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Evolução dos Direitos Humanos

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17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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INTRODUÇÃO
Caro estudante, os direitos humanos não se apresentam como um “produto” acabado. Ao contrário, eles
sofreram muitas mudanças ao longo dos séculos. No estudo da história dos direitos humanos, são
evidenciadas transformações signi�cativas, que vão da negação até o reconhecimento pleno de um sistema
internacional protetivo dos direitos dos indivíduos.
De acordo com o estudo formulado por Peces-Barba, o processo histórico de evolução dos direitos humanos
passa por quatro fases: processo de positivação, processo de generalização, processo de internacionalização e
processo de especi�cação.
Nesse sentido, são apresentadas as três vertentes da proteção internacional da pessoa humana: o Direito
Internacional Humanitário, o Direito Internacional dos Refugiados, com desdobramentos no instituto do asilo,
e o Direito Internacional dos Direitos Humanos.
DIREITO INTERNACIONAL
Ainda que o direito internacional tenha origens que remontem ao antigo direito das gentes, pode-se dizer que
sua faceta moderna, que coloca o indivíduo no centro do seu espectro de proteção, nasce posteriormente a
esse contexto.
Aula 1
AS TRÊS VERTENTES DE TUTELA INTERNACIONAL DO
INDIVÍDUO
Caro estudante, os direitos humanos não se apresentam como um “produto” acabado. Ao contrário, eles
sofreram muitas mudanças ao longo dos séculos.
30 minutos
DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA INTERNACIONAL
 Aula 1 - As três vertentes de tutela internacional do indivíduo
 Aula 2 - A proteção dos direitos humanos pós Segunda Guerra Mundial
 Aula 3 - Os sistemas regionais de proteção dos direitos humanos
 Aula 4 - Os órgãos de proteção dos direitos humanos no sistema interamericano
 Referências
127 minutos
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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Se as primeiras raízes do novo direito internacional começam a nascer no �m do século XIX, com o surgimento
do direito internacional humanitário, pode-se a�rmar, de outro lado, que o segundo pós-guerra se constitui
em um marco para novos paradigmas do direito internacional. Esse é o momento histórico em que se
inaugura o sistema de proteção das Nações Unidas e toda uma construção normativa iniciada com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Para se compreender estes passos, ainda que de forma breve, é importante trazer alguns conceitos que
possam identi�car as três vertentes internacionais de proteção do indivíduo.
O Direito Internacional Humanitário, também denominado Direito Internacional dos Con�itos Armados, é
parte do Direito Internacional Público. Apresenta-se como um corpo de normas internacionais, de origem
convencional ou consuetudinária, destinado especi�camente a ser aplicado nos con�itos armados,
internacionais ou não internacionais, que limita o direito das partes em con�ito de escolher livremente os
métodos e os meios utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e os bens atingidos, ou que possam ser
atingidos pelo con�ito. Embora não tenha a pretensão de proibir a guerra, tampouco a ambição de de�nir sua
legalidade ou legitimidade, evidencia-se que deve ser aplicado quando o recurso à força foi infelizmente
imposto e o que resta é reduzir o sofrimento das pessoas que não participaram ou que deixaram de participar
das hostilidades.
O foco do Direito Internacional Humanitário relaciona-se à limitação dos meios e métodos utilizados durante o
con�ito, entendendo-se por meio o tipo de arma utilizada durante os atos de beligerância, enquanto o
método signi�ca a maneira de utilizar tal arma. Os beligerantes não têm o direito ilimitado e aleatório de
utilizar, de forma arbitrária, cruel e desumana, armas e métodos que possam causar sofrimento
desnecessário.
Quanto ao instituto dos refugiados, abarca várias situações relacionadas a perseguições por motivos de raça,
religião, nacionalidade, opiniões políticas que contrariem os interesses de grupos à frente de um Estado etc.
As normas internacionais que se aplicam para os refugiados decorrem do contexto de grandes con�itos
internacionais produzidos no curso do século XX e dos diversos problemas advindos deles, tendo sido
nomeado, em 1921, como Alto Comissário para os Refugiados, o Sr. Fridtjof Nansen, ainda sob o
funcionamento da Liga das Nações. Porém, a amplitude da matéria deu-se em decorrência dos
acontecimentos produzidos durante a Segunda Guerra Mundial, na qual milhares de pessoas foram
deslocadas de seus Estados de origem. Sob a batuta da Organização das Nações Unidas (ONU), criou-se o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), com o propósito de encontrar soluções
duradouras para a questão dos refugiados.
No caso do Direito Internacional dos Direitos Humanos, evidencia-se que está relacionado ao pós Segunda
Guerra Mundial, tendo seu desenvolvimento sido atribuído às monstruosas violações de direitos humanos da
era Hitler e à crença de que parte dessas violações poderia ser prevenida se um efetivo sistema de proteção
internacional em favor do indivíduo já existisse. A pessoa humana passou a ser foco da atenção internacional
e a dignidade humana se estabeleceu, até certo ponto, como princípio universal e consolida a ideia de
limitação da soberania nacional e reconhece que os indivíduos possuem direitos inerentes à sua existência,
que devem ser protegidos.
AS TRÊS VERTENTES DE TUTELA INTERNACIONAL
As normas do Direito Humanitário, especialmente a Convenção de Genebra, de 1864, previram o regramento
em situações de guerra, com o intuito de minimizar a dor e o sofrimento de soldados prisioneiros, doentes e
feridos em situações de con�ito armado. Porém, é a partir de 1945, com a proclamação da Carta da ONU, que
o sistema internacional de proteção dos direitos humanos ganha força e destaque, ao “inaugurar” o Direito
Internacional dos Direitos Humanos.
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Dentre vários artigos da Carta da ONU, o art. 55, alínea c, dispõe que as Nações Unidas favorecerão o respeito
universal e efetivo aos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça,
sexo, língua ou religião.
Além disso, o art. 56 estabelece que, para a realização dos propósitos enumerados no art. 55, todos os
Membros da Organização se comprometem a agir em cooperação com esta, em conjunto ou separadamente.
No entanto, foi em 1948 que a ONU descreveu o signi�cado de direitos humanos na Declaração Universal de
Direitos Humanos, adotada sem discordância, mas com abstenções por parte das nações do bloco soviético,
África do Sul e Arábia Saudita.
Nos anos seguintes, foram promovidos vários acordos internacionais, entre eles, a Convenção Europeia de
Direitos Humanos (1950); o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966); a Convenção
Interamericana de Direitos Humanos (1969); os Acordos de Helsinque (1975) e a Carta dos Povos Africanos de
Direitos Humanos (1981).
