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Diretrizes Pedagógicas • Educação Infantil 2023 • Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza - 2023 Fortaleza-CE 2023 Sumário Apresentação ..................................................................................................................... 04 1. Concepções que norteiam as práticas pedagógicas da Educação Infantil no município de Fortaleza ..... 05 2. Organização do trabalho pedagógico dos profissionais que atuam na Educação Infantil ................. 06 2.1 Diretor Escolar ................................................................................................................ 06 2.2 Coordenador Pedagógico/Supervisor Escolar ....................................................................... 07 2.3 Professores(as) das Escolas Municipais, dos Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras ........ 09 2.4 Assistentes da Educação Infantil/Auxiliares Educacionais ......................................................... 11 2.5 Professores(as) da Sala de Recursos Multifuncionais (AEE) ....................................................... 12 2.6 Auxiliar Pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias ........................................................... 12 3. Composição da jornada de trabalho do professor e do assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional ......................................................................................................................... 13 4. Encontro pedagógico da Educação Infantil .……........................................................................ 14 5. Formação no contexto da unidade escolar .............................................................................. 14 6. Acolhimento das crianças e de suas famílias ............................................................................ 14 7. Processos de transição do bebê e da criança na Educação Infantil ............................................... 16 8. Planejamento pedagógico ................................................................................................... 17 9. Tempos permanentes e tempos diversificados na Educação Infantil .............................................. 17 10. Organização dos espaços na Unidade de Educação Infantil ....................................................... 19 11. Documentação Pedagógica ................................................................................................ 20 12. Documentos norteadores da prática pedagógica .................................................................... 20 13. Programas e projetos desenvolvidos pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza .......................... 25 14. Sala de Inovação e Tecnologias ........................................................................................... 25 15. Utilização do livro didático ................................................................................................. 26 16. Utilização da agenda escolar .............................................................................................. 26 Referências bibliográficas ...................................................................................................... 27 Anexo 1 .............................................................................................................................. 28 Anexo 2 ............................................................................................................................. 29 4 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza Apresentação A Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza estabelece as diretrizes para a organização pedagógica das unidades escolares de Educação Infantil no ano letivo de 2023. Almeja-se, com este documento, subsidiar o trabalho pedagógico dos profissionais que atuam nessa etapa da educação básica. Pretende-se, ainda, orientar o tempo do professor sem interação com a criança, destinado à formação continuada, dentre outras atividades inerentes à função docente, conforme a Lei 11.738/2008, que institui o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica. Este documento está organizado em seções que expressam as concepções norteadoras das práticas pedagógicas e a organização do trabalho pedagógico dos profissionais que atuam na Educação Infantil, com as devidas atribuições e orientações sobre: a composição da jornada de trabalho do professor e assistente da Educação Infantil; a formação continuada (polo e contexto); o processo de documentação pedagógica; os documentos norteadores da prática pedagógica; os programas e os projetos desenvolvidos pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza; o planejamento pedagógico; os tempos da rotina; a organização dos espaços; o acolhimento das crianças e de suas famílias; o processo de transição da criança; e o uso do livro didático e da agenda escolar. Estas diretrizes devem ser compartilhadas pelo núcleo gestor da unidade, ao longo do ano letivo de 2023, com toda a comunidade escolar (professores, profissionais de apoio, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, famílias e crianças), objetivando garantir experiências que primam pela aprendizagem, pelo desenvolvimento integral e pelo bem-estar dos bebês e das crianças. 5Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 1. Concepções que norteiam as práticas pedagógicas da Educação Infantil no município de Fortaleza A Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Educação Infantil, desenvolve ações pedagógicas e de gestão destinadas à primeira etapa da educação básica (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/1996), norteadas pelas seguintes concepções: 1. Criança – sujeito histórico inserido em um determinado contexto social, possuidor de direitos (humanos e civis), que aprende e se desenvolve na interação com o meio sociocultural a partir das vivências cotidianas, e ativo na construção do conhecimento sobre si, sobre o mundo e na produção de cultura. 2. Infância – fase da vida humana compreendida como forma específica de se conceber a criança nos seus modos de ser e estar numa determinada sociedade, nas suas produções e experiências vividas. Salienta-se que não existe uma única infância, por ser uma concepção construída em cada sociedade de acordo com suas diversidades culturais, envolvendo os fatores políticos e econômicos, variando, assim, no tempo e no espaço, numa construção histórica. Nesse sentido, a infância é um tempo precioso da vida humana que se caracteriza pelo intenso processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança. 3. Educar e Cuidar – pela especificidade própria dos bebês e crianças as ações de educar e cuidar devem acontecer de forma indissociável no contexto da Educação Infantil. Pensar essas ações de forma não fragmentada significa organizar contextos que promovam o bem-estar, a proteção e os direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. 4. Interações – um dos eixos norteadores do trabalho pedagógico na Educação Infantil que envolve ações compartilhadas do adulto com as crianças, das crianças entre si e das crianças com os espaços/ ambientes. Elas se dão em situações concretas que são vivenciadas no cotidiano, por meio de experiências significativas e com sentido para todos. As interações acontecem nas situações de brincadeiras, diálogos, cuidado e educação dos bebês e crianças, primando pela ética das relações. 5. Brincadeira – constitui a atividade primordial e vital no desenvolvimento de bebês e crianças. Por isso, é compreendida como um dos eixos norteadores do trabalho pedagógico na Educação Infantil. O brincar oportuniza desenvolver a imaginação, a criatividade, os conhecimentos, as interações, a capacidade de solucionar conflitos e de autorregular-se, a percepção do próprio corpo e as diferentes linguagens (estética, oral, escrita,matemática, corporal, musical, dentre outras). Diante dessas concepções, a SME reitera que o objetivo principal da Educação Infantil é o desenvolvimento integral dos bebês e das crianças, por meio de vivências pedagógicas planejadas com intencionalidade, com respeito pelos ritmos e necessidades deles e que garantam os direitos de aprendizagem e desenvolvimento expressos pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), pelas Orientações Curriculares para a Educação Infantil (CEARÁ, 2016), pelo Documento Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ, 2019) e pela Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020). Assim, este documento traz orientações para nortear o trabalho pedagógico na Educação Infantil, devendo ser articulado às Propostas Pedagógicas de cada unidade escolar (Creches Parceiras, Centros de Educação Infantil e Escolas Municipais). 