Buscar

TÉCNICAS-DE-INVESTIGAÇÃO-POLICIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO POLICIAL 
1 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
2. INVESTIGAÇÃO POLICIAL E SEU FUNDAMENTO JURÍDICO .......................... 5 
3. DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................................. 7 
3.1 Tipos de Investigação .................................................................................... 7 
3.2 Dos Meios Dinâmicos da Investigação ......................................................... 10 
3.3 Da Nova Tecnologia ..................................................................................... 12 
3.4 Recognição Visuográfica de Local de Crime ................................................ 13 
4. DAS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS................................................................. 14 
5. “GEOFENCING” COMO TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ................. 17 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo trata das modernas técnicas de investigação policial, tema 
este de suma importância no trabalho investigativo atual e de necessidade social, bem 
como, trata das ferramentas disponíveis de investigação utilizadas no contexto da 
apuração criminosa. Importante salutar que as mentes criminosas estão em constante 
evolução, utilizando-se das mais modernas tecnologias para a prática de crimes, tais 
como; dispositivos eletrônicos utilizados em fraudes, equipamentos tecnológicos 
disponíveis para uso domésticos (drones), Smartphones (whatsApp), etc., e, por isso, 
a polícia e seus agentes devem manter constante aprimoramento, instrução e 
acompanhamento na evolução tecnológica no intuito de combater certos tipos de 
crimes. Portanto, o conhecimento e o aprimoramento da utilização modernas técnicas 
utilizadas na investigação, faz com que a coleta de dados, vestígios e indícios, bem 
como, a análise do conjunto probatório seja realizada com a cautela devida para que 
o profissional atue legalmente e de forma técnica. Dessa forma, a coleta dos 
elementos probatórios evidencia uma ação penal mais exitosa com riqueza de 
detalhes. 
O objetivo desse é aclarar o tema central das “Modernas Técnicas de 
Investigação Policial e suas Inovações”, traçando os sistemas já disponíveis e em 
utilização, além das alterações legislativas no combate e controle da repressão de 
criminosos, viabilizando o uso da tecnologia pelo policial no âmbito de suas diligências 
para a coleta de provas mais eficazes e objetivas para a averiguação de existência de 
infrações penais e a autoria. 
4 
 
 
A fim de demonstrar o sistema penal investigativo e suas modernas técnicas 
de investigação bem como suas inovações legislativas na atribuição da atividade de 
polícia judiciária, utilizaram-se no presente dados constantes em bibliografias 
reconhecidas, pesquisas na internet, dados em pesquisas já existentes, e que fossem 
reconhecidas, materiais de jornais, periódicos e materiais de núcleos e institutos 
especializados em normas criminais e investigação policial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
INVESTIGAÇÃO POLICIAL E SEU FUNDAMENTO JURÍDICO 
 
Figura 2 
 
 
Investigação “é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa”.Ou seja, 
investigação criminal pode ser definida, como a atividade preliminar de produzir e 
colher elementos de convicção acerca da materialidade, de autoria ou participação 
referente a um fato tido como criminoso. 
A investigação Policial realizada pela Polícia Civil é dirigida pela Autoridade 
Policial com auxílio de seus agentes. Sua previsão legal consubstancia-se no artigo 
144, § 4º da Constituição Federal: 
Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvadas a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
O Código de Processo Penal vigente reproduziu então em seu art. 4º: 
"A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais nos territórios de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria." 
E, por sua vez, a Constituição Estadual de São Paulo também expressou no 
artigo 140: 
À Polícia Civil, órgão permanente, dirigida por delegado de polícia de Carreira, 
bacharéis em direito, incumbem, ressalvada a competência da União as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 
6 
 
 
As disposições a serem seguidas nas investigações de modo geral estão 
expressas no art. 6° do Código de Processo Penal – Logo que tiver o conhecimento 
da prática da infração penal, a autoridade Policial deverá: 
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II – apreender os objetos 
que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III – colher 
todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV – ouvir o ofendido; V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do 
disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser 
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI – proceder a 
reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII – determinar se for caso, 
que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX – averiguar a vida pregressa do 
indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, 
sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
Existem ainda, outros atos de investigação criminal em leis esparsas, como, 
por exemplo, a obtenção de informações bancárias, fiscais e financeiras, a realização 
de interceptação de comunicações telefônicas e dados conforme dispõe a Lei 
9.296/1996, a infiltração de agentes de polícia ou de inteligência, prevista na lei que 
pune o crime organizado Lei 12.850/13 e Lei de drogas 11.343/2006, etc, porém, este 
assunto deve ser explorado com mais profundidade no estudo específico da cada lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
DA INVESTIGAÇÃO 
 
A Senasp, no Curso de Investigação Criminal , conceitua Investigaçãocriminal 
como “um conjunto de procedimentos do qual participam vários conhecimentos 
(interdisciplinar). Esse processo tem a coordenação direta ou indireta da autoridade 
policial, de forma integrada e complementar”. E os dados tanto poderão ser coletados 
de vestígios deixados em objetos relacionados com a prática do delito, como do 
depoimento de pessoas que, de alguma forma, têm ou tiveram algum vínculo com o 
fato investigado. 
 