Hoje, não há povo que negue uma Carta de direitos e o respectivo mecanismo de efetivação, o que, todavia,
ainda não signi�ca uma garantia de justiça concreta, porquanto esses direitos podem variar ao sabor do
pensamento político ou �losó�co informador de determinado Estado.
Indubitavelmente, o necessário desenvolvimento das instituições de proteção e promoção dos direitos
humanos é importante para todas as pessoas, sejam elas pobres ou ricas, bem como para existir paz e
segurança no mundo.
Neste sentido, é possívelinferir que, no sistema internacional, há três vertentes de proteção internacional do
indivíduo: o Direito Internacional Humanitário, o Direito Internacional dos Refugiados e o Direito Internacional
dos Direitos Humanos. Em que pese terem normas próprias, apresentam como objetivos comuns a
salvaguarda dos indivíduos.
Por essa razão que autores, como Cançado Trindade, procuram estabelecer aproximações e convergências
entre os “direitos” indicados ao assinalarem matérias relativas à proibição da tortura e de tratamento ou
punição cruel, desumana ou degradante, a detenção e a prisão arbitrárias, as garantias do devido processo
legal, a proibição de discriminação de qualquer tipo etc.
Ressalta-se que, embora existam traços marcantes de aproximação dos “direitos” indicados, não se pode
olvidar que o emprego das expressões, quando utilizadas como sinônimos, deve ser evitado, pois possuem
origens históricas distintas e aplicações igualmente diferenciadas, o que, por vezes, acaba por trazer grandes
dúvidas aos iniciantes do estudo.
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
O século XX foi marcado pelas trágicas consequências para a humanidade advindas da eclosão de grandes
con�itos mundiais. Porém, é possível a�rmar que a Segunda Guerra Mundial se apresenta como marco de
afronta à dignidade da pessoa humana.
No pós-guerra, os direitos da pessoa humana ganharam extrema relevância ao serem consagrados
internacionalmente como resposta às atrocidades cometidas durante o período indicado.
Os direitos humanos ganham força sob a égide da Organização das Nações Unidas, tendo sido produzidos
vários documentos internacionais para a proteção dos referidos direitos (Declaração Universal de Direitos
Humanos; Pacto de Direitos Civis e Políticos e Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Convenção
sobre Discriminação Racial; Convenção sobre os Direitos da Mulher; Convenção sobre a Tortura; Convenção
sobre os Direitos da Criança etc.).
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A fase legislativa dos direitos humanos corresponde à criação de quadro normativo extenso, que procura
efetivamente vincular a Organização Internacional aos seus propósitos, bem como a certas disposições
contidas em seu ato de criação.
Assim, a proteção internacional dos direitos humanos defere um status e um standard diferenciados para o
indivíduo, isto é, apresenta um sistema de proteção à pessoa humana, seja nacional ou estrangeiro, diplomata
ou não, um núcleo de direitos insuscetíveis de serem derrogados em qualquer tempo, condição ou lugar.
O vasto número de documentos internacionais que foram produzidos sob os auspícios da ONU em matéria de
direitos humanos fez com que a dignidade da pessoa humana passasse a se inserir entre os principais
interesses da sociedade internacional.
Há uma visão de que a sociedade internacional forma um todo e os seus interesses predominam sobre os dos
Estados individualmente. Outra consequência relevante da internacionalização desses direitos relaciona-se
com a soberania dos Estados, cuja noção vai sendo alterada de forma sistemática, ou seja, os direitos
humanos deixam de pertencer à jurisdição doméstica ou ao domínio reservado dos Estados.
Dessa forma, os direitos humanos que pertenciam ao domínio constitucional estão em uma migração
contínua e progressiva para uma diligência internacional. Na busca incessante do reconhecimento, do
desenvolvimento e da realização dos maiores objetivos por parte da pessoa humana e contra as violações que
são perpetradas pelos Estados e pelos particulares, o Direito Internacional dos Direitos Humanos tem-se
mostrado um instrumento vital para a uniformização, o fortalecimento e a implementação da dignidade da
pessoa humana, que se constitui como um verdadeiro valor na sociedade internacional e deve servir de
orientação a qualquer interpretação do Direito Internacional Público.
Ao se solidi�car a ideia de que os direitos humanos permeiam todas as áreas da atividade humana e
correspondem a um novo ethos de nossos tempos, a dignidade da pessoa humana passa a ser considerada
como núcleo fundamentador dos ordenamentos jurídicos (nacional e internacional), entendendo-se como o
conjunto de normas que estabelecem os direitos que os seres humanos possuem para o desempenho de sua
personalidade e determinam mecanismos de proteção a tais direitos.
No caso das normas de Direito Internacional dos Direitos Humanos, estas encontram-se intimamente
relacionadas com o tema da subjetividade internacional do indivíduo, tendo se desenvolvido após a Segunda
Guerra Mundial. São construídos os seus alicerces com base em princípios distintos dos que imperam no
Direito Internacional Clássico, que desconhecia o indivíduo como sujeito de direito internacional, o que trará
grandes repercussões em sua autonomia dogmática e na atuação prática.
Foram criados diversos mecanismos de proteção na ordem jurídica internacional, por exemplo, no âmbito da
Organização das Nações Unidas, o sistema de relatórios; de queixas; de reclamações interestatais; o Conselho
(antiga Comissão) de Direitos Humanos etc. Também, nos sistemas regionais de proteção dos direitos
humanos, a ser posteriormente demonstrado.
VÍDEO RESUMO
Caro aluno, o presente vídeo se propõe a apresentar como ocorreu o �orescimento da proteção internacional
do indivíduo. Para tanto, serão indicados alguns aspectos históricos importantes, bem como normas
estabelecidas no âmbito do Direito Internacional dos Con�itos Armados, do Direito Internacional dos
Refugiados e do Direito Internacional dos Direitos Humanos.
 Saiba mais
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Aprofundaremos nossos conhecimentos com a leitura do texto O direito internacional humanitário como
sistema de proteção internacional da pessoa humana, de Christophe Swinarski.
INTRODUÇÃO
Caro aluno, a Organização das Nações Unidas, ao ser criada no ano de 1945, inaugura um novo momento no
campo das relações internacionais ao integrar o indivíduo como sujeito de Direito Internacional. Os direitos da
pessoa humana passam a ser universalizados, propiciando a criação de um verdadeiro “código internacional
dos direitos humanos”.
