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Parasitologia TOXOCARÍASE • Agente: Toxocara canis (intestino delgado de cães); humanos são hospedeiros incompletos, pois não há formação de ovos. • Quadro Clínico: sintomas dependem da carga parasitária e do local por onde as larvas passam, provocando hemorragias e reações imunes. o Visceral: crianças de 1-4 anos, acomete fígado, coração e pulmões. Febre intermitente (38*), prurido com exantema cutâneo, perda de peso, diarreias, hepatomegalia, tosse e dispneia. o Ocular: crianças de 7 anos, vermelhidão, dor, prurido, manchas esbranquiçadas na pupila e diminuição da acuidade visual. • Diagnóstico: hemograma (hipereosinofilia), história clínica (contato com cães e gatos), sorologia (anticorpos contra o parasita). • Epidemiologia: cosmopolita, acomete mais crianças (ingestão de terra contaminada, contato direto, etc). • Tratamento: albendazol, tiabendazol ou mebendazol, 2x/dia, por 5 dias. • Prevenção: vacinação de cães e gatos, limpeza do local, eliminação diárias das fezes e higiene pessoal após o contato com animais. • Ciclo de vida: ENTEROBÍASE • Agente: Enterobius vermicularis (oxiúro, infecta por via oral-fecal e permite auto-infecção). Seus ovos sobrevivem até 2 semanas fora do corpo humano • • Quadro Clínico: assintomático, durante a etapa intestinal. Ao atingir o reto/ânus gera prurido anal. • Diagnóstico: Swab anal ou teste da fita gomada (método de Graham), consiste em pressionar uma espátula ou lâmina na região perianal, com a face adesiva da fita para a pele, para posterior avaliação ao microscópio (ovos). • Epidemiologia: cosmopolita, incidência elevada no país, relacionado a baixas condições de higiene e aglomerações forçadas. • Tratamento: mebendazol ou albendazol • Prevenção: cortar as unhas das crianças (evitar auto-infecção), higiene das roupas íntimas e de brinquedos, lavagem das mãos. • Ciclo de vida: ESQUISTOSSOMOSE • Agente: Schistosoma mansoni (ciclo sex e assex, com incubação de 2 a 6 semanas) • Ciclo de Vida: fezes humanas contaminadas (ovos) → contaminação da água → eclosão dos ovos → lieração de larvas miracídios → infecção de caramujos → após 4 semanas → larvas viram cercáreas e abandonam os caramujos → cercáreas livres na água → contaminação do humano (contato direto com a água) → corrente sanguínea → fígado → plexo venoso mesentérico → fezes • Quadro Clínico: o Fase Aguda: febre, cefaleia, calafrios, sudorese, astenia, falta de apetite, mialgia, tosse e diarreia. o Fase Crônica: diarreia mais constante, alternando-se com prisão de ventre, podendo ser sanguinolenta. Tontura, cefaleia intensa, plenitude gástrica, prurido anal, palpitações, impotência, emagrecimento e enrijecimento do fígado, além de hepatomegalia. • Diagnóstico: Hemograma (eosinofilia, leucopenia, anemia e plaquetopenia), com alterações das funções hepáticas (aumento de TGO, TGP e fosfatase alcalina), exame parasitológico de fezes (ovos), Hoffman (croposcopia qualitativa) e Kato-Katz (croposcopia quantitativa). • Epidemiologia: cosmopolita, condições precárias favorecem a dispersão da doença, se distribui mais no NE e litoral do SE (MG). • Tratamento: praziquantel (VO, dose única) e oxamniquina (VO, dose única), ambos agem alterando a capacidade do parasita de contrair sua musculatura, sendo eliminado nas fezes. • Prevenção: evitar contato com águas onde existam caramujos, coleta de esgoto e saneamento básico. ANCILOSTOMOSE • Agente: Ancylostoma duodenale (3 dentinhos) e Necator americanus (2 lâminas), ambos com bolsas copuladoras • Quadro Clínico: prurido na pele (local de contato), hemorragias pulmonares (sintomas de pneumonia benigna), úlceras intestinais (histiofagia e hematofagia dos parasitos), anemia microcítica e hipocrômica, hipoproteinemia (amarelão). Gera alterações no TGI parecidas com ascaridíase, mas menos intensas. • Ciclo de Vida: ovos liberados no ambiente pelas fezes humanas → larvas rabditóides (L1) → 1 semana → larvas filaróides (L3) → penetra a pele → vasos linfáticos → pulmões • Diagnóstico: exame parasitológico de fezes (ovos) e