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“Quem é EBOM deixa marcas” RPG / REPOSTURARSE REESTRUTURAÇÃO POSTURAL SENSOPERCEPTIVA MÓDULO VI Rua Palmira, 26 – Serra Belo Horizonte – MG Cep: 30.220.110 Tel: (0xx31) 3227-1662 Fax: (0xx31) 3227-1172 e-mail: info@osteopatia.com.br Home Page: www.osteopatia.com.br www.reposturarse.com.br www.ebomescola.com.br http://www.osteopatia.com.br/ http://www.reposturarse.com.br/ http://www.ebomescola.com.br/ 2 “Não existe senão um único templo no universo, e é o Corpo do Homem. Nada é mais sagrado do que esta elevada forma.” Novalis Professora Laís Cristina Almeida Graduação em Fisioterapia pela FCMMG Graduação em Psicologia pela UFMG Osteopata (DO) pela EBOM Mestranda em Ciências do Desporto pela Universidade de Trás-os-Montes (Portugal) Docente do curso de Fisioterapia – FCMMG (1981/1998) Docente da Pós Graduação do CPG da FCMMG Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em RPG/REPOSTURARSE junto ao CPG - Centro de Pesquisa e Pós- Graduação da FCMMG Fundadora, Diretora e Coordenadora Científica da EBOM Membro da WOHO – World Osteopathic Health Organization Reeducation Postural Globale (RPG) – França Cranio Sacral – Therapy Upledger Institute Morfo Anáyse et Rejustament Postural – França Manual Therapy – Fundação Marcel Bienfait – Itália Cadeias Musculares – Léopold Busquet – Belo Horizonte Pilates Contemporâneo - BH Fundadora e Responsável pelo Serviço de Fisioterapia da Clinica CIPOS – Centro Internacional de Postura e Osteopatia BH Autora dos Livros O Tiro da Bruxa - Postura Correta Corpo Saudável. Editora Saraiva – SP, 2004. Reeducação Postural Sensoperceptiva – Fundamentos Teóricos e Práticos. Editora Med Book– RJ, 2006. Colaboradora do livro: Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia – Elza Baracho .Edit. Guanabara Koogan.RJ.2006: Cap. 3 – Adaptações do Sistema Músculo Esquelético e suas Implicações Cap. 15 - A Reestruturação Sensoperceptiva e a Osteopatia Aplicada á Obstetrícia EDITORAÇÃO MS. PRISCILA ALBUQUERQUE DE ARAÚJO REVISÃO E ATUALIZAÇÃO Ft. PAULA FERNANDA DE SOUSA SILVA Ft. MATEUS DE ALMEIDA E SILVA 3 SUMÁRIO I. PUNHO E MÃO 4 II. TÉCNICAS PARA SÍNDROMES DE COMPRESSÃO DO CANAL CARPIANO 9 III. COTOVELO 10 IV VALGO DO COTOVELO 13 V. SÍNDROMES DE COMPRESSÃO PERIFÉRICA 16 VI. TÉCNICAS DE POMPAGE PARA O COTOVELO, PUNHO E MÃO 18 VII. TÉCNICAS SENSOPERCEPTIVAS DE PRESSÃO E VIBRAÇÃO 19 VIII. ALGIAS DORSAIS 22 IX. GRUPOS 35 REFERÊNCIAS 39 ANEXOS 41 ANEXO 1 – ESTRUTURAÇÃO DO ATENDIMENTO DE GRUPO 42 4 I. PUNHO E MÃO Anatomia da Mão A mão é uma ferramenta extremamente especializada devido à grande mobilidade dos dedos e à disposição do polegar, a qual permite que o mesmo oriente-se frente aos outros dedos. A união da mão ao antebraço se dá pela região do carpo, que forma juntamente com o antebraço o punho (CALAIS-GERMAIN; 2010; DANGELO E FATTINI, 2007). Disposição óssea da mão A mão possui três regiões ósseas, a saber: 1°) Formada por oito pequenos ossos dispostos em duas fileiras. A fileira proximal é composta pelos ossos escafóide, lunato, piramidal e pisiforme e faz parte da articulação do punho, exceto o pisiforme. A fileira distal articula-se com a fileira proximal e com a base dos metacarpianos, formando a articulação carpometacarpeana. 2°) Composta de cinco ossos longos dispostos em leque, os metacarpos. 3°) Constituída pelas falanges: duas falanges para o polegar e três para os outros dedos (CALAIS-GERMAIN, 2010; DANGELO E FATTINI, 2007). FIGURA 1: Esqueleto da mão Fonte: CALAIS-GERMAIN, 2010. Raios palmares (DANGELO E FATTINI, 2007). Raio externo - formado pelo polegar e o indicador, o 1o e o 2o metacarpianos, trapézio, trapezóide, escafóide e uma parte do capitato. Raio Interno - formado pelo mínimo e anular, o 4o e 5o metacarpianos, piramidal, pisiforme e hamato. Raio Médio - formado pelo dedo médio, o 3o metacarpiano, o capitato e o lunato. 5 Inervação do membro superior A inervação do membro superior é feita pelo plexo braquial, que emerge dos forames de C4 (ou C5) a C7 (ou T1) (NETTER, 2000). FIGURA 2: Plexo braquial Fonte: NETTER, 2000. Fisiologia Articular do Punho (KAPANDJI, 2007) Em todos os movimentos do punho associam-se os movimentos da fileira proximal e distal em sentidos opostos para equilibrar o movimento, a saber: Flexão - Durante a flexão, a fileira proximal dos ossos do carpo realiza abdução, e a fileira distal adução, a fim de equilibrar o movimento. Extensão - A fileira proximal realiza adução e a distal abdução. Abdução - A fileira proximal realiza flexão e a fileira distal extensão. Adução - A fileira proximal realiza extensão e a fileira distal flexão. Nos movimentos de prono-supinação o papel mais importante é do lunato e do escafóide, pois ambos estão ligados ao rádio pelos ligamentos anteriores e posteriores. Na pronação, o escafóide realiza movimentos de flexão e na supinação, extensão. 6 Síndromes compressivas do punho A) Síndrome do Túnel do Carpo A síndrome do túnel do carpo é a mais comum dentre as neuropatias por compressão, a qual produz isquemia no nervo mediano, resultando em algias, parestesias e comprometimento estrutural da mielina com alterações eletrofisiológicas nos estudos de condução nervosa (MAHMUD, 2006). Acomete mais mulheres (70%) entre a quarta e sexta décadas de vida. Elementos que delimitam o túnel do carpo Lateralmente: crista do trapézio e tubérculo do escafóide Medialmente: pisiforme e hámulo do hamato Cobertura: retináculo flexor Assoalho: ossos do carpo Estruturas que atravessam o túnel Músculo flexor profundo dos dedos Músculo flexor superficial dos dedos Músculo longo do polegar Nervo mediano FIGURA 3: Estruturas que delimitam o túnel carpal Fonte: http://www.clinicadamao.com/tuneld3.gif 7 Sinais e sintomas Primeiro estágio – sintomas vagos e difusos Queixas mais freqüentes - Dor e alterações de sensibilidade que surgem geralmente à noite ou ao amanhecer. Observa-se