Os Estados instituíram, na Carta de São Francisco – a Carta da ONU –, a necessidade de preservar as futuras
gerações do “�agelo da guerra” e, para tanto, atuar para a manutenção da paz e da segurança internacional,
bem como para a valorização e a proteção da pessoa humana, de modo que os Estados devem promover e
proteger os direitos humanos com ações que possam estar acompanhadas de atitudes que demonstrem a
intenção em cooperar com os trabalhos desenvolvidos na esfera internacional. Nessa esteira, as etapas de
produção normativa, de promoção e de proteção ganham relevo para a compreensão da matéria.
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
Após a hecatombe da Segunda Guerra Mundial, durante a qual o mundo teve a oportunidade de assistir a
uma série de barbaridades envolvendo milhares de pessoas, sentiu-se a necessidade de criar mecanismos
que pudessem garantir proteção aos seres humanos, �orescendo o Direito Internacional dos Direitos
Humanos.
O moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos é um fenômeno do pós-guerra e seu desenvolvimento
pode ser atribuído às monstruosas violações de direitos humanos da era Hitler e à crença de que parte dessas
violações poderia ser prevenida se um efetivo sistema de proteção internacional dos direitos humanos já
existisse, o que motivou o surgimento da Organização das Nações Unidas, em 1945.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos a�rma-se, em nossosdias, com inegável vigor, como ramo
autônomo da ciência jurídica contemporânea, dotado de especi�cidade própria. Trata-se, essencialmente, de
um direito de proteção, marcado por uma lógica própria, voltado à salvaguarda dos direitos dos seres
humanos, e não dos Estados.
Com efeito, os direitos inerentes à pessoa humana passaram a ocupar um lócus privilegiado ao serem
consagrados no ordenamento jurídico internacional. Ao ser considerado objeto principal, pode-se a�rmar que
os indivíduos possuem direitos inerentes à sua existência, que devem ser protegidos.
Aula 2
A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PÓS SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
Caro aluno, a Organização das Nações Unidas, ao ser criada no ano de 1945, inaugura um novo
momento no campo das relações internacionais ao integrar o indivíduo como sujeito de Direito
Internacional.
32 minutos
http://revista.ibdh.org.br/index.php/ibdh/article/view/5/7
http://revista.ibdh.org.br/index.php/ibdh/article/view/5/7
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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A Organização das Nações Unidas tem sua atuação voltada para a manutenção da paz e para a segurança
internacional, bem como para a valorização e a proteção da pessoa humana, período em que houve
vertiginoso crescimento de documentos internacionais voltados aos indivíduos.
A importância e a envergadura das atividades desenvolvidas pelas Nações Unidas no sentido de promover e
proteger os direitos humanos se expandem com o passar dos anos, atuando em várias frentes, por exemplo,
na construção e difusão de uma consciência voltada à proteção dos direitos humanos; no processo legislativo;
na vigilância; no fomento aos estudos; como instância de promoção e de proteção dos direitos humanos.
Com as ações de�agradas pelas Nações Unidas, consolida-se o movimento de internacionalização dos direitos
humanos, no qual as relações dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e
passam a ser de interesse internacional, e de�nitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas um
diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão de interesse
internacional.
Por �m, pode-se a�rmar que o sistema de proteção internacional dos direitos humanos no âmbito da
Organização das Nações Unidas caracteriza-se como um sistema de cooperação intergovernamental, que tem
por objetivo a proteção dos direitos inerentes à pessoa humana. Esse sistema é inaugurado no ano de 1945,
com a criação da referida organização internacional, em que �ca evidente que o sistema acaba por convergir
para a proteção dos direitos humanos, ao consagrar princípios fundamentais de seu texto normativo, bem
como explicitar que a proteção dos direitos humanos é um meio importante para assegurar a paz.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, consolida a ideia de uma ética universal e, ao
combinar o valor da liberdade com o da igualdade, enumera os direitos civis e políticos (arts. 3º a 21), como
também os direitos sociais, econômicos e culturais (arts. 22 a 28), isto é, os denominados direitos de primeira
e segunda dimensão. Ademais, também proclama a indivisibilidade dos direitos humanos. É possível a�rmar
que as questões voltadas à indivisibilidade e à universalidade dos direitos humanos tornam-se temas globais,
e a dignidade da pessoa humana passou a re�etir o fundamento de muitas Constituições a partir de então.
Embora a universalidade dos direitos humanos tenha sido proclamada com a Declaração de 1948, a matéria
ganhará amplitude de forma inequívoca a partir das duas Conferências Mundiais de Direitos Humanos: a de
Teerã, de 1968, e a de Viena, de 1993.
A Conferência Mundial de 1968 objetivou examinar os progressos alcançados nos vinte anos transcorridos
desde a aprovação da Declaração Universal, em 1948, bem como instou os Estados a aderirem aos pactos e a
outros instrumentos internacionais de direitos humanos.
A Conferência de Viena, no ano de 1993, estabeleceu importantes pressupostos programáticos indispensáveis
à universalização dos direitos humanos, tais como a interrelação entre desenvolvimento, direitos humanos e
democracia; a legitimidade do monitoramento internacional de suas violações; o direito ao desenvolvimento e
a interdependência dos direitos fundamentais. Con�rmou-se também a ideia de que os direitos humanos
extrapolam o domínio reservado dos Estados, invalidando o recurso abusivo ao conceito de soberania para
encobrir violações, ou seja, os direitos humanos não são mais matérias exclusivas das jurisdições nacionais.
Apesar da diversidade de interesses dos Estados, a constitucionalização das regras de conduta da sociedade,
no que se refere à proteção dos direitos humanos, é cada vez mais premente.
Além da fase que corresponde à produção normativa internacional sobre direitos humanos, não se pode
olvidar das ações de promoção que, da mesma forma, torna-se imprescindível pela ação e realização de
congressos, conferências, seminários, publicações e todas as demais ações que estejam voltadas à difusão da
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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matéria, posto que, para se estabelecer a proteção de maneira efetiva, é necessário que sejam conhecidos os
mecanismos e procedimentos que estão à disposição para tal.
No sistema onusiano, ganha relevo o órgão dotado de competência para proteção dos direitos humanos, qual
seja o Conselho de Direitos Humanos. Todavia, deve-se registrar que há outros órgãos, cuja competência
originária não esteja voltada aos direitos humanos, mas que também atuam de maneira re�exa. A título
ilustrativo, cita-se o art. 13 da Carta que atribui à Assembleia Geral a possibilidade de iniciar estudos e fazer
recomendações, destinados a promover cooperação internacional no terreno político e incentivar o
desenvolvimento progressivo do Direito Internacional e sua codi�cação; promover cooperação internacional
nos terrenos econômico, social, cultural, educacional e sanitário e favorecer o pleno gozo dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais, por parte de todos os povos, sem distinção de raça, sexo, língua ou
religião.