6 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza 2. Organização do trabalho pedagógico dos profissionais que atuam na Educação Infantil Os Centros de Educação Infantil (CEI), as Creches Parceiras e as Escolas Municipais (EM) contam com profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho pedagógico realizado com os bebês e as crianças, a saber: diretor, coordenador pedagógico/supervisor escolar, orientador educacional, professor, assistente da Educação Infantil/ auxiliar educacional, auxiliar pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias, professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e profissionais de apoio. As ações realizadas no cotidiano das unidades escolares necessitam ser construídas por estes profissionais de forma colaborativa, dialógica e democrática, objetivando promover uma educação de boa qualidade e de acordo com os documentos normativos. Entretanto, mesmo defendendo uma perspectiva colaborativa no cotidiano das Unidades de Educação Infantil, cada profissional desempenha funções específicas e fundamentais para que o trabalho seja desenvolvido com ética, sensibilidade e compromisso, conforme descrito a seguir: 2.1. Diretor(a) Escolar • Inserir em sua rotina o acompanhamento sistemático aos CEIs e às creches parceiras, procedendo de forma articulada e dialógica com o coordenador pedagógico/supervisor escolar e orientador educacional; • Conhecer e apropriar-se das especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como: os direitos de desenvolvimento e aprendizagem da criança, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação pedagógica e a legislação vigente; • Assegurar o cumprimento destas Diretrizes Pedagógicas; • Cumprir o Calendário Escolar; • Incentivar e acompanhar a participação dos coordenadores pedagógicos/supervisores escolares na formação continuada oferecida pela Rede Municipal de ensino, bem como dos professores, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais e profissionais de apoio; • Implementar e avaliar a Proposta Pedagógica da unidade escolar, tendo como base os seguintes documentos: Projeto Político Pedagógico da Instituição; Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020); Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009); Resolução nº 02/2010 do Conselho Municipal da Educação de Fortaleza; Documento Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ, 2019) e Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017); • Divulgar programas de apoio e orientação às crianças e suas famílias, assim como encaminhar os casos de negligência e violência contra a criança aos órgãos competentes; • Acompanhar o registro da frequência dos profissionais e encaminhá-lo no prazo determinado ao Distrito de Educação por meio do Sistema de Gestão de Pessoas (SGE), mantendo-o atualizado sobre carências, atestados médicos, licenças e outros; • Participar das reuniões, seminários e encontros promovidos pela SME e pelos Distritos de Educação; • Acompanhar os processos de Registro Único (RU) e de matrícula; • Acompanhar o cadastro das crianças no Sistema de Gestão Educacional (SGE); • Acompanhar o cadastro das informações das crianças com possíveis deficiências no SGE; • Acompanhar a frequência diária, assim como solicitar ao agente escolar que realize a busca ativa da infrequência das crianças no SGE; • Realizar, junto ao Conselho Municipal de Educação, os procedimentos necessários ao credenciamento e autorização para funcionamento dos Centros de Educação Infantil, bem como acompanhar os processos das Creches Parceiras; 7Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 • Reunir-se com a unidade escolar para definir a empregabilidade dos recursos financeiros referentes às verbas do Programa Municipal de Desenvolvimento da Escola (PMDE) e do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) com registro das prioridades em ata, de acordo com a Lei n° 169/2014; • Definir e acompanhar as atividades diárias dos profissionais de apoio (manipulador de alimentos, serviços gerais, monitor de acesso, vigilante) e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, bem como manter atualizados os dados pessoais e a documentação destes na unidade escolar; • Realizar o acompanhamento junto ao coordenador pedagógico/supervisor escolar dos registros realizados nos instrumentais institucionais (Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança, relatórios, registro de planejamento e diários de classe); • Acompanhar o processo de inserção/acolhimento dos bebês, das crianças e suas famílias nas unidades escolares; • Acompanhar a alimentação na unidade escolar (cardápio escolar, controle e organização de estoque, preparo dos alimentos, higiene e limpeza), em acordo com a organização do cardápio da Educação Infantil (atendimento parcial em CEI – três refeições diárias; atendimento integral em CEI e creches parceiras - cinco refeições diárias; atendimento parcial em escola - duas refeições diárias). 2.2. Coordenador(a) Pedagógico(a)/Supervisor(a) Escolar • Promover e mediar, de forma permanente, ações de cuidado aos profissionais para a construção de relações éticas, dialógicas e democráticas na unidade escolar; • Promover encontros regulares de formação no contexto escolar, incluindo os Encontros Pedagógicos previstos no Calendário Escolar, com os professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais e profissionais de apoio dos serviços educacionais para reflexão coletiva sobre as práticas pedagógicas, tendo como base a Proposta Pedagógica da instituição e as orientações da SME; • Participar da formação continuada oferecida pela Rede Municipal de Ensino, bem como estimular e acompanhar a participação dos professores, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais e profissionais de apoio dos serviços educacionais; • Apropriar-se das especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como: os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação pedagógica e a legislação vigente; • Conhecer e apropriar-se dos documentos publicados pela SME, socializando-os e disponibilizando- os aos professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais; • Assegurar o cumprimento destas Diretrizes Pedagógicas por meio da elaboração de um plano de ação a ser desenvolvido na unidade escolar; • Elaborar estratégias para promover a integração das práticas pedagógicas entre os professores de maior e menor carga horária, bem como destes com os assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais; • Assessorar e acompanhar pedagogicamente os professores na elaboração do planejamento, de acordo com as DCNEI (BRASIL, 2009), com a Proposta Curricular para a Educação Infantilda Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), com estas Diretrizes Pedagógicas, com a Proposta Pedagógica da unidade escolar e a BNCC (BRASIL, 2017) e com o Documento Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ, 2019); 8 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza • Implementar e avaliar continuamente com a comunidade escolar a proposta pedagógica institucional, tendo como referência os seguintes documentos: Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), DCNEI (BRASIL, 2009), Resolução nº 02/2010 do Conselho Municipal da Educação de Fortaleza, DCRC (CEARÁ, 2019) e BNCC (BRASIL, 2017); • Acompanhar e garantir que os professores de maior e menor carga horária realizem em parceria os registros nos instrumentos institucionais: Registro Diário do Professor, Diário de Classe, Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança e Relatórios Semestrais; • Realizar o acompanhamento sistemático das práticas dos professores e dos assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, tendo em vista a qualidade do trabalho junto aos bebês e às crianças; • Acompanhar as crianças com deficiência e encaminhá-las ao AEE da unidade escolar do polo mais próximo, buscando alternativas adequadas para a superação de possíveis dificuldades apresentadas por elas em seu desenvolvimento, juntamente com professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais; • Articular com o professor da Sala de Recursos Multifuncionais do AEE os atendimentos necessários às crianças com deficiência, bem como os encaminhamentos especializados; • Cumprir o Calendário Escolar; • Acompanhar o registro da frequência dos profissionais e encaminhá-lo no prazo determinado ao Distrito de Educação por meio do Sistema de Gestão de Pessoas (SGP), mantendo-o atualizado sobre carências, atestados médicos, licenças e outros; • Acompanhar a alimentação escolar na instituição (cardápio escolar, controle e organização de estoque, preparo dos alimentos, higiene e limpeza), em acordo com a organização do cardápio da Educação Infantil (atendimento parcial em CEI – três refeições diárias; atendimento integral em CEI e creches parceiras - cinco refeições diárias; atendimento parcial em escola - duas refeições diárias); • Implementar os programas e projetos institucionais da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino, tais como: Programa Ateliê, Programa Intergeracional, Projeto Protagonismo Infantil e o Projeto Família e Escola; • Divulgar programas de apoio e orientação às crianças e suas famílias, assim como encaminhar os casos de negligência e violência contra a criança aos órgãos competentes em parceria com o diretor escolar; • Promover a participação e escuta das famílias, envolvendo-as nas ações cotidianas desenvolvidas pela unidade escolar, fortalecendo o sentimento de pertencimento e democracia nesse contexto; • Participar das reuniões promovidas pela SME e pelos Distritos de Educação, visando ao encaminhamento e à resolução das demandas institucionais em parceria contínua com o diretor da escola à qual está vinculado; • Encaminhar aos Distritos de Educação processos e ofícios com as demandas da unidade escolar, mediante ciência e anuência do diretor escolar; • Reunir a comunidade escolar para elencar as prioridades em relação aos materiais de consumo e capital que serão adquiridos com os recursos destinados à unidade escolar, referentes às verbas financeiras do PMDE e do PDDE, registrar suas necessidades em ata e encaminhá-la à direção da escola; • Realizar e acompanhar o processo de matrícula na unidade escolar e o Registro Único (RU) em parceria com o secretário escolar da unidade patrimonial; • Realizar busca ativa e alimentar o sistema de infrequência das crianças com apoio do secretário escolar e dos agentes escolares; 9Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 • Informar, acompanhar e manter atualizado, em parceria com o secretário escolar e agentes escolares, o cadastro dos bebês e das crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/ superdotação no SGE e no arquivo permanente da unidade escolar; • Organizar, em parceria com o secretário escolar, a documentação escolar dos bebês e das crianças matriculadas e transferidas (arquivo permanente); • Acompanhar o processo de inserção/acolhimento dos bebês, das crianças e de suas famílias nas unidades escolares; • Promover o bem-estar e a saúde dos bebês e das crianças, atendendo suas necessidades físicas e emocionais em colaboração com todos os profissionais da Educação Infantil da unidade escolar; • Articular junto ao AEE o atendimento de bebês e crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação, bem como os encaminhamentos necessários para realização da avaliação pedagógica e entrevista com as famílias; • Administrar medicamentos aos bebês e às crianças, conforme parecer do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (CREMEC) Nº 3235/2013, mediante receita prescrita de medicamentos conforme a Lei Municipal 10.606, de 21 de agosto de 2017. 