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1 TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO POLICIAL 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2. INVESTIGAÇÃO POLICIAL E SEU FUNDAMENTO JURÍDICO .......................... 5 3. DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................................. 7 3.1 Tipos de Investigação .................................................................................... 7 3.2 Dos Meios Dinâmicos da Investigação ......................................................... 10 3.3 Da Nova Tecnologia ..................................................................................... 12 3.4 Recognição Visuográfica de Local de Crime ................................................ 13 4. DAS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS................................................................. 14 5. “GEOFENCING” COMO TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ................. 17 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO O presente estudo trata das modernas técnicas de investigação policial, tema este de suma importância no trabalho investigativo atual e de necessidade social, bem como, trata das ferramentas disponíveis de investigação utilizadas no contexto da apuração criminosa. Importante salutar que as mentes criminosas estão em constante evolução, utilizando-se das mais modernas tecnologias para a prática de crimes, tais como; dispositivos eletrônicos utilizados em fraudes, equipamentos tecnológicos disponíveis para uso domésticos (drones), Smartphones (whatsApp), etc., e, por isso, a polícia e seus agentes devem manter constante aprimoramento, instrução e acompanhamento na evolução tecnológica no intuito de combater certos tipos de crimes. Portanto, o conhecimento e o aprimoramento da utilização modernas técnicas utilizadas na investigação, faz com que a coleta de dados, vestígios e indícios, bem como, a análise do conjunto probatório seja realizada com a cautela devida para que o profissional atue legalmente e de forma técnica. Dessa forma, a coleta dos elementos probatórios evidencia uma ação penal mais exitosa com riqueza de detalhes. O objetivo desse é aclarar o tema central das “Modernas Técnicas de Investigação Policial e suas Inovações”, traçando os sistemas já disponíveis e em utilização, além das alterações legislativas no combate e controle da repressão de criminosos, viabilizando o uso da tecnologia pelo policial no âmbito de suas diligências para a coleta de provas mais eficazes e objetivas para a averiguação de existência de infrações penais e a autoria. 4 A fim de demonstrar o sistema penal investigativo e suas modernas técnicas de investigação bem como suas inovações legislativas na atribuição da atividade de polícia judiciária, utilizaram-se no presente dados constantes em bibliografias reconhecidas, pesquisas na internet, dados em pesquisas já existentes, e que fossem reconhecidas, materiais de jornais, periódicos e materiais de núcleos e institutos especializados em normas criminais e investigação policial. 5 INVESTIGAÇÃO POLICIAL E SEU FUNDAMENTO JURÍDICO Figura 2 Investigação “é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa”.Ou seja, investigação criminal pode ser definida, como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção acerca da materialidade, de autoria ou participação referente a um fato tido como criminoso. A investigação Policial realizada pela Polícia Civil é dirigida pela Autoridade Policial com auxílio de seus agentes. Sua previsão legal consubstancia-se no artigo 144, § 4º da Constituição Federal: Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvadas a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. O Código de Processo Penal vigente reproduziu então em seu art. 4º: "A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais nos territórios de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria." E, por sua vez, a Constituição Estadual de São Paulo também expressou no artigo 140: À Polícia Civil, órgão permanente, dirigida por delegado de polícia de Carreira, bacharéis em direito, incumbem, ressalvada a competência da União as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 6 As disposições a serem seguidas nas investigações de modo geral estão expressas no art. 6° do Código de Processo Penal – Logo que tiver o conhecimento da prática da infração penal, a autoridade Policial deverá: I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV – ouvir o ofendido; V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII – determinar se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX – averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. Existem ainda, outros atos de investigação criminal em leis esparsas, como, por exemplo, a obtenção de informações bancárias, fiscais e financeiras, a realização de interceptação de comunicações telefônicas e dados conforme dispõe a Lei 