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Sistema de Segurança Pública no Brasil | 
Introdução 
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DISCIPLINA 
SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA 
NO BRASIL 
 
CONTEÚDO 
Aula 02 
Atribuições dos Órgãos de 
Segurança Pública 
Sistema de Segurança Pública no Brasil | 
Introdução 
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Introdução 
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Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Atribuições dos Órgãos de Segurança Pública ----------------------------------------------------- 4 
2.1 Polícia Federal (Art. 144, § 1º da CF/88) --------------------------------------------------------------------------- 6 
2.2 Polícia Rodoviária Federal (Art. 144, § 2º da CF/88) ----------------------------------------------------------- 8 
2.3 Polícia Ferroviária Federal (Art. 144, § 3º da CF/88) ----------------------------------------------------------- 8 
2.4 Polícia Civil (Art. 144, § 4º da CF/88) ------------------------------------------------------------------------------- 9 
2.5 Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares (Art. 144, § 5º da CF/88) -------------------------------- 9 
2.6 Polícias Penais (Art. 144, § 5º-A da CF/88) ------------------------------------------------------------------------ 9 
2.7 Guardas Municipais (Art. 144, § 8º da CF) ---------------------------------------------------------------------- 10 
3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 13 
 
 
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Introdução 
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1 Introdução 
Na obra intitulada Direitos Humanos versus Segurança Pública (2016), Guilherme Nucci 
introduz o tema da Segurança Pública definindo-a como a “ausência de risco 
correspondente ao interesse da sociedade”, que se reflete no “conjunto de ações 
preventivas e reativas, de natureza pública, em resposta ao fenômeno da 
criminalidade”. Em seu aspecto mais moderno, a segurança pública volta-se à 
promoção e manutenção da ordem pública e tem como fim último “proporcionar aos 
indivíduos, na convivência social, a fruição de relações pautadas no direito básico de 
liberdade, garantidas a segurança jurídica – proteção contra repressão autoritária do 
Estado – e a segurança material – proteção contra agressões de todo tipo”. 
 
Essa definição encontra fundamento na Constituição Federal, art. 144, segundo o qual 
a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, 
através dos órgãos de segurança pública. 
 
Este mesmo artigo estabelece que são responsáveis por manter a chamada ordem 
pública os seguintes órgãos: a) a polícia federal; b) a polícia rodoviária federal; c) a 
polícia ferroviária federal; d) a polícia civil; e) a polícia militar e o corpo de bombeiros 
militares; e f) a polícia penal federal, estadual e distrital. 
 
Nesta aula, falaremos sobre as atribuições próprias de cada um desses órgãos. 
 
2 Atribuições dos Órgãos de Segurança Pública 
Neste capítulo analisaremos as atribuições dos órgãos de segurança pública dispostos 
no rol taxativo do art. 144 da Constituição Federal, acompanhando em literalidade o 
texto legal. Para melhor compreendemos como se organiza a polícia de segurança 
pública, recorremos a Lenza (2021), que explica que “a polícia de segurança pode ser 
dividida em: a) polícia administrativa lato senso; b) polícia de segurança, dividida em 
polícia administrativa (preventiva, que não deve confundir-se com a ideia de poder de 
polícia lato sensu do Estado) e polícia judiciária”. 
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Conforme explica o autor, a polícia administrativa desempenha uma atuação 
preventiva, evitando que o crime aconteça, ao passo que a polícia judiciária atua de 
maneira repressiva, “exercendo atividades de apuração das infrações penais 
cometidas, bem como a indicação de autoria”. 
 
 
Figura 1 - Órgãos de Segurança Pública 
Fonte: LENZA (2021) 
 
Segundo Nathalia Masson, “De acordo com a jurisprudência firmada pelo STF, o rol 
do art. 144 é taxativo e de observância compulsória. Isso significa que é um dispositivo 
dirigido também à organização dos Estados-membros, do que decorre não poderem 
estes, em suas constituições estaduais ou leis, alterar ou acrescer o conteúdo 
substancial do referido artigo da Constituição Federal” (MASSON, 2020). 
 
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2.1 Polícia Federal (Art. 144, § 1º da CF/88) 
A Polícia Federal, instituída por lei como órgão permanente e integrante da estrutura 
básica do Ministério da Justiça, é organizada e mantido pela União e estruturada em 
carreira, destinando-se a: 
 
▪ apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento 
de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e 
empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser 
em lei; 
 
▪ prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros 
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
 
▪ exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
 
▪ exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
 
Em relação às infrações penais contra a ordem política e social, podem ser associados 
os crimes contraa organização do trabalho, a organização dos transportes e todo 
delito que atentar contra o funcionamento de serviços regulado pela União, além das 
infrações ligadas ao sistema de representação, partidos políticos, eleições etc. 
 