2.3. Professores(as) das Escolas Municipais, Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras Considerando as experiências cotidianas e as especificidades do Currículo da Educação Infantil, os professores de menor e maior carga horária precisam estar em permanente diálogo para garantir ações pedagógicas coesas e contínuas, tais como: elaboração do planejamento, registro das observações sobre as crianças, escrita e socialização dos Relatórios/Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem, implementação dos Programas e Projetos de Rede) e fortalecimento dos vínculos com as famílias. São atribuições dos professores de menor e maior carga horária: • Conhecer as especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como: os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação pedagógica e a legislação vigente; • Conhecer os documentos publicados pela SME e efetivá-los em suas práticas pedagógicas; • Realizar registros sistemáticos dos processos de aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e crianças, tais como fotografias, filmagens, anotações, gravações de áudios, diário de bordo. No ato de planejar deverá organizar como acontecerá os registros das crianças (individuais, pequenos grupos ou grande grupo); • Preencher de forma reflexiva o instrumental de Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento da Aprendizagem dos bebês e crianças ao final dos 1º e 3º bimestres. As ações devem acontecer em parceria entre professores de maior e menor carga horária, considerando também as observações feitas pelo assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional da turma; • Elaborar relatórios individuais de acompanhamento do processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança ao final dos 2º e 4º bimestres. As ações devem acontecer em parceria entre professores de maior e menor carga horária, considerando também as observações feitas pelo assistente da Educação Infantil/ auxiliar educacional da turma. Observação: no caso de mudança de professor, aquele que está saindo da turma deverá consolidar os Relatórios Semestrais e/ou Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança, mesmo que o bimestre ou semestre não tenha sido concluído. O professor que assumirá a turma deverá complementá-lo. 10 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza • Realizar o preenchimento do Diário de Classe referente ao dia que estiver assumindo a regência da turma; • Elaborar o planejamento semanalem um caderno de registro diário do professor, que deverá ser organizado e acompanhado pelo coordenador pedagógico/supervisorescolar da unidade, seguindo as DCNEI (BRASIL, 2009), a BNCC (BRASIL, 2017), o DCRC (CEARÁ, 2019) a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), as Diretrizes Pedagógicas da Educação Infantil do Município de Fortaleza (FORTALEZA, 2023) e a Proposta Pedagógica da unidade escolar. Observação 1: No caso das creches parceiras o planejamento deverá ser realizado em um sábado por mês; Observação 2. Professor de menor carga horária, independente do número de horas lotado na turma, em seu planejamento contemplará os programas e projetos da Educação Infantil da Rede Municipal, assim como realizará experiências nos espaços externos (pátio, corredor, parque, quintal, quadra, biblioteca, ateliê, sala de inovação e tecnologias, dentre outros). • Implementar no cotidiano com as crianças e as famílias as concepções expressas na Proposta Pedagógica e participar ativamente do processo de avaliação e revisão anual deste documento; • Participar dos encontros de formação continuada nos polos e no contexto escolar, dos estudos, das reuniões pedagógicas e das atividades de planejamento e de avaliação oferecidas pela Rede Municipal de Ensino, conforme a Lei nº 11.738/2008, que institui 1/3 da jornada de trabalho do professor às atividades extraclasse, e a Portaria 204/2014 publicada no Diário Oficial do Município de Fortaleza em 03 de julho de 2014; • Cumprir o Calendário Escolar; • Trabalhar em parceria (professor de maior e de menor carga horária), dando continuidade às ações cotidianas realizadas com os bebês, as crianças e famílias; • Implementar os programas e projetos institucionais da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino, tais como: Programa Ateliê, Programa Intergeracional, Projeto Protagonismo Infantil e o Projeto Família e Escola; • Trabalhar em colaboração com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional, tendo em vista que a criança é o centro do planejamento curricular e que as práticas de cuidar e educar são indissociáveis. Essa colaboração deve se dar em todos os momentos da rotina, destacando-se os seguintes aspectos: 1. Atender às especificidades do desenvolvimento infantil; 2. Observar e registrar os aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem dos bebês e das crianças; 3. Acolher os bebês, as crianças e os seus familiares; 4. Promover a segurança nos ambientes internos e externos da unidade escolar, bem como prever situações de riscos; 5. Zelar pelos pertences de cada bebê e criança e pelos materiais e equipamentos da unidade escolar postos à disposição para a realização das atividades; 6. Responsabilizar-se pela alimentação dos bebês e das crianças nos horários estabelecidos, cumprindo o cardápio, estimulando a autonomia e hábitos alimentares saudáveis. Nos casos de crianças com alergia e/ou intolerância alimentar, zelar pela segurança alimentar, conforme necessidades de cada bebê e criança; 7. Promover o bem-estar dos bebês e das crianças, atendendo suas necessidades físicas e emocionais; 8. Realizar práticas, em parceria com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional, estimulando a autonomia das crianças a higiene pessoal: banho, troca de roupas e fraldas, escovação, higienização das mãos e demais cuidados; 11Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 9. Organizar em parceria com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional, estimulando a autonomia de bebês e crianças na organização do ambiente e acomodação destes no horário do sono; 10. Acompanhar as crianças em atividades sociais e culturais programadas pela unidade escolar; • Executar outras atividades semelhantes e pertinentes à sua função. 2.4. Assistentes da Educação Infantil/Auxiliares de Serviços Educacionais Criada na estrutura administrativa do município de Fortaleza por meio da Lei Complementar nº 0150, publicada no Diário Oficial do Município de 28 de junho de 2013, o cargo de Assistente da Educação Infantil constitui-se de apoio técnico-pedagógico aos professores no desenvolvimento da prática pedagógica junto aos bebês e às crianças, como forma de assegurar a qualidade do serviço público de educação. No cotidiano das unidades escolares suas principais atribuições são: • Acompanhar as ações dos professores no desenvolvimento das atividades com bebês e crianças, auxiliando-os nas atividades didáticas e no processo de documentação pedagógica; • Acompanhar os bebês e crianças em todas as dependências da instituição, por todo o tempo de sua permanência na unidade escolar, zelando por sua segurança e bem-estar; • Participar da formação continuada no polo e no contexto da unidade escolar, assim como de reuniões de trabalho realizadas pela SME e/ou Distritos de Educação; • Responder pelo material e equipamento posto à sua disposição para execução do trabalho que realiza; • Conhecer as especificidades do desenvolvimento infantil, as concepções sobre crianças e infâncias expressas nestas Diretrizes; • Garantir, em parceria com o professor, o bem-estar dos bebês e das crianças da Educação Infantil, responsabilizando-se pelas ações de cuidar e educar, a saber: 1. Realizar práticas, em parceria com o professor de maior e menor carga horária, estimulando a autonomia das crianças a higiene pessoal: banho, troca de roupas e fraldas, escovação, higienização das mãos e demais cuidados, zelando pelos pertences de cada bebê e criança; 2. Sono: organização do ambiente, acomodação e acompanhamento das crianças neste horário; 3. Alimentação: responsabilizar-se pela alimentação direta das crianças nos horários estabelecidos, estimulando a autonomia e hábitos alimentares saudáveis. Nos casos de bebês e crianças com alergia e/ ou intolerância alimentar, zelar pela segurança alimentar, conforme necessidades de cada bebê e criança; 4. Segurança: observar as regras de segurança no atendimento aos bebês e às crianças e na utilização de materiais, equipamentos e instrumentos durante o desenvolvimento das rotinas diárias, acompanhando e cuidando do conforto, boa acomodação, segurança nos ambientes internos e externos da unidade escolar, bem como prever situações de riscos; 5. Realizar limpeza, higienização, manutenção diária das condições ambientais de sua responsabilidade, inclusive dos brinquedos e dos colchonetes utilizados no horário do sono; 6. Participar permanentemente do processo de desenvolvimento das atividades técnico- pedagógicas, auxiliando o professor quanto à observação, ao registro e à avaliação do processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança; 7. Desenvolver atividades voltadas para o desenvolvimento integral do bebê e da criança, considerando as diversas linguagens e tendo como eixos norteadores a brincadeira e as interações; 8. Acompanhar as crianças em atividades sociais e culturais programadas pela unidade escolar; 9. Acolher os bebês e as crianças e os seus familiares/responsáveis. • Executar outras atividades semelhantes e pertinentes à sua função. 