1. Tipos de Investigação 
 
Figura 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José Frederico Marques esclarece que há três categorias de investigação que 
são: 
 
 administrativas: com auditorias e levantamentos internos, mediante 
procedimentos administrativos; 
 legislativas: no Poder Legislativo, nos termos da legislação, com as Comissões 
Parlamentares de Inquérito, apurando fatos que envolvam a função do parlamentar; 
 judiciárias: apuração de faltas funcionais de seus servidores, utilização de bens 
confiados a eles. 
Enfim, esses são exemplos da abrangência investigativa inserida em todos os 
campos da atividade humana. 
8 
 
 
Mas, dentro dessa abrangência, não se pode deixar de citar os métodos de 
investigação que são: lógica, dedutivo, analógico indutivo, intuitivo, da lógica absurda, 
presunção, hipótese, convicção e certeza, e, segundo Luiz Carlos da Rocha: 
Na investigação de natureza policial, metodologia é a técnica de adestramento 
do agente, civil ou militar, para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades 
psíquicas e de ação, de observar e raciocinar sobre um fato que está apurando e de 
realizar o seu trabalho com segurança e precisão. 
Dentro da investigação, através da metodologia, ou seja, do caminho a se 
chegar a um fim, nada se consegue quando se age de maneira desordenada. A 
investigação policial necessita, portanto, de um método orientador e disciplinador para 
se chegar ou se concluir o trabalho. 
Pode-se então compreender que a investigação policial utilizará os seguintes 
métodos de raciocínio: 
a) lógica: é um método que se utiliza da ciência que ensina a pensar 
corretamente. 
b) dedutivo: análise de premissas (raciocínios elementares). Cobra explica, por 
meio de exemplos, que: “a descoberta de determinado tipo de poeira, no calçado de 
alguém ou num veículo, pode autorizar a conclusão de que aquela pessoa ou veículo 
passaram por determinado local.” 
c) analógica: conforme Cobra, raciocina-se por analogia, fazendo-se 
comparações. As semelhanças de circunstâncias entre casos distintos podem 
conduzir a resultados idênticos, razão pela qual o investigador deve examinar o modus 
operandi dos delinquentes, pois criminosos habituais agem frequentemente do 
mesmo modo, com o emprego de semelhantes recursos, propiciando o emprego do 
método analógico. 
d) indutivo: Esse método desenvolve-se através de um raciocínio que parte do 
particular para o geral, porém qualquer conclusão obtida por esse método pode 
acabar sendo refutada, por generalizar. 
e) intuitivo: explica Rocha, intuição é a visão direta de alguma coisa, o 
conhecimento de algo independentemente de raciocínio lógico, porém, que não pode 
ser confundido com palpite, devendo seu emprego ser reservado para situações 
ausentes de outras possibilidades. 
9 
 
 
Cobra define como pressentimento, que pode ser sensível: ocorre através da 
comunicação do homem com o meio, através dos sentidos ou insensível: um 
presságio, palpite ou adivinhação. 
f) Da lógica absurda: é um método aplicado em situações que são apresentadas 
de forma insólitas ou alegóricas, estranhas, como em depoimento ou denúncias sem 
nexo, ou utiliza referências a apelidos ou gírias de outras regiões do país, ou, crianças 
que não se expressam bem, nesses casos, o investigador deverá ficar atento, com a 
mente aberta e intuitiva, para captar e entender as mensagens ou informações que 
lhes chegam codificadas. 
g) Presunção: é a operação mental baseada nos aspectos do que se vê, ouve e 
sente, levando o interessado a elaborar uma proposta que o induz a seguir para 
determinado caminho, tendo-o como verdadeiro, desde que não haja prova segura 
em contrário, é um juízo baseado nas aparências e que conduz a uma suspeita, o 
investigador aceita determinada conduta. 
h) Hipótese: é uma conjectura não muito segura, dúbia, contudo, poderá ser 
considerada provável se relacionada com a questão em apreço. Segundo instrui 
Coriolano Nogueira Cobra“excluídas as hipóteses repelidas, ficam aquelas 
correspondentes com a realidade. Destas, algumas vão permitir convicção e outras, 
certeza”. Ao tomar conhecimento de circunstâncias ou detalhes o policial convence-
se de que fato ocorreu ou teria ocorrido desta ou daquela maneira. É uma suposição 
duvidosa, mas não improvável. 
i) Convicção: diante de dados ou matérias subjetivas como suporte à conclusão 
das investigações, tais como depoimentos das testemunhas ou confissões dos 
interrogandos, por mais claros ou detalhados que possam ser, tem-se a convicção, 
pela falta de elementos materiais, que servirão de apoio àquelas peças, ou seja, 
quando os elementos probatórios forem de ordem subjetiva. 
j) Certeza: Ocorre quando o conjunto de provas materiais conduz à conclusão 
absoluta sobre aquele caso estudado ou investigado; podendo, inclusive, os 
elementos subjetivos se somarem aos elementos objetivos. Aí sim, os depoimentos e 
confissão, agregados ao estudo, coroarão com êxito os trabalhos de Polícia Judiciária. 
 
