Buscar

EXERCÍCIOS EBRADI MÓDULO 05

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ATIVIDADES POS GRADUAÇÃO EBRADI
· POS GRADUAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO
· MÓDULO 05
· ASPECTOS RELEVANTES DO CRIME E DA PENA
· TEMA 01
· SUJEITOS E OBJETOS DO CRIME
·  Sujeitos do crime – I
1 - Caso 01 - Jonas, inconformado com sua demissão, resolve matar seu antigo chefe Ricardo. Em um determinado bar da cidade conhece Arnaldo, ao qual conta seu plano e solicita auxílio. Após muita conversa Arnaldo decide ajudar, emprestando sua arma de fogo à Jonas. Na mesma noite, Jonas mata Ricardo utilizando a arma de fogo emprestada por Arnaldo.
Caso 02 - Pedro e seu amigo Ricardo aproveitam determinado feriado para se divertir em uma conhecida casa noturna da cidade. Durante a madrugada, Pedro inicia uma discussão com Jorge, alegando que este havia flertado com sua namorada alguns dias antes. Durante a discussão, Ricardo imobiliza Jorge, enquanto Pedro saca uma faca e desfere diversos golpes. A vítima não resiste e falece no local dos fatos.
Caso 03 – Nelson possuía o hábito de passear toda manhã com seu cachorro em um parque próximo à sua casa. Em uma destas manhãs Nelson se depara com Wilson, seu inimigo capital. Tomado pelo ódio, ordena a seu animal de estimação que ataque seu inimigo. Em razão do ataque, Wilson falece.
Dentro do tema abordado em aula, indique:
a) Como podemos conceituar sujeitos do crime e sujeito ativo?
b) Animais e coisas poderão figurar como sujeito ativo de um crime? Justifique.
c) Considerando os casos acima apresentados, apresente quais envolvida figurarão como sujeito ativo da prática criminosa, especificando a condição de cada agente.
RESPOSTA - a) Como podemos conceituar sujeitos do crime e sujeito ativo?
Os sujeitos do crime são as pessoas ou entes vinculados à prática e aos efeitos da conduta delitiva. Podem ser divididos em sujeito ativo e sujeito passivo.
De outro lado, sujeito ativo é a pessoa que pratica direta ou indiretamente a conduta prevista no tipo penal. Tal conduta pode ser realizada de forma isolada ou em concurso de agentes.
Praticado o crime de forma direta pelo sujeito ativo encontraremos a figura do autor e coautor, de outro lado praticado de forma indireta estaremos frente à figura do partícipe e o autor mediato.
b) Animais e coisas poderão figurar como sujeito ativo de um crime? Justifique.
Não, os animais e coisas nunca serão tidos como sujeitos ativos ou autores de ação ante a ausência do elemento vontade. Entretanto, poderão figurar como instrumentos do crime.
c) Considerando os casos acima apresentados, apresente quais envolvida figurarão como sujeito ativo da prática criminosa, especificando a condição de cada agente.
Caso 01 – Jonas e Arnaldo serão os sujeitos ativos do crime de homicídio. Jonas, por praticar de forma direta a conduta criminosa possuirá a condição de autor. De outro lado, Arnaldo, por não realizar diretamente o núcleo do tipo penal, mas possuir o propósito de colaborar com a conduta de Jonas, figurará como partícipe.
Caso 02 – Pedro e Ricardo figurarão como sujeitos ativos do crime de homicídio. Nesta hipótese ambos serão coautores do delito, pois os dois praticaram atos de execução diversos, que somados produziram o resultado pretendido.
Caso 03 – Nelson será o sujeito ativo do crime de narrado, funcionando como autor do crime. Importante lembrar que o animal figurou como instrumento do crime, e jamais poderá ser tido como sujeito ativo da conduta.
· Sujeitos do crime – II
2 - Discorra brevemente sobre as teorias que lastreiam a natureza jurídica da pessoa jurídica (teoria da ficção jurídica e teoria da realidade).
RESPOSTA - Sustenta a teoria da ficção jurídica que a pessoa jurídica não possui existência real, não possuindo assim vontade própria. Nesta linha, apenas o homem pode ser sujeito de direito, sendo impossível que um ente ficto pratique algum crime.
De outro lado, sustenta a teoria da realidade que a pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto de seus membros, possuidor de vontade própria. Portanto, é sujeito de direitos e obrigações, assim como as pessoas físicas.
· Sujeitos do crime – III
3 - Analise a notícia abaixo transcrita e responda:
“Terça-feira, 14 de maio de 2013 - 1ª Turma analisará RE que discute criminalização de pessoa jurídica.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) irá analisar Recurso Extraordinário (RE 548181) no qual se discute um crime ambiental ocorrido no Estado do Paraná, supostamente de responsabilidade da Petrobras. A Turma deverá analisar questão envolvendo a criminalização de pessoa jurídica.
A decisão, unânime, foi tomada no exame de um recurso (agravo regimental) interposto contra decisão do ministro Menezes Direito (falecido) que, em abril de 2009, negou seguimento (arquivou) ao RE por entender que seria necessário o reexame detalhado e aprofundado de provas, procedimento inviável na sede de recurso extraordinário.
Segundo a atual relatora do processo, ministra Rosa Weber, um duto da Petrobras estourou no estado poluindo dois rios e áreas ribeirinhas. Após o recebimento da denúncia, foi instaurada ação penal contra a Petrobras, o presidente da empresa e o superintendente da unidade da refinaria em Araucária, no Paraná.
Durante a sessão da Primeira Turma desta terça-feira (14), a relatora lembrou que a Segunda Turma da Corte concedeu habeas corpus determinando o trancamento da ação penal com relação ao presidente da Petrobras, com fundamento de que não haveria nexo de causalidade para que o presidente da empresa fosse responsabilizado criminalmente.
O agravo regimental – provido hoje (14) por unanimidade dos votos a fim de que o RE seja julgado pela Primeira Turma – foi interposto pelo Ministério Público Federal (MPF) contra ato do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ao julgar recurso de autoria da Petrobras, o STJ determinou o arquivamento da ação penal contra o superintendente da empresa, assegurando a ele mesma decisão dada ao presidente da empresa, que também teve ação penal arquivada.
Aquela Corte entendeu também que, uma vez excluída a imputação aos dirigentes, a pessoa jurídica não poderia estar sozinha a fim de ser responsabilizada no âmbito da ação penal.”
Fonte: Noticias STF
Qual embasamento teórico permite sustentar a possibilidade da responsabilização das pessoas jurídicas por crimes ambientais?
RESPOSTA - Sustenta-se que a Constituição Federal admitiu a responsabilização penal das pessoas jurídicas nos crimes contra o meio ambiente, contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular, nos termos dos artigos abaixo transcritos:
Art. 173, § 5º, CF - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular
Art. 225, § 3º, CF - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Restou o legislador ordinário incumbido de estabelecer penas compatíveis com a natureza destes entes, sem prejuízo da responsabilidade individual de seus dirigentes.
Assim, com a edição da Lei 9.605/1988 (Lei dos Crimes Ambientais), é admitida a de punição da pessoa jurídica por crime contra o meio ambiente. Este é o entendimento atualmente prevalente no STJ e STF.
·  Sujeitos do crime e objetos do crime
4 - Confira o texto extraído do informativo nº 713 do STF (5 a 9 de agosto de 2013), e responda à questão abaixo:
“CRIME AMBIENTAL: ABSOLVIÇÃO DE PESSOA FÍSICA E RESPONSABILIDADE PENAL DE PESSOA JURÍDICA.
É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela prática criminosa. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por maioria, conheceu, em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte, deu-lhe provimento para cassar o acórdão recorrido.Neste, a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas (Lei 9.605/98, art. 54) teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal relativamente à pessoa jurídica. Em preliminar, a Turma, por maioria, decidiu não apreciar a prescrição da ação penal, porquanto ausentes elementos para sua aferição. Pontuou-se que o presente recurso originara-se de mandado de segurança impetrado para trancar ação penal em face de responsabilização, por crime ambiental, de pessoa jurídica. Enfatizou-se que a problemática da prescrição não estaria em debate, e apenas fora aventada em razão da demora no julgamento. Assinalou-se que caberia ao magistrado, nos autos da ação penal, pronunciar-se sobre essa questão. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que reconheciam a prescrição. O Min. Marco Aurélio considerava a data do recebimento da denúncia como fator interruptivo da prescrição. Destacava que não poderia interpretar a norma de modo a prejudicar aquele a quem visaria beneficiar. Consignava que a lei não exigiria a publicação da denúncia, apenas o seu recebimento e, quer considerada a data de seu recebimento ou de sua devolução ao cartório, a prescrição já teria incidido. RE 548181/PR, rel. Min. Rosa Weber, 6.8.2013. (RE-548181)”.
Discorra sobre o fundamento que possibilita a imputação concomitante de responsabilidade criminal à pessoa jurídica e à pessoa física coautora ou partícipe do crime.
RESPOSTA - É necessário pontuar que o reconhecimento da responsabilidade penal da pessoa jurídica não afasta, por si só, a responsabilidade da pessoa física coautora ou partícipe da conduta criminosa.
Isto é possível através do denominado sistema paralelo de imputação (teoria da dupla imputação), disposto no art. 3º, parágrafo único, da Lei n. 9.605/1988.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Porém, a condenação da pessoa jurídica não acarretará automaticamente a sanção da pessoa física. Será necessário se demonstrar nos autos do processo provas robustas acerca da autoria e materialidade, determinando quais agentes concorreram para prática da conduta delituosa.
Deste modo, é plenamente possível o cenário onde a pessoa física reste absolvida e, simultaneamente, reste condenada a pessoa jurídica.
· TEMA 02
· Classificaçãos do crimes I
·  Crimes comuns e próprios
1 - Xirley, advogada de renome em sua cidade, pediu a sua absolvição criminal alegando que, mesmo que tivesse orientado a testemunha a mentir, não poderia ser responsabilizada pelo crime de falso testemunho por ser esse crime de mão própria, logo, não admitiria coautoria.
Agiu certo a causídica? Fundamente a sua resposta.
RESPOSTA - Não, não agiu certo a advogada.