12 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza 2.5. Professor(a) do Atendimento Educacional Especializado (AEE): O atendimento aos bebês e às crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação deve ser realizado pelo professor do AEE em parceria com o professor de maior e menor carga horária, nos diferentes ambientes da unidade escolar, tais como: sala de referência, solário, parquinho, sala de inovação e tecnologias, refeitório, entre outros espaços, onde as atividades comuns a todas as crianças são adequadas às suas necessidades específicas. Cumpre destacar que o AEE possibilita ampliar as práticas pedagógicas inclusivas na unidade de Educação Infantil, proporcionando a plena participação dos bebês e das crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/superdotação, em todos os espaços e tempos do cotidiano. As principais atribuições do professor do AEE na EducaçãoInfantil são: 1. Identificar as barreiras e implementar práticas e recursos que possam eliminá-las, considerando a especificidade de todas as crianças; 2. Orientar os professores regentes, demais profissionais e as famílias dos bebês e das crianças sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados, de forma a ampliar suas aprendizagens, promovendo sua autonomia e participação; 3. Realizar, quando necessário, a avaliação pedagógica com os bebês e as crianças para encaminhamento especializado. 2.6 Auxiliar Pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias A sala de inovação e tecnologias na Educação Infantil objetiva apoiar o desenvolvimento e o interesse dos bebês e das crianças, a partir de um currículo para a primeira infância. Neste espaço, o auxiliar pedagógico tem como principais atribuições: 1. Auxiliar os professores no desenvolvimento das experiências na Sala de Inovação e Tecnologias; 2. Ser assíduo e pontual; 3. Dar suporte aos projetos e experiências desenvolvidas na Sala de Inovação e Tecnologias; 4. Acompanhar os bebês e as crianças durante a utilização da sala de Inovação e Tecnologias; 5. Registrar, em instrumento específico, detalhes sobre cada atividade realizada na Sala de Inovação e Tecnologias; 6. Organizar as evidências de utilização da Sala de Inovação e Tecnologias e entregar relatório mensal das atividades/experiências e projetos desenvolvidos. 13Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 3. Composição da jornada de trabalho do professor e do assistente da Educação Infantil/Auxiliar Educacional A Lei nº 11.738/2008 institui a jornada de trabalho do professor em, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais e determina em seu artigo 2º, § 4º que na composição da jornada de trabalho seja observado o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os bebês e as crianças. Desta forma, 1/3 da jornada de trabalho deve ser destinada às chamadas atividades extraclasse, relacionadas ao desenvolvimento das demais atividades docentes, tais como: estudos, participação em formação continuada (polo e contexto), reuniões pedagógicas na instituição; encontros com as famílias e atividades de planejamento e de avaliação (relatórios e registros do desenvolvimento e aprendizagem das crianças). A jornada de trabalho do professor e auxiliar educacional das creches parceiras são de 40 horas semanais e mais 4 horas para planejamento das atividades pedagógicas, uma vez ao mês, no sábado. A jornada de trabalho do Assistente da Educação Infantil (AEI) é composta por 8 (oito) horas diárias, com hora de almoço que pode variar de uma a duas horas. Diante da necessidade de garantir o atendimento educacional aos bebês e às crianças, a SME estabelece as opções de horários para organização da jornada de trabalho do AEI, de acordo com o quadro abaixo: Organização do horário de trabalho do AEI Opção 1 7h às 11h 1 hora de almoço 12h às 16h Opção 2 7h30 às 11h30 1 hora e meia de almoço 13h às 17h Opção 3 8h às 12h 1 hora de almoço 13h às 17h Opção 4 7h30 às 11h30 1 hora de almoço 12h30 às 16h30 Opção 5 7h às 11h 2 horas de almoço 13h às 17h Opção 6 8h às 13h 1 hora de almoço 14h às 17h Opção 7 7h30 às 13h 1 hora e meia de almoço 14h30 às 17h Além das opções descritas no quadro acima, a gestão escolar poderá realizar outras possibilidades de organização de horários do AEI de acordo com as necessidades da unidade escolar, devendo atender aos critérios de organização mencionados, visando ao adequado funcionamento da unidade escolar, com foco no bem-estar, no desenvolvimento e nas aprendizagens dos bebês e das crianças e no cumprimento da carga horária de trabalho dos funcionários. As opções descritas devem ser observadas e acordadas com o gestor da unidade escolar e os assistentes da Educação Infantil. Qualquer outra opção pretendida deverá ser encaminhada via processo para ser analisada e deferida ou não pelo Distrito de Educação. Observações: *Mais de uma opção de horário de trabalho pode ser adotada pela unidade escolar, considerando que o AEI deve atender as crianças da Educação Infantil e que o trabalho precisa ser realizado a partir de uma rede de apoio e cooperação entre todos os profissionais; *O almoço das crianças deverá ser servido a partir das 10h30 da manhã e o jantar, a partir das 16h da tarde. 14 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza 4. Encontro pedagógico da Educação Infantil O Encontro Pedagógico objetiva promover oportunidade de estudo e reflexão sobre as práticas e organização do trabalho a ser desenvolvido pelos profissionais da educação, visando a integração e o fortalecimento da equipe para a efetivação das ações expressas na Proposta Pedagógica da unidade escolar. Para isso, o encontro deverá ser organizado de modo a possibilitar a participação e integração entre diretores, coordenadores pedagógicos/supervisores escolares, orientadores educacionais, professores, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, profissionais de apoio do AEE e profissionais de apoio (agentes escolares, manipuladores de alimentos, monitor de acesso e serviços gerais), conforme seu turno de trabalho. As orientações para a realização do encontro pedagógico serão publicadas no site da intranet da SME e detalhadas pelos Distritos de Educação/SME, por meio de reuniões e/ou formações, de forma a subsidiar o diretor e o coordenador pedagógico/supervisor escolar no desenvolvimento desse trabalho. 5. Formação no contexto da unidade escolar A formação no contexto escolar é realizada, a partir do resultado de estudos, observações, acompanhamentos e diálogos entre os profissionais que compõem a Educação Infantil da Rede de Ensino Municipal, com o objetivo de se aproximar das demandas formativas específicas de cada unidade escolar. A SME adota o conceito de formação no contexto para designar a formação que acontece na unidade escolar, em que professores e coordenadores colaboram entre si (IMBERNÓN, 2010) valorizando o caráter contextual e organizacional, a fim de promoverem mudanças na instituição. (GARCIA,1999) A formação no contexto escolar privilegia momentos de colaboração entre os envolvidos nesse processo, bem como a interlocução sobre suas práticas, pois parte das necessidades e interesses dos profissionais, a partir de uma metodologia que privilegia a resolução de problemas reais vividos na própria unidade escolar. Por conseguinte, o desenvolvimento dos profissionais não ocorre no vazio, mas inserido no contexto mais amplo, em que seja considerado o seu saber, a teoria desenvolvida por ele e pelo grupo, acreditar no professor-pesquisador (ZEICHNER,1992), entendendo a unidade escolar como a unidade básica de mudança e formação. Nesse sentido, a SME/COEI ressalta a necessidade de fortalecer o papel do coordenador pedagógico/ supervisor escolar no desenvolvimento desta ação, bem como construir sua identidade como formador no contexto da unidade escolar, privilegiando os encontros formativos com metodologias que promovam a resolução de problemas reais, vividos na própria unidade, de forma colaborativa. As temáticas discutidas nas formações no contexto são alinhadas com o Programa de Formação da Educação Infantil da rede, a partir da consulta realizada aos professores/coordenadores/assistentes / gestores e do que é observado como necessidade e interesse dos profissionais. 