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Unidade 2 Ferramentas da Qualidade Certificação da Qualidade Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria GUILHERME GONÇALVES DE SOUZA AUTORIA Guilherme Gonçalves de Souza Olá. Meu nome é Guilherme Gonçalves de Souza. Sou graduado em Administração e Especialista em Gerenciamento de Projetos, com certificação PMP©. Tenho experiência de 9 anos em projetos de Consultoria Organizacional, Desenvolvimento de Produtos de Hardware e Software, Sistemas de Informação, Planejamento Estratégico e Mapeamento de Processos. Meus conhecimentos e habilidades incluem a gestão ágil de projetos, SCRUM©, liderança, gestão e capacitação de equipes multidisciplinares. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir os conceitos e práticas adquiridos em minha trajetória profissional e acadêmica àqueles que estão construindo suas conquistas de carreira. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Instrumentos Básicos para Gestão da Qualidade ......................... 12 Brainstorming ..................................................................................................................................... 12 Tipos de Brainstorming............................................................................................ 13 Aplicando o Brainstorming.................................................................................... 13 Estratificação ....................................................................................................................................... 14 Aplicando a Estratificação ..................................................................................... 15 Matriz de Riscos ............................................................................................................................... 16 Dimensões da Matriz de Riscos ........................................................................ 16 Aplicando a Matriz de Riscos .............................................................................. 17 Diagrama de Causa e Efeito, Gráfico de Controle e Fluxograma .................................................................................................... 19 O legado de Ishikawa ................................................................................................................... 19 Ferramentas da qualidade ................................................................................... 20 Diagrama de Causa e Efeito .................................................................................................... 21 Categorias de problemas e a Metodologia 6M ..................................... 21 Aplicando o Diagrama de Causa e Efeito ..................................................22 Gráficos de controle ......................................................................................................................23 Tipos de gráficos de controle .............................................................................24 Aplicando o Gráfico de Controle ......................................................................24 Fluxograma ..........................................................................................................................................25 Tipos de fluxogramas ...............................................................................................25 Aplicando o fluxograma ..........................................................................................26 Histograma, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e Gráficos de Dispersão .................................................................................................28 Histograma ...........................................................................................................................................28 Tipos de histogramas ................................................................................................28 Aplicando o histograma ......................................................................................... 30 Diagrama de Pareto ....................................................................................................................... 31 Aplicando o Diagrama de Pareto .....................................................................32 Folha de Verificação ......................................................................................................................33 Aplicando a Folha de Verificação .....................................................................34 Gráficos de Dispersão ..................................................................................................................35 Tipos de relações e dispersões ....................................................................... 36 Aplicando o Gráfico de Dispersão ...................................................................37 Gráfico de Gantt, Matriz SETFI e Matriz GUT ....................................39 Gráfico de Gantt ............................................................................................................................... 39 Variações do Gráfico de Gantt ........................................................................... 40 Aplicando o Gráfico de Gantt ............................................................................. 40 Matriz SETFI......................................................................................................................................... 41 Desenvolvendo a Matriz SETFI ..........................................................................42 Aplicando a Matriz SETFI .......................................................................................43 Matriz GUT ............................................................................................................................................43 Aplicando a Matriz GUT ...........................................................................................44 9 UNIDADE 02 Certificação da Qualidade 10 INTRODUÇÃO Após conhecer o histórico da Gestão da Qualidade e a elaboração e aplicação de metodologias que suportam a identificação de falhas e melhorias em processos e projetos, chegou a hora de montarmos nossa caixinha de ferramentas de Gestão da Qualidade. Esta Unidade 2 tratará sobre alguns instrumentos que embasam a concepção e aplicação de conceitos sobre levantamento de dados e análise de riscos em projetos e processos. Depois, veremos as Sete Ferramentas Básicas de Qualidade que, reunidas no século XX porKaoru Ihikawa, cumprem até hoje sua função de darem suporte a qualquer Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ que pretende ser eficaz. No último capítulo, analisaremos outras três ferramentas que possibilitam o acompanhamento de parâmetros de qualidade em projetos e processos. Portanto, esta Unidade 2 é toda prática, isto é, entrega como resultado mecanismos que podem ser efetivamente aplicados na execução e gerenciamento da “função qualidade”. Você com certeza sairá mais preparado para o mercado após nossos estudos. Seguimos evoluindo! Certificação da Qualidade 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Aplicar os instrumentos básicos para Gestão da Qualidade. 