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Cálculo de Medicamentos, de gotejamento Terapêutica farmacológica para Enfermagem Enfª Francimara Morais Administração de medicamentos A recuperação ou a manutenção da saúde de pacientes com alterações agudas ou crônicas é feita usando-se uma diversidade de estratégias. O medicamento é uma substância utilizada para o diagnóstico, o tratamento, a cura, o alívio ou a prevenção de alterações da saúde. O enfermeiro tem uma função importante na preparação e na administração da medicação, na orientação a respeito do medicamento e na avaliação da resposta do paciente ao medicamento. (POTTER, 2005) Tipos de prescrições Prescrição de rotina Tetraciclina 500mg VO de 6 em 6 h. Prescrições para uso quando necessário (SOS) Sulfato de morfina 2mg IV de 4/ 4h SOS se dor. Prescrições únicas (um vez) Valium 10mg VO às 09h. Prescrições de urgência Atropina 1mg IV agora ACM/ avisar antes Morfina 10mg SC ACM Morfina 10mg SC as 06h avisar antes (POTTER e PERRY, 2005, p. 885) Hospital Universitário - UNIDERP Medicamento Aprazamento 1. Dieta oral livre 2. SF 0,9% 1000ml Nacl 20ml 24h KCl 10ml 3. Vancomicina 500mg, EV 6/6h 4. Fluconazol 200mg, EV, 2x ao dia 5. Hemoglucoteste 4 x ao dia, antes das refeições. 6. Esquema de insulina regular SC: 0-140=0 141-159=2UI 150-169=4UI Avisar se <80 e >170mg/dl 7. Capoten 25mg, VO, 3x ao dia 8. Dipirona 2ml, EV, SOS 9. Plasil 2ml, EV, ACM Paciente: Arnaldo Lopes Prontuário:373494 UI: Cardiologia Data: ___/___/___ Prescrição Médica Peralta Jr Médico CRM/MS 88890 Resoluções do Cofen 225/ 2000 Art. 1º- É vedado ao Profissional de Enfermagem aceitar, praticar, cumprir ou executar prescrições medicamentosas/terapêuticas, oriundas de qualquer Profissional da Área de Saúde, através de rádio, telefonia ou meios eletrônicos, onde não conste a assinatura dos mesmos. Art. 2º - Não se aplica ao artigo anterior as situações de urgência, na qual, efetivamente, haja iminente e grave risco de vida do cliente. 311/ 2007 Art. 37 – (direito)Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica, onde não conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto em situações de urgência e emergência. Parágrafo único - O profissional de enfermagem poderá recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou ilegibilidade. 281/ 2003 Art. 1º - É vedado a qualquer Profissional de Enfermagem executar a repetição de prescrição de medicamentos, por mais de 24 horas, salvo quando a mesma é validada nos termos legais. Parágrafo único: A situação de exceção prevista no caput, deverá estar especificada por escrito, pelo profissional responsável pela prescrição ou substituto, sendo vedada autorização verbal, observando-se as situações expostas na Resolução COFEN nº. 225/2000. Art. 2º - Quando completar-se 24horas da prescrição efetivada, e não haver comparecimento para renovação/reavaliação da mesma, pelo profissional responsável, deverá o profissional de Enfermagem adotar as providências para denunciar a situação ao responsável técnico da Instituição ou plantonista, relatando todo o ocorrido. Resoluções do Cofen Sistema de distribuição Dose unitária Estoque de suprimentos Sistema automatizados de medicamento (POTTER e PERRY, 2005, p. 887) Sistemas de medidas dos medicamentos Sistema métrico: Unidades métricas Medida caseira: Ex. colheres e xícaras. Soluções: M/V A administração apropriada de um medicamento depende da capacidade em computar as doses das medicações precisamente e de medi-las corretamente. (POTTER e PERRY, 2005, p. 880) Viviane, 2009 SISTEMA DE MEDIDAS SISTEMA MÉTRICO – baseado em unidades de dez 1grama (g) = 1.000mg (mil miligramas) 1mg = 1.000g ou mcg (mil microgramas) 1litro (l) = 1000ml (mil mililitros) 1 ml = 1 centímetro cúbico (cc) As unidades são convertidas movendo-se a vírgula para a direita ou esquerda. EX: 500mg = 0,5g 80mg = 0,08g Sistema métrico Unidades métricas podem ser facilmente