De acordo com a jurisprudência vigente dos tribunais superiores, apesar da impossibilidade de ser coautora em crimes de mão própria, o crime de falso testemunho admite a responsabilização na modalidade de participação.
Veja o julgado abaixo:
“Sem embargo de o crime de falso testemunho ser próprio ou de mão própria, no sentido de ter o autor de praticá-lo pessoalmente, admite-se o concurso de pessoas na modalidade participação (induzimento, instigação ou auxílio), conduta cometida por Bruno, a qual, desta forma, reveste-se de tipicidade. Da leitura do excerto transcrito, verifica-se que o acórdão recorrido se alinha ao entendimento assente por esta Corte Superior sobre a matéria, no sentido de que apesar do crime de falso testemunho ser de mão própria, pode haver a participação do advogado no seu cometimento. “Processo REsp 1072871 SP 2017/0066804-5 - PublicaçãoDJ 31/05/2017 Relator Ministro JORGE MUSSI).”.
· Crimes instantâneos e permanentes
2 - Cláudio, policial militar, desconfiou que dentro de uma residência havia tráfico de drogas na modalidade ter em depósito. Entretanto, sem conhecer muito bem a jurisprudência atual sobre a necessidade de mandado de busca e apreensão, deixou de ingressar sem mandado na residência e foi embora.
Pergunta-se: agiu corretamente o policial por não ter certeza da situação de flagrância?
RESPOSTA - Em recente decisão (28.07.2017), o STJ entendeu que o tráfico de drogas é um crime permanente e, portanto, para a busca e apreensão é dispensável o mandado emitido pelo juiz.
Dessa forma, o policial poderia ter ingressado no domicílio em busca de drogas sem a necessidade de aguardar o mandado de busca e apreensão, diante da natureza permanente do crime de tráfico de drogas (art. 33, da Lei 1.343/2006).
Julgado sobre o tema: HC nº 404980 / PR (2017/0150169-8) autuado em 26/06/2017. RELATOR: Min. FELIX FISCHER - QUINTA TURMA.
·  Crimes de atividade e de resultado
3 - João entra em uma agência bancária e rouba as armas dos vigias, o dinheiro do banco e um automóvel para fugir.
Diante dessa situação, pergunta-se: ele praticou um único crime? Um crime em concurso formal? Ou diversos crimes em concurso material?
RESPOSTA - O roubo praticado contra vítimas diferentes em um único contexto configura o concurso formal e não crime único, ante a pluralidade de bens jurídicos ofendidos.
Precedentes:
HC 275122/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 27/06/2014, DJe 04/08/2014; AgRg no AREsp 389861/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe 27/06/2014; HC 194624/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 15/04/2014; HC 282202/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 14/02/2014; HC 213571/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 05/11/2013; REsp 1409943/TO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 28/10/2013; HC 167812/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 10/04/2013; HC 297432/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 25/06/2014, DJe 01/08/2014; HC 278208/SP (decisão monocrática), Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, julgado em 09/06/2014, DJe 11/06/2014; REsp 1431246/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, julgado em 28/02/2014, DJe 11/03/2014. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 255).
Link complementar - Cartilha sobre teses de concurso formal do STJ.
· Crimes de dano e de perigo
4 - Maycon entrega para seu irmão Pedro a direção de seu veículo para que compre carvão e cerveja, para a festa de seu bairro.
Maycon tem ciência de que Pedro não possui carteira de habilitação e entrega seu veículo mesmo assim.
Maycon tem certeza de que Pedro é um bom motorista, mesmo sem ter habilitação, por isso entrega na certeza de que nenhum mal será causado a ninguém.
Realmente Pedro vai até as comprar e volta ileso, sem danificar o veículo e sem machucar nenhum pedestre.
Diante dessa situação prática, pergunta-se: Houve algum crime?
RESPOSTA - Sim, houve crime.
O crime do art. 310 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97) é de perigo abstrato. Desta forma, a acusação não precisará comprovar dano ou perigo concreto. Basta provar que ele efetivamente conduziu veículo automotor sem a devida habilitação.
O STJ sumulou a questão.
Súmula 575 do STJ:
"Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo”.
· TEMA 03
· Classificaçãos do crimes II
·  Crimes simples e complexos
1 - Leia o seguinte texto e responda:
Fulano aborda a vítima em seu carro, subtrai seus bens e, após isso, a deixa amarrada em uma árvore em local ermo. Fulanofoi preso conduzindo o carro da vítima e foi denunciado por crime de roubo (art. 157, CP) e sequestro e cárcere privado (art. 148, CP).
Pergunta-se: é correta a dupla imputação ou deve ser condenado apenas por crime de roubo?
RESPOSTA - O crime de roubo é crime complexo, formado pelo crime de furto, ameaça, lesão corporal ou constrangimento ilegal. Se houver privação de liberdade para o fim da subtração, não há dúvida que o crime será apenas de roubo majorado pela restrição de liberdade (art. 157, § 2º, V, CP). Contudo, é da jurisprudência que, se houver a privação da liberdade após a subtração, como no caso concreto, haverá concurso de crimes entre roubo e sequestro e cárcere privado (art. 148). “Se o roubo já se havia consumado, quando o agente deu início à execução do crime de cárcere privado, não tendo sido este delito meio para a execução do crime patrimonial, nem imprescindível para assegurar tal execução, não se tratando, portanto, de exaurimento do primeiro crime, ocorre roubo e cárcere privado, isoladamente, em concurso material, não havendo que se falar em absorção do segundo pelo primeiro” (TJMG – Ap. – Rel. Mercêdo Moreira – j. 18.11.1997 – RTJE 168/390).
· Crime habitual
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Um homem foi visto por policiais militares em um conhecido ponto de prostituição de travestis, recebendo de duas travestis, valores em dinheiro. Os policiais abordaram o homem e ele admitiu que recolhia dinheiro porque dava proteção às pessoas que se prostituíam naquele quarteirão. Os policiais militares o levaram preso e ele foi autuado em flagrante por crime de rufianismo (art. 230, CP), pois segundo o delegado ele participava diretamente dos lucros de quem se prostituía.
A prisão em flagrante está correta?
RESPOSTA - Trata-se da velha questão sobre a possibilidade de prisão em flagrante nos crimes habituais. Há controvérsia doutrinária a respeito, mas, mesmo os autores que admitem a possibilidade de flagrante entendem ser imprescindível a demonstração, mediante sindicância, de demonstração da habitualidade. No caso concreto, não há demonstração da habitualidade, razão pela qual não seria possível a prisão em flagrante. “Ainda que a habitualidade venha a ser demonstrada no curso da ação penal, não se justifica, sem a sua plena e pronta comprovação, sob qualquer pretexto, a detenção de quem quer que seja. O auto de prisão em flagrante, por si só, não prova habitualidade do crime de que é acusado o paciente. Logo, sofre ele inegável constrangimento ilegal, ferido que foi no seu indeclinável direito de liberdade, como cidadão” (TJSP – HC – Rel. Hoeppner Dutra – RJTJSP 37/241). 
·  Crimes unissubjetivos/unissubsistentes e plurissubjetivos/plurissubsistentes
3 - Leia o seguinte texto e responda:
Fulano e Sicrano foram denunciados por crime de associação criminosa (art. 288, CP), porque teriam, junto com mais cinco pessoas, mantido durante mais de um ano uma associação com o propósito de cometer crimes. Diz a denúncia que não foi possível a identificação dos demais componentes do grupo, conhecidos pelas alcunhas de Litrão, Berda, Zoinho e Cabeção.
É possível que em tal processo, Fulano e Sicrano sejam condenados?
RESPOSTA - O crime de associação criminosa (art. 288, CP) é um delito plurissubjetivo de condutas paralelas, que exige o concurso de, no mínimo 3 pessoas. Em princípio, parece inviável a condenação de apenas duas pessoas por associação criminosa. Contudo, caso esteja devidamente comprovada a existência de outras pessoas, componentes da associação, é possível a condenação dos dois réus. Nesse sentido já se decidiu:
“Quadrilha ou bando. Impossibilidade de identificação de algum membro do grupo. Circunstância que não impede a caracterização do delito se há certeza moral da existência de mais de três agentes participantes da empreitada criminosa. Inteligência do art. 288 do CP” (TJSP – 2.ª Câm. Crim. Férias – HC 367.064-3/0-00 – Rel. Silva Pinto – j. 28.01.2002 – Revista de Dout. e Jurisp. 80/316).
· Crimes vagos, de forma livre e vinculada, condicionados e de atentado
4 - Leia o seguinte texto e responda:
Foi instaurado inquérito policial, em razão de notitia criminis apresentada por uma associação intitulada Grupo de Defesa da Moral e dos Bons Costumes, para apuração de suposto crime de escrito ou objeto obsceno (art. 234, CP), em razão de exposição em que um dos quadros retratava uma pintura de uma mulher nua. Segundo a alegação do referido grupo, trata-se de pintura que ofende a moral de grupos religiosos, que tentam preservar os valores elementares da família. A questão que se apresenta é se para a configuração do referido crime, deve ser considerada os valores de um grupo específico ou se devem ser levados em conta os valores médios da sociedade?
RESPOSTA - O crime previsto no art. 234, CP, é classificado como crime vago, de modo que o sujeito passivo não é pessoa determinada. Por tal razão, deve-se levar em consideração os valores morais predominantes na sociedade. Se há um grupo social com valores específicos, ainda que seja legítima sua existência, não é esse grupo que irá nortear a interpretação da lei penal. O fato de aquele grupo sentir-se ofendido não é suficiente para a conclusão de que existiu crime. Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “A moral vigente não se dissocia do costume vigente. assim quando os costumes mudam, avançando contra os preconceitos, os conceitos morais também mudam. O conceito de obsceno hoje não é mais o mesmo da inspiração do legislador do Código Penal em 1940.” (STJ — HC 7809 — Rel. Min. Edson Vidigal — j. 24/11/1998)
· TEMA 04
· ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME
·  Dolo
1 - A não comprovação do dolo pela acusação, no curso do processo, permite a condenação por crime culposo em todos os casos?
RESPOSTA - Não, apenas quando ficar provada a culpa, em suas modalidades (imprudência, negligência e imperícia), além da necessidade de previsão da modalidade culposa do crime.
 