melhora movimentando ou massageando as mãos e os punhos - Geralmente, o dedo médio é o primeiro e o mais envolvido dos quirodáctilos - Atrofia da musculatura intrínseca com queixa de fraqueza muscular Etiologia Inflamatória: artrite, gota, outros processos que levam à sinovite no túnel do carpo Metabólicas e endócrinas: gravidez, menopausa, insuficiência renal, etc. Anomalias congênitas: músculos anômalos (palmar profundo, ventres musculares dos flexores superficiais dos dedos) que se prolongam até o túnel, músculo lumbrical extenso Tumorais ou pseudotumorais: lipoma, cistos, neurofibroma, etc. Traumáticos: fraturas e luxações, lesões tendinosas com retrações, imobilizações inadequadas Posturais ou por esforços repetitivos Infecciosos: abcessos, infecções bacterianas Iatrogênicos: espaçador de tendões, transferências tendinosas inadequadas Diagnóstico Diferencial Teste de Phalen – flexão do punho por um minuto Teste de Phalen invertido - testeem extensão Teste de Phalen modificado – punho fletido + flexão forçada do polegar, indicador e médio. Sinal de Tinel - percutir o nervo mediano no local onde ele se torna mais superficial Síndrome do pronador - parestesia do triângulo palmar, inervado pelo ramo cutâneo palmar do nervo mediano 8 B) Síndrome do Canal de Guyon É o canal formado medialmente pelo pisiforme e pelo hámulo do hamato. O teto é recoberto pelo ligamento piso-hamato e o músculo palmar longo. O nervo ulnar penetra na palma da mão através desse canal e divide-se após o canal em ramos superficiais e profundos. Ramo superficial - sensitivo e inerva a borda ulnar e radial do 5o dedo e parte ulnar do anular Profundo – motor e responsável pela contração dos músculos abdutor, flexor curto e oponente do 5o dedo. Então, aprofunda-se na palma da mão, juntamente com o ramo profundo da artéria ulnar. Inerva ainda o 3o e 4o lumbricais, todos os interósseos, adutor e flexor do polegar. FIGURA 4: Síndrome do canal de Guyon (Acréscimo de diagramas com fins didáticos) Fonte: http://www.marimar.com.br/boletins/sindrome_do_canal_de_guyon.jpg Etiologia Trauma direto Uso repetitivo da borda ulnar do punho (trauma ocupacional) Fratura do hamato, do piramidal Fratura da base do 4o e 5o metatarsianos Variação anatômica de estruturas o Palmaris brevis anômalo o Duplicação dos músculos hipotenares o Espessamento do ligamento piso-hamato Cisto sinovial Trombose ou aneurisma da artéria ulnar Tumores do próprio nervo ulnar Nervo ulnar 9 Diagnóstico clínico Alterações sensitivas e motoras da borda ulnar Enfraquecimento da pinça palmar, no caso de já existirem alterações do adutor do polegar, flexor curto e 1o interósseo dorsal. Velocidade de condução nervosa diminuída à eletromiografia II. TÉCNICAS PARA SÍNDROMES DE COMPRESSÃO DO CANAL CARPIANO 1) Pompage do canal do carpo Manobra circulatória, não sendo uma pompage clássica Paciente: em decúbito dorsal, ou sentado, com o cotovelo fletido a 90o Fisioterapeuta: dedos cruzados empalmando o punho do paciente – a região do carpo do fisioterapeuta entra em contato com as faces externa e interna do punho do paciente. Antebraços perpendiculares ao punho. Ação – pressionar intermitentemente com as duas eminências tênares o punho do paciente FOTO 1: Pompage do canal carpiano Fonte: ALMEIDA, 2006. 2) Stretching do ligamento anular Paciente: sentado, com o punho em extensão Fisioterapeuta: segura o punho entre seus indicadores e polegares. Os polegares em contato com a face anterior do punho e os indicadores e demais dedos com o dorso. Ação: afastar os polegares para baixo e empurrar os indicadores para cima provocando uma extensão do punho 10 FOTO 2: A) Posicionamento manual do terapeuta; B) stretching do ligamento anular Fonte: ALMEIDA, 2006. III. COTOVELO Generalidades (KAPANDJI, 2007) O cotovelo é a articulação intermediária do membro superior apresentando influências ascendentes e descendentes. É composto por um sistema de três articulações que funcionam em conjunto ou separadamente para permitir a estabilidade e a mobilidade do membro superior, a saber: Articulação umeroulnar Articulação radioumeral Articulação radioulnar proximal Os movimentos articulares consistem em flexão-extensão e prono-supinação. A pronação e a supinação são possíveis graças às articulações radioulnares (proximal e distal) que são sinoviais ovóides, sendo a sindesmose radioulnar medial também incluída. Os movimentos das articulações do antebraço dependem dos movimentos da articulação radioumeral, que permitem que as articulações funcionem em qualquer posição de flexão ou extensão do cotovelo. A B 11 Superfícies articulares de flexão – extensão A extremidade inferior do úmero forma a espátula umeral que é constituída pelos epicôndilos lateral e medial, capítulo e tróclea umeral. O capítulo e a tróclea umeral são superfícies que se articulam, respectivamente, com a fóvea radial e com a incisura troclear da ulna (KAPANDJI, 2007). FIGURA 5: Anatomia do cotovelo. Fonte: http://www.vivatranquilo.com.br/saude/anatomia/images/articulacao_cotovelo.jpg. Cápsula articular e ligamentos (KAPANDJI, 2007) A cápsula articular envolve os ossos úmero, rádio e ulna, e os ligamentos colaterais são potentes e limitam os movimentos laterais do cotovelo. O ligamento colateral ulnar origina-se no epicôndilo medial através de três feixes, que se inserem na borda do processo coronóide e do olécrano. O ligamento colateral radial, por sua vez, origina-se no epicôndilo lateral através de três feixes. Dois feixes englobam a cabeça radial, um anteriormente e o outro, posteriormente. O terceiro insere-se sobre a face lateral do olécrano. 