Buscar

modelo-resposta-a-acusacao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA - VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe vêm, por intermédio de seu advogado, NOMEADO DR. XXXXXXXX brasileiro, solteiro, advogado, regularmente inscrito na OAB Nº xxxxx, respectivamente, com escritório profissional situado conforme rodapé, vem respeitosamente á presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 396 e 396 - A do Código de Processo Penal, apresentar
RESPOSTA Á ACUSAÇÃO
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
1-DOS FATOS
A Denúncia narra que no dia 30/04/2016, a Acusada teria praticado o crime de Homicídio Culposo em desfavor de XXXXXXX (seu filho), sendo que, naquele dia por volta das 15:00h, quando estava indo para a cidade, perdeu o controle do veículo, o qual veio a capotar e arremessar seu filho para fora do veículo, causando-lhe fraturas múltiplas que resultaram em sua morte.
A Acusada, atordoada com o acidente, viu que seu filho havia sido arremessado para fora do carro, estando deitado no chão. Ao chegar até ele, notou que o mesmo estava sem vida e em desespero, saiu correndo do local do acidente com seu filho nos braços em busca de ajuda.
XXXXX foi levado para o Hospital, mais havia constatado seu falecimento.
Breve são os fatos!
2-DO DIREITO
2.1 - DA AUSÊNCIA DE PREVISIBILIDADE DO ACIDENTE E INEXISTÊNCIA DE FALTA COM O DEVER DE CUIDADO
Adentrando a presente ação penal, o membro do Ministério Público denunciou XXXXXXXXXXX, imputando-a o crime previsto no artigo 302, caput do Código de Trânsito Brasileiro que diz:
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Como relatado na fase extrajudicial, a Acusada durante seu trajeto, perdeu o controle de seu veículo, o qual capotou e arremessou seu filho que se encontrava no banco de trás do carro, causando-lhe a morte.
No estudo analítico de crime, o fato típico é iniciado por uma conduta humana que é produtora de um resultado. Aqui há um nexo causal que liga a conduta do agente ao resultado, e por fim, que esta conduta se enquadra perfeitamente ao modelo abstrato de lei penal. Portanto o fato típico é composto de: conduta, resultado, nexo causal, e tipicidade.
O inciso II do artigo 18 do Código Penal define crime culposo como aquele que o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Sendo elementos do fato típico culposo:
a) Conduta humana voluntária, de fazer ou não fazer;
b) Inobservância do dever objetivo de cuidado, manifesto através da imprudência, negligência ou imperícia;
c) previsibilidade objetiva;
d) ausência de previsão;
e) resultado involuntário;
f) nexo causal;
g) tipicidade.
A previsibilidade objetiva representa a possibilidade de qualquer pessoa, dotada de razoável prudência e equilíbrio (homem médio), antever o resultado, assim o tipo culposo é formado pela previsibilidade objetiva.
Desse modo, para a configuração do crime culposo, o que importa é se havia condições de se prever o resultado, pouco importando se este era ou não previsível para o agente, em particular. Sendo que a ausência de previsibilidade objetiva (isto é, do dever objetivo de cuidado) resulta na atipicidade da conduta.
Ocorre que, a Denunciada tomou as devidas precauções para manter seu filho em segurança. Como demonstra as provas anexadas de fl. XX, havia uma cadeira que se acoplava ao banco de trás do veículo e que era amarrado ao cinto para manter seu filho em segurança. Durante o percurso feito pela genitora, seu filho estava fixado à cadeira, estando preso pelo cinto, com total segurança.
Em seu conceito acidente é uma anormalidade momentânea imprevisível, que faz referência à qualidade ou ao estado que é ocasionado em algo, sem que seja parte da sua essência ou natureza, ao acaso que altera a ordem regular das coisas e ao acontecimento eventual ou à ação de que, involuntariamente, resultam danos para as pessoas ou as coisas.
Nas palavras de Paulo de Tárcio, “o significado etimológico da palavra acidente relaciona-se com a ideia de um acontecimento anormal, de imprevisto e de fatalidade. Este significado vem do senso comum desde os primórdios da humanidade e refere-se aos eventos de natureza geral que se caracterizam pela impossibilidade de controle dos fatores causadores dos acidentes”.
Tamanha foi à fatalidade Excelência, que ao capotar o veículo, o filho da Denunciada foi arremessado para fora, causando de imediato sua morte devido às contusões e traumatismos que a sofreu. A mãe sempre manteve o máximo de cuidado com o filho e jamais esperava que tamanho infortúnio ocorresse naquele dia.
Assim, impossível exigir-se da Acusada, a possibilidade de se antever um resultado danoso, levando-se em consideração, ainda, a ausência de falta de dever de cuidado da Denunciada, que mesmo estando um pouco acima da velocidade permitida, tomou as devidas precauções para manter seu filho seguro.