concertidas e computadas por meio de multiplicações e divisões simples. Cada unidade básica de mensuração está organizada em unidade de 10. Multiplicando-se ou dividindo-se por 10, formam-se as unidade secundárias. Multiplicação: vírgula decimal vai para direita Divisão: vírgula decimal vai para esquerda 20,0 mg x 10 = 200 mg 20,0 mg ÷ 10 = 2,00 mg kg g mg multiplica divide (POTTER e PERRY, 2005, p. 881) Sistema métrico As unidades básicas são: metro (comprimento) litro (volume) grama (peso) Utilizados pela enfermagem Grama = g ou Gm Litro = l ou L Miligrama = mg Mililitro = ml (POTTER e PERRY, 2005, p. 881) 1.000mg = 1g 350mg = 0,35g 1L = 1.000ml 0,25L= 250ml Soluções Solução: é uma determinada massa de uma substância sólida dissolvida em um volume conhecido de líquido ou um determinado volume de líquido dissolvido em um volume conhecido de outro líquido. Concentração: unidade de massa unidade de volume Concentração expressa em percentagem % Ex.: uma solução a 10% corresponde a 10g de sólido dissolvido em 100ml da solução. Proporção expressa concentrações Ex.: uma solução 1/1.000 representa uma solução contendo 1g de sólido em 1.000ml de líquido ou 1ml de líquido misturado em 1.000ml de outro líquido. g/ml g/L mg/ml (POTTER e PERRY, 2005, p. 882) Ex.: uma solução de glicose com 5g de glicose (soluto) dissolvida em 100 ml de água (solvente) é uma solução com concentração de 5%. Isso significa que a concentração é obtida pela divisão da massa (g) pelo volume, e é expressa em % ou g/L. Concentração: 5% ou 5/100 Cálculos clínicos Dose prescrita x quantidade disponível = quantidade a Dose disponível ser administrada Morfina 2mg IV Dose prescrita: 2mg Dose disponível:10mg em 1ml – 10mg/ml Quantidade disponível: 1ml 2mg x 1ml = volume em mililitro 10mg a ser administrado 0,2 ml (POTTER e PERRY, 2005, p. 882) Regra de três Numa relação de grandezas proporcionais, se três valores são conhecidos, é possível determinar o quarto termo. Ex.: 1ml de morfina há 10 mg. Quantos mg haverá em 2ml da mesma droga? 1ml 10mg 1 x X = 2 x 10 x=20 x =20mg 2ml x Xmg 1 (POTTER e PERRY, 2005, p. 883) Porcentagem Na porcentagem, o todo é expresso em 100%, portanto uma certa porcentagem indica partes em 100. Porcentagem em fração decimal: dividir a porcentagem por 100 ou deslocar a vírgula decimal duas casas para a esquerda, retirando o sinal de porcentagem (%) Fração decimal em porcentagem: multiplicar a fração decimal por 100 ou desloca-se a vírgula da fração decimal duas casas para a direita, acrescentando o sinal de porcentagem (%). 0,4 (0,4 x 100) = 40% 25% = 25 ou 0,25 100 50% = 0,5 ou 0,50 Administrar 100 ml de SG 15%. C3 = concentração desejada (15%) V3 = volume desejado (100ml) C1 = menor concentração disponível de glicose (5%) C2 = maior concentração disponível de glicose (50%) V1 = volume da solução de glicose 5% (500ml) V2 = volume da solução de glicose a 50% V1 e V2 deverá ser igual a V3=100ml Aplicando a fórmula: 15 x 100 = 5(V3 - V2) + 50V2 Considera-se V2 = V3 - V1, V1 = V3 – V2 e V3 = V1 + V2, então 1.500 = 5(100 – V2) + 50V2 1.500 = 500 – 5V2 + 50V2 1.500 – 500 = - 45V2 V2= 1.000 45 V2 = 22,2ml Transformação de soluções C3V3= C1V1 + C2V2 Temos disponível 500 ml de SG a 5% e ampolas de Glicose a 50% ( 10ml/ampola). Portanto, deve-se retirar 22,2ml da solução com maior concentração de glicose disponível (50%) e aspirar 77,8ml da solução com menor concentração de glicose disponível (5%) para que se obteenha 100ml de solução a 15% de glicose. Transformar 500 ml de SG 5% para 15%. C = concentração desejada (15%) V = volume desejado (500ml) C1 = concentraçãode glicose (5%) V1 = volume da solução de glicose 5% (500ml) C2 = concentração da solução de glicose (50%, 25%, 10%) V2 = volume da solução de glicose a 50% Aplicando a fórmula: 15 x 500 = 5V1 + 50V2 Se V2 = 500 – V1, então 7.500 = 5V1 + 50 (500 – V1) 7.500 = 5V1 + 25.000 – 50V1 7.500 – 25.000 = -45V1 -17.500 = -45V1 V1= 