12 Devido à obliqüidade superior e lateral do eixo troclear, o cotovelo, quando em extensão, forma um ângulo aberto externamente chamado de valgo do cotovelo. Superfícies articulares de prono-supinação A cabeça do rádio articula-se com a incisura radial da ulna, e o ligamento anular da cabeça do rádio insere-se na borda anterior e posterior da incisura radial da ulna. Esse conjunto forma um anel no qual se aloja a cabeça do rádio e que permite que a cabeça do rádio gire em torno de si mesma, enquanto, distalmente, a base do rádio gira ao redor da cabeça da ulna (CALAIS-GERMAIN, 2010). FIGURA 6: Articulação do cotovelo, vista anterior Fonte:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.vivatranquilo.com.br/saude/anatomia/i mages/cotovelo_vista_anterior.jpg Na Supinação (CALAIS-GERMAIN, 2010): A ulna e o rádio estão situados lado a lado em eixos longitudinais paralelos. (1) Camada interóssea anterior, fibras oblíquas para baixo e para dentro. (2) Camada interóssea posterior, fibras oblíquas no sentido oposto. (3) Corda de WEITBRECHT, elemento fibroso (4) Ligamento anterior da articulação radioulnar inferior. (5) Camada interóssea anterior, fibras oblíquas para baixo e para dentro. (6) Camada interóssea posterior, fibras oblíquas no sentido oposto. 13 (7) Corda de WEITBRECHT, elemento fibroso (8) Ligamento anterior da articulação radioulnar inferior. FIGURA 7: Vista anterior do rádio e da ulna em supinação Fonte: CALAIS-GERMAIN, 2010. Na pronação (CALAIS-GERMAIN, 2010): A ulna e o rádio estão cruzados. O rádio está à frente em relação à ulna, a sua concavidade dirigida para trás permite o encaixe na ulna. O movimento de pronação está mecanicamente limitado pelo contato do rádio quando cruza a ulna. Em pronação, o rádio está em relação à ulna: Acima: Lateralmente Abaixo: Medialmente IV. VALGO DO COTOVELO Valgo fisiológico do cotovelo O eixo da tróclea umeral é oblíquo e lateral para cima. O antebraço é ligeiramente oblíquo para baixo e para fora, o seu eixo não prolonga o do braço, forma com este um ângulo aberto para fora. Por esse motivo o cotovelo em extensão forma um ângulo aberto lateralmente denominado valgo do cotovelo. O valgo do cotovelo se apresenta nitidamente em supinação e parece desaparecer na pronação devido à mudança de obliqüidade do eixo 14 diafisário do rádio. Na pronação, o eixo global do antebraço encontra-se no prolongamento do eixo do braço. Valgo aumentado do cotovelo Músculos encurtados: Extensor radial longo do carpo Extensor radial curto do carpo Supinador Braquiorradial Bíceps Braquial Braquial Anterior Músculos implicados na correção dovalgo do cotovelo Pronador Redondo Pronador quadrado Flexor ulnar do carpo Palmar longo Flexor superficial dos dedos Teste do Valgo Com o paciente sentado, coloca-se bilateralmente os membros superiores em extensão máxima e compara-se os dois lados. Tratamento Realizar o encaixe das escápulas e a propriocepção respiratória antes de iniciar o trabalho de correção. 1) Postura global rã no chão ou rã no ar com alça de bule Paciente: membros superiores em alça de bule Ação - Pode-se iniciar com calço sob o cotovelo - Realizar encaixe escapular ou músculo energia bilateral com apoio no ombro e antebraço durante a postura global ou de forma analítica FOTO 3: A) Posicionamento em alça de bule; B) músculo-energia de cotovelo Fonte: ALMEIDA, 2006. 2) Postura global rã no chão ou rã no ar para valgo do cotovelo com colocação de calço FOTO 4: Calços para valgo de cotovelo Fonte: ALMEIDA, 2006. A B Utilizar calços para apoio de punho, mão e dedos. 16 FOTO 5: Evolução do cotovelo na postura: prono para neutro e retirar calços Fonte: ALMEIDA, 2006. V. SÍNDROMES DE COMPRESSÃO PERIFÉRICA A) Síndrome do músculo pronador O músculo pronador redondo origina-se no epicôndilo medial do úmero e na face anterior do processo coronóide, e sua inserção ocorre na parte média da face lateral do rádio. Realiza a pronação do antebraço e participa da flexão do cotovelo. Ao penetrar no antebraço, o nervo mediano passa entre as duas origens do músculo pronador e abaixo dos músculos flexores superficiais dos dedos, onde pode ser comprimido, levando à síndrome do músculo pronador. Sinais Geralmente, uma compressão dinâmica ocorre em certas posturas do membro superior. O sinal de Tinel pode ser encontrado no terço proximal do antebraço e apresentar alterações de sensibilidade no triângulo palmar. Não apresenta alterações eletromiográficas, e o teste de Phalen é negativo. Etiologia Traumatismos diretos Hematomas Anomalias anatômicas Passar de prono para a posição neutra e evoluir tirando os calços 17 Atividades físicas ou trabalho que levem a uma hipertrofia do músculo pronador redondo Anomalias congênitas – banda fibrosa, espessamento na área dos flexores superficiais Desvio do percurso do nervo mediano, passando posteriormente a ambas as origens Diagnóstico É eminentemente clínico, e a reprodução dos sintomas pode ser obtida colocando- se a cabeça umeral do músculo pronador sob tensão: pronação resistida do cotovelo estendido. B) Síndrome do canal ulnar No cotovelo, o nervo ulnar passa ao longo da parte posterior do sulco condilar, entre o epicôndilo medial do úmero e o olécrano, sendo seu trajeto acompanhado pela artéria ulnar colateral. A entrada do túnel ulnar é o ponto no qual pode haver compressão nervosa, gerando a síndrome do canal ulnar. Assoalho do túnel: ligamento colateral ulnar do cotovelo. Lateralmente: duas origens do flexor ulnar do carpo epicôndilo medial e borda posterior da ulna. Coberto por uma banda aponeurótica, chamada ligamento arqueado. O túnel ulnar estreita-se 55%durante a flexão do cotovelo, e o nervo achata-se e alonga-se quase 5 mm. Etiologia Traumas agudos – fraturas e luxações Traumas crônicos – subluxações ou luxações recidivantes na fossa condilar Deformidades em cubitus valgus Seqüela de fratura supracondiliana do úmero 18 Diagnóstico clínico Dormência e formigamento de forma intermitente na área do nervo ulnar, nos estágios precoces. A dor não é uma queixa habitual. O comprometimento sensitivo é precoce. Posteriormente, há associação com a musculatura intríseca. Só em casos extremos a musculatura intríseca está comprometida: flexor profundo do 4o e 5o dedos e flexor do carpo. VI. TÉCNICAS DE POMPAGE PARA COTOVELO, PUNHO E MÃO 1) Pompage do punho Paciente: em decúbito dorsal, ou sentado Fisioterapeuta: sentado, do lado da lesão. O antebraço do paciente fica estabilizado contra o peito do fisioterapeuta e o braço do mesmo. O fisioterapeuta então entrelaça seus dedos com os do paciente. A mão externa ajuda a fixar o antebraço. Ação: tração axial com extensão do punho do fisioterapeuta (podendo orientar o punho do paciente em várias direções). FOTO 6: A) Posicionamento manual do terapeuta; B) pompage do punho Fonte: ALMEIDA, 2006. 