EMENTA PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRABANDO DE MATERIAL ELETRÔNICO. AUSÊNCIA DE DOLO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL VIA HABEAS CORPUS. POSSIBILIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. É certo que o dolo opera diretamente no tipo penal, que na hodierna estrutura funcionalista da teoria do crime, leva em consideração, também, os aspectos formais (conduta, resultado jurídico, nexo de causalidade e subsunção legal) e os materiais (imputação objetiva, desvalor da conduta e desvalor do resultado). 2. Por força do princípio da responsabilidade penal subjetiva ninguém pode ser punido senão a título de dolo ou culpa, sob pena de caracterizar a responsabilidade penal objetiva, rechaçada em nosso ordenamento. 3. Segundo a boa doutrina, dolo nada mais é do que a consciência (desejo ou aceitação) dos requisitos objetivos do tipo penal. Sua ausência descaracteriza o tipo e, por consequência, afasta a ocorrência do crime. 3. Inexistindo crime, não há justa causa para a deflagração da ação penal, nos termos do art. 397, III, do CPP. 4. O trancamento de inquérito policial ou de ação penal em sede de habeas corpus é medida excepcional, só admitida quando restar provada, inequivocamente, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito. 5. No caso concreto, o Tribunal de piso reconheceu a atipicidade da conduta denunciada diante da ausência de dolo, sem a necessidade de um maior exame valorativo fático ou probatório, não havendo falar em ilegalidade nesta decisão. 5. Agravo regimental não provido. AgRg no REsp 1243193 / ES - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 2011/0037965-7 Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138). Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA. Data do Julgamento 22/05/2012. Data da Publicação/Fonte DJe 31/05/2012.
·  Questões sobre o dolo
2 - Com base na jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, podemos afirmar que o excessode velocidade somado com a embriaguez ao volante, caracterizaria dolo eventual?
RESPOSTA - Existe ainda uma divergência entre os Tribunais. No entanto, abaixo um julgado que retrata um pouco do entendimento sobre a possiblidade de se considerar dolo eventual ou culpa consciente para o crime questionado (excesso de velocidade e embriaguez ao volante):
 