9.296/1996, a infiltração de agentes de polícia ou de inteligência, prevista na lei que pune o crime organizado Lei 12.850/13 e Lei de drogas 11.343/2006, etc, porém, este assunto deve ser explorado com mais profundidade no estudo específico da cada lei. 7 DA INVESTIGAÇÃO A Senasp, no Curso de Investigação Criminal , conceitua Investigaçãocriminal como “um conjunto de procedimentos do qual participam vários conhecimentos (interdisciplinar). Esse processo tem a coordenação direta ou indireta da autoridade policial, de forma integrada e complementar”. E os dados tanto poderão ser coletados de vestígios deixados em objetos relacionados com a prática do delito, como do depoimento de pessoas que, de alguma forma, têm ou tiveram algum vínculo com o fato investigado. 1. Tipos de Investigação Figura 2 José Frederico Marques esclarece que há três categorias de investigação que são: administrativas: com auditorias e levantamentos internos, mediante procedimentos administrativos; legislativas: no Poder Legislativo, nos termos da legislação, com as Comissões Parlamentares de Inquérito, apurando fatos que envolvam a função do parlamentar; judiciárias: apuração de faltas funcionais de seus servidores, utilização de bens confiados a eles. Enfim, esses são exemplos da abrangência investigativa inserida em todos os campos da atividade humana. 8 Mas, dentro dessa abrangência, não se pode deixar de citar os métodos de investigação que são: lógica, dedutivo, analógico indutivo, intuitivo, da lógica absurda, presunção, hipótese, convicção e certeza, e, segundo Luiz Carlos da Rocha: Na investigação de natureza policial, metodologia é a técnica de adestramento do agente, civil ou militar, para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades psíquicas e de ação, de observar e raciocinar sobre um fato que está apurando e de realizar o seu trabalho com segurança e precisão. Dentro da investigação, através da metodologia, ou seja, do caminho a se chegar a um fim, nada se consegue quando se age de maneira desordenada. A investigação policial necessita, portanto, de um método orientador e disciplinador para se chegar ou se concluir o trabalho. Pode-se então compreender que a investigação policial utilizará os seguintes métodos de raciocínio: a) lógica: é um método que se utiliza da ciência que ensina a pensar corretamente. b) dedutivo: análise de premissas (raciocínios elementares). Cobra explica, por meio de exemplos, que: “a descoberta de determinado tipo de poeira, no calçado de alguém ou num veículo, pode autorizar a conclusão de que aquela pessoa ou veículo passaram por determinado local.” c) analógica: conforme Cobra, raciocina-se por analogia, fazendo-se comparações. As semelhanças de circunstâncias entre casos distintos podem conduzir a resultados idênticos, razão pela qual o investigador deve examinar o modus operandi dos delinquentes, pois criminosos habituais agem frequentemente do mesmo modo, com o emprego de semelhantes recursos, propiciando o emprego do método analógico. d) indutivo: Esse método desenvolve-se através de um raciocínio que parte do particular para o geral, porém qualquer conclusão obtida por esse método pode acabar sendo refutada, por generalizar. e) intuitivo: explica Rocha, intuição é a visão direta de alguma coisa, o conhecimento de algo independentemente de raciocínio lógico, porém, que não pode ser confundido com palpite, devendo seu emprego ser reservado para situações ausentes de outras possibilidades. 9 Cobra define como pressentimento, que pode ser sensível: ocorre através da comunicação do homem com o meio, através dos sentidos ou insensível: um presságio, palpite ou adivinhação. f) Da lógica absurda: é um método aplicado em situações que são apresentadas de forma insólitas ou alegóricas, estranhas, como em depoimento ou denúncias sem nexo, ou utiliza referências a apelidos ou gírias de outras regiões do país, ou, crianças que não se expressam bem, nesses casos, o investigador deverá ficar atento, com a mente aberta e intuitiva, para captar e entender as mensagens ou informações que lhes chegam codificadas. g) Presunção: é a operação mental baseada nos aspectos do que se vê, ouve e sente, levando o interessado a elaborar uma proposta que o induz a seguir para determinado caminho, tendo-o como verdadeiro, desde que não haja prova segura em contrário, é um juízo baseado nas aparências e que conduz a uma suspeita, o investigador aceita determinada conduta. h) Hipótese: é uma conjectura não muito segura, dúbia, contudo, poderá ser considerada provável se relacionada com a questão em apreço. Segundo instrui Coriolano Nogueira Cobra“excluídas as hipóteses repelidas, ficam aquelas correspondentes com a realidade. Destas, algumas vão permitir convicção e outras, certeza”. Ao tomar conhecimento de circunstâncias ou detalhes o policial convence- se de que fato ocorreu ou teria ocorrido desta ou daquela maneira. É uma suposição duvidosa, mas não improvável. i) Convicção: diante de dados ou matérias subjetivas como suporte à conclusão das investigações, tais como depoimentos das testemunhas ou confissões dos interrogandos, por mais claros ou detalhados que possam ser, tem-se a convicção, pela falta de elementos materiais, que servirão de apoio àquelas peças, ou seja, quando os elementos probatórios forem de ordem subjetiva. j) Certeza: Ocorre quando o conjunto de provas materiais conduz à conclusão absoluta sobre aquele caso estudado ou investigado; podendo, inclusive, os elementos subjetivos se somarem aos elementos objetivos. Aí sim, os depoimentos e confissão, agregados ao estudo, coroarão com êxito os trabalhos de Polícia Judiciária. 