2. Utilizar o Diagrama de Causa e Efeito, Gráfico de controle e Fluxograma para desenhar processos e identificar problemas. 3. Interpretar os principais conceitos sobre as ferramentas da qualidade Histograma, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e Gráfico de Dispersão. 4. Interpretar os principais conceitos sobre as ferramentas Gráfico de Gantt, Matriz SETFI e Matriz GUT. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Certificação da Qualidade 12 Instrumentos Básicos para Gestão da Qualidade INTRODUÇÃO: O objetivo deste capítulo é que você conheça e domine os principais conceitos sobre brainstorming, estratificação e Matriz de Riscos, instrumentos que podem fazer parte do planejamento de um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ. É possível que você já conheça essas ferramentas, mas lembre-se que nosso foco é analisar sob a ótica da qualidade, vamos em frente? Brainstorming O brainstorming, ou tempestade de ideias, consiste na reunião de indivíduos durante um período de tempo e com um interesse em comum, a fim de gerarem ideias para conceber algo novo ou resolver algum problema. Figura 1 Fonte: Pixabay Certificação da Qualidade 13 Na Gestão da Qualidade, o brainstorming usualmente é uma das primeiras etapas aplicadas na análise de um problema ou necessidade de melhoria de um processo. Partindo da atenção sobre o fato gerador do problema, o seu uso possibilita que as ideias levantadas sejam vistas sob diferentes perspectivas, auxiliando na identificação das causas com grau maior de dificuldade de solução. Outro benefício é facilitar a definição do melhor caminho a seguir. Tipos de Brainstorming Uma reunião ou sessão de brainstorming pode ocorrer de duas formas: • Brainstorming não estruturado: nesse tipo, a exposição das ideias pelos membros do grupo ocorre de acordo com seu surgimento, caracterizando um ambiente mais relaxante. É importante ter o cuidado de não permitir que os participantes mais extrovertidos dominem a sessão e, consequentemente, enviesando a decisão tomada pelo grupo; • Brainstorming estruturado: já nessa configuração, todos os participantes do grupo expõem suas ideias por meio de rodadas organizadas. Assim, a contribuição de todos é estimulada, até mesmo dos membros mais acanhados. O cuidado aqui deve ser o de não criar pressão extra sobre os participantes, que podem se sentir obrigado a expor suas ideias. Aplicando o Brainstorming Mesmo em uma sessão não estruturada de brainstorming algumas regras precisam ser respeitadas: • Dependendo do número de participantes, o tempo de duração da reunião deve ser limitado entre 20 e 60 minutos; • As ideias devem ser expostas de modo claro e objetivo; • Quando um participante fala, os outros devem permanecer em silêncio; Certificação da Qualidade 14 • Para evitar constrangimento ou excitação, recomenda-se que as ideias não sejam criticadas, elogiadas ou questionadas. Com essas regras em mente a reunião pode começar, respeitando a seguinte sequência: • Definição clara sobre o assunto a ser discutido; • Definição de uma pessoa para anotar todas as ideias levantadas no quadro de brainstorming; • Reforçar que cada membro aguarde sua vez para expor suas ideias, a fim de que cada um fale ao seu tempo; • Execução do processo até que o registro de ideias seja esgotado; • Início da discussão e esclarecimento das ideias. O processo de brainstorming pode ser considerado um método eficaz para levantamento e registro de ideias, no entanto, ele não resolve problemas. A solução dos problemas começa após esse levantamento e é facilitada com outras ferramentas de Gestão da Qualidade que veremos ainda nesta Unidade 2. Estratificação A estratificação é caracterizada pelo agrupamento de elementos iguais ou muitos semelhantes, que apresentam causas ou soluções comuns. Na Gestão da Qualidade, o objetivo da estratificação é identificar os fatores que causam problemas e as variações de um processo. Os dados levantados são então divididos em grupos distintos, como: • Data/hora; • Turno; • Fornecedor; • Operador; • Local; • Lote. Certificação da Qualidade 15 Aplicando a Estratificação Com o uso da estratificação é possível que os dados sejam analisados separadamente a fim de que seja descoberta a verdadeira causa de um problema de qualidade. O processo de aplicação da estratificação é simples, como podemos ver agora: • Pesquisa sobre as causas de falhas em um processo; • Revisão sobre todas as variáveis que possam influenciar a qualidade dos resultados esperados; • Definição, para cada variável, dos fatores que podem influenciar mudanças no comportamento estatístico do processo; • Preparação de uma lista de verificação para realizar a coleta de dados; • Tratamento estatístico dos dados, calculando a média e amplitude para cada grupo. A estratificação é uma importante ferramenta de Gestão da Qualidade que possibilita a solução do problema a partir da ação direta sobre a sua causa. Figura 2 - Gráfico pizza Fonte: Freepik Certificação da Qualidade 16 Matriz de Riscos A Matriz de Riscos – também conhecida como Matriz de Probabilidade e Impacto – possibilita a identificação visual de quais são os riscos que devem receber mais atenção. Em um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ, essa ferramenta pode ser aplicada após a identificação dos riscos, quando é utilizada para avaliar seu impacto. A fácil identificação proporcionada pela Matriz de Riscos possibilita a tomada de decisões e a realização de medidas preventivas para tratamento desses riscos. A ferramenta consiste em uma tabela orientada por duas dimensões: probabilidade e impacto. Através delas é possível calcular e visualizar a classificação do risco, que consiste na avaliação do impacto versus a probabilidade. O resultado encontrado indica em qual célula da matriz o risco se enquadra. Dimensões da Matriz de Riscos As duas dimensões que compõem a Matriz de Riscos são probabilidade e impacto, que podem ser definidas como: • Probabilidade: se trata do eixo vertical da Matriz e mede o quão provável é a ocorrência de um risco. Aqui se analisa se á fácil ou difícil acontecer determinado risco. A probabilidade deve ser medida em diferentes níveis de intensidade (por exemplo: muito baixo, baixo, moderado, alto e muito alto); • Impacto: representado no eixo horizontal, mede as consequências do risco caso ele ocorra. Pode ser negativo – como um prejuízo financeiro, perda de clientes, dano a materiais, entre outros – ou positivo – como novas oportunidades de negócio, aplicação de nova tecnologia, redução de taxas de criminalidade, entre outros. Assim como a probabilidade, o impacto também é medido em níveis. Certificação da Qualidade 17 Falando nos níveis de probabilidade e impacto, eles podem ser convertidos em porcentagens para facilitar o entendimento. Se forem cinco níveis, podemos usar a seguinte configuração: • Muito baixo = 1 a 10%; • Baixo = 11% a 30%; • Moderado = 31% a 50%; • Alto = 51% a 70%; • Muito alto = 71%a 90%. Aplicando a Matriz de Riscos Para Napoleão (2019), quando a quantidade de riscos identificados