sociedade e Discurso. São Paulo: Blucher.

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