Quanto à repressão ao tráfico de entorpecentes, embora seja atribuição da Polícia 
Federal em qualquer extensão, a maioria dos estados têm assinado um termo de 
cooperação com o Ministério da Justiça se encarregando da repreensão do tráfico 
local e, em alguns lugares, até mesmo do tráfico interestadual, permanecendo, 
contudo, o tráfico internacional ou transnacional a encargo da Polícia Federal. Além 
disso, cabe à Polícia Federal prevenir e reprimir o contrabando, que se caracteriza pela 
inserção de produto proibido ou que necessite de autorização especial para ingresso 
no território nacional sem que essa autorização seja concedida, e o descaminho, que 
é o ingresso de mercadorias no território nacional sem recolhimento devido dos 
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impostos. Uma vez que esses crimes versam contra o erário público, a Receita Federal 
tem a atribuição de fazer as medidas fiscais, além de perseguir a cobrança desses 
tributos, mesmo que tenham originado de um crime. 
 
No que tange ao exercício de polícia marítima (através dos núcleos de polícia 
marítima), aeroportuária (através das imigrações e da segurança aeroportuária) e de 
fronteiras (através das delegacias com seus efetivos), trata-se de uma atribuição de 
polícia ostensiva, e não judiciária. Neste sentido, a Polícia Federal pode ser vista como 
uma espécie de “polícia militar” da União em razão de suas atribuições ostensivas, já 
que normalmente essas atribuições são conferidas às Polícias Militares. 
 
Além das atribuições Constitucionais, a Polícia Federal teve a sua atuação alargadas 
pelas Leis n. 10.446/2002 e 13.124/2015, podendo-se dizer que toda infração penal 
que tenha repercussão interestadual, crimes cibernéticos contra direitos humanos ou 
todo e qualquer delito, desde que autorizado ou determinado pelo Ministério da 
Justiça, são de sua atribuição, haja vista a necessidade de uma repressão uniforme 
desses crimes. 
 
Quanto aos crimes normais contra os direitos humanos, apesar de a regra ser que 
sejam apurados pelas polícias estaduais, por determinação do Ministro da Justiça, a 
Polícia Federal poderá tocar a investigação, embora isso normalmente aconteça só em 
casos de crimes de grande repercussão, como ocorreu no recente caso envolvendo o 
assassinato de Marielle Franco. 
 
Por fim, estabelece o art. 2º da Lei n. 9.266/96 que “A Carreira Policial Federal é 
composta por cargos de nível superior, cujo ingresso ocorrerá sempre na terceira 
classe, mediante concurso público, de provas ou de provas e títulos, exigido o curso 
superior completo, em nível de graduação, observados os requisitos fixados na 
legislação pertinente”. Os cargos consistem em: 
▪ Delegado de Polícia Federal; 
▪ Perito Criminal Federal; 
▪ Escrivão de Polícia Federal; 
▪ Papiloscopista Policial Federal; 
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▪ Agente de Polícia Federal. 
 
2.2 Polícia Rodoviária Federal (Art. 144, § 2º da CF/88) 
 A Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das 
rodovias federais (Art. 144, § 2º). Além disso, devem prestar atendimento e socorro “às 
vítimas de acidentes rodoviários e demais atribuições relacionadas com a área 
operacional do Departamento de Polícia Rodoviária Federal” (LENZA, 2021). 
 
Dessa forma, não exerce função de polícia judiciária, que é uma exclusividade 
reservada à polícia federal. Suas atribuições, portanto, são voltadas exclusivamente 
para as rodovias federais, com atuação de fiscalização de trânsito e repressão e delitos 
nelas praticados. Em especial na região de fronteira, a Polícia Rodoviária Federal é 
extremamente atuante, realizando diversas apreensões e flagrantes para os mais 
variados delitos que se possa imaginar, desde contrabando de camarão até roubo, 
sequestro, tráfico de drogas e outros. 
 
Por fim, são competências da Polícia Rodoviária Federal as descritas no art. 20 da Lei 
n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro); no Regimento Interno, aprovado pela 
Portaria Ministerial n. 3.741/2004; e no Decreto n. 1.655/95. 
 