Podendo-se concluir que o evento fatídico ocorrido naquele dia, estava totalmente fora da previsão da Acusada. Desta Forma, é entendido pelos tribunais:
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO. CULPA. DEVER OBJETIVO DE CUIDADO. PREVISIBILIDADE DO RESULTADO. MANUTENÇÃO DA ABSOLVIÇÃO. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. 1. Deve ser mantida a absolvição do agente quando a prova dos autos demonstra que ele pautou sua conduta com dever objetivo de cuidado e somente atingiu um resultado lesivo por fator imprevisível na situação em que se achava. 2. Negado provimento ao recurso.
(TJ-MG - APR: 10024101971570001 MG, Relator: Marcílio Eustáquio Santos, Data de Julgamento: 27/03/2014, Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 04/04/2014)
HOMICÍDIO CULPOSO. TRÂNSITO. TRÁFEGO PELA PISTA DE ROLAMENTO. MATERIALIDADE COMPROVADA. AUSÊNCIA DE PREVISIBILIDADE OBJETIVA. ABSOLVIÇÃO. REFORMA QUANTO AO FUNDAMENTO. RECURSO DESPROVIDO. Homicídio decorrente de acidente de trânsito. Laudos periciais a demonstrar a materialidade delituosa. Robustez do acervo probatório. Dúvidas quanto à efetiva conduta culposa. Argumentação devidamente contrabalanceada; de rigor, a absolvição, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.
(TJ-SP - APL: 1532969620108260000 SP 0153296-96.2010.8.26.0000, Relator: Willian Campos, Data de Julgamento: 28/02/2012, 4ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 29/02/2012)
APELAÇAO CRIMINAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. IMPROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA. ALEGAÇAO DE IMPRUDÊNCIA NA CONDUÇAO DO VEÍCULO. IMPRODECÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISIBILIDADE OBJETIVA DO RESULTADO. EXCLUSAO DE TIPICIDADE. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. ABSOLVIÇAO. RECURSO IMPROVIDO. Não restando caracterizada a previsibilidade objetiva do resultado, bem como o descumprimento do dever de cuidado objetivo, e verificando-se, ainda, que o apelante não dispunha de meios para evitar o acidente, nem que desenvolvia velocidade incompatível com o local em que ele se deu, a sua conduta não se amolda ao tipo penal do artigo 302do CTB. Recurso conhecido e improvido. (TJ-PI - ACR: 200800010036777 PI, Relator: Des. Edvaldo Pereira de Moura, Data de Julgamento: 02/02/2010, 1a. Câmara Especializada Criminal)
Desta forma Nobre Julgadora peço que seja configurada a atipicidade da conduta culposa, haja vista a ausência de previsibilidade objetiva da acusada e a inexistência de falta de dever de cuidado, elementos imprescindíveis para adequação típica da conduta ao crime relatado na denúncia, sendo necessária a Absolvição da Acusada.
2.2 – DO PERDÃO JUDICIAL
Como é de conhecimento, o acidente ocasionou na morte do filho da Acusada, que em desespero, carregou-o por mais de 3 km em busca de socorro. Naquele momento a genitora se encontrava abalada psicologicamente, achando que ainda poderia salvar seu filho, o que não adveio.
É imensurável o desespero e aflição da Acusada, que teve seu filho retirado por uma fatalidade sem precedente em sua vida. Tamanhaperca, resultaram em problemas psicológicos, abalos na relação familiar, até a própria rejeição social.
Seria necessário punir a Acusada por tamanha fatalidade? As consequências deste um infortúnio já resultaram em uma punição maior do que qualquer pena estatal que ela possa receber.
De acordo como o artigo 121, § 5º do Código Penal:
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
No caso em tela, está mais do que comprovado que as consequências deste acidente geraram transtornos psicológicos, familiares e sentimentais, não havendo necessidade de punir novamente a Acusada.
Nas lições de Guilherme de Souza Nucci, ele explica que:
"O perdão judicial é a clemência do Estado, que deixa de aplicar a pena prevista para determinados delitos, em hipóteses expressamente previstas em lei. Esta é uma das situações que autoriza a concessão do perdão. (...) Baseia-se no fato de que a pena tem o caráter aflitivo, preventivo e reeducativo, não sendo cabível a sua aplicação para quem já foi punido pela própria natureza, recebendo com isso, uma reeducação pela vivência própria do mal que causou."