 
 
10 
 
 
2. Dos Meios Dinâmicos da Investigação 
 
A investigação tem por finalidade o alcance de informações sobre determinados 
fatos ou coisas, o mesmo ocorre na investigação policial que detém sua essência e o 
exercício da inteligência para chegar à autoria de um crime, diante de tal informação. 
Consideram-se fundamentais os recursos de “campana” ou vigilância, pois, 
segundo o professor Coriolano Nogueira Cobra campara: 
É expressão de gíria que significa observação discreta, para conhecer os 
movimentos de pessoa ou pessoas ou para fiscalizar a chegada ou aparecimento de 
alguém, ou ainda, seguimento de alguém de modo discreto para conhecer seus 
movimentos e ligações. 
Na campana também há a vigilância discreta que nada mais é do que o 
acompanhamento reservado, na condução para obter dados de hábitos, amizades, 
postura, lugares que frequenta a pessoa que está sendo investigada, sendo 
necessário promover ações para não se perceber a conduta investigatória, portanto, 
campana ou vigilância tem as seguintes finalidades: observação discreta nas 
imediações de um lugar para conhecer; Movimento de pessoas; fiscalização de 
chegada ou aparecimento de alguém. 
Este tipo de atividade pode ser utilizado por policiais ou marginais: 
Por policiais – para o deslinde de uma investigação ou constatação de 
procedência de informação. 
Por marginais – para outros fins, angariar vítimas em potencial ou em imóveis 
para empreitada criminosa. 
Quanto à dinâmica da campana, ela pode ser: Campana estática ou 
parada: observância de um lugar através de outro lugar, no intento de lograr êxito em 
atitudes provenientes ou indicadoras de prática criminosa, pode também 
ser Campana móvel ou de segmento: na vista de suposto agente criminoso, parte-
se ao seu encalço. Pode ser: a pé ou com veículo. 
Outro meio dinâmico de Investigação é a Penetração e a Infiltração. 
Luiz Carlos Rochaesclarece que “penetração é a tática de ingresso em 
determinados recintos, mediante vários artifícios, a fim de obter informações ou 
provas”. 
Já a infiltração é a introdução do policial em determinados meios, onde 
conviverá temporariamente, em busca de elementos úteis para as investigações. 
11 
 
 
Também são recursos que o policial civil pode fazer uso, mas ambas são 
atividades de alto risco. 
A diferença entre elas é que na penetração o policial não mantém 
relacionamento com as pessoas, enquanto que na infiltração mantém-se este 
relacionamento.Segundo o Manual Operacional do Policial Civil, a infiltração divide-se em 
simples e complexa. 
A infiltração simples ocorre normalmente nos estabelecimentos industriais e 
comerciais, sempre com o conhecimento da vítima, tendo como finalidade identificar 
funcionários que praticam furtos continuados ou forneçam informações técnicas para 
concorrentes da firma em que trabalham ou que sabotem equipamentos, produtos etc. 
A infiltração complexa, é empregada nas investigações contra a criminalidade 
organizada, deve ser realizada por policiais experientes e treinados, com alta 
presença de espírito, corajosos e conhecedores de técnicas de defesa pessoal. 
Com o advento da Lei 10.217, de 11 de abril de 2001, a infiltração por agentes 
da Polícia em investigações passou a ser permitida, desde que mediante autorização 
judicial, estritamente sigilosa e que permanecerá nesta condição enquanto perdurar a 
operação, preservando o sigilo até final da conduta. Técnica esta, prevista atualmente 
na Lei n° 12.850/13 que prevê o conceito de Organização Criminosa e demais meios 
extraordinários de investigação. 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação 
criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento 
criminal a ser aplicado. 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
(...) 
 
 
 
 
12 
 
 
3. Da Nova Tecnologia 
 
Um novo equipamento vem sendo utilizado em cenas de crimes. Desenvolvido 
nos Estados Unidos da América, Reino Unido e Japão, tem se popularizado no Brasil 
à medida que vem se tornando realidade para os diversos institutos de identificação 
de cada Unidade Federação. 
É o que pode revolucionar as técnicas investigativas atuais. 
Essa Tecnologia é chamada AFIS (Automated Fingerprint Identification), ou 
seja, Sistema de Identificação automatizada de Impressões Digitais. O AFIS é usado 
para comparar uma impressão digital com impressões previamente arquivadas no 
banco de dados do sistema. 
O Sistema AFIS é exclusivo para impressões digitais, promoveu uma quebra 
de paradigma no contexto da perícia papiloscópica, ele substitui a pesquisa manual 
pelas pesquisas automatizadas, ou seja, as pesquisas de impressões digitais 
tornaram-se mais céleres e o banco de dados mais seguro. Esse equipamento 
tecnológico visa garantir maior precisão das cristas papilares das impressões digitais, 
através de um escaneamento (equipamento Live Scan), dispensa o uso de papel. 
A parte mais importante do AFIS é a conversão, ou seja, a digitalização por 
dispositivo óptico específico e arquivado na base do sistema. Envolve milhões de 
impressões digitais. 
Há dois tipos de registros na base de dados do AFIS: 
 Milhares de impressões que estão arquivadas no sistema convencional; 
 Novas impressões adquiridas diariamente. 
Ambas agrupadas numa única base de dados. Duas funções podem ser 
executadas pelo AFIS: 
 Pesquisar registro de prisão de uma pessoa; 
 Pesquisar com habilidade banco de dados de impressões similares à cópias 
latentes encontradas em locais de crime. 
Segundo a Senasp os sistemas biométricos são “os métodos automatizados 
para a verificação ou reconhecimento da identidade de uma pessoa viva baseado 
numa característica física ou comportamental.” Os sistemas biométricos não são 
capazes de determinar uma identidade verdadeira, mas são capazes apenas de 
relacionar uma pessoa a um determinado padrão biométrico, isso quer dizer que não 
é um substituto dos serviços papiloscópicos ou dos serviços periciais. 
13 
 