é grande, a Matriz de Riscos é eficaz no direcionamento do trabalho, isto é, para ajudar a saber por quais riscos começar a tratativa. Tanto para o impacto quanto para a probabilidade é possível definir a quantidade de níveis a serem analisados. Entretanto, essa definição deve ser igualitária, isto é, a quantidade de níveis para probabilidade e impacto precisa ser a mesma. Inserida no processo de gestão de riscos de uma organização, por meio de seu SGQ ou não, a aplicação da Matriz de Riscos respeita a sequência: • Criação da matriz adaptada de acordo com o contexto da organização, definindo e descrevendo os critérios que deverão classificar a probabilidade e o impacto do risco para processos ou projetos; • Definição de ferramenta de suporte ao processo de avaliação de riscos, que podem ser folhas de papel, planilhas eletrônicas ou um software específico; • Identificação dos riscos; • Análise da probabilidade e impacto de acordo com os critérios previamente definidos, Certificação da Qualidade 18 • Definição dos riscos a serem priorizados de acordo com a classificação resultante da análise. Figura 3: Exemplo de uma Matriz de Riscos com cinco níveis de probabilidade e impacto. P ro b ab ili d ad e 90% Média Média Alta Alta Alta 70% Baixa Média Média Alta Alta 50% Baixa Baixa Média Alta Alta 30% Baixa Baixa Média Média Alta 10% Baixa Baixa Baixa Baixa Média Muito baixo Baixo Moderado Alto Muito alto Impacto Fonte: Napoleão (2019). RESUMINDO: Como está sendo conhecer as ferramentas essenciais da qualidade? Vamos relembrar agora o que vimos neste capítulo. Primeiro conhecemos a figura de Kaoru Ishikawa, químico e engenheiro japonês que “bebeu nas águas” dos ensinamentos de Deming e Juran para criar a Gestão da Qualidade à japonesa. Ishikawa reuniu as principais ferramentas de controle e Gestão da Qualidade utilizadas até hoje. Estudamos aqui três das sete ferramentas, sendo elas o Diagrama de Causa e Efeito (concebido pelo próprio Ishikawa), Gráfico de controle e Fluxograma. Vimos os principais conceitos sobre cada uma delas, entendendo sua aplicação e forma de construção. Guarde com carinho e interesse essas informações, pois serão bastante úteis em sua formação nessa disciplina e em sua carreira profissional! Certificação da Qualidade 19 Diagrama de Causa e Efeito, Gráfico de Controle e Fluxograma INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de citar a história e o legado de Kaoru Ishikawa, responsável por reunir as Sete Ferramentas da Qualidade. O objetivo é que você domine os principais conceitos de três dessas sete, sendo o Diagrama de Causa e Efeito, o Gráfico de controle e o Fluxograma. Então, preparado(a) para continuar a Unidade 2? Avante! Vimos na Unidade 1 que as ideias sobre a Gestão da Qualidade introduzidas por William E. Deming no Japão se popularizaram na tarefa de reconstrução das indústrias daquele país no pós-guerra. Nessa época, o químico, estatístico, engenheiro e professor Kaoru Ishikawa construía sua carreira, até se tornar mundialmente conhecido como uma das maiores referências no controle e Gestão da Qualidade nas organizações. O legado de Ishikawa Kaoru Ishikawa nasceu na capital japonesa, Tóquio, tendo trabalhado como técnico naval para o exército e posteriormente, entre 1941 e 1947, na Nissan Liquid Fuel Company, onde iniciou sua atuação na Gestão da Qualidade. Ele foi também professor de Engenharia na mesma Universidade em que havia se graduado e, em 1949, entrou para a JUSE - União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (Union of Japanese Scientists and Engineers), um grupo de profissionais dedicados à pesquisa de controle de qualidade. O maior legado de Kaoru Ishikawa foi ter desenvolvido uma forma de Gestão da Qualidade propriamente japonesa. Tendo aprendido os conceitos de gerenciamento de qualidade propagados por Deming e Certificação da Qualidade 20 Joseph Juran, Ishikawa traduziu, integrou e disseminou os princípios do controle estatístico de processos, planejamento, controle e melhoria da qualidade. Entre o final da década de 1950 e início da década de 1960, Ishikawa elaborou e ministrou cursos referentes ao controle de qualidade para gerentes e executivos. Em 1962 ele criou, em conjunto com outros membros da JUSE, o conceito do Círculo de Qualidade. Os Círculos de Qualidade se caracterizaram pela reunião de um grupo de colaboradores de um mesmo setor a fim de discutirem modos de resolver problemas e melhorar a qualidade nas organizações e, posteriormente, o conceito adquiriria o nome de Círculo de Controle de Qualidade – CCQ. Ferramentas da qualidade Ishikawa tornou os conceitos de Gestão da Qualidade acessíveis e aplicáveis também por colaboradores de nível operacional ao desenvolver uma ferramenta útil para encontrar, classificar e documentar as causas de qualidade na produção, bem como organizar a relação mútua entre elas. Essa ferramenta é o Diagrama de Causa e Efeito, o qual será abordado mais detalhadamente adiante, e que possibilitou a atenção ao controle de qualidade desde o chão de fábrica. Em sua busca pelo aperfeiçoamento do Controle e Gestão da Qualidade nas organizações, Ishikawa foi o responsável ainda por reunir seu Diagrama de Causa e Efeito com outras seis ferramentas da qualidade. Segundo ele, esse conjunto, ao ser aplicado no contexto do ciclo PDCA, poderia resolver até 95% dos problemas de qualidade existentes na realidade empresarial. Neste e no próximo capítulo, veremos uma a uma as sete ferramentas básicas da qualidade reunidas por Kaoru Ishikawa, são elas: • Diagrama de Causa e Efeito; • Gráficos de controle; • Fluxograma; Certificação da Qualidade 21 • Histograma; • Diagrama de Pareto; • Folha de verificação; • Gráficos de dispersão. Diagrama de Causa e Efeito Os Diagramas de Causa e Efeito são também conhecidos como Diagramas de Espinha de Peixe ou Diagrama de Ishikawa, em homenagem ao seu criador. Eles ilustram como diferentes fatores podem estar ligados a problemas ou efeitos potenciais. Figura 4 - Diagrama de causa e efeito Fonte: https://bit.ly/3wwcumC Categorias de problemas e a Metodologia 6M Na versão original do Diagrama, Ishikawa previu seis tipos de causas, que deram origem aos chamados 6Ms. De acordo com o Grupo Forlogic (2016) essas categorias são: • Máquina: nessa categoria devem ser consideradas todas as causas decorrentes de falhas em maquinários usado durante o processo produtivo; • Materiais: se o problema é causado por uma matéria-prima em não conformidade com o exigido para o processo, ela pode ser a causa raiz de um problema da categoria materiais; • Mão de obra: aqui são registrados os problemas que envolvem atitudes e dificuldades de execução do processo pelas pessoas envolvidas nessas atividades; Certificação da Qualidade 22 • Meio ambiente: nessa categoria devem ser analisados os ambientes externo e interno da organização a fim de serem identificados os fatores que favorecem a manifestação dos problemas; • Método: os problemas podem também ser ocasionados pela aplicação errônea ou ineficaz de etapas de métodos, procedimentos e processos usados na realização das atividades; • Medidas: nessa categoria são registradas as causas que envolvem as