10 2. Dos Meios Dinâmicos da Investigação A investigação tem por finalidade o alcance de informações sobre determinados fatos ou coisas, o mesmo ocorre na investigação policial que detém sua essência e o exercício da inteligência para chegar à autoria de um crime, diante de tal informação. Consideram-se fundamentais os recursos de “campana” ou vigilância, pois, segundo o professor Coriolano Nogueira Cobra campara: É expressão de gíria que significa observação discreta, para conhecer os movimentos de pessoa ou pessoas ou para fiscalizar a chegada ou aparecimento de alguém, ou ainda, seguimento de alguém de modo discreto para conhecer seus movimentos e ligações. Na campana também há a vigilância discreta que nada mais é do que o acompanhamento reservado, na condução para obter dados de hábitos, amizades, postura, lugares que frequenta a pessoa que está sendo investigada, sendo necessário promover ações para não se perceber a conduta investigatória, portanto, campana ou vigilância tem as seguintes finalidades: observação discreta nas imediações de um lugar para conhecer; Movimento de pessoas; fiscalização de chegada ou aparecimento de alguém. Este tipo de atividade pode ser utilizado por policiais ou marginais: Por policiais – para o deslinde de uma investigação ou constatação de procedência de informação. Por marginais – para outros fins, angariar vítimas em potencial ou em imóveis para empreitada criminosa. Quanto à dinâmica da campana, ela pode ser: Campana estática ou parada: observância de um lugar através de outro lugar, no intento de lograr êxito em atitudes provenientes ou indicadoras de prática criminosa, pode também ser Campana móvel ou de segmento: na vista de suposto agente criminoso, parte- se ao seu encalço. Pode ser: a pé ou com veículo. Outro meio dinâmico de Investigação é a Penetração e a Infiltração. Luiz Carlos Rochaesclarece que “penetração é a tática de ingresso em determinados recintos, mediante vários artifícios, a fim de obter informações ou provas”. Já a infiltração é a introdução do policial em determinados meios, onde conviverá temporariamente, em busca de elementos úteis para as investigações. 11 Também são recursos que o policial civil pode fazer uso, mas ambas são atividades de alto risco. A diferença entre elas é que na penetração o policial não mantém relacionamento com as pessoas, enquanto que na infiltração mantém-se este relacionamento.Segundo o Manual Operacional do Policial Civil, a infiltração divide-se em simples e complexa. A infiltração simples ocorre normalmente nos estabelecimentos industriais e comerciais, sempre com o conhecimento da vítima, tendo como finalidade identificar funcionários que praticam furtos continuados ou forneçam informações técnicas para concorrentes da firma em que trabalham ou que sabotem equipamentos, produtos etc. A infiltração complexa, é empregada nas investigações contra a criminalidade organizada, deve ser realizada por policiais experientes e treinados, com alta presença de espírito, corajosos e conhecedores de técnicas de defesa pessoal. Com o advento da Lei 10.217, de 11 de abril de 2001, a infiltração por agentes da Polícia em investigações passou a ser permitida, desde que mediante autorização judicial, estritamente sigilosa e que permanecerá nesta condição enquanto perdurar a operação, preservando o sigilo até final da conduta. Técnica esta, prevista atualmente na Lei n° 12.850/13 que prevê o conceito de Organização Criminosa e demais meios extraordinários de investigação. Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. (...) 