 
 
4. Recognição Visuográfica de Local de Crime 
 
Outra técnica imprescindível de investigação nos tempos de hoje é o relatório 
da Recognição Visuográfica, essa técnica é a semente da futura investigação, 
levando-se em consideração o seu dinamismo e praticidade. Traz em seu bojo desde 
o local, hora, dia do fato e da semana como também condições climáticas então 
existentes, além de acrescentar subsídios coletados junto às testemunhas e pessoas 
que tenham ciência dos acontecimentos. Traz ainda à colação, minuciosa observação 
sobre o cadáver, identidade, possíveis hábitos, características comportamentais, 
sustentadas pela vitimologia, além de croqui descritivo, resguardados os preceitos 
estabelecidos no artigo 6º, I, do Código de Processo Penal. 
 
Figura 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
(...) 
 
 
14 
 
 
DAS FERRAMENTAS DISPONÍVEIS 
 
Na Polícia Civil Paulista existe várias ferramentas disponíveis de aplicabilidade 
para a investigação policial. Todas elas aptas a enriquecer o Inquérito Policial e os 
Relatórios de Investigação. São ferramentas que permitem a extração de elementos 
informativos, sobre o envolvimento em delitos anteriores de suposto infrator, veículo 
envolvido em certas ocorrências, características de certas pessoas, modus operandi, 
etc. 
São elas: 
a) RDO (Registro Digital de Ocorrência): principal fonte de alimentação de 
dados da Polícia Civil. É o sistema de elaboração e armazenamento de Boletins de 
Ocorrência. Geralmente é através do Boletim de Ocorrência que se inicia uma 
investigação, por isso, deve ser devidamente preenchido, ricos em detalhes, tais 
como: inserção de testemunhas, objetos relacionados com o crime, telefones dos 
envolvidos, endereços completos, cautela e inserção correta da localização do fato, 
etc. 
Esse sistema é interligado ao sistema Prodesp que é detentor da base de dados 
da Polícia Civil. Todos os Boletins de Ocorrência registrados ficam gravados em rede 
e não apenas em um computador, inclusive os Boletins de Ocorrência elaborados pela 
própria vítima através da internet, estes denominados BOE (Boletim de Ocorrência 
Eletrônica), que é elaborado pela própria vítima, através do sítio eletrônico 
(www.policiacivil.sp.gov.br). 
O RDO é, portanto, um sistema para as investigações, tendo em vista que 
através da inserção dos dados preliminares na sua confecção, é possível verificar 
informações exatas, referentes a pesquisas e registros civil, criminal sobre os 
envolvidos bem como veículos ou armas. 
b) PRODESP (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São 
Paulo): empresa de longa parceria com a Polícia Civil. Realiza o gerenciamento de 
diversos bancos de dados de informação, tais como: cadastro criminal, civil, Detran, 
permitindo consultas de CNH (Carteiras Nacionais de Habilitação), placas de veículos 
e situação administrativa dos mesmos etc. A Prodesp, também permite certas 
consultas de dados cadastrais de outros Estados, por exemplo; numeração de motor, 
placas de veículos para verificação de queixa de furto ou roubo. 
15 
 