17.500 45 V1 = 388ml Transformação de soluções CV = C1V1 + C2V2 Temos disponível 500 ml de SG a 5% e ampolas de Glicose a 50% ( 20ml/ampola). V2 = 500 – (388) = 112 ml Portanto, deve-se retirar 112ml do frasco de 500ml a 55 e colocar a mesma quantidade de glicose a 50%. Se tiver ampolas de 20ml será necessário dividir 112 por 20 para obter um resultado de 5,6 de ampolas de glicose a 50%. Se em 100 ml há 5g de glicose, em 500ml haverá X: 100 ml_______5g 500 ml _______ x g 100 x = 2.500 X= 2.500 / 100 X= 25 g Se em 100ml há 15g, em 500ml haverá X: 100 ml _________15 g 500 ml _________ x g 100x = 7.500 x = 7.500 x = 75 g 100 Se no frasco já existe 25g, e preciso de 75g: 75-25 = 50g Usando as ampolas de glicose a 50%, preciso tirar 100ml do frasco de glicose a 5% e colocar 100ml de glicose a 50%. Ao retirar 100ml do frasco a 5% retiro também 5g de glicose. Portanto, preciso colocar ao todo 110ml de glicose a 50%. Regra de três O volume correto só poderá ser identificada com a formula anteriormente citada. Nº gotas/min= V(ml) x nº gotas/ml = V x 20(gotas) = V ( ml) Nº horas x nº min/h T x 60 (min) T(h) x 3 VOLUME= V ( mililitros – ml) TEMPO= (horas) Gotejamento 1ML = 20 MACROGOTAS ( equipo padrão) 1ML = 60 MICROGOTAS( equipo padrão) 1 GOTA = 3 MICROGOTAS Gotejamento Nº microgotas/min= V(ml) x nº mcgts/ml = V x 60(mcgts) = V ( ml) Nº horas x nº min/h T x 60 (min) T(h) Quantas gotas deverão correr em um minuto para administrarmos 3.000ml de SG a 5% em 24 horas? Nº gotas= 3.000 ml = 3.000 ml = 41,6 = 42 gotas 3 x 24 72 PRESCRIÇÃO: 2.500.000 UI, EV, de 4/4 h. A apresentação de Penicilina Cristalina que deverá ser usada é a do frasco em pó com 5.000.000 UI Cálculo de Penicilina 5.000.000_______10 ml ( 8ml de diluente + 2ml de pó) 2.500.000_______ x ml 5.000.000 x = 25.000.000 X= 25.000.000 / 5.000.000 X= 5ml Cálculo de Heparina PRESCRIÇÃO: 3.500 UI, EV em 24h Frasco de heparina com 5ml = 5.000 UI/ml 5.000_______1 ml 3.500_______ x ml 5.000 x = 3.500 X= 3.500 / 5.000 X= 0,7ml Cálculo de Insulina 10 ml de solução na concentração de 100 UI/ml, portanto, para cada 1 ml, temos 100 UI. Seringas são classificadas em Unidades Internacionais (UI). Cada traço da seringa graduada corresponde a 2 UI. 13 CERTOS (POTTER e PERRY, 2005, p. 889) Paciente certo Perguntar o nome do paciente; Conferir em pulseira de identificação; Conferir na placa de identificação presente no leito. (POTTER e PERRY, 2005, p. 890) Conferir 3X (ao retirar da gaveta; antes de colocar no copo ou diluir e antes de colocar o frasco de volta ou jogar ampolas no lixo). FURACIN® (nitrofurazona) FURESIN® ( furosemida) Reação do paciente: “Eu tomo sempre um comprimido rosa, hoje você está me dando dois amarelos”. Verificar no prontuário o registro de alergia medicamentosa e confirmar com o paciente a informação. Medicação Certa (POTTER e PERRY, 2005, p. 889) - Cálculo mental; - Cálculo por escrito; Quando se deseja 100 mg de um medicamento que esta rotulado como 50mg/ml, estimar mentalmente a dosagem como sendo 2 ml e depois calcule: 50mg_____________1ml 100mg____________ X 50 X= 100 X= 100/50 X= 2 ml IMPORTANTE: - Não quebre comprimidos não sulcado - Cuidado ao calcular decimais 0,75 diferente 0,075 0,25 nunca .25 0,25 nunca 0,250 - Insulina 10 UI diferente de 100 UI Dose Certa (POTTER e PERRY, 2005, p. 889) Solução dependente da compatibilidade química com o fármaco. Ex.:Hidantal X SG 5% (incompatível) Volume da diluição x via de administração e conforto do paciente Ex.: Reposição de KCL, EV em acesso periférico. Diluição Certa Manutenção dos níveis correto no sangue, considerado atraso 30 minutos antes ou depois do horário estabelecido. ROTINAS: 6/6h 14 20 02 08 8/8h 16 24 08 12/12h 20 08 Cefalotina 1g EV de 6/6h - 14 20 02 08 Fortaz 1g EV de 8/8h - 17 01 09 Ceftriaxona 1g EV 12/12h - 19 07 Horário Certo IMPORTANTE: Nunca esperar o próximo horário porque já passou do horário padrão. (POTTER e PERRY, 2005, p. 