Também, torna-se digno de registro o Alto Comissariado para os Direitos Humanos, cujas atribuições
principais são: promover e proteger o gozo de todos os direitos civis, políticos, econômicos e culturais;
desempenhar as tarefas designadas pelos órgãos competentes do sistema das Nações Unidas, formulando
recomendações para promoção dos direitos humanos; proporcionar serviços de assessoramento e assistência
técnica e �nanceira; coordenar programas de informação e educação em direitos humanos; aumentar a
e�ciência do mecanismo internacional de proteção dos direitos humanos. Ademais, deve-se enfatizar que
existem os sistemas regionais de proteção, a exemplo do europeu, americano e africano, que serão
analisados na sequência.
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Os direitos humanos, que pertenciam ao domínio constitucional, estão em migração contínua e progressiva
internacionalização, sendo certo a�rmar que, na busca incessante do reconhecimento, do desenvolvimento e
da realização dos maiores objetivos por parte da pessoa humana e contra as violações perpetradas pelos
Estados e pelos particulares, o Direito Internacional dos Direitos Humanos tem-se mostrado um instrumento
vital para a uniformização, o fortalecimento e a implementação da dignidade da pessoa humana.
A dignidade da pessoa humana passa a ser considerada como núcleo fundamentador do Direito Internacional
dos Direitos Humanos (e do direito interno), entendido como o conjunto de normas que estabelecemos
direitos que os seres humanos possuem para o desempenho de sua personalidade e determinam
mecanismos de proteção a tais direitos. Neste sentido, é possível inferir que há vários mecanismos de
proteção na ordem jurídica internacional para a proteção de direitos, cujo destaque é o Conselho de Direitos
Humanos.
O órgão foi criado em 15 de maio de 2006, ao substituir a antiga Comissão de Direitos Humanos, por força da
Resolução nº 60/251, com a aprovação de 170 países, havendo quatro votos contra (Estados Unidos, Israel,
Ilhas Marshall e Palau) e três abstenções (Venezuela, Irã e Belarus).
O Conselho, por meio da Resolução nº 60/251, também chamou a si a responsabilidade de prosseguir com
todos os mandatos, mecanismos, funções e responsabilidades da Comissão, visando manter um sistema de
procedimentos especiais, de denúncia e de grupo de trabalhos.
No tocante aos procedimentos de denúncia (complaint procedures), a Resolução nº 5/1 permite que
indivíduos e organizações possam trazer reclamações sobre violações para a apreciação do Conselho. Cria,
também, dois Grupos de Trabalho distintos: o primeiro é o Grupo de Trabalho em Comunicações (Work Group
on Communications), responsável por examinar as denúncias com base nos critérios de admissibilidade
previamente estabelecidos. Após análise, a denúncia será submetida ao Estado interessado, para que este
possa se manifestar a respeito das alegações sobre violações de direitos humanos levadas ao seu
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conhecimento. O segundo é o Grupo de Trabalho em Situações (Work Group on Situations), o qual, com base
nas informações e recomendações fornecidas pelo Grupo de Trabalho em Comunicações, elabora um
relatório, que será submetido ao Conselho. Outra criação da Resolução nº 60/251 é o Comitê Consultivo
(Advisory Committee), que substitui a antiga Subcomissão de Promoção e Proteção dos Direitos Humanos.
Sua atribuição consiste em fornecer opiniões consultivas de experts ao Conselho, baseadas em estudo e
pesquisa prévios.
O Conselho de Direitos Humanos conta, ainda, com outros órgãos subsidiários, que foram estabelecidos pela
antiga Comissão de Direitos Humanos, incluindo: o Mecanismo de Especialistas em Direitos Humanos dos
Povos Indígenas; o Fórum sobre Questões Minoritárias; o Fórum Social; o Fórum sobre Empresas e Direitos
Humanos.
A agenda do Conselho de Direitos Humanos deve de�nir os itens a serem tratados pelo Conselho de Direitos
Humanos em suas reuniões ordinárias, que são acomodadas no programa de trabalho anual e de cada sessão
do Conselho. Essa agenda deve se basear nos princípios de universalidade, imparcialidade, objetividade, não
seletividade, diálogo construtivo e cooperação, previsibilidade, �exibilidade e transparência, accountability,
equilíbrio, caráter inclusivo, perspectiva de gênero, implementação e acompanhamento de decisões, e é
composta por 10 itens: questões de organização e procedimentos; Relatório Anual do Alto Comissariado para
os Direitos Humanos e do Secretário-Geral da ONU; promoção e proteção de todos os direitos humanos, civis,
políticos, econômicos, sociais e culturais, incluindo o direito ao desenvolvimento; situações de direitos
humanos que requerem a atenção do Conselho; órgãos e mecanismos de direitos humanos; Revisão Periódica
Universal; situação dos direitos humanos na Palestina e outros territórios árabes ocupados; seguimento e
implementação da Declaração e Programa de Ação de Viena; racismo, discriminação racial, xenofobia e outras
formas de intolerância, seguimento e implementação da Declaração e Programa de Ação de Durban;
assistência técnica e reforço da capacidade institucional.
VÍDEO RESUMO
Caro aluno, o presente vídeo se propõe a apresentar como se deu o processo de internacionalização dos
direitos humanos no sistema global a partir da criação da Organização das Nações Unidas em 1945. Traço
marcante corresponde às fases de produção normativa (denominada de “legislativa”), seguida pelas fases de
promoção e proteção. Frise-se, desde logo, que não são etapas estanques e que estão em contínua evolução.
 Saiba mais
Caro estudante, indico a leitura O sistema internacional de proteção dos direitos humanos, de Flávia
Piovesan, para aprofundar seus conhecimentos sobre os assuntos discutidos na aula.
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/flaviapiovesan/piovesan_sip.pdf
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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INTRODUÇÃO
Além do sistema global de proteção dos direitos humanos, registra-se, com elevada importância, os sistemas
regionais de proteção internacional dos direitos humanos: o europeu, o interamericano, o africano, além do
incipiente sistema árabe. É interessante notar que todas as Convenções preveem, de diferentes modos, a
expressão dignidade da pessoa humana ou direitos inerentes à pessoa humana em seus preâmbulos, embora
não possuam necessariamente perspectivas idênticas.
