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COMPONENTES DA PRÓTESE FIXA As PPR são compostas por diversos elementos, que possuem características e funções diferentes, e ao atuarem em conjunto, criarão as condições necessárias para que a prótese se comporte biomecanicamente de maneira adequada. Os componentes são: ● Apoios; ● Grampos (de retenção e oposição); ● Conector maior; ● Conectores menores; ● Selas; ● Retentores indiretos; ● Dentes artificiais. APOIOS: elementos rígidos da estrutura metálica responsáveis pelo suporte (prevenindo o movimento da prótese em direção oclusocervical) e pela transmissão e direcionamento da forma mastigatória aos dentes pilares e consequentemente ao periodonto de sustentação. ● Funções: o Manter a relação oclusal com os dentes antagonistas; o Restaurar o plano oclusal; o Impedir a extrusão dos dentes onde estão posicionados; o Impedir que a prótese comprima e lesione os tecidos moles, pelo seu movimento cervical; o Manter a relação oclusal com os dentes antagonistas; o Manter os grampos em sua posição adequada, em relação às áreas retentivas; o Podem atuar como retentores indiretos. ● Qual a diferença entre os apoios e o nicho? o Apoio é um elemento mecânico da prótese; o Nicho, ou também chamado de descanso, é a superfície especialmente preparada no dente pilar para receber os apoios de forma adequada e permitir que os mesmos realizem adequadamente suas funções. ▪ IMPORTANTE: para ter efetividade, os apoios devem ser confeccionados com as características específicas, de acordo com a localização dos nichos. ● O que causa a ausência de nichos? o Dentes anteriores: transmissão das forças em uma região de plano inclinado (face L/P) 🡪 surgimento de forças laterais 🡪 mobilidade do dente pilar. o Dentes posteriores: presença de contatos prematuros e possíveis interferências na oclusão do paciente. ● Classificação dos APOIOS: o Localização: ▪ Oclusais: localizam-se na superfície oclusal dos dentes posteriores (pré-molares e molares), cristas marginais ou em espaço interdental; ● Forma: por oclusal – triângulo (base na crista marginal e vértice arredondado voltado para o centro do dente; por proximal – arredondado, sem ângulos vivos. O ângulo formado entre o apoio e o conector menor deve ser de 90° ou menos, para permitir a axialização das forças. ● Dimensões: por oclusal – área de 1/3 a ½ de distância mesiodistal dos dentes, e cerca de metade da largura vestibulolingual de uma cúspide à outra. Dentes multirradiculares – os apoios devem se estender até cobrir a área correspondente a uma das raízes. Dentes unirradiculares – até ½ da distância mesiodistal. Profundidade – aproximadamente 1,5mm. ▪ Incisais: por muito tempo foram os eleitos para dentes anteriores, porém, são poucos utilizados atualmente; ● São posicionados nos ângulos proximais dos dentes anteriores, onde os nichos são preparados por desgaste; ● Desvantagens: o Prejuízo estético; o Maior potencial de causarem forças laterias. ▪ Cíngulo: são os apoios de eleição para os dentes anteriores; ● Vantagens em relação aos apoios incisais: o Estão mais próximos do centro de rotação do dente (diminui o braço de alavanca sobre o dente pilar – diminui o potencial de causar forças laterais); o Não causam prejuízos estéticos. ● Risco: causar contatos prematuros e interferência na oclusão. o Superfície de colocação: ▪ Esmalte do dente; ▪ Amálgama; ▪ Resina composta; ▪ Prótese fixa. o Em caso de prótese DENTOSSUPORTADA (espaços edêntulos intercalados): ▪ Apoios: devem se localizar na superfície dentária adjacente ao espaço protético. ● Exemplo: segundo molar mesializado inclinado para o espaço protético: o Outro apoio pode ser posicionado também por distal, permitindo que o grampo de retenção possa ter o comprimento ideal para ser flexível e se alojar na área retentiva. o Pode também optar por manter apenas o apoio adjacente à área edêntula, porém torna-lo longo, envolvendo no mínimo metade da dimensão mesiodistal da superfície oclusal. o Em caso de prótese DENTOMUCOSSUPORTADA (extremidade livre), a transmissão dos esforços será feita tanto para o dente pilar como para o rebordo residual. ▪ Devido às diferenças de resiliência entre o ligamento periodontal e a mucosa alveolar, os apoios localizados nos dentes adjacentes ao espaço edêntulo irão se tornar o fulcro de um movimento de rotação, que pode promover o movimento da prótese em direção ao rebordo ou em direção oposta ao rebordo. ▪ Posição do apoio: ● Região distal do dente pilar adjacente à extremidade livre 🡪 força