 
c) ÔMEGA: é um programa que unifica as doze principais bases de dados do 
país, usa o banco de dados do RDO, DETRAN (CRLV, CNH e multas), DE (Delegacia 
Eletrônica), Junta Comercial, Disque-Denúncia, Infocrim, Phoenix, cadastros civil e 
criminal e outros. Possui uma ferramenta chamada “investigador virtual”, na qual são 
inseridos os dados que o policial está procurando e, quando surgir determinada 
ocorrência, envolvendo aquela informação que foi registrada, o policial solicitante será 
informado. Também analisa na pesquisa o “modus operandi”, logradouros, tipos de 
crimes, pessoas, etc., ou seja, é possível ainda realizar uma pesquisa de referência 
geográfica, ou seja, um mapeamento regionalde crimes. 
d) PHOENIX: é um sistema de cadastro estadual de fotos criminais acessado pela 
intranet, alimentado com os dados inseridos no equipamento denominado 
SPISPHOTO disponível em todas as seccionais e sedes de departamentos. Nessa 
máquina são coletadas fotos de frente e perfil, impressões digitais, dados somáticos, 
sinais peculiares e amostras de voz, além de criar retrato falado de criminosos. 
O indivíduo ao ser fotografado tem dez pontos em seu rosto considerados 
imutáveis, mesmo com cirurgias plásticas ou envelhecimento. O programa permite 
também a inserção de dados somáticos, incidência penal do indivíduo, características 
físicas básicas, tais como; tatuagens, deformações no corpo, cor da pele, olhos, tipo 
de rosto, cicatrizes juntando-se à base de dados do RDO, que por sua vez gera o 
Boletim de Identificação Criminal Eletrônico (BICE) que é enviado ao I.I.R.G.D. 
(Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt). 
e) INFOSEG: Rede Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e 
Fiscalização, seu objetivo principal é a integração dos dados de indivíduos 
criminalmente identificados, de armas de fogo, de veículos, de condutores, de 
Cadastro de Pessoas físicas (CPF) e de Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJ), entre 
todas as Unidades da Federação. É um programa do Ministério da Justiça, que 
permite o acesso ao cadastro de contribuintes da Receita Federal. 
f) ALPHA: é acessado também pela intranet da Polícia Civil. Esse sistema 
contém a base de dados civil do estado e exclusiva da Polícia Civil de São Paulo. 
Contém os dados para a emissão da Cédula de Identidade, a fotografia e a ficha 
decadactilar, ou seja, as impressões digitais do indivíduo e endereço. Possibilita a 
pesquisa através do nome do pai, mãe, nome e número de cédula de Identidade, além 
disso, caso o indivíduo seja preso em São Paulo, conterá o número de identidade 
criminal, que fica vinculado ao número de identidade civil. Esse sistema tem por 
16 
 
 
finalidade servir de confronto das impressões digitais colhidas em qualquer unidade 
policial com aquelas arquivadas na base de dados do sistema. 
g) INFOCRIM: é o Sistema de Informações Criminais, gerador de estatísticas 
criminais, com opção de buscas por logradouros, partes e delitos, sendo alimentado 
pelos dados inseridos no RDO. Este programa pode gerar mapas indicativos dos 
logradouros onde ocorrem os delitos, indicando também dia da semana e horário de 
maior frequência norteando, com isso, as ações preventivas especializadas. 
Esse programa permite às polícias o mapeamento das regiões com maior 
incidência criminal. Juntos RDO e INFOCRIM criam para as polícias o chamado mapa 
da criminalidade, pelo qual é possível estabelecer os pontos onde há maior 
ocorrência de crimes, separando por cidades, bairros, ruas, dia e horário. 
Com base no mapa da criminalidade, a Polícia Militar realiza o Plano de 
Policiamento Inteligente (PPI) e, então, traça o roteiro de cada viatura após consultas 
dos dados armazenados e distribui, portanto, o Cartão Prioridade de Patrulhamento 
(CPP), para que as viaturas patrulhem a área com maior incidência criminal. A Polícia 
Civil com base no RDO, Infocrim e demais sistemas inteligentes, atua com o 
cruzamento desses dados na busca de suspeitos que têm a mesma forma de atuação. 
h) FOTOCRIM: Esse programa foi criado pela Polícia Militar do Estado de São 
Paulo e é alimentado com qualificações e fotografias de frente e de perfil dos 
criminosos bem como com fotografias de tatuagens e cicatrizes registradas de 
ângulos diferentes. Indicando também o crime que cometeram e se agiram com 
parceiros. É possível o acesso pela Polícia Civil do Estado de São Paulo através do 
Infocrim. 
i) DETECTA: É um sistema inteligente de monitoramento de crimes do Estado 
de São Paulo, que emite alarmes automáticos e traz avanços em agilidade e 
cruzamento de informações. O Detecta foi desenvolvido pela Microsoft e pela polícia 
de Nova York, para ações contra o terrorismo na cidade americana e também passou 
a ser utilizada no combate a outros tipos de crime. É a primeira vez que o sistema é 
utilizado fora de Nova York. 
Um dos pontos importantes desse sistema é que o alerta para a polícia civil 
pode decorrer em razão da existência de um crime com as mesmas características 
dos outros que já estão sendo investigados, mesmo que ocorra em regiões diferentes 
ou em outras cidades. Esse sistema integra todas as informações criminais que estão 
à disposição. 
17 
 
