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Castel - A sociedade salarial → Questão social: como se dá a tomada de consciência da classe operária → estruturação da classe operária = afirmação da consciência de classe → Formas de cristalização das relações de trabalho: estratificação e direitos · Condição proletária → Revolução industrial: proletário excluído e condenado à trabalhar para se reproduzir (remuneração mínima) · Condição operária: início de uma nova relação salarial → início do direitos, do consumo/lazer/habitação popular → trabalhador entrando na sociedade · Condição salarial → Fordista: ampliação dos direitos, multiplicação das proteções e acumulação de bens e riquezas (condição do assalariado define sua identidade social) 1) A nova relação salarial · pode assumir diferentes configurações e comanda as passagens de uma forma de condição à outra · condições para a condição salarial: 1) divisão clara entre os trabalhadores ativos e os não ativos → regulariza o mercado de trabalho, controlando seus fluxos → agência de empregos passa a organizar a contratação dos trabalhadores de modo a tentar diminuir o desemprego (há poucos trabalhos esporádicos) 2) fixação do trabalhador em seus postos de trabalho → surge no interior da própria organização industrial que, por sua vez, cria uma homogeneização no interior das classes que a compõem (consciência de classes), coexistindo com um processo de diferenciação, que determinando a construção de identidades de classes → leva ao encadeamento sincronizado das tarefas, aumentando a produtividade (busca no controle máximo no horário e local de trabalho) 3) trabalhador como consumidor → produção em massa = trabalho em massa → aumento do trabalho + aumento da produção + aumento do consumo 4) acesso à propriedade social e serviços públicos (trabalhador como sujeito social) → rede mínima de seguros para o trabalhador (saúde, higiene, educação e moradia) 5) trabalhador reconhecido como membro de um coletivo, dotado de um estatuto social → reconhecimento jurídico do grupo de trabalhadores (unidos pelos direitos) · Relação fordista: “comporta um modo de remuneração de força de trabalho, o salário - que comanda amplamente o modo de consumo e o modo de consumo e de vida dos operários e de sua família -, uma forma de disciplina do trabalho que regulamenta do ritmo da produção, e o quadro legal que estrutura a relação de trabalho, isto é, o contrato de trabalho e as disposições que o cercam” 2) Condição operária → 1936: ponto de virada da relação salarial → passa por uma série de reformas · Condição operária: concepção do trabalhador operário reduzido às tarefas de execução, sem nenhuma dignidade social → movimentos operários tentam afirmar a dignidade do trabalhador e sua importância social · É o início das leis que reconhecem o trabalhador como ser humano e de sua dignidade, como as férias remuneradas (passam por um julgamento moral e social causado por um antagonismo de classes) · década de 30 é marcada por uma “relativa integração na subordinação” → conquistaram seguros sociais, direito do trabalho, ganhos salariais, consumo em massa e até lazer → início de uma estabilização da condição operária → “independência na dependência” → PORÉM, ainda à um isolamento social 3) A destituição operária · classe operária não foi vencida em uma luta frontal, mas sim em uma série de episódios de um enfrentamento social cristalizado nos anos 30 e que permaneceram vivos até os anos 60 → deixa de ser sujeito de ações revolucionárias pra ser apenas subordinado à condição salarial (não deu luz à outra forma de sociedade) · classe operária: “prestação de trabalho puro” → definição começa a mudar: o processo de diferenciação da condição de assalariado já estava muito engajado nos anos 30 → crescimento dos assalariados na população ativa → transformação essencial da estrutura salarial (sua posição nessa estrutura se degrada): 1) perde o estrato salarial inferior (quanto ao status social e condições de vida) → sempre se encontram na base da pirâmide social e acabam por serem esmagados por condições salariais superiores à sua, principalmente no que diz respeito à barreira da tradição; porém, há o desenvolvimento das atividades terciárias (salariado não operário), tornando a classe cada vez mais diversificada 2) mudança nas formas de trabalho operário (deixa de ser considerado apenas o simples fabril/manual) → “acaba-se o proletariado” → “aburguesamento da classe operária” leva-os a se perderem entre a classe média (atenua os antagonismos sociais) · Ou seja, formação de uma nova sociedade organizada em torno da concorrência de diferentes pólos de atividades salariais → sociedade não homogênea nem pacificada, mas cujos antagonismos assumem a forma de luta de classe 4) A condição salarial · metade da década de 50: surgimento e reconhecimento de uma classe média intermediária, mudando o perfil do homem (desbancam antigas visões da aristocracia) → nova condição de trabalho assalariado altera a concepção de patrimônio, que deixa de estar relacionada a poder, prestígio e posições sociais · apesar disso, continua existindo um núcleo de posições dominantes que acumulam o capital e encontram formas de garantir sua legitimidade, já que muitas das profissões da “constelação central” dependem de seu capital econômico (ex: precisam de financiamento) · o salariado de alto grau desempenhou um papel de atrativo e o consumo se tornou símbolo de posição social, de identidade → surge aí uma luta pelas colocações por um princípio de distinção, que opõe e reúne as pessoas (“número de blocos unidos e separados) · a relativa integração da maioria dos trabalhadores pelo salário mensal é marcada por uma linha divisória entre grupos vulneráveis que ficam marginalizados, como imigrantes, mulheres e jovens sem qualificação → consideradas como um “quarto mundo” (populações periféricas ou residuais) · “a condição de assalariado não é só um modo de retribuição do salário, mas a condição a partir da qual os indivíduos estão distribuídos no espaço social” 5) O EStado de crescimento · Sociedade salarial: “modo de gestão política que associou a sociedade privada e a propriedade social, o desenvolvimento econômico e a conquista dos direitos sociais, o mercado e o Estado.” · Estado de crescimento é uma articulação entre o crescimento econômico e o crescimento do Estado social (sendo o segundo efeitos da crise do primeiro) · Crescimento econômico primeiro → gerou ganhos a sociedade salarial, uma vez que tinha mais bens para repartir → “O desenvolvimento econômico integra, assim, o progresso social como uma finalidade comum aos diferentes grupos em ocorrência.”→ a sociedade salarial passou a aspirar uma melhor qualidade de vida no futuro através dos maiores salários hoje · As intervenções do Estado visava garantir uma proteção social generalizada, uma manutenção dos grandes equilíbrios e condução da economia e buscar um compromisso entre diferentes parceiros implicados no processo de crescimento: 1) Seguridade social (1945) → projete os trabalhadores de danos de qualquer natureza que prejudiquem seu trabalho (inclusão do salariado num cenário não operário) → Problema: há muitas categorias não-assalariadas 2) Estado como ator econômico → define grandes equilíbrios e as áreas de investimentos → une objetivos econômicos, políticos e sociais → implantação de instrumentos de uma socialização das condições de produção + de serviços públicos 3) Estado regulador das relações entre “parceiros sociais” → negociar, com uma base contratual, a relação entre empregadores e assalariados → pagamento mensal dos salários + salário mínimo garantido
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