2.3 Polícia Ferroviária Federal (Art. 144, § 3º da CF/88) 
A Polícia Ferroviária Federal também é órgão permanente, organizado e mantido pela 
União e estruturado em carreiras, e destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento 
ostensivo das ferrovias federais. 
 
Atualmente, praticamente não existem mais policiais ferroviários federal, pois grande 
parte das ferrovias foram concedidas ou celebraram contrato público-privado. 
 
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2.4 Polícia Civil (Art. 144, § 4º da CF/88) 
As polícias civis são dirigidas por delegados de polícia de carreira. A elas incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. Os policiais civis são reconhecidos como 
servidores estaduais civis, ficando estes subordinados aos Governadores do Estado. 
 
É importante observar que a competência da Polícia Civil é residual, o que significa 
dizer que o que não for atribuição constitucional da Polícia Federal, como polícia 
judiciária, será da Polícia Civil, sendo-lhe atribuído cerca de 95% das funções da polícia 
judiciária no país, uma vez que ficam encarregadas da apuração, realização do 
inquérito e investigação da maioria dos crimes praticados em geral. 
 
2.5 Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares (Art. 144, § 5º da CF/88) 
À polícia militar cabe o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, e 
ao corpo de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a 
execução de atividades de defesa civil. Assim, a polícia ostensiva é aquela que tem 
maior contato com o cidadão, estando presente em todos os momentos e sendo a 
primeira a alcançar os indivíduos em apuro. Além disso, estão voltadas não só para a 
repressão como para atividades de prevenção (diferentemente das polícias judiciárias 
que normalmente atuam após a execução do crime). 
 
Aos corpos de bombeiros militares, também considerados forças auxiliares e reserva 
do Exército, “além das atribuições definidas em lei (por exemplo, prevenção e extinção 
de incêndios, proteção, busca e salvamento de vidas humanas, prestação de socorro 
em casos de afogamento, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofe 
e calamidades públicas etc.), incumbe a execução de atividades de defesa civil” 
(LENZA, 2021). 
 
2.6 Polícias Penais (Art. 144, § 5º-A da CF/88) 
A Emenda Constitucional nº 104 de 2019 inseriu ao texto constitucional o inciso IV do 
art. 144, que cria a polícia penal, “órgão de segurança pública, existente na esfera 
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federal, estadual e distrital, responsável pela segurança dos estabelecimentos penais” 
(MASSON, 2020). 
 
 
 
Conforme explica Pedro Lenza (2021), a alteração constitucional visa “fortalecer a 
carreira dos agentes penitenciários, a segunda profissão mais perigosa do mundo, 
conforme consta na justificação da PEC 16/2016-SF”, e que lidam diariamente com um 
elevadíssimo número de pessoas privadas de liberdade. 
 
Além disso, como consequência da transformação dos agentes penitenciários em 
polícias penais, garante-se que “policiais militares e civis e demais órgãos de 
segurança pública” não sejam“desviados de suas funções essenciais para fazer a 
segurança dos estabelecimentos penais, bem como as atividades de guarda e escolta 
de presos”. 
 
2.7 Guardas Municipais (Art. 144, § 8º da CF) 
O parágrafo § 8º do art. 144 da Constituição Federal estabelece que os “Municípios 
poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e 
instalações, conforme dispuser a lei”. 
 
Com base nele, entendemos que, constitucionalmente, a guarda municipal se destina 
a proteger bens e serviços de instalação no município, não sendo assim caracterizada 
como uma polícia (atuando mais como uma empresa de segurança privada da 
prefeitura do que um órgão de polícia). Contudo, fica evidente que a questão da 
segurança pública ainda é um grande problema, por isso há um projeto que pretende 
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alterar esse entendimento quanto à guarda municipal e transformá-la em polícia 
municipal, já que acaba exercendo um trabalho bastante parecido. 
 
A seguir, consta um excerto para reflexão, extraído do Curso de Direito Constitucional 
Esquematizado de Pedro Lenza (2021), em que se aborda a questão. 
 