QUINTA TURMA DO STJ. COMPETÊNCIA. JÚRI. ACIDENTE. TRÂNSITO. HOMICÍDIO. Trata-se de acidente de trânsito fatal com duas vítimas e quatro lesões corporais - segundo consta dos autos, o recorrente, no momento em que colidiu com outro veículo, trafegava em alta velocidade e sob a influência de álcool. Por esse motivo, foi denunciado pela suposta prática dos delitos previstos nos arts. 121, caput, por duas vezes e 129 por quatro vezes, ambos do CP, e pronunciado para ser submetido a julgamento no tribunal do júri. Ressalta o Min. Relator que o dolo eventual imputado ao recorrente com submissão ao júri deu-se pela soma de dois fatores: o suposto estado de embriaguez e o excesso de velocidade. Nesses casos, explica, o STJ entende que os referidos fatores caracterizariam, em tese, o elemento subjetivo do tipo inerente aos crimes de competência do júri popular. Ademais, a atribuição de indícios de autoria e da materialidade do delito foi fundamentada nas provas dos autos, não sendo possível o reexame em REsp (óbice da Súm. n. 7-STJ). Quanto à desclassificação do delito de homicídio doloso para o crime previsto no art. 302 do CTB - conforme a alegação da defesa, não está provada, nos autos, a ocorrência do elemento subjetivo do tipo (dolo) -, segundo o Min. Relator, faz-se necessário aprofundado exame probatório para ser reconhecida a culpa consciente ou o dolo eventual, pois deve ser feita de acordo com as provas colacionadas. Assim, explica que, além da vedação da citada súmula, conforme a jurisprudência, entende-se que, de acordo com o princípio do juiz natural, o julgamento sobre a ocorrência de dolo eventual ou culpa consciente deve ficar a cargo do tribunal do júri, constitucionalmente competente para julgar os crimes dolosos contra a vida. Dessa forma, a Turma negou provimento ao recurso, considerando que não houve ofensa aos arts. 408 e 74, § 1º, do CPP nem ao art. 302, parágrafo único, V, da Lei n. 9.503/1997, diante de indícios suficientes de autoria e da materialidade delitiva. Quanto à reavaliação desses elementos, isso não seria possível em REsp, pois incide a citada súmula, bem como não cabe o exame de dispositivo da CF. Precedentes citados: HC 118.071-MT, DJe 1º/2/2011; REsp 912.060-DF, DJe 10/3/2008; HC 26.902-SP, DJ 16/2/2004; REsp 658.512-GO, DJe 7/4/2008; HC 36.714-SP, DJ 1º/7/2005; HC 44.499-RJ, DJ 26/9/2005; HC 91.397-SP, DJe 15/12/2008, e HC 60.942-GO, DJ 29/10/2007. REsp 1.224.263-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/4/2011.
· Culpa
3 - Vânia, enfermeira, deixou uma paciente sem assistência porque estava terminando grave discussão contra o seu marido pelo telefone. Tal omissão acabou por gerar a morte da vítima que não recebeu socorro médico em tempo hábil. Diante de tal situação, poder-se-ia imputar para Vânia algum crime?
RESPOSTA - Sim, Vânia praticou o crime de homicídio. Como não desejava a morte da paciente, não há que se falar em dolo. Porém, com a sua atitude, foi negligente (omissa) isso caracteriza crime culposo. Assim, deve ser imputado a ela o crime de homicídio culposo. Veja o julgado abaixo sobre o tema:
 
“QUINTA TURMA DO STJ. HOMICÍDIO CULPOSO. IMPRUDÊNCIA MÉDICA. A primeira recorrente, médica obstetra, foi denunciada como incursa no art. 121, §§ 3º e 4º, do CP, porque, durante seu plantão, demorou duas horas para atender parto de emergência e, durante o procedimento, abandonou a mãe da vítima para atender o celular, imprudência que ocasionou uma anorexia neonatal grave (falta de oxigênio no cérebro) do recém-nascido. O segundo recorrente, médico pediatra, foi denunciado como incurso no art. 135, parágrafo único, in fini, do CP, por não tomar as devidas providências para socorrer o recém-nascido durante o seu plantão, negando-se a encaminhá-lo à UTI, o que resultou na morte da criança. A Min. Relatora entendeu que o homicídio culposo se caracteriza com a imprudência, negligência ou imperícia do agente, modalidades da culpa que não se confundem com a inobservância de regra técnica de profissão, que é causa de aumento que denota maior reprovabilidade da conduta. Sendo assim, o julgador não pode se utilizar da mesma circunstância fática de condenar a recorrente por homicídio culposo por imprudência pela ausência do plantão e reconhecer esse mesmo fato na causa do aumento pela violação da regra técnica da profissão; bem como quanto ao recorrente, condená-lo por homicídio culposo por negligência no atendimento médico à falta de necessário acompanhamento a vítima e utilizar o mesmo fundamento para reconhecer a inobservância da regra técnica da profissão, sob pena de incorrer em vedado bis in idem. Pois, o réu em nosso sistema processual, defende-se da imputação fática, e não da imputatio libelli. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao primeiro recurso para excluir da condenação o aumento de pena pela inobservância da regra técnica da profissão e negou provimento ao segundo recurso. Concedeu, outrossim, habeas corpus de ofício ao segundo recorrente para, reconhecendo o bis in idem, também afastar de sua condenação a causa de aumento de pena prevista no § 4º do art. 121 do CP. REsp 606.170-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/10/2005.”.
· Questões sobre a culpa
4 - Gabriela, conduzindo o seu veículo automotor durante a madrugada, é surpreendida com um pedestre atravessando a via pública fora da faixa de pedestres e o atropelamento mostra-se inevitável. Diante desse problema prático, questiona-se:
 