Fato é que nenhum dos sistemas regionais é estanque ou completamente enclausurado em si mesmo. Pelo
contrário, convenções de direitos humanos são instrumentos vivos, cujo diálogo recíproco entre os órgãos
encarregados de dar efetividade à promoção e à proteção dos direitos humanos acaba por promover um
constante aprendizado recíproco. Essa concepção, que conjuga a necessidade de sistemas de monitoramento
e, ainda, uma visão dos direitos humanos como interdependentes, está diretamente relacionada às
Conferências de Teerã e de Viena. Essa última enfatiza, em particular, as conexões entre direitos humanos,
desenvolvimento e democracia.
TERMINOLOGIA
A Convenção Europeia de Direitos Humanos (CEDH) de 1950, em seu preâmbulo, apresenta um primeiro
“considerando” que se reporta à Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948. Em seguida,
a�rma que a CEDH se “destina a assegurar o reconhecimento e aplicação universais e efetivos dos direitos
nela enunciados”. Reconhece como bases para a justiça e a paz no mundo, tanto “num regime político
verdadeiramente democrático” quanto o “respeito dos direitos do humanos”. Conclui que os governos dos
Estados europeus, com base nisso, tomaram essas primeiras providências para “assegurar uma garantia
coletiva de certo número de direitos enunciados na Declaração Universal” (TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS
DO HOMEM, 1950, p. 5).
A Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 é posterior à Carta da OEA de 1948 e à Declaração
Americana de Direitos e Deveres de 1948, que são documentos centrais na estruturação desse sistema
regional de proteção dos direitos humanos. A Carta da OEA foi reformada pelos Protocolos de Buenos Aires
(1967), Cartagena de Índias (1985), Washington (1992) e Managua (1993). Seu preâmbulo contempla a “missão
história da América” em oferecer ao indivíduo uma “terra de liberdade, favorável ao desenvolvimento de sua
personalidade e justas aspirações de conviver em paz” e propiciar mediante a sua “mútua compreensão e seu
respeito à soberania de cada um”. Nessa linha, o preâmbulo entende que a “democracia representa condição
indispensável para a estabilidade, paz e desenvolvimento da região” (OEA, 1948, [s. p.]). Já em um contexto
Aula 3
OS SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS
Além do sistema global de proteção dos direitos humanos, registra-se, com elevada importância, os
sistemas regionais de proteção internacional dos direitos humanos: o europeu, o interamericano, o
africano, além do incipiente sistema árabe.
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diverso da Guerra Fria, a Carta Democrática Interamericana de 2001 rea�rmou, por meio da Assembleia Geral,
o compromisso da OEA com a democracia representativa. São basicamente essas as diretrizes para uma
organização intergovernamental realizar uma sintonia �na entre respeito à soberania e à efetivação dos
direitos humanos.
O sistema africano foi concebido por meio de sua Carta, aprovada pela Conferência Ministerial da Organização
da Unidade Africana (OUA), em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981, e adotada pela XVIII Assembleia dos
Chefes de Estado e Governo da Organização da Unidade Africana (OUA), em Nairóbi, Quênia, em 27 de julho
de 1981. A perspectiva adotada foi mais coletivista, global, comunitária e focada nos direitos de 3ª
geração/dimensão, quando comparada às Convenções Europeia e Americana. Fica evidente, a começar pela
própria parte �nal do nome empregado para designar o documento “... e dos povos”. Essa perspectiva
também �ca evidente em três partes do preâmbulo. A primeira parte enfatiza a liberdade, a igualdade, a
justiça e a dignidade como objetivos a serem realizados para atender às “aspirações dos povos africanos” e
conclui, ainda no preâmbulo, com a importância de, nos termos do art. 2º da Carta, “eliminar sob todas as
suas formas o colonialismo da África” por meio da cooperação e coordenação com os instrumentos da Carta
da ONU e da DUDH. A segunda traça a diretriz para se adotar os direitos humanos em sua universalidade, o
que signi�ca, na Carta Africana, “dedicar particular atenção ao direito ao desenvolvimento”, já que os “direitos
civis e políticos são indissociáveis dos direitos econômicos, sociais e culturais” (OUA, 1981, [s. p.]). A terceira
merece ser enfatizada:
Por �m, há de ressaltar que também existe o incipiente sistema árabe.
ASPECTOS HISTÓRICOS
A região do continente europeu, abrangida pelo Conselho da Europa, é a parte do mundo mais desenvolvida
no que tange à proteção dos direitos humanos, nos termos da Convenção Europeia para a Proteção dos
Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais. Essa necessidade de proteger os direitos humanos
ocorreu, em grande medida, em razão das atrocidades que foram praticadas, especialmente, por ocasião da
Segunda Guerra Mundial no velho continente. O sistema europeu possui dispositivos que são consagrados na
Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, bem como em
instrumentos da União Europeia e na Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia.
No caso do sistema africano, este foi concebido pela sua Carta, aprovada pela Conferência Ministerial da
Organização da Unidade Africana (OUA) em Banjul, Gâmbia, em janeiro de 1981, e adotada pela XVIII
Assembleia dos Chefes de Estado e Governo da Organização da Unidade Africana (OUA) em Nairóbi, Quênia,
em julho de 1981. Apresenta como objetivos fundamentais a defesa da soberania dos Estados, bem como da
integridade territorial e independência de seus membros, o desenvolvimento e a integração socioeconômica
do continente africano e o respeito aos direitos humanos. Além da Carta Africana sobre Direitos Humanos, o
sistema africano de proteção aos direitos humanos apresenta outros documentos importantes e que versam
sobre temas especí�cos, como a Convenção para Eliminação dos Mercenários e a Carta Africana sobre os
Os povos continuam a lutar pela sua verdadeira independência e pela sua dignidade, e
comprometendo-se a eliminar o colonialismo, neocolonialismo, apartheid, o sionismo, as
bases militares estrangeiras de agressão e quaisquer formas de discriminação,
nomeadamente as que se baseiam na raça, etnia, cor, sexo, língua, religião ou opinião
política. 
— (OUA, 1981, [s. p.])
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Direitos e o Bem-estar da Criança. Destaca-se que o texto produzido na África distingue-se em seus traços
gerais dos documentos produzidos na Europa e na América, pois, ao invés de consagrar de forma
preponderante os direitos civis, como os outros continentes, o aludido texto preconiza a proteção de direitos
dos povos. Foi assim que os Estados africanos estabeleceram, nesse documento internacional, direitos
relativos à a�rmação da independência, da autonomia e do progresso dos referidos Estados.