12 3. Da Nova Tecnologia Um novo equipamento vem sendo utilizado em cenas de crimes. Desenvolvido nos Estados Unidos da América, Reino Unido e Japão, tem se popularizado no Brasil à medida que vem se tornando realidade para os diversos institutos de identificação de cada Unidade Federação. É o que pode revolucionar as técnicas investigativas atuais. Essa Tecnologia é chamada AFIS (Automated Fingerprint Identification), ou seja, Sistema de Identificação automatizada de Impressões Digitais. O AFIS é usado para comparar uma impressão digital com impressões previamente arquivadas no banco de dados do sistema. O Sistema AFIS é exclusivo para impressões digitais, promoveu uma quebra de paradigma no contexto da perícia papiloscópica, ele substitui a pesquisa manual pelas pesquisas automatizadas, ou seja, as pesquisas de impressões digitais tornaram-se mais céleres e o banco de dados mais seguro. Esse equipamento tecnológico visa garantir maior precisão das cristas papilares das impressões digitais, através de um escaneamento (equipamento Live Scan), dispensa o uso de papel. A parte mais importante do AFIS é a conversão, ou seja, a digitalização por dispositivo óptico específico e arquivado na base do sistema. Envolve milhões de impressões digitais. Há dois tipos de registros na base de dados do AFIS: Milhares de impressões que estão arquivadas no sistema convencional; Novas impressões adquiridas diariamente. Ambas agrupadas numa única base de dados. Duas funções podem ser executadas pelo AFIS: Pesquisar registro de prisão de uma pessoa; Pesquisar com habilidade banco de dados de impressões similares à cópias latentes encontradas em locais de crime. Segundo a Senasp os sistemas biométricos são “os métodos automatizados para a verificação ou reconhecimento da identidade de uma pessoa viva baseado numa característica física ou comportamental.” Os sistemas biométricos não são capazes de determinar uma identidade verdadeira, mas são capazes apenas de relacionar uma pessoa a um determinado padrão biométrico, isso quer dizer que não é um substituto dos serviços papiloscópicos ou dos serviços periciais. 13 4. Recognição Visuográfica de Local de Crime Outra técnica imprescindível de investigação nos tempos de hoje é o relatório da Recognição Visuográfica, essa técnica é a semente da futura investigação, levando-se em consideração o seu dinamismo e praticidade. Traz em seu bojo desde o local, hora, dia do fato e da semana como também condições climáticas então existentes, além de acrescentar subsídios coletados junto às testemunhas e pessoas que tenham ciência dos acontecimentos. Traz ainda à colação, minuciosa observação sobre o cadáver, identidade, possíveis hábitos, características comportamentais, sustentadas pela vitimologia, além de croqui descritivo, resguardados os preceitos estabelecidos no artigo 6º, I, do Código de Processo Penal. Figura 3 Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (...) 14 DAS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS Na Polícia Civil Paulista existe várias ferramentas disponíveis de aplicabilidade para a investigação policial. Todas elas aptas a enriquecer o Inquérito Policial e os Relatórios de Investigação. São ferramentas que permitem a extração de elementos informativos, sobre o envolvimento em delitos anteriores de suposto infrator, veículo envolvido em certas ocorrências, características de certas pessoas, modus operandi, etc. São elas: a) RDO (Registro Digital de Ocorrência): principal fonte de alimentação de dados da Polícia Civil. É o sistema de elaboração e armazenamento de Boletins de Ocorrência. Geralmente é através do Boletim de Ocorrência que se inicia uma investigação, por isso, deve ser devidamente preenchido, ricos em detalhes, tais como: inserção de testemunhas, objetos relacionados com o crime, telefones dos envolvidos, endereços completos, cautela e inserção correta da localização do fato, etc. Esse sistema é interligado ao sistema Prodesp que é detentor da base de dados da Polícia Civil. Todos os Boletins de Ocorrência registrados ficam gravados em rede e não apenas em um computador, inclusive os Boletins de Ocorrência elaborados pela própria vítima através da internet, estes denominados BOE (Boletim de Ocorrência Eletrônica), que é elaborado pela própria vítima, através do sítio eletrônico (www.policiacivil.sp.gov.br). O RDO é, portanto, um sistema para as investigações, tendo em vista que através da inserção dos dados preliminares na sua confecção, é possível verificar informações exatas, referentes a pesquisas e registros civil, criminal sobre os envolvidos bem como veículos ou armas. b) PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo): empresa de longa parceria com a Polícia Civil. Realiza o gerenciamento de diversos bancos de dados de informação, tais como: cadastro criminal, civil, Detran, permitindo consultas de CNH (Carteiras Nacionais de Habilitação), placas de veículos e situação administrativa dos mesmos etc. A Prodesp, também permite certas consultas de dados cadastrais de outros Estados, por exemplo; numeração de motor, placas de veículos para verificação de queixa de furto ou roubo. 