identificação direta do parasita, após tratamento com albendazol. • Epidemiologia: não é de notificação compulsória, 2-5% em populações urbanas e 15% rurais. Doença tropical negligenciada. • Tratamento: antiparasitários e anti-helmínticos (albendazol) • Prevenção: • Obs.: Ancylostoma braziliense gera bicho geográfico (infecção de pele, transmitida por cães e gatos), que deve-se fazer diagnóstico diferencial com Strongyloides stercoralis, cujos sinais são muito parecidos, mas há infecção da região perianal. ASCARIDÍASE • Agente: Ascaris lumbricoides (via oral-fecal) • Quadro Clínico: maioria dos quadros é assintomático ou pode haver desconforto intestinal, cólicas, insônia, abaulamento do abdome, febre (em alguns casos mais intensos) e íleo paralítico (obstrução intestinal). o Síndrome de Loeffler: abcessos hepáticos e pulmonares, causados pelo acúmulo de eosinófilos (infecção ectópica do adulto, possivelmente por reinfecções), tosse seca, febre discreta, dispneia e mialgia. ▪ Densidade radiológica periférica, usualmente bilateral + chiado • Ciclo de Vida: liberação do ovo no meio ambiente → 12 dias → estágio rabditóide (L1) → 1 semana → L2 → forma infectiva L3 (mantém a cutícula) → ingestão da larva → sensibilizada pelo suco gástrico → eclodem no duodeno → invadem a corrente sg e linfática → invadem o pulmão (10 dias) → formam mudas (L5) → laringe → faringe → são deglutidas → ID → fezes • Diagnóstico: exame parasitológico de fezes (ovos) e id. direta do parasita • Epidemiologia: não é de not. compulsória, 50-70% prevalente no Brasil • Tratamento: albendazol e mebendazol • Prevenção: ingerir somente água tratada, lavar bem frutas e legumes antes de ingeri-los, lavar sempre as mãos, não defecar em locais inapropriados ESTRONGILOIDÍASE • Agente: Strongyloides spp (fêmea patogenética, de caráter oportunista) • Quadro Clínico: larva currens (região de retroinfecção perianãl, gerando prurido), pode ser assintomática ou oligossintomática, podendo cursar com sintomas dermatológicos (urticárias), pulmonares (síndrome de Loeffler, broncoespasmo, edema pulmonar, dispneia e tosse seca) e intestinais. Pode gerar ainda enterite catarral (parasitas nas criptas glandulares, gera fezes com muco, náuseas, dor epigástrica), enterite edematosa (parasitas nas túnicas da parede intestinal, síndrome da má-absorção intestinal) e enterite ulcerosa (ulcerações com invasões bacterianas geram substituição por tecido fibrótico, levando à rigidez da mucosa intestinal e alterações no peristaltismo → íleo paralítico). Geral: náuseas, febre e anorexia. o Aguda: prurido no pé, tosse, desconforto epigástrico, diarréia, vômito, íleo paralítico (crianças). o Crônica: autoinfecção, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos ocasionais, perda de peso e urticárias crônicas recorrentes o Grave: evolução demorada, diarreia (as vezes com sangue), dor abdominal severa, vômitos, tosses, desconforto respiratório, rigidez da nuca, cefaléia, meningismo, petéquias e púrpuras (coagulação intravascular disseminada), febre e calafrios. o Imunossupressão: doença disseminada (rins, fígado, vesícula, coração, cérebro, pâncreas, tireóide, adrenais, próstata, mamas e linfonodos). Anemia, tontura, ascite, dor abdominal, vômitos, diarreia, pneumonia e insuficiência respiratória. • Ciclo de Vida: o Ciclo de Vida Livre: infecção pela larva filaróide (contato direto) → ciclo de Loss → vasos linfáticos → pulmão → laringe → faringe → larvas são deglutidas → só sobrevivem as fêmeas no ID → 12 dias → deposição de ovos → adesão à mucosa intestinal → eclosão (3n, 2n e n) → larvas rabditóides (2n e n) → luz do intestino → fezes → larvas fazem reprodução sex. → geram larvas 3n → larvas filaróideso Ciclo Parasitário: as larvas rabditóides 3n → aderem à mucosa do intestino → larva filaróide → entra na circulação linfática → repete o ciclo de Loss • Diagnóstico: técnica de Berman-Moraes (fezes frescas, coletadas sem conservantes, baseado no termotropismo das larvas) e método de Harada-Mori (filtro de papel umidificado) • Epidemiologia: helminto comum em áreas