métricas usadas para medir, monitorar e controlar o trabalho. NOTA: Vale ressaltar que apesar da existência dessas categorias previstas por Ishikawa, o Diagrama de Causa e Efeito é flexível para que a empresa adeque as categorias de acordo com a sua necessidade. Aplicando o Diagrama de Causa e Efeito O Diagrama de Causa e Efeito pode ser chamado de Diagrama de Espinha de Peixe pelo formato visual que o representa. Isso porque essa ferramenta é desenhada primeiramente com um traço horizontal. Então, na extremidade direitadessa linha é incluído um retângulo onde a especificação do problema é escrita. Depois, devem ser feitos traços perpendiculares a essa linha horizontal. Cada um dos traços perpendiculares representa uma categoria de causas. De acordo com o Guia PMBOK® (2012), o preenchimento e leitura do Diagrama de Causa e Efeito segue um processo: • O ponto de partida é a especificação do problema, que deve ser colocada na cabeça da espinha de peixe. Essa especificação descreve o problema como uma lacuna a ser fechada ou um objetivo a ser alcançado; Certificação da Qualidade 23 • Depois se inicia a análise do problema especificado, com a realização de perguntas “Por quê?”; • A causa raiz acionável é identificada quando as possibilidades razoáveis em cada linha e cada diagrama forem esgotadas. IMPORTANTE: Os Diagramas de Causa e Efeito são frequentemente úteis na conexão dos efeitos indesejáveis vistos como uma variação especial à causa atribuível, sobre a qual os colaboradores envolvidos na solução implementam ações corretivas a fim de eliminar variações que podem ser detectadas em um gráfico de controle. Além de sua aplicação na análise de causa e efeito, esses diagramas podem ser também usados na análise de riscos de processos e projetos. Gráficos de controle Outra das sete ferramentas essenciais para garantir a realização da qualidade é o gráfico de controle. Também chamados de cartas de controle, esses gráficos são usados para verificar se um processo é estável ou apresenta um desempenho previsível. Os gráficos de controle ilustram como um processo se comporta ao longo do tempo e quando esse processo está sujeito a uma variação com causa especial, que resultará em uma situação fora de controle. Figura 5 - Gráfico de controle Fonte: Freepik Certificação da Qualidade 24 Tipos de gráficos de controle Dois tipos de gráficos de controle podem ser aplicados na busca e prevenção de causas especiais de problemas, são eles: • Gráfico de controle por variáveis: por apresentar maior número de informações, é o mais complexo. Permite a identificação das falhas com maior facilidade, possibilitando a execução de ações preventivas; • Gráfico de controle por atributos: é uma opção mais simples, com foco na aplicação de ações corretivas. Sua medição identifica se o processo está em conformidade ou não. Aplicando o Gráfico de Controle Os gráficos de controle de um processo respondem graficamente à pergunta: “A variação desse processo está dentro dos limites aceitáveis?”. Podemos afirmar que eles representam uma das principais ferramentas para o Controle Estatístico de Processos – CEP. Sua apresentação reflete os valores de variação máximo e mínimo permitidos para o processo, que é considerado sob controle quando está contido entre 3σ (três sigmas) e -3σ (menos três sigmas). Essa variação entre -3σ e 3σ lembra alguma coisa? Exatamente, totaliza uma medida do desvio padrão que pode variar num universo de 6σ (seis sigmas) em relação ao processo médio estabelecido em 0σ. Daí sua utilização ser ampla por parte dos profissionais certificados Green Belt e Black Belt na metodologia 6 Sigma, estudada na Unidade 1. DEFINIÇÃO: Segundo o PMBOK® (2012), os limites de controle são determinados a partir de cálculos e princípios estatísticos padrão, utilizados para estabelecer a capacidade natural de um processo estável. Esses limites de controle estatisticamente calculados podem ser utilizados na identificação dos pontos em que a ação corretiva será tomada para impedir o desempenho anormal do processo. Tal ação corretiva normalmente pretende manter a estabilidade normal de um processo estável e capaz. Certificação da Qualidade 25 Baseado nesses gráficos, geralmente um processo é considerado fora de controle quando: • Um ponto de dados excede um limite de controle; • Sete pontos consecutivos estiverem acima da média, ou; • Sete pontos consecutivos estiverem abaixo da média. O uso de gráficos de controle, embora mais amplo no rastreio de atividades repetitivas necessárias para produzir lotes manufaturados, pode ocorrer no monitoramento de diferentes tipos de variáveis de saída. Eles são úteis quando aplicados no monitoramento de variações de custos e prazos, volume e frequência de mudanças no escopo ou outros resultados de gerenciamento. Fluxograma Fluxograma é um tipo de diagrama também conhecido como gráfico de procedimento, gráfico de processo e mapa de processo, pois demonstra graficamente uma sequência de etapas e as possibilidades ramificadas existentes para um processo que transforma uma ou mais entradas em uma ou mais saídas. Um fluxograma permite entender de forma rápida o funcionamento de um processo. Tipos de fluxogramas O Grupo Forlogic (2016) apresenta quatro tipos de fluxogramas, a saber: • Diagrama de blocos: composto de forma mais simples apenas por blocos e sem pontos de decisão, é conhecido como fluxograma linear. Apresenta somente a sequência de funcionamento de um processo, como se fosse um checklist gráfico. Bastante aplicado em instruções de trabalho simples ou na apresentação de um fluxo mais macro dos processos; • Fluxograma de processo simples: trata-se de um diagrama de blocos que contém pontos de decisão, e indica a sequência de Certificação da Qualidade 26 funcionamento em processos simples, que depende de uma condição para executar determinado tipo de tarefa; • Fluxograma funcional: muito útil para processos transversais, pois mostra a sequência de atividades de um processo entre as áreas ou seções por onde ele acontece, até que seja concluído; • Fluxograma vertical: apresenta formato diferente, composto por colunas verticais onde estão disponíveis simbologias referentes aos tipos de processo, descrição e outras informações, por isso é chamado também de diagrama ou gráfico de processo. Aplicando o fluxograma Um fluxograma pode ser desenvolvido para: • Padronizar a representação de métodos administrativos; • Permitir maior rapidez na descrição de métodos administrativos; • Simplificar a leitura e o entendimento de um processo; • Melhorar a análise de um processo; • Facilitar a localização e identificação dos pontos mais importantes de um processo ou método. A forma gráfica de estruturação dos fluxogramas apresenta símbolos geométricos que indicam quais são as matérias-primas, recursos, serviços e documentos envolvidos nos processos, além das decisões a serem tomadas. Eles mostram as atividades, os pontos de decisão, os loops de ramificação, os caminhos paralelos e a ordem geral do processamento. O processo de elaboração é composto dos seguintes passos sequenciais: • Definição do processo a ser esquematizado; • Definição do escopo do processo (onde