nos dentes artificiais e sela 🡪 aproximação do rebordo 🡪 grampo de retenção (localizado mesial, ao fulcro) 🡪 desloca-se em sentido contrário 🡪 aproxima- se do equador protético (zona de maior diâmetro do dente) 🡪 prejudicial aos tecidos de suporte. ● Apoio oclusal na mesial do dente pilar (alavanca de segundo gênero): força que aproxima a base da PPR (potência) do rebordo 🡪 o grampo de retenção (resistência) se desloca no mesmo sentido – direção contrário ao equador protético 🡪 torna-se passivo. GRAMPOS (retentores diretos extracoronários): abraçam o dente pilar, dando retenção e estabilidade quando forças tendem a deslocar a prótese do seu assentamento final. ● Elementos constituintes: o Braço de retenção ou retentivo (grampo de retenção): responsável pela retenção direta; o Braço de oposição ou recíproco (grampo de oposição): responsável pela reciprocidade ou estabilidade; o Apoio oclusal, incisal ou de cíngulo: responsável pelo suporte; o Corpo do grampo: elemento de união dos três componentes anteriores. ● Grampos de Retenção: únicos componentes flexíveis das PPRs; o Conferem retenção à PPR, impedindo o deslocamento gengivo-oclusal da prótese, quando forças que tendem a desloca-la atuam. o Por serem flexíveis, possuem a capacidade de ultrapassar o equador dos dentes (maior contorno da coroa dos dentes), em direção cervical, e a seguir recuperar suas dimensões. ▪ Capacidade de resistir às deformações. o Flexibilidade de um grampo depende de: ▪ Espessura do grampo: inversamente proporcional. Para serem flexíveis, os grampos de retenção apresentam um afilamento constante desde sua origem até se alojarem na área retentiva; ▪ Comprimento do grampo: diretamente proporcional; ▪ Secção transversal do grampo: os grampos obtidos por enceramento e fundição, que são os mais comumente confeccionados para PPR, apresentam secção transversal semicurcular, sendo menos flexível do que aqueles que possuem secção transversal circular; ▪ Tipo de liga utilizada: Co-Cr – alto módulo de elasticidade (rigidez), dessa forma, pode ser fundido em pequenas espessuras sem ter o comprometimento da rigidez. ● Tipos de Grampos de Retenção: o Quanto à morfologia: ▪ Circunferenciais (convergência oclusal): originam-se do apoio oclusal, e se deslocam em sentido cervical para atingir a área retentiva. ● Apenas seu terço cervical encontra-se em área retentiva; ● Ação retentiva é inferior à dos grampos à barra; ● Indicação: dentes pilares posteriores, em espaços protéticos intercalados (espaços protéticos dentossuportados). ▪ À barra (Grampos de Roach): origina-se na conexão maior ou barra e atinge a área retentiva na superfície dental, formando um ângulo maior com a mesma, pelo terço cervical, quando comparados com os grampos circunferenciais, o que propicia maior retenção; ● Indicações; o Dentes pilares anteriores e posteriores adjacentes a espaços protéticos de extremidade livre (próteses dentomucossuportadas); o Pilares adjacentes a espaços protéticos amplos dentossuportados; o Estético (pacientes que não apresentam sorriso alto; ● Área de acesso: sentido cérvico-oclusal (envolve menor cobertura da superfície coronária;o Grampo circunferencial simples: ▪ Desenho mais simples de grampo circunferencial; ▪ Origina-se em um apoio oclusal (adjacente ao espaço protético) e cruza a superfície axial (normalmente a vestibular) até atingir a área retentiva entre os terços médio e cervical dessa superfície; ▪ Indicação: dentes posteriores adjacentes a espaços intercalados (próteses dentossuportadas); áreas de modificação de arcos Classes II (não nos dentes adjacentes à extremidades livres); III de Kennedy. o Grampo circunferencial em forquilha ou de Gillet: ▪ Variação do grampo circunferencial simples; ▪ Indicação: área retentiva está próxima ao espaço edêntulo; ▪ Origina-se em um apoio oclusal (adjacente ao espaço protético) e descreve uma curva de 180° e volta no sentido do espaço protético até atingir a área retentiva entre os terços médio e cervical dessa superfície na região adjacente ao espaço protético. o Grampo circunferencial gêmeo ou geminado ▪ Formado pela união de dois grampos circunferências simples, através do seu apoio, que se localiza na região interdental de dois dentes posteriores; ▪ Utilizados como grampos de retenção indireta em molares e pré-molares de Classe II (longe da extremidade livre), III e IV de Kennedy. o Grampo à Barra em T (“T de Roach): ▪ Indicação: Dentes pilares anteriores e posteriores vizinhos a espaços protéticos de extremidade livre (por causa da sua