No entendimento dos Tribunais Superiores:
PENAL - PERDÃO JUDICIAL - HOMICÍDIO CULPOSO - NEGLIGÊNCIA - MORTE DO FILHO - SOFRIMENTO MORAL - RECURSO DESPROVIDO A morte de uma criança, em circunstâncias que fazem presumir se tratar de ente querido, o filho, por exemplo, vítima de simples falta de atenção - esquecimento de uma garrafa de álcool -, confere ao pai negligente, pela intensa dor moral, o direito subjetivo ao perdão judicial. Pobreza e alcoolismo, por si sós, não implicam em insensibilidade, falta de afeto. Ao contrário, via de regra, refletem grandes padecimentos.
(TJ-SC - RCCR: 173925 SC 1999.017392-5, Relator: Amaral e Silva, Data de Julgamento: 22/02/2000, Primeira Câmara Criminal, Data de Publicação: Recurso criminal n. 99.017392-5, de Lages)
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO PRATICADO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PERDÃO JUDICIAL. HIPÓTESE DE CONCESSÃO. O perdão judicial merece ser concedido quando os desdobramentos do crime culposo se apresentam tão ou mais devastadores para o infrator do que a própria pena.
(TJ-RO - APL: 00065627120128220501 RO 0006562-71.2012.822.0501, Relator: Desembargador Hiram Souza Marques, Data de Julgamento: 07/05/2015, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: Processo publicado no Diário Oficial em 19/05/2015.)
PROCESSUAL PENAL E PENAL – DUPLO HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR – PRELIMINAR PREJUDICIAL DE MÉRITO ACOLHIDA – DO PERDÃO JUDICIAL CONCEDIDO PARA AMBOS OS CRIMES DECISÃO UNÂNIME. 1 É cabível a concessão do perdão judicial nos crimes de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor desde que as consequências da infração atinjam o próprio agente, de forma tão grave, que a imposição da sanção penal torna-se desnecessária, como na espécie; 2– Ressalte-se, por oportuno, que no concurso formal de infrações, como na espécie, admite-se a extensão do perdão judicial com relação à segunda vítima, conforme dispõe os arts. 70 e 107, IX, do Código Penal e 51 do Código de Processo Penal; 3 A Preliminar prejudicial de mérito acolhida, à unanimidade.
(TJ-PI - APR: 00028418020088180140 PI 201300010026846, Relator: Des. Pedro de Alcântara Macêdo, Data de Julgamento: 10/06/2015, 1ª Câmara Especializada Criminal, Data de Publicação: 28/09/2015)
APELAÇÃO CRIMINAL - HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO - AUTORIA, MATERIALIDADE E CULPABILIDADE PROVADAS - CONDENAÇÃO QUE SE IMPÕE - RECURSO DESPROVIDO - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - PERDÃO JUDICIAL - PRESUNÇÃO DE DOR MORAL SOFRIDA PELO AGENTE - APLICAÇÃO DE OFÍCIO DO ARTIGO 107, INCISO IX, DO CÓDIGO PENAL Em se tratando de réu primário, que sempre teve conduta ilibada, não há dúvida de que o peso a ser carregado pela responsabilidade em causar fato com consequências tão graves, como a morte de um parente próximo, torna despicienda a cominação de sanção penal, permitindo o perdão judicial, uma vez que a maior punição já foi aplicada ao agente e desta não restará impune.
(TJ-SC, Relator: Solon d´Eça Neves, Data de Julgamento: 31/08/2004, Primeira Câmara Criminal)
Da mesma forma o Superior Tribunal de Justiça em sua súmula nº 18 elenca que:
A sentença concessiva do Perdão Judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Assim Vossa Excelência, com base em todos os fundamentos de direito até então levantados, peço que conceda o perdão judicial para a Acusada, e que na forma do artigo 107, IX do Código Penal, seja extinta a punibilidade da genitora, que já foi punida o suficiente com a perca de seu filho.
3-DO PEDIDO
Diante do exposto requer:
1. Que a Acusada seja Absolvida das acusações por atipicidade da conduta culposa, haja vista que houve a ausência de previsibilidade objetiva da acusada e a inexistência de falta de dever de cuidado, pois como demonstrado, ela tomou as devidas precauções para manter seu filho seguro.
2. Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência pela Absolvição, peço que conceda o perdão judicial para a acusada e com base na Súmula nº 18 do STJ e no artigo 107, IX do Código Penal, seja extinta a punibilidade, visto que, há ela já foi imposta a pena mais alta que se possa existir, que no caso foi a perca do filho.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Cidade/Data
____________________________________________________________________
ADVOGADO
OAB Nº XXXXX
TESTEMUNHAS:
A defesa deixa de arrolar as testemunhas visto que desconhece o paradeiro do acusado, sendo suficientes as testemunhas arroladas pelo membro do Ministério Público.
Demais testemunhas comparecerão independentemente de intimação.

Continue navegando