Poderia Gabriela alegar, em sua defesa, o princípio da confiança para afastar a culpa pelo atropelamento?
RESPOSTA - Sim, é possível alegar a violação do princípio da confiança pela vítima. Tal tese já é admitida no Brasil desde o início da década de 90, como demonstrado abaixo em julgado
Ementa: DELITO DE TRÂNSITO - INSUFICIÊNCIA DE PROVA - INEXISTÊNCIA DE PERÍCIA E DE TESTEMUNHAS - VERSÃO EXCLUSIVA DO RÉU. 1. NÃO HAVENDO PROVAS, TESTEMUNHAIS OU PERICIAIS, DE QUE O RÉU AGIU COM NEGLIGÊNCIA, DEVE SER DADO CRÉDITO À SUA VERSÃO SOBRE O COMPORTAMENTO IMPRUDENTE DA VÍTIMA. 2. NO TRÂNSITO VIGORA O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA RECÍPROCA. SOMENTE PESSOA COM DILIGÊNCIA ACIMA DO COMUM, DA QUAL NÃO CUIDA O DIREITO, SERIA CAPAZ DE PREVER QUE UM PEDESTRE, EM LOCAL MAL ILUMINADO, DURANTE INTENSO FLUXO DE VEÍCULOS, TENTARIA CRUZAR A PISTA CORRENDO. TJ-DF - APELAÇÃO CRIMINAL APR 131659519938070000 DF 0013165-95.1993.807.0000 (TJ-DF) Data de publicação: 24/11/1993
· TEMA 05
· PENA
·  Conceito e finalidades
1 - Paulo envolve-se em acidente de trânsito, dando causa, por imprudência, à morte de sua esposa. Invocando as finalidades da pena, quais argumentos poderiam ser utilizados para pleitear a aplicação do perdão judicial, previsto no §5º, do artigo 121 do Código Penal? (Art. 121, § 5º, do CP - “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”.
RESPOSTA - Seria possível alegar que as finalidades retributiva e preventiva da pena já teriam sido alcançadas em decorrência do próprio fato. Com efeito, a morte de um ente próximo já funciona como castigo pelo fato praticado (retribuição) e demonstra à sociedade a importância de dirigir prudentemente, evitando-se novos delitos (prevenção).
·  Espécies de penas
2 - Fernando, reincidente pela prática de furto, é condenado pelo crime de receptação. O juiz nega a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos sob o argumento de que “o acusado é reincidente”. Há, de fato, óbice legal à substituição?
RESPOSTA - Estabelece o artigo 44, caput, do Código Penal, que as penas restritivasde direitos substituem as privativas de liberdade, quando: a) aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; b) o réu não for reincidente em crime doloso; c) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
 
Contudo, o § 3o do referido artigo prevê que se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
 
Portanto, não se tratando de reincidência específica, é possível a substituição. Para não concedê-la, deveria o juiz fundamentar concretamente por que a medida não é socialmente recomendável.
·  Regimes fechado, semiaberto e aberto
3 - Josué foi condenado em primeira instância pela prática de receptação (art. 180, caput, do CP). A pena aplicada foi de 01 (um) ano de reclusão, bem como 10 (dez) dias-multa, já que não havia circunstâncias judiciais e legais desabonadoras. Todavia, o juiz fixou o regime inicial fechado de cumprimento de pena, sob o argumento de que a receptação “fomenta a prática de inúmeros outros delitos patrimoniais”.
Como advogado de Josué, quais argumentos você utilizaria em defesa de seu cliente no tocante ao regime inicial aplicado?
RESPOSTA - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não é motivo hábil para a fixação de regime mais gravoso do que o permitido segundo a pena aplicada.
O fato de a receptação fomentar a prática de outros crimes patrimoniais é um argumento genérico, já considerado pelo legislador na etapa da individualização legislativa da pena (ver súmulas 718 e 719 do STF, e ainda súmula 440 do STJ).
· Progressão de regime
4 - Marcos, preso em regime fechado, preenche o lapso temporal para progredir ao regime semiaberto. Na qualidade de advogado do sentenciado, você apresenta pedido de progressão ao juiz da execução, contendo o atestado de bom comportamento carcerário. O magistrado prolata a seguinte decisão: “Vistos. Para aferição do requisito subjetivo, prudente a realização de exame criminológico. Providencie-se o necessário e, com a vinda do respectivo laudo, tornem conclusos”.
O que poderia ser alegado contra essa decisão?
RESPOSTA - Com o advento da Lei 10.792/2003, o exame criminológico deixou de ser obrigatório, podendo ser solicitado excepcionalmente, desde que em decisão fundamentada. Nesse sentido a súmula vinculante 26 do STF (“Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”)(grifei) e a súmula 439 do STJ (“admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”)(grifei).
 
No mesmo sentido:
 
“HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 439/STJ. REQUISITO SUBJETIVO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. 1. A Lei n. 10.792/2003 deu nova redação ao art. 112 da Lei n. 7.210/1984, para suprimir a realização de exame criminológico como expediente obrigatório para a progressão de regime. 2. ‘Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada’ (Súmula 439/STJ). 3. No caso, o Tribunal de origem ao revogar a progressão de regime não logrou fundamentar a necessidade do referido exame, deixando de invocar elementos concretos dos autos que podem afastar a decisão do magistrado, levando em conta apenas a gravidade do delito praticado e a longa pena a cumprir, desconsiderando, ainda, a boa conduta carcerária da paciente. 4. Ordem concedida para restabelecer a decisão de primeiro grau que deferiu à paciente a progressão para o regime semiaberto” (TJSP, HC 398237 / SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, 6ª T., j. 06/06/2017, v.u.).
· TEMA 06
· DIREITOS DO PRESO
· Autorizações de saída nos regimes fechado e semiaberto
1 - Considere os seguintes casos:
(I) Comparecimento a velório em razão do falecimento do genitor de um preso.
(II) Saída temporária para fins de frequência a curso profissionalizante.
A quem deve ser dirigido o requerimento de saída em cada um desses casos? Ao Juiz da Execução Criminal ou ao diretor do estabelecimento prisional?
RESPOSTA - (I) Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento em razão do falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso (esfera administrativa)(art. 120, p. único, da LEP).
 
(II) Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento para frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos (art. 66, IV, “e”, e art. 123 da LEP).
·  Trabalho e remição
2 - Ao reconhecer a prática de falta grave, o Juiz da Execução decreta a perda da totalidade dos dias remidos do sentenciado.
 
