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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Curso de Administração Pública Disciplina: Filosofia e ética Nome: Polo: Paracambi Matrícula: Questões da atividade à distância Comparando as éticas platônica e aristotélica, percebem-se diferenças quanto à noção de virtude, ao modo como ela é adquirida, bem como à noção de felicidade e o caminho para alcançá-la em ambos os filósofos. Diferencie nos dois filósofos os seguintes conceitos: 1. Virtude e o modo de adquiri-la. Em sua concepção, Platão alega que toda virtude é compreendida como conhecimento. Aquele que a detém possui o belo e o bem. O indivíduo deveria realizar a busca pela virtude por toda a vida. No convívio diário com outras pessoas, em sua obra A República, ele ressalta que algumas virtudes são fundamentais para o bem viver, já que, na cidade, grande parcela da população age de forma egoísta, preocupada com os próprios interesses, deixando de observar o bem comum. Nesse sentido é imperioso que, por meio da virtude, o cidadão se esforce e se empenhe para estabelecer um convívio social mais sadio. Ele apresentou quatro principais tipos de virtudes que foram fundamentadas na alma. São elas: Sabedoria, a primeira virtude, considerada a capacidade de tomar decisões sensatas pelo uso da razão, bem como em realizar julgamentos por meio do conhecimento pessoal ou da experiência. A segunda virtude é a coragem, que reflete a habilidade de enfrentar o medo e a incerteza de um desafio sem covardia, possuindo maior relação com o comportamento do soldado no meio militar. A terceira virtude era a temperança, que envolvia a capacidade de estabelecer o autocontrole de suas próprias emoções e desejos, priorizando a sobriedade e a moderação. A quarta virtude era a justiça, que apresentava a qualidade de ser justa e razoável nas decisões, além de servir como um elo entre as outras três virtudes. Platão afirmava que a sociedade deveria ser ordenada de acordo com a justiça, mas que isso só ocorreria quando a alma também estivesse em ordem. Apenas pessoas justas poderiam constituir uma sociedade justa. Por outro lado, na visão de Aristóteles, as virtudes éticas estão relacionadas ao hábito. Por meio do exercício prático, é possível o indivíduo transformar a potencialidade da virtude em ato. Apenas agindo, práticas justas tornam-se indivíduos justos. E desse modo, pelo costume reiterado, é possível se chegar ao meio termo, à justa proporção, o intermédio entre extremos da ação humana. Para 1 ele, a virtude era obtida pelo indivíduo quando este seguisse pelo caminho do meio, de forma equilibrada e prudente, de modo que houvesse ponderação entre o excesso e a ausência de atitudes associadas a ações humanas, sentimentos e paixões. Dessa forma, a virtude ética é compreendida como a mediania entre dois pontos extremos considerados vícios atinentes ao modo de agir. Assim, consoante ao seu ponto de vista, ele ilustra, como exemplo, que a virtude da coragem é vista como o caminho do meio entre a temeridade (excesso) e a covardia (ausência), que a virtude da temperança é o meio termo entre a intemperança (excesso) e a insensibilidade (ausência), que a virtude da justiça é o justo meio entre o ganho (excesso) e a perda (ausência). 2. Felicidade e como alcançá-la. Segundo Platão, a felicidade é considerada a busca essencial de todo ser humano. Ele afirma que a felicidade ocorre com a prática do bem ético, em que as ações humanas são capazes de produzir efeitos que acarretem o bem. Vale destacar que, para ele, o “Bem” era observado como o objetivo primordial das ações humanas, uma vez que era tido como o princípio da justiça e da verdade. Platão acredita que o indivíduo está envolvido em uma dualidade existencial, na qual detém o corpo, indicado pelos prazeres do plano físico, e a alma, considerada imortal e relacionada com o mundo das ideias. Dessa forma, ao aplicar as virtudes da alma é possível chegar próximo da felicidade humana, pois se atrai ao considerado bem eterno. Ao realizar as virtudes da alma, ele aponta que existe um pensamento de recompensa ao efetuar a prática do bem. Para Aristóteles, a felicidade está ligada à escolha adotada pelo indivíduo que deve seguir pelo caminho do meio, sendo necessário tomar decisões éticas em todas as suas atitudes, agindo em justa medida entre extremos, de forma razoável e equilibrada. Para ele, é importante respeitar a mediania nas decisões, principalmente em assuntos da vida cotidiana, de modo a evitar atitudes eivadas de vícios, sendo polarizadas pela falta ou excesso da escolha. Ele cita, por exemplo, que o atributo da coragem relaciona-se com a ação mediana, entre agir de modo temeroso (excesso da ação) e agir de forma covarde (ausência da ação). Ambos os polos podem trazer consequências danosas para vida da pessoa. Vale mencionar que, para ele, a felicidade é considerada uma atividade da alma conforme a virtude, ou seja, é o fim último da ação humana (télos). 