 
“GEOFENCING” COMO TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 
Por larga maioria, em 26 de agosto de 2020, ao julgar o RMS 62.143/RJ, a 3ª 
Seção do STJ decidiu que o Google deve cumprir ordem judicial proferida por juiz de 
Direito fluminense, que determinou o fornecimento ao Ministério Público e à Polícia 
Civil do Rio de Janeiro dados estáticos (tráfego e metadados) de usuários dos serviços 
Google e Waze, que passaram pela Transolímpica num período de 15 minutos no dia 
2 de dezembro de 2018. 
O objetivo é identificar pessoas envolvidas no crime praticado contra Marielle 
Franco e seu motorista, no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018. O ministro 
Rogério Schietti Cruz foi o relator do RMS. 
A decisão judicial atacada foi considerada proporcional e fundamentada e 
proferida para um fim legítimo. Baseou-se na lei (artigo 22 do MCI) e atinge apenas 
dados de tráfego, não se equiparando a escuta telefônica. 
Como técnica especial de investigação, o geofencing é um mero mapeamento 
de presença digital, numa área determinada; é semelhante a obter o registro da 
portaria de um clube para saber quem estava naquele ambiente em determinada 
janela de tempo. Ou saber de uma concessionária de rodovia que veículos passaram 
pelos guichês do pedágio no dia tal às tantas horas, período de interesse específico 
para uma investigação criminal. 
Esses parâmetros podem corresponder ao dia, hora e local do crime, ou a 
coordenadas de espaço e tempo de uma ação vinculada a esse crime grave. 
Uma vez conhecido este universo – sem invasão a conteúdo de diálogos –, 
outros indícios serão usados para separar o joio (suspeitos) do trigo. Somente 
aquele(s) estarão sujeitos a outras medidas investigativas, como buscas e apreensões 
ou prisões. 
O geofencing é largamente utilizado por empresas comerciais como ferramenta 
de marketing digital direcionado a usuários específicos, sem qualquer controle judicial 
ou interesse público (GPS-based ad targeting). No caso concreto, trata-se de 
investigação de um crime grave, um homicídio qualificado contra duas vítimas, uma 
delas uma parlamentar defensora de direitos humanos. Houve determinação judicial 
para o acesso aos dados, decisão esta controlada na instância recursal. Invocando 
precedentes do sistema interamericano, o relator do RMS ressaltou os deveres 
18 
 
 
estatais do País de investigar, processar e punir graves violações de direitos 
humanos, o que se pode alcançar mediante tal medida proporcional. 
Torres de telefonia móvel (ERBs) também servem a esse mesmo propósito, 
para responder à pergunta: que aparelhos celulares estavam nas proximidades da 
cena do crime no momento do homicídio? Não há interceptação telefônica nem 
acesso ao conteúdo de diálogos realizados por meio das linhas. Somente após a 
aferição de indícios sobre A ou B no universo mapeado, é que outras medidas 
intrusivas podem ser adotadas contra pessoas determinadas, sempre com ordem 
judicial. 
No caso concreto, pelo mapeamento digital (geofencing) pretende-se saber 
quem estava com o veículo Cobalt, de placas clonadas KPA-5923, no dia 2 de 
dezembro de 2018, na avenida Transolímpica, no Rio de Janeiro. Como visto, meses 
antes, este carro foi usado na execução da vereadora Mariele Franco e de seu 
motorista. 
Explica o Ministério Público do Rio de Janeiro nas contrarrazões ao recurso do 
Google: “desde a data do crime, embora diversos atos de investigaçãotenham sido 
dinamizados, o fato é que o veículo Cobalt clonado e utilizado no crime, somente foi 
visto novamente no dia 02.12.2018 passando pelo pedágio da Transolímpica. Resulta 
do exposto, que é importante promover a identificação da pessoa que meses após o 
crime se encontrava em poder do carro clonado, ou seja, o veículo utilizado para ceifar 
a vida da Vereadora e do seu motorista. Seguindo tal alheta, a investigação realizada, 
de uma forma absolutamente restrita, traçou um polígono das coordenadas do local 
em que o veículo foi visto (pedágio da Transolímpica), naquela data específica, em 
um curto lapso temporal – apenas 15 minutos (11h05min até 11h2Omin). 
diversamente do afirmado pela GOOGLE.” 
Abaixo a ementa do acórdão no RMS 62.143/RJ, proposta pelo ministro 
Schietti: 
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO À PRIVACIDADE E 
À INTIMIDADE. IDENTIFICAÇÃO DE USUÁRIOS EM DETERMINADA 
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA. IMPOSIÇÃO QUE NÃO INDICA PESSOA 
INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU DE VIOLAÇÃO DOS 
PRINCÍPIOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS. FUNDAMENTAÇÃO DA 
MEDIDA. OCORRÊNCIA. PROPORCIONALIDADE. RECURSO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA NÃO PROVIDO. 
19 
 