15 c) ÔMEGA: é um programa que unifica as doze principais bases de dados do país, usa o banco de dados do RDO, DETRAN (CRLV, CNH e multas), DE (Delegacia Eletrônica), Junta Comercial, Disque-Denúncia, Infocrim, Phoenix, cadastros civil e criminal e outros. Possui uma ferramenta chamada “investigador virtual”, na qual são inseridos os dados que o policial está procurando e, quando surgir determinada ocorrência, envolvendo aquela informação que foi registrada, o policial solicitante será informado. Também analisa na pesquisa o “modus operandi”, logradouros, tipos de crimes, pessoas, etc., ou seja, é possível ainda realizar uma pesquisa de referência geográfica, ou seja, um mapeamento regionalde crimes. d) PHOENIX: é um sistema de cadastro estadual de fotos criminais acessado pela intranet, alimentado com os dados inseridos no equipamento denominado SPISPHOTO disponível em todas as seccionais e sedes de departamentos. Nessa máquina são coletadas fotos de frente e perfil, impressões digitais, dados somáticos, sinais peculiares e amostras de voz, além de criar retrato falado de criminosos. O indivíduo ao ser fotografado tem dez pontos em seu rosto considerados imutáveis, mesmo com cirurgias plásticas ou envelhecimento. O programa permite também a inserção de dados somáticos, incidência penal do indivíduo, características físicas básicas, tais como; tatuagens, deformações no corpo, cor da pele, olhos, tipo de rosto, cicatrizes juntando-se à base de dados do RDO, que por sua vez gera o Boletim de Identificação Criminal Eletrônico (BICE) que é enviado ao I.I.R.G.D. (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt). e) INFOSEG: Rede Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, seu objetivo principal é a integração dos dados de indivíduos criminalmente identificados, de armas de fogo, de veículos, de condutores, de Cadastro de Pessoas físicas (CPF) e de Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJ), entre todas as Unidades da Federação. É um programa do Ministério da Justiça, que permite o acesso ao cadastro de contribuintes da Receita Federal. f) ALPHA: é acessado também pela intranet da Polícia Civil. Esse sistema contém a base de dados civil do estado e exclusiva da Polícia Civil de São Paulo. Contém os dados para a emissão da Cédula de Identidade, a fotografia e a ficha decadactilar, ou seja, as impressões digitais do indivíduo e endereço. Possibilita a pesquisa através do nome do pai, mãe, nome e número de cédula de Identidade, além disso, caso o indivíduo seja preso em São Paulo, conterá o número de identidade criminal, que fica vinculado ao número de identidade civil. Esse sistema tem por 16 finalidade servir de confronto das impressões digitais colhidas em qualquer unidade policial com aquelas arquivadas na base de dados do sistema. g) INFOCRIM: é o Sistema de Informações Criminais, gerador de estatísticas criminais, com opção de buscas por logradouros, partes e delitos, sendo alimentado pelos dados inseridos no RDO. Este programa pode gerar mapas indicativos dos logradouros onde ocorrem os delitos, indicando também dia da semana e horário de maior frequência norteando, com isso, as ações preventivas especializadas. Esse programa permite às polícias o mapeamento das regiões com maior incidência criminal. Juntos RDO e INFOCRIM criam para as polícias o chamado mapa da criminalidade, pelo qual é possível estabelecer os pontos onde há maior ocorrência de crimes, separando por cidades, bairros, ruas, dia e horário. Com base no mapa da criminalidade, a Polícia Militar realiza o Plano de Policiamento Inteligente (PPI) e, então, traça o roteiro de cada viatura após consultas dos dados armazenados e distribui, portanto, o Cartão Prioridade de Patrulhamento (CPP), para que as viaturas patrulhem a área com maior incidência criminal. A Polícia Civil com base no RDO, Infocrim e demais sistemas inteligentes, atua com o cruzamento desses dados na busca de suspeitos que têm a mesma forma de atuação. h) FOTOCRIM: Esse programa foi criado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo e é alimentado com qualificações e fotografias de frente e de perfil dos criminosos bem como com fotografias de tatuagens e cicatrizes registradas de ângulos diferentes. Indicando também o crime que cometeram e se agiram com parceiros. É possível o acesso pela Polícia Civil do Estado de São Paulo através do Infocrim. i) DETECTA: É um sistema inteligente de monitoramento de crimes do Estado de São Paulo, que emite alarmes automáticos e traz avanços em agilidade e cruzamento de informações. O Detecta foi desenvolvido pela Microsoft e pela polícia de Nova York, para ações contra o terrorismo na cidade americana e também passou a ser utilizada no combate a outros tipos de crime. É a primeira vez que o sistema é utilizado fora de Nova York. Um dos pontos importantes desse sistema é que o alerta para a polícia civil pode decorrer em razão da existência de um crime com as mesmas características dos outros que já estão sendo investigados, mesmo que ocorra em regiões diferentes ou em outras cidades. Esse sistema integra todas as informações criminais que estão à disposição. 