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QUESTÕES UNIOESTE III 01. Sobre a obra Os tambores silenciosos, de Josué Guimarães, apenas é INCORRETO afirmar que: a) O governo tirânico de Lagoa Branca tem êxito ao final da narrativa, levando a cidade a um longo período ditatorial. b) O autor cria a cidade imaginária de Lagoa Branca, local onde transcorre toda a história. c) A narrativa acontece durante apenas sete dias, na Semana da Pátria de 1936, numa pequena cidade de interior. d) O prefeito de Lagoa Branca, coronel João Cândido, confisca os jornais para que a população não tenha acesso às notícias. e) Como reação à tirania do prefeito, a população não comparece aos festejos de Sete de Setembro. 02. Considere as afirmações a seguir em relação à obra Os tambores silenciosos, de Josué Guimarães. I. A relação entre presente e passado representada na obra evidencia o caráter cíclico de momentos de autoritarismo na história brasileira. II. Na obra, a ação se desenvolve em meio a estritas delimitações temporais e espaciais. III. O recurso mítico dos pássaros que ganham vida anuncia a derrota do governo tirânico de Lagoa Branca. Está correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) I, II e III. d) I e II, apenas. e) II, apenas. 03. (UNIOESTE) Assinale a alternativa INCORRETA tendo em vista as citações abaixo, extraídas do livro Os tambores silenciosos, de Josué Guimarães, e o que, respectivamente, é declarado a respeito. “[...] em resposta mensagem Vossa Excelência devo informar que a cidade toda se prepara para festejos independência do Brasil dentro do maior civismo e fé no grandioso futuro de nossa pátria vg sendo infundadas denúncias certamente feitas elementos comunistas [...].” ( p. 72). “[...] descobri que dois deles foram torturados e mortos de tanto apanhar, levavam choques elétricos e passavam todos pela tortura do afogamento. [...] foram presos e torturados pelo crime de serem apanhados com esses radinhos de galena [...].” (p. 205). “[...] quando a Pátria chama cada um dos seus filhos para que eles cumpram com o seu dever de patriotas, em defesa de Deus, da própria Pátria e da Família, o pedestal de toda uma nacionalidade que pretende reafirmar-se perante o mundo civilizado [...].” (p. 135). “[...] um coração partido de tristeza só pode agora de joelhos te pedir perdão. Tudo o que se passou ontem se deve ao imenso amor que estraçalha o meu coração dolorido. Jamais amei outro homem na minha vida. Volta. Te espero esta noite na hora de sempre.” (p. 94). “[...] forrado de couro preto, mas já ruço, e que com o tempo foi deixando penetrar poeira entre as lentes e não se podia mais dizer que era o mesmo com que o velho pai delas, federalista de quatro costados, cuidava dos legalistas do General Tavares na Revolução de 93 [...].” (p.2). A) Texto elaborado pelo prefeito João Cândido em resposta às denúncias de arbitrariedades acontecidas no município de Lagoa Branca. (citação p. 72). B) Fala do professor Ulisses ao presidente Getúlio Vargas relatando as atrocidades praticadas sob as ordens do prefeito. (citação p. 205). C) Discurso retórico proferido em uma das sessões características das reuniões dos membros do Integralismo (citação p. 135). D) Bilhete enviado pela esposa do capitão Ernesto – Isabel – ao seu amante, sargento Deoclécio. (citação p. 94). E) Descrição do binóculo que já fora usado pelo coronel Juvêncio como instrumento de espionagem militar e que, agora, era usado pelas filhas para se inteiraram da vida alheia. (citação p. 2). 05. (UNIOESTE) Assinale a alternativa que caracteriza um dos expedientes narrativos usados por Josué Guimarães em Os tambores silenciosos. (A) Construção maniqueísta de personagens boas (as solteironas), versus personagens más (as mulheres casadas). (B) Crítica aos abusos de poder típicos de presidentes como: Floriano Peixoto, Plínio Salgado e Coronel João Cândido. (C) Constituição do cenário espaço-temporal romanesco às vésperas do Estado Novo. (D) Referência à cidade alemã de Lagoa Branca, RS, responsável pelo recrudescimento do nazismo. (E) Descrição dos ideais integralistas contrários à obediência, ao nacionalismo e à ordem hierárquica. 06. (FAMECA) Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café puro. O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia. Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para residir, procuro lhe dar uma refeição condigna. Terminaram a refeição. Lavei os utensilios. Depois fui lavar roupas. Eu não tenho homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar roupas de alto preço, residir numa casa confortavel, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela. Fui no rio lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo.Ela e o esposo tratam-se com iducação. Visam apenas viverem paz. E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse--me que o Binidito da D. Geralda todos os dias ia preso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para ele na cadeia. Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho que levar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o peso do saco na cabeça e suporto o peso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me. Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo. Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguem no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem um homem no lar. (Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada, 1993. Adaptado.) As informações do texto permitem reconhecê-lo como a) Uma análise, na qual o narrador questiona a sua condição de vida, mostrando que, apesar de sonhar com privilégios, prefere viver de forma simples. b) Um comparativo, no qual o narrador reconhece que vive bem, ressaltando as vantagens de vestir-se com roupas caras e de morar em uma casa confortável. c) Uma narrativa poética, na qual o narrador expõe seu sofrimento, deixando claro que ele decorre do fato de ter vários filhos para cuidar. d) Um relato, no qual o narrador apresenta situações do seu cotidiano, evidenciando as dificuldades que enfrenta para sobreviver como catadora de papel. e) Um resumo, no qual o narrador desmerece sua família e sua comunidade, as quais lhe representam empecilhos para uma vida melhor e com mais conforto. 07. (UFRGS) Instrução: A questão refere-se à obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Um tema em Quarto de despejo é encontrado também no poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, transcrito a seguir. O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras. a) A revolta e a indignação daqueles que sofrem a miséria e a marginalização social. b) O problema da fome, que avilta a dignidade humana. c) A aceitação da pobreza, que se tornou uma condição inerente às sociedades modernas. d) A esperança como forma de enfrentar o sofrimento da fome e de garantir a sobrevivência. e) O ato de escrever funciona como modo de driblar a fome. 08. (UFRGS) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações. ( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua rotina de fome e violência através da escrita. ( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticaispresentes no texto. ( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva. ( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias de hoje. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F – V – F – F. b) V – F – V – V. c) V – F – F – V. d) V – V – V – F. e) F – V – V – V. 09. (ENEM Libras 2017) Quarto de despejo Carolina Maria de Jesus Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua atualidade. JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007. Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa do livro Quarto de despejo a) Retomar trechos da obra. b) Resumir o enredo da obra. c) Destacar a biografia da autora. d) Analisar a linguagem da autora. e) Convencer o interlocutor a ler a obra. 10. (ACAFE) Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) Mesclando a oralidade da gíria com o português formal, os 13 capítulos da obra empolgam pela linguagem ágil e narrativa naturalmente realista. Não por acaso, o livro despertou o interesse de produtores de cinema e de editores estrangeiros, interessados em explorar aspectos sociais inerentes à vida nas favelas. b) A protagonista relata seu “desgosto por ser mulher”, e diante das rivalidades e disputas entre as mulheres da favela (incluindo a narradora), ela afirma que gostaria de ter nascido homem e que isso tornaria sua vida mais fácil. c) Os textos que deram origem ao livro foram escritos entre 1955 e 1960 por uma moradora da favela que se expandia às margens do rio Tietê, no bairro do Canindé, e selecionados pelo repórter Audálio Dantas. d) Carolina em seu diário contrasta a ideologia desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, então presidente da república, com sua condição de vida na favela, o que a impede de nutrir simpatias por: "[...] o que o senhor Juscelino tem de aproveitável é a voz. Parece um sabiá [...] residindo na gaiola de ouro que é o Catete. Cuidado sabiá, para não perder esta gaiola, porque os gatos, quando estão com fome, contemplam as aves nas gaiolas. E os favelados são os gatos. Têm fome." 11. (UEL) Leia o trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e responda a questão 15 de maio Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz: – Os políticos protegem os favelados. Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café, bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais. ... Eu classifico São Paulo assim: o Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos. JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2014. p.32. Assinale a alternativa que estabelece a exata correlação entre Quarto de despejo e os romances Casa de pensão, de Aluísio Azevedo, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto a) A miséria dos favelados de Quarto de despejo é experimentada também pelos moradores da pensão e pelos parentes do protagonista no romance Casa de pensão. b) As dificuldades enfrentadas pelas personagens de Quarto de despejo numa cidade grande como São Paulo têm pontos de contato com o individualismo que cerca as personagens de Casa de pensão. c) A distância do acesso ao poder representada em Quarto de despejo é equivalente ao caráter desprotegido que atinge o protagonista de Casa de pensão e as personagens que com ele convivem. d) A associação da favela ao lixo em Quarto de despejo é uma retomada das condições de moradia de personagens como Clara dos Anjos e Cassi Jones na narrativa de Lima Barreto. e) O descaso dos políticos focalizado em Quarto de despejo é o comportamento que conduz a protagonista Clara ao desespero quando ela se vê abandonada por Cassi Jones e pelas autoridades. 