grande capacidade retentiva); ▪ Ponto negativo: pouco estético, em pacientes que apresentam sorriso alto. o Grampo MDL, modificado ou Y modificado: ▪ Indicação: Dentes pilares anteriores abrangendo as superfícies mesial, distal e lingual (M.D.L.); ▪ Podem ser usados como grampos de retenção e oposição simultaneamente em dentes anteriores adjacentes a um espaço protético intercalado. ▪ Vantagem: estética melhorada; ▪ Menor capacidade retentiva, por isso, seu uso está limitado aos dentes anteriores adjacentes a espaços dentossuportados. o Grampos de Oposição: ▪ Características: rígidos, largos oclusogengivalmente; ▪ Função: neutralizar as forças exercidas pelos grampos de retenção, estabilizando o dente pilar contra forças laterais; ▪ Para serem efetivos e desempenhar as suas funções, deve respeitar a reciprocidade (forças iguais, em sentido contrários, se anulam) ; ● Reciprocidade horizontal (oclusal): para anular as forças, devem circundar mais da metade da circunferência dentária (180°); o Caso isso não seja cumprido, ocorrerá em forças laterais, podendo resultar em alteração da posição dentária. ● Reciprocidade vertical (proximal): durante toda a ação do grampo de retenção deve haver contato do grampo de oposição com a superfície oposta; o Em algumas situações é difícil conseguir a reciprocidade vertical, por exemplo: ▪ A presença da expulsividade ou retenção na área de atuação do grampo de oposição, podem fazer com que o mesmo não entre em contato com a superfície dentária durante a sua inserção. Com isso, poderia empurrar o dente ao invés de se deformar para se assentar na área retentiva. ▪ Tipos de grampos de oposição: ● Grampos circunferenciais: usado em dentes posteriores; apresentam uniformidade do diâmetro em toda sua extensão, para garantir a rigidez; ● Grampos MDL: indicados para dentes anteriores; o Apresentam 2 configurações: ▪ Dentes isolados (apoio de cíngulo), localizado no centro da face lingual ou palatina, de onde se origina dois braços que vão até as faces proximais, terminando em duas placas proximais, que se alojam nos planos-guia presentes; ▪ Dentes contíguos ou adjacentes às extremidades livres ele parte do apoio localizado na região mesiolingual, contornando as superfícies linguais e se alojando na distal, em área não retentiva. ▪ Indicação: em dentes anteriores, quando grampos de retenção à barra, como os grampos T de Roach, estiverem sendo usados como grampos de retenção. CONECTOR MAIOR: conectar direta ou indiretamente todos os componentes das PPRs, ligando os componentes que se localizam de um lado da arcada aos do outro lado. ● Características principais: devem ser rígidos; uma boa relação com os tecidos moles; compatibilidade biológica; não devem traumatizar ou comprimir tecidos moles que não suportam a aplicação de forças; ● Em caso de falhas: o Traumatismo aos dentes pilares; o Traumatismo ao seu suporte periodontal; o Injúrias aos tecidos de suporte. ● Conectores Maiores Maxilares: o Por causa da faixa de gengiva ao redor dos dentes pilares, deve existir 6mm de distância entre a margem gengival e os conectores maiores; o Deve evitar o contato com tórus palatino; o Tipos: ▪ Barra palatina anteroposterior ou dupla: ● É o mais indicado; ● Composto por: uma barra anterior, duas fitas laterais e uma barra posterior (em meia-cana) – promove rigidez, que une as duas fitas laterais; ● Localização: 5 a 6mm da margem gengival; largura de 6mm; ● Contraindicação: tórus palatino inoperável, e de grande extensão, que atinge a linha de divisão palato duro/palato mole; ● Classes II, III e IV: barras anteriores e posteriores devem cruzar a linha mediana em 90° e ter como limite posterior a região do último apoio oclusal; ● Classe I e II: localizar-se 1 a 2mm aquém do limite palato duro/mole. ▪ Barra em “U”: ● Formado por: barra anterior e duas fitas laterias; ● Devem se distanciar de 5 a 6mm da margem gengival dos dentes maxilares; ● Indicação: espaços intercalados anteriores (Classe IV) e posteriores pequenos (Classe III); o Paciente com tórus palatino inoperável e de grande extensão, que atinge a linha de divisão palato duro/mole. ▪ Barra palatina única: ● Conector pouco rígido, tem formato de fita em toda sua extensão; ● Indicação: Classe III de Kennedy, com espaços protéticos intercalados dentossuportados de pequena extensão. ▪ Recobrimento total de palato ou placa palatina: ● Promove o máximo de suporte e rigidez, pelo recobrimento tecidual da maior área possível do palato; ● Promove melhor transmissão de esforços em casos que