17 “GEOFENCING” COMO TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL Por larga maioria, em 26 de agosto de 2020, ao julgar o RMS 62.143/RJ, a 3ª Seção do STJ decidiu que o Google deve cumprir ordem judicial proferida por juiz de Direito fluminense, que determinou o fornecimento ao Ministério Público e à Polícia Civil do Rio de Janeiro dados estáticos (tráfego e metadados) de usuários dos serviços Google e Waze, que passaram pela Transolímpica num período de 15 minutos no dia 2 de dezembro de 2018. O objetivo é identificar pessoas envolvidas no crime praticado contra Marielle Franco e seu motorista, no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018. O ministro Rogério Schietti Cruz foi o relator do RMS. A decisão judicial atacada foi considerada proporcional e fundamentada e proferida para um fim legítimo. Baseou-se na lei (artigo 22 do MCI) e atinge apenas dados de tráfego, não se equiparando a escuta telefônica. Como técnica especial de investigação, o geofencing é um mero mapeamento de presença digital, numa área determinada; é semelhante a obter o registro da portaria de um clube para saber quem estava naquele ambiente em determinada janela de tempo. Ou saber de uma concessionária de rodovia que veículos passaram pelos guichês do pedágio no dia tal às tantas horas, período de interesse específico para uma investigação criminal. Esses parâmetros podem corresponder ao dia, hora e local do crime, ou a coordenadas de espaço e tempo de uma ação vinculada a esse crime grave. Uma vez conhecido este universo – sem invasão a conteúdo de diálogos –, outros indícios serão usados para separar o joio (suspeitos) do trigo. Somente aquele(s) estarão sujeitos a outras medidas investigativas, como buscas e apreensões ou prisões. O geofencing é largamente utilizado por empresas comerciais como ferramenta de marketing digital direcionado a usuários específicos, sem qualquer controle judicial ou interesse público (GPS-based ad targeting). No caso concreto, trata-se de investigação de um crime grave, um homicídio qualificado contra duas vítimas, uma delas uma parlamentar defensora de direitos humanos. Houve determinação judicial para o acesso aos dados, decisão esta controlada na instância recursal. Invocando precedentes do sistema interamericano, o relator do RMS ressaltou os deveres 18 estatais do País de investigar, processar e punir graves violações de direitos humanos, o que se pode alcançar mediante tal medida proporcional. Torres de telefonia móvel (ERBs) também servem a esse mesmo propósito, para responder à pergunta: que aparelhos celulares estavam nas proximidades da cena do crime no momento do homicídio? Não há interceptação telefônica nem acesso ao conteúdo de diálogos realizados por meio das linhas. Somente após a aferição de indícios sobre A ou B no universo mapeado, é que outras medidas intrusivas podem ser adotadas contra pessoas determinadas, sempre com ordem judicial. No caso concreto, pelo mapeamento digital (geofencing) pretende-se saber quem estava com o veículo Cobalt, de placas clonadas KPA-5923, no dia 2 de dezembro de 2018, na avenida Transolímpica, no Rio de Janeiro. Como visto, meses antes, este carro foi usado na execução da vereadora Mariele Franco e de seu motorista. Explica o Ministério Público do Rio de Janeiro nas contrarrazões ao recurso do Google: “desde a data do crime, embora diversos atos de investigaçãotenham sido dinamizados, o fato é que o veículo Cobalt clonado e utilizado no crime, somente foi visto novamente no dia 02.12.2018 passando pelo pedágio da Transolímpica. Resulta do exposto, que é importante promover a identificação da pessoa que meses após o crime se encontrava em poder do carro clonado, ou seja, o veículo utilizado para ceifar a vida da Vereadora e do seu motorista. Seguindo tal alheta, a investigação realizada, de uma forma absolutamente restrita, traçou um polígono das coordenadas do local em que o veículo foi visto (pedágio da Transolímpica), naquela data específica, em um curto lapso temporal – apenas 15 minutos (11h05min até 11h2Omin). diversamente do afirmado pela GOOGLE.” Abaixo a ementa do acórdão no RMS 62.143/RJ, proposta pelo ministro Schietti: RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO À PRIVACIDADE E À INTIMIDADE. IDENTIFICAÇÃO DE USUÁRIOS EM DETERMINADA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA. IMPOSIÇÃO QUE NÃO INDICA PESSOA INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU DE VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO DA MEDIDA. OCORRÊNCIA. PROPORCIONALIDADE. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA NÃO PROVIDO. 