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APG 06: 1. Compreender a epidemiologia, etiologia e o ciclo biológico desses helmintos (taenia saginatum e solium, esquistosoma mansoni, ascaris lumbricoides, e enterobius vermiculares). TAENIA SAGINATA E SOLIUM: EPIDEMIOLOGIA: ● Adultos jovens nas zonas rurais da América Latina, África e Ásia. ● Pratos culturais (ex: kibe cru). ETIOLOGIA: Verme Taenia saginata e solium. CICLO BIOLÓGICO: 1. Ingestão dos ovos ou proglotes pelo hospedeiro intermediário (boi (T saginata) e porco (T solium)). 2. Eclosão do ovo no intestino delgado, pela ação da bile do suco gástrico, liberando o embrião (oncosferas). 3. Penetração das oncosferas na parede intestinal, entrando na corrente sanguínea e se alojando nos músculos cardíaco e esquelético. 4. Neles ocorre a formação de cistos (cisticercos). 5. Humano ingere carne contaminada por cisticercos. 6. Os cistos são quebrados pela ação digestiva, e o escólex (cabeça) desenvagina e fixa-se no intestino delgado. 7. Ocorre a liberação das proglotes (60-70 dias), que são eliminadas nas fezes do humano. TAENIA SOLIUM (CISTICERCOSE): EPIDEMIOLOGIA: ● Países com economia de média e baixa renda. ● Homens de 40-60 anos. ETIOLOGIA: verme Taenia solium. CICLO BIOLÓGICO: 1. A liberação de proglotes nas fezes humanas. 2. Ovos com oncosferas, espalhadas pelo meio. 3. Ingestão dos embriões pelo porco. 4. Ocorre a liberação dos embriões, pela ação do suco gástrico e da bile. 5. Penetração na mucosa intestinal. 6. As oncosferas entram na corrente sanguínea , e seguem para a musculatura esquelética e olhos. 7. Transformação em larva cisticerco. 8. Ocorre a ingestão da carne contaminada pelo humano. 9. Desenvolvimento do escólex e teníase no intestino delgado. 10. Liberação de proglotes, que serão eliminados nas fezes. 11. Auto Infecção, pela ingestão das fezes contaminadas (pela falta de higiene). ESQUISTOSOMA MANSONI: EPIDEMIOLOGIA: ● Nordeste, sudeste e centro-oeste. ● Regiões com falta ou baixa de saneamento básico. ● Realização de tarefas domésticas em contato com água contaminada. ETIOLOGIA: Verme Esquistosoma mansoni. CICLO BIOLÓGICO: 1. Penetração da cercária na pele e na mucosa do humano. 2. Formação do esquistossômulo, e migração para o tecido subcutâneo. 3. Penetração na corrente sanguínea, até o coração e os pulmões. 4. Dos pulmões, os esquistossômulos migram para o fígado, onde eles evoluem para a forma adulta fêmea ou macho (demora 25 dias). 5. Ocorre a migração para os ramos terminais da veia mesentérica inferior, onde ocorre a sobreposição da fêmea no macho. 6. Oviposição na submucosa, e por fatores inflamatórios, mecânicos e enzimáticos, eles chegam na luz intestinal. 7. Liberação dos ovos nas fezes e na urina. 8. No ambiente aquático ocorre a sua eclosão, e a liberação da forma infectante intermediária (miracídio). 9. Ao estarem no meio aquático, os miracídios nadam e penetram nos caramujos. 10. Ocorre a transformação de miracídios e cercárias dentro do caramujo. 11. As cercárias são liberadas, prontas para infectar outro humano. ASCARIS LUMBRICOIDES: EPIDEMIOLOGIA: ● Mais comum na África, Ásia e América Latina. ● Crianças de 2-10 anos. ● Regiões de baixo saneamento básico. ETIOLOGIA: Verme Ascaris lumbricoides. CICLO BIOLÓGICO: 1. Os ovos de ascaris são eliminados nas fezes e depositados no solo. 2. Eles embrionam (rabditóides) e se tornam infectantes (filarióides)(2-4 semanas). 3. Ocorre a ingestão dos ovos embrionados, e ao chegarem no intestino delgado, eles eclodem e liberam larvas. 4. As larvas penetram na parede intestinal, atingindo vênulas ou vasos linfáticos, para o fígado. 5. Do fígado, através das veias hepáticas, elas chegam ao coração, onde são distribuídas aos pulmões (ciclo de Loss). 