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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI CAMPUS PROFESSOR ANTÔNIO GEOVANE ALVES DE SOUSA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO Disciplina: INTRODUÇÃO AO DIREITO Aluno: MARIANA JOICY SOARES SAMPAIO Matrícula: 1084625 Fichamento textual – O Direito Capítulo VII Piripiri-PI 2022.1 INTRODUÇÃO O direito é um conhecimento prático que serve para resolver problemas entre pessoas de forma pacifica. As normas jurídicas não são entendidas igualmente por todos. Há uma necessidade que os problemas da sociedade sejam resolvidos de forma justa para todos. Na Roma antiga, surgiu pela primeira vez uma classe de juristas profissionais, dedicados à interpretação e aplicação do direito. Os romanos criaram uma estrutura racional e lógica para entender a lei e aplicá-la de acordo com os casos concretos que eram submetidos aos jurisconsultos. Para que a interpretação e aplicação da lei sejam aceitas pelas partes em conflito, é necessário que a norma e o intérprete sejam vistas pelos litigantes como neutros em relação à controvérsia. A predominância da aplicação estatal do direito tem como uma de suas principais consequências a concepção monista do direito, identificando-o com o Estado. Ao interpretar e aplicar a lei, o intérprete, até certo ponto, cria a lei. A mensagem que eles nos passam é o que os intérpretes dizem que eles são. A sociedade pós-industrial do século XXI tem misturado a aplicação estatal com a aplicação privada do direito. As soluções alternativas de conflitos, principalmente a mediação e a arbitragem, estão cada vez mais presentes no cotidiano. A economia de mercado busca transformar todos os bens em bens disponíveis no mercado e a prestação jurisdicional está incluída no pacote. O direito é essencial e indispensável na economia de mercado, sem ele seria impossível pensar em tal modelo econômico. O direito é um organizador social primordial e formador de hábitos e costumes, o direito que faz a interface entre a infraestrutura econômica e a estrutura. A mediação social pressupõe a possibilidade de que os interesses imediatos dos grupos dominantes possam ser ocasionalmente contrariados. É por meio da mediação social que a correlação de forças políticas se expressa no direito, em qualquer de suas vertentes. A expressão política dessas disputas remetia às leis, seja por meio de uma revolução que muda todo o ordenamento jurídico, seja por meio de legislações reformistas. A ordem jurídica vigente, em dado território e em dado momento, é principalmente a atividade prática do todo. Cabe a essas pessoas fazer a mediação entre o que foi proposto pelo legislador e a demanda da sociedade. Karl Engisch demonstra profundo entendimento da questão quando afirma que o direito penal surge como instrumento e acessório do direito civil. O salário mínimo, desde a sua criação, não foi motivo de polêmica relevante entre o empresariado, como aponta Roberto Santos. No Brasil, não se conhece nenhuma reivindicação coletiva de empresários no sentido da abolição do salário mínimo. Mesmo depois da mudança política ocorrida em 1964, quando o empresariado poderia mais facilmente pleitear a revogação pura e simples, nunca o fez. A aplicação do direito é o momento em que a norma jurídica perde sua abstração e generalidade, tornando-se concreta e individualizada. A passagem de um momento a outro é o cerne de toda a dificuldade da atividade judiciária. A ética judiciária é complexa, pois, se o juiz não pode desconsiderar o texto legal ao contrário, deve aplicá-lo. 2 PODER JUDICIÁRIO E AUTONOMIA A autonomia do poder judiciário vem em decorrência da tripartição do poder estatal imaginada por Montesquieu. No brasil, o artigo 2° da CRFB estabelece poderes independentes e harmônicos, o legislativo, executivo e judiciário, cada um com suas atribuições. É comum que um poder tente invadir o campo do outro, é competência do judiciário estabelecer limites. A configuração do poder judiciário é obra da constituição dos EUA. A questão da autonomia do Judiciário é um tema que tem suscitado grandes debates nos mais diferentes sistemas políticos. Às vésperas da extinção da União Soviética, o movimento perestroika reconheceu o que era óbvio, a falta de independência no poder judiciário soviético, na Inglaterra, onde muita independência foi reconhecida, a questão também é levantada de forma contundente. A diferença dos poderes é uma forma de dividir o trabalho entre os órgãos governamentais. A autonomia política hoje em dia é decisória e vem cada vez mais se reafirmando. Por outro lado, essa aplicação vem se estreitando