ou quando iniciar e parar o processo e, qual o nível de detalhamento que será incluso no diagrama?); • Debate sobre as atividades que acontecerão durante o processo; Certificação da Qualidade 27 • Organização dessas atividades na sequência adequada; • Realização do desenho dos símbolos referentes às atividades; • Realização do desenho das setas que mostram o fluxo do processo. Figura 6 - Fluxograma Fonte: Freepik Pela abordagem do PMBOK® (2012), os fluxogramas podem ser úteis na compreensão e na estimativa do custo da qualidade de um processo. Tal benefício é possível por meio do uso da lógica de ramificação e frequências das ocorrências relativas associadas do fluxograma para estimar o valor monetário esperado para o trabalho, buscando entregar a saída com a conformidade esperada. RESUMINDO: Como está sendo conhecer as ferramentas essenciais da qualidade? Vamos relembrar agora o que vimos neste capítulo. Primeiro conhecemos a figura de Kaoru Ishikawa, químico e engenheiro japonês que “bebeu nas águas” dos ensinamentos de Deming e Juran para criar a Gestão da Qualidade à japonesa. Ishikawa reuniu as principais ferramentas decontrole e Gestão da Qualidade utilizadas até hoje. Estudamos aqui três das sete ferramentas, sendo elas o Diagrama de Causa e Efeito (concebido pelo próprio Ishikawa), Gráfico de controle e Fluxograma. Vimos os principais conceitos sobre cada uma delas, entendendo sua aplicação e forma de construção. Guarde com carinho e interesse essas informações, pois serão bastante úteis em sua formação nessa disciplina e em sua carreira profissional! Certificação da Qualidade 28 Histograma, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e Gráficos de Dispersão INTRODUÇÃO: Ao longo deste capítulo 3 você continuará conhecendo as ferramentas básicas de controle e Gerenciamento da Qualidade. O objetivo é que você domine os principais conceitos de quatro das sete restantes, sendo o Histograma, o Diagrama de Pareto, a Folha de Verificação e os Geáficos de Dispersão. Vamos continuar avançando nesse conhecimento? Avante! Histograma O PMBOK® (2012) descreve que: Histogramas são gráficos de barras usados para descrever a tendência central, o grau de dispersão e o formato de uma distribuição estatística. Diferentemente do gráfico de controle, o histograma não leva em consideração a influência do tempo na variação existente dentro da distribuição. O Histograma é uma variação do gráfico de barras, no entanto apresenta os dados da mesma categoria no intervalo analisado, ou seja, sem espaço entre as barras. Por se tratar de uma representação gráfica para distribuição de dados numéricos, o Histograma é também conhecido como Gráfico de distribuição de frequências. Ele é um modelo estatístico para a organização dos dados e demonstra a frequência na qual determinada amostra de dados ocorre. Tipos de histogramas São cinco as possibilidades de apresentação de um histograma, conforme os tipos descritos a seguir: Certificação da Qualidade 29 • Histograma simétrico ou normal: permite variações pequenas e caracteriza um processo padronizado e com dados estáveis. O pico dos dados fica ao centro do gráfico e as variações decrescem de maneira simétrica dos dois lados; • Histograma assimétrico: geralmente ocorre quando os dados são tolerados até um número limite que não pode ser ultrapassado. Seu pico é concentrado em um dos lados, então os dados fora do padrão decrescem para o lado oposto; • Histograma com dois picos: utilizado quando se apresentam duas coletas de dados diferentes para comparação. A análise deve ser feita separadamente de acordo com cada uma dessas coletas, com atenção ao desenho dos dois gráficos; • Histograma “platô”: nesse tipo as barras têm praticamente os mesmos tamanhos, pois representam uma anormalidade nos dados decorrentes de falhas; • Histograma aleatório: nesse gráfico as barras sobem e descem sem critério algum, refletindo a falta de padrão nos dados analisados. Figura 7 - Histograma Fonte: Pixabay Certificação da Qualidade 30 Aplicando o histograma O histograma é aplicado na análise da frequência de vezes que as saídas de um processo estão padronizadas, se estão atendendo aos requisitos estabelecidos e qual a variação que elas sofrem. Nos histogramas sempre são analisadas variáveis quantitativas como: peso, largura, comprimento, temperatura, volume, tempo, entre outras grandezas. A análise gráfica do comportamento das variáveis em estudo, que podem ser de números absolutos ou não, é realizada após a coleta de dados em dado intervalo de tempo. Essa disposição gráfica do Histograma permite a visualização de resultados históricos, bem como a análise de evidências para a tomada de decisão. Sua utilização é facilitada com as seguintes atividades: • Coleta de número significativo de dados, usando uma folha de verificação, para amostra; • Organização dos dados; • Definição do número de categorias e do intervalo entre essas categorias; • Organização dos dados nas categorias, de acordo com o intervalo em que se encontram; • Inserção dos dados no gráfico, organizando as categorias no eixo horizontal e a frequência de ocorrência no eixo vertical; • Análise e verificação da forma do gráfico. Com a verificação da distribuição dos dados no gráfico é possível entender se o processo está padronizado ou se a tendência das coletas demonstra que o processo está saindo de controle. Aí cabe uma intervenção para analisar as causas das anomalias e realizar as ações corretivas a fim de que o processo continue estável. Certificação da Qualidade 31 Diagrama de Pareto Vilfredo Pareto era um economista italiano que desenvolveu métodos para estudar e descrever a distribuição desigual das riquezas eu seu país no século XIX. Seus estudos resultaram na seguinte conclusão: à época, 20% da população detinha 80% das riquezas produzidas. Essa relação 80/20 foi formalizada pelo estudioso e ficou conhecida como Princípio de Pareto. Mais tarde, já no século XX, Joseph Juran contribuiu para tornar o Princípio de Pareto uma das sete ferramentas da qualidade. Juran aplicou a relação 80/20 para analisar os problemas de qualidade encontrados no Sistema de Gestão da Qualidade - SGQ. A partir de então a ferramenta passou a ser aplicada para estudar e descobrir as ocorrências que são mais relevantes e que, por isso, devem ser tratadas prioritariamente. DEFINIÇÃO: Os diagramas de Pareto são normalmente organizados em categorias para medir frequências ou consequências. Sua representação gráfica é descrita pelo Guia PMBOK® (2012) como sendo gráficos de barras verticais usados na identificação de algumas fontes críticas responsáveis pela maioria dos efeitos de um problema. As categorias constantes no eixo horizontal do gráfico correspondem a uma distribuição de probabilidades válidas que representam 100% das possíveis observações. Dessa forma, as frequências das ocorrências de cada causa listadas no eixo horizontal diminuem em grandeza até que uma fonte padrão intitulada “outra” seja considerada responsável por quaisquer causas não especificadas. O Diagrama de Pareto é composto basicamente por dois conjuntos de dados que demonstram as ocorrências que mais se repetem em relação às