6. Acolhimento das crianças e de suas famílias O início do ano letivo é conhecido pelos profissionais que atuam na Educação Infantil como o período em que acontece a inserção dos bebês e das crianças no cotidiano escolar, embora esta ocorra também em outras circunstâncias, por exemplo: quando há mudanças de professor, de turma, de escola ou de colegas. Neste documento, consideramos o processo de adaptação na perspectiva do professor, do bebê, da criança e da família - protagonistas desse processo - tendo em vista a função da EducaçãoInfantil complementar à da família, o que pressupõe a concretização de uma prática pedagógica integrada (BRASIL, 1996). A inserção do bebê e da criança no cotidiano escolar pode ser entendida como o esforço que ela realiza para permanecer no novo espaço coletivo com adultos e outras crianças, onde as relações, 15Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 brincadeiras e regras são diferentes daqueles do espaço familiar ao qual está habituada. Vale destacar que cada bebê e criança vivencia as experiências de adaptação de uma forma peculiar, ou seja, algumas choram nos primeiros dias e logo param; outras precisam de um tempo maior para adaptar-se ao novo, mostrando-se introspectivas e chorando constantemente. É importante salientar que o choro não é a única manifestação de estranhamento por parte do bebê e da criança, outras reações podem ser identificadas: recusa ou ansiedade na alimentação, vômitos, dificuldade no sono, apatia, febre, mordidas, isolamento e irritabilidade. Assim, os profissionais da Educação Infantil devem compreender que cada bebê e criança tem o seu ritmo e que as reações descritas acima são comuns nessa fase do processo educativo. Na perspectiva do professor, a inserção pode ser considerada sob o aspecto da necessidade de inicialmente conhecer cada bebê e criança e sua família para melhor acolher, aconchegar, proporcionar o bem-estar, o conforto físico e emocional, o que expande significativamente a função e a responsabilidade da unidade escolar que atende crianças de zero a cinco anos e onze meses de idade. Para que o processo de inserção/acolhimento dos bebês e crianças aconteça de forma tranquila e respeitosa é imprescindível que as famílias tenham a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido na unidade escolar: a proposta pedagógica, as rotinas, os projetos, os espaços, os materiais, o cardápio da alimentação e todos os profissionais. A permanência delas na unidade escolar contribui para o conhecimento das características desse período, além de contribuir para melhor acolher os bebês e as crianças. O acolhimento das famílias pela unidade escolar promove maior confiança e sensação de segurança diante desse momento de transição casa-escola dos bebês e das crianças, fortalecendo a relação das famílias com a unidade escolar. Portanto, o modo de organização de cada unidade para atender aos bebês, crianças e famílias facilitará esse processo de acolhimento e inserção no contexto escolar. O horário de funcionamento das unidades escolares de Educação Infantil deverá ser mantido, considerando o direito das crianças e de suas famílias ao atendimento educacional, conforme os horários estabelecidos pela SME: Horário de funcionamento das unidades escolares de Educação Infantil Atendimento parcial Manhã - 7h às 11h Tarde - 13h às 17h Atendimento integral 7h às 17h Seguem as orientações para organização das ações no período de acolhimento, atentando para os bebês e as crianças que ingressam no início do ano letivo, e para as que são matriculadas no decorrer do ano: • O tempo de permanência do bebê e da criança, no período de acolhimento na instituição, deverá ser flexível, mediante acordo com os responsáveis e as necessidades e o bem-estar dos bebês e das crianças; • A presença de familiares na unidade escolar é aconselhável mediante a necessidade dos bebês e das crianças e acordada com o coordenador pedagógico e o professor responsável pelo agrupamento, devendo ser priorizados os espaços externos à sala de referência; • A unidade escolar e seus profissionais deverão proporcionar aos bebês e às crianças vivências que promovam o conhecimento de si, a expressão da individualidade, a ampliação da confiança, a participação nas atividades individuais e coletivas e o bem-estar, facilitando o processo de inserção/acolhimento; • A organização dos espaços da sala em contextos diversificados, em áreas para trabalho coletivo e individual, com a disposição de brinquedos, materiais da natureza e de largo alcance, jogos, livros, revistas, lápis coloridos, massas de modelar, papéis, fantasias, entre outros, são recomendáveis, pois proporcionam 16 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza a construção da autonomia e protagonismo pelos bebês e pelas crianças por meio da oportunidade de poder escolher o que fazer e os pares com os quais mais se identificam para brincar. Lembrando que os materiais devem sempre estar na altura e acessíveis aos bebês e às crianças e que os eixos norteadores das interações e brincadeira devem ser garantidos no planejamento da inserção de cada bebê e criança. O planejamento para as primeiras semanas de acolhimento dos bebês, das crianças e de suas famílias é fundamental para pensar e propor interações de boa qualidade, compreendendo que há uma complexa relação a ser construída com esses sujeitos. 7. Processos de transição do bebê e da criança na Educação Infantil A BNCC (BRASIL, 2017), as DCNEI (BRASIL, 2009), o DCRC (CEARÁ, 2019), a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020) e as Orientações para o Processo de Transição da Criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental (FORTALEZA, 2016) estabelecem a previsão de experiências que proporcionem a continuidade do processo de desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e das crianças. Nesse sentido, para o professor que está lotado nos anos limites de transição escolar – como o berçário, caracterizado, comumente, pela primeira participação do bebê no espaço coletivo de educação; o Infantil III, último ano da criança na creche, e o Infantil V, último ano da criança na Educação Infantil, após o qual irá ingressar no ensino fundamental – recomenda-se que os professores, juntamente com o coordenador pedagógico, planejem sistematicamente estratégias para estabelecer elementos de continuidade e significatividade no processo educativo. Essas estratégias nas transições da Educação Infantil, devem atender às especificidades de desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e das crianças, tais como: a indissociabilidade entre cuidar e educar na prática pedagógica; as interações e a brincadeira como eixos norteadores; o trabalho com sequências didáticas e também com projetos como uma das formas de organização didática, garantindo certas características comuns ao currículo, como a escolha de atividades, tempos e espaços pelos bebês e pelas crianças, a escuta aos seus interesses e saberes, o espírito investigativo na construção dos conhecimentos e a integração das experiências de aprendizagens presentes no artigo 9º das DCNEI (BRASIL, 2009). Assim, bebês e crianças têm a possibilidade de encontrar elementos já conhecidos, que estiveram presentes ao longo da sua trajetória escolar, atribuindo-lhes sentido. Para tanto, é importante que sejam definidas, na proposta pedagógica da unidade escolar, estratégias de articulação curricular, considerando as especificidades da Educação Infantil, sem perder de vista o que há em comum entre os anos que a compõem e os que compõem os anos iniciais do ensino fundamental. Outro importante elemento das transições na Educação Infantil são as denominadas microtransições que acontecem entre uma atividade e outra no cotidiano dos bebês e das crianças. Planejar as microtransições demonstra, por parte dos professores, respeito aos ritmos deles e também uma ética de decidir e compartilhar com eles o que vai acontecer, onde e por que. No quadro a seguir trazemos um exemplo concreto de microtransição planejada: Em uma turma de crianças de Infantil II a professora planejou, entre o tempo do banho das crianças e o jantar, organizar um ambiente com jogos de construção e livros de literatura infantil. Enquanto a assistente levava pequenos grupos de crianças para o banho, as outras crianças brincavam e liam histórias nestes contextos, e um outro grupo de crianças que voltava do banho se vestiu com a ajuda daprofessora. Quando todos estavam banhados e tinham explorado os materiais, a professora pediu que organizassem os brinquedos e livros, pois estava próximo ao tempo do jantar. Após organizarem juntos os brinquedos, as crianças foram convidadas a jantar no espaço do refeitório e a professora combinou com elas que após poderiam escolher outros brinquedos para brincar. 17Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 8. Planejamento pedagógico na Educação Infantil Considerando que a criança é o centro do planejamento pedagógico, a proposição de experiências, necessariamente, deve reconhecer as curiosidades, os interesses infantis e as necessidades dos bebês e das crianças, por meio da escuta, do olhar atento e sensível do professor. A partir da observação das crianças no cotidiano escolar, do diálogo com os colegas docentes e as famílias, o professor atribui sentido e significado à sua prática pedagógica, colaborando para a construção do planejamento pedagógico da turma. É com esse objetivo que a elaboração do planejamento pelo professor de maior e menor carga horária, se configura em uma rota a ser seguida. O planejamento pedagógico da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza é organizado em um instrumental (em anexo) que foi elaborado em parceria com os professores e coordenadores pedagógicos das unidades escolares. O instrumental é estruturado tendo como base as concepções e formas de organização curricular previstos nos documentos mandatórios da Educação Infantil nacionais, estaduais e da Rede: as DCNEI (BRASIL, 2009), a BNCC (BRASIL, 2017), o DCRC (CEARÁ, 2019), a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020). O instrumental traz um arranjo que possibilita o professor especificar: 1) as experiências a serem oportunizadas, 2) o que as crianças podem aprender, 3) o tempo e 4) a organização dos ambientes. As experiências educativas são organizadas considerando os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento (conviver, brincar, expressar, participar, explorar e conhecer-se) e os cinco campos de experiências, de forma não fragmentada, mas entendendo que tanto os direitos quanto os campos perpassam entre si e se complementam. Vale lembrar que o planejamento pedagógico deve considerar os eixos norteadores das interações e da brincadeira. As experiências propostas no planejamento pedagógico estão relacionadas aos acontecimentos do cotidiano e às necessidades de educação e cuidado das crianças. Dessa forma, o professor no seu 1/3 para planejamento, deve organizar as práticas a serem vividas com os bebês/as crianças, respeitando as especificidades da sua turma e as singularidades de cada bebê/criança. Para isso, é preciso recorrer aos registros diários que realiza por meio de escritas individuais sobre as crianças, fotografias, vídeos, desenhos, aúdios, entre outras formas de documentar o vivido. 