rurais e de 17% de prevalência. • Tratamento: albendazol (400mg/kg/dia, VO, por 3 dias), tiabendazol (250mg/kg, 2x/dia, de 7-10 dias), carbenzadol (5mg/kg, dose única) ou invermectina (200mg/kg/dia, VO, 2 vezes). • Prevenção: Não andar descalço, principalmente em chão com areia e lama; Lavar bem os alimentos antes de comer; Lavar as mãos após ir ao banheiro; Tratar corretamente a infecção para evitar voltar a pegar. TRIQUINELOSE • Agente: – Trichinella spiralis Adultos → habitam ID de porcos, ursos, ratos e humanos o 1,5mm de comprimento Larva → é invasiva e habita, principalmente, fibras musculares • Ciclo de Vida: Consumo de carne mal cozida com larvas → enzimas digestivas abrem os cistos → estímulo → larvas penetram as paredes do intestino → amadurecem → reprodução sex → causam sintomas de infecção GI → deposição de ovos → semanas depois → nascem larvas → corrente sg → músculos estriados → formação de cistos resistentes → ingestão por outro ser vivo → reinício do ciclo o As larvas podem se encistar no músculo cardíaco, no diafragma e nos músculos oculares, causando complicações • Patogênese Intensidade dos sintomas → depende da carga parasitária 1ª fase → 1-2 dias após a infecção (larvas amadurecendo no intestino), há diarreia, dor abdominal, náusea e vômito 2ª fase → 2-8 semanas (larvas migram para os músculos), há febre alta, dor muscular, edema, cefaleia e fotofobia. • Diagnóstico: Biópsia muscular, histórico de consumo de carna mal- cozida, de caça ou carne de procedência duvidosa. Sorologia não é recomendada, pois há reação cruzada com o Trichuris trichiura • Epidemiologia: Muito comum até 1980: reduzida pelas ações sanitárias (proibição de alimentação animal com carne de animais abatidos e congelamento de carne antes do envio), <10.000 casos no mundo (2015), mas ainda com relevância no SE asiático. • Tratamento: Tiabendazol ou albendazol ou mebendazol FILARIOSE Características das filárias • Tamaho variado (2-50 cm), fusiformes, alongadas, não segmentadas, sexo definido (macho 2x maior q a fêmea) • São vivíparas (geram microfilárias) • Vetor invertebrado: 4 estágios larvais • Desenvolvimento: FILARIOSE LINFÁTICA – Wuchereria bancrofti • Mais de 1 bilhão de indivíduos em risco; 120 milhões infectados; 40 milhões incapacitados/desfigurados. • O homem é o único hospedeiro definitivo • Agente Adultos → vermes alongados, cutícula lisa, com esôfago muscular e gld o Machos: 4cm, com papilas sensoriais anteriores pedunculadas e parte posterior recurvada ventralmente o Fêmeas: 8-10cm, útero simples, com vulva anterior Vetor • Culex quinquefasciatus • Baixa carga parasitária → a infecção por múltiplas filárias depende de muitas picadas pelo vetor • Fica próximo a regiões de eclosão (água rica em nutrientes, parada, lagos) • Ativa à noite → sincronia com a microfilária • Ciclo de Vida Picada do mosquito (Culex sp) → larva L3 → corrente sg → vasos linfáticos → formas adultas → reprodução sex → microfilárias → circulação sg → picada do mosquito → ingestão de microfilárias → vão para o estômago → migram para a probóscide (saliva) → viram larvas L3 → reinício Patologia • Larvas L3 são silenciosas, enquanto L4 geram inflamações locais • Manifestações → vermes adultos nos linfonodos e vasos linfáticos • Lesões genitais: hidrocele nos testículos e quilocele na vagina • Obstruções: edemas, ascites, quilúria (linfa na urina) • Elefantíase: inflamação, fibrose, edema e infecção bacteriana por Streptococcus • Principais órgãos: pernas, escroto e mamas Sintomatologia: • 2/3 assintomáticos → microfilárias no sangue; linfangiectasia subclínica (↑ dos vasos linfáticos) • Período agudo → fenômenos inflamatórios o Linfangiectasia o Linfadenites (inflamação dos linfonodos) o Linfangites (inflamação dos vasos linfáticos) o Febre e cefaleia • Período crônico → 10-15% dos casos. Gera obstrução e edemas. Epidemiologia • Potencial de eliminação • Focos ativos: Brasil, Guiana, Haiti e Rep Dominicana o Aderiram ao PGEFL: podduem diagnóstico, tratamento e vigilância apidemiológica • A transmissão, no Brasil, está restrita