2) Pompage do cotovelo Paciente: sentado ou em decúbito dorsal com o cotovelo a 90o Fisioterapeuta: com a mão cefálica empalma e fixa a parte distal do braço enquanto a mão caudal empalma a parte distal do antebraço Ação: tração da mão caudal B A 19 FOTO 7: Pompage de cotovelo Fonte: ALMEIDA, 2006. VII.TÉCNICAS SENSOPERCEPTIVAS DE PRESSÃO E VIBRAÇÃO 1) Pressão nos Ossos Paciente: em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos Ação - Iniciar com mapeamento - Pressionar uma parte de cada vez, depois, duas ao mesmo tempo, depois, três, e assim por diante, até oito partes ao mesmo tempo - Pressionar as partes horizontal, vertical e obliquamente - Pressionar na expiração e soltar na inspiração - Finalizar pressionando todas as partes ao mesmo tempo - Mapeamento final 2) Trabalho de pressão dos pés, pelve, escápulas e cabeça Paciente: em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos Ação - Mapeamento inicial - Flexionar os membros inferiores, apoiando os pés no chão - Primeiro tempo: pressionar no chão seqüencialmente pés, pelve, escápulas e cabeça - Pressionar durante a expiração e relaxar na inspiração 20 - Segundo tempo: pressionar simultaneamente todas as partes na expiração e relaxar na inspiração - Deve-se mapear cada parte, antes de iniciar e ao finalizar a pressão - Deve-se tentar perceber a repercussão da pressão de cada parte em outras regiões e/ ou no conjunto do corpo - Mapeamento final Nota: A pressão pode ser administrada através de bolas, bastões, rolinhos de areia. 3) Palmear Paciente: em decúbito dorsal ou em sedestação Ação - Palmear todo o corpo, partindo dos pés, em sedestação e do peito, em decúbito dorsal - Pode-se fazer utilizando uma forma dinâmica, ou seja, mudando de posição, do decúbito ou assentado até a posição de pé. Objetivo – desenvolver a percepção do limite corporal, consciência da forma e do volume 4) Trabalho Proprioceptivo de vibração A) Posição ereta Ação - através de discretas pressões e relaxamento dos pés ao solo, com ritmo, fazer vibrar toda a estrutura óssea. Observar as partes que não vibram e tentar fazê-las vibrar. B) Vibração sobre o trocânter maior Paciente: em posição ereta Ação - Fazer uma discreta flexão do quadril e inclinação lateral lombar, para tornar saliente o trocânter maior - Com o punho fechado, fazer vibrar essa área, deixando cair os punhos sobre o trocânter maior 21 - Tentar perceber a repercussão da vibração até os ossos do pé - Mudar de lado ritmicamente C) Integração Inicial e Final – Vibrar-Palmear FOTO 8: A – Integração; B – Vibração; C - Palmear Fonte: ALMEIDA, 2006. D) Mapeamento integrativo em decúbito dorsal e ventral FOTO 9: Integração final em decúbito dorsal Fonte: ALMEIDA, 2006. A B B B C 22 FOTO 10: Mapeamento integrativoA – esternal; B – escapular; C - facial Fonte: ALMEIDA, 2006. VIII. ALGIAS DORSAIS A coluna vertebral, seu conteúdo (medula espinhal, saída de raízes nervosas) e estruturas vizinhas (ligamentos e músculos) podem ser acometidos por disfunções e dores que afetam profundamente a funcionalidade dos indivíduos. A maioria dos episódios de dor cervical e lombar é transitória e não está associada a anormalidades patológicas graves. Dentre as regiões vertebrais, a coluna lombar é a mais freqüentemente afetada por lesões vertebrais ou paravertebrais de origem ocupacional (KAPANDJI, 2007; MACHADO, 2000). Em meio aos constituintes da coluna vertebral, existem estruturas sensíveis à dor, como, por exemplo, o periósteo; por esse motivo fraturas compressivas são, pelo menos inicialmente, dolorosas. A inervação dessas estruturas se dá através dos nervos meníngeos recorrentes ou sinuvertebrais de Luschka, que são ramificações de cada nervo espinhal originado distalmente ao gânglio da raiz dorsal. Os músculos paravertebrais, que circundam e dão suporte à coluna também são sensíveis à dor, particularmente quando distendidos ou espasmados. Já o disco intervertebral não apresenta sensibilidade álgica, entretanto, se a hérnia comprime as camadas exteriores do anel fibroso ou o ligamento longitudinal posterior, pode ocorrer dor, mesmo se a raiz nervosa não estiver envolvida (MACHADO, 2000). A B C 23 Hérnias Discais Conceito Hérnia de disco é um termo coletivo que descreve um processo no qual há ruptura do anel fibroso e deslocamento da massa central do disco nos espaços intervertebrais. A idade média para o aparecimento da primeira crise discal é de aproximadamente 37 anos, sendo que em 76% dos casos há antecedente de dor lombar uma década antes (NEGRELI, 2001). Fatores de risco (NEGRELI, 2001) Hábitos de carregar peso e dirigir Processo patológico do envelhecimento Possível componente genético Gene receptor da vitamina D, VDR Gene que codifica uma das cadeias polipeptídicas do colágeno IX, gene COL9A2 Gene “aggrecan” humano (AGC), responsável pela codificação do proteoglicano, maior componente protéico da cartilagem estrutural, que suporta a função biomecânica nesse tecido. Fisiopatologia O disco consiste em um núcleo pulposo interno, macio, cicundado por um tecido fibroso espesso, o anel fibroso. O núcleo pulposo tem uma estrutura gelatinosa e absorve os choques entre os corpos vertebrais adjacentes, possui a forma de uma esfera e permite pequenos movimentos de inclinação lateral, flexão/extensão, rotação e deslizamento de um platô vertebral sobre o outro. Cada movimento tem uma amplitude mínima, porém resulta em movimentos amplos no conjunto de toda a coluna vertebral (KAPANJI, 2007). A forma do disco entre as vértebras varia de acordo com posição corporal. Dessa forma, na posição ortostática, a água contida no núcleo migra para o corpo vertebral, fazendo com que o disco diminua em espessura. Em decúbito dorsal, o líquido retorna ao núcleo, o que aumenta a dimensão discal (KAPANJI, 2007). 