Como bem anotou José Afonso da Silva, “os constituintes recusaram várias 
propostas no sentido de instituir alguma forma de polícia municipal. Com isso, os 
Municípios não ficaram com qualquer responsabilidade específica pela segurança 
pública. Ficaram com a responsabilidade por ela na medida em que, sendo 
entidades estatais, não podem eximir-se de ajudar os Estados no cumprimento 
dessa função. Contudo, não se lhes autorizou a instituição de órgão policial de 
segurança, e menos ainda de polícia judiciária. A Constituição apenas lhes 
reconheceu a faculdade de constituir Guardas Municipais destinadas à proteção de 
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Aí, certamente, está uma 
área que é de segurança pública: assegurar a incolumidade do patrimônio 
municipal, que envolve bens de uso comum do povo, bens de uso especial e bens 
patrimoniais, mas não é de polícia ostensiva, que é função da Polícia Militar. Por 
certo que não lhe cabe qualquer atividade de polícia judiciária e de apuração de 
infrações penais, que a Constituição atribui com exclusividade à Polícia Civil (art. 144, 
§ 4.º), sem possibilidade de delegação às Guardas Municipais”. 
 
Em nosso entender, a lei indicada no art. 144, § 8.º, deve ser entendida como lei 
federal a estabelecer as diretrizes, as disposições e normas gerais. Isso porque, a 
instituição, em si, das Guardas Municipais dar-se-á por lei específica de cada 
Município, conforme, inclusive, deixa claro o art. 6.º do Estatuto da Guarda 
Municipal. 
 
Em relação às competências (geral e específicas) previstas no art. 5.º do estatuto, a 
sua interpretação deverá sempre levar em conta os parâmetros constitucionais de 
proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Por isso, parece ter razão o 
parecer da PGR que sustenta a inconstitucionalidade dos incisos VI, XIII e XVII do 
art. 5.º da Lei n. 13.022/2014 (atribuem às guardas municipais, em caráter primário, 
exercício de competências municipais de trânsito; atendimento de ocorrências 
emergenciais ou de pronto atendimento; auxílio na segurança de grandes eventos 
e proteção de autoridades e dignitários). 
 
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Conclusão 
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Em relação às competências de trânsito, admitíamos apenas aquelas que pudessem 
ter alguma relação com a proteção de bens, serviços e instalações. 
 
O STF, contudo, por 6 x 5, entendeu que poder de polícia não se confunde com 
segurança pública, e, assim, o seu exercício (poder de polícia, deixe-se claro) “não é 
prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com 
exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública”. 
 
“A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente 
previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder 
de polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não 
policiais.” 
 
Dessa forma, na medida em que a Constituição “não impede que a guarda municipal 
exerça funções adicionais à de proteção dos bens, serviços e instalações do 
Município”, a Corte firmou a seguinte tese: “é constitucional a atribuição às guardas 
municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de 
sanções administrativas legalmente previstas” (RE 658.570, Rel. orig. Min. Marco 
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, j. 06.08.2015, DJe de 30.09.2015). 
 
Do ponto de vista prático, então, as guardas municipais poderão, em razão da 
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor 
multas (LENZA, 2021). 
 
3 Conclusão 
Nesta aula falamos sobre os órgãos de segurança pública, conforme elencados no art. 
144 da Constituição Federal, e suas atribuições. Vimos que a Polícia Rodoviária Federal, 
a Polícia Ferroviária Federal, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros militar 
desempenham papel de polícia preventiva ou ostensiva, e que a Polícia Civil 
desempenha função polícia judiciária, ao passo que a Polícia Federal desempenha 
ambas as funções. Além disso, buscamos compreender a alteração trazida pela 
Emenda Constitucional nº 104 de 2019, que transformou os agentes penitenciários 
em policiais penais, e o motivo pelo qual se justifica a Guarda Municipal não ser 
chamada de polícia, mas apenas órgão de segurança pública. 
 
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Referências Bibliográficas 
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4 Referências Bibliográficas 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. -25. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. -8. ed. Salvador: JusPODIVM, 
2020. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Direitos Humanos versus Segurança Pública. Rio de 
Janeiro: Forense, 2016. 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas 
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	Sumário
	1 Introdução
	2 Atribuições dos Órgãos de Segurança Pública
	2.1 Polícia Federal (Art. 144, § 1º da CF/88)
	2.2 Polícia Rodoviária Federal (Art. 144, § 2º da CF/88)
	2.3 Polícia Ferroviária Federal (Art. 144, § 3º da CF/88)
	2.4 Polícia Civil (Art. 144, § 4º da CF/88)
	2.5 Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares (Art. 144, § 5º da CF/88)
	2.6 Polícias Penais (Art. 144, § 5º-A da CF/88)
	2.7 Guardas Municipais (Art. 144, § 8º da CF)
	3 Conclusão
	4 Referências Bibliográficas

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