890) Ex.: Heparina SC x Heparina EV Isordil SL x Isordil VO Insulina EV x Insulina SC Adrenalina EV x TOT Via Certa Nunca administre o fármaco se a via não estiver prescrita, comunique o prescritor; Se a via especificada não é a recomendada, o enfermeiro deve alertar a quem prescreveu imediatamente. Atenção: o mesmo fármaco com a mesma apresentação pode ser administrado por vias diferentes. (POTTER e PERRY, 2005, p. 890) Nunca registrar antes de administrar; O registro incluem: nome do medicamento, a dose, a via , a hora exata e assinatura do profissional. Registro Certo (POTTER e PERRY, 2005, p. 890) Farmacovigilância erros de distribuição, erro de prescrição, erro de omissão, erro na administração não autorizado, erro de via, erro de dose, erro na técnica, erro na manipulação, erro no paciente. Segurança na terapia medicamentosa Qualidade do serviço prestado O erro de medicação está inserido em uma gama de erros, sejam elas: LEITURA COMPLEMENTAR: CARVALHO, V.T.; CASSIANI, SHB; CHIERICATO, C. Erros mais comuns e fatores de risco na administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 5, p. 67-75, dezembro 1999. Exemplos de erros e situação facilitadora no acometimento de erros: Medicação sem identificação, Ausência de protocolos de preparo de todas as soluções injetáveis, Não separar as medicações individualmente, Não confirmar a ordem verbal antes de administrar o medicamento, Não prepara medicação conforme protocolo pré-estabelecido, Não identificar o medicamento corretamente, Não prepara o medicamento com a prescrição ao lado, Não chamar o paciente pelo nome, Não explicar o procedimento ao paciente. Vias de administração A administração de medicamentos é uma parte essencial da prática de enfermagem que requer uma base de conhecimento confiável para que os medicamentos sejam administrados com segurança. (POTTER e PERRY, 2005) Seringas e agulhas Existe uma variedade de seringas e agulhas, cada uma projetada para liberar um determinado volume de medicamento em um tipo específico de tecido. (POTTER e PERRY, 2005, p. 922) Agulhas Constituída por três partes: base, haste e bisel. Material: aço inoxidável É descartável. Comprimento variável: 40 x 12 (40mm) Diâmetro: é medido em calibre. Biosegurança: Descarte em coletor de pérfuro-cortante. Não desconectar da seringa para descartar. (POTTER e PERRY, 2005, p. 922) Classificadas como sendo Luer-Lok ou não Luer-Lok. Luer-Lok têm um desenho em forma de rosca para evitar uma remoção inadvertida da agulha. Seringa: cilindro ou corpo, êmbolo, bico, cabeça ou haste do êmbolo. Corpo: indicação de graduação em cm e a capacidade da seringa em mililitros (ml). Durante o procedimento do preparo, as partes a serem mantidas estéreis na seringa são: bico e êmbolo, uma vez que a manipulação do êmbolo somente deverá ser feita pela cabeça ou haste. O bico da seringa não varia com o tamanho da mesma. Vários tamanhos que varia de 1ml a 60 ml. (POTTER e PERRY, 2005, p. 923) Apresentação da solução injetável Ampola Frasco Diluente: SF 0,9% ou água destilada. (POTTER e PERRY, 2005, p. 925) Referência Bibliográfica POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 6 ed.Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. cap.34. Referência complementar CARVALHO, V.T.; CASSIANI, SHB; CHIERICATO, C. Erros mais comuns e fatores de risco na administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 7, n. 5, p. 67-75, dezembro 1999. FIGUEIREDO, N. M. A. (organizadora). Administração de medicamentos: revisando uma prática de enfermagem. São Paulo: Yendis, 2006. FAKIH, F. T. Manual de diluição e administração de medicamentos injetáveis. Rio de Janeiro: Reichamann & Affonso Ed., 2000. MOZACHI, N.; SOUZA, V. H. S.; MARTINS, N.; NISHIMURAi, S. E. F.; AMÉRICO, K. C. Administração de medicamentos. In: SOUZA, V. H. S. e MOZACHI, N. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 8 ed. Manual Real: Curitiba, 2007. cap.5.