24 FIGURA 8: A migração de líquido em função da posição corporal; A – Posição ortostática; B – Decúbito dorsal Fonte: KAPANDJI, 2007. Com o envelhecimento, o núcleo perde líquido, volume e elasticidade, e toda a estrutura do disco torna-se mais susceptível a traumatismos e à compressão. Como resultado de microtraumatismos de repetição, desenvolvem-se lacerações no anel fibroso, e, por fim, se as lacerações ficarem muito grandes, uma parte do núcleo pulposo hernia através do anel (KAPANJI, 2007). FIGURA 9: Compressão nervosa por hérnia discal. (Acréscimo de diagramas com fins didáticos). Fonte: www.drcunha.com.br/.../stories/image/RL1.jpg Evolutivamente, pode-se diferenciar as condições patológicas de herniação e extrusão. A primeira se apresenta quando o disco mantém continuidade com o núcleo pulposo, enquanto que, a extrusão se refere a um fragmento dentro do canal espinhal que tenha perdido a continuidade com o próprio disco, como demonstrado na FIGURA 11. A B Raiz nervosa 25 FIGURA 10: Formato normal, protruso e herniado do disco intervertebral Fonte: tatipilates.files.wordpress.com/2008/03/a.jpg FIGURA 11: Evolução patológica da extrusão discal. (Acréscimo de diagramas para fins didáticos). Fonte: www.herniadedisco.com.br/.../2008/07/imagem3.jpg Sinais e sintomas Os sinais e sintomas específicos da hérnia de disco dependem da localização da compressão predominante (se na medula espinhal ou na raiz nervosa) e também do nível em que as estruturas neurais estão sendo comprimidas (MACHADO, 2000). A dor que acompanha e caracteriza esse processo patológico é geralmente causada por herniação, degeneração do disco, estenose do canal espinhal, compressão mecânica e reações inflamatórias ao redor do disco e da raiz do nervo (NEGRELI, 2001). O sintoma álgico é ainda bem delimitado topograficamente e sentido como uma ardência surda Normal Protrusão Hérnia Hérnia discal Extrusão discal 26 associada à rigidez. É, freqüentemente, episódico, em resposta a um traumatismo mínimo, meses ou anos antes do desenvolvimento da dor radicular. Esta pode ocasionalmente ser o primeiro sinal do distúrbio de disco, mas é muito mais provável que apareça depois de ataques repetidos de dor localizada. A dor radicular caracteriza-se por irradiar-se da coluna ao longo do território de inervação da raiz envolvida ou afetar somente uma parte da mesma. Tanto a dor localizada quanto a dor radicular aumentam com a atividade e diminuem com o repouso. Nas hérnias lombares pode ocorrer dor aguda, recorrente; dor ciática (lombociatalgia aguda); dor na posição sentada ou em flexão anterior de tronco (KAPANDJI, 2007; MACHADO, 2000). Ao exame clínico, há limitação para a flexão anterior e dor seletiva à palpação do nível comprometido (pontos-gatilho) (KAPANDJI, 2007). Localização das lesões Locais mais comuns de hérnia de disco: Entre L4 e L5 e entre L5 e S1, comprimindo as raízes L5 e S1, respectivamente. Na área cervical, entre C5 e C6 (raiz C6) e, especialmente, C6 e C7 (raiz C7). As herniações de disco torácico são menos comuns, mas podem causar mielopatia grave, porque a área torácica é a mais estreita de todo canal vertebral e a medula tem um sistema vascular relativamente pobre, fazendo-a vulnerável à compressão isquêmica. Apesar da localização clínica no diagnóstico da doença ser geralmente exata, algumas vezes um fragmento de disco extruso pode ser grande o suficiente para afetar várias raízes ou migrar e causar sinais à distância (KAPANDJI, 2007). Exames complementares A radiografia é imprecisa, havendo necessidade de tomografia computadorizada ou ressonância magnética para o diagnóstico e avaliação do grau da lesão. Nesse sentido, pode-se observar que, sob pressão axial, o núcleo pulposo pode tomar diferentes direções: Se o anel ainda é resistente, pode-se formar a hérnia intra-esponjosa As difusões podem ser concêntricas, mas na maior parte das vezes são radiais As difusões anteriores são raras 27 As difusões posteriores são freqüentes, sobretudo no sentido póstero-lateral FIGURA 12: A - hérnia intra-esponjosa; B - hérnia por difusão radial Fonte: KAPANDJI, 2007. Quando um disco sofre esmagamento, uma porção do núcleo é obrigada a se difundir, podendo alcançar a borda posterior do disco e se alojar sob o ligamento vertebral comum posterior. FIGURA 13: O esmagamento do disco Fonte: KAPANDJI, 2007. As seguintes evoluções são possíveis: A - permanece fixada no núcleo. B – libera-separa o interior do canal vertebral – “Hérnia livre”. C – permanece bloqueada pelo ligamento vertebral comum posterior e as fibras do anel se fecham por detrás, impedindo-a de retornar. D – desliza para cima ou para baixo, atrás do ligamento vertebral comum posterior – hérnia migratório sub-ligamentar. FIGURA 14: As possíveis evoluções de uma hérnia por esmagamento Fonte: KAPANDJI, 2007. A B 28 Evidências científicas ARTIGO 1) O método Pilates no ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibiais em pacientes portadores de hérnia de disco lombar. Lima, P.S.Q. et al. Revista Fisioterapia Brasil. São Paulo, v. 10, n° 5, p. 314-317, set/out, 2009. Ciatalgia A dor ciática é causada pela compressão no trajeto do nervo ciático. A hérnia de disco é uma causa comum desta compressão. A proveniência dessa condição álgica pode se dar pelos ligamentos: Ciática L5 - Ligamentos interespinhosos; ligamentos iliolombares. Ciática S1 - parte superior do ligamento