demais constantes no SGQ: • O primeiro conjunto é demonstrado em um gráfico nos quais os fatores a serem analisados (ocorrências, não conformidades, reclamações de clientes, defeitos, etc) são dispostos em colunas, Certificação da Qualidade 32 que avançam gradativamente do problema mais recorrente para o menos recorrente; • O segundo conjunto de dados é retratado por uma linha composta pela porcentagem acumulada da frequência das ocorrências. Figura 8 - Diagrama de Pareto Fonte: Freepik Aplicando o Diagrama de Pareto As origens do Diagrama de Pareto remetem ao estudo das perdas na indústria, quando essas começaram a ser organizadas por ordem de frequência, por isso podemos dizer que o Diagrama de Pareto ajuda a estabelecer prioridades. Ele mostra a ordem em que as causas das perdas devem ser sanadas de acordo com sua frequência. Além da tradicional aplicação no estudo de perdas, a ferramenta também pode ser aplicada em outras situações, como por exemplo, na implantação de melhorias. Sua implantação segue a sequência abaixo: • Determinação dos fatores que serão comparados no gráfico; • Coleta dos dados necessários à comparação; • Escolha da medida a ser comparada; • Determinação do valor total de ocorrências a partir da soma delas no período analisado para cada um dos fatores; • Cálculo do percentual de cada ocorrência em relação ao valor total; Certificação da Qualidade 33 • Cálculo da Frequência Acumulada, totalizando 100% das ocorrências; • Listagem dos fatores, seguindo a ordem do mais frequente para o menos frequente, dispondo-os no eixo horizontal do gráfico; • Desenho das colunas com as quantidades de ocorrências coletadas; • Desenho de uma linha que represente o percentual acumulado, iniciando sempre na primeira colunaà esquerda; • Análise do diagrama, visando identificar quais fatores são os mais recorrentes e quais devem ser priorizados. Folha de Verificação Talvez a Folha de Verificação – conhecida também por lista de verificação, checklist, ou lista de recolhimento de defeitos – seja a mais utilizada das sete ferramentas da qualidade dada a facilidade de sua aplicação. Consiste em um formulário utilizado na padronização e simplificação da coleta de dados, além de uniformizar a verificação e execução de processos. Para o Grupo Forlogic (2016), os dados registrados em folhas de verificação ajudam a entender se os produtos apresentam as especificações exigidas, sendo comum sua aplicação para: • Localização de defeitos • Contagem de quantidades; • Classificação de medidas; • Existência de determinadas condições; • Tipos de reclamações; • Causas de efeitos; • Causas de defeitos. Certificação da Qualidade 34 Já o Guia PMBOK® (2012) diz que: As folhas de verificação são usadas para organizar os fatos de uma maneira que facilite a coleta eficaz de dados úteis sobre um possível problema de qualidade. São especialmente úteis na coleta de dados de atributos durante as inspeções para identificar defeitos. Por exemplo, os dados sobre as frequências das ocorrências ou consequências dos defeitos coletados nas folhas de verificação são frequentemente mostrados usando- se os diagramas de Pareto. Figura 9 - Folha de verificação Fonte: Freepik Aplicando a Folha de Verificação A padronização das informações garante maior confiabilidade no processo, além de criar as bases para as ações de melhoria de processo. Essa ferramenta possibilita a percepção rápida da realidade, bem como uma breve interpretação da situação, auxiliando na redução de erros ou evitando que voltem a ocorrer. Embora não exista um modelo padrão de folha de verificação, alguns passos podem ser seguidos para criar uma que seja eficiente: Certificação da Qualidade 35 • Definição do objetivo da coleta de dados, seguindo as questões: - Quais dados são necessários? - Eles podem ser analisados por diversas óticas? - Como os dados serão registrados? - Quem irá realizar as coletas de dados? - Quem vai realizar o levantamento de dados está preparado para fazê-lo com eficácia? • Montagem da lista, incluindo os campos para registros; • Elaboração de folha autoexplicativa para o preenchimento; • Conscientização para a coleta; • Execução de pré-teste. • Realização da coleta dos dados. Podemos dizer que a Folha de Verificação é uma ferramenta genérica usualmente utilizada no início da maioria dos controles de processo ou esforços para solução de problemas. Terminada a coleta de dados, recomenda-se que outras ferramentas para a tomada de decisão sejam utilizadas. Gráficos de Dispersão A última das sete ferramentas básicas da qualidade são os Gráficos de Dispersão – também chamados de Diagramas de Dispersão, Gráficos de correlação ou Gráficos XY. Os Gráficos de Dispersão retratam de forma gráfica a possível relação entre duas variáveis, demonstrando assim os pares de dados numéricos e sua relação. A nomenclatura de Gráfico XY se dá porque essa relação se dá entre variável que é independente (X) e outra variável que é dependente da primeira (Y). Dessa forma a variável independente é a causa que provoca o efeito e a dependente é o efeito propriamente dito, ou seja, a consequência gerada pela causa. Certificação da Qualidade 36 Na análise da relação entre a temperatura ambiente com a quantidade de sorvetes vendidos realizada com um Diagrama de Dispersão é possível observar que quanto mais alta a temperatura mais sorvetes são vendidos. Ou seja, a variável independente é a temperatura e a variável dependente é a quantidade de sorvetes vendida. Tipos de relações e dispersões O Gráfico de Dispersão pode ser utilizado também para validar se determinada variável independente sob análise representa impacto real em determinada variável dependente. Tal relação entre as variáveis é chamada de correlação, podendo se manifestar em um de três tipos: • Correlação positiva (ou proporcional): ocorre quando a aglomeração dos pontos é observada em uma tendência crescente, demonstrando que conforme uma variável aumenta, a outra variável também aumenta; • Correlação negativa (ou inversa): observada quando os pontos se concentram em uma linha decrescente, o que significa que conforme uma variável aumenta, a outra variável diminui. Aqui, quanto maior for a ocorrência de um dos dados, menor será a ocorrência do outro dado sob análise; • Correlação nula: nesse caso ou é observada grande dispersão entre os pontos, ou eles não seguem tendência positiva nem negativa. Assim, não há nenhuma correlação aparente entre as variáveis. Já o tipo de dispersão entre os pontos mostra se a intensidade da relação é forte ou fraca: • Quanto menor for a dispersão dos pontos, maior será a correlação entre os dados, e aí observamos a relação Forte; • No inverso, quanto maior for a dispersão dos pontos, menor será o grau entre os dados, o que caracteriza uma relação fraca. Certificação da Qualidade 37 Figura 10 - Gráfico de Dispersão Fonte: Freepik Aplicando o Gráfico de Dispersão O Gráfico de Dispersão é usado para analisar a relação entre duas variáveis e a intensidade em que a mudança de um dado impacta no outro dado. Com esse objetivo podemos aplicar a ferramenta na seguinte sequência: • Seleção da causa e do efeito dos quais se deseja descobrir a