9. Tempos permanentes e tempos diversificados na Educação Infantil A rotina da Educação Infantil da rede municipal é estruturada pelos tempos permanentes e tempos diversificados, que organizam e integram as experiências educacionais, imprescindíveis nesta etapa, considerando as necessidades e interesses das crianças. Tais tempos estão em conformidade com a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Fortaleza (2020). Os tempos permanentes são imprescindíveis de serem planejados e vividos na rotina da Educação Infantil, seja nas turmas de creche ou de pré-escola. Estes tempos garantem o cuidar e educar em propostas de acolhimento, cuidados pessoais e brincadeiras, são eles: tempo de chegada, tempo de brincar, tempo de roda de histórias, tempo de roda de conversa, tempo de higiene e alimentação e tempo de saída. Os tempos diversificados surgem das interações cotidianas entre crianças e adultos no contexto escolar. As professoras, a partir do que consideram importante para a aprendizagem dos estudantes e pautadas nos documentos legais da Educação Infantil e na escuta atenta aos bebês e às crianças, planejam situações que podem ser: tempo de explorar os brinquedos e objetos, tempo de ler livros, tempo de cantar e dançar, tempo de explorar calendário, tempo de desenhar e pintar, tempo de escrever do jeito que sabe, tempo com água e com areia, tempo de banho de chuveiro e de chuva, tempo de passeios culturais, tempo de explorações nas áreas diversificadas da sala (faz-de-conta, jogos, blocos e construção), assim como outros tempos que garantam a promoção de experiências diversificadas. 18 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza A seguir, são detalhados os tempos permanentes da rotina diária da Educação Infantil indicados pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC). Orientamos que os tempos permanentes devem ficar expostos em cartazes/painéis nas salas de referência, como forma de tornar visível às famílias e à comunidade a rotina pedagógica da Educação Infantil na unidade escolar. Tempos Orientações Chegada O momento da chegada à instituição deve ser proposto atentando para o movimento dos bebês e das crianças que, aos poucos, chegam e se envolvem numa atividade em andamento. Por isso, as atividades propostas para esse tempo não devem constar de início, meio e fim delimitados, como uma roda de conversa ou uma leitura de história, visto que as crianças que chegam após seu início podem ter perdas de informações e, com isso, não se sentirem motivadas a participar. Roda de Conversa A roda de conversa é um momento de partilha e construção de ideias em que as crianças relatam sobre suas experiências vividas, expressam seus desejos, sentimentos, emoções, legitimando seus direitos previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017). No momento da roda de conversa é essencial trazer diferentes narrativas, promovendo as trocas entre as crianças e entre as crianças e o adulto, contribuindo assim para que os bebês e crianças desenvolvam outras formas de pensar o mundo (OLIVEIRA, 2012). (FORTALEZA, 2020) É necessário que o(a) professor(a) de educação infantil compreenda que o desenvolvimento da linguagem de bebês e crianças não ocorre de forma espontânea, mas por meio da mediação dele com diferentes experiências de diálogo com as crianças desde o momento que chegam na unidade escolar até a saída com suas famílias. Dessa forma, uma estratégia importante é uso de perguntas abertas nos diálogos cotidianos ( em que as crianças pequenas possam trazer suas perspectivas, hipóteses e ideias sobre o mundo) possibilitando que elas ajudem a solucionar problemas, expressando suas opiniões e a criarem outras perguntas. No caso dos bebês e crianças bem pequenas, o apoio do(a) professor(a) à criança, usando perguntas fechadas e mais simples ( perguntas onde a resposta pode ser sim ou não), é esperado, todavia é fundamental inseri-las também em diálogos potentes de interação, mesmo que ainda não falem convencionalmente. Assim, planejar perguntas abertas e fechadas nas diferentes situações que for realizar com bebês e crianças é imprescindível para o desenvolvimento integral destes. Higiene e Alimentação Os tempos vividos pelas crianças cotidianamente, como alimentação, sono e higiene precisam ser pensados coletivamente como momentos de construção de aprendizagens pelos bebês e crianças, devendo ser planejados ambientes na perspectiva de respeito às especificidades de cada um. (FORTALEZA, 2020) Habitualmente, acontecem de forma seguida, e estão relacionados à saúde, ao bem-estar da criança, à formação de bons hábitos (lavar as mãos antes de comer, escovar os dentes, comer frutas, legumes); à construção da autonomia (conseguir usar o banheiro sozinha, sem desperdícios; ter a possibilidade de fazer escolhas, por exemplo) e à construção de conhecimentos sobre o mundo físico (aprender sobre as propriedades dos alimentos: cheiro, sabor, forma, cor, textura). As crianças também constroemsua identidade (conhecimento de si) por meio das experiências de cuidado com o próprio corpo. 19Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 Tempos Orientações Brincar Livre O tempo do brincar deve ser pensado como um momento de brincadeira livre, na rotina diária, sendo permitido às crianças escolherem a brincadeira, o parceiro, o enredo, como também dirigir e controlar sua atividade. É a oportunidade de brincar livremente, seja na sala de referência, no pátio, na área verde, entre outros espaços. O papel do professor deve ser o de planejar e propor espaços estruturados, oferecer brinquedos e materiais diversificados, além de brincar juntos, possibilitando tempo suficiente para o desenvolvimento das brincadeiras pelas crianças. Roda de Histórias O tempo da roda de história é um momento de apreciação, fruição, ampliação de repertório literário, de contos de tradição oral e oportunidade de contato com o mundo da leitura e da narração oral. Como um tempo permanente, devem ser pensados, planejados e organizados tempos, espaços, materiais e as interações para as mais diversas situações. Organizar boas situações de leitura e narração de história é sinônimo de criar hábitos para adquirir o comportamento leitor, ampliar vocabulário, instigar a curiosidade, a imaginação, a memória e a percepção da diferenciação entre a oralidade e a escrita. (FORTALEZA, 2020) Saída O tempo da saída, tal como o da chegada, é um momento que envolve trânsito das crianças e suas famílias, que aos poucos se deslocam para retornar às suas casas. Por isso, a atividade proposta para esse tempo também não pode constar de início, meio e fim delimitados, visto que há o risco das crianças não concluírem a atividade no instante em que as famílias vierem buscá-las. 10. Organização dos espaços nas unidades de Educação Infantil A organização do espaço é um elemento constitutivo da rotina diária e influencia na qualidade pedagógica, portanto deve-se oferecer espaços onde os bebês e as crianças tenham prazer em habitar, conviver, aprender e se desenvolver. Crescer em um ambiente desafiador, saudável, prazeroso e acolhedor é direito de todos. Quanto mais possibilidades houver no espaço, mais ele será desafiador e consequentemente auxiliará na autonomia e desenvolvimento integral dos bebês e crianças. O espaço deve ser organizado em função dos princípios éticos, políticos e estéticos, dos objetivos educativos e levando em consideração a estrutura física de cada unidade escolar, visando ao bem-estar de todos que a utilizam. Ao planejar as atividades a ser vivenciadas com bebês e crianças, os professores, com a colaboração dos gestores, precisam considerar que bebês e crianças necessitam de experiências em espaços abertos, ao ar livre, iluminados, arejados, limpos, acolhedores, seguros e amplos para que possam se desenvolver plenamente. É preciso compor os espaços com materiais variados e adequados, e organizá-los de forma que permaneçam ao alcance dos bebês e das crianças, transformando-os em ambientes de brincadeiras e relações. Embora as unidades escolares possuam diferentes estruturas físicas, é importante ressaltar que a dimensão física não é o que determina a boa qualidade das experiências no cotidiano, mas sim as relações éticas com os bebês, as crianças e as famílias. 20 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza Os ambientes de aprendizagem precisam ser planejados de forma a contemplar a triangulação Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento, Campos de Experiências e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento, alinhados com o que traz a Base Nacional Comum Curricular/BNCC(2017). Ressaltamos, também, a importância dos espaços ao ar livre para que os bebês e as crianças possam experienciar vivências em um grande laboratório de aprendizagens investigativas sobre o mundo, pois esse lócus possibilita desafios que ampliam as brincadeiras, a autonomia, a independência, a criatividade e o bem-estar, além de estabelecer novos relacionamentos entre as crianças e entre crianças e adultos de maneira saudável e agradável. 