Está correta a sanção aplicada? Justifique.
RESPOSTA - Não. Estabelece o art. 127 da Lei de Execução Penal, com redação dada pela Lei 12.433/2011, que “em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar”.
 
Outrossim, conforme recente decisão do STJ:
 
“A quantidade dos dias remidos perdidos em razão do cometimento de falta grave deve ser fundamentada. Por isso, o juiz não pode simplesmente declarar a perda do máximo de 1/3 sem especificar as circunstâncias que o levaram a decidir daquela forma (STJ, HC 338.188/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j. 02/06/2016).
· Execução provisória da pena
3 - Imagine que um cidadão foi condenado em primeiro grau às penas de 6 anos, 3 meses e 18 dias de reclusão, no regime inicial semiaberto e multa pela prática de peculato. O juiz sentenciante deferiu o direito de recorrer em liberdade. Por meio do julgamento de Apelação, o Tribunal de origem deu parcial provimento ao recurso do paciente para reconhecer a atenuante da confissão espontânea, redimensionando a reprimenda imposta para 5 anos de reclusão e, de ofício, reduziu a pena de multa, mas determinou a expedição de mandado de prisão para execução provisória da pena. Como advogado do Réu, ao impetrar habeas corpus, qual seria a argumentação a ser utilizada?
RESPOSTA - A defesa deve sustentar que o Supremo Tribunal Federal, no recente julgamento das ADCs 43, 44 e 54, sedimentou o entendimento no sentido da impossibilidade do início da execução da pena antes do trânsito em julgado da condenação.
·  Detração
4 - José, acusado da prática de roubo, permanece preso cautelarmente durante 1 ano. Ao final, vem a ser absolvido por falta de provas. Contudo, em outro processo, no qual se apura a prática de furto, José é condenado.
 
De acordo com a jurisprudência majoritária, é possível que o tempo de prisão cautelar no primeiro processo seja utilizado no segundo, para fins de detração?
RESPOSTA - A jurisprudência majoritária admite a detração em relação a fato diverso daquele que deu azo à prisão processual. Todavia, isso somente é possível em relação a delitos anteriores à segregação provisória, de modo a se evitar a criação de um crédito contra a Justiça Criminal. Nesse sentido:STJ, HC 276287 / RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., j. 15/10/2015, v.u. Seguindo essa lógica, se o furto foi anterior à prisão cautelar pelo roubo, é possível a detração.
· TEMA 07
· ASPECTO DA EXECUÇÃO PENAL
· Visita íntima e cumprimento de pena em domicílio
1 - Josué foi condenado pela prática de tráfico internacional de entorpecentes e cumpre pena em estabelecimento penal federal. Ocorre que, há dois meses, teve seu direito de visita íntima suspenso por tempo indeterminado. O diretor do estabelecimento prisional aplicou a suspensão como sanção disciplinar alegando que o apenado faltou com o dever de urbanidade. Como advogado de defesa, indique os argumentos para fundamentação de recurso.
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Incidente de Excesso de Execução (arts. 185 e 186 da LEP), vez que, nos termos do art. 4ª da Portaria nº 1.190/2008 do Ministério da Justiça, que regulamenta a visita íntima no interior das penitenciárias federais, a visita íntima poderá ser restringida, por tempo determinado quando: do cometimento de falta disciplinar de natureza grave, apurada mediante processo administrativo disciplinar, que ensejar isolamento celular; de ato do cônjuge ou companheiro(a) que causar problemas à administração do estabelecimento de ordem moral ou risco para a segurança ou disciplina; da solicitação do preso; a título de sanção disciplinar, independentemente da natureza da falta, nos casos em que a infração estiver relacionada com o seu exercício.
Desta forma, como a mencionada Portaria não prevê a suspensão por prazo indeterminado, nem que a justificativa de falta de urbanidade enquadra-se como falta grave (previstas no art. 50 da LEP), nem está relacionada ao exercício do direito à visita íntima, a decisão do Diretor vai além do previsto nas normas legais, ensejando excesso de execução.
· Regime Disciplinar Diferenciado
2 - Há mais de 30 dias, Laudicéia está submetida a regime disciplinar diferenciado sob a alegação de que seria responsável pela elaboração de plano de fuga e rebelião ocorrida no estabelecimento prisional em que cumpre pena. O procedimento foi determinado pelo Diretor do Presídio, em caráter excepcional, considerando que a apenada colocou em risco a vida de agentes penitenciários, motivo considerado suficiente para justificar a medida independentemente de manifestação judicial. Como advogado da condenada, apresente a medida judicial cabível.
RESPOSTA - EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE X.
Execução n.º xxxx.xxxx.xxxx.xxxx
LAUDICÉIA, qualificada nos autos, presa e recolhida na Penitenciária X, em regime fechado, por seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 185 e 186 da Lei de Execução Penal, suscitar INCIDENTE DE DESVIO DE EXECUÇÃO, nos seguintes termos:
1. A requerente está submetida a regime disciplinar diferenciado sob a alegação de que seria responsável pela elaboração de plano de fuga e rebelião ocorrida no estabelecimento prisional em que cumpre pena.
2. O procedimento foi determinado pelo Diretor do Presídio, em caráter excepcional, considerando que a apenada colocou em risco a vida de agentes penitenciários, motivo considerado suficiente para justificar a medida independentemente de manifestação judicial.
2. Por outro lado, está sofrendo ameaças de agressão física por outros presos, em razão de sua condenação por delito contra a liberdade sexual, situação que é pública e notória nos presídios brasileiros.
3. Entretanto, nos termos do caput art. 54 da LEP, a inclusão no regime disciplinar diferenciado não pode ser determinada pelo Diretor do Presídio, pois depende de prévio e fundamento despacho do juiz competente.
4. Desta forma, a decisão do Diretor vai além do previsto nas normas legais, na medida em que até poderia, em caráter excepcional, decretar o isolamento preventivo da presa pelo prazo de até dez dias (art. 60 da LEP); mas, deveria apresentar requerimento circunstanciado ao juiz competente solicitando a inclusão da presa no regime disciplinar diferenciado (§ 1º do art. 54 da LEP) e, somente após autorização judicial, em regra, precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa (§ 2º do art. 54 da LEP), incluir a presa no RDD.
Ante o exposto, suscita o presente incidente para que os desvios de execução sejam corrigidos, apurando-se o alegado pelo peticionário e tomando-se as providências para sua transferência a estabelecimento que lhe possa assegurar o cumprimento da pena nos termos previstos em lei.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e Data
Advogado
OAB/UF
·  Desvio e Excesso de Execução
3 - Leopoldina foi surpreendida utilizando aparelho telefônico dentro do estabelecimento prisional em que cumpre pena em regime fechado. Em razão disso, o Diretor do Presídio determinou seu isolamento por prazo indeterminado, como sanção pelo cometimento de falta grave. Como advogado da condenada, indique os argumentos para fundamentação de recurso.
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Incidente de Excesso de Execução (arts. 185 e 186 da LEP), vez que, nos termos do inciso VII do art. 50 da LEP, realmente comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo)”; entretanto, consoante previsto no art. 58 da LEP, o isolamento não pode exceder 30 dias, devendo ser sempre comunicado ao juiz da execução.
·  Monitoração Eletrônica
4 - Foi concedido a Otávio o benefício de saída temporária no regime semiaberto. Entretanto, o Juiz determinou a fiscalização por meio de monitoração eletrônica. Ocorre que o condenado não respondeu aos contatos do servidor responsável pelo monitoramento e danificou o dispositivo eletrônico. O juiz da execução determinou a revogação da saída temporária e a regressão para o regime fechado. Como advogado responsável pelo caso, indique a medida e o argumento cabíveis.
RESPOSTA - O advogado deverá apresentar Incidente de Excesso de Execução (arts. 185 e 186 da LEP), vez que, o Magistrado aplicou dupla punição ao condenado ao revogar a saída temporária e regredir o regime para o fechado.
· TEMA 08
· PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
· Conceito e Requisitos
1 - Admite-se a execução provisória de pena restritiva?
RESPOSTA - Não se admite a execução provisória de pena restritiva, pois o art. 147 da LEP demanda o trânsito, senão vejamos:
Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
No mesmo sentido, oportuno colacionar o entendimento jurisprudencial:
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PENA RESTRITIVA DE DIREITOS, ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. ART. 147 DA LEP. IMPOSSIBILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. Segundo a jurisprudência da Quinta Turma desta Corte, não há falar em execução provisória de pena restritiva de direitos, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, tendo em vista que encontra-se em pleno vigor o art. 147 da LEP. (STJ, HC 389.676/SC, rel. Ribeiro Dantas, 04/04/2017).
·  Prestação de Serviços à Comunidade
2 - Dimitrius Fraga foi condenado às penas de 3 de meses de detenção, em regime aberto, e declarado como incurso no art. 129, § 9º, do Código Penal, substituída por prestação de serviços à comunidade, em igual prazo, porquanto teria ofendido a integridade física de sua ex- amasia, Karine Barbacoa, mediante socos e empurrões.
 