sacroilíaco. Ciática S2 - parte inferior do ligamento sacroilíaco e ligamentos sacrociáticos: sacrotuberal; sacroespinhal. Na dor ciática (L4 – L5) paresiante, a marcha sobre os calcanhares é impossível, havendo incapacidade de extensão do hálux. Já na dor ciática (L5 – S1) paresiante, a marcha na ponta dos pés é impossível (KAPANDJI, 2007). FIGURA 15: A: Trajeto da dor ciática L4-L5; B: Dificuldade para extensão do hálux; C: Dificuldade para marcha nos calcanhares. Fonte: KAPANDJI, 2007. A B C 29 FIGURA 16: A: Dificuldade para marcha na ponta dos pés; Trajeto da dor ciática L5-S1 Fonte: KAPANDJI, 2007. A) Sinal de Lasègue O sinal de Lasègue é uma dor provocada pelo tensionamento do nervo ciático ou uma de suas raízes. É pesquisado elevando-se progressiva e lentamente o membro inferior em extensão, com o paciente em decúbito dorsal. A 60O de flexão do quadril tem-se o ponto de tensionamento máximo do nervo ciático, portanto, a dor deverá surgir abaixo deste limite, sendo o teste negativo se o sintoma álgico for referido acima dessa angulação (BUTLER, 2003). FIGURA 17: Sinal de Lasègue. (Acréscimo de diagramas para fins didáticos). Fonte: KAPANDJI, 2007. Teste negativo Elevação de 60º - Teste positivo A B 30 B) Atitude Antálgica Cruzada Flexão para o lado oposto da hérnia. Alivia uma raiz situada internamente em relação à hérnia Flexão para o mesmo lado da hérnia provoca a dor ciática. É freqüente na hérnia de L4 – L5 FIGURA 18: Posição antálgica cruzada de hérnia discal Fonte: RICARD e SALLÉ, 2002. Direta Flexão para o mesmo lado da hérnia Alivia uma raiz situada externamente em relação à hérnia Flexão para o lado oposta da hérnia provoca a dor ciática É freqüente na hérnia de L5 – S1 FIGURA 19: Posição antálgica direta da hérnia discal Fonte: RICARD e SALLÉ, 2002. 31 Cruralgias A cruralgia se dá pela compressão da raiz nervosa do disco no nível de L3-L4. Os sintomas constituem-se em irradiação dolorosa na face anterior da coxa, dores profundas ou superficiais e sensação de dormência e formigamento no trajeto do nervo femoral. Diagnóstico diferencial Nevralgia do nervo obturatório, irradiando para a face interna do quadril Nevralgia do nervo genitocrural, irradiando para a raiz da coxa e órgãos genitais externos Nevralgia do nervo ciático atípica do tipo L5, irradiando para a face anterior do quadril Coxoartrose +++ Osteonecrose da cabeça do fêmur Doença de paget Osteomalácia. Outra causa dessa condição pode ser a compressão relacionada ao psoasilíaco. O nervo ílio hipogástrico, o nervo ílio inguinal, o nervo cutâneo femoral e o nervo femoral emergem todos na borda lateral do músculo psoas, e o nervo obturador emerge em sua borda medial. Sendo assim, essas ramificações nervosas estão sujeitas à compressão por espasmos ou outras condições do músculo psoasilíaco. Meralgia parestésica O n. cutâneo femoral origina-se de L2, de L2 – L3 ou L1 – L2 e está frequentemente ligado ao nervo femoral. Corre obliquamente através do ílio, em direção à EIAS, atrás do ligamento inguinal, através do músculo sartório ou anteriormente ao mesmo, e no interior da coxa. Seus ramos são responsáveis apenas pela sensibilidade da pele da região anterior e lateral da coxa. A meralgia parestésica é o resultado de uma compressão, estrangulamento ou lesão do n.cutâneo femoral da coxa quando o mesmo deixa a pelve – próximo à EIAS, sob o ligamento inguinal. Os sintomas são: dores em queimação e parestesias no território correspondente, que se estende sobre a face antero-lateral da coxa, às vezes até o joelho. Esta condição pode ser devida a: 32 Aumento do volume do psoasilíaco Trauma, como o causado pelo cinto de segurança nos acidentes de carro Parto Roupa apertada Complicação de cirurgia, por exemplo, de hérnia. FIGURA 20: A: Distribuição sintomatológica da meralgia parestésica; B: Distinção nervosa da região pélvica. Fonte: www.estilosupernova.com.br/blog/wp-content/up... Síndrome do Piriforme Anatomicamente, o nervo ciático sai, em geral, entre o músculo piriforme e a borda da incisura isquiática maior e inerva a pele e os músculos da face posterior da coxa e a maior parte dos músculos da perna e do pé. Dessa forma, o espasmo do músculo piriforme causa compressão dos vasos e nervos contra a borda da incisura isquiática maior e disfunção da articulação sacroilíaca, sendo um dos mais freqüentes reflexos miotônicos em casos de lombalgias. O componente miofascial desta síndrome comporta uma dor lombar, na nádega e na parte posterior da coxa, agravada pela posição de pé e pela marcha. (PRAVATO, 2008; VICENTE, 2007). Além disso, segundo PRAVATO (2008), o teste de AIF (adução, rotação interna e flexão de quadril) identifica e diferencia os casos de síndrome do piriforme das condições discais. A B 33 FIGURA 21 - Adução, rotação interna e flexão de quadril distendem o músculo piriforme contra o nervo isquiático causando dor na nádega e irradiação dolorosa para a perna ipsilateral. Fonte: PRAVATO, 2008, p.111. Causas: Sobrecarga - Retesamento para evitar uma queda - Oposição a uma rotação interna intensa ou rápida da coxa. Ex: durante a corrida. Sobrecarga prolongada - Manutenção da posição em flexão e abdução do quadril por muito tempo. Ex: dirigindo carro. - Diferença de comprimento dos membros inferiores - Hiperpronação dos pés 34 Diagnóstico diferencial Hérnia de disco (neste caso, haverá diminuição ou desaparecimento do reflexo aquileu) Osteofitose Síndrome facetária (com lombalgia e ciática) Bloqueio da sacroilíaca Lipoma epissacroilíaco Estenose do canal lombar (neste caso haverá dor bilateral). Evidências científicas ARTIGO 2) Eficácia do método rpg/reposturarse em paciente com lombalgia crônica. Neto, A.P.M. Revista digital EBOM. ARTIGO 3) Efetividade do tratamento comrpg/reeducação postural sensoperceptiva no alívio da dor em pacientes com algias na coluna vertebral. Pinheiro, C.D.G. Revista digital EBOM. ARTIGO 