19 Os direitos à vida privada e à intimidade fazem parte do núcleo de direitos relacionados às liberdades individuais, sendo, portanto, protegidos em diversos países e em praticamente todos os documentos importantes de tutela dos direitos humanos. No Brasil, a Constituição Federal, no art. 5o, X, estabelece que: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. A ideia de sigilo expressa verdadeiro direito da personalidade, notadamente porque se traduz em garantia constitucional de inviolabilidade dos dados e informações inerentes a pessoa, advindas também de suas relações no âmbito digital. Mesmo com tal característica, o direito ao sigilo não possui, na compreensão da jurisprudência pátria, dimensão absoluta. De fato, embora deva ser preservado na sua essência, este Superior Tribunal de Justiça, assim como a Suprema Corte, entende que é possível afastar sua proteção quando presentes circunstâncias que denotem a existência de interesse público relevante, invariavelmente por meio de decisão proferida por autoridade judicial competente, suficientemente fundamentada, na qual se justifique a necessidade da medida para fins de investigação criminal ou de instrução processual criminal, sempre lastreada em indícios que devem ser, em tese, suficientes à configuração de suposta ocorrência de crime sujeito à ação penal pública. Na espécie, a ordem judicial direcionou-se a dados estáticos (registros), relacionados à identificação de usuários em determinada localização geográfica que, de alguma forma, possam ter algum ponto em comum com os fatos objeto de investigação por crimes de homicídio. A determinação do Magistrado de primeiro grau, de quebra de dados informáticos estáticos, relativos a arquivos digitais de registros de conexão ou acesso a aplicações de internet e eventuais dados pessoais a eles vinculados, é absolutamente distinta daquela que ocorre com as interceptações das comunicações, as quais dão acesso ao fluxo de comunicações de dados, isto é, ao conhecimento do conteúdo da comunicação travada com o seu destinatário. Há uma distinção conceitual entre a quebra de sigilo de dados armazenados e a interceptação do fluxo de comunicações. Decerto que o art. 5o, X, da CF/88 garante a inviolabilidade da intimidade e da privacidade, inclusive quando os dados informáticos constarem de banco de dados ou de arquivos virtuais mais sensíveis. Entretanto, o acesso a esses 20 dados registrados ou arquivos virtuais não se confunde com a interceptação das comunicações e, por isso mesmo, a amplitude de proteção não pode ser a mesma. Os dispositivos que se referem às interceptações das comunicações indicados pelos recorrentes não se ajustam ao caso sub examine. O procedimento de que trata o art. 2o da Lei n. 9.296/1996, cujas rotinas estão previstas na Resolução n. 59/2008 (com alterações ocorridas em 2016) do CNJ, os quais regulamentam o art. 5o, XII, da CF, não se aplica a procedimento que visa a obter dados pessoais estáticos armazenados em seus servidores e sistemas informatizados de um provedor de serviços de internet. A quebra dosigilo de dados, na hipótese, corresponde à obtenção de registros informáticos existentes ou dados já coletados. Não há como pretender dar uma interpretação extensiva aos referidos dispositivos, de modo a abranger a requisição feita em primeiro grau, porque a ordem é dirigida a um provedor de serviço de conexão ou aplicações de internet, cuja relação é devidamente prevista no Marco Civil da Internet, o qual não impõe, entre os requisitos para a quebra do sigilo, que a ordem judicial especifique previamente as pessoas objeto da investigação ou que a prova da infração (ou da autoria) possa ser realizada por outros meios. Os arts. 22 e 23 do Marco Civil da Internet, que tratam especificamente do procedimento de que cuidam os autos, não exigem a indicação ou qualquer elemento de individualização pessoal na decisão judicial. Assim, para que o magistrado possa requisitar dados pessoais armazenados por provedor de serviços de internet, mostra- se satisfatória a indicação dos seguintes elementos previstos na lei: a) indícios da ocorrência do ilícito; b) justificativa da utilidade da requisição; e c)período ao qual se referem os registros. Não é necessário, portanto, que o magistrado fundamente a requisição com indicação da pessoa alvo da investigação, tampouco que justifique a indispensabilidade da medida, ou seja, que a prova da infração não pode ser realizada por outros meios, o que, aliás, seria até, na espécie – se houvesse tal obrigatoriedade legal – plenamente dedutível da complexidade e da dificuldade de identificação da autoria mediata dos crimes investigados. Logo, a quebra do sigilo de dados armazenados, de forma autônoma ou associada a outros dados pessoais e informações, não obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida, na expressiva maioria dos casos, é justamente de proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. 