Considerando que a sentença publicada na data de ontem, como agiria na qualidade de advogado de Dimitrius?
RESPOSTA - O advogado deve interpor recurso de apelação e requerer a alteração da espécie de pena substitutiva para uma das modalidades previstas nos incisos III, V ou VI do art. 44, do Código Penal, visto não ser possívela prestação de serviços para penas inferiores a 6 meses, tampouco pagamento isolado (de multa, prestação pecuniária ou perda de bens) em casos de violência doméstica.
·  Perda de Bens e Valores e Prestação Pecuniária
1 - Por qual razão se diz que a prestação pecuniária possui autêntica natureza despenalizadora?
RESPOSTA - Se fala em autêntica natureza despenalizadora, em razão do nítido cunho de antecipação civil – o que vem a ser reforçado pela parte final do artigo, no qual está expressamente previsto que o valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil –, se assim efetuada em favor da vítima/dependentes, justamente por se equiparar ao prejuízo por estas experimentado, representando, em última análise, tão somente o mero ressarcimento/reparação, pelo sentenciado, daquilo o que tenha ocasionado.
·  Interdição de Direitos e Limitação de Final de Semana
4 - Em que difere a limitação de final de semana da denominada prisão albergue domiciliar?
RESPOSTA - Enquanto a limitação de final de semana é pena alternativa, a prisão albergue domiciliar é hipótese restrita aos sentenciados a pena privativa de liberdade em regime aberto quando em determinadas situações*. Entretanto, atualmente há uma banalização dessa modalidade de prisão, inicialmente, pela falta de casa do albergado (assim sendo conferida para todos os sentenciados em regime aberto) e, agora, acentuada pela falta de vagas no semiaberto.
 
Vide art. 117 LEP:
 
“Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.”
· TEMA 09
· MULTA E COMINAÇÃO DE PENA
·  Conceito e Requisitos
1 - Márcia foi condenada pelo crime de furto simples tentado à pena de 8 meses de reclusão. O juiz sentenciante substituiu a pena privativa de liberdade por multa vicariante.
Com base na situação narrada, é correto afirmar que agiu com acerto o magistrado?
RESPOSTA - A resposta é negativa, uma vez que o magistrado não agiu com acerto tendo em vista que a pena superior a 6 meses até 1 ano deve ser substituída por pena restritiva de direito e não por multa, nos termos do art. 60, § 2º, do Código Penal.
· Multa como dívida de valor
2 - Agnaldo, seu cliente, foi condenado pelo crime de estelionato à pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, e pagamento de 12 dias-multa.
A pena privativa foi substituída por prestação de serviços à comunidade e mais 10 dias-multa.
Após cumprir a pena de serviços, Agnaldo pagou apenas os 12 dias-multa, mas deixou de pagar a multa substitutiva de 10 dias-multa.
Por essa razão, aplicando a regra referente às penas restritivas, o juiz determinou a conversão da multa substitutiva em privativa de liberdade.
Na qualidade de advogado de Agnaldo, indique qual deve ser a peça cabível bem como a tese a ser arguida.
RESPOSTA - A peça deve ser o Agravo em Execução. Porém, havendo risco à liberdade, também é possível a impetração de habeas corpus.
Deve-se alegar que à multa, independentemente de ser prevista no preceito secundário do tipo ou ser substitutiva, aplica-se a regra do art. 51, ou seja, não pode ser convertida em privativa de liberdade. Esse é o entendimento do STJ.
·  Extinção da multa, utilização do HC e prescrição
3 - Dionísio, condenado pelo crime de furto, já cumpriu a pena privativa de liberdade há mais de 2 anos e requereu sua reabilitação criminal.
O pedido foi indeferido sob o argumento que a multa não havia sido paga e, portanto, a não havia a extinção da punibilidade.
Na qualidade de advogado de Dionísio, qual recurso deve ser apresentado e qual tese?
RESPOSTA - Contra decisão que indefere pedido de reabilitação criminal cabe recurso de apelação.
Deve ser alegado que já se passou 2 anos desde o cumprimento da pena privativa de liberdade, e que a multa é considerada dívida de valor, de forma a não impedir a extinção da punibilidade, sendo executada apenas no cível.
Por esta razão, estão cumpridos os requisitos para a reabilitação criminal.
Atenção, é importante destacar que esta argumentação, atualmente aceita pelo STJ, poderá ser revista
· Cominação de penas
4 - Um réu foi condenado por três crimes de roubo tentados, em concurso material, sendo os crimes cometidos com emprego de faca.
A tentativa ficou bastante longe da consumação, apenas no início dos atos executórios. Vale destacar que o réu é reincidente e portador de maus antecedentes, bem como é desempregado e com parca condição financeira.
Com base nas informações apresentadas, proceda à dosimetria da pena de multa.
RESPOSTA - A dosimetria pode comportar pequenas divergências, porém, basicamente é a seguinte:
Parte-se de 10 dias-multa.
Sendo o réu portador de maus antecedentes, aumenta-se em 1/6, alcançando 11 dias-multa (não se admite dias-multa fracionados, por isso arredonda-se para menos).
Por ser reincidente, aumenta-se mais 1/6, chegando-se em 12 dias-multa.
Pela causa de aumento do emprego de arma, aumenta-se 1/3, chegando em 16 dias-multa.
Pela tentativa reduz-se em 2/3, ficando em 5 dias-multa para cada roubo.
Aplicando-se o concurso de crimes, temos o total de 15 dias-multa.
Sendo o réu desempregado, o valor de cada dia-multa será no mínimo legal, em 1/30 do salário mínimo.
Conclusão: 15 dias-multa, no valor mínimo legal.
· TEMA 10
· APLICAÇÃO DA PENA
· Pena-base
1 - Analise as duas situações seguintes e diga se a decisão do juiz está correta:
 