 
Os direitos à vida privada e à intimidade fazem parte do núcleo de direitos 
relacionados às liberdades individuais, sendo, portanto, protegidos em diversos 
países e em praticamente todos os documentos importantes de tutela dos direitos 
humanos. No Brasil, a Constituição Federal, no art. 5o, X, estabelece que: “são 
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. A 
ideia de sigilo expressa verdadeiro direito da personalidade, notadamente porque se 
traduz em garantia constitucional de inviolabilidade dos dados e informações inerentes 
a pessoa, advindas também de suas relações no âmbito digital. 
Mesmo com tal característica, o direito ao sigilo não possui, na compreensão 
da jurisprudência pátria, dimensão absoluta. De fato, embora deva ser preservado na 
sua essência, este Superior Tribunal de Justiça, assim como a Suprema Corte, 
entende que é possível afastar sua proteção quando presentes circunstâncias que 
denotem a existência de interesse público relevante, invariavelmente por meio de 
decisão proferida por autoridade judicial competente, suficientemente fundamentada, 
na qual se justifique a necessidade da medida para fins de investigação criminal ou 
de instrução processual criminal, sempre lastreada em indícios que devem ser, em 
tese, suficientes à configuração de suposta ocorrência de crime sujeito à ação penal 
pública. 
Na espécie, a ordem judicial direcionou-se a dados estáticos (registros), 
relacionados à identificação de usuários em determinada localização geográfica que, 
de alguma forma, possam ter algum ponto em comum com os fatos objeto de 
investigação por crimes de homicídio. 
A determinação do Magistrado de primeiro grau, de quebra de dados 
informáticos estáticos, relativos a arquivos digitais de registros de conexão ou acesso 
a aplicações de internet e eventuais dados pessoais a eles vinculados, é 
absolutamente distinta daquela que ocorre com as interceptações das comunicações, 
as quais dão acesso ao fluxo de comunicações de dados, isto é, ao conhecimento do 
conteúdo da comunicação travada com o seu destinatário. Há uma distinção 
conceitual entre a quebra de sigilo de dados armazenados e a interceptação do fluxo 
de comunicações. Decerto que o art. 5o, X, da CF/88 garante a inviolabilidade da 
intimidade e da privacidade, inclusive quando os dados informáticos constarem de 
banco de dados ou de arquivos virtuais mais sensíveis. Entretanto, o acesso a esses 
20 
 
 
dados registrados ou arquivos virtuais não se confunde com a interceptação das 
comunicações e, por isso mesmo, a amplitude de proteção não pode ser a mesma. 
Os dispositivos que se referem às interceptações das comunicações indicados 
pelos recorrentes não se ajustam ao caso sub examine. O procedimento de que trata 
o art. 2o da Lei n. 9.296/1996, cujas rotinas estão previstas na Resolução n. 59/2008 
(com alterações ocorridas em 2016) do CNJ, os quais regulamentam o art. 5o, XII, da 
CF, não se aplica a procedimento que visa a obter dados pessoais estáticos 
armazenados em seus servidores e sistemas informatizados de um provedor de 
serviços de internet. A quebra dosigilo de dados, na hipótese, corresponde à obtenção 
de registros informáticos existentes ou dados já coletados. 
Não há como pretender dar uma interpretação extensiva aos referidos 
dispositivos, de modo a abranger a requisição feita em primeiro grau, porque a ordem 
é dirigida a um provedor de serviço de conexão ou aplicações de internet, cuja relação 
é devidamente prevista no Marco Civil da Internet, o qual não impõe, entre os 
requisitos para a quebra do sigilo, que a ordem judicial especifique previamente as 
pessoas objeto da investigação ou que a prova da infração (ou da autoria) possa ser 
realizada por outros meios. 
Os arts. 22 e 23 do Marco Civil da Internet, que tratam especificamente do 
procedimento de que cuidam os autos, não exigem a indicação ou qualquer elemento 
de individualização pessoal na decisão judicial. Assim, para que o magistrado possa 
requisitar dados pessoais armazenados por provedor de serviços de internet, mostra-
se satisfatória a indicação dos seguintes elementos previstos na lei: a) indícios da 
ocorrência do ilícito; b) justificativa da utilidade da requisição; e c)período ao qual se 
referem os registros. Não é necessário, portanto, que o magistrado fundamente a 
requisição com indicação da pessoa alvo da investigação, tampouco que justifique a 
indispensabilidade da medida, ou seja, que a prova da infração não pode ser realizada 
por outros meios, o que, aliás, seria até, na espécie – se houvesse tal obrigatoriedade 
legal – plenamente dedutível da complexidade e da dificuldade de identificação da 
autoria mediata dos crimes investigados. 
Logo, a quebra do sigilo de dados armazenados, de forma autônoma ou 
associada a outros dados pessoais e informações, não obriga a autoridade judiciária 
a indicar previamente as pessoas que estão sendo investigadas, até porque o objetivo 
precípuo dessa medida, na expressiva maioria dos casos, é justamente de 
proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. 
21 
 