pois é apenas um aspecto. É evidente que a aplicação extrajudicial amplia sua importância a todo momento, o princípio da inércia jurisdicional tem algo a ver com a noção de autonomia do Judiciário. Não basta que haja violação do direito de o órgão judiciário ser convocado para intervir. De fato, para que o Judiciário intervenha em um caso, pelo menos duas condições são necessárias: violação do direito, inconformismo daquele que julga o seu direito violado. Hugh Collins foi feliz em escrever que tribunais e juízes se apresentam como agentes de toda a sociedade responsáveis por impor a vontade geral, conforme articulada na lei. A observação não difere da realidade brasileira, guardadas as devidas proporções. Para compreender a aplicação do direito e as possibilidades de inovação neste campo específico da vida jurídica, é preciso partir de um verdadeiro dogma, que é o papel social do juiz. A aplicação judicial é um momento de tensão entre a sociedade e a ordem jurídica. O positivismo mostra o direito como a paz da sociedade, sua aplicação deve concretizar esses objetivos. Por isso é importante o uso de mecanismos de interpretação neutro o jurista Francesco ferrara diz que o propósito da interpretação é determinar o significado objetivo da lei, a lei é expressão da vontade do Estado, e esta persiste autonomamente, destacada do complexo de pensamentos e tendências que animaram as pessoas que contribuíram para a sua emanação. 3 A INTERPRETAÇÃO DO DIREITO COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL DA ORDEM JURÍDICA O direito precisa ser aplicado para que haja resultados, é a aplicação que define o conteúdo da norma jurídica, isso se faz através da interpretação e o entendimento que a partir dos aplicadores tem consequências reais nas suas intervenções. A interpretação do direito não se limita a repensar o que já foi pensado, pelo contrário, é saber pensar até o fim o que já começou a ser pensado por outro. A interpretação visa atualizar a norma, uma vez que a posição dogmática, anexada à letra da lei, por diversas vezes, é impeditiva de soluções jurídicas adequadas ao tempo presente. A jurisprudência vem ganhando cada vez mais relevância como fonte efetiva do direito. Está ultrapassada a ideia de que a jurisdição é apenas ato declaratório da lei aplicável ao caso concreto. A aplicação do direito é simultaneamente interpretação e produção do direito. A interpretação, na tradição jurídica aceita por grande parte da doutrina se divide em: literal, lógica ou racional, teleológica, extensiva, restritiva, histórica, autêntica, abrangente etc. 3.1. Diferentes interpretações para o mesmo fato Blaise Pascal era cético em relação à justiça, ou mais precisamente, ao direito. Para ele, o brilho da verdadeira equidade (justiça) teria subjugado todos os povos e governantes. Ele disse “A entrada de Saturno em Leão marca-nos a origem de um crime. Divertida justiça que um rio limita! Verdade aquém dos Pirineus, erro além”. No início do século XX, o artigo 242 do Código Penal alemão tipificava como furto o ato de subtrair, com o fim de apropriar-se ilicitamente, objeto móvel. O Tribunal do Reich, por duas vezes recusou-se a considerar a subtração de energia elétrica como uma açãotípica abrangida pelo Artigo 242. Pois a energia não podia ser considerada um objeto ou coisa. Entretanto na corte dos países baixos foi considerada subtração de um bem. A possibilidade de uma decisão judicial é certamente a margem de discricionariedade dentro da qual o aplicador da lei pode se movimentar. Os casos acima indicam que na lei não há solução certa, mas uma decisão possível. Existem, no entanto, soluções impossíveis, pois contrariam claramente as possibilidades interpretativas do texto legal. 3.1.1 Interpretação literal A interpretação literal é a mais simples do direito, nela o interprete identifica o significado através do seu texto literal. Os antigos romanos entendiam que a clareza evidente no texto legal impedia qualquer interpretação que não se limitasse ao próprio texto legal. A interpretação literal se baseia na ideia de que o texto feito pelo legislador é exatamente do jeito que ele pensou e permite interpretação imediata. A linguagem usada pelo interprete é no presente, pois não faz sentido interpretar uma lei no passado, a lei é usada para solucionar problemas atuais. Os termos jurídicos possuem conteúdos que as vezes não correspondem ao sentido literal das palavras, é muito comum encontrar palavras polissêmicas como por exemplo posse que tem diferentes significados no direito civil, administrativo e de família. Essa polissemia pode gerar uma tensão que pode privilegiar o significado do vocábulo ou que prestigia a prevalência do sentido técnico jurídico. Tem que se considerar ainda que as palavras mudam de sentido com o passar do tempo, aí surge um novo problema, qual sentido e qual época o interprete deve adotar. Se torna ainda mais complicado quando esses conceitos não estão de forma normativa. O Código penal de 1940, utilizou 3 vezes a expressão "mulher honesta” com significado diverso do que era aceitável socialmente ao tempo da elaboração do Código Penal quando o preconceito contra as mulheres era ainda mais intenso que nos dias atuais. Também existem aqueles termos que são contraditórios e imprecisos. 