6. As larvas no pulmão se alojam nos alvéolos, para concluir sua maturação de 10-14 dias. 7. As larvas maduras sobem a traquéia e são deglutidas chegando ao intestino novamente. 8. Elas amadurecem no intestino delgado (jejuno) e se diferenciam em machos e fêmeas. 9. Os ovos são produzidos e são liberados nas fezes. ENTEROBIUS VERMICULARIS: EPIDEMIOLOGIA: ● Locais de clima temperado e frios. ● Locais fechados e confinados. ● Crianças de 5-10 anos. ETIOLOGIA: verme enterobius vermiculares. CICLO BIOLÓGICO: 1. Ovos depositados nas dobras perianais. 2. Ocorre a ingestão dos ovos, podendo ser auto infectante ou através do manuseio de objetos contaminados. 3. Ao chegarem no intestino delgado, eles eclodem e liberam as larvas. 4. Os vermes amadurecem e chegam ao ceco. 5. Durante a noite, as larvas fêmeas se deslocam à região perianal, onde liberam os ovos. 2. Entender a patogenia, manifestações clínicas, transmissão e tratamento das patologias causadas por helmintos citados acima. TAENIA SAGINATA E SOLIUM: PATOGENIA: ● Verme cestódeo. ● Formado de: ○ Escólex (cabeça). ■ T saginata: sem ganchos. ■ T solium: duas coroas de ganchos. ○ Colo (pescoço). ○ Estróbilo (corpo). ■ Contém os proglotes ou anéis, que se dividem em jovens, maduras e grávidas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Pode ser assintomática, porém pode apresentar: ● Alterações no apetite (anorexia ou apetite exagerado), náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, emagrecimento, irritabilidade, fadiga, e hemorragia. TRANSMISSÃO: por meio da ingestão de carne de boi ou de porco crua e de água contaminada pelos cistos ou pelas proglotes grávidas. TRATAMENTO: ● Niclosamida. ● Praziquantel. ● Mebendazol ou albendazol. CISTICERCOSE (T SOLIUM): PATOGENIA: Podem haver dois tipos de cisticercos: ● Cisto simples: vesícula com escólex no interior. ● Cisto racemoso: vesícula sem escólex. No começo não apresenta desenvolvimento de resposta inflamatória, porém ao longo dos anos pode levar a formação de granuloma. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● Muscular: dor, fadiga e câimbras. ○ Após a morte do parasita tem a calcificação do granuloma nos músculos e outros tecidos. ● Cardíaca: palpitações e ruídos anormais associadas a dispneia. ● Ocular: descolamento ou perfuração da retina, e a ativação de reações inflamatórias, que podem levar à catarata com perda parcial ou total da visão. ● Neurocisticercose. ● Convulsiva: convulsões generalizadas ou localizadas. ● Hipertensiva ou pseudotumoral: hipertensão intracraniana com cefaleia intensa e constante, vômitos, e rigidez de nuca. ● Psíquica: perturbações mentais. TRANSMISSÃO: por meio da ingestão de carne de porco crua ou mal cozida, ou por meio da ingestão das fezes contaminadas. TRATAMENTO: ● Praziquantel. ● Anticonvulsivos e corticosteróides (prednisona). ESQUISTOSOMA MANSONI: PATOGENIA: O helminto tem a capacidade de realizar a indução de diversas repostas imunes do hospedeiro, pela mudança de tecidos e órgãos: ● Penetração ativa da pele ou da mucosa pelas cercárias: ativação de resposta Th1, e liberação de TNF, IL-1 e IFN, levando a formação de um infiltrado inflamatório agudo. ○ Sintomas: lesões urticária e prurido. ● Regulação da resposta imune inata ao esquistossômulo na pele: produção no local de entrada do parasita de IL-6, 10 e 12. ● Migração dos ovos para outros tecidos: ocorre uma reação de hipersensibilidade do tipo IV, onde se forma um granuloma esquistossomótico, regulado pela liberação de IL-10. ● Transformação de cercárias e esquistossômulos: ativa uma reação de hipersensibilidade do tipo III. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● Fase aguda: febre, dor de cabeça, calafrios, sudorese, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse, e diarreia. ● Fase crônica: ○ Intestinal: sensação de plenitude gástrica, náuseas, vômitos, pirose, e flatulência. ○ Hepatoesplênica: hipertensão portal, esplenomegalia, icterícia, e edema de MMII. ○ Pulmonar: dispneia aos esforços, tosse seca, e astenia. ○ Pseudoneoplásica: anorexia, dor abdominal intensa e difusa, enterorragia, obstrução intestinal, emagrecimento progressivo, e tumoração palpável. ○ Ectópica: dor na coluna (lombar), fraqueza muscular, perda sensorial, e disfunção da bexiga. TRANSMISSÃO: por meio do contato com águas contaminadas que contém cercárias. TRATAMENTO: ● Praziquantel. ● Oxamniquina.● Glicocorticóides. ASCARIS LUMBRICOIDES: PATOGENIA: A presença do parasita, desencadeia uma reação de hipersensibilidade do tipo I. Durante a passagem do parasita no pulmão, ele causa o desenvolvimento de uma reação imune, onde ocorre a desgranulação celular, levando a uma pneumonia (síndrome de Loeffler). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● Fígado: hepatomegalia, mal-estar, febre, icterícia, hepatite, abscesso hepático, e colangite. ● Pulmão: síndrome de Loeffler (febre, tosse, broncoespasmo, dispneia, sibilos, hemoptise, e edema pulmonar) e pneumonia (mal-estar, tosse produtiva, taquipneia e fadiga). ● Intestino: abdome proeminente, cólica abdominal, náuseas, vômitos fecalóides, diarreia, anorexia, desnutrição, e apendicite aguda. TRANSMISSÃO: ingestão dos ovos do parasita pelas fezes contaminadas. TRATAMENTO: ● Albendazol (impede a divisão celular e inibe a captação de glicose pelo parasita). ● Mebendazol (bloqueia a captação de glicose do parasita). ● Levamisol e Pamoato de pirantel (causa paralisia espática no parasita). ● Ivermectina (provoca paralisia, inibindo as transmissões dos impulsos nervosos). ● Piperazina (paralisia flácida no parasita). ● Nitazoxanida (inibe o metabolismo anaeróbico no parasita). ENTEROBIUS VERMICULARIS: PATOGENIA: Os vermes grudam na parede intestinal, causando pequenas hemorragias, que desencadeiam uma resposta inflamatória mediada por linfócitos Th2, a qual ativa a liberação de IL-4 e 5, e também de IgE, mediados por linfócitos B. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ● Prurido anal intenso, vômitos, dores abdominais, e fezes sanguinolentas. TRANSMISSÃO: ● Heteroinfecção: ovos presentes na poeira ou em alimentos interceptam novos hospedeiros. ● Indireta: ovos presentes em alimentos ou na poeira alcançam o mesmo hospedeiro que os eliminou. ● Auto Infecção: quando o indivíduo contaminado leva os ovos da região perianal à boca. ● Autoinfecção interna: as larvas eclodem ainda no reto e migram para o ceco, e se transformam em adultos. ● Retroinfecção: as larvas eclodem dos ovos na região perianal, entram no ânus, migram pelo intestino grosso até atingir o ceco e transformam-se em vermes adultos. TRATAMENTO: ● Pamoato de pirvínio. ● Pamoato de pirantel. ● Mebendazol. ● Albendazol. REFERÊNCIAS: Pfuetzenreiter, Márcia Regina e Pires, Fernando Dias de ÁvilaEpidemiologia da teníase/cisticercose por Taenia solium e Taenia saginata. Ciência Rural [online]. 2000, v. 30, n. 3 [Acessado 21 Agosto 2022] , pp. 541-548. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-8478200000030003 0>. Epub 04 Dez 2006. ISSN 1678-4596. https://doi.org/10.1590/S0103-84782000000300030. GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2022. E-book. 9788595159297. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/ 9788595159297/. Acesso em: 21 ago. 2022. FILHO, Geraldo B. Bogliolo - Patologia. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2021. E-book. 9788527738378. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/ 9788527738378/. Acesso em: 21 ago. 2022.
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