 
Conforme dispõe o art. 93, IX, da CF, “todos os julgamentos dos órgãos do 
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de 
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes 
e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito 
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. 
Na espécie, tanto os indícios da prática do crime, como a justificativa quanto à 
utilização da medida e o período ao qual se referem os registros foram minimamente 
explicitados pelo Magistrado de primeiro grau. 
Quanto à proporcionalidade da quebra de dados informáticos, ela é adequada, 
na medida em que serve como mais um instrumento que pode auxiliar na elucidação 
dos delitos, cuja investigação se arrasta por dois anos, sem que haja uma conclusão 
definitiva; é necessária, diante da complexidade do caso e da não evidência de outros 
meios não gravosos para se alcançarem os legítimos fins investigativos; e, por fim, é 
proporcional em sentido estrito, porque a restrição a direitos fundamentais que dela 
redundam – tendo como finalidade a apuração de crimes dolosos contra a vida, de 
repercussão internacional – não enseja gravame às pessoas eventualmente afetadas, 
as quais não terão seu sigilo de dados registrais publicizados, os quais, se não 
constatada sua conexão com o fato investigado, serão descartados 
Logo, a ordem judicial para quebra do sigilo dos registros,delimitada por 
parâmetros de pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se 
mostra medida desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de 
gravíssimos crimes cometidos por agentes públicos contra as vidas de três pessoas – 
mormente a de quem era alvo da emboscada, pessoa dedicada, em sua atividade 
parlamentar, à defesa dos direitos de minorias que sofrem com a ação desse 
segmento podre da estrutura estatal fluminense – não impõe risco desmedido à 
privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente atingidos pela diligência 
questionada. 
Recurso em mandado de segurança não provido. 
Trata-se de uma decisão muito importante para legitimar técnicas de obtenção 
de provas digitais de rastreamento e determinação de autoria, que contribui para o 
aperfeiçoamento das investigações de crimes graves por meios tecnológicos no 
Brasil. 
22 
 
 
Que parâmetros adicionais deveriam estar no art. 22 do MCI? Critérios 
temporais, espaciais e de proporcionalidade devem ser claramente especificados pelo 
legislador. 
Além da exigência de decisão judicial, que ali já consta, o acesso a tais dados 
deve ser limitado para fins penais, na investigação de crimes “graves”, identificados 
por um critério de limiar de pena (requisito de proporcionalidade). 
O acesso a dados para fins de mapeamento deve ocorrer em relação a um 
período de tempo delimitado, adequadamente justificado pelo contexto fático 
(requisito temporal). 
O mapeamento digital deve dizer respeito a uma região muito bem delimitada, 
com fundamentação adequada ao objeto da investigação (requisito geográfico). 
Todos esses elementos devem ser considerados pela autoridade judicial ao 
decidir. 
Concluída a apuração, o investigado e os usuários (terceiros) atingidos pela 
medida de mapeamento digital devem ser cientificados de que suas informações 
foram tratadas numa investigação criminal. Em seguida, tais dados, quando não 
interessem ao processo, devem ser devidamente apagados (requisitos de tratamento 
de dados). 
Com o intuito de encerrar o presente estudo, procurou-se demonstrar de 
maneira sucinta relacionados com a investigação policial bem como as modernas 
técnicas de investigação para coleta de indícios de autoria e prova da materialidade 
delitiva. 
Ademais, demonstrou-se também a importância da investigação policial e sua 
fundamentação jurídica, no contexto constitucional, penal, juntamente com a simetria 
da Constituição do Estado de São Paulo. 
Foram demonstrados os métodos de raciocínio investigativo, bem como a 
consciência do profissional em saber operar os sistemas ou ferramentas disponíveis 
em âmbito de atuação investigativa. 
Explanou-se também, no contexto de locais de crimes, nova tecnologia 
derivada dos sistemas de biometria: sistema AFIS e também o novo instrumento de 
formalização da prática de investigação - Recognição Visuográfica do Local de Crime, 
instrumento que valorizará muito o trabalho prestado pela polícia. 
O exercício da investigação policial também é um ato de cidadania, com o qual 
a Policia Civil faz prova da existência de um crime e de sua autoria. A atividade 
23 
 
 
investigativa deve ser realizada com conhecimento e aprimoramento e, só assim, será 
possível conseguir uma melhor apuração da verdade real dos fatos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
1. REFERÊNCIAS 
 
COBRA, Coriolano Nogueira. Manual de Investigação Policial. 7ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 1987. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI. 
Versão 3.0. Editora Nova Fronteira & Lexikon Informática, 1999. 
 
MARQUES, José Frederico. Estudos de direito processual penal. 2ª ed. São Paulo: 
Millennium, 2001. 
 
QUEIROZ, Carlos Alberto Marchi. Manual operacional do policial civil: doutrina, 
legislação, modelos. São Paulo: Delegacia Geral de Polícia, 2002. 
 
ROCHA, Luiz Carlos da. Investigação Policial. São Paulo: EDIPRO, 2003. 
 
SENASP. Curso de pericia papiloscópica em identificação humana 1. Módulo 3, p 31 
Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/304212710/23/Aula-1-Introducao-aos-
Sistemas-Biometricos. Acesso em: Acesso 31 ago. 2017 
 
SENASP. Curso de pericia papiloscópica em identificação humana 1. Módulo 3, p 
29. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/304212710/23/Aula-1-Introducao-aos-
Sistemas-Biometricos. Acesso Acesso 31 ago. 2017 
 
SENASP/MJ. Curso de Investigação Criminal 1 – Módulo 2, p. 3 última atualização 
em 13/02/2009. Disponível 
em: https://pt.scribd.com/doc/228183235/InvestigacaoCriminal1-Completo. Acesso 
31 ago. 2017.

Continue navegando