Quanto ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos no continente americano, evidencia-se
que este abarca os procedimentos contemplados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Convenção Americana de Direitos Humanos. O
sistema americano, num primeiro momento, atribuía competências para todos os Estados-membros, por
força da Carta da Organização dos Estados Americanos e da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem. Posteriormente, com a Convenção Americana de Direitos Humanos, os procedimentos e
instrumentos ali previstos passaram a ser aplicados tão somente aos Estados-partes do referido tratado
internacional. Por essa razão é que se costuma a�rmar que no âmbito americano existe um sistema duplo de
proteção dos direitos humanos: o sistema geral, baseado na Carta e na Declaração, e o sistema que abarca
apenas os Estados signatários da Convenção, que, além de contemplar a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, como no sistema geral, também alcança a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Por �m, ressalta-se que, embora o sistema de proteção regional dos direitos humanos esteja funcionando em
vários pontos do globo, deve-se alertar que, no mundo árabe, ainda não passa de uma grande aspiração, pois
os direitos humanos para os povos árabes, em regra, apresentam-se como um poder derivado de um poder
divino, o que acaba por produzir situações complexas para alguns segmentos da população, como no caso
das mulheres.
FUNDAMENTOS
A Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais foi concebida pelo
Conselho da Europa, tendo sido aberta à assinatura em Roma, no dia 4 de novembro de 1950, e entrou em
vigência no mês de setembro de 1953. Essa Convenção foi e continua a ser o mais importante catálogo
europeu de direitos. A experiência bem-sucedida de um texto que vigora por tanto tempo, sucessivamente
renovado e ampliado por protocolos adicionais, cuja garantia foi con�ada a um verdadeiro tribunal, é o
principal fator que converge no sentido de fazer da Convenção a mais exemplar realização de objetivos
realizados pelo Conselho da Europa. Outro ponto importante da referida Convenção relaciona-se à instituição
de órgãos destinados a �scalizar o respeito aos direitos humanos declarados no referido documento
internacional, como também julgar os casos que ensejassem a violação dos direitos por Estados signatários do
Tratado. Três instituições �cavam responsáveis pelo controle: a Comissão Europeia dos Direitos do Homem
(criada em 1954), o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (instituído em 1959) e o Comitê de Ministros do
Conselho da Europa, composto por ministros dos negócios estrangeiros dos Estados-membros ou pelos seus
representantes. A existência de órgãos incumbidos de �scalizar o respeito aos direitos humanos e julgar as
suas eventuais violações foi, sem dúvida, um grande marco para a evolução do sistema de proteção dos
direitos humanos no plano internacional.
No sistema africano, além da Carta Africana sobre Direitos Humanos, ganha relevo cinco instrumentos
vinculativos ainda não rati�cados por todos os Estados, a saber: Carta Africana sobre a Democracia, Carta da
Criança, Convenção dos Refugiados, Protocolo da Mulher e Protocolo sobre o Estabelecimento do Tribunal
Africano. Dentre as Instituições de Garantia e de Controle da Carta Africana, as principais são a Comissão
Africana, que busca promover e garantir a realização dos Direitos Humanosno continente, e a Corte Africana,
que reforça a atuação da Comissão com seu caráter contencioso e consultivo. A Comissão é a primeira a
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analisar os casos, porém, como não possui caráter vinculante, apenas pode fazer recomendações aos Estados.
A Corte, por outro lado, tem força vinculante e pode punir os Estados por sua negligência ou por violação
direta dos direitos humanos.
O sistema interamericano consagra a Carta, que é um documento mais abrangente no que tange ao número
de Estados a ela submetidos, porém menos protetivo, por abarcar apenas a Comissão como órgão voltado à
proteção dos direitos humanos, e a Convenção, que se apresenta como documento hábil para os Estados que
reconhecem a jurisdição da Corte Interamericana. Para melhor compreensão do sistema interamericano de
proteção dos direitos humanos, devem ser levados em consideração dois aspectos: o contexto histórico e as
peculiaridades da região, pois trata-se de um local marcado por elevado grau de exclusão e desigualdade
social, ao qual se somam democracias em fase de consolidação. A região convive, ainda, com as
reminiscências do legado dos regimes autoritários ditatoriais, com uma cultura de violência e de impunidade,
com a baixa densidade dos Estados de Direito e com a precária tradição de respeito aos direitos humanos no
âmbito doméstico. Dois períodos assim demarcam o contexto latino-americano: o período dos regimes
ditatoriais e o período da transição política aos regimes democráticos, marcado pelo �m das ditaduras
militares na década de 1980 na Argentina, no Chile, no Uruguai e no Brasil.
VÍDEO RESUMO
Caro aluno, conforme assinalado anteriormente, o sistema de proteção dos direitos humanos apresenta-se no
plano global, com destaque para as ações que são produzidas no âmbito da Organização das Nações Unidas,
mas também os sistemas regionais de proteção. Neste vídeo, serão apresentados os sistemas europeu,
africano e americano, posto que o árabe ainda se apresenta em plano embrionário. Frise-se que o Brasil faz
parte do sistema interamericano e, portanto, suscitará maiores explicações na próxima aula.
 Saiba mais
Para complementar os seus estudos, con�ra a indicação de leitura a seguir:
BICUDO, H. Defesa dos direitos humanos: sistemas regionais. Estudos Avançados, v. 17, n. 47, abr. 2003.
INTRODUÇÃO
Aula 4
OS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO
SISTEMA INTERAMERICANO
O Sistema Interamericano de Direitos Humanos apresenta-se como uma ferramenta de importância
inestimável para a garantia efetiva dos direitos humanos no continente americano.
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O Sistema Interamericano de Direitos Humanos apresenta-se como uma ferramenta de importância
inestimável para a garantia efetiva dos direitos humanos no continente americano, pois através dos dois
órgãos de proteção dos direitos humanos previstos nos documentos internacionais americanos (a Comissão
Interamericana e a Corte Interamericana) garante-se não só o acompanhamento da conduta dos Estados
membros como também a possibilidade de se julgar casos atentatórios aos direitos humanos. Os referidos
órgãos, que são responsáveis pela proteção dos direitos humanos no continente americano, possibilitam a
resolução de casos de presumida violação de direitos e liberdades contidas na Convenção Americana sobre
direitos humanos, por meio de um procedimento que se inicia na Comissão e que poderá ter a sua apreciação
na Corte, com a consequente condenação do Estado por atos atentatórios aos direitos inerentes à pessoa
humana.