1) Sentença que condenou o acusado como incurso no artigo 121, caput, do CP, fixando a pena-base acima do mínimo legal em razão do instrumento utilizado na prática criminosa: faca de dimensões avantajadas.
 
2) O juiz, considerando covarde o réu por ter agredido uma criança, fixou a pena-base acima do mínimo legal, diante do fator negativo de sua personalidade. Em seguida, na segunda fase, aplicou a agravante disposta no artigo 61, inciso II, alínea “h”, do Código Penal.
RESPOSTA - As duas situações expostas na questão estão incorretas, não tendo agido com acerto o magistrado sentenciante.
 
A respeito da primeira situação, já decidiu o STF que a espécie de arma utilizada para a prática do crime de homicídio (se faca grande ou pequena, por exemplo) não deve ser levada em consideração na primeira fase da dosimetria, como circunstância judicial desfavorável, por constituir forma normal de execução do crime, ínsito ao tipo penal incriminador. STF, HC 124.954.
 
Em relação à segunda hipótese, o juiz incorreu na dupla valoração do mesmo fato (proibição do bis in idem), já que considerou o fator criança tanto na pena-base, como na segunda fase da dosimetria. Considerando que as circunstâncias legais preponderam sobre as judiciais, no caso exposto, somente é possível a incidência da agravante.
·  Agravantes e Atenuantes
2 - Situação 1) O agente, depois de efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, impelido por um momento súbito de solidariedade, decide socorrê-la, conduzindo-a ao hospital, onde consegue se recuperar.
 
Situação 2) O agente efetua disparos de arma de fogo contra a vítima, ocasionando a sua morte. Ocorre que, no dia seguinte, o agente, tendo conhecimento de que a vítima era pai solteiro e possuía dois filhos menores de idade, passa a contribuir com uma pensão mensal.
 
Considerando essas duas situações hipotéticas, em qual delas a atenuante prevista no artigo 65, inciso III, alínea “b”, poderá ser reconhecida?
RESPOSTA - A atenuante genérica disposta no artigo 65, inciso III, alínea “b”, do CP, não pode ser confundida com o arrependimento eficaz, previsto no artigo 15, do diploma penal.
 
No arrependimento eficaz, o agente, embora esgote os atos executórios, impede a consumação do crime, respondendo apenas pelos atos praticados. Não há tentativa, posto não ter o delito se consumado por vontade do próprio agente criminosa (e não por força de circunstâncias alheias à sua vontade).
 
Na atenuante genérica mencionada, ocrime se consuma, respondendo o agente pelo tipo incriminador, mas, tendo em vista a sua conduta posterior, poderá ser beneficiado com uma redução de pena.
· Causas de Aumento e de Diminuição. Cálculo da Pena
3 - 1) Imagine que João, genitor de Maria, efetuou um disparo de arma de fogo contra Mário, causando sua morte, por ter ele estuprado Maria.
 
2) Imagine que João, traficante de drogas, efetuou um disparo de arma de fogo em face de Mário, causando sua morte, para dominar o comércio de drogas no bairro.
 
Relativamente ao crime de homicídio, indicar, em tese, o que cada uma dessas duas situações poderia significar num eventual Júri.
RESPOSTA - João, no primeiro caso, responderia por homicídio privilegiado, nos termos do artigo 121, § 1º, do Código Penal, pois, in casu, praticou o crime impelido por relevante valor moral, já que o agente estuprou sua filha, podendo ter a pena reduzida de 1/6 a 1/3.
 
João, no segundo caso, responderia por homicídio qualificado, nos termos do artigo 121, § 2º, do CP, pois praticou o delito valendo-se de um motivo fútil, cuja pena mínima, abstratamente prevista, é de 12 anos.
· Cálculo da Pena – sistema trifásico
4 - João e outros dois comparsas não identificados, agindo com unidade de desígnios, abordaram a vítima quando ingressava em sua residência e, mediante grave ameaça, anunciaram o assalto, conduzindo-a para dentro do imóvel. Enquanto um dos agentes vigiava a vítima, João e o outro comparsa se apoderavam de inúmeros bens, tais como televisor, videogame, eletrodomésticos etc, inserindo-os no veículo da ofendida, utilizado, em seguida, para a fuga. Cerca de uma hora depois, João foi preso em flagrante na condução do veículo subtraído, logrando êxito na fuga os demais comparsas.
 
Durante a instrução processual, constatou-se que João possui uma condenação anterior definitiva pelo crime de furto, ultrapassado o tempo depurador.
 
O réu foi plenamente reconhecido pela vítima.
 
João foi condenado como incurso no artigo 157, § 2º, inciso II, do Código Penal.
 
Como resultaria a pena-base de João com fulcro no sistema de pesos adotado pelo doutrinador Guilherme de Souza Nucci?
RESPOSTA - Na 1ª fase da dosimetria, o magistrado deve analisar as circunstâncias judiciais.
 
Personalidade: neutro (não apurada durante a instrução processual).
Antecedentes: -2 (negativo).
Motivos: neutro (não apurada durante a instrução processual).
Conduta social: neutra (não apurada durante a instrução processual).
Circunstâncias do crime: -1 (negativo) – crime praticado no interior de residência, ambiente mais íntimo de um indivíduo, cuja violação configura, inclusive, crime.
Consequências do crime: neutro (não apurada durante a instrução processual).
Comportamento da vítima: neutro (não apurada durante a instrução processual).
 
Soma dos pesos no caso concreto: -3 (negativo).
 
Pena abstratamente prevista para o crime de roubo: 4 a 10 anos (metade em 7 anos).
Soma dos pesos em abstrato: 10 pontos (metade 5 pontos).
 
A pena-base de João, considerando a existência de 3 pontos negativos, deve ser fixada próxima a 5 anos de reclusão.
(-10 pontos = 10 anos de reclusão; -5 pontos = 7 anos de reclusão).

Outros materiais