4) Eficácia do método reposturarse no tratamento da lombalgia crônica: um estudo de caso. Tavares, L.S; Bandeira, U. Revista digital EBOM. ARTIGO 5) Dor lombar no período de gestação e sua melhora através da reestruturação postural sensoperceptiva. Pinheiro, S.G. Revista digital EBOM. ARTIGO 6) Análise da dor e da qualidade de vida em pacientes com lombalgia antes e após a reeducação postural global. Barreiros, C.A. Revista digital EBOM. 35 IX. GRUPOS O grupo pode estruturar-se com uma composição mista, ou seja, pacientes com disfunções, posturas e idades diversas, ou seguindo um padrão específico, como grupo de gestantes, idosos, crianças, adolescentes, esportistas ou empresas. Pode ainda ser composto por pessoas que apresentam a mesma disfunção ou lesões de características semelhantes. Nas possíveis contra-indicações, incluem-se os casos de lesões agudas; pessoas bastante idosas; emocionalmente fragilizadas; escolióticos em período de crescimento; aqueles com dificuldades maiores de equilíbrio, coordenação e percepção do corpo e ainda nos distúrbios acentuados de postura. Durante o tratamento em grupo, o paciente pode participar ativamente, tentando perceber as sensações do seu próprio corpo. É importante que o fisioterapeuta sempre chame o paciente para “estar presente” durante o atendimento, observando o que ocorre consigo mesmo. De forma geral, o trabalho é iniciado de pé, em seguida sentado e, por último, em decúbito. Finalmente, retornamos à posição ereta, na qual cada um tenta fazer um paralelo entre o início e o fim do atendimento, procurando identificar e verbalizar as mudanças ocorridas no seu corpo. A prática em dupla ou com mais pacientes pode ser iniciada após algum tempo de prática individual, pois o paciente terá tido a oportunidade de adquirir melhor contato consigo mesmo, maior capacidade de concentrar-se, melhor auto- percepção. Além disso, a convivência com o grupo fará como que o nível de confiança entre os participantes esteja mais elevado. Os atendimentos em grupo não são elaboradas antecipadamente e sim orientados após discussão com os participantes a respeito de suas conquistas e queixas, no início de cada trabalho, e as técnicas utilizadas são autoposturas referentes a músculos ou a cadeias musculares, com ou sem grandes bolas e as técnicas sensoperceptivas. 1. Grupo de gestantes Para a gestante, as técnicas analíticas e globais em decúbito dorsal devem ter a duração aproximada de 5 minutos. Logo após, a posição indicada é o decúbito lateral esquerdo, para facilitar a circulação sangüínea. 36 O enfoque é dado em técnicas analíticas e globais que objetivam: a) Desenvolver a sensopercepção e o maior contato com o esquema corporal; b) Atenuar as alterações posturais inerentes à gravidez; c) Liberar a respiração; d) Desenvolver os apoios dos pés; e) Equilibrar a pelve e fortalecer o períneo; f) Trabalhar o equilíbrio e a coordenação; g) Melhorar a circulação; h) Prevenir e/ou tratar as síndromes compressivas do membro superior; i) Promover a troca de experiências. 2. Grupo de crianças O grupo de crianças é feito de forma bastante criativa e lúdica, incentivando uma competição positiva e motivadora. Para desenvolver a consciência corporal, a criança precisa localizar e tocar as estruturas do corpo. Necessita-se de utilização de recursos visuais para complementar as orientações posturais verbais e práticas, tais como os modelos de esqueletos de plástico, gravuras, livros, vídeos, radiografias, etc. O enfoque será no sentido de: a) Desenvolver a sensopercepção e modificar o esquema e a imagem corporais; b) Prevenir e tratar as alterações posturais; c) Melhorar o equilíbrio, a coordenação, a lateralidade, a concentração e a flexibilidade d) Desenvolver a socialização e o senso positivo de competitividade e troca. 3. Grupo de idosos Os traumatismos nas pessoas idosas levam à imobilidade, o que pode precipitar complicações e levar ao óbito. Dessa forma, a prevenção de quedas é um dos pontos essenciais no tratamento desse grupo. O tratamento terá por objetivo: a) Favorecer as mudanças no esquema e na imagem corporal; 37 b) Trabalhar a dissociação das cinturas, base do equilíbrio e da coordenação; c) Melhorar o equilíbrio e a coordenação e aumentar a flexibilidade; d) Facilitar a integração social; e) Preservar e/ou melhorar a funcionalidade nas AVDs. f) Melhorar o condicionamento físico; g) Favorecer a circulação sangüínea. OBS.: Trabalhar enfaticamente o apoio dos pés. 4. Grupo de atletas de voleiball Nesses atletas, são freqüentes lesões como tendinite infrapatelar, espasmo muscular, tendinite de supraespinhoso e porção longa do bíceps, lombalgia e entorses. Os objetivos principais do trabalho serão: a) Prevenir e tratar lesões; b) Melhorar a performance esportiva; c) Aumentar a flexibilidade; d) Trabalhar a dissociação das cinturas, base do equilíbrio e da coordenação; e) Melhorar o equilíbrio e a coordenação; f) Equilibrar o tônus muscular e melhorar a postura; g) Promover a integração dos atletas. 5. Grupo para empresas O trabalho durante muito tempo na posição sentada aumenta as pressões nos discos, e provoca muitas alterações posturais. Além disso, o uso intensivo dos membros superiores pode levar às síndromes compressivas. O enfoque será dirigido para: a) Prevenir e tratar doenças ocupacionais; b) Priorizar o equilíbrio do tônus das cadeias dos membros superiores; c) Aumentar a flexibilidade; d) Melhorar a circulação sangüínea; e) Trabalhar a sensopercepção do sentar e da recriação das curvas da coluna. 38 6. Grupo misto A questão primordial é harmonizar a estrutura. Os objetivos são: a) Desenvolver a sensopercepção e modificar o esquema corporal; b) Equilibrar o tônus das cadeias musculares; c) Corrigir as compensações, assimetrias e as retrações; d) Melhorar o equilíbrio e a coordenação; e) Trabalhar os apoios dos pés; f) Liberar a respiração; g) Restaurar as curvas fisiológicas da coluna. 