11. Documentação pedagógica A documentação pedagógica é uma estratégia a ser seguida na organização do planejamento nas unidades escolares de Educação Infantil. Baseia-se na abordagem de Reggio Emilia (EDWARDS, GANDINI E FORMAN, 1999) e faz parte das Pedagogias Participativas (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2003). Fundamentada nos valores da democracia, da participação e nos princípios éticos, políticos e estéticos, é uma ferramenta de reflexão educativa e investigativa que escuta os bebês e as crianças, contribuindo em dar visibilidade a uma determinada imagem de criança, de professor e de escola. A documentação pedagógica é uma estratégia que possibilita tornar visíveis as aprendizagens e a originalidade dos processos construtivos dos bebês e crianças, de suas experiências individuais e em grupo, a partir de um processo reflexivo dos registros produzidos no cotidiano, que podem ser textos escritos, imagéticos, filmagens e objetos. Portanto, por sua essência de caráter reflexivo e crítico, essa estratégia é uma ação que amplia a simples coleção de registros das atividades dos bebês e das crianças, para tornar-se uma ação de qualificação da prática pedagógica, de construção de memória e identidade, de compreensão do pensamento infantil, de planejamento e avaliação. A análise desses documentos, ao reunir fatos do cotidiano dos bebês e das crianças da Educação Infantil, permite aos profissionais da educação revisitar as práticas, a fim de compreender melhor as culturas infantis, como acontecem seus processos de aprendizagem e desenvolvimento e como nelas se realiza a leitura de mundo. Esses registros, que são analisados e interpretados pelo coordenador, pelos professores e pelos assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, em um ambiente cooperativo, oferecem condições para entender e transformar práticas e promove um contínuo crescimento profissional. Essa documentação pedagógica deve ser compartilhada com as famílias e com as crianças, já que comunica os processos de aprendizagens das crianças, dando condições de visualizar e participar do trabalho pedagógico, potencializando a parceria com a unidade escolar. A SME/COEI orienta que a documentação pedagógica esteja em evidência como um elemento intrínseco para uma Educação Infantil de boa qualidade, buscando que as práticas pedagógicas pensadas para os bebês e crianças tenham significatividade, continuidade, intencionalidade, ludicidade, diálogo, reflexão, respeito, equidade e cuidado no cotidiano de cada unidade escolar. 12. Documentos norteadores da prática pedagógica1 Na Rede Municipal de Ensino de Fortaleza elaboramos, com a participação dos docentes e gestores, ao longo dos últimos anos, um conjunto de documentos norteadores para as práticas pedagógicas dos profissionais que atuam na Educação Infantil e que visam contribuir na organização cotidiana do trabalho a ser realizado na unidade escolar. A saber: 1 Alguns destes documentos poderão ser encontrados no site do Canal Educação. 21Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 1. Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2020); 2. Orientações para Práticas Pedagógicas de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2016); 3. Experiências de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil (2016); 4. Orientações para o processo de Transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental (2017); 5. A criança e seu nome: Identidade, Expressão e Escrita na Educação Infantil (2017); 6. Projeto Ateliê: Uma tessitura protagonizada pela triangulação família, escola e criança (2020); 7. Aprendizagem e Desenvolvimento Socioemocional na Educação Infantil (2022); 8. Os bebês no cotidiano da Educação Infantil: orientações para PráticasPedagógicas na Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2022). 9. Apresentamos abaixo os referidos documentos e as orientações para sua utilização: Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza É o principal documento norteador para orientar as práticas pedagógicas cotidianas nas unidades de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino, contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços educacionais prestados pelas unidades escolares que atendem bebês e crianças de zero até 05 (cinco) anos e 11 (onze) meses de idade, reafirmando o compromisso com o currículo, princípios, aprendizagens e desenvolvimento dos bebês e das crianças e refletindo as transformações nas concepções de criança, infância, práticas pedagógicas e a garantia dos direitos de aprendizagem. Orientações para Práticas Pedagógicas de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza Tem a finalidade de promover a ação-reflexão-ação do professor a respeito da sua prática pedagógica de oralidade, leitura e escrita na Educação Infantil, por meio de questionamentos sobre os ambientes, as práticas pedagógicas e o desenvolvimento e aprendizagem do bebê e da criança. Dessa forma, o referido documento expressa-se e ganha sentido para cada professor a partir do contexto escolar em que trabalha. Experiências de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil Objetiva a socialização das experiências desenvolvidas no contexto da formação continuada e das práticas pedagógicas com crianças para contribuir com a reflexão dos docentes e gestores sobre a melhoria da qualidade das experiências vivenciadas na Educação Infantil. Orientações para o processo de Transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental Objetiva orientar os profissionais da Educação Infantil quanto ao processo de transição dos bebês, das crianças e suas famílias, propondo ações interventivas que favoreçam esse processo numa perspectiva de continuidade da promoção de experiências educativas qualificadas, respeitando os ritmos e as necessidades de cada bebê e criança. A criança e seu nome: Identidade, Expressão e Escrita na Educação Infantil Documento produzido com o objetivo de embasar a prática docente sobre a importância da interação da criança com o próprio nome, em todo o seu percurso na Educação Infantil, tendo em vista que o nome influencia na construção identitária, na expressividade e no processo de aquisição da escrita. Projeto Ateliê: Uma tessitura protagonizada pela triangulação família, escola e criança Este documento tem o intuito de apresentar as especificidades do Projeto Ateliê, bem como contribuir para o percurso formativo dos profissionais da educação, valorizando as manifestações do Protagonismo compartilhado através da triangulação família-criança-escola. 22 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza Aprendizagem e Desenvolvimento Socioemocional na Educação Infantil Este documento apresenta discussões e concepções como forma de subsidiar o trabalho dos professores, para que tenham consciência e conhecimento sobre a importância de colaborar com o desenvolvimento socioemocional das crianças desde a mais tenra idade e, partir disso, reconheçam e oportunizem, nas práticas pedagógicas cotidianas, situações que contribuam para a ampliação dessas aprendizagens. Os bebês no cotidiano da Educação Infantil: orientações para Práticas Pedagógicas na Rede Municipal de Ensino de Fortaleza Este documento representa uma ação inovadora no cenário da nossa capital, destacando reflexões teóricas sobre o trabalho pedagógico específico voltado à faixa etária dos bebês (0 a 18 meses) atendidos nas unidades escolares (Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras). Além desses documentos orientadores e norteadores das práticas pedagógicas, existem os documentos institucionais, os quais constituem referência para os registros necessários ao processo educativo desenvolvido no dia a dia das unidades, que devem ser concretizados no planejamento pedagógico e na avaliação do desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e das crianças. A saber: check Diário de Classe; check Registro diário do professor da Educação Infantil. Apresentamos abaixo os referidos documentos e as orientações para sua utilização: Diário de Classe Tem a finalidade de registro da frequência escolar das crianças, dos dias letivos ministrados e a recuperar pelos professores, dos relatórios semestrais, constituindo-se documento permanente e devendo ser arquivado na instituição. Registro Diário do Professor da Educação Infantil Objetiva a organização da prática de documentação pedagógica do professor, a partir dos registros de planejamento e do acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem das crianças. Na Rede Municipal de Educação de Fortaleza existem também instrumentos institucionais destinados à avaliação e ao acompanhamento do desenvolvimento e da aprendizagem do bebê e da criança. A saber: • Registro de observação do bebê e da criança - realizado na forma de anotações diárias pelo professor, juntamente com os demais tipos de registros, fornecerá subsídios para a posterior elaboração dos relatórios semestrais. Os registros devem ser produzidos no dia a dia, de modo prático, no sentido de permitir a memória dos fatos vividos pelo bebê e pela criança. Para isso, é necessário que esses registros sejam datados e, posteriormente, que sejam acrescidos, complementados com a percepção do professor sobre os fatos observados. Tal orientação se faz fundamental para que as informações evidenciam o percurso escolar do bebês e da criança e ganhem projeção, a partir do olhar atento do professor, e não se percam na memória. Os registros sobre a prática pedagógica necessitam ser realizados com frequência, preferencialmente um registro semanal de cada criança, tendo ao final da semana o registro de todos as crianças da sua turma. Vale ressaltar que os fatos ocorridos com determinados bebês e crianças que não estão no foco da observação diária e que chamem a atenção, também podem ser registrados. • Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e