apresentam poucos dentes remanescentes ou em distribuição desfavorável ou ainda com sequela periodontal; ● Cobertura pode ser feita por metal ou ser metaloplástica (possibilidade de reembasamento). ● Conectores Maiores Mandibulares: o Deve existir 4mm de distância entre a margem gengival e os conectores maiores; o Tipos: ▪ Barra lingual: forma de meia-pêra, com maior volume na região inferior; ● Conector de escolha – aplicação universal: indicado para todas as Classes de Kennedy, desde que haja espaço para a sua aplicação; ● Espaço entre a margem gengival e o assoalho bucal 🡪 no mínimo 8mm, e idealmente, de pelo menos 10mm; o Como faz a medição? solicitar que o paciente eleve suavemente a língua para, então, realizar a medição entre a margem gengival e o assoalho bucal com uma sonda milimetrada periodontal nas áreas correspondentes aos dentes pilares da prótese. ▪ Placa lingual: forma de meia-pêra alongada, com maior volume na região inferior; ● Localização: apenas sobre os dentes, apoiando-se na região dos cíngulos, sem se contactar com os tecidos moles; ● Indicação: todas as Classes de Kennedy; presença de tórus; inserção alta de freio lingual; dentes com comprometimento periodontal e prognóstico duvidoso; o Maior indicação: quando não há espaço suficiente para que uma barra lingual seja utilizada. CONECTORES MENORES: unir o conector maior aos demais componentes da PPR; ● Funções: o Transmitir as forças mastigatórias geradas nos dentes artificiais da prótese aos dentes pilares, devido à sua união com os apoios; o Atuam como plano-guia, quando localizados adjacentes ao espaço protético, guiando assim a inserção e remoção da prótese. ● Característicasadequadas: o Rigidez; o Unem-se aos apoios e ao conector maior em ângulo reto, e devem ser aliviados da margem gengival para não causarem danos ao periodonto; o Podem estar distantes ou próximos ao espaço protético; o Forma achatada e larga quando posicionados em superfície proximal adjacente à extremidade livre de um dente posterior; o Placa proximal funciona como placa estabilizadora para evitar a distalização do pilar em virtude da alavanca presente em próteses dentomucossuportado. SELAS: o componente que preenche o espaço protético, reconstruindo, funcional e esteticamente, os tecidos ósseos e mucosos alterados pelo edentulismo. ● Função: varia de acordo com o tipo de prótese; o Dentossuportados: ▪ Mastigatória; ▪ Retém os dentes artificiais; ▪ Transmite as forças mastigatórias aos dentes pilares e demais componentes da prótese; ▪ Estética; ▪ Preenchimento. o Dentomucossuportadas: ▪ Transmitir esforços para os dentes pilares e ao rebordo residual (adaptação perfeita entre a sela e o rebordo) ● Material de confecção: o Metálicas: indicada quando o espaço interoclusal é pequeno, em casos dentossuportados, e onde a reabsorção do osso alveolar for discreta; o Metaloplásticas: mais confeccionadas, onde a resina acrílicas fixa- se à estrutura metálica pela grade metálica, e somente a resina entra em contato com os tecidos. ▪ Permite reembasamento; ▪ Grande possibilidade estética (permite caracterização); ▪ Baixo custo. RETENTOR INDITETO: limitar a possibilidade de ocorrer o movimento de aproximação e afastamento do rebordo. ❖ Linha de fulcro: linha ao redor da qual a prótese tende a girar, em um movimento de aproximação ou afastamento do rebordo. o Aproximação ao rebordo: durante a mastigação, é limitado principalmente pela adaptação da sela ao rebordo, proporcionada por uma moldagem funcional bem feita; o Afastamento do rebordo: causado pela ação da língua ou alimentos pegajosos, há a necessidade de limitar a possibilidade deste movimento ocorrer. ● Funções: o Estabilizar a PPR, reduzindo os movimentos que ocorrem em torno da linha de fulcro; ● Posicionamento: o Pré-molares, pois a superfície oclusal apresenta-se perpendicular ao longo eixo do dente, proporcionando menos possibilidade de incidência de forças laterais; o Caninos, por terem cíngulos maiores, é preferível do que os incisivos; DENTES ARTIFICIAIS: componentes da PPR responsáveis por restabelecer a função mastigatória, a estética e a fonética que foram prejudicadas com a ausência de dentes naturais. DESENHO DA ESTRUTURA METÁLICA: ● Sequência de desenho da estrutura metálica da PPR: o Classificação da arcada parcialmente edêntula; o Desenho dos apoios oclusais; o Desenho dos grampos de retenção; o Desenho dos grampos de oposição; o Desenho do conector maior; o Desenho das selas; o Desenho dos conectores menores; o Desenho dos retentores indiretos.