TERMINOLOGIA
Por meio do funcionamento dos órgãos de proteção dos direitos humanos no sistema interamericano, é
possível acompanhar a conduta dos Estados-membros que envolva atentados aos direitos humanos, como
também que os Estados sejam julgados com a correspondente sentença condenatória que deverá ser
cumprida, sob pena de sanções de natureza política perante a Organização dos Estados Americanos. Trata-se
de matéria de grande interesse à medida que as decisões proferidas pela Corte Interamericana produzem
efeitos signi�cativos para os Estados que são parte dos tratados internacionais de direitos humanos e que
reconhecem a jurisdição da Corte.
Neste sentido, a título inaugural, apresenta-se a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, cuja sede
encontra-se em Washington, que é um órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA) criado para
promover a observância e a defesa dos direitos humanos, bem como para funcionar como órgão consultivo
da OEA nesta matéria. Ela representa todos os Estados integrantes da OEA. Seus membros devem ser eleitos
pela Assembleia Geral da Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados-
membros. A competência da Comissão alcança todos os Estados-partes da Convenção Americana, em relação
aos direitos da pessoa humana nela consagrados, bem como a todos os Estados integrantes da OEA, em
relação aos direitos consagrados na Declaração Americana de 1948. A Comissão Interamericana de Direitos
Humanos é constituída por sete pessoas de alta autoridade moral e reconhecido saber em matéria de direitos
humanos, cuja missão precípua é promover a observância e a proteção dos direitos da pessoa humana no
âmbito do continente americano. Os integrantes da Comissão são eleitos por quatro anos e só poderão ser
reeleitos uma vez, sendo igualmente vedada a participação na Comissão de mais de um nacional de um
mesmo país.
Em relação à Corte Interamericana de Direitos Humanos, apresenta-se como uma instituição judicial
independente e autônoma regulada pelos artigos 33 (alínea b) e 52 a 73 da Convenção Americana de Direitos
Humanos, bem como pelas normas do seu Estatuto, tendo sido instalada em 1979. Situada na cidade de São
José, Costa Rica, sua criação tem origem na proposta apresentada pela delegação brasileira à IX Conferência
Interamericana, realizada em Bogotá, no ano de 1948. Composta por sete juízes, nacionais dos Estados-
membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de
reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o
exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais ou do
Estado que os propuser como candidatos. Os juízes da Corte são eleitos por um período de seis anos e
poderão ser reeleitos uma vez, em votação secreta, pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na
Convenção, na Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, de uma lista de candidatos
propostos pelos mesmos Estados. A Corte também pode contar com juízes ad hoc para tratar de
determinadas matérias, conforme estabelece o art. 55 da Convenção Americana, cujos requisitos são os
mesmos dos demais juízes da Corte.
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A Corte Interamericana de Direitos Humanos, originada por meio do Pacto de São José da Costa Rica
(Convenção Americana sobre Direitos Humanos – 1969), apresenta como objetivos a aplicabilidade do referido
tratado internacional na ordem jurídica dos Estados-membros que a compõem, conforme preceitua o art. 1º.
Quanto às funções da Corte Interamericana, são classi�cadas e de�nidas pela Convenção Americana em duas
categorias: contenciosa (artigos61, 62 e 63) e consultiva (art. 64).
ASPECTOS HISTÓRICOS
Embora a Comissão Interamericana de Direitos Humanos tenha diversas atribuições, pode-se a�rmar que sua
principal função está relacionada à promoção, à observância e à defesa dos direitos humanos. Para alcançar
esse desiderato, no que tange à promoção dos direitos humanos, a Comissão deve preparar estudos,
relatórios e propor recomendações aos Estados, tendo em vista a adoção de medidas que favoreçam o
sistema de proteção aos direitos humanos no plano doméstico, como também conhecer petições individuais e
comunicações interestatais que contenham denúncias de direitos que tenham sido aviltados nos termos da
Convenção. Ela realiza seu trabalho com base em três pilares: o sistema de petição individual, o
monitoramento da situação dos direitos humanos nos Estados Membros e a atenção a linhas temáticas
prioritárias. Por meio desta estrutura, a Comissão considera que, no contexto da proteção dos direitos de
toda pessoa sob jurisdição dos Estados americanos, é fundamental dar atenção às populações, às
comunidades e aos grupos historicamente submetidos à discriminação. Digno de registro o fato de que
qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais
Estados-membros da Organização, nos termos do art. 44, pode apresentar à Comissão petições que
contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte. Inicialmente, a
competência da Comissão estava adstrita à promoção dos direitos humanos por meio de preparação de
estudos e relatórios, bem como de recomendações aos governos dos Estados, com vistas à adoção de
medidas em prol dos direitos humanos no plano doméstico dos seus respectivos territórios. Hodiernamente,
possui também competência para efetiva proteção dos direitos humanos em razão do conhecimento de
petições individuais e de comunicações interestatais que contenham denúncias de violações aos direitos
previstos na Convenção Americana.
Quanto à Corte Interamericana de Direitos Humanos, evidencia-se que ela pauta suas atuações em prol da
observância dos principais documentos internacionais protetivos aos direitos humanos e propicia
signi�cativos avanços nesta matéria no âmbito do continente americano. Neste sentido, houve modi�cações
no campo dos direitos humanos e até mesmo no próprio funcionamento do Estado, por exemplo, os estudos
que envolvem a soberania, que passa a ser mitigada na medida em que os Estados se submetem à
obrigatoriedade da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Os Estados, ao se tornarem
signatários da Convenção Americana, geram para si um dever, qual seja, o de adequar sua legislação e
jurisdição interna para que estas estejam em consonância com as normas externas e com a jurisprudência da
Corte Interamericana, sendo necessária a observância do controle de convencionalidade. 
A adesão da República Federativa do Brasil ao sistema da Corte Interamericana de Direitos Humanos é
vantajosa para o Estado e para a pessoa humana, posto que, a partir do desenvolvimento dos mecanismos
coletivos de aferição de eventual violação de direitos humanos, ganha o indivíduo, por ter acesso a
mecanismos internacionais de proteção; ganha todo e qualquer Estado, por neutralizar os mecanismos
unilaterais; ganha a sociedade internacional como um todo, por ser a proteção dos direitos humanos
essencial rumo ao estabelecimento de uma sociedade humana justa, igual e em paz. Por �m, conclui-se que
os compromissos assumidos pelo Estado brasileiro junto ao Sistema Interamericano e, particularmente, ao
reconhecer a jurisdição da Corte, alcançou resultados signi�cativos, tendo sido apreciados diversos casos que
envolveram a República.