21 Conforme dispõe o art. 93, IX, da CF, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. Na espécie, tanto os indícios da prática do crime, como a justificativa quanto à utilização da medida e o período ao qual se referem os registros foram minimamente explicitados pelo Magistrado de primeiro grau. Quanto à proporcionalidade da quebra de dados informáticos, ela é adequada, na medida em que serve como mais um instrumento que pode auxiliar na elucidação dos delitos, cuja investigação se arrasta por dois anos, sem que haja uma conclusão definitiva; é necessária, diante da complexidade do caso e da não evidência de outros meios não gravosos para se alcançarem os legítimos fins investigativos; e, por fim, é proporcional em sentido estrito, porque a restrição a direitos fundamentais que dela redundam – tendo como finalidade a apuração de crimes dolosos contra a vida, de repercussão internacional – não enseja gravame às pessoas eventualmente afetadas, as quais não terão seu sigilo de dados registrais publicizados, os quais, se não constatada sua conexão com o fato investigado, serão descartados Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros,delimitada por parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes cometidos por agentes públicos contra as vidas de três pessoas – mormente a de quem era alvo da emboscada, pessoa dedicada, em sua atividade parlamentar, à defesa dos direitos de minorias que sofrem com a ação desse segmento podre da estrutura estatal fluminense – não impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos pela diligência questionada. Recurso em mandado de segurança não provido. Trata-se de uma decisão muito importante para legitimar técnicas de obtenção de provas digitais de rastreamento e determinação de autoria, que contribui para o aperfeiçoamento das investigações de crimes graves por meios tecnológicos no Brasil. 22 Que parâmetros adicionais deveriam estar no art. 22 do MCI? Critérios temporais, espaciais e de proporcionalidade devem ser claramente especificados pelo legislador. Além da exigência de decisão judicial, que ali já consta, o acesso a tais dados deve ser limitado para fins penais, na investigação de crimes “graves”, identificados por um critério de limiar de pena (requisito de proporcionalidade). O acesso a dados para fins de mapeamento deve ocorrer em relação a um período de tempo delimitado, adequadamente justificado pelo contexto fático (requisito temporal). O mapeamento digital deve dizer respeito a uma região muito bem delimitada, com fundamentação adequada ao objeto da investigação (requisito geográfico). Todos esses elementos devem ser considerados pela autoridade judicial ao decidir. Concluída a apuração, o investigado e os usuários (terceiros) atingidos pela medida de mapeamento digital devem ser cientificados de que suas informações foram tratadas numa investigação criminal. Em seguida, tais dados, quando não interessem ao processo, devem ser devidamente apagados (requisitos de tratamento de dados). Com o intuito de encerrar o presente estudo, procurou-se demonstrar de maneira sucinta relacionados com a investigação policial bem como as modernas técnicas de investigação para coleta de indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. Ademais, demonstrou-se também a importância da investigação policial e sua fundamentação jurídica, no contexto constitucional, penal, juntamente com a simetria da Constituição do Estado de São Paulo. Foram demonstrados os métodos de raciocínio investigativo, bem como a consciência do profissional em saber operar os sistemas ou ferramentas disponíveis em âmbito de atuação investigativa. Explanou-se também, no contexto de locais de crimes, nova tecnologia derivada dos sistemas de biometria: sistema AFIS e também o novo instrumento de formalização da prática de investigação - Recognição Visuográfica do Local de Crime, instrumento que valorizará muito o trabalho prestado pela polícia. O exercício da investigação policial também é um ato de cidadania, com o qual a Policia Civil faz prova da existência de um crime e de sua autoria. A atividade 23 investigativa deve ser realizada com conhecimento e aprimoramento e, só assim, será possível conseguir uma melhor apuração da verdade real dos fatos. 24 1. REFERÊNCIAS COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de Investigação Policial. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 1987. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI. Versão 3.0. Editora Nova Fronteira & Lexikon Informática, 1999. MARQUES, José Frederico. Estudos de direito processual penal. 2ª ed. São Paulo: Millennium, 2001. QUEIROZ, Carlos Alberto Marchi. Manual operacional do policial civil: doutrina, legislação, modelos. São Paulo: Delegacia Geral de Polícia, 2002. ROCHA, Luiz Carlos da. Investigação Policial. São Paulo: EDIPRO, 2003. SENASP. Curso de pericia papiloscópica em identificação humana 1. Módulo 3, p 31 Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/304212710/23/Aula-1-Introducao-aos- Sistemas-Biometricos. Acesso em: Acesso 31 ago. 2017 SENASP. Curso de pericia papiloscópica em identificação humana 1. Módulo 3, p 29. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/304212710/23/Aula-1-Introducao-aos- Sistemas-Biometricos. Acesso Acesso 31 ago. 2017 SENASP/MJ. Curso de Investigação Criminal 1 – Módulo 2, p. 3 última atualização em 13/02/2009. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/228183235/InvestigacaoCriminal1-Completo. Acesso 31 ago. 2017.
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