12. (IFSulDeMinas) Considerando os livros “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, e “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, é CORRETO afirmar que: a) O segundo apresenta perspectiva naturalista e determinista para seus personagens enquanto que o primeiro apresenta aposta na mudança de realidade por meio da escrita em um diário. b) Bertoleza, personagem de “O Cortiço”, assemelha-se à Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, pois ambas são dependentes e falta-lhes proatividade. c) Os dois livros em questão reforçam a imagem de sexo frágil para a mulher. d) A metáfora do quarto de despejo não estabelece qualquer relação com o contexto do cortiço descrito no romance de Aluísio de Azevedo. 13. (Unimontes) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas, EXCETO a) A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo” da grande cidade de São Paulo. b) O ato cotidiano de recolher resíduos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada c) O diário Quarto de despejo é constituído de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas. d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora. 14. (Unimontes) 1 DE JULHO... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me ver passar saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar. (...) Quando passei perto da fabrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que pega. Quando carregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 1997, p. 69.) Sobre o excerto acima e sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a única afirmativa INCORRETA é: a) Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita dos seus diários. b) Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da memória. c) A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora. d) A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora. 15. (Unimontes) A narrativa "Quarto de despejo (24 de dezembro de 1958)", da escritora Carolina Maria de Jesus, texto que integra a coletânea Nós e os outros, de Marisa Lajolo, apresenta todas as características abaixo, EXCETO a) O discurso é bem elaborado e erudito, demarcando o lugar social da personagem narradora. b) As marcas temporaisdo discurso possibilitam pensar o texto como uma página de diário. c) A narrativa, assim como outras da coletânea, representa personagens que vivenciam experiências de exclusão social. d) Com linguagem poeticamente construída, o texto da autora exemplifica um modo de vida específico. Texto 1 Olhando então com mais cuidado para a praia, vi umas criaturas semelhantes a macacos, que andavam muito eretas e apontavam para nós. Porém, conforme a luz do dia a tudo ia clareando, pude ver que não eram animais e sim oito ou nove homens pintados de carmim e preto, e armados de arcos e flechas. E aconteceu que hoje vieram algumas mulheres, todas com cabelos muito pretos e compridos, pintadas com aquela tintura e nuas como Eva, mas disso não faziam conta. Quando as vimos, acendeu-se em nós o natural lume da luxúria e por mais que quiséssemos parecer sisudos, não podíamos deixar de muito olhar para as suas ancas e também para os seus peitos. Eram limpas e tinham suas partes altas e bem cerradinhas. Os rostos não eram bons, mas ainda assim havia gosto em olhar para elas. TORERO, J. R. & PIMENTA, M. A. Terra Papagalli. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. Fragmento. Texto 2 A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes. Bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. [...] Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. CAMINHA, P. V. Carta a el-rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil. 1º de maio de 1500. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1974. Fragmento. 16. Com base nas informações presentes nos Textos 1 e 2, analise as seguintes afirmativas. I. No Texto 3, observa-se que Torero e Pimenta retornam, em tom jocoso, às origens dos desmandos do descobrimento do Brasil; nesse caso, há uma alusão a um trecho da história – um dos encontros com os índios – contado por Caminha, e os narradores da terra dos papagaios o fazem, valendo-se da visão de Cosme Fernandes, com base nos registros em que o degredado deixa para seu filho, Vasco Brandão, o Conde de Ourique. II. No Texto 3, observa-se uma narração da história do Brasil, em tom humorístico, direcionada a especialistas em linguagem do século XVI. Cenas de humor com fatos históricos se intercalam ao longo do livro o qual foi estruturado em formato de carta do Bacharel ao Conde de Ourique, missivista português, da época de el - Rei, Dom Manuel I. III. Nos Textos 3 e 4, é perceptível a relação intertextual por meio da paródia, o que se observa no trato com que Torero e Pimenta, autores do primeiro, retomam as notícias da Carta, e, embora eles deem a mesma abrangência ao tema tratado, fazem-no com ironia, sobretudo quando se referem às descrições reservadas à figura do índio. IV. O Texto 3 faz alusões muito relevantes à história do Brasil (embora de modo extremamente sintético), como o fez Caminha, no Texto 4, portanto, o que se vê em Terra Papagalli, uma narrativa epistolar de caráter épico, é apenas uma associação ao episódio do encontro dos portugueses com as índias, por ocasião da chegada deles a terras brasileiras. V. Por ser uma prosa poética, Terra Papagalli mistura a linguagem conotativa e formal de Cosme Fernandes, personagem central, à linguagem denotativa e informal de Caminha, usada pelo missivista em a Carta. É dessa mistura que resulta a expressividade do Texto 3, a qual se destaca também pelo fato de os autores tornarem o papagaio, referendado já no título, como objeto da identidade nacional. Está CORRETO, apenas, o que se afirma em a) I. b) II e III. c) I e III. d) II, III e IV. e) III, IV e V. Os Textos 3, 4, 5 e 6 servem de base às Questões 17 e 18. Texto 3 "A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem-feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto. [...] Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que verdadeiramente de leve, de boa grandeza, e, todavia, raspado por cima das orelhas. [....] E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles. [...] Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. [...] Ora veja, Vossa Alteza, quem em tal inocência vive, se se converterá, ou não, se lhe ensinarem o que pertence à sua salvação. CAMINHA, Pero Vaz de. ―A carta. In: CASTRO, Silvio. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre; L&PM, 2015. Excertos. Texto 4 DOS TUPINIQUINS "Do seu nome direi que são tupiniquins; da sua cor, que são pardos à maneira dos mouros; de seus braços, que são rijos, de modo que um deles pode carregar com folga três dos nossos; dos seus pelos nada conto porque não os têm, e dos seus cabelos direi que os cortam em forma de meia esfera, sendo muito parecidos com os frades". TORERO, José Roberto. Terra Papagalli. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. Excertos. Texto 5 Texto 6 17. O Quinhentismo marca a introdução da cultura europeia no Brasil. Nesse período, podemos encontrar uma série de textos sobre a visão dos colonizadores a respeito dos índios. Com base na leitura dos Textos 5, 6, 7 e 8, e reconhecendo o contexto histórico-social e as características do Quinhentismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA. a) No Brasil, o Quinhentismo é o período marcado pelos primeiros registros escritos, com foco na documentação do processo colonizador. Nesse período, a literatura produzida revela complexidade estético-literária, com textos rebuscados e de grande valor artístico-literário, como podemos notar no Texto 5. b) As primeiras manifestações literárias do Quinhentismo brasileiro podem ser divididas em dois grupos: a literatura informativa e a literatura de catequese. O Texto 5 é exemplo da literatura informativa e apresenta a visão do europeu colonizador sobre o natvo. c) No Quinhentismo brasileiro, as manifestações literárias são informações que viajantes e missionários europeus registraram sobre os índios, os negros e a natureza. O Texto 5, como exemplo de literatura informativa, apresenta a visão do colonizador sobre a impossibilidade de converter o índio ao cristianismo. d) Os Textos 5 e 6 revelam uma visão realista do europeu sobre os nativos e destacam a valorização das crenças e da cultura dos índios na consolidação da identidade nacional brasileira. e) O cartum (Texto 7) e a tela de Debret (Texto 8) dialogam na representação dos índios, em conformidade com as visões apresentadas nos Textos 5 e 6, com destaque para a valorização da cultura dos nativos. 18. Podemos identificar, nos textos quinhentistas, alguns recursos linguísticos relacionados ao contexto de produção desses textos. A respeito desses recursos, assinale a alternativa CORRETA. a) O trecho "[...] se nós entendêssemos a sua fala [...]" (Texto 5) corresponde a: "[...] se nós, nativos, entendêssemos a fala do Rei [...]". b) Ao empregar o adjetivo 'bom' para qualificar 'narizes' ("de bons rostos e bons narizes"), o autor do Texto 5 pretendeu dizer que os indígenas tinham 'narizes muito grandes'. c) Segundo o autor do Texto 5, os indígenas "não fazem o menor caso de [...] mostrar suas vergonhas"; ou seja, eles não se importam de apresentar suas muitas esposas. d) No Texto 6, o autor usou a estratégia de introduzir um segmento negativo ("dos seus pelos nada conto porque não os têm") para descrever os índios como 'povo naturalmente depilado'. e) A opção de trazer para o Texto 7 a expressão "sonho da casa própria" confere a esse texto maior nível de formalidade. GABARITO 01) A 02) C 03) B 04) C 05) 06) D 07) B 08) D 09) E 10)A 11) B 12) A 13) B 14) D 15) A 16) C 17) B 18) D