relação; • Realização da coleta dos dados das duas variáveis para a composição dos gráficos. Tal coleta de dados pode ser feita com o uso de uma folha de verificação; • Desenho dos dois eixos do gráfico com inserções da variável dependente no eixo vertical e da variável independente no eixo horizontal; • Inserção dos dados no gráfico com o desenho de um ponto para cada uma das ocorrências dos dados; • Verificação da disposição dos pontos no gráfico para identificar se há correlação positiva, negativa ou nula. Caso a correlação seja estabelecida, uma linha de regressão poderá ser calculada e usada para estimar como uma mudança na variável independente influenciará o valor da variável dependente. Certificação da Qualidade 38 RESUMINDO: Apresentamos aqui as últimas quatro do total de sete ferramentas essenciais da qualidade primeiramente reunidas por Ishikawa. Vamos revisar o que vimos? Os principais conceitos que estudamos foram sobre as ferramentas Histograma, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e Gráficos de Dispersão. Assim como no capítulo 1, entendemos a aplicação e maneiras de concepção de cada uma das ferramentas analisadas. Tenho certeza que esses ensinamentos serão um dia utilizados por você na rotina profissional. Use e abuse dessas ferramentas sempre que julgar necessário! Certificação da Qualidade 39 Gráfico de Gantt, Matriz SETFI e Matriz GUT INTRODUÇÃO: Analisaremos a partir de agora outras três ferramentas para planejamento, manutenção e controle da qualidade. Ao final do capítulo você deverá dominar os principais conceitos sobre o Gráfico de Gantt, a Matriz SETFI e a Matriz GUT. Vamos lá! Vimos nos dois capítulos anteriores da presente Unidade as sete ferramentas básicas aplicadas na Gestão da Qualidade. Mas, você sabia que existem outras ferramentas que podem dar suporte na manutenção, além de possibilitarem a identificação e correção de problemas em processos e projetos? É o que veremos a partir de agora. Gráfico de Gantt O Gráfico de Gantt, como conhecido hoje, geralmente é utilizado para ilustrar o avanço das diferentes atividades e etapas de um projeto, ou ainda para controlar a programação de produção, facilitando a avaliação sobre os prazos de entrega e os recursos críticos. Seu nome foi dado em homenagem ao engenheiro mecânico Henry Gantt, que em 1917 o implementou para o controleda produção. Uma de suas primeiras aplicações foi realizada pelo exército dos Estados Unidos da América durante a Primeira Guerra Mundial. Também conhecida como Gráfico de barras e Diagrama de Gantt, essa ferramenta possibilita, segundo Santos (2018), que sejam vistos facilmente: • A data de início do projeto; • Quais são as tarefas do projeto; • Quem está trabalhando em cada tarefa; • Quando as tarefas começam e terminam; Certificação da Qualidade 40 • Quanto tempo cada tarefa levará; • Como as tarefas se agrupam, se sobrepõem e se vinculam umas às outras; • A data de conclusão do projeto. Variações do Gráfico de Gantt E falando de representação gráfica, o Guia PMBOK® (2012) diz afirma que "Os intervalos de tempo representando o início e fim de cada fase aparecem como barras coloridas sobre o eixo horizontal do gráfico". A mesma publicação caracteriza dois tipos de apresentação do Gráfico de Gantt para apresentar o cronograma de um projeto, são eles: • Gráficos de barras, que representam as informações do cronograma em que as atividades são listadas no eixo vertical, as datas são mostradas no eixo horizontal, e as durações das atividades aparecem como barras horizontais posicionadas de acordo com as datas de início e término. Eles são de leitura relativamente fácil e frequentemente usados em apresentações gerenciais. A atividade sumarizadora ou de resumo – mais ampla e abrangente - é usada entre marcos ou por meio de múltiplos pacotes de trabalho interdependentes, sendo mostrada em relatórios de gráfico de barras para controle e comunicação gerencial; • Gráficos de marcos, que se assemelham aos gráficos de barras, no entanto identificam somente o início ou o término agendado para as entregas mais importantes e para as interfaces externas chaves. Aplicando o Gráfico de Gantt O Gráfico de Gantt mapeia quais tarefas podem ser executadas em paralelo e quais precisam ser feitas em sequência. Para elaborar um desses diagramas, é preciso conhecer, além dos recursos envolvidos, todas as tarefas individuais necessárias para concluir um projeto, uma estimativa de quanto tempo cada tarefa levará e quais tarefas dependem de outras. Certificação da Qualidade 41 Figura 11 - Gráfico de Gantt Fonte: Freepik Na prática, para montar um Gráfico de Gantt que seja aplicável ao controle do cronograma de um projeto ou da programação de uma produção, podemos adotar o seguinte procedimento: • Elaboração da lista de materiais a serem aplicados; • Elaboração da lista dos recursos que executarão as atividades; • Listagem das atividades do cronograma do projeto ou da programação, identificando suas datas de início e término; • Organização das atividades de acordo com as etapas a que correspondem; • Definição da relação de interdependências entre as atividades. Matriz SETFI A matriz SETFI pode ser utilizada após a identificação dos problemas de qualidade em um processo ou projeto. Essa ferramenta possibilita a priorização das causas a serem atacadas primeiro a fim de se obter uma maior efetividade com as ações corretivas. A sigla que nomeia a ferramenta – SETFI – remete aos critérios que são utilizados para priorizar os problemas, a saber: Certificação da Qualidade 42 • Segurança: critério que avalia o perigo que envolve o problema; • Emergência: que avalia a urgência da solução do problema; • Tendência: onde se avalia a tendência de agravamento do problema; • Facilidade: corresponde a verificação de facilidade e execução da solução; • Investimento: critério que avalia o nível de investimento envolvido. A ferramenta SETFI favorece a priorização em um processo de trabalho para o planejamento de ações, avaliando as possíveis alternativas, destacando àquelas de maior valor e selecionando os fatores mais importantes. Desenvolvendo a Matriz SETFI Na decisão pela aplicação de uma Matriz SETFI, alguns pontos devem ser atendidos. Primeiramente, a equipe envolvida no processo ou projeto deve definir como será realizada a avaliação de seu real desenvolvimento, assim fica mais fácil comunicar quais são os resultados desejáveis, para aí serem mensurados os fatores mais importantes. Depois a preocupação dos membros deve ser garantir os termos de controle e avaliação preventiva. Uma vez definida a prioridade, qualquer alteração nos procedimentos que impacte em novos valores no SETFI deve ser evitada por meio da correta definição dos itens de controle. Certificação da Qualidade 43 Aplicando a Matriz SETFI Segundo Dolor (2016), a pontuação das alternativas segue a distribuição vista na Figura 13: Figura 12: Pontuação de alternativas SETFI. Segurança Emergência Tendência Facilidade Investimento 1 Sem risco Ação futura Estacionário Difícil resolução Alto 2 Algum risco Ação de médio prazo Vai piorar em médio prazo Média resolução Pouco 3 Alto risco Ação imediata Vai piorar em curto