à Aprendizagem da Criança - é uma das ferramentas de avaliação que auxilia gestores(as), professores(as) e famílias a refletirem e acompanharem os processos de desenvolvimento e aprendizagem de bebês e crianças no contexto das unidades escolares. O documento está organizado a partir dos objetivos de aprendizagem para os três grupos etários (bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas) que vivenciam a Educação Infantil, com base nos direitos de Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se, expressos na Proposta Curricular para a 23Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 Educação Infantil do município de Fortaleza (2020) e alinhados à Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017). Ao final do 1º e 3º bimestre, o professor irá indicar as aprendizagens desenvolvidas e em construção pelos bebês e crianças, com base nas observações realizadas e registradas no Registro Diário do Professor da Educação Infantil. Esses registros subsidiarão a elaboração dos relatórios semestrais que contêm a descrição do processo de desenvolvimento e aprendizagem e as intervenções realizadas pelo professor. Seguem as legendas que compõem o Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e à Aprendizagem da Criança, auxiliando o professor na indicação da situação de aprendizagem do bebê e da criança: Legenda Definição Comentário S Sim Indica que a criança tem expressado essa aprendizagem com autonomia nas experiências ou ações propostas, seja sozinha ou na interação com seus pares e/ou com adultos. EAV Expressa algumas vezes Indica que a criança expressa essa aprendizagem em determinadas experiências ou ações, e em outros momentos não expressa. ANE Ainda não expressa Indica que a criança não expressa determinadas aprendizagens propostasno contexto escolar. ANV Ainda não vivenciou Indica que a experiência ou ação ainda não foi oportunizada à criança no contexto escolar. A partir dos procedimentos de avaliação (registros de observações e registros de acompanhamento) que indicam a situação do bebê e da criança no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, conforme sua faixa etária, o professor deverá criar estratégias que ampliem o desenvolvimento do bebê e da criança, atuando como apoio nas aprendizagens que estão em processo de consolidação. A socialização do Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança com as respectivas famílias deverá ocorrer segundo a data prevista no calendário do ano letivo de 2023. No final do ano letivo, esse instrumental deverá ser entregue às famílias, cabendo à unidade escolar providenciar uma cópia para ser arquivada na pasta do bebê e da criança. • Elaboração dos Relatórios Semestrais - os registros do cotidiano, de cada criança no contexto da unidade escolar, deverão ser sistematizados em relatórios semestrais (orientações no anexo 2), contendo a síntese das análises, das interpretações e das reflexões, sobre as informações coletadas por meio de diversos outros registros, como as produções dos bebês e das crianças - desenho, escrita, pintura, modelagem, fotografia - que ampliam significativamente o olhar do professor, dando visibilidade ao percurso escolar do bebê e da criança e ao trabalho do professor. A frequência de consolidação dos relatórios é semestral e estes devem ser registrados ou anexados ao Diário de Classe, totalizando dois (2) relatórios anuais por estudante: check 1º semestre - Relatório Individual Semestral check 2º semestre - Relatório Individual Semestral 24 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza O professor, ao sintetizar o processo vivido pelo bebê e criança, apresenta-se como parte desse processo, numa ação reflexiva, desvelando também o trabalho pedagógico desenvolvido. Para isso, é necessário conter no relatório semestral a observação crítica das atividades, das brincadeiras e das interações dos bebês e das crianças no cotidiano, assim como das suas falas, das descobertas e das conquistas a partir das diversas experiências vivenciadas na unidade escolar. Compreendendo que cada um apresenta peculiaridades no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, o relatório deve considerar o dinamismo desse processo, relatando os fatos cotidianos significativos, as múltiplas expressões, as falas e ideias, os progressos e as dificuldades. Esse relatório deverá ser socializado com as famílias no período de 1/3 da jornada docente, de acordo com as datas previstas no calendário do ano letivo de 2023, para conhecimento dos processos de aprendizagem e desenvolvimento e do trabalho realizado na unidade escolar, sendo uma via entregue às famílias, uma anexada ao Diário de Classe e outra à pasta de documentos do bebê e da criança. Vale ressaltar que nos casos de substituição do professor, em qualquer período do ano letivo, este deverá elaborar os relatórios antes de ausentar-se, bem como preencher registros de acompanhamento, visto que participou do processo de desenvolvimento e aprendizagem durante aquele período e é conhecedor dele. Mesmo que o bimestre ou semestre não tenha sido concluído, a elaboração dos relatórios é imprescindível para socialização dos conhecimentos acerca do bebê e da criança com o novo professor da turma, assim como para situá-lo na trajetória escolar de cada um e da turma da qual fará parte. É importante que as práticas de registro e de documentação pedagógica presentes nas unidades escolares de Educação Infantil sejam aprimoradas por meio da produção e organização da memória das conquistas dos bebês e das crianças, bem como da valorização do trabalho docente ao evidenciar o seu percurso formativo na turma. • Acompanhamento da aprendizagem do nome próprio na pré-escola (Infantil IV e V): para acompanhar o processo de escrita do nome pela criança da Educação Infantil, a SME/COEI, em parceria com os Distritos de Educação e as unidades escolares escolares, realiza o acompanhamento da aprendizagem do nome próprio com as crianças das turmas de Infantil IV e V. Esse acompanhamento consiste na ação pedagógica cotidiana de compreender o percurso da aprendizagem da escrita/leitura do nome próprio pelas crianças desde a sua inserção na instituição educativa. O instrumental de acompanhamento tem como objetivo registrar o percurso evolutivo das aprendizagens das crianças sobre o seu nome de acordo com as atividades vivenciadas no cotidiano, através do trabalho pedagógico realizado, levando em consideração a identidade, a expressão e o processo de escrita do nome, sem a necessidade de um momento exclusivo para isso. Esse registro possibilita a reflexão sistemática pelos(as) professores(as) sobre sua prática em relação aos processos de leitura e escrita na Educação Infantil, bem como o desenvolvimento de ações que promovam a aprendizagem do nome próprio como um direito da criança. O instrumental é uma ferramenta de pesquisa quantitativa e qualitativa para conhecer o percurso de aprendizagem da escrita do nome próprio pela criança da Educação Infantil, possibilitando a reflexão, a avaliação das ações e a proposição de políticas de formação dos profissionais comprometidos com a qualidade do ensino nessa etapa da educação. Assim, compreendemos que essa aprendizagem não deve ocorrer de modo mecânico, por meio de repetições, cópias e treinos que desrespeitam a especificidade e o interesse da criança e o seu direito de participação, de expressão e de escolhas. As atividades promovidas devem permitir à criança conhecer, identificar e pensar sobre o seu nome e os dos colegas, motivando-a a experimentar os desafios propostos, incluindo o de sua grafia escrita, acreditando sempre que seus esforços e conflitos são constituintes da construção do conhecimento de si e do mundo. 25Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 13. Programas e projetos desenvolvidos pela Rede Municipal De Ensino De Fortaleza Dentre as ações desenvolvidas pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza que contribuem para o fortalecimento da qualidade da educação e para a valorização do serviço prestado por todos os profissionais que a compõem, estão os Programas e Projetos que oportunizam diversas aprendizagens e a participação de todos os protagonistas da Rede: bebês, crianças, profissionais e famílias. Na Educação Infantil destacamos os seguintes Programas e Projetos: • Programa Ateliê: oportuniza ao bebê e à criança o exercício das suas autonomias e competências, por meio de experimentações que favorecem seus percursos criativos, bem como busca uma formação holística dos profissionais, que priorize corpo, mente, razão e sensibilidade como dimensões intrínsecas ao ser humano. O Programa Ateliê também possui o objetivo de fortalecer a triangulação escola, família e criança. • Programa Intergeracional: objetiva promover a integração e o respeito entre as gerações, fortalecendo o convívio entre bebês, crianças e idosos, sensibilizando a sociedade sobre a importância e valorização da vida, além de facilitar a integração social. • Projeto Protagonismo Infantil: objetiva evidenciar as múltiplas linguagens dos bebês e das crianças, por meio do fazer artístico, promovendo ações que fortaleçam a participação, escuta e valorização da voz da criança na sociedade, bem como a vivência de experiências com a arte de forma lúdica. • Projeto Família e Escola: o principal objetivo desse projeto é estreitar e fortalecer a parceria entre as famílias e as unidades escolares, visando ao desenvolvimento integral, à garantia dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento e ao bem-estar dos bebês e das crianças. 14. Sala de inovação e tecnologias A sala de inovação e tecnologias na Educação Infantil é um espaço de referência na unidade escolar, organizado em contextos
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