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FUNDAMENTOS
O controle de convencionalidade em sede nacional ocorre quando se aplica a Convenção Americana de
Direitos Humanos ou as normas de direitos humanos incluídas em tratados internacionais ao bloco de
constitucionalidade ao invés de utilizar o direito interno, mediante um exame de confrontação normativo
(material) em um caso concreto e a elaboração de uma sentença judicial que proteja os direitos da pessoa
humana. Neste caso, corresponde ao controle de caráter difuso, em que cada juiz aplica este controle de
acordo com o caso concreto que será analisado. Isso se dá na esfera interna (controle de convencionalidade)
por intermédio da atuação dos tribunais e juízes internos que terão a competência de aplicar a Convenção em
detrimento da legislação interna, em um caso concreto, a �m de proteger direitos mais bené�cos à pessoa
humana. Se por um lado os juízes de primeiro grau e os tribunais estão submetidos ao império da lei estatal,
por outro também não se pode olvidar que um tratado internacional, quando rati�cado pelo Estado, é
incorporado à ordem jurídica interna. Ao rati�car um tratado internacional de direitos humanos, o Estado se
vincula a ele. Assim, é dever do Estado garantir mecanismos no plano interno que estejam a�nados com as
normas internacionais, que passam a fazer parte do ordenamento jurídico interno do Estado, impondo
desa�os para sanar o con�ito que uma norma poderá apresentar em relação à outra.
Ao se realizar o controle de convencionalidade, é possível inferir que o pro�ssional do direito não é obrigado a
indicar apenas um fundamento normativo para tutelar direitos em favor do indivíduo, sendo, portanto,
possível utilizar mais de uma norma (interna ou internacional) que possibilite o diálogo entre elas, com o
intuito de alcançar o resultado mais adequado em benefício dos interesses da pessoa humana.
Sem embargo, ao ocorrer um con�ito entre uma norma de direito internacional e uma norma
infraconstitucional, os tribunais e os juízes nacionais poderão aplicar dois tipos de controles: o controle de
constitucionalidade e o controle de convencionalidade, que poderá ser realizado tanto pela via difusa quanto
pela via concentrada. Assim, a norma interna de natureza infraconstitucional terá validade se conseguir
passar por estes dois dispositivos de controle: o primeiro tem a �nalidade de veri�car se a lei
infraconstitucional é compatível com a Constituição, e o segundo serve para averiguar se há violação de
direitos consagrados em tratados internacionais de direitos humanos rati�cados pelo país. O controle de
convencionalidade deve ser exercido pelos órgãos da justiça nacional relativamente aos tratados de direitos
humanos aos quais o país se encontra vinculado. Trata-se de adaptar ou conformar os atos ou as leis internas
aos compromissos internacionais assumidos pelo Estado, que criam para estes deveres no plano internacional
com re�exos práticos no plano do seu direito interno, ou seja, não somente os tribunais internacionais devem
realizar este tipo de controle mas também os tribunais internos. Por �m, registra-se que o controle de
convencionalidade doméstico consiste numa sindicância de compatibilidade entre o direito estatal e o
internacional dos direitos humanos, que trarão vários desdobramentos para a ordem jurídica interna.
VÍDEO RESUMO
Caro aluno, o presente vídeo se propõe a apresentar o sistema de proteção dos direitos humanos no
continente americano e aspectos voltados ao controle de convencionalidade, que, infelizmente, ainda tem
sido negligenciado nos estudos dos direitos humanos no Brasil, embora se trate de importante ferramenta
para efetividade dos direitos inerentes à pessoa humana.
 Saiba mais
Para complementar os seus estudos, con�ra a indicação de leitura a seguir:
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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GUERRA, S. Controle de Convencionalidade. Revista Jurídica – UNICURITIBA, Curitiba, v. 1, n. 46, p. 1-21,
2017
Aula 1
ARÉCHAGA, E. J. Derecho internacional público. Montevideo: Fundación de Cultura Universitaria, 1995.
GUERRA, S. Direitos humanos na ordem jurídica internacional e re�exos para a ordem constitucional
brasileira. 2. ed. São Paulo, SP: Atlas, 2014.
GUERRA, S. Direito Internacional dos Direitos Humanos. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumen Juris, 2020.
GUERRA, S. Direito internacional humanitário e a proteção internacional do indivíduo. Porto Alegre, RS:
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PECES BARBA, G. Curso de derechos fundamentales. Madrid: Eudema, 1991.
TRINDADE, A. A. C.; PEYTRIGNET, G.; RUIZ DE SANTIAGO, J. As três vertentes da proteção internacional dos
direitos da pessoa humana. San José; Brasília: IIDH, 1996.
Aula 2
DINH, N. Q.; DAILLIER, P.; PELLET, A. Direito internacional público. 2. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2003.
GUERRA, S. Direito Internacional dos Direitos Humanos. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumen Juris, 2020.
GUERRA, S. Curso de direito internacional público. 14. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2022.
GUERRA, S. Curso de direitos humanos. 7. Ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2022.
MARTINS, A. M. G. Direito internacional dos direitos humanos. Coimbra: Almedina, 2006.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução nº 60/251, de 15 de março de 2006. Institui o Conselho de
Direitos Humanos. Genebra: ONU, [2022].
SALCEDO, J. A. C. Curso de derecho internacional público. Madrid: Tecnos, 1991.
TRINDADE, A. A. C. La protección internacional de los derechos económicos, sociales y culturales en el �nal del
siglo. In: TRINDADE, A. A. C. El derecho internacional en un mundo en transformación. Montevideo:
Fundación de Cultura Universitaria, 1994.
Aula 3
GUERRA, S. Direito Internacional dos Direitos Humanos. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumen Juris, 2020.
GUERRA, S. Curso de direitos humanos. 7. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2022.
REFERÊNCIAS
1 minutos
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/1994/1275
17/04/2024, 11:06 wlldd_231_u2_dir_hum_cid
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Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.
GUERRA, S. O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos e o controle de
convencionalidade. 3. ed. Curitiba, PR: Instituto Memória, 2020.
MACHADO, J. E. M. Direito internacional. Do paradigma clássico ao pós 11 de setembro. 3. ed. Coimbra:
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OUA, 1981. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/banjul.htm. Acesso em: 12 dez. 2022.
PIOVESAN, F. Temas de direitos humanos. 3. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2009.
ROCHA, J. C. de S. da; BACIO, D. N. H. O sistema africano de proteção de direitos humanos: uma análise crítica. 
INTER – Revista de Direito Internacional e Direitos Humanos da UFRJ, v. 3, n. 1, 2020.
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