prazo Fácil resolução Nenhum Fonte: extraído de Dolor (2016).]] Baseando-se nesses critérios, o desenvolvimento da Matriz SETFI seguem quatro passos simples: • Listagem em tabela das alternativas (problemas), onde as colunas apresentam os critérios SETFI; • Pontuação das alternativas de acordo com a distribuição indicada; • Multiplicação dos valores pontuados para cada fator; • Com o resultado registrado na última coluna da tabela, deve ser feita a verificação das alternativas que obtiveram maior valor, ou seja, as mais importantes de acordo com os critérios SETFI. Podemos afirmar, portanto que a criação do referencial na avaliação e priorização de alternativas possibilita a rastreabilidade e o comprometimento na tomada de decisão, bem como mantém o processo gerencial próximo dos resultados esperados, possibilitando a superação de eventos críticos, o respeito aos padrões e a aderência ao que foi planejado. Matriz GUT Assim como a Matriz SETFI, a Matriz GUT é uma ferramenta da qualidade utilizada na priorização de tomadas de decisões. Certificação da Qualidade 44 A Matriz GUT foi criada na década de 1980 por Charles Kepner e Benjamin Tregoe com o objetivo de ajudar na resolução de problemas complexos das indústrias americanas e japonesas. Conhecida também como Matriz de Prioridades, o acrônimo que dá origem ao nome da ferramenta – GUT – refere-se aos três elementos utilizados na classificação de algum problema ou ação a ser priorizada, a saber: • Gravidade, que representa o impacto do problema para os envolvidos. Nesse momento deve ser analisado o quão grave será o problema ou ação – caso se manifeste – para a empresa, processo ou pessoas; • Urgência é o elemento que representa o prazo ou tempo disponível para a resolução do problema ou para a execução da ação. Em outras palavras, quanto mais urgente for o problema ou ação, menor será o tempo disponível para trabalhar sobre eles; • Tendência, que remete ao potencial de crescimento do problema ou da ação, ou seja, a probabilidade de se agravar com o passar do tempo se nada for feito. A análise da tendência também avalia as possibilidades de redução ou desaparecimento do problema. Aplicando a Matriz GUT A Matriz GUT pode ser aplicada para diferentes priorizações: • De problemas; • De processos; • De riscos; • De não conformidades. A autora defende ainda a utilização da ferramenta para priorização de qualquer desafio ou problema que necessite ser resolvido, inclusive em âmbito pessoal. Certificação da Qualidade 45 Figura 13 - Matriz GUT Fonte: https://bit.ly/2TmPHeR Após a definição clara dos critérios de avaliação para cada um dos três elementos vistos a pouco e que levam notas de 1 a 5, é hora de montar a Matriz GUT respeitando os seguintes passos: • Listagem do que se pretende analisar, sejam problemas, ações, riscos, não conformidades, ou outro item de interesse, que comporão, cada um, uma linha da tabela; • Atribuição das notasde 1 a 5, nas três colunas seguintes da tabela, para cada elemento (G, U e T) de acordo com a análise de cada item listado. Aqui deve ser considerado o que foi previamente definido nos parâmetros; • Multiplicação das notas de cada item, cujos resultados devem ser registrados na última coluna da tabela. Ou seja, devem ser multiplicados: Gravidade x Urgência x Tendência. O resultado do cálculo de cada item indicará o valor que representa a prioridade do item. Desse modo, se maior o resultado do item, maior será sua prioridade; • Organização das prioridades, ordenando de forma crescente os itens de acordo com os resultados. Os itens que estiverem no topo da tabela deverão ser tratados primeiro e, assim sucessivamente, até os itens de prioridade mais baixa localizados na parte final da tabela. Certificação da Qualidade 46 O remédio para resolver os problemas não passa somente pela priorização de problemas em uma lista. Na verdade tal esforço apenas aponta um direcionamento, ou seja, depois da priorização da lista de problemas devem ser executadas ações para resolvê-los. Napoleão (2019) sugere a utilização desde ferramentas para encontrar a causa raiz do problema, como o Digrama de Ishikawa ou os 5 Por quês, até outras como o 5W2H para realizar um plano de ações para resolução do problema. Assim, a tratativa do problema é amparada de modo a transformar os problemas priorizados em ações ou projetos. RESUMINDO: Então, vamos sintetizar o conteúdo visto neste capítulo a fim de fixar os temas? Acabamos de conhecer outras três importantes ferramentas que dão suporte a Sistemas de Gestão da Qualidade ao redor do mundo. O Gráfico de Gantt tem ampla aplicação no Gerenciamento de Projetos e vimos como sua aplicação facilita a leitura visual de informações sobre recursos, duração e relação entre atividades. Depois os conceitos estudados foram sobre duas ferramentas para a priorização dos problemas de qualidade a serem resolvidos com a definição de ações efetivas: a Matriz SETFI e a Matriz GUT. Assim como as sete ferramentas básicas da qualidade, essas três aqui vistas podem engrandecer e muito sua caixa de utilidades na resolução de problemas, não se prive de se beneficiar de sua utilização! Certificação da Qualidade 47 BIBLIOGRAFIA DOLOR, W. Matriz SETFI – Ferramenta de Priorização na Gestão da Qualidade – POP para elaborar uma Matriz SETFI. Disponível em: <http://bit.ly/2NNFRNX>. Acesso em: 20 set. 2019. GRUPO FORLOGIC. Diagrama de Ishikawa. Disponível em: <http://bit.ly/2NNkigx>. Acesso em: 16 set. 2019. ______. Fluxograma. Disponível em: <http://bit.ly/2QmK3FM>. Acesso em: 16 set. 2019. ______. Folha de verificação. Disponível em: <http://bit.ly/2O8CJLx>. Acesso em: 18 set. 2019. NAPOLEÃO, B. M. Matriz de Riscos (Matriz de Probabilidade e Impacto). Disponível em: <http://bit.ly/2NKuI0o>. Acesso em: 21 set. 2019. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos – Guia PMBoK. 5. ed. Pennsylvania/USA: PMI, 2012. SANTOS, V. F. M. O que é um gráfico de Gantt? Para que serve? Como utiliza-lo? Disponível em: <http://bit.ly/36YOnkN>. Acesso em: 18 set. 2019. Certificação da Qualidade Instrumentos Básicos para Gestão da Qualidade Brainstorming Tipos de Brainstorming Aplicando o Brainstorming Estratificação Aplicando a Estratificação Matriz de Riscos Dimensões da Matriz de Riscos Aplicando a Matriz de Riscos Diagrama de Causa e Efeito, Gráfico de Controle e Fluxograma O legado de Ishikawa Ferramentas da qualidade Diagrama de Causa e Efeito Categorias de problemas e a Metodologia 6M Aplicando o Diagrama de Causa e Efeito Gráficos de controle Tipos de gráficos de controle Aplicando o Gráfico de Controle Fluxograma Tipos de fluxogramas Aplicando o fluxograma Histograma, Diagrama de Pareto, Folha de Verificação e Gráficos de Dispersão Histograma Tipos de histogramas Aplicando o histograma Diagrama de Pareto Aplicando o Diagrama de Pareto Folha de Verificação Aplicando a Folha de Verificação Gráficos de Dispersão Tipos de relações e dispersões Aplicando o Gráfico de Dispersão Gráfico de Gantt, Matriz SETFI e Matriz GUT Gráfico de Gantt Variações do Gráfico de Gantt Aplicando o Gráfico de Gantt Matriz SETFI Desenvolvendo a Matriz SETFI Aplicando a Matriz SETFI Matriz GUT Aplicando a Matriz GUT