7. Tratamento individual e tratamento em grupo Durante o tratamento, o paciente precisa de referências que possam ajudá-lo a perceber a melhora dos sintomas, os ganhos de mobilidade, o alongamento das cadeias, o equilíbrio e a coordenação obtidos. A amplitude de flexão anterior do tronco, os testes das cadeias musculoaponeuróticas, as dobradiças anterior e/ou lateral, os mapeamentos, a percepção das sensações antes e após cada manobra e a verbalização das transformações obtidas são utilizados como parâmetros para fornecer um feedback para os pacientes e para o fisioterapeuta, objetivando avaliar os resultados, motivar e registrar as mudanças. A partir dessa percepção, o paciente constata também a melhoria dos seus sintomas, de suas retrações, compensações, enfim, de sua postura. A consciência das mudanças tende a promover o registro das mesmas, a motivação, a confiança, a auto-estima, uma aliança terapêutica mais sólida. A visualização através do espelho como feedback é secundária. Só é válida se utilizada de forma moderada e em parceria com os elementos já citados. De uma maneira geral, o início do tratamento é também uma continuação do diagnóstico, e tenta-se promover a aliança terapêutica e uma relação de confiança. Tenta- se fazer compreender o tratamento e a unidade do corpo, explicar e localizar estruturas corporais, trabalhar a propriocepção usando técnicas sensoperceptivas e liberar a respiração. E, no caso dos grupos, promover também a integração dos participantes do mesmo. 39 REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. Reeducação postural e sensoperceptiva: fundamentos teóricos e práticos.Rio de Janeiro: MedBook , 2006. BARREIROS, C.A. Análise da dor e da qualidade de vida em pacientes com lombalgia antes e após a reeducação postural global. Revista digital EBOM. BUTLER, David. Mobilização do sistema nervoso. São Paulo: Manole, 2003. CALAIS - GERMAIN, Blandine. Anatomia para o movimento 2°ed. São Paulo: Editora Manole, 2010. DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2007. KAPANDJI AI. Fisiologia Articular – 6° ed. Vols. I, II e III - Editora Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2007. LIMA, P.S.Q. et al. O método Pilates no ganho de flexibilidade dos músculos isquiotibiais em pacientes portadores de hérnia de disco lombar. Revista Fisioterapia Brasil. São Paulo, v. 10, n° 5, p. 314-317, set/out, 2009. MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia funcional 2°ed. Rio de janeiro: Atheneu, 2005. MAHMUD, M.A.I. et al. Relação entre tensão neural adversa e estudos de condução nervosa em pacientes com sintomas da síndrome do túnel do carpo. Arquivos de Neuropsiquiatria, São Paulo, v.64, n.2-A, p.277-282, 2006. NEGRELI, W.F. Hérnia discal: procedimentos de tratamento. ACTA ORTOP BRAS, São Paulo, v.9, n.4, p. 39-45, Out/Dez, 2001. NETO, A.P.M. Eficácia do método rpg/reposturarse em paciente com lombalgia crônica. Revista digital EBOM. NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana 2°ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. PINHEIRO, C.D.G. Efetividade do tratamento com rpg/reeducação postural sensoperceptiva, no alívio da dor em pacientes com algias na coluna vertebral. Revista digital EBOM. PINHEIRO, S.G. Dor lombar no período de gestação e sua melhora através da reestruturação postural sensoperceptiva. Revista digital EBOM. 40 PRAVATO, E.C. ET AL. Relação da síndrome do piriforme e da dor isquiática na avaliação fisioterapêutica. Revista Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.21, n.1, p. 105-114, Jan/Mar, 2008. RICARD, F; SALLÉ, J. Tratado de Osteopatia: Teoria e Prática. São Paulo: Ed. Robe; 2002. TAVARES, L.S; Bandeira, U. Eficácia do método reposturarse no tratamento da lombalgia crônica: um estudo de caso. Revista digital EBOM. VICENTE, E.J.D. et al. Estudo das relações anatômicas e suas variações entre o nervo ciático e o músculo piriforme. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 3, p. 227- 232, Maio/Jun, 2007. http://www.marimar.com.br/boletins/sindrome_do_canal_de_guyon.jpg http://www.clinicadamao.com/tuneld3.gif http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.vivatranquilo.com.br/saude/anat omia/images/cotovelo_vista_anterior.jpg http://www.vivatranquilo.com.br/saude/anatomia/images/articulacao_cotovelo.jpg. www.drcunha.com.br/.../stories/image/RL1.jpg tatipilates.files.wordpress.com/2008/03/a.jpg www.herniadedisco.com.br/.../2008/07/imagem3.jpg www.estilosupernova.com.br/blog/wp-content/up... http://www.herniadedisco.com.br/.../2008/07/imagem3.jpg 41 ANEXO 42 ANEXO 1 - ESTRUTURAÇÃO DO ATENDIMENTO DE GRUPO 1. Avaliação inicial 2. Número de atendimentos por semana Uma ou duas vezes/semana Uma vez grupo e uma vez individual Após tratamento individual, quando indicado. 3. Número de participantes: quatro 4. Duração - aproximadamente uma hora. 5. Iniciar atendimento de pé 6. Mapeamento 7. Trabalho com as linhas, triângulo de apoio, apoio. 8. Dobradiça Trabalho com os pés Dobradiça 9. Dobradiça lateral esquerda e direita 10. Trabalhos na posição de pé 11. Trabalhos assentado Mapeamento, Trabalhos nesta posição. 12. Expressar sensações/sentimentos de forma dirigida Liberdade para expressar, a qualquer momento, as sensações e/ou sentimentos Respeito ao ritmo Importância da percepção, e não da repetição mecânica Qualidade e não da quantidade Trabalhar cada parte, para pouco a pouco, integrar num todo 13. Decúbito dorsal Mapeamento Todos os trabalhar em decúbito dorsal e lateral 14. Mapeamento Espreguiçar/palmear 43 Integrar com contato/rolar 15. Palmear em dupla e em grupo 16. De pé – mapeamento Integração das mudanças/ Dobradiças e recolocação. Obs.: Iniciar trabalhos em dupla e em grupo após algum tempo de trabalho individual. Indicar livros para os clientes e marcar atendimentos individuais quando necessário.
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