a áreas endêmicas (Recife, Olinda, Jaboatão de Guararapes e Paulista) Diagnóstico • Periodicidade noturna das microfilárias no sg periférico do hospedeiro • Pico de parasitemia → coincide com o horário preferencial de repasto do vetor (23h a 01h) • Durante o dia → essas formas se localizam nos capilares profundos (pulmões) e, durante a noite, aparecem no sg periférico, com maior concentração em torno de 00h, decrescendo novamente até o fim da madrugada. • Biópsia de linfonodo → vermes • Ultrassom → sinal da dança das filárias • PCR → sangue, líquido escrotal e linfonodo • Tratamento: Parasita detectado: tratamento antifilarial específico (detilcarbamazina) ONCOCERCOSE – Onchocerca volvulus • “Cegueira dos rios” • Endêmica em 37 países da África, México, Américas Central/Sul e Iêmen • 15-37 milhões de indivíduos infectados (217.000 indivíduos com cegueira) • Agente: Adultos: vermes habitam nódulos encapsulados → oncocercomas → por 9-14 anos o Machos: 2,3 cm o Fêmeas: 23-70 cm Nódulo: 1-7 vermes geralmente enovelados Vetor: • Simulium sp • Norte do Brasil → S. guianense, S. incrustatum, S. oyapockense e S. roraimense • Põem ovos na beira dos rios, por isso a incidêcia de picadas nessa região Ciclo de Vida • Picada do mosquito (Simulium) → L3 → formam nódulos fibrosos sobre a pele (oncocercoma) → 3 meses 1 ano → formas adultas → produzem milhares de microfilárias por dia → ficam na pele, sangue, urina → picada do mosquito → reinfecção por microfilárias → migram para os músculos torácicos → L1 → L3 → migram para as probóscides → reinício do ciclo o Os nódulos normalmente se encontram perto de articulações e músculos (vermes femininos perto de masculinos) o Nódulos: se formam em torno dos vermes como parte da interação entre o parasita e seu hospedeiro. Lá, são relativamente seguros da resposta imune humana. o Vermes adultos vivem até 15 anos no corpo e as larvas até 2 anos. Patologia: • A maioria dos sintomas é causada pela resposta imune do corpo a larvas mortas/morrendo. • Inflamação na pele → coceira, danos a longo prazo, alterações na cor da pele (pele de leopardo), amolecimento da pele com perda de tecido elástico (papel de cigarro), contribuindo para formar a virilha pendurada. • Inflamação no olho → inicialmente, gera lesões reversíveis na córnea que, sem o tratamento, evoluem para turvação permanente da córnea (cegueira dos rios). o Também há inflamação do nervo óptico, gerando perda da visão periférica e, eventualmente, cegueira. • Epidemiologia: Está em fase de pré-eliminação → não há registros de casos novos no Brasil entre 2000 e 2016. • Diagnóstico: Clínico → nódulos, dermatite, prurido e distúrbios visuais Parasitológico → microfilárias em biópsia de pele Exame oftalmológico Histopatologia de nódulos Ecografia do oncocercoma → diag. diferencial a tumores • Tratamento: • Ivermectina • Evitar exposição prolongada ao inseto vetor, usar roupas que cubra maior parte do corpo, usar repelentes e mosquiteiros. • Manter baixas cargas parasitárias entre humanos de modo a evitar a circulação de insetos infectados. • Área endêmica restrita às terras indígenas Yanomami, no norte do Brasil TRICURÍASE • Agente: Trichuris trichuria • Ciclo de vida:• Quadro clínico: Em geral, somente os indivíduos com os intestinos infestados com centenas de parasitos é que desenvolvem sintomas de tricuríase. Nestes casos, o quadro clínico mais comum é de diarreia crônica, que pode ou não vir acompanhada de muco ou sangue misturado às fezes. Distensão abdominal, enjoos, perda de peso, flatulência e anemia são outros sinais e sintomas possíveis. Um sinal físico comum é o baqueteamento digital, que é um alargamento da ponta dos dedos e da unha. • Epidemiologia: Geohelminto - a infecção ocorre pela ingestão de ovos presente na terra contaminada Estima-se que 600-800 milhões de pessos sejam portadoras. No brasil, a prevalência é estimada entre 18-50%. • Diagnóstico: Exame parasitologico de fezes • Tratamento: Mebendazol ou albendazol com ivermectina Andreza Borges - XXXIII
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