2 3. Noção de erro moral e sua razão de ser em ambos, usando os conceitos de páthos e akrasía Inicialmente, pode-se mencionar que, segundo Aristóteles, o conceito de moral pode ser observado como uma aquisição humana possível pela convivência e pelo exercício prático. Em seu entendimento, a educação é considerada a única opção viável, e possível, de fomentar a moralidade no indivíduo, por meio do exercício da transmissão, ocorrendo através da colaboração de instituições como o ensino escolar e familiar. Nesse cenário, o indivíduo é visto como um ser propenso a cometer erros e desvios ao longo da jornada da vida, e uma das soluções para evitar isso, seria a constante busca pelo conhecimento verdadeiro, capaz de promover o progresso na construção de um ser humano melhor. No diálogo Protágoras, escrito por Platão, Sócrates debate com o sofista Protágoras sobre a opinião popular a qual relatava que uma pessoa era capaz de executar uma tarefa mesmo sabendo que ela iria de encontro com o que fosse o certo. Dessa forma, Sócrates, em busca de compreender o assunto atuando com seu procedimento padrão de questionamentos, estabelece o conceito de akrasia. Esse termo seria um resumo sobre conceitos opostos de maneira simplificada, como a relação de prazer e dor ou mal e bem. Desse modo, ele conclui que, se alguém sabe o que é melhor ou bom, é impossível que ela faça o que é pior ou mau. Assim, Sócrates nega que a akrasia possa existir. Por outro lado, na obra A República, Platão, posteriormente, com mais experiência, fornece a Sócrates uma nova concepção de akrasia. Pode-se observar que ocorre o oposto daquilo que foi relatado no diálogo anterior. Platão constitui a akrasia por meio de duas situações. Em um primeiro momento, reflete a hipótese de uma pessoa com sede. A realização do desejo de uma pessoa com sede é ingerir água e, assim, ela conclui que o melhor a se fazer é bebê-la para saciar sua sede. Entretanto, observam-se casos em que pessoas que estão com sede se recusam a beber água, mesmo estando próximo da água, quando, por exemplo, a água está contaminada e imprópria para consumo. A outra situação ocorre com a história de Leôncio, filho de Agláion, em que ao saber que haviam cadáveres perto de um carrasco, Leôncio desejou vê-los, mesmo lhe sendo insuportável tal visão. Por fim, após passar algum tempo lutando consigo mesmo quanto a esse desejo, Leôncio foi olhar os cadáveres. Observa-se que, nesse momento, Platão discorda de seu mestre, Sócrates, e afirma a existência da akrasia. Por fim, Aristóteles, discípulo de Platão, na obra Ética a Nicômaco, alega a existência da akrasia fornecendo reflexões complexas sobre a temática, além de relatar uma crítica ao entendimento socrático. Aristóteles considera a possibilidade de um indivíduo agir com akrasia, e não pensar que devesse agir assim até o momento da ação. Considera que essa pessoa, influenciada por prazeres,não aja 3 de acordo com conhecimento, mas por opinião, e que tenha uma convicção fraca, não conseguindo resistir a desejos. De todo modo, ele afirma que a akrasia pode ser observada no comportamento humano. Nesse contexto, é possível compreender a visão de Aristóteles e de Platão quanto à existência da akrasia, uma vez que ela é comum nos dias atuais. Pode-se mencionar como exemplo o desejo de uma pessoa em consumir um pote de sorvete quando está comprometida com uma dieta. Ainda que saiba dos efeitos nocivos à sua saúde, bem como de eventuais prejuízos no seu processo de emagrecimento, é relativamente comum que essa pessoa ceda a esse desejo. Por fim, ressalta-se que o termo Pathos tem significado relacionado a sofrimento e experiência. Aristóteles, relata isso na habilidade do orador ou escritor de provocar emoções e sentimentos perante o público. Referindo-se de forma apelativa ao lado emocional do público-alvo. Objetivando a busca pela empatia. Ocorre quando, por exemplo, um debatedor se utiliza de artifícios como: valores, crenças e ideias, a fim de comover o expectador se comunicando por meio de uma história acessível. Referências bibliográficas Marcondes, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,2004. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Em: Coleção Os pensadores. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W.D. Rosá. São Paulo: Abril S/A Cultural e Industrial, 1973. Sites: 1.https://pt.slideshare.net/leonardoschwinden/as-4-virtudes-cardeais-segundo- plato. (Acessado em 04/09/2022) 2.https://www.eusemfronteiras.com.br/a-felicidade-segundo-os-filosofos- gregos-socrates-platao-e-aristoteles/. (Acessado em 04/09/2022) 3.https://amenteemaravilhosa.com.br/pathos-ethos-e-logos/ (Acessado em 04/09/2022) 4 https://pt.slideshare.net/leonardoschwinden/as-4-virtudes-cardeais-segundo-plato https://pt.slideshare.net/leonardoschwinden/as-4-virtudes-cardeais-segundo-plato https://amenteemaravilhosa.com.br/pathos-ethos-e-logos/ https://www.eusemfronteiras.com.br/a-felicidade-segundo-os-filosofos-gregos-socrates-platao-e-aristoteles/ https://www.eusemfronteiras.com.br/a-felicidade-segundo-os-filosofos-gregos-socrates-platao-e-aristoteles/