3.1.2 Interpretação lógica A interpretação logica foi por muito tempo a mais prestigiada, por ela o que se busca é a coerência interna da norma jurídica. É um método formal que remonta a tradição escolástica que se distinguia em lógica maior e logica menor. A lógica menor consiste na exposição, a lógica maior consiste em perguntar e resolver. Pela utilização de mecanismos de adequação de umas premissas a outra o objetivo é adequar um determinado fato a um determinado preceito normativo (subsunção). É o método pelo qual são estabelecidas imputações que levam a erros e verdades absolutas. Henri Lefêbvre diz que a lógica formal é a lógica da abstração que precisa ser substituída por uma lógica concreta. A lógica formal é necessária para o conhecimento, mas é insuficiente para atingi-lo 3.1.3 Interpretação sistemática e histórica A interpretação sistemática é fundamental no sistema moderno de aplicação da lei. É por meio dela que o intérprete busca compreender adequadamente a posição da norma dentro do ordenamento jurídico. A Constituição é o conceito fundamental sobre o qual a lei se baseia. A interpretação histórica tem origem na Escola Histórica Alemã. Busca compreender a lei em sua gênese, a partir dos motivos que levaram à sua elaboração. Nenhuma norma jurídica pode ser compreendida perfeitamente se não conhecermos sua história, diz o historiador. O intérprete deve ter uma compreensão clara dos propósitos do sistema jurídico como um todo. A interpretação histórica é importante na medida em que dá à lei a direção do movimento, ou seja, permite que ela seja analisada em sua plenitude. É relevante observar que a própria lei sofre transformações em seu conteúdo que nem sempre são perceptíveis em sua forma extrínseca. A simples aplicação da norma ao caso concreto a modifica. A decisão judicial é, portanto, uma norma particular que, concretamente, representa a norma geral. 3.1.4 Interpretação teleológica Francesco Ferrara observa que: A interpretação jurídica não é semelhante à interpretação histórica ou filológica aplicada aos documentos. Chama-se teleológica a interpretação do direito cujo escopo é determinar a finalidade da lei. A lei é uma ordem protetiva que pretende satisfazer determinadas necessidades e deve ser interpretada no sentido que melhor responde a essa finalidade. A interpretação teleológica se prende, principalmente, à análise dos objetivos constitucionais e aos objetivos específicos da norma. Na ordem constitucional e legal brasileira, o magistrado e o administrador, ao aplicar as leis, devem observar os fins sociais a que se destinam. Constatamos que a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em seu artigo 20, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visa preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental propícia à vida. 3.1.5 Interpretação autêntica A interpretação autêntica é aquela realizada por uma lei. Não é exatamente uma interpretação, mas uma nova lei. A interpretação autêntica só ocorre entre normas da mesma hierarquia. Tutela de menor é categoria jurídica definida pelo legislador, em verdadeira interpretação autêntica, que, portanto, tem força obrigatória. 3.1.6 Interpretação subjetiva e objetiva Há uma dicotomia tradicional no mundo jurídico quanto à interpretação da lei. Perguntamos se o que o legislador pensou sobre uma norma jurídica é o que deve ser considerado válido, ou se a lei específica deve prevalecer. Para a criação de uma lei, diversas vontades políticas colidem, até o surgimento da síntese possível. 3.1.7 Interpretação extensiva e restritiva A interpretação extensiva ou restritiva são duas modalidades interpretativas que se opõem e dizem respeito ao alcance da norma interpretada. O próprio nome de ambos demonstra que, por meio deles, os direitos podem ser ampliados ou restringidos. a lei determinada nos textos legais não reflete necessariamente a realidade jurídica.
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